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FUNDAMENTOS

DA EXTENSÃO
UNIVERSITÁRIA

EAD
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| REITORIA | COORDENAÇÃO DA PRODUÇÃO DE MATERIAIS EAD


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EAD

EDIÇÃO: FEVEREIRO/2022
SUMÁRIO

UNIDADE 01 - A EDUCAÇÃO SUPERIOR NO BRASIL E A IMPORTÂNCIA


DAS ATIVIDADES EXTENSIONISTAS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM..........................................................05

UNIBRASIL EAD | FUNDAMENTOS DA EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA


INTRODUÇÃO.......................................................................................06
1. A EDUCAÇÃO SUPERIOR NO BRASIL E A INTRODUÇÃO DAS ATIVI-
DADES EXTENSIONISTAS NOS CURRÍCULOS DOS CURSOS DE GRA-
DUAÇÃO........................................................................................06
1.1 Histórico e Pilares da Educação Superior........................................07
1.2 Aspectos da Indissociabilidade: Ensino, Pesquisa e Extensão.........09
1.3 Histórico, Conceito, Funções, Objetivos e Princípios Básicos..........10
CONSIDERAÇÕES FINAIS.....................................................................13

UNIDADE 02 - ATIVIDADES EXTENSIONISTAS E CURRICULARIZAÇÃO


OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM..........................................................14
INTRODUÇÃO.......................................................................................15
1. MODALIDADES E LINHAS DAS ATIVIDADES DE EXTENSÃO..............15
1.1 Áreas temáticas e Modalidades de Extensão..................................16
2. PROCEDIMENTOS PEDAGÓGICOS, METODOLÓGICOS E TÉCNICO-
-CIENTÍFICOS.................................................................................19
2.1 Modalidades das Atividades de Extensão.......................................19
2.2 Planejamento das Atividades Extensionistas..................................21
3. CONCEPÇÃO PRÁTICA DAS DIRETRIZES DE CURRICULARIZAÇÃO DA
EXTENSÃO.....................................................................................23
CONSIDERAÇÕES FINAIS.....................................................................24
SUMÁRIO

UNIDADE 03 - UNIBRASIL E A PRÁTICA DA CURRICULARIZAÇÃO


OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM..........................................................25
INTRODUÇÃO.......................................................................................26

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1. O UNIBRASIL, A PRÁTICA DA CURRICULARIZAÇÃO E OS PROJETOS IN-
TEGRADORES.................................................................................26
1.1 Guia da Curricularização UniBrasil.................................................28
2. ODS E DEMANDAS CONTEMPORÂNEAS.........................................29
3. INICIATIVAS DE COMPROMISSO SOCIAL, POLÍTICAS PÚBLICAS E SEUS
PROGRAMAS.................................................................................31
CONSIDERAÇÕES FINAIS.....................................................................34

UNIDADE 04 - ETAPAS DAS ATIVIDADES EXTENSIONISTAS


OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM..........................................................35
INTRODUÇÃO.......................................................................................36
1. PLANEJAMENTO DAS ATIVIDADES EXTENSIONISTAS.......................36
1.1 Diagnóstico e Planejamento..........................................................37
2. COMO EXECUTAR UM PROJETO DE EXTENSÃO...............................38
3. NORMAS TÉCNICAS.......................................................................41
4. AVALIAÇÕES DAS AÇÕES EXTENSIONISTAS.....................................43
CONSIDERAÇÕES FINAIS.....................................................................45

REFERÊNCIAS.......................................................................................46
UNIDADE

01
A EDUCAÇÃO SU-
PERIOR NO BRASIL
E A IMPORTÂNCIA
DAS ATIVIDADES
EXTENSIONISTAS

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

» Avaliar o contexto histórico da educação superior no Brasil e correlacionar com as mudan-


ças que ocorreram ao longo dos anos;
» Entender a necessidade da unificação dos pilares da educação: ensino, pesquisa e extensão;
» Definir o conceito de indissociabilidade e sua aplicação na prática das atividades extensionistas;
» Conhecer na íntegra o conceito, a importância e a aplicabilidade das atividades extensionis-
tas no seu curso de graduação.

VÍDEOS DA UNIDADE

https://bit.ly/3BkBoJA https://bit.ly/3HUFM4t https://bit.ly/3uQjope https://bit.ly/3rMdlAa


INTRODUÇÃO
Conforme a Resolução nº 7, de 18 de dezembro de 2018, ficam estabelecidas as diretrizes, a
necessidade e a obrigatoriedade da inclusão de horas de atividades de extensão na grade curricu-

UNIDADE 01
lar de todos os cursos de graduação no Brasil, já previstas na Lei nº 13.005/2014, a qual aprova o
Plano Nacional de Educação – PNE 2014-2024. Dessa forma, é preciso fazer uma busca na história
do ensino universitário no Brasil e entender a demanda por essa inclusão, haja vista que as ati-
vidades de extensão já aconteciam na educação superior, pois nasceu com esta, mas precisou se
intensificar devido a necessidades que partiram de muitos lados, como na própria sociedade, na
comunidade, entre alunos e professores.

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Os resultados coletados diante de um projeto de extensão bem executado são inúmeros e
transformadores da sociedade e do aluno. O princípio básico dessa estratégia é fornecer ao aluno
a possibilidade e a capacidade de executar um plano estratégico levando em consideração seu
aprendizado teórico e as necessidades da população em torno da instituição de ensino superior
(IES) ou mesmo dentro dela, fornecendo, por exemplo, a prestação de serviço à comunidade local.
Nesse sentido, nesta Unidade será trabalhado o entendimento e a real necessidade de a ex-
tensão acontecer de forma continua e obrigatória nos curso de graduação em todas as Escolas do
UniBrasil, como as de Saúde, Ciências Humanas e Sociais Aplicadas, Escola Politécnica e Ensino a
Distância (EAD), marcando, assim, o compromisso da universidade com a sociedade.

1. A EDUCAÇÃO SUPERIOR NO BRASIL E A


INTRODUÇÃO DAS ATIVIDADES EXTEN-
SIONISTAS NOS CURRÍCULOS DOS CUR-
SOS DE GRADUAÇÃO
O estabelecimento da educação superior data de mais de 900 anos atrás e, ao longo de todo
esse tempo, teve de passar por inúmeras mudanças para atender as necessidades acadêmicas e da
sociedade. Inicialmente, as IES (Instituições de Ensino Superior) eram dedicadas a atender apenas
as demandas dos alunos e prestavam unicamente o serviço de ensinar. Posteriormente viu-se a
necessidade da integralização com a pesquisa e, por fim, com a extensão. O ensino e a pesquisa
vieram marcados como atividades intrínsecas que desenvolvem habilidades de maneira indissocia-
da e, portanto, vinculadas e articuladas (SERVA, 2020).
Desse modo, pode-se dizer que as IES devem apresentar uma atividade didática indissociável
da pesquisa, ou seja, da atividade investigativa, com o objetivo de garantir que o próprio ensino
esteja engajado com as necessidades e exigências da sociedade como um todo e, sobretudo,

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que esteja alinhado com conhecimentos científicos apurados e da atualidade. Esse processo
garante, por exemplo, que o professor esteja sempre em contato com o atual, o relevante e,
principalmente, o científico.
Para facilitar o processo de entendimento das ideias descritas aqui, vamos considerar vários
exemplos que possam, ao longo do texto, contemplar as diversas áreas de atuação. Nesse contexto,

UNIDADE 01
tomando como base a afirmação de que o professor, quando faz pesquisa, está sempre antenado
com o que é considerado novo, imagine um docente da área de Farmacologia, que ensina sobre
medicamentos. Você sabe que já foram desenvolvidos milhões de medicamentos ao longo do tempo
e que muitos deles já estão em desuso por diversas razões. No processo ensino-aprendizagem, o
docente precisa avaliar a necessidade de ensinar sobre medicamentos que não são mais utilizados e,
principalmente, focar naqueles que estão em uso e naqueles que estão em desenvolvimento e que

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ainda não estão aprovados para uso. Da mesma forma, um professor de Direito avalia a necessidade
de discutir sobre leis antigas e em desuso numa sociedade atual e traz, para a discussão em sala,
aquelas que ainda estão sendo planejadas para atender as demandas do cotidiano.
É atrelada ao ensino e a pesquisa que encontramos a extensão, formando a tríade do ensino
moderno, sendo esse um processo educativo, cultural e científico, que articula o ensino e a pes-
quisa e viabiliza a relação de transformação na universidade e na sociedade (MELLO; ALMEIDA
NETO; PETRILLO, 2021).

1.1 HISTÓRICO E PILARES DA EDUCAÇÃO SUPERIOR


Segundo os conceitos de Pierre Bourdieu (2003), é possível fazer uma análise das configurações
históricas da universidade com base no campo e no habitus, o que nos traz uma ideia das dimen-
sões individuais e coletivas da universidade. Assim, o ensino superior pode ser compreendido
como um espaço físico que promove as relações sociais, sendo que cada participante do processo
participa de vários campos de forma contínua e simultânea. Acontece que, nesses campos, exis-
tem os subcampos, chamados de áreas do conhecimento, e a parte administrativa das IES, como
os departamentos, as escolas, reitorias e coordenações. Cada campo possui as suas regras, as
quais são elaboradas com sentidos compartilhados por aqueles que o compõem. Esses agentes
desenvolvem práticas de acordo com o habitus, ou seja, de acordo com a experiência única de
cada componente desse sistema, acrescentando regras, valores, crenças, conforme os campos dos
quais participam (GONÇALVES; GONÇALVES, 2011; GONÇALVES; QUIMELLI, 2016).
Diante desse modelo, é possível compreender que cada docente tem práticas derivadas da sua
experiência e da sua formação, as quais estão relacionadas com os campos pelos quais passou e
que envolvem seu conhecimento sobre a atividade extensionista, que pode coexistir com esses
conhecimentos ou pode vir da necessidade de novas experiências, por parte do professor e do
aluno, de conhecer problemas e a realidade social da comunidade que se encontra no entorno das
IES ou dentro dela.
A universidade contemporânea tem como missão formar profissionais que contemplem os as-
pectos científicos do conhecimento, o técnico-social, que vão ao encontro dos conhecimentos

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tecnológicos e da globalização, considerando os processos evolutivos na sua totalidade e, inclusi-
ve, tendo a missão da interdisciplinaridade, que, independemente da área de formação, deve pro-
porcionar conhecimentos sobre ecologia, política, ética, desenvolvimento sustentável, cidadania,
entre outros (GONÇALVES, 2008). Perceba que, enquanto a universidade tratava sobre questões
relacionadas à formação do indivíduo com aulas teóricas e práticas, era impossível atingir tais

UNIDADE 01
objetivos. Por essa razão, acredita-se que essas ações transpassam o ambiente universitário e as
ações universitárias, o que gera a necessidade de sair do ambiente acadêmico e se voltar para a
realidade de problemas contemporâneos que contemplam a interdisciplinaridade, dando espaço
para a inclusão da extensão universitária.
Historicamente, a educação superior no Brasil teve início em 1572, quando os jesuítas inicia-
ram o curso de Artes e Teologia e, nessa época, havia muita influência das questões religiosas

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na formação dos indivíduos (CUNHA, 2007). Depois, com a chegada da família real ao Brasil em
1808, foram criados cursos com o objetivo de preparar burocratas para o Estado e especialistas
na produção de bens simbólicos e formação de profissionais liberais, pois essas eram as neces-
sidades daquela época. Logo após, foi instalada uma instituição de ensino superior em Salvador,
que mais tarde daria origem à Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia. Nesse
momento houve a retirada da Igreja católica da gestão do ensino público, possibilitando assim
o surgimento das escolas privadas, resultantes das escolas religiosas, surgindo assim o ensino
superior privado (SERVA, 2021).
Foi na fase da República oligárquica que se iniciou o movimento para a implantação da liberda-
de de ensino. Após, na era Vargas, surgem duas políticas opostas: a liberal e a autoritária. A presen-
ça dessas diferentes políticas possibilitou a criação de novas universidades que, dependendo da
sua origem, defendiam o papel do governo federal como normatizador do ensino e da Igreja como
formadora de caráter humanista da elite brasileira (OLIVEN, 2002). Após, iniciou-se um período
marcado pela ingerência direta do governo federal nas universidades, no período militar, tempo
no qual foi aprovada a reforma universitária, por meio da Lei 5.540/68.

SAIBA MAIS

Acesse o texto da Lei nº 5.540, de 28 de novembro de 1968, e saiba mais sobre a primeira reforma
universitária no Brasil. Disponível em: https://bit.ly/3y1bwkn. Acesso em: dez. 2021.

Nessa reforma universitária, a qual trazia para o Brasil um modelo de universidade americana,
pela primeira vez foi citada a extensão universitária, definida como uma atividade inerente à univer-
sidade, voltada para a prestação de serviço com um toque assistencialista, mas que tinha objetivos
muito diferentes da extensão atual, pois sua essência era baseada em conter a entrada da classe
trabalhadora no ensino superior, que se beneficiaria por meio da participação de cursos de curta du-
ração ofertados pelos estudantes nas IES (BRASIL,1968; SILVEIRA; BIANCHETTI, 2016; SERVA, 2021).

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Por fim, entre os anos de 1985 e 2002, uma nova dinâmica de ensino superior foi adotada, des-
tacando-se a criação de um modelo de universidade mercantil, no qual houve uma aproximação
das IES com as empresas.
O intuito desse conhecimento histórico é que você perceba que, para cada período da história,
as IES tiveram um objetivo, seja ele religioso ou político, que predominou por muito tempo e aten-

UNIDADE 01
deu as necessidades da burguesia e do capitalismo. Há autores que afirmam que foi somente com
a chegada do modelo norte-americano que se iniciou o progresso do ensino universitário, no sen-
tido de convergir a sociedade para o saber que interessa ao desenvolvimento de pessoas, da eco-
nomia, associando os aspectos ideais que contemplam o ensino e a pesquisa, serviços utilitários
prestados à sociedade e para o seu funcionamento, como, por exemplo, a oferta de vários cursos
de graduação e pós-graduação oferecidos pelas IES (SILVEIRA; BIANCHETTI, 2016; SERVA, 2021).

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Mesmo em um período mais antigo, ou seja, antes da chegada do modelo norte-americano, as
IES tiveram um funcionamento funcional, ou seja, a formação do indivíduo atendia as demandas
impostas pela sociedade, pela política e pela religião, e mais tarde ficaram focadas em formar ci-
dadãos que deveriam produzir resultados, dependendo então dos interesses do local de trabalho
e, após, o ensino voltou-se a ser operacional.
Na atualidade, acabamos de passar por uma nova estruturação do ensino superior, com um
olhar mais social e dinâmico, que entende que o conhecimento a ser produzido por uma IES pre-
cisa estar relacionado com o contexto social no qual ela está inserida, além de estar acessível à
comunidade, sendo apto a promover transformações sociais que melhorem a vida da comunidade
e em comunidade (SERVA, 2021). Assim, a tríade ensino, pesquisa e extensão passa a ser indisso-
ciável e torna-se um modelo necessário, ideal e imprescindível.

VÍDEO

Assista ao vídeo “Regulação em Foco: Atividades de Extensão”, que resume a obrigatoriedade da


nova reforma, a qual institui a curricularização dos cursos de extensão. Disponível em: https://bit.
ly/3lHEAs2. Acesso em: dez. 2021.

1.2 ASPECTOS DA INDISSOCIABILIDADE: ENSINO, PESQUISA E


EXTENSÃO
A palavra indissociabilidade foi prevista pela primeira vez na Lei 5.540/68: “O ensino superior,
indissociável da pesquisa, será ministrado na universidade e, excepcionalmente, em estabeleci-
mentos isolados, organizados como instituições de direito público ou privado” (BRASIL, 1968).
Também está na Constituição Federal de 1988 e foi citada como um dos principais princípios da
Extensão universitária nas Diretrizes do Fórum Nacional de Pró-Reitores de Extensão das Insti-
tuições de Ensino Superior Públicas do Brasileiras (FORPROEX), diretrizes essas adotadas para a
curricularização das atividades de extensão.

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O termo indissociabilidade remete a algo que não pode existir sem a presença do outro, e, assim,
o todo deixa de ser todo quando se separa (TAUCHEN; FÁVERO, 2011). Apesar de estar previsto há
décadas, esse termo se apresenta até hoje como um grande desafio para as universidades, ainda
existindo aquelas que se dedicam ao ensino, outras à pesquisa e, ainda mais raramente, aquelas que
se dedicam à extensão. Dessa forma, o desafio que foi citado está no fato de que as IES precisam criar

UNIDADE 01
um conjunto único, intrínseco, no qual eles se retroalimentam e possam originar e resultar em um
círculo virtuoso (SERVA, 2020) e produtivo para a própria IES, os estudantes e a sociedade.
Como descrito anteriormente, a história da educação superior no Brasil nos levou à necessida-
de da incorporação desse princípio, o qual reflete, segundo o ANDES-SN (2003), um conceito de
qualidade do trabalho acadêmico que favorece a aproximação entre a universidade e sociedade,
a crítica autorreflexiva, os ensinos teóricos e práticos e o significado social do trabalho acadêmico.

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De fato, para tornar o princípio real e concretizá-lo dentro de uma IES, deve haver o planejamento
e a execução de projetos coletivos (MAZZIELLI; MACIEL, 2010).
Nesse sentido, a indissociabilidade significa uma proposição filosófica, política, pedagógica e
metodológica para a formação e para o desenvolvimento de conhecimentos construídos pela uni-
versidade (GONÇALVES; QUIMELLI, 2016), a qual deve viabilizar os caminhos para tornar esse prin-
cípio parte integrante do seu regimento. É importante entender que, de fato, a extensão e o ensino
não são acessórios da pesquisa, mas, sim, naturais desta (MOITTA; ANDRADE, 2009), como se um
não existisse sem o outro.
Talvez o que historicamente tenha acontecido foi que o ensino e a pesquisa tenham perdurado
por muito tempo e tenham sido o destaque das ações universitárias, e, concomitantemente com
outras necessidades e realidades sociais, entendeu-se que era necessário incorporar e dar mais
voz aos projetos de extensão, surgindo a curricularização de tais atividades.
Dessa forma, os pilares da educação superior se concretizaram no ensino, na pesquisa e na extensão.

VÍDEO

O vídeo “Indissociabilidade – ensino, pesquisa e extensão” traz exemplos do contexto dos prin-
cípios da indissociabilidade no processo educacional. Disponível em: https://bit.ly/3do1IqX.
Acesso em: dez. 2021.

1.3 HISTÓRICO, CONCEITO, FUNÇÕES, OBJETIVOS E PRINCÍ-


PIOS BÁSICOS
De acordo com o FORPROEX, a prática das atividades extensionistas remota ao início do sécu-
lo XX, coincidindo com a criação do ensino superior, e teve seu primeiro registro no Decreto nº
19.851, de 11 de abril de 1931, cujo artigo 42 determina que “a extensão universitária será efetiva-
da por meio de cursos e conferências de caráter educacional ou utilitário, uns e outras organizados

10
pelos diversos institutos da universidade, com prévia autorização do conselho universitário”. Após,
em 1961, as atividades extensionistas são citadas para serem formadas a partir de cursos e, em
1967, o Decreto nº 252, de 28 de ferreiro, traz em parágrafo único que os cursos de extensão po-
dem ter coordenação própria e devem ser desenvolvidos mediante a plena utilização de recursos
materiais e humanos da universidade.

UNIDADE 01
Na reforma universitária, a extensão foi institucionalizada priorizando a participação dos profes-
sores e estudantes em programas de melhoria das condições de vida da comunidade e no processo
de desenvolvimento humano (BRASIL, 1968). Após, em 1977, no relatório anual do ministério da
Educação e Cultura, é estabelecida a integração das universidades com a comunidade, ampliando as
oportunidades de projetos de extensão voltados ao bem comum, exigindo a elaboração de projetos
que levem em conta as necessidades regionais e locais, a promoção do desenvolvimento de novos

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projetos educacionais, a integração entre ensino superior e comunidade e entre as IES, além da
criação de orientações técnicas nos projetos de extensão (MELLO; ALMEIDA NETO; PETRILLO, 2021).
Já nos anos 1980, com o surgimento de movimentos sociais, as atividades extensionistas foram
ampliadas e, nesse momento, as IES dialogaram com as comunidades para poder propor ativida-
des de extensão que atendessem suas demandas e expectativas, principalmente levando em conta
os direitos humanos. Assim, a extensão universitária cria uma espécie de raiz e, desde então, vem
caminhando juntamente com as IES, fazendo parte do processo da pesquisa e ensino, de acordo
com os princípios da indissociabilidade e enaltecendo o compromisso que essas instituições de
ensino devem ter com a sociedade.
De forma resumida, segundo Serva (2020), os períodos das atividades extensionistas po-
dem ser resumidos conforme o quadro a seguir:

QUADRO 1 – PERÍODOS DA HISTÓRIA DA EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA

FASES PERÍODO CARACTERÍSTICAS


1 Brasil Colônia até 1930 Formação política
2 1930-1968 Assistencialismo
3 1968-1988 Normatização
4 1987-1988 Constitucionalização
5 1987-1990 Amadurecimento conceitual
6 1990-2010 Diversificação de representação institucional
7 2010-2021 Curricularização

Fonte: Serva (2020).

Atualizando o conceito para os tempos atuais, segundo a FORPROEX (2012), a extensão, sob
o princípio constitucional da indissociabilidade, é um processo interdisciplinar, educativo, cultu-
ral, científico e político, que promove a interação transformadora entre a Universidade e outros
setores da sociedade. Anteriormente, na reunião de 2007, ficou também preestabelecido que a
extensão deveria se apresentar na forma de projetos articulados e outras ações de extensão, como

11
cursos, eventos, prestação de serviços, preferencialmente integrando a pesquisa e o ensino, com
caráter orgânico-institucional, clareza de diretrizes e orientação para um objetivo em comum, sen-
do executado em médio e longo prazos (FORPROEX, 2007). Nesse mesmo ano, foram definidas as
diretrizes para a extensão universitária, sendo elas: impacto e transformação, interação dialógica,
interdisciplinaridade e indissociabilidade.

UNIDADE 01
Segundo Mello, Almeida Neto e Petrillo (2021), a extensão é uma via de mão dupla com trânsito
para toda a comunidade acadêmica, que, estudando, observando e dialogando com a sociedade,
poderá encontrar a oportunidade de elaborar, na práxis de um conhecimento acadêmico, uma
ação, um projeto, programa, evento, prestação de serviço ou outra ação, para atender as suas
necessidades. No retorno, os docentes e discentes trarão o aprendizado, que deve sofrer processo
refletivo e, de fato, gerará conhecimento. Esse fluxo estabelece a troca de saberes entre o siste-

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ma/acadêmico e popular e terá como consequência a produção do conhecimento resultante do
confronto entre a realidade Brasil/mundo com a realidade regional, a democratização do conhe-
cimento acadêmico e a participação efetiva das pessoas do entorno, ou seja, da comunidade na
atuação da Universidade.

LEITURA

Você sabe o que é práxis acadêmica?


Leia o artigo “A práxis acadêmica de inovação sob a ótica das competências em informação”, de
Thais Elaine Vick e Marcelo Seido Nagano (2015), e reflita sobre essa temática. Disponível em:
https://bit.ly/3otTZOt. Acesso em: dez. 2021.

Dentre os objetivos das atividades extensionistas, destacam-se alguns:


» Possibilitar novos meios e processos de produção, inovação e disponibilização de conhe-
cimentos, permitindo a ampliação do acesso ao saber e o desenvolvimento tecnológico e
social do país;
» Mediar a Extensão Universitária como parte da solução dos grandes problemas sociais do país;
» Implicar em relações multi, inter e/ou transdisciplinares e interprofissionais de setores da
Universidade e da sociedade;
» Criar condições para a participação da Universidade na elaboração das políticas públicas
voltadas para a maioria da população;
» Possibilitar novos meios e processos de produção, inovação e disponibilização de conhe-
cimentos, permitindo a ampliaçãodo acesso ao saber e o desenvolvimento tecnológico e
social do país;
» Priorizar práticas voltadas para o atendimento de necessidades sociais (por exemplo, habi-
tação, produção de alimentos, geração de emprego, redistribuição de renda), relacionadas

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com as áreas de Comunicação, Cultura, Direitos Humanos e Justiça, Educação, Meio Ambien-
te, Saúde, Tecnologia e Produção, Trabalho);
» Considerar as atividades voltadas para o desenvolvimento, a produção e a preservação cultural e
artística como relevantes para a afirmação do caráter nacional e de suas manifestações regionais;

UNIDADE 01
» Estimular a educação ambiental e o desenvolvimento sustentável (FORPROEX, 2012).
Os princípios norteadores das atividades extensionistas envolvem:
» Ciência, arte e tecnologia;
» A participação em movimentos sociais e priorizar ações que visem a superação da desigual-
dade e da exclusão social;

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» Estar sensível aos problemas da sociedade e seus apelos;
» Fazer com que os problemas da sociedade se tornem objetos de pesquisa acadêmica e pos-
sibilitar que os resultados dessa pesquisa retornem para a sociedade;
» A prestação de serviços, devido ao fato de a extensão poder ser encarada como trabalho
social, mas que se constitui de realidade objetiva.
A produção de atividades de extensão também atende a Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional, conhecida como LDB, a qual determina que uma das finalidades da educação superior
é promover a extensão aberta à participação da população (Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de
1996). Mas foi somente com o Plano Nacional de Educação de 2011-2020 que se tornou obriga-
tória a inclusão das atividades extensionistas no currículo de todos os cursos de graduação das IES
(Lei n. 13.005, de 25 de junho de 2014).
Assim, a curricularização das atividades extensionistas expressa a compreensão da experiência
da extensão como elemento formativo e coloca o estudante como protagonista da sua formação,
ou seja, o aluno deixa de ser o espectador e se torna participante do processo (UNIFESP, 2017).

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nos estudos desta Unidade foi possível compreender as necessidades impostas pelos perí-
odos históricos, bem com as suas demandas, nas mudanças dos currículos do ensino de graduação
e, nesse contexto, constatar como chegamos à curricularização das atividades de extensão, das
quais você deverá participar e, inclusive, cumprir uma carga horária mínima.
Para participar de tais ações, saber os objetivos e princípios básicos da curricularização da ex-
tensão culminará com o seu melhor desempenho no curso e o entendimento das suas ações e
escolhas, considerando atender as suas necessidades como aluno e entregar um produto para a
sociedade que seja fruto do ensino, da pesquisa e da extensão.

13
UNIDADE

02
ATIVIDADES
EXTENSIONISTAS E
CURRICULARIZAÇÃO

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

» Entender os conceitos de extensão e a concepção das diretrizes da curriculariza-


ção por meio do conhecimento de sua importância e aplicabilidade prática;
» Avaliar as modalidades de atividade de extensão;
» Conhecer as áreas temáticas de extensão segundo a Resolução nº 7, de 2018, bem
como as linhas temáticas que poderão ser tratadas nas atividades extensionistas;
» Analisar exemplos práticos de atividades de extensão.

VÍDEOS DA UNIDADE

https://bit.ly/3BmPmdT https://bit.ly/3BmIoFS https://bit.ly/3GLgFQ9 https://bit.ly/3gOykfq


INTRODUÇÃO
A extensão universitária no Brasil apresenta uma trajetória histórica marcada por profundas mu-

UNIDADE 02
danças e propósitos que atenderam as demandas da época, especialmente as políticas e religiosas.
Foi somente na década de 1980 que essa prática se aproximou da sociedade e passou a atender
as suas necessidades, tendo suas ações fortalecidas pela criação do FORPROEX (Fórum de Pró-Rei-
tores de Extensão Universitária das Universidades Públicas Brasileiras) em 1987, estabelecendo a
concepção da extensão de acordo com os princípios da indissociabilidade, sendo determinada como
processo interdisciplinar, educativo, cultural, formativo, científico e político que deve promover a
interação transformadora entre IES (Instituição de Ensino Superior) e todos os setores da sociedade.

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Diante desse conceito, foram estabelecidos princípios extensionistas correlacionados com as
temáticas que atendem a esses mesmos princípios e aos objetivos da extensão, bem como a cria-
ção de linhas extensionistas oriundas desses temas e que devem ser atendidas pelas IES e, portan-
to, pelos alunos extensionistas.
Assim, nesta Unidade, trataremos dos princípios, temáticas e linhas extensionistas, para aju-
dá-lo(a) no entendimento dessas ações dentro do seu curso de graduação, que também fazem
parte das DCNs (Diretrizes Curriculares Nacionais), as quais são específicas para os cursos de
ensino superior, e apresentaremos exemplos de algumas atividades extensionistas que já acon-
tecem no UniBrasil.

1. MODALIDADES E LINHAS DAS ATIVIDA-


DES DE EXTENSÃO
Segundo o Art. 3º da Resolução nº 7, de 18 de dezembro de 2018, a Extensão na Educação
Superior brasileira é a atividade que se integra à matriz curricular e à organização da pesquisa,
constituindo-se em processo interdisciplinar, político, educacional, cultural, científico, tecnológi-
co, que promove a interação transformadora entre as instituições de ensino superior e os outros
setores da sociedade, por meio da produção e da aplicação do conhecimento, em articulação per-
manente com o ensino e a pesquisa. É essa mesma Resolução que estabelece as diretrizes para a
Extensão na Educação Superior do país e define os princípios, os fundamentos e os procedimentos
que devem ser observados no planejamento, nas políticas, na gestão e na avaliação das IES de
todos os sistemas de ensino brasileiros. E é por tal obrigatoriedade que você, graduando, precisa
estar inserido nas atividades de extensão propostas por seu curso.
Além disso, a resolução regulamenta o que consta na Lei 13.005, de 25 de junho de 2014, mais
precisamente no item 12.7, que aprova o Plano Nacional de Educação, com vigência de 10 anos:

15
ASSEGURAR, NO MÍNIMO, 10% DO TOTAL DE CRÉDITOS
CURRICULARES EXIGIDOS PARA A GRADUAÇÃO EM
PROGRAMAS E PROJETOS DE EXTENSÃO UNIVERSI-
TÁRIA, ORIENTANDO SUA AÇÃO, PRIORITARIAMENTE,

UNIDADE 02
PARA ÁREAS DE GRANDE PERTINÊNCIA SOCIAL.
- (BRASIL, 2014)

Essa resolução traz todas as informações importantes sobre a estruturação e concepção


prática da extensão na educação superior, determina a inserção das atividades extensionistas

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nos projetos político-pedagógicos dos cursos, define quais são as modalidades e as formas de
avaliação e o registro dessas atividades.

LEITURA

Conhecer a Resolução nº 7, de 18 de dezembro de 2018, é importante para seu entendimento da


relevância e das exigências em relação às atividades extensionistas. O texto dessa resolução na
íntegra está disponível para leitura em: https://bit.ly/3lDogIM. Acesso em: dez. 2021.

Ainda, é importante citar que, segundo o FORPROEX (2012), as atividades de extensão universi-
tária constituem aportes decisivos para a formação dos estudantes, seja pela ampliação do univer-
so de referência que ensejam, seja pelo contato direto com as grandes questões contemporâneas,
que não ficam apenas no conhecimento teórico, mas também na prática vivenciada nos projetos
de extensão.
Assim, a prática resulta do enriquecimento da experiência discente em termos teóricos e meto-
dológicos, ao mesmo tempo em que abre espaços para a consolidação dos compromissos éticos e
solidários das IES.

1.1 ÁREAS TEMÁTICAS E MODALIDADES DE EXTENSÃO


Como as ações extensionistas devem expressar compromisso social, elas devem estar alinhadas
com temáticas que possam satisfazer as reais necessidades da sociedade. Sendo assim, a Resolu-
ção nº 7/2018 sistematiza as áreas, sendo elas: Comunicação, Cultura, Direitos Humanos e Justiça,
Educação, Meio ambiente, Saúde, Tecnologia e Produção e Trabalho.
Mello et al. (2021) trazem um quadro com as definições de cada temática, conforme apresen-
tado a seguir:

16
QUADRO 1 – DEFINIÇÕES DAS ÁREAS TEMÁTICAS DAS ATIVIDADES EXTENSIONISTAS

DENOMINAÇÃO DEFINIÇÕES

Comunicação social, mídia comunitária, comunicação escrita e ele-


trônica, produção e difusão de material educativo, televisão e rádio

UNIDADE 02
Comunicação universitária, capacitação e qualificação de recursos humanos e de
gestores de políticas públicas de comunicação social, cooperação in-
terinstitucional e cooperação internacional na área.

Desenvolvimento de cultura, memória e patrimônio, cultura e me-


mória social, cultura e sociedade, folclore, artesanato e tradições
culturais, produção cultural e artística na área de fotografia, cinema

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Cultura e vídeo, produção cultural e artística na área de música e dança, pro-
dução teatral e circense, rádio universitária, capacitação de gestores
públicos do setor da cultura, cooperação interinstitucional e coopera-
ção internacional na área.

Assistência jurídica, capacitação e qualificação de recursos humanos


e de gestores de políticas públicas de direitos humanos, cooperação
Direitos Humanos e Justiça
interinstitucional e cooperação internacional na área, direito de gru-
pos sociais, organizações populares, questão agrária.

Educação básica, educação e cidadania, educação a distância, edu-


cação continuada, educação de jovens e adultos, educação especial,
educação infantil, ensino fundamental, ensino médio, incentivo à lei-
Educação
tura, capacitação e qualificação de recursos humanos e de gestores
de políticas públicas de educação, cooperação interinstitucional e co-
operação internacional na área.

Preservação e sustentabilidade, meio ambiente e desenvolvimento


sustentável, desenvolvimento regional sustentável, aspectos do meio
ambiente e sustentabilidade do desenvolvimento urbano e do desen-
Meio Ambiente volvimento rural, capacitação e qualificação de recursos humanos e
de gestores de políticas públicas de meio ambiente, cooperação inte-
rinstitucional e cooperação internacional na área, educação ambiental,
gestão de recursos naturais, sistemas integrados para bacias regionais.

Promoção da saúde e qualidade de vida, atenção a grupos de pessoas


com necessidades especiais, atenção integral à mulher, atenção in-
tegral à criança, à saúde de adultos, à terceira idade, ao adolescente
e ao jovem; capacitação de recursos humanos e de gestores de po-
Saúde líticas públicas de saúde; cooperação interinstitucional e cooperação
internacional na área; desenvolvimento do sistema de saúde; saúde
e segurança do trabalho; esporte, lazer e saúde; hospitais e clínicas
universitárias; novas endemias e epidemias; saúde da família; uso de
entorpecentes e dependentes químicos.

17
DENOMINAÇÃO DEFINIÇÕES

Transferência de tecnologias apropriadas; empreendedorismo; empre-


sas juniores, inovação tecnológica, polos tecnológicos; capacitação e
Tecnologia e Produção qualificação de recursos humanos e de gestores de políticas públicas
de ciência e tecnologia; cooperação interinstitucional e cooperação in-

UNIDADE 02
ternacional na área; direitos de propriedade e patentes.

Reforma agrária e trabalho rural; trabalho e inclusão social; capacitação


e qualificação de recursos humanos e de gestores de políticas públicas
do trabalho; cooperação interinstitucional e cooperação internacional
Trabalho
na área; educação profissional; organizações populares para o trabalho;
cooperativas populares, questão agrária; saúde e segurança no trabalho;
trabalho infantil; turismo e oportunidades de trabalho.

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Fonte: Mello et al. (2021).

REFLITA

Após a leitura das temáticas para proposição de atividades de extensão, pense na sua área de
graduação e reflita sobre quais seriam os possíveis projetos de extensão a serem realizados por
você e/ou sua turma.

Para cada área, o FORPROEX, em 2006, definiu as linhas temáticas com o objetivo de especifi-
car e detalhar os temas para a proposição de programas de extensão. Esses programas não estão
obrigatoriamente ligados a apenas uma área temática, podendo, dessa forma, pertencer a várias.
Um exemplo seriam as ações relacionadas à linha “Inovação Tecnológica”, que podem ser registra-
das nas áreas temática de Saúde, Educação ou Trabalho (MELLO et al., 2021).
A descrição das linhas de extensão facilita a operacionalização das ações extensionistas, como
os serviços de assessoria, consultoria, realização de eventos, palestras, desenvolvimento de pro-
cessos, formação e qualificação pessoal, preservação, recuperação, divulgação, difusão, desenvol-
vimento de metodologias de intervenção, intervenção e atendimento, atenção, prevenção, pro-
moção, incentivo, articulação, adaptação, cooperação, entre outras (MELLO et al., 2021).

SAIBA MAIS

Estão descritas pelo menos 53 linhas de Extensão, as quais você pode conferir em:
https://bit.ly/3opEkQh. Acesso em: dez. 2021.

18
2. PROCEDIMENTOS PEDAGÓGICOS, METO-
DOLÓGICOS E TÉCNICO-CIENTÍFICOS

UNIDADE 02
Para que se efetive a comunicação entre as IES e a comunidade, é necessário que tanto os
discentes quanto os docentes dos projetos de extensão sejam capazes de perceber as condições
estruturais em que o pensar – ou seja, a reflexão e o diálogo do povo – dialeticamente se consti-
tui (FREIRE, 1979). Isso porque os conteúdos programáticos que definem as ações extensionistas
precisam ser definidos por alunos e professores em conjunto com a comunidade e mediados pela
realidade vivida pelos indivíduos, os quais se comportam como sujeitos do processo (GONÇALVES;
QUIMELLI, 2016). E como as necessidades da comunidade se alteram, os projetos não podem ser

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engessados, devendo estar abertos a mudanças, que devem ocorrer com base na percepção das
novas necessidades da comunidade por meio dos professores e alunos.
Basicamente, na prática interdisciplinar e interprofissional das ações extensionistas, deve haver
o desenvolvimento de saberes, para além daqueles meramente teóricos, que precisam ser enri-
quecidos. Dessa forma, Gonçalves e Quimelli (2016) sugerem algumas formas de promover esse
enriquecimento: levar em consideração o ponto de vista do estudante, o aspecto cognitivo, valo-
rativo, atitudinal e procedimental, desencadeado pelo engajamento político e social da realidade
vivida pela população, permitindo o desenvolvimento do aluno, seja em sua oralidade, escrita, per-
cepção, observação, questionamentos, disposição para o trabalho coletivo, experiência profissio-
nal e interprofissional ou segurança; e, para o docente, a oportunidade de substituir o ensino anti-
go, considerado por muitos arcaico e ultrapassado, pelo dialógico, com o acúmulo de experiências,
interprofissionalidade, permitindo, por exemplo, que diferentes áreas conversem e se unam com
o mesmo propósito (por ex.: extensão entre cursos de Direito, Farmácia e Design, em que, dentro
de um mesmo projeto extensionista, os alunos de Direito poderiam ajudar prestando serviço de
assessoria jurídica, os de Farmácia realizando orientação sobre uso seguro de medicamentos, e os
de Design orientando sobre artigos de decoração domésticos produzidos com material reciclável)
e o engajamento político e social incorporado à sua área de atuação. E, por fim, para a sociedade,
cabe a troca de experiências, saberes, conhecimentos e tecnologias que poderão ser usados para
resolução de problemas e na busca de alternativas para problemas concretos.

2.1 MODALIDADES DAS ATIVIDADES DE EXTENSÃO


Seguindo as Diretrizes para a Curricularização da Extensão Universitária (DCEU), conforme esta-
belecido na Resolução nº 7, de 18 de dezembro de 2018, existem várias modalidades de atividades
extensionistas, as quais devem estar inseridas nos projetos pedagógicos dos cursos pelas IES. As
modalidades são:
I. Programas;
II. Projetos;
III. Cursos e oficinas;

19
IV. Eventos;
V. Prestação de serviços.
Além dessas modalidades descritas, é possível incluir programas institucionais, os quais podem
ser de ordem governamental, atendendo a políticas municipais, estaduais, distritais e/ou nacionais.

UNIDADE 02
Os programas de extensão podem ser definidos como uma prestação de serviços à comuni-
dade, nos quais há um envolvimento multiprofissional. Por exemplo, o programa de extensão do
UniBrasil chamado “Qualivida” envolve professores e alunos dos cursos de Fisioterapia, Farmácia
e Nutrição. Esses programas têm duração de médio ou longo prazo e devem ser planejados de
acordo com os princípios de indissociabilidade, ou seja, envolvendo o ensino e a pesquisa com a
extensão. Importante relembrar que em tais programas o aluno não pode permanecer em uma

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posição passiva, devendo ser o protagonista do processo (MELLO et al., 2021).
Os projetos são definidos como uma ação processual e contínua de caráter educativo, social,
cultural, científico e tecnológico que tem um prazo predefinido, assim como objetivos específicos.
Um exemplo é o projeto de extensão “Mais Viver” do UniBrasil, coordenado por professores do
curso de Educação Física, que trabalha os eixos “dança e expressão corporal”, atividades de lazer
e de recreação” e “cultura”, com abordagens de trechos de filmes, poesias e rodas de conversa.
Outro exemplo é o projeto UniBrasil “Informática Cidadã”, no qual alunos de vários cursos de gra-
duação ensinam a população do entorno do Centro Universitário sobre ferramentas básicas de
computação, como o uso do Windows. Os projetos de extensão podem estar vinculados a um
programa ou não.
Segundo Mello et al. (2021), os cursos são de caráter teórico e/ou prático e representam uma
ação pedagógica, que deve acontecer de modo planejado, sistemático e organizado, e somente
são considerados atividades de extensão quando têm uma carga horária superior a 8 horas, além
de critérios de avaliação predefinidos. Importante pontuar que os cursos devem ser presenciais
e, para a modalidade de Ensino a distância (EaD), podem ser ofertadas nesse mesmo ambiente,
porém é exigido que 20% da carga horária seja completada de forma presencial. Os eventos são
aqueles que apresentam carga horária inferior a 8 horas, e os modelos de eventos serão apresen-
tados no nosso vídeo.
Por fim, a prestação de serviço configura uma espécie de trabalho, o qual é oferecido pela IES
ou pode ser contratado por terceiros, como órgãos governamentais. A seguir são citados alguns
exemplos de atividades extensionistas em andamento no UniBrasil:
» Atendimentos prestados pela clínica de Saúde do UniBrasil, oferecidos pelos cursos de Enfer-
magem, Psicologia, Farmácia e Nutrição.
» O Núcleo de Prática Jurídica (NPJ), o qual foi fundado no ano de 2002 com o objetivo de
proporcionar a prática jurídica para os acadêmicos do curso de Direito do UniBrasil, com
diversas atividades desenvolvidas e supervisionadas por professores advogados. Também
existe o setor do Serviço Social, que oferece atendimento social, além da realização de estu-
do socioeconômico da população a ser atendida, que reside em Curitiba ou Pinhais.

20
» A Rádio Web UniBrasil e a Midiabólicos, agência experimental que funciona como uma
agência de comunicação e assessoria de imprensa oferecendo serviços de assessoria, co-
berturas e elaboração de materiais jornalísticos para terceiros, sendo estas atividades do
curso de Jornalismo.
» A agência Interage, que permite que os estudantes de Publicidade e Propaganda desen-

UNIDADE 02
volvam habilidades nos principais departamentos de uma agência, além de proporcionar
a vivência da prática publicitária comprometida com questões sociais, ampliando a relação
entre a universidade e a sociedade.

2.2 PLANEJAMENTO DAS ATIVIDADES EXTENSIONISTAS

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A implementação das atividades extensionistas no dia a dia da sala de aula, nas disciplinas
da grade curricular, pode perpassar pela prática da cidadania plena, ou seja, é possível integrar
professor, aluno e sociedade com a realização de tarefas ou mesmo intervenções que permitam
entender a necessidade de uma determinada população e realizar um trabalho comunitário para
satisfazê-la (GONÇALVES, 2008).
Dessa forma, o planejamento da ação pode iniciar como um trabalho de uma disciplina da gra-
duação, a qual provoca no aluno a vontade de verificar, nas comunidades próximas do UniBrasil, as
necessidades que poderiam ser atendidas pelo seu curso. Vamos contextualizar dando um exem-
plo: alguns anos atrás uma atividade foi proposta dentro da disciplina de Atenção Farmacêutica, do
curso de Farmácia, e o resultado encontrado foi de que, próximo ao UniBrasil, havia um asilo que
precisava de estudos farmacêuticos paras prescrições de medicamentos aos idosos residentes do
lar, e assim nasceu um programa de extensão, que aliou o curso de Farmácia ao curso de Nutrição,
que foi convidado para atuar na elaboração dos cardápios daqueles idosos.

VÍDEO

Assista a um vídeo que apresenta mais um exemplo de prestação de serviços do UniBrasil, envol-
vendo o curso de Fisioterapia. Disponível em: https://bit.ly/3rMypqN. Acesso em: dez. 2021.

A experiência e o conhecimento do professor também são importantes para que seja planejada
uma determinada atividade extensionista. Devido ao seu conhecimento, o docente pode indicar
lugares, como escolas, hospitais, lares, orfanatos, entre outros, que precisem de uma determinada
ação que pode ser realizada com os seus alunos. Um exemplo foi a mobilização, pelos professores,
de vários alunos do UniBrasil no início da pandemia de Covid-19, criando uma rede de ajuda para a
população do entorno da instituição. A atividade extensionista realizou-se por meio da distribuição
de máscaras descartáveis e face shields produzidas por alunos dos cursos de Engenharia, distri-
buição de kits contendo álcool em gel e sabonetes em barra produzidos pelos alunos do curso de
Farmácia, além de informações acerca do vírus e formas de proteção.

21
VÍDEO

Assim como o professor pode ter a ideia, o mesmo pode acontecer com o aluno que, devido às
suas experiências, também pode indicar uma determinada ação. Assista ao vídeo de mais uma

UNIDADE 02
ação de extensão, a qual foi promovida pelo curso de Pedagogia do UniBrasil. Disponível em:
https://bit.ly/3rHyeNm. Acesso em: dez. 2021.

Por fim, uma necessidade da população pode chegar até a IES, os alunos ou professores por
meio de um integrante da comunidade, o qual faz o papel de interlocutor, ou seja, traz a ideia ou a
demanda de um serviço. Como exemplo, antes da pandemia de Covid-19, o UniBrasil foi procurado

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por um ex-aluno que falou em nome da indústria na qual trabalhava, oferecendo uma oportunida-
de para estudantes de graduação realizarem serviços a uma escola municipal situada nas redon-
dezas da instituição. A procura gerou a criação de vários projetos de extensão, que abrangeram
diversos cursos, como os de Engenharia, que fizeram avaliações estruturais do local, os da Escola
da Saúde, que organizaram cartilhas e palestras sobre higiene e drogas de abuso, e os da Escola
Politécnica, que ajudaram com reparos estruturais e de iluminação, entre outros.
Conforme explica Gonçalves (2008), independentemente de como a ideia chega, toda ação
extensionista deve ser planejada levando-se em conta algumas questões, como:
» Qual o objetivo da atividade que se pretende realizar?
» Para que público-alvo se destina?
» Qual a duração da atividade?
» Como ela pode ser inserida no conteúdo programático de uma disciplina?
» Quais os benefícios serão concedidos em curto, médio e longo prazos?
» Qual o retorno para os alunos?
» Como o professor irá atuar nessa prática?
» Como será realizada a avaliação dessa atividade?
Para a execução do trabalho extensionista, algumas fases devem ser seguidas, como o
planejamento da ação, a descrição de um projeto definindo os objetivos gerais e específicos, a
justificativa, os materiais e métodos e a gestão do projeto. Importante lembrar que, dependendo
do projeto, ele deve passar por um Comitê de Ética para que sejam avaliados os aspectos éticos,
que se propõem a proteger o indivíduo-alvo do projeto.
Dependendo da atividade, materiais de apoio também poderão ser elaborados, como cartilhas,
apostilas, kits, cenários, entre outros. Na sequência, temos então a fase de execução do projeto,
finalizando com a sua avaliação. Segundo Gonçalves (2008), a avaliação pode ser realizada a crité-
rio do professor, mas deve compreender a entrega de material contendo os resultados das ações,
ou seja, a descrição de como os objetivos do projeto anteriormente estabelecidos foram atingidos.

22
SAIBA MAIS

UNIDADE 02
Neste link você pode verificar um modelo de roteiro para elaboração de atividades/projetos de
extensão: https://bit.ly/3lCoorZ. Acesso em: dez. 2021.

3. CONCEPÇÃO PRÁTICA DAS DIRETRIZES

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DE CURRICULARIZAÇÃO DA EXTENSÃO
A curricularização dos projetos de extensão deve ocorrer de duas formas, sendo elas:
1. A proposição de atividades de extensão nas diversas modalidades já descritas (projetos, cur-
sos, programas...);
2. Uma disciplina integrada com as práticas de extensão, como a integração com os projetos
integradores.
No guia de curricularização do UniBrasil, pretende-se seguir o segundo modelo, ou seja, as disci-
plinas de módulos integradores oferecem, como disciplinas integradas, as atividades extensionistas.

O PROJETO INTEGRADOR NA PERSPECTIVA DO CENTRO


UNIVERSITÁRIO AUTÔNOMO DO BRASIL – UNIBRASIL É
UM COMPONENTE CURRICULAR QUE TEM O OBJETIVO DE
INTEGRAR AS DIFERENTES ÁREAS DO CONHECIMENTO DO
CURSO, ARTICULANDO TEORIA E PRÁTICA, FAVORECENDO
O ENGAJAMENTO PROFISSIONAL ATRAVÉS DE UM SABER
REFLEXIVO E CONTEXTUALIZADO, TENDO A PARTICIPAÇÃO
EFETIVA DOS DISCENTES NA AUTOAPRENDIZAGEM. VISANDO A
UMA FORMAÇÃO ACADÊMICO-PROFISSIONAL DE EXCELÊNCIA,
O PROJETO INTEGRADOR POSSIBILITA UM DIÁLOGO CONS-
TRUTIVO DA COMUNIDADE ACADÊMICA COM A SOCIEDADE,
RECONHECENDO O PAPEL PRIVILEGIADO DA IES DE FOMEN-
TAR BOAS PRÁTICAS PAUTADAS NA RESPONSABILIDADE
SOCIAL E NOS PRINCÍPIOS QUE SUSTENTAM OS OBJETIVOS
DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL (ODS – AGENDA 2030),
CONTRIBUINDO, ASSIM, PARA O DESENVOLVIMENTO HUMANO,
SOCIAL E PROFISSIONAL DO ESTUDANTE.
- (UNIBRASIL, 2021)

23
De acordo com essa definição proposta, fica muito claro que fomentar as boas práticas pauta-
das em responsabilidade social vai ao encontro dos objetivos propostos na realização das ativida-
des extensionistas – e, justamente por essa razão, foi esse o caminho que decidimos trilhar.

UNIDADE 02
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com o conteúdo desta Unidade, disponibilizamos as ferramentas necessárias para você plane-
jar ações extensionistas ou mesmo entender aquelas que já estão em andamento ou as que estão
em fase de construção.
Conhecer o caminho que estamos trilhando é importante para que você possa contribuir com

UNIBRASIL EAD | FUNDAMENTOS DA EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA


novos projetos e aperfeiçoar aqueles existentes, lembrando de pensá-los dentro das temáticas
e modalidades de atividades descritas. É relevante, também, perceber o valor dos projetos inte-
gradores nos cursos do Centro Universitário do Brasil, bem como a sua relação com as atividades
extensionistas que, em conformidade com os princípios de indissociabilidade, tornaram-se a base
da curricularização da extensão no UniBrasil.

ANOTAÇÕES

24
UNIDADE

03
UNIBRASIL E A
PRÁTICA DA CUR-
RICULARIZAÇÃO

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

» Entender os procedimentos relacionados à atividade de extensão no UniBrasil


com base no guia da curricularização UniBrasil 2021;
» Relacionar as atividades extensionistas com os projetos integradores;
» Apresentar os ODS e as demandas contemporâneas;
» Construir o pensamento sobre as iniciativas de compromisso social, políticas pú-
blicas e seus programas correlacionando com as atividades extensionistas.

VÍDEOS DA UNIDADE

https://bit.ly/3gRPYi8 https://bit.ly/3LDcmu7 https://bit.ly/34IQjBl https://bit.ly/3HRUXvn


INTRODUÇÃO
Na Unidade II foram apresentadas as formas de iniciar uma atividade extensionista, como
planejá-la e organizá-la. No UniBrasil, foi criado um plano de curricularização das atividades exten-

UNIDADE 03
sionistas, priorizando a sua construção e viabilização dentro dos módulos integradores em todos
os cursos de graduação. Dessa forma, na presente Unidade serão explicitados os pontos principais
desse guia, bem como a sua integralização com os ODS (Objetivos de Desenvolvimento Susten-
tável), descritos como um apelo universal da Organização das Nações Unidas para acabar com a
pobreza, proteger o planeta e assegurar que todas as pessoas tenham paz e prosperidade.
Também serão abordadas algumas possíveis ações extensionistas baseadas em projetos ou

UNIBRASIL EAD | FUNDAMENTOS DA EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA


políticas públicas que venham ao encontro dos ODS e das demandas contemporâneas, como as
vulnerabilidades individuais relacionadas a gênero, cor, doenças mentais, doenças crônicas, o capi-
talismo, as relações sociais, entre outros. É fato que as vulnerabilidades se apresentam de diversas
formas, tipos e níveis de intensidade e um só usuário ou família traz consigo múltiplas demandas.
A ideia central, nesse sentido, é que elas sejam reduzidas ou eliminadas por meio de ações exten-
sionistas e que até mesmo possam se transformar em políticas públicas.

1. O UNIBRASIL, A PRÁTICA DA CURRICULA-


RIZAÇÃO E OS PROJETOS INTEGRADORES
Como já descrito anteriormente, as práticas extensionistas podem ser propostas como ativida-
des de extensão isoladas, dentro das diversas modalidades, ou como uma disciplina integrada com
práticas de extensão. Assim, é possível criar uma atividade de extensão e, para tal, os envolvidos
(alunos e professores) devem elaborar o projeto descrevendo as etapas das atividades.
Mas o UniBrasil acredita que a extensão pode estar dentro dos módulos integradores, os quais fa-
zem parte do currículo de todos os cursos de graduação da instituição desde 2017, estando alinhada
às propostas das Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs), promovendo a indissociabilidade entre o
ensino, a pesquisa e a extensão, a aplicabilidade dos saberes, o desenvolvimento de competências e
habilidades, além de estimular a postura extensionista e pesquisadora de nossos estudantes.
Segundo a normativa do projeto integrador UniBrasil, os módulos integradores são compo-
nentes curriculares que têm o objetivo de integrar as diferentes áreas do conhecimento dos
cursos, articulando teoria e prática, favorecendo o engajamento profissional com base em um
saber reflexivo e contextualizado, tendo a participação efetiva dos discentes na autoaprendiza-
gem. Seus objetivos são:
» Desenvolver projetos que oportunizem a construção de um profissional capacitado, ativo e
consciente de seu impacto e papel nos desafios do mundo atual;

26
» Mobilizar conhecimento, implementando ações e condutas diante da reflexão dos ODS e do
contexto local, em prol de um futuro melhor e mais sustentável para todos;
» Promover o aprendizado e desenvolvimento de competências por meio do uso de metodo-
logias inovadoras, incentivando o protagonismo do estudante, a criticidade e a habilidade de

UNIDADE 03
resolver problemas;
» Possibilitar uma aprendizagem colaborativa que estimule a capacidade de aprender e aplicar
conhecimentos na solução de problemas concretos, conectando-se à comunidade;
» Proporcionar ações de formação cidadã em que haja transformação do indivíduo, da institui-
ção e do meio e que alcancem um desenvolvimento da comunidade;

UNIBRASIL EAD | FUNDAMENTOS DA EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA


» Promover a articulação entre ensino/extensão/pesquisa, com o aporte de acompanhamento
pedagógico que sustente processos interdisciplinares, político-educacionais, culturais, cien-
tíficos e tecnológicos.
Dentre esses objetivos, destacamos os três últimos, os quais tratam sobre a articulação do pro-
jeto integrador com a atividade de extensão. Portanto antes mesmo da obrigatoriedade nacional
da curricularização da atividade extensionista, o UniBrasil já havia incluído tal atividade dentro
dos módulos. A própria composição dos módulos preconiza a sensibilização com a definição das
temáticas dos projetos e estabelecimentos de metas coletivas, o mapeamento das situações-pro-
blemas, proposições de ações de planejamento e desenvolvimento, execução, avaliação e registro
da atividade via AVA. Os projetos também integram conceitos da Agenda 2030 (veja a seguir) para
o desenvolvimento sustentável, que propõem as transformações de ações de acordo com 17 Ob-
jetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) que abordam os desafios mundiais.
No caso da vinculação das atividades extensionistas com a unidade curricular, a parte que cabe
à descrição da atividade de extensão deve estar inserida na matriz curricular do respectivo curso.
Utilizando um exemplo proposto por Mello et al. (2021), a descrição da atividade de extensão
deve obedecer à área temática e às linhas de extensão, da seguinte forma:
» Área temática: Trabalho.
» Linha de extensão: Infância e Adolescência.
» Programa: Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil.
O programa de extensão Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil, vinculado ao curso de
Direito do UniBrasil, tem por objetivo proporcionar ao cidadão maior reconhecimento sobre as
ações especiais de prevenção e erradicação do trabalho infantil. Esse programa conta com a inte-
gração da Instituição de Ensino Superior com o poder público, empresas e a comunidade, especial-
mente nas demandas que envolvem as relações de trabalho infantil.
» Atividades Extensionistas relacionadas ao programa: projetos, cursos e oficinas, eventos e
prestação de serviços.
» Atividade pertencente à disciplina de Direito do Trabalho.

27
Da mesma forma, se a atividade estiver associada ao Projeto Integrador, estará descrita a sua
relação com a disciplina, bem como a carga horária destinada à extensão e a descrição da ativida-
de, como mostrado no exemplo anterior.
Fazendo uma junção de tudo que aprendemos até o momento, é possível analisar o orga-
nograma proposto por Mello et al. (2021) e entender como a extensão se encaixa na matriz do

UNIDADE 03
curso de graduação.

FIGURA 1: ORGANOGRAMA REPRESENTATIVO DA ATIVIDADE DE EXTENSÃO NA CURRICULARIZAÇÃO

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Fonte: Mello et al. (2021).

1.1. GUIA DA CURRICULARIZAÇÃO UNIBRASIL


Em 2021, o UniBrasil publicou seu Guia da Curricularização, documento esse que traz, inicial-
mente, um embasamento teórico sobre todas as normativas relacionadas ao assunto – já tratadas
nas Unidades anteriores –, discriminando as diretrizes da extensão, as modalidades e a forma pelas
quais os cursos da instituição devem incluir as atividades extensionistas em seus currículos. O Uni-
Brasil assume que, para além do compromisso de formar profissionais competentes para o mercado
de trabalho, empenhados na transformação e enfretamento dos problemas da sociedade, é de sua
responsabilidade promover a aprendizagem com o máximo de impacto social. Dessa forma, as ativi-
dades de extensão são desenvolvidas tendo como alvo as comunidades locais e do entorno, com o
intuito de aliar a aplicação prática de saberes teóricos com a melhoria de vida da população.

28
O UniBrasil incentiva seus estudantes a serem protagonistas, estimulando e nutrindo o talento
e a criatividade para desenvolver e promover iniciativas que expressem o compromisso social dian-
te dos desafios mundiais e a busca de resolução de diferentes problemas. Para isso, os objetivos
extensionistas devem estar alinhados com os ODS.
Os cursos de graduação apresentam uma articulação permanente com outros eixos temáticos

UNIDADE 03
que permeiam políticas de melhoria social, definidos de acordo com as finalidades, as áreas de atua-
ção e as linhas de pesquisa de cada curso, em sintonia com as áreas temáticas da Extensão. Dessa for-
ma, a inclusão das horas de extensão nos currículos dos cursos de graduação presencial do UniBrasil
poderá ser efetivada por meio das Unidades Curriculares, sendo que os créditos de extensão podem
ser cursados em disciplinas do próprio curso, com carga horária extensionista de forma parcial ou
integral, como, por exemplo, dentro dos Projetos Integradores, ou por meio de ações de extensão ca-

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dastradas na Copex, segundo sua caracterização nos projetos político-pedagógicos dos cursos (Guia
Curricularização UniBrasil, 2021). Para novas atividades a serem cadastradas, as fases das atividades
devem acontecer da mesma maneira como já citado anteriormente, ou seja, iniciando com a sen-
sibilização sobre o problema e finalizando com a sua execução e o registro dos resultados obtidos.

2. ODS E DEMANDAS CONTEMPORÂNEAS


Em 2015, chefes de Estado, de Governo e representantes da Organização das Nações Unidas
(ONU) se reuniram para a Cúpula de Desenvolvimento Sustentável e lançaram a Agenda 2030,
que inclui 17 objetivos para transformar o mundo, conhecidos como ODS. A Agenda 2030 é
considerada um plano de ação para as pessoas, para o planeta e para a prosperidade e pretende
estabelecer políticas públicas a fim de integrar as diferentes dimensões econômicas, sociais e
ambientais para a formação de práticas sustentáveis. Mello et al. (2021) afirmam que a articu-
lação dos programas e projetos de extensão com os ODS favorece a formação de parcerias com
outras instituições, compondo ações que auxiliarão na definição de questões sociais demanda-
das pelo Plano Nacional de Educação (PNE).
Os ODS são compostos, portanto, de metas globais, as quais estão descritas a seguir, seguidas
de seus objetivos:
1. Erradicação da pobreza: Acabar com a pobreza em todas as suas formas, em todos os lugares.
2. Fome e agricultura sustentável: Acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar e a
melhoria da nutrição e promover a agricultura sustentável.
3. Saúde e bem-estar: Assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todos,
em todas as idades.
4. Educação de qualidade: Assegurar a educação inclusiva, equitativa e de qualidade, e pro-
mover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos.
5. Igualdade de gênero: Alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres
e meninas.

29
6. Água potável e saneamento: Garantir disponibilidade e manejo sustentável da água e
saneamento para todos.
7. Energia limpa e acessível: Garantir acesso à energia barata, confiável, sustentável e re-
novável para todos.

UNIDADE 03
8. Trabalho decente e crescimento econômico: Promover o crescimento econômico susten-
tado, inclusivo e sustentável, emprego pleno e produtivo e trabalho decente para todos.
9. Indústria, Inovação e infraestrutura: Construir infraestrutura resiliente, promover a in-
dustrialização inclusiva e sustentável e fomentar a inovação.
10. Redução das desigualdades: Reduzir as desigualdades dentro dos países e entre eles.

UNIBRASIL EAD | FUNDAMENTOS DA EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA


11. Cidades e comunidades sustentáveis: Tornar as cidades e os assentamentos humanos
inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis.
12. Consumo e produção responsáveis: Assegurar padrões de produção e de consumo
sustentáveis.
13. Ação contra a mudança global do clima: Tomar medidas urgentes para combater a mu-
dança climática e seus impactos.
14. Vida na água: Conservação e uso sustentável dos oceanos, dos mares e dos recursos ma-
rinhos para o desenvolvimento sustentável.
15. Vida terrestre: Proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos ecossistemas ter-
restres, gerir de forma sustentável as florestas, combater a desertificação, deter e rever-
ter a degradação da Terra e deter a perda da biodiversidade.
16. Paz, justiça e instituições eficazes: Promover sociedades pacíficas e inclusivas para o
desenvolvimento sustentável, proporcionar o acesso à justiça para todos e construir insti-
tuições eficazes, responsáveis e inclusivas, em todos os níveis.
17. Parcerias e meios de implementação: Fortalecer os meios de implementação e revitali-
zar a parceria global para o desenvolvimento sustentável.

FIGURA 2: INDICADORES BRASILEIROS PARA OS OBJETIVOS DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Fonte: ODS Brasil.

30
Para, mais uma vez, sumarizarmos todos os nossos conhecimentos abordados até aqui, apre-
sentaremos um organograma de atividades de extensão na curricularização integrando os ODS.

FIGURA 3: ORGANOGRAMA REPRESENTATIVO DE ATIVIDADES


DE EXTENSÃO NA CURRICULARIZAÇÃO UNIBRASIL

UNIDADE 03
UNIBRASIL EAD | FUNDAMENTOS DA EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA
Fonte: UniBrasil (2021).

3. INICIATIVAS DE COMPROMISSO SOCIAL,


POLÍTICAS PÚBLICAS E SEUS PROGRAMAS
A transformação social significa a mudança da sociedade e do seu modo de organização. Isso pode
incluir transformações na natureza, nas instituições sociais, nos comportamentos e nas relações, sendo
necessárias e fundamentais para garantir a adaptação do ser ao meio e também a sua sobrevivência.
Sendo assim, é importante entender que a atuação das IES na comunidade é necessária para essa trans-
formação e indispensável para o aluno aprender a fazê-la. Gonçalves e Quimelli (2016) apresentam, em
sua obra, alguns exemplos de como a atividade extensionista pode transformar, trazendo relatos de
agentes comunitários que são unânimes em afirmar que a extensão é transformadora, pois promove
mudanças e novos olhares, permitindo a transformação de todos os envolvidos.
Uma das missões da universidade envolve a construção da sociedade, e nesse contexto entra o papel
da extensão universitária, que, além de contribuir na formação acadêmica, pode atuar no crescimento
econômico de comunidades, na preservação da cultura e, inclusive, na manutenção da própria IES.
A FORPROEX (2012) traz as diretrizes para a extensão universitária, e entre elas está a política
de extensão, que se refere ao impacto e à transformação social, afirmando que a Extensão é o elo
pelo qual se estabelece uma inter-relação entre as IES com outros setores da sociedade, com vistas
a uma atuação transformadora, voltada para os interesses e necessidades da maioria da popula-
ção, propiciando o desenvolvimento social e regional e o aprimoramento para políticas públicas.
Dessa forma, a extensão pode promover a reconstrução da nação e ter um caráter político, pois,

31
por meio dela, é possível a reformulação ou mesmo a construção de políticas públicas que passem
a atender os anseios reais da população.
Com essa visão, o que se pretende é produzir ações com as seguintes características: privilegia-
mento de questões sobre as quais atuar, respeitando a complexidade e diversidade da realidade
social; ações abrangentes de forma que a ação ou o conjunto de ações possam ser suficientes para

UNIDADE 03
a transformação de uma área, setor ou comunidade, e a efetividade na solução de um problema
(GONÇALVES; QUIMELLI, 2016). É importante pontuar que a efetividade da solução de um proble-
ma depende da racionalidade para a concepção da ação, sem perder os valores e princípios que
a sustentam, de forma que a ação aconteça, bem como a sua avaliação, resultando em impactos
sociais (GONÇALVES; QUIMELLI, 2016).
Diante de toda a sistematização para a criação e implementação de políticas públicas, é possí-

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vel que uma nova política nasça no contexto da prática, pois dessa forma pode-se, por exemplo,
avaliar necessidades de uma determinada comunidade que não é atendida por políticas públicas
gerais e, por meio da atividade extensionista, pode-se adequá-la à realidade (SERVA, 2020; LOPES;
MACEDO, 2011). Também existe a possibilidade de encontrar diferentes efeitos produzidos por
uma mesma política pública em diferentes locais, uma vez que cada localidade é formada por
pessoas com diferentes habilidades, experiências, necessidades e capacidades em responder às
mudanças, contingências capazes de favorecer ou inibir as transformações, compromissos e histó-
ria, e esse fato possibilita a adequação dessas políticas – situação que muitas vezes não é prevista
–, por meio da atividade extensionista (SERVA, 2020; LOPES; MACEDO, 2011).
A inserção de políticas públicas relacionadas à curricularização da extensão universitária é pre-
vista, uma vez que o Plano Nacional de Educação de 2014-2024 restringe as atividades extensio-
nistas a programas e projetos que tenham grande pertinência social, mesmo que essa afirmação
tenha sido atenuada pelas DCEU (Diretrizes Curriculares para a Extensão Universitária), que possi-
bilitam a realização de atividades para todas as áreas.
Quando se analisa um ciclo de políticas públicas, percebe-se que a sua natureza é muito pare-
cida com o que se deseja na extensão (veja a figura a seguir).

FIGURA 4: CICLO DE POLÍTICAS PÚBLICAS

Fonte: Centro de Liderança Pública (CLP, 2019).

32
VÍDEO

O vídeo “O que são políticas públicas” traz uma explicação bem clara e concisa sobre conceitos

UNIDADE 03
relacionados às políticas públicas. Disponível em: https://bit.ly/3lKMwZP. Acesso em: out. 2021.

SAIBA MAIS

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O Ministério do Desenvolvimento Social Agrário tornou público o Guia de Políticas e Programas
desse ministério. Esse guia contém a descrição dos programas e políticas públicas e como eles
interagem entre si. Disponível em: https://bit.ly/3GneL8F. Acesso em: out. 2021.

Contextualizando, a identificação do problema deve apresentar um olhar técnico-administra-


tivo da gestão pública em conjunto com as demandas sociais, e é assim que os problemas são
identificados, sendo que, justamente aqui, poderia entrar uma ação extensionista, que, por meio
da sua concepção, identifica um problema que pode ser passado para um representante de gestão
pública. Após, uma agenda é formada para que o governo possa avaliar sua demanda e urgência.
A formulação refere-se às soluções apresentadas para o problema e, nesse caso, mais uma vez a
extensão pode contribuir. A tomada de decisão leva em conta a melhor solução, a qual passa a ser
chamada de política pública, que precisa ser implementada. As atividades extensionistas podem
participar dessa fase, pois, dependendo do que se trata, é possível que a implementação dependa
de educação sanitária, planejamento orçamentário ou de estrutura, educação em saúde, entre
outros. O monitoramento constante é necessário para realizar a avaliação, que tem o propósito
de verificar se a política pública é eficiente, eficaz e efetiva em relação ao problema apresentado.
Essa avaliação é realizada por gestores públicos, que podem ter como ferramentas os resultados
obtidos pelas atividades extensionistas.
Assim, para a concepção e implementação de uma
política pública, é necessária a participação da socieda- LEITURA
de, ou seja, dos cidadãos, podendo esses estarem re-
presentados pelo movimento extensionista. É previsto
que o Estado deve dispor de diversos mecanismos de Indicamos a leitura do artigo “Ex-
participação social para compor o ciclo das políticas tensão universitária: um conceito
públicas, e é nesse ponto que nos encontramos. em construção”, de Wagner Pires
da Silva (2020). Disponível em:
É importante que você perceba que a melhor forma https://bit.ly/3Go2b94. Acesso
de termos projetos eficientes nesse contexto é con- em: out. 2021.
vencendo os alunos e professores de que, por meio
da indissociabilidade e, principalmente, por meio da

33
extensão, a Universidade poderá produzir conhecimento pluriversitário e torná-lo acessível, pois es-
taremos resolvendo problemas reais (SERVA, 2020).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

UNIDADE 03
A criação dos ODS e o seu alinhamento com as atividades de extensão, juntamente com a pos-
sibilidade de aprimorar ou criar políticas públicas, podem possibilitar mudanças marcantes nos
avanços do ensino universitário e na melhoria da sociedade. A prática extensionista deixa de ser
uma ação militante entre professores, alunos e técnicos, que antes moviam ações não planejadas
e sem recursos financeiros, e passa a ser uma ação coordenada que transforma docentes, discen-

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tes e a sociedade. E, como afirma Bordenave:

COM EFEITO, AO INTERAGIR COM A COMUNIDADE, A EXTEN-


SÃO UNIVERSITÁRIA COLHE EM PRIMEIRA MÃO AS NECES-
SIDADES DOS DIVERSOS SETORES DA POPULAÇÃO EM SEU
CONTEXTO REAL, O QUE EVITA QUE O ESTUDANTE SE FORME
EXCLUSIVAMENTE NO AMBIENTE ARTIFICIAL DE CLAUSTRO
ACADÊMICO E ASSIM RESULTE EM UM PROFISSIONAL ALIENA-
DO, SEM O REALISMO QUE O BOM DESEMPENHO PROFISSIO-
NAL EXIGIRIA E COM PRECÁRIA CONSCIÊNCIA SOCIAL.
- (BORDENAVE, 2012)

ANOTAÇÕES

34
UNIDADE

04
ETAPAS DAS
ATIVIDADES
EXTENSIONISTAS

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

» Aprender a operacionalizar os projetos de extensão;


» Planejar um projeto de extensão;
» Avaliar e aprender as normas técnicas para a escrita do projeto de extensão;
» Aprender os métodos de avaliação das ações extensionistas.

VÍDEOS DA UNIDADE

https://bit.ly/3JsRVhp https://bit.ly/33mXtuD https://bit.ly/3JtCZQ3 https://bit.ly/3HQSaSV


INTRODUÇÃO
Como você já sabe, as atividades extensionistas requerem cuidados especiais desde o seu pla-
nejamento até a sua execução e avaliação. As ações e metas a serem implementadas, respeitando

UNIDADE 04
a ideia inicial, ou seja, o objetivo, devem satisfazer um benefício social para cumprir a sua finali-
dade. Com a curricularização da extensão, todos, alunos e professores, precisam estar envolvidos
com os princípios e normas técnicas que regem a sua implementação.
Nesta Unidade, trataremos das etapas a serem cumpridas para o nascimento e concretização das
atividades, utilizando as normas técnicas adotadas pelo UniBrasil para sua execução e avaliação. Mui-
tas das atividades extensionistas já estarão em fase de implantação, realização ou execução, e você
participará de todas aquelas que aconteçam dentro de uma disciplina, como já descrito nas Unidades

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II e III. Mas isso não impede que novas atividades possam nascer no seu curso de graduação, com
base nas suas observações e experiências, desde que as suas ideias ou de seus colegas envolva a
transdisciplinaridade, abordando assuntos relacionados a ecologia, cidadania, ética, política, desen-
volvimento sustentável, entre muitos outros que envolvam as ações universitárias, com o objetivo
de promover o desenvolvimento de habilidades que permitam a você operacionalizá-las, ou mesmo
transformar ou atualizar aquelas que já estejam acontecendo (GONÇALVES, 2008).
Assim, nesta Unidade IV estabeleceremos as etapas das atividades extensionistas, iniciando
pelo diagnóstico, passando pelo planejamento e chegando até a execução e a avaliação.

1. PLANEJAMENTO DAS ATIVIDADES EX-


TENSIONISTAS
A curricularização da extensão, como você já sabe, ocorre de duas maneiras: a primeira com a
oferta da atividade de extensão organizada por meio de programas, projetos, eventos, cursos, ofi-
cinas e prestação de serviços; e a segunda por meio da integração da extensão com uma disciplina,
como no módulo integrador.
Os cursos de graduação do UniBrasil vêm planejando essas atividades de forma que elas te-
nham abrangência sobre todos os aspectos, incluindo a oferta para todos os alunos dos cursos.
Assim, é possível que no seu curso já haja projetos acontecendo, ou ideias sendo viabilizadas ou
implementadas, mas isso não impede que novos projetos possam nascer, ou mesmo que você
possa reorganizar, reinventar, atualizar ou reconstrui-los, tendo em vista que as necessidades da
comunidade tendem a mudar ou se ampliar. Essas reconstruções serão possíveis dentro das duas
possibilidades de ofertas das atividades extensionistas citadas anteriormente.
Outro ponto importante é que, a partir de agora, sua carga horária de participação nessas ati-
vidades será parte integrante do seu histórico curricular. Portanto, as atividades de extensão serão
carregadas ao longo de toda a sua trajetória, e o que se espera é que isso possa abrir portas para a
sua jornada profissional.

36
1.1 DIAGNÓSTICO E PLANEJAMENTO
O Plano Nacional de Extensão, em conformidade com o FORPROEX, estabeleceu os seguin-
tes eixos temáticos para as ações extensionistas: preservação e sustentabilidade do meio am-
biente; promoção da saúde e qualidade de vida; educação básica; desenvolvimento da cultura;

UNIDADE 04
transferência de tecnologias apropriadas; atenção integral a crianças, adolescentes e idosos;
capacitação e qualidade de recursos humanos e de gestores; políticas públicas; reforma agrária
e trabalho rural. Portanto, conforme esses propósitos que estão alinhados com as linhas temáti-
cas de extensão já apresentadas, as atividades extensionistas poderão ser iniciadas combinando
recursos humanos, materiais, financeiros e técnicos, os quais se concretizam com o propósito
de conseguir um determinado objetivo ou resultado. Lembrando que o projeto a ser proposto
trata-se de uma ordenação de um conjunto de atividades, que devem ser articuladas e coorde-

UNIBRASIL EAD | FUNDAMENTOS DA EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA


nadas entre si (ANDER-EGG; IDANEZ, 1997).
Para ajudar na organização da atividade de extensão, dentro das modalidades nas quais ela
pode ser criada, a escrita de um projeto ajudará nesse processo. Se as atividades não estiverem
ligadas ao Projeto Integrador, ou não fizerem parte de uma disciplina, esse projeto deverá ser
enviado à Copex (Coordenação de Pesquisa, Extensão e Internacionalização – ensino presencial)
para análise da sua viabilidade. A Copex disponibiliza, por meio do site do UniBrasil, modelos de
programas, projetos, solicitação de eventos, entre outros a serem preenchidos e submetidos.
Para o planejamento de cada atividade, deve-se levar em consideração: o público-alvo da
ação (idade, sexo, condições socioeconômicas, nível de escolaridade etc.); a localização (local no
qual será desenvolvida da atividade, ou seja, a estrutura física); o número mínimo e máximo de
participantes; os recursos para a viabilizar a ação; o número de executores (docentes, discentes
e técnicos); o período da realização (levando em conta a modalidade da ação); os recursos orça-
mentários; e o relatório avaliativo (GONÇALVES, 2008).

SAIBA MAIS

Acesse o link indicado a seguir e veja todos os modelos disponibilizados pela Copex que po-
dem caracterizar as atividades extensionistas: https://www.unibrasil.com.br/pesquisa-e-
-extensao/formularios/.

No projeto, precisa haver a descrição, de forma minuciosa, de todas as atividades que serão
realizadas e desenvolvidas durante a vigência do projeto. Devem estar especificados os recursos
humanos e materiais necessários para o seu desenvolvimento, incluindo os recursos financeiros
e a sua origem, como, por exemplo, a participação de órgãos financiadores, a própria IES ou até
mesmo os executores da ação. Segundo Gonçalves (2008), deve-se fazer uma descrição temporal
e espacial sobre as ações a serem desenvolvidas, contemplando:

37
» Tipo de atividade/ação e duração;
» Recursos humanos, técnicos, financeiros e materiais;

UNIDADE 04
» Resultados esperados;
» Forma de avaliação.
Ainda, os envolvidos com a atividade devem apresentar algumas características importantes,
como: sensibilidade para perceber o problema e tratar dele (por exemplo: conflitos, necessida-
des e aspirações, condutas, atitudes, entre outros); flexibilidade e estabilidade na orientação das
ações; adaptabilidade (pois o projeto contendo a ação planejada não pode ser considerado um

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modelo engessado, devendo ser passível de alteração a qualquer momento, diante de situações
diversas); e fluência, ou seja, devem ter capacidade de converter os riscos em novas oportunida-
des (GONÇALVES, 2008).

2. COMO EXECUTAR UM PROJETO DE


EXTENSÃO
Primeiramente você deve ter em mente que o UniBrasil já definiu as diretrizes e projetos ex-
tensionistas de acordo com a sua própria identidade, território e sua relação com a comunidade,
por meio da publicação do guia de curricularização das atividades extensionistas, já citado em Uni-
dades anteriores. Lembre-se de que esse guia foi pautado com o objetivo de atender as questões
prioritárias da sociedade e desenvolver a plena cidadania, levando em conta o seu entorno, como,
por exemplo, a presença de shopping, escolas municipais e estaduais, lar de idosos, unidades bá-
sicas de saúde, entre outros.
Outro ponto importante é que, sempre que possível, essas atividades estarão atreladas ao Pro-
jeto Integrador, mas, ainda assim, esses mesmos projetos poderão ser reinventados, atualizados,
ou novos poderão ser criados.
Para a construção do projeto, alinhe com o professor as linhas temáticas de interesse, as disci-
plinas possíveis de integração, as competências e habilidades a serem desenvolvidas dentro do seu
curso de graduação, e organizem juntos uma espécie de organograma para ajudar a incluir várias
modalidades de extensão dentro de um mesmo projeto ou programa.
Para exemplificar essa ideia, usaremos o modelo proposto por Mello et al. (2021), o qual en-
volveu duas áreas temáticas ao mesmo tempo, e outro modelo alimentado com um programa de
extensão que já acontece no UniBrasil:

38
FIGURA 1: EXEMPLO DE UM PROGRAMA DE EXTENSÃO

ÁREA TEMÁTICA 1 ÁREA TEMÁTICA 2


PRINCIPAL: DIREITOS HUMANOS E JUSTIÇA COMPLEMENTAR: EDUCAÇÃO

UNIDADE 04
LINHA DA EXTENSÃO
TERCEIRA IDADE

PROGRAMA
UNIVERSIDADE DA TERCEIRA IDADE

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PUBLICAÇÃO: EVENTO: CURSO:
CARTILHA DIA DO IDOSO PSICOLOGIA DA TERCEIRA IDADE

CURSO: PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS: PROJETO DE EXTENSÃO:


PREPARAÇÃO DE CUIDADORES
ORGANIZAÇÃO SOCIAL CULTURA E TERCEIRA IDADE
DE IDOSOS

Fonte: MELLO et al. (2021).

FIGURA 2: EXEMPLO DE UM PROGRAMA DE EXTENSÃO UNIBRASIL

ÁREA TEMÁTICA 1 ODS 3


PRINCIPAL: SAÚDE SAÚDE E BEM-ESTAR

LINHA DE LINHA DE LINHA DE


EXTENSÃO (UC) 3: LINHA DE
EXTENSÃO (UC) 1: EXTENSÃO (UC) 2: PESSOAS COM DEFICIÊNCIA EXTENSÃO (UC) 4:
FÁRMACOS E INFÂNCIA E
INCAPACIDADES E SAÚDE HUMANA
MEDICAMENTOS ADOLESCÊNCIA
NECESSIDADES ESPECIAIS

PROGRAMA
QUALIVIDA

CURSO:
USO CORRETO DE MEDICAMENTOS

PRESTAÇÃO DE SERVIÇO: PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS: CARTILHA:


ATENDIMENTO FISIOTERAPÊUTICO ATENDIMENTO FARMACÊUTICO
DESCARTE CORRETO
DE PACIENTES ENCAMINHADOS PELAS DOS MESMOS PACIENTES
DE MEDICAMENTOS
UBS E CLÍNICA DE SAÚDE UNIBRASIL ENCAMINHADOS PARA A FISIOTERAPIA
EVENTO:
SACOLÃO DOS MEDICAMENTOS
VENCIDOS OU SOBRAS

Fonte: UniBrasil (2021).

39
Após o planejamento, dependendo do tipo de projeto, ou seja, da ação planejada, será preciso
encaminhá-lo para o Comitê de Ética em Pesquisa (CEP). Esse encaminhamento deve ser feito por
intermédio do professor, após a escrita do projeto extensionista produzido coletivamente. Nesse
caso, você e o professor serão responsáveis por escrever um projeto (pode ser aproveitado o mes-
mo projeto de extensão), que deverá estar conforme as normas e atendendo a algumas recomen-

UNIDADE 04
dações específicas de projetos que devem ser apreciados pelo CEP.
Projetos de extensão que envolvam ações em seres humanos (direta ou indiretamente) preci-
sam ser submetidos à apreciação do CEP, conforme definido na Resolução nº 466/2012, sempre
que for realizado algum tipo de análise de dados, como, por exemplo, dados secundários, pesquisas
sociológicas, antropológicas e epidemiológicas, com a intenção de publicar essas informações, ou
seja, quando a equipe extensionista deseja coletar dados ou medir os resultados das iniciativas de

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extensão e gerar um artigo cientifico, o qual poderá ser publicado em revista científica. Lembre-se
do princípio da indissociabilidade, que recomenda que as IES unam pesquisa, ensino e extensão.
Muitas vezes, no contexto da extensão, essas medidas serão usadas para a construção do proje-
to extensionista. Por exemplo: estudantes da Escola da Saúde fazem uma pesquisa epidemiológica
nos entornos do UniBrasil para saber como está o envolvimento dos adolescentes da região com
álcool e outras drogas. Dentro desse objetivo, os alunos não podem sair na comunidade fazen-
do perguntas desse nível e complexidade para os moradores da região. Essa deve ser uma ação
planejada, ou seja, será necessário elaborar um estudo utilizando escalas apropriadas, validadas
com perguntas adequadas para se obter a informação desejada (no exemplo citado, escalas que
consigam avaliar o padrão de uso de álcool e drogas entre adolescentes). A forma de abordagem, o
número de indivíduos que serão convidados a participar da pesquisa e o tempo da pesquisa devem
ser planejados e descritos na forma de um projeto que deverá ser submetido ao CEP. Os resultados
dessa ação é que levarão ao projeto de extensão. Vamos imaginar que, por meio dessa pesquisa,
detectou-se que o álcool foi a droga psicotrópica mais utilizada entre os adolescentes. Com esse
resultado, pode-se então planejar várias ações extensionistas dentro da área temática Saúde e
Educação e na linha de infância e adolescência e uso de drogas e dependência química, envolven-
do vários cursos de graduação, possibitando, assim, tornar essa ação um programa de extensão.
Portanto, todos os projetos de pesquisa, de todas as áreas da Ciência (Humanas, Sociais, Exatas
ou Saúde) que, de acordo com a Resolução nº 466/12 do Conselho Nacional de Saúde, envolvam
seres humanos (direta ou indiretamente) terão de ser submetidos aos CEPs.
A submissão envolve o envio do projeto para a Plataforma Brasil. Essa Plataforma é a base na-
cional e unificada de registros de pesquisas com seres humanos para todo o sistema CEP/CONEP
(Conselho Nacional de Ética em Pesquisa), que articula diferentes fontes primárias de informações
sobre estudos com humanos no Brasil. Ela se configura como uma ferramenta de controle social
eficaz, dotada de mecanismos de buscas que facilitam a análise da situação histórica e corrente das
pesquisas no país, fornecendo ao controle social informações suficientes para o acompanhamento
da execução dos estudos e da “Agenda Nacional de Prioridades em Pesquisa em Saúde do Brasil”.
Além disso, a Plataforma Brasil permitirá a divulgação de informações sobre as pesquisas em seus
diferentes estágios (fase de projeto, fase de campo e relatórios de pesquisas já concluídos).

40
VÍDEO

Assista ao vídeo “Plataforma Brasil – Apresentação”, que exibe mais detalhes sobre essa platafor-
ma. Disponível em: https://bit.ly/3ouMmav. Acesso em: out. 2021.

UNIDADE 04
Contextualizando tudo o que aprendemos até aqui, podemos perceber que, por meio de pro-
jetos como o descrito no exemplo anterior, aproximamos o conhecimento científico da realidade
social. Permite-se, assim, que os alunos se tornem instrumentos que possam dar conta da compre-
ensão de muitos fenômenos naturais e sociais encontrados pela equipe extensionista fora da sala

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de aula – e, de novo, envolvendo os princípios de indissociabilidade.

3. NORMAS TÉCNICAS
Todo projeto deve seguir normas técnicas de formatação. A unidade curricular que será sub-
metida à Copex, por exemplo, deve conter: elementos pré-textuais, incluindo capa, folha de rosto,
listas e sumário; elementos textuais, como introdução, justificativa, objetivos, metas, atividades e
ações pretendidas, beneficiários, estratégias, materiais e métodos, cronograma, recursos neces-
sários, custos globais, indicadores de avaliação, fatores externos e impactos esperados; além da
citação de todas as referências usadas no texto do projeto.
Em relação aos elementos textuais, a introdução consiste em apresentar, de forma clara e concisa,
o diagnóstico do setor/área ou comunidade em que a ação acontecerá. Essa parte do projeto pode
conter histórico, questões socioeconômicas, políticas e culturais que ajudem no entendimento da
situação anterior, a situação atual e aquela que se pretende alcançar com o projeto extensionista.
No projeto haverá a justificativa, que deve conter as razões que expliquem a ação pretendida,
sua urgência, as prioridades que destaquem sua relevância social e, de preferência, que esteja de
acordo com os ODS, as demandas contemporâneas e a operacionalidade. Após, vem os objetivos,
sendo estes subdivididos em: geral e específicos (pelo menos três). O objetivo geral traz a ideia
central, enquanto os específicos explicitam as ações complementares a esse objetivo geral.
A seguir serão citados exemplos da obra de Gonçalves (2008):

EXEMPLO 1

TÍTULO DO PROJETO: EDUCAÇÃO, SAÚDE E CIDADANIA.


Justificativa: “A ideia fundamental desse projeto baseia-se em desenvolver, em
escolas públicas estaduais de Aracajú, uma atividade educativa e cidadã, com o pro-
pósito de conscientizar sobre os cuidados com a saúde, cumprindo, assim, um dos
requisitos básicos da cidadania. Por meio de leituras acompanhadas, minicursos, pa-
lestras e dramatizações, objetiva-se repassar informações importantes sobre higie-
ne corporal e bucal, doenças sexualmente transmissíveis, prevenção de parasitoses,
considerando-se, nesse âmbito, a higiene alimentar e os cuidados com a água de
beber e de consumo doméstico. Com isso, a sua relevância social (...). Diante disso,

UNIDADE 04
justifica-se sua prioridade e urgência (...)”.

EXEMPLO 2

TÍTULO DO PROJETO: GLOBALIZANDO A MELHOR IDADE.


Objetivo geral: Proporcionar aos integrantes do projeto condições e capacidade

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de interagir com as pessoas e as tecnologias de informação e comunicação de forma
a melhorar a qualidade de vida na terceira idade.
Objetivos específicos:
» Possibilitar alternativas de entretenimento via internet;
» Desenvolver a sociabilidade e interatividade;
» Aprimorar a memória e a concentração por meio de atividades lúdicas e recre-
ativas digitais;
» Disponibilizar o acesso a programas culturais, formativos, informativos, utilitá-
rios e de serviços.
Fonte: Gonçalves (2008).

No projeto extensionista deverá constar a descrição das metas que estão relacionadas com
os serviços prestados à comunidade e as necessidades que serão contempladas. Essas metas
também podem ser divididas em geral e específicas. A seguir, apresentamos outro exemplo de
Gonçalves (2008):

EXEMPLO

TÍTULO DO PROJETO: EDUCAÇÃO CIDADÃ PARA O SÉCULO XXI.


Meta geral: Implementar uma unidade móvel com capacidade para atender 50
adolescentes carentes por comunidade preestabelecida ao mês, perfazendo o total
de 12 delas, na grande Aracaju, durante o período de 1 ano.
Metas específicas: Organizar biblioteca com capacidade para 100 volumes paradi-
dáticos e criar uma videoteca com 50 títulos sobre os temas do cotidiano e das áreas
de saúde, educação, meio ambiente e cidadania.
Fonte: Gonçalves (2008).
Seguindo na ideia de construir o projeto, devem então ser descritas as atividades ou ações pre-
tendidas, como neste exemplo:

EXEMPLO

UNIDADE 04
TÍTULO DO PROJETO: INFORMÁTICA CIDADÃ
Ações pretendidas:
» Organizar minicursos para os participantes do projeto (executores) na área de
informática
» Montar as aulas de informática e material didático

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» Organizar as datas dos cursos a ser oferecido a comunidade
» Divulgar a ação nos entornos do UniBrasil por meio eletrônico, mídias sociais
e panfletos
» Realizar a matrícula dos interessados
» Implantação do curso de informática benefícios diretos, ou seja, aqueles favo-
recidos pela sua execução e indiretos, sendo aqueles favorecidos pelos seus
efeitos e finais que descrevem os impactos alcançados.
Fonte: Gonçalves (2008).

Já finalizando o projeto, deve haver uma descrição sobre as estratégias que serão definidas, in-
cluindo recursos materiais, parcerias, patrocínios, localização e identificação dos participantes do
projeto, a descrição dos materiais/instrumentos e métodos, além da carga horária para a execução
das atividades, com especificação de prazos e o calendário destas. Os recursos necessários pre-
cisam estar detalhados, especificando-se inicialmente os recursos humanos e, após, os recursos
físicos/materiais, subdivididos em consumo permanente e temporário.
A estrutura organizacional e de gestão do projeto também deverá estar descrita e, por fim, os
indicadores de avaliação da execução do projeto extensionista.
No vídeo desta Unidade, comentaremos sobre cada etapa desses elementos e como eles de-
vem ser descritos.
Além disso, tamanho de letra, fonte, margens, ou seja, questões relacionadas à formatação do
texto também são importantes e precisam ser consideradas, sendo que normalmente são utiliza-
das as normas da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas).

4. AVALIAÇÕES DAS AÇÕES EXTENSIONISTAS


De acordo com o Artigo 10 da Resolução nº 7, de 18 de dezembro de 2018, todas as atividades
extensionistas devem estar sujeitas à avaliação contínua e autocrítica, para manter o propósito se

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voltar ao aperfeiçoamento de suas características essenciais de articulação com o ensino, a pesqui-
sa, a formação do estudante, a qualificação do docente, a relação com a sociedade, a participação
de parceiros e outras dimensões acadêmicas. A autoavaliação deve ser baseada em:
» Identificação da pertinência da utilização das atividades de extensão acrescentadas na ma-
triz curricular;

UNIDADE 04
» Avaliação da contribuição dessas atividades para o cumprimento dos objetivos do Plano de
Desenvolvimento Institucional e dos projetos pedagógicos;
» Demonstração de resultados alcançados, levando em consideração o público-alvo da ação.
Além disso, no UniBrasil acontecerá a avaliação de todas as atividades extensionistas por meio
da CPA (Comissão Própria de Avaliação), que, com base em um formulário próprio, avaliará utili-

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zando indicadores por dimensão, como proposto pela FORPROEX (2019). Tal avaliação será feita
junto da avaliação institucional, que ocorre uma vez por semestre. Os indicadores, divididos por
dimensões, estão citados a seguir:
1. Política;
2. Infraestrutura;
3. Relação universidade-sociedade;
4. Plano acadêmico;
5. Produção acadêmica.
Em relação à avaliação dos acadêmicos, seja dentro da disciplina extensionista atrelada, por
exemplo, ao módulo integrador, seja nas atividades extensionistas programadas em suas diversas
modalidades, os estudantes terão a liberdade de criar as formas de avaliação e atribuição de no-
tas, as quais deverão levar em conta a participação ativa deles no projeto, a frequência, o grau de
envolvimento com as tarefas a serem executadas e a sua desenvoltura na execução do projeto.
Além disso, uma terceira forma de avaliação será aquela desenvolvida dentro do projeto exten-
sionista, a qual também poderá utilizar indicadores para verificar e comprovar as metas e os objetivos
propostos, a fim de averiguar o processo e o alcance das atividades realizadas. No caso de discipli-
nas extensionistas, essa avaliação poderá acon-
tecer por meio de questionários respondidos SAIBA MAIS
pelos alunos e beneficiários dos projetos ex-
tensionistas. Com base nas respostas obtidas,
o docente poderá aferir, de modo preciso, o re- Nos casos de atividades extensionistas,
a COPEX exigirá o preenchimento de um
torno social, tanto para os estudantes quanto
relatório contendo os resultados da ação.
para os beneficiários (GONÇALVES, 2008). É im- Esse relatório você pode encontrar no en-
portante que o aluno registre as dificuldades, dereço: https://www.unibrasil.com.br/
as limitações e os inconvenientes que tenham pesquisa-e-extensao/formularios/.
acontecido, para que melhorias, nesse sentido,
possam ser feitas nas próximas ofertas.

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LEITURA

Acesse as páginas a seguir e leia algumas informações sobre ações extensionistas do tipo Evento,

UNIDADE 04
que já aconteceram e foram organizadas pelo UniBrasil:
https://www.UniBrasil.com.br/UniBrasil-realiza-atividades-em-evento-da-paroquia-maria-
-mae-da-igreja/
https://www.UniBrasil.com.br/2020/03/

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REFLITA

Estamos encerrando esta disciplina e, com todo o aprendizado conquistado, gostaríamos de pro-
por uma reflexão e um exercício.
Nesta Unidade IV, foi apresentado um organograma com um exemplo de atividade extensionista,
levando em conta as linhas temáticas e as várias modalidades de extensão agrupadas em um
grande programa. Agora, planeje como você montaria esse mesmo organograma, pensando no
seu curso de graduação, um problema e a população a ser atendida, além de todas as modalida-
des de atividades que poderiam estar agrupadas.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
As atividades extensionistas, sem dúvida, fazem parte da formação de uma nova univer-
sidade, que contempla as funções de formar profissionais engajados com as demandas sociais e
que, certamente, utilizarão tal formação, pautada em resolver problemas reais, para implementar
medidas que contemplem os ODS e contribuam para um mundo melhor. Além disso, a universi-
dade contemporânea deve propiciar a realização de atividades que permitam a compreensão e o
entendimento da noção de cidadania.
O início de qualquer atividade deve ser marcado com a observação de uma necessidade atrela-
da à capacidade de executar uma ação, que dever ser avaliada, escrita em um projeto e executada
com a ajuda de vários participantes, pois entende-se que extensão é uma ação conjunta, que ob-
jetiva uma responsabilidade social e ética contemplando o ensino e a cidadania.
Assim, encerramos esta disciplina com a certeza de que você compreendeu a importância e a
necessidade da curricularização da extensão, seja para o seu amadurecimento e crescimento pro-
fissional, seja para melhoria da qualidade de vida e das condições da população-alvo de cada ação.

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REFERÊNCIAS

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culturales. Buenos Aires: Lumen/Hvmanitas, 1997.
ANDES-SN. Proposta do ANDES-SN para a Universidade Brasileira. Cadernos ANDES n. 2. 3. ed.
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BOURDIEU, P. Lições da aula. 2. ed. São Paulo: Ática, 2003. 107p.

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REFERÊNCIAS

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