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CLÁUDIA GAERTNER BOZ

A NATAÇÃO COMO ATIVIDADE AUXILIAR


NO TRATAMENTO DA ASMA

Monografia apresentada como pré-requi-


to para conclusão do Curso de Educação
Física, Setor de Ciências Biológicas, Uni­
versidade Federal do Paraná.

CURITIBA
1994
CLÁUDIA. GAETNER BOZ

A NATAÇÃO COMO ATIVIDADE AUXILIAR NO TRATAMENTO DA ASMA

Monografia apresentada como pré-


requisito para conclusão do Curso
de Educação Fisica, Setor Ciências
Biológicas, Universidade Federal
do Paraná.

ORIENTADORA: Professora Mestre Regina Ferreira da Costa


"Dado que operamos com alguma

coisa de todo invisível, que está

sempre e simultaneamente dentro de

mim (no pulmão) e fora de mim (na

atmosfera), é sempre muito dificil

saber o que é meu e o que é do

Grande Espírito ( isto é, da

atmosfera). Comportamo-nos em

relação ao ar como os peixes em

relação à água. Na água, todos os

peixes são um. Em relação ao

Grande Espírito, somos todos um.

Quando ele nos enche, vivemos,

quando nos esvaziamos- (ou nos

esvaziam) do Grande Espírito,

morremos. Os mortos não respiram

isso se soube desde sempre. Ou

somos um com o Grande Espirita, ou

não somos."

José Ângelo Gaiarsa


SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS............................................. V

RESUMO.......................................................vi

1. INTRODUÇÃO................................................01

1.1. APRESENTAÇÃODO PROBLEMA................................ 01

1.2. JUSTIFICATIVA.......................................... 03

1.3. OBJETIVOS.............................................. 04

2. REVISÃO DE LEITURA........................................05

2.1. RESPIRAÇÃO............................................. 05

2.2. BRONQUITE.............................................. 06

2.3. ASMA................................................... 08

2.3.1. DEFORMIDADES TORÁCICAS , ............................ .11

2.3.2. ALTERAÇÕES TORÁCICAS.................... ............ 13

2.3.3. A CRISE ASMÁTICA..................................... 14

2.3.4. RECOMENDAÇÕES FUNDAMENTAIS AOTRATAMENTODA ASMA....... 16

2.4. NATAÇÃO.............................

2.4.1. FINALIDADES DA NATAÇÃO............................... 22

2.4.2. PROBLEMAS POSTURAIS E OSESTILOS DE NADOS............. 24

3. CONCLUSÕES................................................27

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................. 29

iv
LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 DESENHO REPRESENTATIVO DE UM CORTE


TRANSVERSAL DE UM BRÔNQUIO NORMAL E
CONTRAÍDO, MOSTRANDO PROCESSO IN­
FLAMATÓRIO E ACÚMULO DE SECREÇÃO NO SEU
INTERIOR .................... '........ 09

v
RESUMO

0 objetivo desta pesquisa foi um levantamento

bibliográfico baseado em autores como, ESCOBAR & BURKHARDT

(1985), MOISÉS (1993), OLIVEIRA & SERRANO (1984) e TEIXEIRA

(1991, 1993), sobre a asma brônquica, a atividade da natação e

a relação que estas poderiam ter para facilitar o tratamento

das pessoas, especialmente das crianças asmáticas. Levantou-se

o fator respiração, inerente à vida e essencial para a

atividade aquática; esciareceu-se a diferença entre asma e

bronquite; as características e sintomas a patologia; fatores e

consequências da crise asmática; também aprofundou-se o estudo

sobre as características da natação e, com todo levantamento,

associou-se a prática desta atividade com o problema

respiratório da criança asmática. Foi possível perceber que a

asma e a bronquite muitas vezes se confundem pois apresentam-se

quase sempre associadas, já que causam o estreitamento dos

brônquios. Concluiu-se que a natação pode auxiliar o indivíduo

portador da asma, na medida em que se utiliza de uma posição

horizontal do corpo causando o efeito da pressão hidrostática

no tórax; evita o ressecamento da mucosa respiratória devido ao

ar umidificado e proporciona um exercício respiratório

importante, onde a expiração contra a resistência da água

contribui para fortalecimento dos músculos respiratórios e

ocasiona uma respiração ritmada, importante no momento de

crise. Além disso, o fato do aluno poder participar de uma

vi
aula de natação normal { observando alguns cuidados) traz

benefícios psicológicos e sociaiizantes, o que auxilia ainda

mais o tratamento da pessoa portadora de asma.

vii
1. INTRODUÇÃO

1.1. APRESENTAÇÃO DO PROBLEMA

Muitas dúvidas e confusões ocorrem quando as pessoas

tentam definir o problema da asma e da bronquite. De acordo com

a definição da Organização Mundial de Saúde (citada em TEIXEIRA,

1991, P. 45) a "asma é o estreitamento generalizado das vias

brônquicas, cuja intensidade pode variar em curto espaço de

tempo, seja espontaneamente, seja por efeito de tratamento e que

não é causada por enfermidade cardiovascular". Já em relação à

bronquite, FLAQUER (1988, p. 6) coloca que "é uma inflamação da

árvores brônquica; nela ocorre uma excessiva produção de catarro

e muco e pode estar ou não acompanhada da asma".

Pode-se perceber que ambas tratam de problemas

respiratórios, diminuindo a capacidade respiratória do

individuo, chegando muitas vezes a deformar a caixa torácica.

Sabe-se que muitas profissionais da área médica

recomendam atividades físicas para auxiliar o tratamento destas

patologias, principalmente a natação por trabalhar as trocas

gasosas, proporcionar esforços físicos e socializar as pessoas.

Ela atua principalmente proporcionando benefícios na principal

dificuldade do asmatico, ou seja, na expiraçao do ar, e assim,

nos explica ESCOBAR & BURKHARDT (1985, P. 29) que a prática da

natação exige a modificação da forma de respiração normal:

"toma-se o ar pela boca e solta-se dentro da água pela boca e

nariz. Esta expiração forçada exige um trabalho da musculatura


2

encarregada da forma e função do aparelho respiratório, tornado

assim a natação um meio de estimulação da função respiratória e

de correção das deformações que atingem a caixa torácica".

0 presente trabalho visa estabelecer qual a relação da

natação com o problema da asma e de que forma ela pode atuar e

influenciar o tratamento dessa doença, propiciando assim, um

maior embasamento teórico aos profissionais de Educação Física

que atuam com pessoas asmáticas e que não possuem um

esclarecimento maior sobre o assunto.


1.2. JUSTIFICATIVA

Cada vez mais nota-se em Escolas de Natação, a presença

de crianças portadoras de patologias do aparelho respiratório,

que vêm à procura desta atividade para tentar, se não

solucionar, auxiliar o tratamento e minimizar o seu problema. A

ocorrência deste tipo de problema, principalmente da asma

brônquica é muito freqüente, especialmente em Curitiba, que

caracteriza-se por um clima frio e úmido e, ainda por cima, com

bruscas variações de temperatura.

Por este motivo, e por trabalhar com natação para

crianças, achou-se por bem, aprofundar um pouco o conhecimento

sobre essa doença e sobre os reais benefícios que a natação pode

oferecer aos portadores de asma, para verificar por fim, se ela

realmente atua como atividade facilitadora na recuperação da

criança asmática.

Para a Educação Física torna-se importante o conhecimento

desta doença, suas causas e implicações, já que, ao se trabalhar

com a nataçao, o professor esta sujeito a ter alunos com

problemas desta natureza e precisa pelo menos, ter um mínimo

conhecimento sobre a doença e sobre os cuidados que deve ter

para não prejudicar a saúde do seu aluno, e procurar a melhor

forma de auxiliar na sua dificuldade, com segurança e

competência.
1.3. OBJETIVOS

Objetivo Geral:

0 presente trabalho tem por objetivo fazer um

levantamento bibliográfico sobre a asma brônquica e verificar o

papel da natação como atividade facilitadora no tratamento desta

doença,

Objetivos Específicos:

- Definir asma e bronquite;

- Identificar a crise asmática;

- Relacionar a natação e seus objetivos com o problema da

asma.
2. REVISÃO OE LITERATURA

2.1. RESPIRAÇÃO

Dois atos absolutamente corriqueiros marcam o início e o

fim da vida de todo ser humano : a inspiração e a expiração do

ar.

Segundo Teixeira,

a troca gasosa estabelecida entre um ser vivo e o ar que


o rodeia é chamada respiração. No ser humano um aparelho
complexo executa essa função, sendo a mesma dependente de
controles neurogênicos, químicos e farmacológicos. Esses
controles atuam ajustando a respiração tanto para as
condições normais, quanto para as condições patológicas
ou de agressão. (TEIXEIRA, 1991, p.47)

Repetido automaticamente milhões de vezes ao longo da

vida, o ato de respirar é essencial ao funcionamento do corpo

humano, garante o fornecimento do oxigênio, fundamental à

sobrevivência das células e tecidos, e a eliminação de gás

carbônico, resultante do metabolismo celular.

Na respiração, o ato de inspirar e expirar utiliza-se

principalmente dos músculos da caixa torácica. 0 ar atmosférico

entra pelo nariz e pela boca, desce pela traquéia até chegar aos

pulmões; sofre hematose nos alvéolos e o sangue leva oxigênio

para todas as células do organismo, trazendo o dióxido de

carbono para fora a fim de ser eliminado. A inspiração é

voluntária e produzida pela ação dos músculos: o diafragma

desce, provocando o vácuo e os músculos das paredes laterais da

caixa torácica relaxam, permitindo a entrada do ar atmosférico


6

nos pulmões. A expiração, por sua vez é conseqüência da

inspiração e realiza-se graças à elasticidade dos pulmões,

voltando à sua posição normal. Existe porém, uma diferença entre

a expiração normal e a forçada. Nesta que precisa ser praticada

pelos desportistas, o diafragma sobe e pressiona os pulmões para

baixo, onde normalmente fica o ar residual, proporcionando a

total ventilação da base deles. Com isto, os músculos da caixa

torácica movimentam-se para o seu interior, visando a total

ventilação das partes média e superior dos pulmões. (BEREZOWSKI,

1976, p. 21)

A respiração tem na natação mais que em qualquer outra

atividade fisica, uma importância primordial pois intervém na

flutuação do nadador.

Como explica ESCOBAR & BUCKHARDT (1985, p.13), "a

respiração tem caráter excepcional, porque além de assegurar as

trocas gasosas indispensáveis à vida e à produção do trabalho,

influencia a natação, especialmente a flutuação por suas

implicações com a postura e o equilíbrio".

2.2. BRONQUITE

Muito se ouve falar sobre o problema da bronquite e das

crises de asma que sufocam pela falta de ar. Para esclarecer

FLAQUER (1988, p.6) nos coloca que a bronquite "é uma inflamação

dos brônquios, nela ocorre uma excessiva produção de catarro e


muco e pode estar ou não acompanhada de asma; no entanto, estas

duas patologias acabam se entrelaçando e são freqüentes os casos

em que as duas estão presentes conjuntamente".

A infecção começa em forma de catarro que persiste e

ocasiona uma tosse crônica. 0 processo inflamatório da bronquite

pode se dar, segundo COSTA e outros (1982, p.5) "por ataque de

algum germe, através de um vírus ou após alguma enfermidade que

diminua a resistência do organismo predispondo-o à infecção.

Algumas pessoas são mais propensas que outras para contrair a

bronquite, sendo nas crianças mais freqüente que nos adultos".

As crianças em geral são hiperativas, mas quando

apresentam algum problema, os pais acham que elas não podem

fazer as mesmas atividades que as outras crianças, na verdade,

crianças com alterações respiratórias que têm participação

regular em atividades físicas podem aumentar a capacidade de

trabalho e tolerância ao exercício, assim como aumento do

apetite, melhora do sono, melhora a postura e expansibilidade

torácica. (TEIXEIRA, 1991, p.63)

Num ataque típico da bronquite aparecem os seguintes

sintomas: sensação de opressão no peito, febre, respiração

ruidosa e difícil tosse, a princípio seca, depois produzindo

mucosidade abundante. 0 tratamento é a base de drogas

antibacterianas e pode-se utilizar inalador para umedecer q ar e

favorecer a eliminação do muco. Deve-se evitar o fumo, poeira e


fumaça e procurar ar puro, sol e uma dieta sadia para fortalecer

as defesas do organismo.(COSTA e outros, 1982, p.5).

Observando os vários tipos de atividades físicas para

crianças com asma ou bronquite

as mais indicadas são as que se utilizam de natação como


auxiliar. Porque ela proporciona certos tipos específicos
de respiração: no crawl, peito e golfinho, a criança
inspira e em seguida expira contra a resistência da água.
0 soltar o ar contra essa resistência provoca uma pressão
contra toda árvore brônquica (caixa torácica), fazendo
com que as vias aéreas que estejam estreitadas se
mantenham abertas por mais tempo, possibilitando um
melhor esvaziamento dos alvéolos. E isso é um exercício
bastante completo. (FLAQUER, 1988, p.7)

2.3. ASMA

Antigamente, referia-se à asma qualquer doença associada

com falta de ar. Do ponto de vista clínico, representa uma

obstrução de vias aéreas que é reversível espontaneamente ou com

tratamento. Segundo TEIXEIRA (1993, p.71) trata-se de uma doença

de natureza complexa,

sua etiologia é multifatorial e caracterizada pela


diversidade de seus sintomas, sendo as manifestações mais
comuns em crianças. Os problemas respiratórios
recorrentes, podem determinar um comprometimento
funcional de repetição irregular que se manifesta através
de uma hiperatividade das vias aéreas a diferentes
estímulos, levando a crises de broncoespasmo.

A pessoa asmática, quando entra em crise, tem os seus

brônquios contraídos (estreitados) - ver fig.l - e um aumento da

produção de catarro. Por conseqüência, a passagem do ar pelos

brônquios fica difícil, levando a pessoa à uma sensação de falta


9

de ar e de sufocamento. Esse estreitamento dos brônquios também

é responsável pelo conhecido - chiado no peito, também chamado

de sibilos.

figura 1 - D es e n h o r e p r e s e n t a t i v o de u m c o r t e t r a n s v e r s a l de um brônquio em
SITUAÇÃO NORMAL E CONTRAÍDO, MOSTRANDO PROCESSO INFLAMATÓRIO E
ACÚMULO DE SECREÇÃO NO SEU INTERIOR.

TEIXEIRA (1993, p.72) explica que as crises asmáticas

podem ter duração de horas/dias e períodos sem sintomas de

dias/meses. A principal ocorrência da crise é a obstrução

generalizada das vias aéreas, sendo que quatro eventos

contribuem para essa obstrução:

a) broncoespasmo (aumento do tônus da musculatura lisa do

brônquio);
10

b) hipersecreção (receptores estimulados aumentam a

secreção de muco para a luz dos brônquios);

c) edema da mucosa respiratória (mediadores inflamatórios

aumentam a permeabilidade vascular); e

d) inflamação.

De acordo com NIETO e outros (1979, p.3) as crianças

asmáticas possuem uma hipersensibilidade a determinados agentes

que desencadeiam suas crises. Estes agentes podem ser de origem

psiquica, alérgica, infecciosa e meteorológica, como se segue:

a) Agentes de origem psíquica - são aqueles que afetam

diretamente a personalidade: as emoções fortes, a ansiedade, a

falta de afeto, a insegurança, as reações e as novas situações;

b) Agentes de origem alérgica - podem ser:

- físicos: pó domiciliar, fungos do ar, pólen, pena, lã, crina,

etc;

- químicos: remédios, inalantes, produtos de limpeza, etc;

- alimentares: dependem da sensibilidade de cada um.

c) Agentes de origem infecciosa - são doenças infecciosas

prolongadas como: gripe, faringite, laringite, amigdalite; e

d) Agentes de origem meteorológica - são as mudanças bruscas de

temperatura, o frio, a chuva, o vento e a umidade.


2.3.1. DEFORMIDADES TORÁCICAS

Segundo ESCOBAR & BURCKHARDT (1985, p.29) as crianças com

"a capacidade respiratória diminuída são hipernervosas,

irrequietas, dispersas, tem carência de impulso e resistência

fraca. Problemas de asma, renite alérgica, efisema e outros que

diminuem a capacidade respiratória e deformam a caixa torácica

são comum aos portadores de deficiências"

A maioria das deformidades torácicas quando não são

congênitas, está relacionada às alterações respiratórias.

TEIXEIRA (1993, p. 91) explica que as alterações respiratórias

podem refletir diretamente na forma do tórax; podem provocar

deformidades em decorrência, por exemplo, da ausência de ar em

determinadas áreas pulmonares causada por obstrução das vias

aéreas, e que leva à retração das costelas. Para explicar melhor

essa situação, o autor nos relata as seguintes deformidades:

a) Hemitórax escoliótico - causado por um acentuado desvio

lateral da coluna vertebral. A retração vertebral provocada pelo

desvio empurra as costelas formando o hemitórax;

b) Depressões subaxilares - já definida e localizada pelo

próprio nome, pode ser bilateral e unilateral. 0 diafragma não

encontra bom ponto de apoio abdominal e o faz nas últimas

costelas, provocando a depressão;

c) Tórax em quilha - a projeção do esterno pode ser congênita ou

causada por problemas respiratórios. As retrações laterais, que


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evidenciam a projeção do esterno, parecem ser devido à ausência

de ar em determinadas áreas pulmonares causada pela obstrução

das vias aéreas;

d) Tórax em tonel - as medidas dos diâmetros ântero-posterior e

transverso se aproximam, ficando o tórax arredondado,

característica essa decorrente da hiperinsuflação pulmonar e

retenção de volume residual causado por problemas respiratórios.

A repetividade das crises com retenção de volume residual vão

dando ao tórax a característica arredondada de um tonel; e

e) Tórax infundibular - retração do esterno na altura do

apêndice xifóide. Neste ponto o diâmetro ântero-posterior é

muito diminuido.

0 tórax do portador de asma brônquica possui algumas

características específicas decorrentes de função respiratória

que possuem:

as veias do pescoço podem apresentar-se mais dilatadas


grossas. Os acessos repetidos produzem uma deformidade
precoce na criança, antes que a ossificação das junções
cartilaginosas ocorram e o tórax fica, então, fixo em uma
posição elevada, em extensão, com um aumento acentuado do
ângulo costal. 0 esterno pode tornar-se proeminente e as
costelas assumem uma posição mais horizontal. O diâmetro
ântero-posterior pode tornar-se igual ou maior que o
diâmetro lateral. Há uma tendência dos ombros se elevarem
e também de uma cifose exagerada da região dorsal. Como
conseqüência do alto valor da pressão intratorácica
negativa, há o desenvolvimento de uma assimetria
acentuada na estrutura óssea, do tórax esquerdo e do
direito. (MOISÉS e colaboradores, 1993, p.73).
2.3.2. ALTERAÇÕES TORÁCICAS

As alterações posturais podem modificar a mecânica

respiratória e/ou funcionamento do pulmão. Assim, TEIXEIRA

(1993, p. 95 e 96) nos coloca que geralmente as insuficiências

respiratórias vêm associadas às alterações torácicas, e as mais

comuns, no caso do asmático são as seguintes:

a) Escoliose - provoca alterações na mecânica respiratória em

decorrência do bloqueio no lado côncavo do desvio (as costelas

bloqueiam umas às outras) e horizontalização das costelas no seu

lado convexo, ficando próximo da posição final de inspiração. A

caixa torácica sobre dupla deformação;

b) Cifose - a acentuação da curvatura cifótica dorsal provoca

uma descida das costelas e deixa os músculos intercoatais em

posição curta, o que não permite a expansão do tórax. Quanto

mais acentuada for a curva maior será o bloqueio inspiratório;

c) Lordose - isolada poderia provocar alguma alteração

respiratória com a exagerada projeção do abdômen à frente, o que

leva ao deslocamento das visceras, conseqüente retificação do

diafragma e diminuição da movimentação do mesmo;

d) Alterações lateral e ântero-posterior associadas - não raro

as alterações se apresentam associadas, o que requer atenção

redobrada sobre a dupla função dos músculos envolvidos.

As alterações torácicas acima, são extremamente danosas

por provocarem grandes prejuizos à mecânica respiratória.


14

Além dessas conseqüências de origem morfológica, podemos

perceber conseqüências fisiológicas e psicológicas também, como

nos coloca NIETO e outros ( 1979, p.4 ), que "as conseqüências

fisiológicas se caracterizam pela influência respiratória

crônica e por complicações cardiacas, e as conseqüências

psicológicas caracterizam-se por traços comportamentais,

principalmente pela timidez, insegurança e agressividade". Estas

conseqüências existem não só pelo fato da criança ser asmática,

mas também, por influências familiares como a ansiedade e o

excesso de proteção.

2.3.3. A CRISE ASMÁTICA

A criança quando entra em contato com fatores

desencadeantes das crises, responde com o broncoespasmo, ou

seja, contração dos músculos bronquiais, inflamação das paredes

brônquicas e acúmulo de secreção. 0 calibre bronquial diminuído

dificulta a passagem do ar, tanto para a inspiração como para a

expiração, o que dificulta o fluxo de ar normal. Para suprir

essa dificuldade, ocorre a ativação dos músculos acessórios da

respiração.

Assim, explica MOISÉS e colaboradores ( 1993, p. 37 } que

o fenômeno obstrutivo broncopulmonar favorece o aprisionamento

do ar nos alvéolos, levando à hiperinsuflação pulmonar. 0

indivíduo acometido pela dificuldade respiratória apresenta a

fase de expiração, apesar de forçada, mais penosa, ou seja, uma


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progressiva insuflação dos pulmões, uma imobilização articular

das costelas e uma horizontalização do músculo diafragma que

impedem que mecanicamente a fase da expiração seja suficiente,

comprometendo assim a ventilação pulmonar. Nesse ponto o

individuo asmático tem a sensação de 'falta de ar', sentimento

esse que expressa a real falta de renovação de ar. Há uma

relação entre a respiração e o fator emoção, pois quando o

individuo entra em crise fica nervoso, às vezes, desesperado, o

que ocasiona uma maior tensão muscular e prejudica a

funcionalidade respiratória. Justifica-se assim, o exercício

respiratório como recurso importante para amenizar o quadro,

pois ele irá permitir uma consciência e controle respiratório, e

o dominio da respiração proporciona maior confiança e menos

ansiedade.

Como conseqüências destas crises, TEIXEIRA (citado por

GRUMACH, 1989, p. 51 e 52) nos coloca cinco problemas enfrenta­

dos pelos asmáticos:

a) Alteração do crescimento e desenvolvimento - quando a criança

entra em crise chega a consumir 86 a 88 cal/h só para respirar,

e isto lhe rouba muita energia para manter outras funções vitais

com regularidade;

b) Destruição de alvéolos por excesso de retenção de ar -

crises muito grandes podem reter tanto ar que hiperextendem o

alvéolo, deformando-o e tornando-o inapto para futuras trocas

gasosas;
16

c) Resistência à passagem do ar - que obriga a criança a

executar a respiração oral ( pela boca) e pode provocar

deformações faciais ou peitorais;

d) Diminuição da capacidade vital - a retenção do ar nos

alvéolos impede a renovação do mesmo, isso desregula o PH

sangüineo, que passa a ter uma pressão arterial irregular e

baixa oxigenação dos tecidos;

e) Dificuldade do retorno venoso - o excesso de ar retido nos

pulmões oferece resistência a circulação sangüínea, porque

comprime artéria e veias.

2.3.4. RECOMENDAÇÕES FUNDAMENTAIS AO TRATAMENTO DA ASMA

Os estudos sobre a fisiopatologia de asma têm evoluído,

e, apesar de esclarecerem melhor as peculiaridades da doença,

até hoje não se descobriu uma forma ou medicação específica para

tratá-la.

Segundo MOISÉS e colaboradores (1993, p. 26), o ideal é

encarar a asma como "uma doença de etiologia multifatorial e por

conseguinte proceder uma abordagem multiprofissional envolvendo

aspectos médicos, psicoemocionais, sociais e outros". Assim,

considera fundamental ao tratamento, alguns cuidados e atitudes,

como vemos a seguir:


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a) A higiene do ambiente fisico da criança - casa longe de

fábricas e bem ventilada, pó doméstico, lã, perfume e

inseticidas devem ser evitados, bem como, o uso do cigarro por

algum membro da família;

b) Medicação adequada - as mais utilizadas são os

broncodilatadores, mas só devem ser usados com prescrição

médica;

c) Psicoprofilaxia e/ou Psicoterapia - consiste em orientações

aos pais e cuidados para com a criança. A criança asmática deve

ser tratada normalmente, sentir-se livre, sem superproteção ou

sufocada pela ansiedade dos pais;

d) A Atividade Fisica - é de suma importância para o desenvol­

vimento da criança, desde que respeitem as suas peculiaridades.

Os exercícios respiratórios são importantes pois promovem uma

boa ventilação pulmonar e isso, além de promover um melhor

desempenho fisico, motor e respiratório, contribui para o

desenvolvimento emocional da criança;

e) Imunoterapia Específica - é reservada para pacientes bem

selecionados de ponto de vista da alergia, ou seja, o

tratamento é longo e consiste em aplicações de vacina específica

de acordo com a sensibilidade alérgica de cada caso; e

f) Orientação aos Pais com Discussões em Grupos - os diversos

profissionais envolvidos no tratamento das crianças asmáticas

poderiam promover reunião com grupos de pais para esclarecê-los

sobre a melhor maneira de transporem as dificuldades existentes.


2.4. NATAÇÃO

A natação é uma atividade fisica que se realiza em um

meio diferente do habitual das pessoas, e por isso, exige

algumas adaptações para a sua prática.

Essa atividade requer a utilização de movimentos

especiais, ou seja,

decorre da característica de três constantes: equilíbrio,


propulsão e respiração, presentes em toda a sua prática.
A problemática levantada por estas constantes torna os
esquemas de assimilação exclusivos do meio aquático. 0
equilíbrio aquático se processa em dependência da
diminuição da ação da gravidade, da horizontalidade do
corpo e da perda dos apoios plantares, que no meio
terrestre são essenciais ao equilíbrio vertical. A
respiração de domínio nasal, mero reflexo na terra, é
solicitada na água de forma consciente e ativa, na
respiração com predomínio oral além da inspiração breve e
do controle da glote. A propulsãoterrestre, de pernas
motoras e braços equilibradores, com apoios fixos e
sólidos ao solo e fraca resistência do ar, encontra no
meio aquático apoios fugidios e um grau de resistência
notável a ser vencido pelos braços, agora essencialmente
propulsores, também por esta singularidade aos pernas
assumem a responsabilidade do equilíbrio, e em menor
grau, da propulsão. (ESCOBAR & BURKHARDT, 1985, p. 2).

No que se refere a esse assunto COSTA e outros (1982, p.

8) relata que a natação se destina, em princípio a melhorar as

condições funcionais do aparelho respiratório. Ao mesmo tempo,

porém, levanta o estado geral e, atuando por fatores

psicoterápicos no tono neurovegetativo, regula hábitos de

higiene respiratória de imprescindível importância, isto é,

inspiração oral e expiração oral e ou nasal comleve pressão.

Equilibrando aspressões inter e extrapulmonares,atua também,

na disciplina, no autodomínio,na coordenação motora


respiratória e na conscientização de movimentos respiratórios,

trazendo um equilibrio neuromuscular e psicológico da maior

significação e valia, correspondendo finalmente a um

aproveitamento fisico e psiquico de âmbito geral. Com reberência

ao aproveitamento mecânico, além da ampliação do tórax e

conseqüente relaxamento do conjunto muscular torácico, a natação

especializada age como elemento terapêutico preventivo e

corretivo, sobretudo em crianças e adolescentes asmáticos, cuja

doença se caracteriza pelo componente obstrutivo.

De acordo com TEIXEIRA (citado por GRUMACH, 1989, p. 52),

a natação é a grande aliada dos portadores de asma bronquica

pois "a própria posição horizontal e movimentos de braços

favorecem a tomada de ar, o que facilita a expansibilidade

torácica, pois a expiração submersa contra a resistência da

água, é ideal para manter por mais tempo a abertura dos

brônquios."

Praticando a natação, o indivíduo se obriga a manter um

ritmo respiratório, e isso vai serextremamente importante no

seu momento de crise, pois ele vai saber controlar melhcr a sua

respiração, além do mais, o próprio ambiente das piscinas faz

com que ele respire um ar umidificado, o que evita ressecamento

das vias aéreas.

Em muitas doenças respiratórias, especialmente a asma, a

resistência ao fluxo aéreo torna-se particularmente grande

durante a expiração, causando ás vezes enorme dificuldade na


20

respiração. De acordo com NUNES e outros (1987, p. 3) são os

seguintes os músculos encarregados da respiração:

a) Inspiração normal - principalmente o diafragma e também,

escalenos e intercostais externos;

b) Na inspiração forçada - contração do diafragma e auxilio do

esterno-cleido-mastóideu, grande e pequeno peitoral, elevador

das costelas, grande dentado, trapézio e o rombóide;

c) Na expiração normal - relaxamento dos músculos inspiratórios,

principalmente do diafragma; e

d)Na expiração forçada - intervém sobretudo os músculos

abdominais: o grande reto do abdômen, o grande e o pequeno

oblíquo.

Nas doenças com obstrução das vias aéreas, costuma ser

muito mais difícil expirar de que inspirar, pois a tendência ao

fechamento das vias aéreas é grandemente aumentado pela pressão

positiva do tórax durante a expiração; portanto, o ar tende a

penetrar facilmente nos pulmões, porém, fica neles aprisionado.

Segundo TEIXEIRA. (1991, p. 62), um programa regular de

atividades físicas

pode melhorar a mecânica respiratória e tornar mais


eficaz a ventilação pulmonar. Seus resultados colocam em
evidência a melhora de Fluxo Expiratório Forçado (FEP) e
do Tempo Médio de Trânsito do ar(MTT), mostrando aumento
do fluxo expiratório e maior velocidade da saída do ar,
respectivamente. Esses fatos indicam mais eficácia na
mecânica respiratória, melhor ventilação pulmonar e
conseqüente diminuição do volume residual. Dessa forma,
pode-se explicar a maior tolerância ao exercício físico e
aumento na capacidade de trabalho, com menor desconforto
e broncoespasmo.
21

Na verdade não existe falta de ar para a criança

asmática, e sim excesso, pois ela tem dificuldade de eliminar

esse ar que fica retido nos pulmões. Normalmente quando se

inspira, os músculos auxiliares proporcionam a entrada tranqüila

de ar; já, na expiração, não há ajuda de músculos auxiliares,

ficando todo o trabalho por contado diafragma.

Aí entra a natação fundamentalmente, pois emprega o

diafragma mais do que qualquer outro músculo, de maneira ritmada

e sobretudo auxiliada pela posição do corpo e pela pressão de 7

baixo para cima que a água exerce sobre o abdômen; assim,

fortalece não só este músculo como todos os outros explratórios

auxiliares, ajudando na melhor eliminação do ar e conseqüente

desaparecimento da sensação sufocante que aflige as pessoas em

crise.

As respostas cardiorrespiratórias e adaptações para o

exercício aquático tem sido diferentes das respostas observadas

nos exercícios terrestres,

a principal delas é o volume de ar inspirado ou seja,


menor ventilação minuto durante a natação, outra resposta
significativa é uma menor freqüência cardíaca durante o
exercício aquático quando comparado com exercícios em
terra. Isso é devido à combinação da estimulação vagai
provocada pela imersão facial ou reflexo do mergulho
(isto é reflexo vagai mediado pela bradicardia induzida
repentinamente pelo rápido resfriamento facial
conseqüente da imersão no frio ou na temperatura da água
ambiente) e um maior volume sistólico causado pela
posição horizontal.(ARAÚJO & BAR-OR, 1994, p. 31Ü)

De acordo com BAR-OR e IMBAR (citado em ARAÚJO & BAR-OR,

p. 312), vários mecanismos tem sido propostos na tentativa de


22

explicar a menor asmagenicidade na natação, entre eles, ausência

de pólen sob a água, efeito da pressão hidrostática no tórax,

hipoventilação, vasoconstricção periférica, alta umidade do ar

inspirado, posição horizontal do corpo e imersão na água- Como a

maioria dos estudos não possue respaldo experimental, estes

autores concluem que um dos fatores mais importantes é o

ambiente úmido da natação, onde a alta umidade do ar previne o

ressecamento e/ou resfriamento da mucosa respiratória, além da

própria atividade favorecer a hiperinflação pulmonar podendo

aumentar a flutuação e a eficiência do nado. Em contrapartida, o

alto nivel de cloro na água pode provocar uma irritação das vias

aéreas, já que a maioria dos asmáticos são sensiveis e alérgicos

a produtos quimicos, fumaça preta e outros, presentes no

ambiente aquático.

2.4.1 FINALIDADES DA NATAÇÃO

Costa e outros (1992, p.9) dentro de sua abordagem sobre

a natação e o portador de deficiência respiratória coloca nove

finalidades fundamentais da atividade, que são os seguintes:

a) Melhora as condições funcionais do aparelho respiratório;

b) Coordenação motora respiratória;

c) Autodomínio;

d) Conscientização e disciplina do ato respiratório;

e) Equilíbrio neuro-muscular e psicológico;

f) Relaxamento;
23

g) Reeducação de grupos musculares do tórax inferior (fole),

especialmente o diafragma, corrigindo e aumentando s-ua cinética

ao máximo;

h) Aumenta a resistência dos pacientes ao gasto de energia cada

vez maior até a recuperação para a vida cotidiana; e

i) Recuperação da capacidade vital máxima, dentro dos limites

possíveis do doente.

A prática de uma atividade física exige a transformação da

energia adquirida pelos alimentos em energia para a atividade

muscular,

verifica-se através do trabalho aeróbico da natação, um


aumento do tamanho das mitocôndrias, maior oapacidade
oxidativa celular, com conseqüente aumento da atividade
enzimática e maior produção de energia. Exerce também uma
atividade benéfica orgânica, produzindo contrações
musculares mais eficientes e com maior rendimento,
trabalho da musculatura cardíaca e respiratória, com
ritmo mais lento, mesmo em solicitação máxima. Ereve-se
ter em mente, exercícios onde se trabalha com grandes
grupos musculares, realizados regular e repetitivamente.
0 trabalho aeróbico requer uma atividade contínua para
que ocorra um prolongado trabalho muscular, essa
atividade depende da resistência muscular à fadiga, e,
quanto maior for o trabalho aeróbico maior será a
capacidade aeróbica da musculatura, pr.aduz.indQ mais
energia e com isso, mais trabalho físico antes de ocorrer
a fadiga. (OLIVEIRA E SERRANO, 1984, p.89)

As atividades dentro da água devem proporcionar ao aluno

asmático prazer e calma para poder realmente auxiliar na sua

recuperação. A criança pode freqüentar uma aula normal, desde

que o professor tome alguns cuidados e esteja atento a alguns

pontos importantes: deve saber que o aluno possui o problema;

deve conhecer a gravidade de uma crise e quais os procedimentos


24

mais adequados para auxiliá-lo; a sua aula deve evidenciar um

trabalho aeróbico, dentro de 60% da intensidade de trabalho, sem

exigir do aluno esforço de duração acima de quatro minutos para

evitar o aparecimento de uma crise , ou seja, fundamentalmente

deve ter cuidado com a intensidade do exercicio solicitado para

não provocar a Broncoespasmo Induzido pelo Exercicio (BIE).

A natação como atividade especial para criança com


deficiência respiratória pode proporcionar resultados tão
eficientes a ponto de se ocorrerem crises, estas serem
tão tênues que sequer cheguem a ser percebidas. É
possível até chegar a um ponto em que a criança não
solicite qualquer medicação. É claro que sempre, restará
um pouco de catarro, um pequeno chiado, mas a criança não
se sente mal; mantém a atividade física e ressente-se me­
nos da necessidade do medicamento. (FLAQUER, 1988, p. 7)

2.4.2. PROBLEMAS POSTURAIS E OS ESTILOS DE NADOS

A natação possui estilos diferentes de nados, cada um com

suas características e técnicas próprias. Pode-se utilizar

determinado estilo (crawl, costas, peito ou golfinho) para

auxiliar a melhoria dos problemas posturais já que trabalham

simétrica e assimetricamente.

Ilustrando melhor a citação acima, MOISÉS e colaboradores

(1993, p. 18) nos indica o seguinte:

a) Nado crawl - utilizado em escoliose e herrdtórax com

gibosidade. Deve ser indicado o processo inspiratório do lado da

concavidade. Enfatizar o alongamento do membro superior na hora

do encaixe da braçada, principalmente do lado da concavidade;

b) Nado costas - escoliose, hemitórax com gibosidade e lordose.

Também enfatizar o alongamento do membro superior no encaixe da


25

braçada, principalmente do lado da concavidade. Com relação à

lordose, quando nadado corretamente contribui para a aquisição

de força abdominal;

c) Nado clássico ou peito - cifase e escoliose. Executar

simetricamente um alongamento prolongado ao final da execução da

braçada; e

d) Nado borboleta ou golfinho - o nado deve ser ensinador porém

não executar percurso longo desse estilo já que é atribuído a

ele grande trabalho na região lombar da coluna.

A prática da natação realizada por uma criança asmática

deve ser de seu interesse e partir dela mesma a vontade na

realização, pois é importante que a criança sinta prazer na

atividade praticada e não uma simples obrigação.

Dessa forma, a execução de algum exercício dentro do meio

líquido com a aprendizagem dos estilos específicos da natação

trarão muitos benefícios para a criança com asma. Ilustrando

melhor essa colocação, MOISÉS e colaboradores (1993, p. 117} nos

coloca várias outras vantagens que podem ser obtidas, comor

a) possibilita um ritmo respiratório;

b) há considerável resistência à expiração do ar na água,

obrigando um desenvolvimento da musculatura respiratória;

c) o trabalho intenso de membros superiores, facilita a

mobilidade articular da cintura escapular.;

d) o aprendizado de habilidades motoras no meio líquido faz

aumentar o acervo motor do aluno;


26

e) proporciona grande realização emocional ao executar tarefas

desafiadoras; e

f) o treinamento aeróbico para os alunos já habilidosos- é um

benefício característico dessa modalidade-


3. CONCLUSÕES

A asma provoca a obstrução dos brônquios e bronquíolos

através da contração dos músculos bronquiais, o ar precisa

passar por esses condutos estreitados e provoca com isso, ruídos

e chiados característicos. Associado a isso, pode ocorrer a

inflamação dos brônquios com acúmulo de catarro e muco, ou seja,

desencadear a bronquite juntamente com a asma.

A dificuldade principal do portador de asma se encontra

na expiração do ar, o que faz com que ele inspire seguidamente,

fazendo com que seu tórax fique hiper-inflado e muitas vezes,

com outros comprometimentos associados.

Baseado nas informações obtidas, concluiu-se que a

natação realmente pode auxiliar no tratamento da asma, pois

utiliza-se de uma respiração especial, onde o fator expiração é

fundamental, pois se faz contra a resistência da água. Aí entra

um exercício importante para o asmático já que sua dificuldade

maior, consiste em expelir o ar dos pulmões, e na água ele terá

que expirar contra a resistência da água. Com isso, seus

músculos respiratórios se fortalecerão e aos poucos, ficará mais

cômodo para o asmático manter uma freqüência respiratória sem

tanto esforço e com maior eficácia, além de poder respirar um ar

mais umidificado dentro do ambiente aquático.

Pôde-se constatar que a atividade deverá ser

exclusivamente aeróbica, sem exigência de rendimento ou de

movimentos intensos por parte do aluno, pois isto poderá

ocasionar a asma induzida pelo esforço. Assim o professor deverá

ter conhecimento suficiente sobre o problema para poder dosar a


intensidade da sua aula, propiciando ao asmático a participação

com total segurança dentro de uma aula normal oferecida também a

outras crianças sem problemas respiratórios.

Parece que assim a natação realmente pode atingir seus

objetivos de atividade terapêutica e socializadora, pois a

criança que vêm à procura desta atividade com uma indicação

médica, pode de uma forma descontraída e gostosa realizar

exercicios importantes para amenizar o seu problema

respiratório.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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