ISBN 978-85-8084-820-5

EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

PLANEJAMENTO E PRODUÇÃO
DE MATERIAIS E O PROCESSO DE
ENSINO-APRENDIZAGEM EM EAD
Prof. Me. Marcos Pereira Coelho Esp. Nalva Moura Prof. Dr. Renato Luis de Souza Dutra

UNIDADE I
A INTELIGÊNCIA
COLETIVA E NOVAS
TECNOLOGIAS NO UNIDADE II
PROCESSO DE A IMPORTÂNCIA DO
CONSTRUÇÃO DO PLANEJAMENTO E
CONHECIMENTO EM DO GERENCIAMENTO
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA COMO FERRAMENTA
PARA O TRABALHO
COLABORATIVO EM
EDUCAÇÃOA DISTÂNCIA

UNIDADE III
A IMPORTÂNCIA DOS AMBIENTES VIRTUAIS, DO MATERIAL IMPRESSO
E DAS BIBLIOTECAS E REPOSITÓRIOS VIRTUAIS NO PROCESSO DE
ENSINO-APRENDIZAGEM NA EAD

como planejar e gerenciar a definição de ambientes

as novas formas de a produção de material virtuais de aprendizagem e
produção do saber e a didático em educação sua importância didática na
educação a distância a distância EAD: o moodle

Reitor
Wilson de Matos Silva
Viver e trabalhar em uma sociedade global é um
grande desafio para todos os cidadãos. A busca por
tecnologia, informação, conhecimento de qualida-
de, novas habilidades para liderança e solução de
problemas com eficiência tornou-se uma questão
de sobrevivência no mundo do trabalho.
Cada um de nós tem uma grande responsa-
bilidade: as escolhas que fizermos por nós e pelos
nossos fará grande diferença no futuro.
Com essa visão, o Centro Universitário
Cesumar – assume o compromisso de democra-
tizar o conhecimento por meio de alta tecnologia
e contribuir para o futuro dos brasileiros.
No cumprimento de sua missão – “promo-
ver a educação de qualidade nas diferentes áreas
do conhecimento, formando profissionais cida-
dãos que contribuam para o desenvolvimento
de uma sociedade justa e solidária” –, o Centro
Universitário Cesumar busca a integração do
ensino-pesquisa-extensão com as demandas
CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância:
C397 de Matos Silva Filho, Pró-Reitor de EAD Willian Victor Kendrick de Matos Silva, Presidente da Mantenedora
Planejamento e Produção de Materiais e o Processo de Ensino-
-Aprendizagem em EAD / Marcos Pereira Coelho / Nalva Moura /
Renato Luis de Souza Dutra
Publicação revista e atualizada, Maringá - PR, 2014.
73 p.
“Pós-graduação Núcleo Comum - EaD”.
1. Ensino. 2. Planejamento. 3. Gerenciamento 3. EaD. I. Título.
ISBN 978-85-8084-820-5 CDD - 22 ed. 370
CIP - NBR 12899 - AACR/2
NEAD - Núcleo de Educação a Distância
Av. Guedner, 1610, Bloco 4 - Jardim Aclimação - Cep 87050-900
Maringá - Paraná | unicesumar.edu.br | 0800 600 6360
palavra do reitor
institucionais e sociais; a realização de uma
prática acadêmica que contribua para o desen-
volvimento da consciência social e política e, por
fim, a democratização do conhecimento aca-
dêmico com a articulação e a integração com
a sociedade.
Diante disso, o Centro Universitário Cesumar
almeja ser reconhecido como uma instituição univer-
sitária de referência regional e nacional pela qualidade
e compromisso do corpo docente; aquisição de com-
petências institucionais para o desenvolvimento de
linhas de pesquisa; consolidação da extensão univer-
sitária; qualidade da oferta dos ensinos presencial e
a distância; bem-estar e satisfação da comunidade
interna; qualidade da gestão acadêmica e adminis-
trativa; compromisso social de inclusão; processos
de cooperação e parceria com o mundo do trabalho,
como também pelo compromisso e relacionamento
permanente com os egressos, incentivando a edu-
cação continuada.
DIREÇÃO UNICESUMAR
Reitor Wilson de Matos Silva, Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho, Pró-Reitor de Administração Wilson
Cláudio Ferdinandi.
NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Direção de Operações Chrystiano Mincoff, Coordenação de Sistemas Fabrício Ricardo Lazilha, Coordenação
de Polos Reginaldo Carneiro, Coordenação de Pós-Graduação, Extensão e Produção de Materiais Renato
Dutra, Coordenação de Graduação Kátia Coelho, Coordenação Administrativa/Serviços Compartilhados
Evandro Bolsoni, Gerência de Inteligência de Mercado/Digital Bruno Jorge, Gerência de Marketing Harrisson
Brait, Supervisão do Núcleo de Produção de Materiais Nalva Aparecida da Rosa Moura, Design Educacional
Nádila Toledo, Diagramação Humberto Garcia da silva, Revisão Textual Yasminn Zagonel, Fotos Shutterstock.
 boas-vindas

Pró-Reitor de EaD
Willian Victor Kendrick
de Matos Silva

Prezado(a) Acadêmico(a), bem-vindo(a) à Comunidade do

Conhecimento.
Essa é a característica principal pela qual a UNICESUMAR tem sido
conhecida pelos nossos alunos, professores e pela nossa sociedade.
Porém, é importante destacar aqui que não estamos falando mais
daquele conhecimento estático, repetitivo, local e elitizado, mas de um
conhecimento dinâmico, renovável em minutos, atemporal, global, de-
mocratizado, transformado pelas tecnologias digitais e virtuais.
De fato, as tecnologias de informação e comunicação têm nos
aproximado cada vez mais de pessoas, lugares, informações, da edu-
cação por meio da conectividade via internet, do acesso wireless em
diferentes lugares e da mobilidade dos celulares.
As redes sociais, os sites, blogs e os tablets aceleraram a informa-
ção e a produção do conhecimento, que não reconhece mais fuso
horário e atravessa oceanos em segundos.
A apropriação dessa nova forma de conhecer transformou-se hoje
em um dos principais fatores de agregação de valor, de superação das
desigualdades, propagação de trabalho qualificado e de bem-estar.
Logo, como agente social, convido você a saber cada vez mais, a co-
nhecer, entender, selecionar e usar a tecnologia que temos e que está
disponível.
Da mesma forma que a imprensa de Gutenberg modificou toda
uma cultura e forma de conhecer, as tecnologias atuais e suas novas fer-
ramentas, equipamentos e aplicações estão mudando a nossa cultura
e transformando a todos nós.
Priorizar o conhecimento hoje, por meio da Educação a Distância
(EAD), significa possibilitar o contato com ambientes cativantes, ricos
em informações e interatividade. É um processo desafiador, que ao
mesmo tempo abrirá as portas para melhores oportunidades. Como
já disse Sócrates, “a vida sem desafios não vale a pena ser vivida”. É isso
que a EAD da UNICesumar se propõe a fazer.
 sobre pós-graduação

a importância da pós-graduação

O Brasil está passando por grandes transformações, em especial

nas últimas décadas, motivadas pela estabilização e crescimento
da economia, tendo como consequência o aumento da sua impor-
tância e popularidade no cenário global. Esta importância tem se
refletido em crescentes investimentos internacionais e nacionais
nas empresas e na infraestrutura do país, fato que só não é maior
devido a uma grande carência de mão de obra especializada.
Nesse sentindo, as exigências do mercado de trabalho são cada
vez maiores. A graduação, que no passado era um diferenciador
da mão de obra, não é mais suficiente para garantir sua emprega-
bilidade. É preciso o constante aperfeiçoamento e a continuidade
dos estudos para quem quer crescer profissionalmente.
A pós-graduação Lato Sensu a distância da UNICESUMAR
conta hoje com 21 cursos de especialização e MBA nas áreas de
Gestão, Educação e Meio Ambiente. Estes cursos foram planejados
pensando em você, aliando conteúdo teórico e aplicação prática,
trazendo informações atualizadas e alinhadas com as necessida-
des deste novo Brasil.
Escolhendo um curso de pós-graduação lato sensu na
UNICESUMAR, você terá a oportunidade de conhecer um conjun-
to de disciplinas e conteúdos mais específicos da área escolhida,
fortalecendo seu arcabouço teórico, oportunizando sua aplicação
no dia a dia e, desta forma, ajudando sua transformação pessoal
e profissional.

Professor Dr. Renato Dutra

Coordenador de Pós-Graduação , Extensão e Produção de Materiais
NEAD - UNICESUMAR

Professor Mestre
Marcos Pereira Coelho
Professora Especialista
Nalva Moura
Caros acadêmicos, é com satisfação que apresento-
mos o livro que fará parte da disciplina “Planejamento
e produção de materiais e o processo de ensino-
aprendizagem em EAD”. Somos os professores
Marcos Pereira Coelho e Nalva Moura e prepara-
mos o material tendo em vista um diálogo que se
inicia aqui, mas que deverá ganhar vida a partir das
reflexões e da prática de cada um de vocês.
Eu, professor Marcos, graduei-me em história e
sou mestre em educação e, nos últimos anos, tenho
me interessado pela EAD. Esse interesse advém da
observação do modo como o atual nível de desen-
volvimento tecnológico apresenta potencialidades
informacionais e comunicacionais sem preceden-
tes na história humana e como estas tecnologias
podem ser utilizadas como ferramentas facilitado-
ras do processo educacional e, principalmente, na
modalidade a distância.
Eu, professora Nalva, sou graduada em
Comunicação Social, pós-graduada em Assessoria
de Imprensa e Comunicação Empresarial e estou
finalizando outra especialização em Gestão de
Projetos. Atuo há mais de cinco anos com produ-
ção de materiais para EAD, portanto espero poder
contribuir para o seu aprendizado repassando
algumas experiências e vivências no decorrer da
minha carreira.
O trabalho e o estudo em EAD são desafiado-
res e estimulantes. A possibilidade de aprendermos
sem a necessidade do deslocamento diário a uma
apresentação do material
instituição educacional nos abre inúmeras possi-
bilidades de aprendizagem. No entanto, para que
a EAD possa cumprir os objetivos a ela atribuídos,
precisamos pensá-la no contexto de uma socieda-
de em que o desenvolvimento das tecnologias da
informação e da comunicação se fazem presen-
tes no nosso cotidiano e modificam não apenas a
maneira como nos relacionamos, mas também a
forma como conhecemos.
É preciso ficar claro, também, que o objetivo
do material que vocês têm em mãos não é ofe-
recer um roteiro rígido ou receitas prontas para o
trabalho na produção de materiais didáticos. Se
adotássemos esta perspectiva estaríamos contra-
riando exatamente aquilo que consideramos como
características fundamentais para o aluno da EAD:
sua autonomia, seu espírito crítico e sua capacidade
de explorar outros elementos necessários à cons-
trução do conhecimento. Nesse sentido, esperamos
que vocês encontrem neste material uma referên-
cia inicial que lhes permitam dialogar com a própria
prática de vocês – como alunos da EAD – e facili-
te a construção dos caminhos que julgarem mais
apropriados para o futuro profissional de cada um.
Para que vocês consigam estabelecer esse
diálogo é fundamental que vocês interajam com
o material, lendo os textos, questionando a perti-
nência de cada afirmação e realizando as atividades
de autoestudo propostas ao final de cada uma das
unidades.
 A seguir, apresentaremos a maneira como o
material está organizado e vocês terão uma ideia
inicial do caminho que percorreremos juntos na
construção de um novo conhecimento.
Na primeira unidade deste material traba-
lharemos o conceito de inteligência coletiva e
a sua importância para o processo de constru-
ção do conhecimento na educação a distância.
Consideraremos nas análises pretendidas o papel
que o desenvolvimento das tecnologias informa-
cionais no decorrer do século XX desempenhou
na potencialização da interatividade e, portanto,
na ampliação da possibilidade de se conhecer. As
abordagens serão realizadas, principalmente, a
partir de um diálogo estabelecido com a produ-
ção do filósofo da informação Pierre Levy.
Acreditamos que as considerações realizadas
na primeira unidade do material são fundamen-
tais, uma vez que as mesmas fornecerão subsídios
teóricos da maior relevância para os interessados
em trabalhar no planejamento e na produção de
materiais didáticos voltados à EAD. Conhecer esses
aspectos teóricos é importante para que nós não
esqueçamos que todo trabalho carece de um re-
ferencial, de uma perspectiva que nos ajuda a
caminhar.
Na segunda unidade do nosso material tra-
taremos da importância do planejamento e do
gerenciamento como uma ferramenta para o
trabalho colaborativo em EAD, com ênfase para
a produção de materiais didáticos audiovisuais.
Aqui, de maneira mais prática, apresentaremos
algumas recomendações práticas sobre o tra-
balho. Lembramos que tais recomendações são
apenas um ponto de partida ou de reflexão para
que vocês desenvolvam futuramente o trabalho
de vocês da maneira que as circunstâncias vin-
douras assim exigirem. Não podemos esquecer
que o dinamismo das novas tecnologias não nos
permite dar recomendações práticas duradouras, já
que o desenvolvimento na área é muito dinâmico.
No entanto, apesar das mudanças, não devemos
perder de vista o nosso fundamento principal: a
interatividade.
E, na última parte do nosso material, discuti-
remos a importância dos ambientes virtuais, do
material impresso e das bibliotecas e repositórios
virtuais para o processo de ensino-aprendizagem na
EAD. Entendemos que cada um desses elementos
configura-se como didáticos e carecem de plane-
jamento e cuidados específicos para sua criação
e/ou utilização.
Portanto, juntos, procuraremos conhecer alguns
fundamentos teóricos que norteiam a elaboração
e a utilização dos materiais didáticos e, também,
apresentaremos algumas recomendações práticas
para o trabalho com os mesmos, sem, no entanto,
desconsiderar a capacidade e autonomia de vocês
em proporem soluções viáveis e significativas para
o trabalho em EAD.
sumário 01
A INTELIGÊNCIA COLETIVA E
NOVAS TECNOLOGIAS NO PRO-
CESSO DE CONSTRUÇÃO DO
CONHECIMENTO EM EAD

o conceito de inteligência coletiva

12 no âmbito das novas tecnologias e
da cibercultura
as relações entre interatividade e
17
inteligência coletiva
as novas formas de produção do
20
saber e a educação a distância
02
A IMPORTÂNCIA DO PLANEJA-
MENTO E DO GERENCIAMEN-
TO COMO FERRAMENTA PARA
O TRABALHO COLABORATIVO
EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
como planejar e gerenciar a
32 produção de material didático em
educação a distância
a interação como elemento
fundamental para o planejamento
37 e a produção de materiais em
educação a distância, tendo em vista
o processo de ensino aprendizagem
a produção de materiais didáticos
40 audiovisuais e as possibilidades de
ensino e aprendizagem
03
A IMPORTÂNCIA DOS AMBIENTES
VIRTUAIS, DO MATERIAL IMPRESSO
E DAS BIBLIOTECAS E REPOSITÓRI-
OS VIRTUAIS NO PROCESSO DE
ENSINO-APRENDIZAGEM NA EAD
a definição de ambientes virtuais
52 de aprendizagem e sua importância
didática na ead: o moodle.
os cuidados na produção no
56 material impresso que subsidiará o
processo de ensino-aprendizagem
a importância da articulação entre
os materiais didáticos utilizados
63
na ead para o processo de ensino-
aprendizagem
 1
A INTELIGÊNCIA COLETIVA E NOVAS TECNOLOGIAS
NO PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO
EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Professor Mestre Marcos Pereira Coelho / Professora Especialista Nalva Moura

Objetivos de Aprendizagem
• Apresentar e analisar o conceito de inteligência
coletiva e sua importância para a construção do
conhecimento em Educação a Distância.
• Compreender a importância das novas tecnolo-
gias na organização do trabalho em educação a
distância.
Plano de estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estu-
dará nesta unidade:
• O conceito de inteligência coletiva no âmbito das
novas tecnologias e da cibercultura
• As relações entre interatividade e inteligência
coletiva
• As novas formas de produção do saber e a edu-
cação a distância
Caro(a) aluno(a), nesta unidade estudaremos alguns conceitos
fundamentais para o planejamento e a produção de materiais
didáticos voltados à EAD. Conceitos como “inteligência cole-
tiva”, “novas tecnologias”, “cibercultura” e “interatividade” serão
debatidos com o objetivo de subsidiar teoricamente o traba-
lho na produção de materiais didáticos. Vocês perceberão que
esses conceitos estão interligados e aparecerão no decorrer do
livro, daí a necessidade de debatê-los logo no início de nossa
caminhada.
A intenção é que, ao conhecermos os fundamentos que devem
orientar o trabalho em EAD, consigamos pensar uma prática
diversa da tradicional, ou seja, compreender que o conheci-
mento é mais produtivo quando construído coletivamente,
considerando a diversidade de perspectivas e as novas possibi-
lidades que o desenvolvimento tecnológico nos proporciona.
Portanto, nesta unidade, perceberemos que os conceitos tra-
balhados estão presentes em nosso cotidiano, embora, talvez,
alguns de nós ainda não os conheçamos de maneira siste-
matizada e conceitual. No entanto, a própria dinâmica do
mundo contemporâneo nos leva a interagir, a construir novos
conhecimentos coletivamente, à utilização de tecnologias co-
municacionais, e, a intenção é que, a partir dessas experiências
e das reflexões que desenvolveremos nas páginas seguintes,
consigamos pensar uma maneira nova e dinâmica de pensar
o conhecimento e a elaboração de materiais didáticos volta-
dos à EAD.
Planejamento e Produção de Materiais e o Processo de Ensino-Aprendizagem em EAD
12
O CONCEITO DE INTELIGÊNCIA
coletiva no âmbito das novas tecnologias
e da cibercultura
C
aro(a) acadêmico(a), o conceito de
inteligência coletiva é fundamen-
tal para as discussões pretendidas
no decorrer deste livro. Ou seja, pensa-
remos o planejamento e a produção do
material didático a partir de elementos
que procurem estabelecer a construção
do conhecimento baseando-se na ação
coletiva de sujeitos em espaços virtuais
de aprendizagem.
Mas o que significa o conceito de inteli-
gência coletiva? Será que este é um conceito
aplicável à EAD? São sobre questões como
essas que refletiremos nesta unidade. Neste
sentido, o filósofo Pierre Lévy (1999, p. 28)
define a inteligência coletiva como “uma
inteligência distribuída por toda parte, in-
cessantemente valorizada, coordenada em
tempo real, que resulta uma mobilização
efetiva das competências”. A afirmação do
filósofo nos leva a pensar que se trabalhar-
mos segundo os fundamentos da inteligência
coletiva ou, então, o material que produzir-
mos sob esta inspiração, deve sempre primar
pela ação do educando em relação ao que
está posto e, jamais estabelecer em con-
teúdos rigidamente propostos para serem
reproduzidos.

Dessa maneira, devemos considerar a
inteligência coletiva no âmbito das relações
humanas que, por sua vez, são dinâmicas e
(re) construtoras da realidade social. Os su-
jeitos, ao atuarem sobre espaços diversos e,
ao mesmo tempo entrelaçados, acabam por
reorganizar, redefinir tanto as pessoas envol-
vidas na interação quanto os espaços em que
tais relações acontecem:
Uma mera conversa pode ser considerada
uma construção em comum de um espaço
virtual de significações que cada interlo-
cutor tenta alterar segundo seu humor,
seus projetos. (...) Experimentamos todos
os dias esses espaços vividos que nascem
das interações entre pessoas, mas existem
outros ainda mais vastos, na escala de ins-
tituições, de grupos sociais, de grandes
conjuntos culturais (LÉVY, 2000, p. 126).
Ao interagirmos com pessoas a nossa volta
ou quando viajamos para outros espaços, aos
quais não estamos habituados, sofremos mu-
danças na nossa percepção do meio social no
qual estamos inseridos em nosso cotidiano e,
também, provocamos alguma alteração no
espaço vivenciado. Isso quando pensando
as nossas ações no mundo real. Imaginemos,
agora, as possibilidades que o mundo virtual
nos proporciona. Quantos espaços diferencia-
dos e culturalmente ricos podemos acessar,
por meio da internet, e deixar alguma con-
tribuição? Apenas para citar algumas das
possibilidades interativas que, provavelmente,
vocês já tiveram acesso, temos: comunidades
virtuais, fóruns de discussões, redes sociais,
ambientes virtuais de aprendizagem, sites de
Pós-Graduação | Unicesumar
13
produção coletiva, etc.
Todo esse potencial interativo e de
circulação de informações não surgiu “espon-
taneamente” no início do século XXI, mas, ao
contrário, é fruto de um longo processo de
desenvolvimento social e tecnológico que
colocou a informação na centralidade da vida
contemporânea. Vejamos alguns dos aspec-
tos que compõem esse processo.
Essa centralidade da informação estrutu-
rou-se, principalmente, a partir da constituição
da modernidade, período em que as experi-
ências sociais passaram a ser influenciadas,
muitas vezes, por eventos acontecidos em
territórios espacialmente distantes. De fato,
quando voltamos nosso olhar às sociedades
pré-modernas, observamos uma coincidên-
cia entre espaço e lugar. Isso significa afirmar
que a vida social processava-se, ao menos
para a maioria dos indivíduos, por meio de
relações presencialmente estabelecidas, seja
no desenvolvimento do trabalho ou das prá-
ticas culturais estabelecidas. Esta separação
entre espaço e lugar, acelerada na moderni-
dade, acirra-se na sociedade contemporânea,
principalmente com o desenvolvimento
das tecnologias da informação na primeira
metade do século XX. Veremos nos parágra-
fos seguintes o desenvolvimento histórico
que possibilitou a dinamização da produção
e do intercâmbio de ideias em nível global.
A invenção e a aplicabilidade das tecno-
logias mencionadas estão intrinsecamente
vinculadas às necessidades militares criadas
no contexto dos anos de 1940, período da
Segunda Guerra Mundial. Neste sentido, é
Planejamento e Produção de Materiais e o Processo de Ensino-Aprendizagem em EAD
14
importante lembrar que o computador, ele-
mento fundamental para o desenvolvimento
das tecnologias da informação teve, segundo
Kumar, seus elementos fundamentais desenvol-
vidos no decorrer da Segunda Guerra Mundial:
Componentes (...), como os circuitos elé-
tricos miniaturizados, (...) desenvolvidos
pelos americanos para usos militares espe-
cíficos durante a Segunda Guerra Mundial
– neste caso, os detonadores remotos para
bombas. O computador eletrônico digital
em si surgiu principalmente para realizar
cálculos balísticos e as análises que resul-
taram na bomba atômica. Os centros de
pesquisa civil, onde ocorreu a maior parte
desses progressos, como a Bell Laboratories,
da AT&T foram na maior parte financiados
pelo governo americano no tempo da
guerra e supervisionados por órgão públi-
cos como o Departamento de Pesquisa e
Desenvolvimento Científico, (...) (1997, p. 46).
Se por um lado a guerra foi o elemento motiva-
cional para o desenvolvimento dos complexos
sistemas tecnológicos que mudariam a forma
de nos comunicarmos, por outro, as espe-
cificidades do capitalismo no pós-guerra
foram fundamentais para a sua difusão no
meio civil. Finalizado o conflito armado, os
Estados Unidos saíram fortalecidos da guerra.
Processou-se, então, uma vertiginosa expan-
são da economia americana, materializada
pela presença das suas multinacionais em
nível global. Segundo Kumar (1997), nesse
período, as empresas americanas enfrenta-
vam problemas de comando e controle, uma
vez que a empresa dependia da comunica-
ção nos mais diversos países, de modo que,
para o autor, a utilização dos computadores
e satélites tornou-se tão essencial ao seu fun-
cionamento empresarial, quanto os operários
e as fábricas que produzem bens e serviços.
Esta reestruturação do capitalismo,
marcado pela pesquisa e a aplicação da
alta tecnologia em todas as etapas da pro-
dução e distribuição dos bens e serviços, foi
nomeada como Terceira Revolução Industrial.
Pode-se afirmar que neste período o proces-
so de desenvolvimento das tecnologias, por
meio das quais as informações se difundiriam,
foi capitaneado pela demanda dos estados,
principalmente o americano, objetivando a
potência e o poderio militar. Mas, as pesqui-
sas e a posterior aplicabilidade, ultrapassaram
os limites bélicos. Tratou-se, também, de uma
questão econômica em que as grandes corpo-
rações disputaram a hegemonia na produção
de equipamentos e softwares destinados à co-
municação. No entanto, as contribuições do
desenvolvimento técnico podem ser analisa-
das para além das corporações. No decorrer
do século XX e início do século XXI perce-
bemos uma apropriação pela sociedade das
ferramentas desenvolvidas, de maneira que as
mesmas passaram a atender, também:
(...) aos propósitos de desenvolvedores e usu-
ários que procuram aumentar a autonomia
dos indivíduos e multiplicar suas faculdades
cognitivas, encarna, por fim, o ideal de cien-
tistas, de artistas, de gerentes ou de ativistas
da rede que desejam melhorar a colabora-
ção entre as pessoas, que exploram e dão
vida a diferentes formas de inteligência co-
letiva e distribuída (LEVY, 2000 p. 46).

Essa terceira fase da Revolução Industrial,
que possui como uma de suas principais
características a “convergência explosiva
de computador e telecomunicações (...),
acabou com a distinção entre processa-
mento e disseminação de conhecimentos”
(LEVY, 2000, p. 47). Desse modo, as institui-
ções formalmente institucionalizadas pelos
estados ou pelas corporações empresariais
concorreram com o conhecimento produ-
zido em rede por usuários comuns. Essas
mudanças na relação com o conhecimen-
to não são apenas quantitativas, trazem,
também, elementos novos que tornam a
construção e a apropriação do saber quali-
tativamente diferentes: enquanto os antigos
meios de comunicação objetivavam a trans-
missão padronizada das mensagens para
públicos gerais, as novas tecnologias per-
mitem a segmentação e a descontinuidade
procurando satisfazer necessidades mais
individualizadas.
...considerando que a Terceira Revolu-
ção Industrial é a mais recente dinâ-
mica de transformação dos sistemas
produtivos, podemos dizer que ela
ainda está sendo vivenciada nos dias
atuais. Cada novo aparelho tecnológi-
co descoberto e lançado no mercado é,
dessa forma, um novo capítulo dentro
desse episódio histórico.
Parte extraída de reportagem dispo-
nível em: <http://www.brasilescola.
com/geografia/terceira-revolucao-in-
dustrial.htm>. Acesso em 29 Jun. 2014.
Pós-Graduação | Unicesumar
15
Ainda sobre as mudanças que permeiam
a sociedade na terceira fase da Revolução
Industrial, é importante diferenciar os
elementos que favoreciam a coesão e a
administração do tempo nas sociedades
pré-modernas e nas atuais. As sociedades
pré-modernas mantinham-se coesas, quase
exclusivamente, por meio de autoridades
burocráticas e políticas organizadas em
microterritórios específicos, detentores de
histórias e tradições particulares. Mesmo
que na antiguidade essa organização já se
mostrasse alterada, é com o desenvolvimen-
to industrial no século XIX que a legitimação
do espaço do estado-nação se estruturou de
maneira ostensiva e, paralelamente, a admi-
nistração do tempo passaria a se caracterizar
pelo ritmo da maquinaria, em detrimento
do tempo da natureza. Já no final do século
XX e início do XXI, percebemos uma nova
redefinição do espaço-tempo, de maneira
que o computador, “(...) símbolo da era da
informação, pensa em nano segundos, em
milhares de microssegundos. Junto à nova
tecnologia das comunicações, ele intro-
duz um marco espaço-tempo radicalmente
novo na sociedade” (LEVY, 2000, pp. 49 - 50).
Essa redefinição espaço-temporal
altera e, ao mesmo tempo, é resultante
das transformações econômicas em curso.
Dados sugerem que a soma dos setores
que envolvem a economia da informação
representam, nos Estados Unidos, 46% do
Produto interno e mais de 50% dos salários
pagos (LEVY, 2000). Por outro lado, essa re-
definição tem se mostrado, também, como
Planejamento e Produção de Materiais e o Processo de Ensino-Aprendizagem em EAD
16

um fator de acirramento das crises econômicas pelas quais o capi-

talismo tem passado. Basta observarmos a maneira como o capital
financeiro desloca-se com facilidade de um país para outro, pro-
vocando crises sistemáticas na organização social e econômica
nos estados.
É neste ambiente que a cultura se estrutura, a economia se
(re) organiza e sofre, também, constantes abalos. A construção e o
papel do conhecimento se redimensionam. A escola e a atuação
dos profissionais da educação veem-se cercados por novos pro-
blemas. Mas, é este ambiente interativo, diverso e complexo, que
temos para atuar: como críticos ou valendo-se dos seus aspectos
mais positivos, independente da opção que escolhermos, nossa
atuação exigirá que conheçamos esta nova realidade, como ela
se processa e o seu significado. No caso da produção de materiais
didáticos considerá-lo é indispensável para uma atuação profis-
sional consistente.

“A ciberaprendizagem é o ter- a autoformação e inventando

reno por excelência das expe- abordagens novas em razão
riências e das atividades peda- das tecnologias utilizadas (...)”
gógicas inovadoras utilizando (MARCHAND, 2002, p. 147).
 Pós-Graduação | Unicesumar
17

AS RELAÇÕES ENTRE
interatividade e inteligência coletiva

C
aros(as) acadêmicos(as), a relação ou o local onde a interação se processa de
entre interatividade e inteligência co- maneira mais acentuada e tem modificado,
letiva pode parecer um tanto óbvia, sistematicamente, a forma como propo-
no entanto, a complexidade que envolvem- mos e resolvemos problemas específicos. As
nas merecem uma reflexão mais atenta. É relações estabelecidas neste ambiente pos-
justamente a compreensão desta relação sibilitam o desenvolvimento de uma cultura
que possibilitará à equipe ou ao elaborador própria, ou uma cibercultura2. O rápido de-
do material didático potencializar a interati- senvolvimento do ciberespaço é resultante
vidade, uma vez que, quanto mais interativo de alguns aspectos sociais que, no seu con-
for determinado material didático mais ele junto, caracteriza-se como:
ampliará as possibilidades da construção co-
letiva do conhecimento. (...) um movimento internacional de jovens
ávidos para experimentar, coletivamente,
Dessa forma, fica evidente que a produção
formas de comunicação diferentes daque-
do conhecimento, numa perspectiva que seja las que as mídias clássicas nos propõem.
coletiva, dinâmica e aberta à diversidade de Em segundo lugar, que estamos vivendo
experiências não se deve prescindir da intera- a abertura de um novo espaço de comu-
tividade. Mas, como pensar essa interatividade nicação, e cabe apenas a nós explorar
as potencialidades mais positivas deste
que facilita e potencializa a inteligência co-
espaço nos planos econômico, político,
letiva? Em qual espaço ela se desenvolve de cultural e humano (LEVY, 2000, p. 11).
maneira mais visível e como se dá esse proces-
so? É o que veremos nos parágrafos seguintes Esse movimento vivo, humano e que se
e, para tanto, privilegiaremos a web como o manifesta culturalmente no ciberespaço
elemento tecnológico em que tais práticas se difere-se das formas culturais estruturadas
estruturam de maneira mais eficiente. em outros momentos históricos. A princi-
No caso da internet, especificamen- pal característica diferenciadora presente
te, devemos pensá-la como ciberespaço1, nas ações humanas em rede, em relação às
1 O ciberespaço (que também chamarei de “rede”) é o novo meio de comunica- demais, é a indeterminação de um sentido
ção que surge da interconexão mundial dos computadores. O termo especifica 2 Quanto ao neologismo “cibercultura”, especificamos o conjunto de técnicas
não apenas a infraestrutura material da comunicação digital, mas também o uni- (materiais e intelectuais) de práticas, de atitudes, de modos de pensamento
verso oceânico de informações que ela abriga, assim como os seres humanos e de valores que se desenvolvem juntamente com o crescimento do ciberes-
que navegam e alimentam esse universo (LEVY, 2000, p. 17). paço (LEVY, 2000, p. 17).
Planejamento e Produção de Materiais e o Processo de Ensino-Aprendizagem em EAD
18
global, ou seja, os indivíduos, os grupos ou
as instituições, por meio de manifestações
políticas, culturais e artísticas interagem-se,
disputam espaços variados, afastando-se,
muitas vezes, do contexto em que as ideias
foram produzidas. A produção do conhe-
cimento em rede, de certa forma, supera
a proposição de um centro irradiador de
conhecimentos universalmente válidos,
segundo Levy (2000, p. 15):
(...) Nas sociedades orais, as mensagens dis-
cursivas são sempre recebidas no mesmo
contexto em que são produzidas. Mas,
após o surgimento da escrita, os textos se
separam do contexto vivo em que foram
produzidos. É possível ler uma mensagem
escrita cinco séculos antes ou redigida a
cinco mil quilômetros de distância – o
que muitas vezes gera problemas de re-
cepção e de interpretação. Para vencer
essas dificuldades, algumas mensagens
foram então concebidas para preservar o
mesmo sentido, qualquer que seja o con-
texto (lugar, a época) de recepção: são
mensagens universais. Esta universalida-
de, adquirida graças à escrita estática, só
pode ser construída, portanto, à custa de
certa redução ou fixação do sentido (...).
A superação dessa fixação do sentido, no
interior do ciberespaço, se daria pela subs-
tituição do ideal de um polo irradiador de
cultura por uma interconexão de mensagens.
O texto é constantemente (re) visto, amplia-
do em seu sentido e/ou questionado por
meio das comunidades virtuais copresen-
tes. Essa dinâmica pode ser observada no
meio acadêmico, cultural ou político. As listas
de discussões por meio dos e-mails, ou os
debates travados em comunidades virtuais
criadas para problematizar temas específi-
cos são exemplos claros que nos permitem
visualizar a questão.
O professor João Dutra era doutor em
sua área e atuava há anos na docência
do ensino superior, porém ao ser con-
vidado para ministrar uma disciplina
de um curso online ficou receoso, mas
decidiu aceitar o desafio.
Sua maior dificuldade foi adaptar-se ao
modelo exigido pela Instituição, pois
ele estava adaptado a produzir as pro-
vas e atividades que seriam aplicadas
para os alunos individualmente, porém
na modalidade a distância ele perce-
beu que a produção do conhecimento
se dá de forma coletiva, ou seja, ele
não é mais o detentor do saber, seus
materiais eram revistos e analisados
por diversos profissionais como coor-
denador do curso, tutores, designers
educacionais, etc., bem como pelos
próprios estudantes, que podem inte-
ragir e contribuir para a formação do
conhecimento por meio dos conheci-
mentos e vivências adquiridas.
Isso deixou o professor, inicialmen-
te, incomodado, porém o fez refletir
que os tempos estão mudando e que
a produção do conhecimento não é
imutável, engessada, mas pode ser
enriquecida com a participação de
vários atores que, por meio de suas
experiências e aprendizados individu-
ais, contribuem para a formação de
uma sociedade mais crítica e menos
individualista.
Fonte: O nome é fictício e o texto foi
elaborado pela autora.
 Pós-Graduação | Unicesumar
19

Nestes ambientes virtuais, indivíduos geograficamente distantes,

com experiências culturais diversas, interagem permanentemente
ampliando a percepção dos problemas propostos e enriquecendo
o debate por meio da “inteligência coletiva” e, dessa forma, o distan-
te, o outro, segundo Levy:

(...) não é mais um ser assustador, ameaçador: como eu, ele ignora bas-
tante e domina alguns conhecimentos. Mas como nossas zonas de
inexperiência não se justapõem ele representa uma fonte possível de
enriquecimento de meus próprios saberes. Ele pode aumentar meu
potencial de ser, e tanto mais quanto mais diferir de mim. Poderei as-
sociar minhas competências às suas, e tal modo que atuemos melhor
juntos do que separados (1998, p.27).
Dessa forma, fica claro que as novas tecnologias e a interatividade não
anulam o indivíduo, mas, ao contrário, possibilitam que as suas expe-
riências e sua voz sejam ampliadas. Isto ao mesmo tempo em que o
sujeito acessa outras experiências e pode atuar em conjunto na re-
solução de problemas. No caso da produção de materiais didáticos,
quanto mais o material possibilitar esta interatividade melhor será o
desenvolvimento do aluno que dele se utilizar em seus estudos.
Planejamento e Produção de Materiais e o Processo de Ensino-Aprendizagem em EAD
20

As novas formas de produção

do saber e a educação a
distância

A
s palavras-chave para se tratar de
EAD são: colaboração, cooperação,
coparticipação3, pois implicam ex-
De acordo com dados do Censo da
trapolar uma visão bancária de educação, ou ABED (Associação Brasileira de Edu-
cação a Distância) de 2012, o número
seja, o professor é o detentor do conhecimen-
de matrículas na modalidade foi de
to, cabendo aos educandos a memorização 5.772.446, sendo 5,8% nas disciplinas
de EAD dos cursos presenciais autori-
dos conteúdos oferecidos, a ação do pro-
zados, 19,8% dos cursos autorizados e
fessor resume-se a depositar ou transferir 74,4% dos cursos livres. Em relação ao
número de matrículas de 2011 houve
conhecimentos (FREIRE, 1987). A educação
um aumento de 52,5% das matrículas
a distância consiste em deslocar-se da pe- em EAD.
Fonte: Censo EAD Brasil 2012. ABED.
dagogia da transmissão/depósito para a
pedagogia do diálogo, pois esses sistemas
de aprendizagem possibilitam a construção
de conhecimentos pautados nas ideias de autonomia e colaboração.
3 As reflexões aqui realizadas foram apresentadas no IX congresso nacional Segundo Dias e Silva (2005, pp. 171-2), o edu-
de Educação – EDUCERE/PUC-PR. Disponível em: <www.pucpr.br/eventos/
educere/educere2009/anais/pdf/2865_1873.pdf>. cador precisa agir como um “provocador de

experiências” que resultem na produção/
construção dos saberes por meio de uma pro-
gressiva consciência de que ser humano é ‘ser
inacabado’, é o estar em permanente ‘estado
de busca’ [...]”. Nas palavras de Chermann e
Bonini (2000, p. 26):
No ensino a distância o aluno é o cento
do processo de aprendizagem e deve ser
levado a desenvolver habilidades para o
trabalho independente, para a tomada
de decisões e esforço auto-responsável;
o professor nada mais é que um tutor,
um agente facilitador da aprendizagem.
Ele, como já vimos, deve desenvolver no
aluno a capacidade de selecionar informa-
ções, de refletir e decidir por si mesmo. É
preciso lembrar que o professor deve ser,
antes de mais nada, um eterno estudan-
te, pois não é o dono do conhecimento;
ele é, sim, melhor conhecedor dos cami-
nhos que levam a esse conhecimento
(grifo nosso).
Acrescentamos que para proporcionar um
melhor aproveitamento da prática educativa,
na modalidade EAD, é preciso uma refle-
xão acerca das metodologias utilizadas e é
preciso ainda, pensar sobre como está sendo
realizada a formação dos profissionais atuan-
tes nesta modalidade de ensino, professores,
tutores presenciais e a distância, coordenado-
res de polos, técnicos em informática. Ou seja,
Pós-Graduação | Unicesumar
21
não basta a disponibilização de equipamen-
tos tecnológicos de qualidade; precisamos,
também, de uma equipe preparada para o
trabalho e o manuseio do material didático
que será o suporte para o curso. Nesta pers-
pectiva, um profissional desempenha um
papel peculiar e importante: o professor-tutor.
Uma determinada instituição de en-
sino superior que já possuía uma boa
reputação, se tratando de ensino pre-
sencial, decidiu investir no ensino a
distância e inicialmente credenciou-se
para oferecer dois cursos de graduação
e um de pós-graduação.
Porém, ao iniciar os trabalhos, ficou
evidente a necessidade de se formar
uma equipe multidisciplinar para con-
tribuir no processo de ensino/aprendi-
zagem e uma melhor capacitação dos
professores e tutores responsáveis por
atender aos alunos. A maior dificulda-
de estava na produção dos materiais
didáticos que exigiam certas especifi-
cidades, na capacitação e treinamento
dos professores e tutores em estúdio.
Com isso, foi formada uma equipe que
contava com jornalista, editor, diagra-
mador e design instrucional que tinha
a incumbência de trabalhar em con-
junto afim de tornar os materiais mais
atrativos e dialógicos e de capacitar os
professores para uma melhor desen-
voltura durante as aulas em estúdio.
Fonte: Elaborado pela autora.
Planejamento e Produção de Materiais e o Processo de Ensino-Aprendizagem em EAD
22
Para analisarmos o papel que o professor-
tutor desempenha na Educação a Distância
é prudente que compreendamos o sistema
comunicativo em que as personagens en-
volvidas com a educação a distância estão
imersos. Nesse sentido, teceremos algumas
considerações a respeito da ideia de rede,
elemento fundamental para nossas análises.
Entendemos que:
O conceito de rede (...) recobre três níveis
misturados de significações: em seu ser,
ela é uma estrutura composta de elemen-
tos em interação; em sua dinâmica ela é
uma estrutura de interconexão instável
e transitória; e em sua relação com um
sistema complexo ela é uma estrutura es-
condida cuja dinâmica supõe-se explicar
o funcionamento do sistema visível. (...)
ela é ao mesmo tempo o vínculo entre
diversos estados de um todo e o vínculo
da estrutura de um todo com o funciona-
mento de um outro. Graças à rede, tudo é
vínculo, transição e passagem, a ponto de
confundirem-se os níveis que ela conecta
(MUSSO, 2004 p. 32).
Os três níveis mencionados pelo autor são
importantes para nossas análises na medida
em que sua interpretação não restringe a
ideia de rede exclusivamente às questões
de avanço tecnológico. Ainda que esse ele-
mento seja um componente importante
para o que estamos tratando, sua contribui-
ção se torna mais profícua na medida em
que ela denota, também, uma filosofia. Ao
aceitarmos a premissa de que na educação
a distância temos elementos em interação,
admitimos, do ponto de vista pedagógico, a
ideia de que, para além dos profissionais en-
volvidos os alunos também são portadores
de especificidades.
A Instituição que tem como objetivo
alcançar um ensino de excelência deve
primar pela qualidade dos materiais
disponibilizados para os alunos e in-
vestir em capacitação constante para
seu quadro de colaboradores, sejam
eles conteudistas ou técnicos.
Fonte: os autores.
Ao consideramos essa primeira questão
podemos afirmar, também, que o papel do
tutor não pode ser visto como elemento li-
mitador dos debates propostos. Ainda que
ele se volte para os conteúdos programáti-
cos estabelecidos para o curso, a dinâmica da
rede em que o processo educativo se desen-
volve colabora para definir seu papel como
um mediador. Essa mediação não se limita-
ria a facilitar a interação dos alunos com a
instituição, com os professores e com o co-
nhecimento. Sua função seria, também, a
de estimular e facilitar a interação entre os
alunos. Nesse processo, como a citação acima
explicita, na rede tudo se realiza por meio
de vínculos em que os níveis ao se conecta-
rem, muitas vezes, também se confundem. E
esse processo complexo e dinâmico permite
aos envolvidos na educação a distância uma
percepção de seus papéis para além de uma
estrutura rígida e definitiva.

Considerações finais
A produção do conhecimento entendida
como um processo de trabalho coletivo tem
implicações na educação formal, sobretudo
nos cursos ofertados na modalidade a dis-
tância. E para que nosso trabalho alcance os
objetivos almejados é fundamental refletir-
mos sobre os conceitos que devem subsidiar
nossa prática.
A interação está presente em todos os
âmbitos da nossa vida, por isso é importante
pensar na maneira como os materiais produzi-
dos para o EAD estão tratando desta questão
e verificar se realmente o aluno está tendo
condições de interagir com o material, seu
professor e colegas de maneira satisfatória.
O ensino a distância inovou também
na maneira de se produzir e oferecer co-
nhecimento, pois o professor não é mais o
detentor do conhecimento, por isso é im-
portante que os novos papéis estejam claros
para todos os envolvidos no processo, sejam
Pós-Graduação | Unicesumar
23
eles professores, técnicos, tutores ou alunos,
pois a colaboração e a integração fazem parte
da rotina de trabalho destes profissionais no
EAD.
Também é importante lembrar que ao se
iniciar o planejamento do material didático
deve-se ter atenção à metodologia utilizada,
pois ao tratarmos de EAD a prática socioin-
teracionista deve se fazer presente em todas
as instâncias, especialmente na elaboração
destes materiais, pois é preciso oferecer ao
aluno subsídios que o façam questionar e
buscar outras formas de conhecimento e
fazê-lo um ser integrante do processo ensino/
aprendizagem.
Apesar dos elementos trabalhados nesta
unidade estarem presentes em nosso cotidia-
no, o objetivo principal é que direcionemos
as reflexões realizadas para a nossa atuação
profissional, ou seja, no trabalho com o plane-
jamento e a produção de materiais didáticos.
Planejamento e Produção de Materiais e o Processo de Ensino-Aprendizagem em EAD
24

Atividades de autoestudo
1. O que você entende por inteligência coletiva? Como ela interfere
na organização da sociedade contemporânea?
2. Quais relações podem ser estabelecidas entre a educação a
distância, a interatividade e a inteligência coletiva?
3. Como você analisa o nosso papel, enquanto cidadãos imersos
nesse contexto com altas potencialidades comunicativas e,
portanto, de troca de experiência para a solução dos problemas
contemporâneos?
 Pós-Graduação | Unicesumar
25

Livro
Título: A Inteligência Coletiva
Autor: Pierre Levy
Editora: Loyola
Sinopse: Neste livro, Pierre Lévy nos convida a pensar, além do impacto
das técnicas sobre a sociedade, em termos de projeto. Os novos meios de
comunicação permitem aos grupos humanos pôr em comum seu saber e
seu imaginário. Forma social inédita, o coletivo inteligente pode inventar
uma democracia em tempo real, uma ética da hospitalidade, uma esté-
tica da invenção, uma economia das qualidades humanas. O autor situa
o projeto da inteligência coletiva em uma perspectiva antropológica de
longa duração. Depois de ter sido fundados na relação com o cosmos e
na inserção no processo econômico, a identidade das pessoas e o vínculo
social poderiam expandir-se no intercâmbio de conhecimentos.
Gestão de Negócios
26

PLANEJANDO O TEXTO DIDÁTICO ESPECÍFICO OU O GUIA DIDÁTICO

PARA A EAD
Maria Lúcia Cavalli Neder
(…) É interessante que, ao refletirmos sobre a produção de material didático,
pensemos nos tipos de texto, associados à natureza das linguagens utilizadas.
Se verbal: oral ou escrita. Se não verbal: todas as formas (signos) – olhares,
gestos, expressões faciais, cores, luzes, ruídos, desenho, fotos, pintura, sons
etc. Igualmente também as mídias de que dispomos para veiculá-los.
A escolha da natureza do texto, de sua tipologia e dos meios a serem utilizados
para sua veiculação deve estar associada ao currículo do curso que se quer cons-
truir, sua proposta teórico-metodológica. O importante é que tenhamos claro
que, em qualquer proposta de ensino, devemos trabalhar com uma pluralida-
de de textos, com objetivos e perspectivas diferenciadas. Para uma classificação
mais simples, podemos designá-los de textos-base e textos de apoio.
O objetivo do texto-base deve ser não só o de garantir o desenvolvimento de
conteúdo básico indispensável ao andamento do curso, mas também o de
abrir oportunidade para o processo de reflexão-ação por parte dos alunos.
Nesse sentido, o texto deve possibilitar ao aluno, por meio de um processo
dialógico, construir seu conhecimento sobre a área ou tema em foco.
O conteúdo selecionado para ser trabalhado nos textos-base deve servir
como dinamizador curricular, permitindo, sempre que possível, a relação
teoria-prática por parte do aluno. É importante que, nesses textos conside-
rados marcadores curriculares, haja definição de objetivos e esclarecimento
sobre sua organização, somados a sugestões de tarefas e pesquisas, com a
intenção de aprofundamento teórico na área de conhecimento trabalhada,
além de uma indicação bibliográfica de apoio. Os textos-base podem ser
produzidos pelos professores responsáveis pelas áreas de conhecimento ou
por disciplinas trabalhadas no curso, com objetivos muito bem-determina-
dos, ou podem, ainda, ser textos de outros autores considerados relevantes
para a compreensão e a discussão que se queira alcançar.
No caso de optarem por textos de outros autores, os professores responsá-
veis pelas disciplinas ou por áreas de conhecimento se apresentam como
mediadores do processo do diálogo entre autor e leitor (aluno) do texto se-
lecionado. Essa mediação pode ser feita mediante um guia didático, cuja
função é auxiliar o aluno em seu processo de leitura e compreensão do
texto estudado.
Você seria capaz de identificar ou citar as características essenciais de um
guia didático? (em caso positivo, não esqueça de registrar em seu caderno
de anotações).
Ensinar um aluno, por meio da autoaprendizagem, como você sabe, por
sua vivência nesse curso, é bem diferente do ensino convencional, em que
a maioria dos textos é trabalhada oralmente pelo professor, oportunidade
em que o aluno pode ir sanando suas dúvidas, imediatamente, com a pre-
sença do professor.
 Pós-Graduação | Unicesumar
27

Por este motivo, ao selecionar os textos que serão trabalhados e, ainda, ao

planejar e elaborar os guias didáticos que servirão de apoio para os alunos,
os professores, ou a equipe responsável pelo ensino, devem ter muito claros
os objetivos do estudo de determinado conteúdo, na perspectiva do projeto
do curso e da concepção de currículo adotada.
Além disso, os professores devem ter presente que tudo que deveria ser
dito ou trabalhado em uma sala de aula convencional com a presença do
professor deve ser levado em consideração no planejamento de ensino por
meio da autoaprendizagem.
Como a preocupação de alguns é com a produção de material impresso,
nos deteremos, a partir de agora, nessa tipologia.
Rowntree (1999), discorrendo sobre essa questão, diz que o professor faz
uma “tutoria no papel” e, por esse motivo, deve buscar:
• ajudar o aluno a trabalhar o conteúdo selecionado, destacando algumas
partes e ou repetindo outras, quando achar que é importante o destaque;
• dizer-lhes o que necessitam fazer para trabalhar com o material; estabe-
lecer claramente os objetivos à luz do estudo que vai ser desenvolvido;
• explicar o conteúdo de tal maneira para que os alunos possam relacioná-
-los com o que já sabem;
• animá-los reiteradamente para que realizem o esforço necessário para a
aprendizagem do conteúdo trabalhado;
• provocar situações, através de tarefas, questionamentos e exercícios que
estimulem os alunos a buscar outras fontes de consulta para aprofunda-
mento do conteúdo trabalhado;
• dar condições para que os alunos possam ir acompanhando seu próprio
processo de aprendizagem.
• Audiência: para quem foram escritos? é sua audiência suficientemente pa-
recida com a dos alunos que se têm em perspectiva?
• Objetivos: são os objetivos didáticos suficientemente parecidos com os
que propomos para os alunos do ensino convencional?
• Início: que conhecimentos prévios são necessários para o estudo do texto
selecionado?
• Extensão: o tema se revela apropriado para os alunos? É suficientemente
amplo, profundo, preciso e atualizado?
• Enfoque didático: ensina ou simplesmente atua como referência de reforço
de algo aprendido em outro lugar? Está orientado para estudantes que
trabalham sem a presença constante do professor ou do tutor?
• Estilo: o estilo do material se ajusta aos alunos? É atrativo, tem uma boa
estrutura textual? É interessante? (...)
Fonte: Extraído de http://www.uab.ufmt.br/uab/images/livros_downlo-
ad/material_didatico_para_ead_processo_de_producao.pdf. Acesso em
20/06/2014.
Gestão de Negócios
28

relato de
caso

A professora Marta fez graduação e mestrado em uma Universidade pública

bastante tradicional e, durante seus estudos, sempre repudiou a educação
a distância, pois a seu modo de ver esta modalidade servia apenas para
vender diplomas e não agregava conhecimento. Ela chegava até mesmo
a alimentar um certo preconceito aos profissionais que se sujeitavam a dar
aulas na EAD.
Porém, ao concluir o Mestrado, viu-se sem grandes perspectivas profissionais,
pois possuía pouquíssima prática e a maioria das instituições onde procu-
rou emprego a rejeitou justamente pela falta de experiência. Foi então que
surgiu a oportunidade de produzir um livro para uma grande Universidade
que estava investindo em EAD e, até onde ela sabia, estava conseguindo al-
cançar ótimos resultados no ENADE.
A professora decidiu então aceitar o convite e, mesmo sentindo-se pouco
à vontade, procurou conhecer a metodologia utilizada nesta Instituição.
Ela então ficou perplexa ao conhecer a estrutura oferecida pela Instituição
para o ensino a distância e todo o aparato tanto tecnológico quanto de
pessoal que era despendido visando a uma boa prática pedagógica. Ao
escrever o livro ela recebeu a orientação de vários profissionais e pode, in-
clusive, contar com a colaboração de outro professor que possuía doutorado
na mesma área para enriquecer o material.
Foi assim que Marta iniciou sua carreira na Instituição e chegou até a coor-
denação de cursos. Hoje ela é uma entusiasta, pesquisadora da EAD e uma
grande defensora da modalidade.
Fonte: Os nomes são fictícios e o texto foi elaborado pela autora.
Pós-Graduação | Unicesumar
29
 2
A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO E DO GEREN-
CIAMENTO COMO FERRAMENTA PARA O TRABALHO
COLABORATIVO EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Professor Me. Marcos Pereira Coelho / Professora Esp. Nalva Moura
Objetivos de Aprendizagem
• Analisar a importância do planejamento e do ge-
renciamento dos projetos em EAD objetivando o
aperfeiçoamento do processo de ensino e aprendiza-
gem e a produção de materiais didáticos audiovisuais
• Compreender o papel da interação como fundamen-
to para o planejamento e a produção de materiais
destinados à educação a distância.
Plano de estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará
nesta unidade:
• Como planejar e gerenciar a produção de material
didático em educação a distância
• A interação como elemento fundamental para o
planejamento e a produção de materiais em edu-
cação a distância, tendo em vista o processo de
ensino-aprendizagem
• A produção de materiais didáticos audiovisuais e as
possibilidades de ensino e aprendizagem
Caros(as) alunos (as), os cursos ministrados na modalidade a distân-
cia apresentam um alto grau de complexidade. A quantidade de
pessoas envolvidas em todo o processo é elevado, envolvendo pro-
fissionais técnicos, que trabalham na operacionalização do curso,
professores e, é claro, vocês acadêmicos. Mas, este, não é o único
desafio que enfrentamos em nosso cotidiano de trabalho e estudo,
precisamos considerar, também, a distância física dos alunos em
relação à instituição promovedora do curso. Este elemento desa-
fiador deve ser considerado por todos os envolvidos na produção
do material didático a ser utilizado. No entanto, o mesmo não deve
ser visto como um limitador no processo de ensino-aprendizagem,
mas, ao contrário, um amplificador das possibilidades de diálogo e
da autonomia dos acadêmicos na construção do conhecimento.

Para que trabalhemos de maneira positiva, com vistas a atingir os

objetivos estabelecidos, a equipe que irá coordenar a produção
do material precisa estar completamente integrada, o que exige
planejamento, gerencialmente e, sobretudo, uma constante comu-
nicação entre todos os membros. Considerando esses elementos
teremos, como primeiro item desta unidade, uma discussão voltada
a tais exigências.

Como já afirmamos no parágrafo anterior, a produção do material

didático deve considerar as especificidades da EAD, ou seja, priori-
zar uma linguagem dialógica e estimulante, que possa suprir, sem
prejuízos acadêmicos, a ausência e a exigência do comparecimento
diário dos acadêmicos no espaço físico da instituição. É justamen-
te esse aspecto que trataremos no segundo item.

Por fim, no terceiro item, abordaremos alguns aspectos funda-

mentais para a produção dos materiais didáticos audiovisuais e
o seu potencial facilitador do processo de ensino-aprendizagem.
Entendemos que tais recursos permitem a simulação e a amplia-
ção da realidade e podem, inclusive, ser reutilizados repetidas vezes
após a sua disponibilização nos ambientes virtuais de aprendizagem.
Planejamento e Produção de Materiais e o Processo de Ensino-Aprendizagem em EAD
32

COMO PLANEJAR E GERENCIAR

A PRODUÇÃO DE MATERIAL
DIDÁTICO EM EDUCAÇÃO
A DISTÂNCIA

C
aro (a) acadêmico(a), quando pensa-
mos em nossa prática na educação
a distância temos sempre em vista a
qualidade do processo de ensino e aprendi-
zagem. Ou seja, que a educação cumpra a
função social que lhe foi atribuída: possibili-
tar o pleno exercício da cidadania por meio
da apropriação dos conteúdos necessários
para a vida social, para o trabalho e para a
atuação política.
Para que tais objetivos sejam cumpri-
dos satisfatoriamente, concordamos com
a necessidade de um material didático de
qualidade, que priorize o diálogo e res-
peite a autonomia do aluno. No entanto,
um elemento é fundamental e antecede o
que mencionamos anteriormente: a priori-
dade do planejamento e da competência
gerencial para que o projeto proposto de-
sempenhe o papel que os alunos esperam
do curso. Neste sentido, entendemos que
o planejamento é:
O fio condutor da EAD, pois, nessa modali-
dade de ensino-aprendizagem, o estudante
é o centro do processo, obrigando a um
planejamento detalhado das etapas de
pré-produção, produção e pós-produção
do curso. Considerando que EAD como
uma modalidade de ensino-aprendiza-
gem mediada por tecnologias, na qual os
alunos e professores estão, muitas vezes,
em espaços e temos distintos, deve haver
uma organização detalhada, incluindo
testes de carga de equipamentos, am-
biente virtual de aprendizagem e demais
estruturas disponíveis no desenho educa-
cional pretendido (SPANHOL, 2008, p. 412).
Pós-Graduação | Unicesumar
33
Ficou evidente, na citação do autor, que o
planejamento é essencial para a EAD, princi-
palmente se considerarmos que as pessoas
envolvidas com o projeto estão, muitas vezes,
geograficamente dispersas. Esse afastamento
geográfico, no entanto, não compromete os
objetivos comuns dos envolvidos no processo.
O planejamento na produção de ma-
teriais é fundamental para o EAD, pois
qualquer imprevisto ou atraso durante
o processo pode ocasionar prejuízos
ao sujeito mais importante: o próprio
aluno.
Fonte: A autora.
É justamente o planejamento e o geren-
ciamento que vai garantir que os objetivos
sejam estabelecidos de maneira conscien-
te e exequível, de maneira a garantir que
sejam atingidos por todos e independente
da localidade em que cada um se encontra.
Neste cenário complexo não há lugar para a
improvisação: é fundamental estabelecer ins-
titucionalmente o que se quer para o futuro e
quais os caminhos a serem percorridos para
atingir os objetivos anteriormente propostos.
Assim, o planejamento deve ser entendido
como um processo que:
(...) visa a dar respostas a um problema, es-
tabelecendo fins e meios que apontem
para sua superação, de modo a atingir
objetivos antes previstos, pensando e
Planejamento e Produção de Materiais e o Processo de Ensino-Aprendizagem em EAD
34
prevendo necessariamente o futuro, mas
considerando as condições do presente,
as experiências do passado, os aspectos
contextuais e os pressupostos filosófico,
cultural, econômico e político de quem
planeja e com quem se planeja (PADILHA,
2001, p. 63).
Já o gerenciamento, normalmente, é mais in-
dividualizado, ou seja, a pessoa responsável
por gerenciar a produção do material didáti-
co, seja ele um professor, um técnico ou um
gerente propriamente dito, não participa de
maneira efetiva da produção, no entanto,
trabalha no sentido de manter a interação
entre as partes e buscando reduzir os riscos
de que o trabalho fracasse.
A esta altura da nossa conversa já ficou
evidente o significado e a importância do pla-
nejamento para o sucesso de um projeto em
EAD. Convém apenas lembrar que a ênfase
deste livro é voltada ao planejamento e a
produção do material didático. Portanto, a
gestão desse elemento merece considera-
ções particulares, ainda que o mesmo esteja
articulado com o todo, ou seja, com o projeto
de um curso em EAD:
Em EAD o conceito de gestão assume força
central e singular no processo de elabora-
ção dos materiais que contemplam todas
as possibilidades didático-pedagógicas
do curso. Pois, na concepção de uma pro-
posta de curso na modalidade à distância
a preparação do material é uma etapa de
extrema importância (...). Nesse sentido,
no processo de elaboração de materiais
didáticos para EAD, a gestão tem como
implicação fundamental a necessidade
de compreensão das diferentes funções
de cada um dos envolvidos. Numa equipe
multidisciplinar, os focos de pesquisa e
análise não permanecem apenas as ativi-
dades sob a responsabilidade dos líderes
e/ou coordenadores. Mas, dizem res-
peito às competências de cada um nas
diversas etapas de revisão e reelaboração
que se desdobram em ciclos sucessivos
(MALLMANN; CATAPAN, 2007, pp. 66-67).
Determinada Instituição, localizada no
estado do Paraná, que oferece cursos
a distância há oito anos, ao levantar
algumas informações solicitadas pela
equipe de Marketing para o desenvol-
vimento de uma campanha, chegou
aos seguintes números relacionados
aos materiais impressos e audiovisuais
produzidos desde seu credenciamento
até o primeiro semestre de 2014:
Aproximadamente 210 livros publica-
dos.
Aproximadamente 230 mil livros distri-
buídos para os alunos em todo o país.
Aproximadamente 5000 gravações e
edições de aulas nos estúdios.
Fonte: Adaptado pelos autores, dados
verídicos.
Nesta perspectiva é importante subli-
nhar que o ato de planejar exige clareza e,
para isso, a resposta a algumas questões e
o estabelecimento e alguns princípios que
nortearão o trabalho:
• Quais os objetivos a serem atingidos com
o material didático a ser produzido?
• Que tipo de mídia será utilizada na
produção do material?

• Quais profissionais são capacitados e
habilitados para a elaboração do material?
Como a instituição terá acesso a tais
profissionais?
• Ter clareza sobre a importância de um
material dialógico no processo de ensino
e aprendizagem em EAD.
• Estabelecer um cronograma de trabalho.
Para responder a estas perguntas é impres-
cindível contar com um profissional que tem
como responsabilidade principal a de de-
senvolver soluções educacionais voltadas
a atender a realidade de cada Instituição e,
especialmente, aos alunos desta. O design
instrucional ou design educacional é a:
“Ação intencional e sistemática de ensino
que envolve o planejamento, o desenvolvi-
mento e a aplicação de métodos, técnicas,
atividades, materiais, eventos e produtos
educacionais em situações didáticas es-
pecíficas, afim de promover, a partir dos
princípios de aprendizagem e instrução
conhecidos, a aprendizagem humana.”
(FILATRO, 2008, p. 3)
O designer instrucional ou educacional é o
profissional que deve participar de toda a ela-
boração e estruturação do curso, pois com
isso conseguirá identificar as necessidades
educacionais que devem ser atendidas para
o público-alvo, ou seja, os alunos daquele
curso. Com este levantamento fica mais fácil
planejar e desenvolver os materiais didáticos
que serão disponibilizados e alinhar toda a
equipe que estará envolvida no processo.
Pós-Graduação | Unicesumar
35
A profissão de designer instrucional
ou designer educacional é bastante
nova, tendo sido regulamentada pelo
Ministério do Trabalho e Emprego em
2009 e foi incluída na CBO (Classifica-
ção Brasileira de Ocupações) neste
mesmo ano na categoria 2394: Pro-
gramadores, avaliadores e orientado-
res de ensino.
Fonte: Acesse as informações na ínte-
gra no site: http://www.acheseucurso.
com.br/artigo-sobre-regulamentacao-
do-designer-instrucional.aspx: Acesso
em 29 Jun. 2014.
Feito o planejamento a fase de execu-
ção do trabalho exigirá cuidados gerenciais
para que o mesmo seja produzido em tempo
hábil. Nunca é demais lembrarmos que um
prazo não cumprido pode provocar trans-
tornos a um elevado número de alunos que
dependem do material para a realização dos
seus estudos. Dessa forma, o coordenador
responsável pela produção do material deve
estar sempre “atualizando a comunicação
entre os agentes da equipe, acompanhando
o desenvolvimento das atividades e geren-
ciando o clima e relacionamento na equipe
de realização” (SPANHOL, 2008, 413).
Este coordenador geralmente conta com
uma equipe bastante heterogênea compos-
ta por profissionais de diferentes áreas, tais
como: conteudistas, designers educacionais,
revisores de textos, diagramadores, ilustra-
dores, web designers, entre outros, portanto
é fundamental que o trabalho se desenvol-
va de forma coesa e comprometida com o
Planejamento e Produção de Materiais e o Processo de Ensino-Aprendizagem em EAD
36
cumprimento dos requisitos e prazos pois,
como já citamos anteriormente, quaisquer
imprevistos podem ser prejudiciais a todo
A faculdade Gama, que oferecia cursos na
modalidade a distância há cerca de 6 anos,
passou a alcançar bons resultados e perce-
beu a necessidade de investir ainda mais na
qualidade dos materiais disponibilizados
para seus alunos. Ao contratar um coorde-
nador com uma vasta experiência na área
iniciou-se a formação de uma equipe de
designers educacionais, pois até o momento
a Instituição não contava com este profissio-
nal em seu quadro de colaboradores.
Porém o processo seletivo foi bastante ex-
tenso e dispendioso, pois ficou evidente que
este profissional ainda é raro no mercado
o processo e cabe a este coordenador ge-
renciar todas as etapas afim de evitar riscos
e garantir uma boa qualidade do material.
e os que possuem alguma experiência já
estão empregados. A universidade decidiu
então abrir oportunidade aos colaborado-
res internos que tivessem o interesse em
se especializar na área e ofereceu cursos e
palestras gratuitamente com o intuito de
capacitá-los para preencherem as vagas que
estavam sendo oferecidas.
Desta forma foi possível preencher as vagas
e criar até mesmo um banco de talentos que
teriam condições de ocupar futuras vagas
que poderiam ser oferecidas.
Fonte: Elaborado pelos autores, nome fic-
tício.

a interação como elemento
fundamental para o planejamento
e a produção de materiais em
educação a distância, tendo
em vista o processo de ensino
aprendizagem
C
aros (as) acadêmicos(as), quando pen-
samos na EAD e, particularmente na
produção de materiais, não podemos
perder de vista um conceito fundamental
para o sucesso do nosso trabalho: a interati-
vidade. Neste sentido, o conceito não deve
ser visto apenas como um elemento acadê-
mico distante da realidade, mas o próprio
princípio norteador das relações de traba-
lho no planejamento, no gerenciamento e
na produção de materiais e, mais que isso, o
material a ser produzido, seja ele audiovisu-
al ou impresso, deve facilitar a interação com
os acadêmicos, ou seja, deve caracterizar-se
por uma linguagem dialógica, que conside-
re o aluno como um ser autônomo, crítico e
capaz de construir significado.
A interatividade está presente em
todas as relações humanas, no entanto,
esta foi significativamente potencializada
a partir do desenvolvimento das tecnolo-
gias comunicacionais e informacionais. Este
desenvolvimento é importante e deve ser
visto em uma perspectiva contextualista, ou
Pós-Graduação | Unicesumar
37
seja, deve ser compreendido a partir das re-
lações estabelecidas entre os homens, entre
o homem e a produção do conhecimento,
de maneira que as formas tradicionais dão
lugar às novas possibilidades de proposição
e resolução de problemas:
Trata-se da crise e superação da matriz
epistemológica cartesiana. O paradigma
positivista acentuado pela visão newtonia-
na-cartesiana, que enseja a racionalidade,
a objetividade, a separatividade, a decom-
posição do todo em partes fragmentadas,
impulsionou para uma formação acadê-
mica reducionista (BEHRENS, 2006, p. 68).
Em nosso cotidiano, para além da formação
acadêmica, já observamos a interatividade
como um dos elementos fundamentais da
vida. Encontramos pessoas que não víamos
há anos, realizamos nossos trabalhos trocando
experiências pela internet entre outros. Mas,
é preciso destacar que a interatividade acon-
tece até mesmo quando não imaginamos.
Mesmo diante de um objeto inanimado, ou
Planejamento e Produção de Materiais e o Processo de Ensino-Aprendizagem em EAD
38
de uma paisagem, ou ainda frente a aparelhos
que emitem constantemente mensagem de
maneira “unilateral” a interação se apresenta
como algo inquestionável. Isso significa dizer
que nenhum ser humano é passivo frente a
uma mensagem emitida.
Mesmo sentado na frente de uma televi-
são sem controle remoto, o destinatário
decodifica, interpreta, participa, mobiliza
seu sistema nervoso de diversas manei-
ras, e sempre de forma diferente do seu
vizinho (LEVY, 2000, p. 79).
É claro que a forma de interatividade men-
cionada na citação acima é limitada e sempre
devemos ter em vista que o parâmetro para
avaliarmos o grau de interatividade de um
produto será sempre a possibilidade de re-
apropriação e de recombinação material da
mensagem por seu receptor. (LEVY, 2000).
Neste sentido, podemos afirmar que as tec-
nologias desenvolvidas no decorrer do século
XX e início do século XXI são a forma mais de-
senvolvida no que se refere à capacidade de
ampliação dessas possibilidades.
A interatividade na EAD é maior
do que nos cursos presenciais? Por
quê?
Podemos citar como exemplos dessas
tecnologias o telefone e a comunicação
em ambientes virtuais, como os utiliza-
dos nos programas de EAD. No caso da
primeira tecnologia, que é o telefone, sua
importância é fundamental para a socieda-
de contemporânea, pois o mesmo permite
o diálogo, a comunicação efetiva entre os
envolvidos na troca de mensagens e, com
o advento do celular, a interação pode se
realizar mesmo frente à mobilidade dos
comunicantes. Por outro lado, o desen-
volvimento da internet tem possibilitado
uma interatividade mais elevada no que
diz respeito ao número de pessoas que
podem ser envolvidas na comunicação
por meio de:
 Pós-Graduação | Unicesumar
39

Sistemas que permitem o acesso compartilhado e a distância a

documentos, fontes de informação ou espaços de trabalho nos aproximam
progressivamente da comunicação por um mundo virtual, até aqueles
que admitem uma ou mais imagens ativas das pessoas (...) a comunicação
por mundos virtuais é, portanto, em certo sentido, mais interativa que a
comunicação telefônica (LEVY, 2000, p. 81).

Assim, por meio do ciberespaço podemos ter
acesso a diversos recursos, tais como: banco
de dados, o correio eletrônico, a conferências
eletrônicas entre outros. Definido o concei-
to e a importância da interatividade é hora
de abordarmos, especificamente, a sua im-
portância para a produção de um material
didático interativo, independente da mídia
escolhida.
Neste sentido um conceito é funda-
mental: o diálogo. Todo material didático
voltado à EAD deve incitar a participação
dos educandos. Essa participação deve ser
constantemente estimulada a partir de
problematizações que considerem o aluno
como um ser ativo e que, portanto, poderá
buscar a resposta ou chegar a outras significa-
ções que estão além do material produzido.
Devem-se sugerir buscas em repositórios
virtuais, bibliotecas digitais, grupos de discus-
sões em redes sociais e no próprio ambiente
virtual de aprendizagem. Ao contrário do
modelo tradicional de material didático, cujo
conteúdo encerrava-se na última página do
livro, o material didático interativo deve ser
elaborado e fundamentado na premissa de
que ele é um ponto de partida para o desen-
volvimento do educando.
Planejamento e Produção de Materiais e o Processo de Ensino-Aprendizagem em EAD
40
A PRODUÇÃO DE MATERIAIS DIDÁTICOS
AUDIOVISUAIS E AS POSSIBILIDADES DE ENSINO E APRENDIZAGEM
C
aros(as) acadêmicos(as), trabalhamos
nos itens anteriores a forma como
o desenvolvimento tecnológico
ampliou significativamente as possibilidades
de produção e disponibilização de materiais
didáticos audiovisuais. Para nosso propósi-
to na disciplina, abordaremos os cuidados
com o planejamento, produção e dispo-
nibilização de videoaulas e a organização
de uma teleconferência ou aula ao vivo. As
duas ferramentas citadas são fundamentais
para a educação a distância atualmente, e,
já de início, gostaríamos de lembrá-los que
tais ferramentas são utilizadas em ambien-
tes virtuais de aprendizagem, como sistema
moodle. A preparação desses ambientes vir-
tuais será objeto da terceira unidade deste
livro.
O material didático audiovisual é uma
mídia com alto potencial no auxílio no pro-
cesso de ensino aprendizagem:
Ele possibilita explorar imagem e som, es-
timulando o aluno a vivenciar relações,
processos, conceitos e princípios. Esse
recurso pode ser utilizado pra ilustrar os
conteúdos trabalhados, permitindo ao
aluno visualizar situações, experiências e
representações de realidades não-obser-
váveis. Ele auxilia no estabelecimento de
relações com a cultura e a realidade do
aluno e é um excelente recurso para fazer a
síntese dos conteúdos. Deve-se privilegiar
a sua articulação com as outras tecnologias
utilizadas no curso, buscando a comple-
mentariedade dos conteúdos nas diversas
mídias e oferece, ao mesmo tempo, opor-
tunidade de uso das tecnologias no próprio
processo de ensino-aprendizagem (MEC,
S/D, p.07).
As potencialidades dos recursos didáticos
audiovisuais são inúmeras, mas, são neces-
sários alguns cuidados para que os mesmos
não sejam utilizados de modo tradicional.
No caso específico das videoaulas é funda-
mental que o professor tenha consciência
que na EAD o aluno tem um papel ativo no
processo de aprendizagem, de modo que as
videoaulas devam privilegiar a provocação, os
questionamentos e os novos olhares. Dessa
forma, é fundamental que o professor aten-
te-se para que seu trabalho consiga:
(...) criar e produzir produtos audiovisuais
que usem plenamente a linguagem au-
diovisual, fugindo do esquema expositivo/
sala de aula e procurando uma estética
narrativa/mundo. Estes produtos não vão
substituir o professor, e sim apoiá-lo de-
cisivamente no processo de Educação
à Distância, proporcionando exemplos
do mundo “lá de fora”, enriquecendo

visualmente os conteúdos, fornecen-
do imagens e sons capazes de tornar a
aula muito mais interessante. Sabemos,
contudo, que não é fácil produzir uma
peça.
Fonte: <http://www.logos.uerj.br/
PDFS/24/6_gerbase.pdf> Acesso em: 18
Jul. 2011.
Após alguns anos, certa Instituição
que oferece cursos a distância identi-
ficou a necessidade de diversificar as
videoaulas, pois estas contavam com
poucos recursos e cabia apenas ao pro-
fessor repassar o conhecimento, sem
recursos adicionais. Muitos professores,
apesar de ministrarem aulas a distância
a algum tempo, mostravam-se ainda
pouco à vontade frente às câmeras e
passavam muito tempo estáticos, o que
tornava a aula pouco enriquecedora.
Com isso foi contratado um jornalis-
ta, que passou a ter a incumbência de
capacitar melhor os professores em
estúdio e também de produzir mate-
riais audiovisuais para serem utiliza-
dos durante as aulas. Este profissional
passou a dialogar com os professores
e a produzir entrevistas, enquetes e vá-
rios vídeos externos relacionados aos
conteúdos discutidos em aula e que
mostravam a realidade que seria viven-
ciada pelos alunos após sua formação,
o que contribuiu significativamente
para o processo ensino/aprendizagem.
Assim, as aulas passaram a ser mais
atraentes e os educadores, mais fami-
liarizados à linguagem da comunica-
ção, passaram a sentir-se mais à vonta-
de no ambiente de estúdio e puderam
planejar melhor suas aulas utilizando
recursos que não estariam disponíveis
em uma sala de aula convencional.
Fonte: Elaborado pelos autores, base-
ado em fatos reais.
Pós-Graduação | Unicesumar
41
Dessa forma, o professor que está tra-
balhando a gravação de sua videoaula
deve utilizar recursos adicionais de vídeos,
imagens, gráficos entre outros, que represen-
tem outros “mundos” e possibilitem aos alunos
não apenas a compreensão do conteúdo,
mas, também, problematizá-lo. É importan-
te lembrar, também, que a utilização desses
recursos complementares sejam dosados de
maneira a não tornar o material confuso e di-
daticamente comprometido. Nos parágrafos
seguintes teceremos algumas considerações
sobre a teleconferência ou aula ao vivo, um
importante recurso didático para a EAD.
Gostaria de iniciar esta discussão a respei-
to da produção da videoconferência, ou aula
ao vivo, lembrando que esta pode desempe-
nhar, também, o papel de uma videoaula. Essa
afirmação baseia-se no fato de que muitas ins-
tituições que oferecem cursos na modalidade
a distância disponibilizam o material produzi-
do ao vivo nas plataformas virtuais, de modo
que os mesmos podem ser acessados a qual-
quer momento e repetidas vezes pelos alunos.
Mais uma vez, no que se refere à telecon-
ferência, ou aula ao vivo, a interatividade deve
ser o fundamento que permite uma relação
dialógica entre o professor e os educandos,
principalmente porque este recurso permite
o contato visual entre os envolvidos. Essa
constatação nos permite afirmar que as tradi-
cionais distinções entre o que é presencial e
o que é a distância diluem-se, uma vez que as
redes de telecomunicações e os suportes de
multimídia interativos estão integrando-se às
formas de ensino e aproximando professores
Planejamento e Produção de Materiais e o Processo de Ensino-Aprendizagem em EAD
42
e educandos fisicamente separados, muitas
vezes, por milhares de quilômetros de dis-
tância. Em seu conjunto, essas tecnologias
têm interferido não apenas nos cursos ex-
clusivamente a distância como, também, em
universidades com cursos presenciais:
Em muitas universidades brasileiras já é
possível ter nas disciplinas presenciais, em
paralelo à oferta de cursos a distância, a
incorporação de ferramentas da internet,
como o correio eletrônico para comuni-
cação extraclasse, páginas na web para
disponibilizar conteúdos e ambientes vir-
tuais de aprendizagem a fim de estender a
sala de aula além de seus limites físicos. Há
quem afirme que a EAD, longe de ser um
apêndice do ensino tradicional, passará a
ser, senão a regra, o agente impulsionador
de mudanças (CRUZ, 2008, p. 87).
No caso da videoconferência, a sua origem
não está diretamente ligada à educação. Essa
importante ferramenta didática difundiu-se, pri-
meiramente, no meio empresarial e objetivava
a comunicação em reuniões de negócios, cujos
participantes encontravam-se geograficamente
distantes da sede da empresa. Sua importân-
cia na EAD pode ser explicada pelo fato de que
entre as mídias utilizadas nesta modalidade de
ensino a teleconferência é que permite:
Aos participantes situados em dois ou mais
lugares geograficamente distantes possam
realizar uma reunião sincrônica com imagem
e som, por meio de câmeras, microfones e
periféricos como, CD-ROM, pen drive, vídeo
e computador como base para apresenta-
ção de slides, internet etc. (CRUZ, 2008, p. 87).
Para que possamos compreender melhor
a importância da teleconferência precisa-
mos relembrar que a principal característica
dos alunos na EAD é o papel ativo que o
mesmo desempenha na construção do co-
nhecimento. Neste sentido, por acontecer
ao vivo e exigir a participação dos envolvi-
dos esta ferramenta didática colabora para o
rompimento da passividade que comumen-
te temos frente ao vídeo.
Por outro lado, a ferramenta exige do pro-
fessor algum conhecimento técnico para que
o trabalho transcorra com tranquilidade, ou
seja, para trabalhar o conteúdo seleciona-
do o professor carece, também, de dominar
algumas questões básicas referentes ao ma-
nuseio dos equipamentos. É necessário que
o professor conheça alguns procedimentos
referentes a operação dos microfones, o po-
sicionamento frente às câmeras e algumas
técnicas básicas de comunicação que facili-
tem seu trabalho e a interação com os alunos.
Do ponto de vista prático, a condução de
uma teleconferência exige a observação de
algumas regras importantes e que podem
contribuir para o sucesso do trabalho no que
se refere à comunicação e o comportamen-
to durante a realização da mesma. É claro
que bons cursos em EAD possuem equipes
próprias para auxiliarem na organização e na
condução da teleconferência, no entanto,
o conhecimento do professor de algumas
dessas técnicas pode enriquecer o trabalho,
gerar menos ansiedade e evitar surpresas
negativas, como a incompatibilidade de for-
matos de vídeos com os softwares disponíveis

na instituição. Portanto, apresentamos abaixo
algumas considerações importantes e que
podem servir como base para o planejamen-
to e a condução de uma vídeoconferência
ou aula ao vivo:
1. Antes de iniciar, verificar os ajustes de
posicionamento de câmera, centralizar
na pessoa que estiver com a palavra.
Ajustar os níveis de áudio dos microfones
perguntando aos participantes remotos
se eles conseguem ouvir com clareza o
que está sendo transmitido.
2. Testar os recursos visuais adicionais
que serão utilizados na reunião antes
do início da videoconferência, quer
sejam câmeras auxiliares, apresentações
eletrônicas de slides, filmes gravados
em DVD, VHS.
3. A o iniciar uma reunião por
videoconferência, todos os participantes
devem se apresentar informando
o próprio nome e o local de onde
participa.
4. Durante a videoconferência, caso se
esteja utilizando o modo Multicast
Interativo (somente uma localidade
transmitindo áudio e vídeo por vez),
utilizar o código verbal “- Passo a palavra”
ou “- Retorno a palavra” ao término da
fala, indicando ao operador que estiver
controlando a videoconferência que a
transmissão de áudio e vídeo já pode
ser passada para outra sala.
5. Para evitar distrações provocadas por
ruídos paralelos, desligar os aparelhos
como celulares, pagers e outros que
Pós-Graduação | Unicesumar
43
produzam sons eletrônicos durante
a reunião. Devido à alta sensibilidade
dos microfones, as conversas paralelas
enquanto o interlocutor estiver falando
também são detectadas e transmitidas,
por este motivo devem ser evitadas.
6. As pessoas que estiverem com a
palavra devem olhar diretamente para
a câmera como se estivessem olhando
para os participantes remotos. Em uma
videoconferência, a linguagem corporal
se torna muito importante.
7. Em uma videoconferência, evitar o
uso de roupas listradas, recomenda-se
roupas com cores claras, sem muitos
detalhes de estampas.
8. É importante zelar pela pontualidade,
pois o atraso em uma localidade
significa o atraso da reunião inteira e de
todos os pontos remotos participantes
da videoconferência.
Fonte: <http://www.unesp.br/gti/vc/
normas/nt_comport.pdf> Acesso em:
19 Jul. 2011.
Convém lembrar, também, que outros
cuidados não mencionados na citação
acima devem ser observados. O profes-
sor deve primar pelo uso da linguagem
culta, sem, no entanto, cair na impesso-
alidade ou na apresentação objetiva do
conteúdo. A relação com o público deverá
ser sempre dialógica e instigadora e co-
erente, do ponto de vista teórico, com a
proposta político pedagógica do curso
em questão.
Planejamento e Produção de Materiais e o Processo de Ensino-Aprendizagem em EAD
44
Considerações finais
Querido(a) aluno(a), nesta unidade apresenta-
mos alguns princípios básicos demonstrando
a importância do planejamento e do geren-
ciamento como elementos colaborativos
fundamentais na produção de materiais
didáticos, com ênfase para a produção de ma-
teriais audiovisuais. Apresentamos, também,
algumas recomendações e cuidados que
devem ser observados na organização de
uma teleconferência.
Instituições que oferecem cursos a
distância precisam dispor de profissionais
de várias áreas que precisam trabalhar de
forma coesa e colaborativa afim de cumprir
os cronogramas e prazos estipulados, por
isso é fundamental que o gerente ou coor-
denador responsável pela equipe deve se
comunicar de forma eficiente com estes
profissionais e ser um elo de ligação entre
as equipes envolvidas, garantindo assim
que o planejamento inicial tenha seus ob-
jetivos atingidos.
A equipe que produzir os materiais para
o EAD precisa conhecer todas as possibili-
dades e mídias que podem ser utilizadas e
garantir que tais recursos estejam em sinto-
nia com o conteúdo abordado.
Para finalizar, é importante destacar que
o desenvolvimento tecnológico é veloz e
que muitos dos recursos que hoje temos a
disposição para o trabalho em EAD podem
ser aprimorados ou mesmo substituídos em
um espaço relativamente curto de tempo.
Daí a necessidade de vocês buscarem o apri-
moramento constante no que se refere ao
tema trabalhado, sem, no entanto, abando-
nar alguns princípios fundamentais que se
fazem presentes em qualquer tecnologia uti-
lizada: o planejamento, o gerenciamento e
a interatividade.
 Pós-Graduação | Unicesumar
45

Atividades de autoestudo
1. A partir das ideias apresentadas nesta unidade elabore um texto,
de no máximo 20 linhas, expressando sua opinião a respeito
da importância do planejamento e do gerenciamento para a
produção dos materiais didáticos em EAD.
2. Cite três cuidados básicos que devemos ter antes mesmo de
iniciarmos a produção de um material didático voltado à EAD.
3. Nesta unidade tratamos, também, da importância da
interatividade na elaboração dos materiais didáticos voltados à
EAD. A partir da leitura da unidade e da sua experiência apresente
três argumentos favoráveis à interatividade como fundamento
para a educação na sociedade contemporânea.
Planejamento e Produção de Materiais e o Processo de Ensino-Aprendizagem em EAD
46

Web

Os professores João Mattar e José Moran, que são referência

nos estudos sobre EAD, discutem as metodologias inova-
doras para esta modalidade. Acesse o link: http://youtu.be/
pKi2K_xcTGM .

A EAD no Brasil: cenário atual e caminhos viáveis
de mudança
José Moran
A Educação a distância no Brasil encontra-se
em uma fase de mudanças rápidas, crescimento
quantitativo forte, em direções diferentes, depois
de um período – no ensino formal – de forte re-
gulação e controle.
A EAD, no ensino superior, cresce mais que o
presencial (12% x 3% respectivamente). A tendên-
cia é para o fortalecimento dos modelos online.
83,7% dos alunos estão em instituições priva-
das, onde há uma alta concentração: três delas
detêm mais de 40% dos mais de um milhão e
cem mil alunos (Censo MEC de 2011-2012). As
instituições públicas só têm 16,3% dos alunos e
nenhuma delas consegue um alcance realmen-
te nacional, porque a política do MEC privilegia
o atendimento regional de cada universidade.
Todas as instituições estão na berlinda, buscando
como se posicionar num cenário tão competiti-
vo e complexo. Os grandes grupos têm capital,
modelos padronizados, alta escalabilidade, fortes
investimentos em marketing, salários relativa-
mente baixos, custos diluídos e uma integração
cada vez maior com os cursos presenciais. Há
outros grupos privados, como os confessionais,
Pós-Graduação | Unicesumar
47
que procuram crescer com mais cuidado e tentar
manter o nível de resultados nas avaliações se-
melhante ao dos cursos presenciais. Muitas
instituições entraram com cuidado na EAD pelos
altos custos de manter polos, pela burocracia na
tramitação legal, por preconceitos ainda exis-
tentes e pela força da concorrência dos grandes
grupos. A maior parte das instituições privadas
ainda não entrou na EAD, está em dúvida do que
fazer, tentadas pelo crescimento expressivo da
área e a diminuição de crescimento no presencial.
Algumas começam a entrar na EAD para defen-
der-se nos territórios onde são conhecidas.
Nas instituições públicas há um crescimento e
consolidação crescentes, na formação de pro-
fessores, onde atuam mais de cem instituições
superiores federais (55 universidades federais, 29,
Estaduais e 17 Institutos Federais), mas ainda há
resistências internas, dificuldades no reconheci-
mento institucional. Também falta escalabilidade
(atuação conjunta nacional) e modelos mais flexí-
veis e integrados com os presenciais para poder
concorrer com os modelos privados maiores.
Fonte: Trecho retirado do artigo “A EAD no Brasil:
cenário atual e caminhos viáveis de mudança”
disponível em <http://www2.eca.usp.br/moran/
wp-content/uploads/2013/12/cenario.pdf>. –
Acesso em 05 Jul. 2014.
Gestão de Negócios
48

relato de
caso

Após alguns anos de vivência na modalidade a distância, o coordenador

responsável pela produção dos materiais do ensino a distância de certa
Universidade decidiu desenvolver um estudo visando a melhoria dos livros
que eram enviados aos alunos.
O material produzido até então era pouco atrativo, contava com uma lin-
guagem bastante técnica e possuía um design estático e sem elementos
que contribuíssem para despertar o interesse dos estudantes sobre os con-
teúdos apresentados.
Foi então que ele reuniu a equipe para um brainstorm (tempestade de ideias)
para discutir o que poderia ser melhorado. Todos então se empenharam e
começaram a buscar informações sobre o assunto e descobriram várias pos-
sibilidades para tornar o material mais interativo e didaticamente atrativo.
A equipe então desenvolveu um novo layout gráfico que sugeria mudanças
estruturais como: o uso de uma linguagem dialógica, inserção de elemen-
tos padrão que traziam informações adicionais ao conteúdo, fontes e grids
que facilitassem a leitura do material, qualidade do papel e material que
seria utilizado para impressão, dentre outros.
A proposta foi então apresentada para todas as equipes envolvidas na pro-
dução dos livros e aprovada por todos. Assim que o material começou a ser
distribuído para os alunos, a equipe passou a receber vários recados e men-
sagens elogiando o novo projeto e também relatando o quanto a leitura e
os estudos haviam se tornado mais fáceis e prazerosos.
Desta forma, todos ficaram satisfeitos e com o sentimento de dever cum-
prido, afinal o processo de design vai além de uma simples diagramação
ou tratamento de imagens, deve explorar todos os sentidos envolvidos na
leitura do material a ser produzido.
Fonte: Adaptado pelos autores, baseado em fatos reais.
Pós-Graduação | Unicesumar
49
 A IMPORTÂNCIA DOS AMBIENTES VIRTUAIS, DO

3 MATERIAL IMPRESSO E DAS BIBLIOTECAS E RE-

POSITÓRIOS VIRTUAIS NO PROCESSO DE ENSI-
NO-APRENDIZAGEM NA EAD
Professor Me. Marcos Pereira Coelho / Professora Esp. Nalva Moura

Objetivos de Aprendizagem
• Compreender o papel que os ambientes virtuais de-
sempenham no processo de ensino-aprendizagem
nos cursos oferecidos na modalidade EAD.
• O papel das bibliotecas e repositórios virtuais e do
material impresso para o processo de ensino-apren-
dizagem na EAD.
Plano de estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará
nesta unidade:
• A definição de ambientes virtuais de aprendizagem
e sua importância Didática na EAD: o moodle
• Os cuidados na produção no material impresso que
subsidiará o processo de ensino-aprendizagem
• A importância da articulação entre os materiais
didáticos utilizados na EAD para o processo de
ensino-aprendizagem
Caros(as) alunos(as), esta é a última unidade do nosso livro.
Abordaremos aqui a importância que os ambientes virtuais, o
material impresso, as bibliotecas digitais e os repositórios virtu-
ais representam para a EAD. Vocês perceberão que é no ambiente
virtual que a interação desenvolve-se de maneira mais efetiva e é
neste ambiente, também, que são disponibilizadas as informações
e os materiais referentes aos cursos, propomos simulações, enfim,
é a nossa “sala de aula virtual”. Neste sentido, o próprio ambiente
virtual de aprendizagem desempenha um importante papel didá-
tico. Quanto mais interativo, facilitador da troca e disponibilização
coletiva de arquivos ele for, mais estará de acordo com os princí-
pios que nos orientam e, portanto, acaba por nos educar para uma
prática comunicativa baseada na colaboração.

Quanto ao material impresso, diante de tantas tecnologias dispo-

níveis, não pode ser menosprezado em sua importância. Mesmo
sendo impresso ele também pode ser dialógico e instigante, além
de nos oferecer orientações básicas referentes à organização do
curso, às atividades de autoestudo entre outros.

Por fim, trataremos, também, da importância da articulação entre

o material impresso, a teleconferência, os materiais audiovisuais e a
sua organização no ambiente virtual de aprendizagem. A intenção
é pensarmos o planejamento, o gerenciamento e, por fim, a produ-
ção de cada um desses elementos de maneira complementar, sem,
no entanto, desconsiderar as especificidades de cada um deles.
Planejamento e Produção de Materiais e o Processo de Ensino-Aprendizagem em EAD
52
A DEFINIÇÃO DE AMBIENTES VIRTUAIS
DE APRENDIZAGEM E SUA IMPORTÂNCIA DIDÁTICA
NA EAD: O MOODLE.
Q
uando pensamos no processo de
ensino-aprendizagem comumente
temos a sala de aula presencial como
referência. No entanto, nas últimas décadas
e, principalmente, a partir do início do século
XXI, outras possibilidades interativas estão se
consolidando como importantes instrumen-
tos de aprendizagem e, nesta perspectiva, os
O Moodle é uma das plataformas voltadas
ao EAD mais utilizadas no mundo. Foi de-
senvolvido pelo professor doutor Martin
Dougiamas com a intenção de não ser mais
uma ferramenta computacional para o en-
sino mediado por computador, mas uma
ferramenta com uma forte fundamentação
pedagógica.
Este ambiente consiste de um software li-
vre, com baixo custo de implementação,
ambientes virtuais de aprendizagem são funda-
mentais para o sucesso dos cursos oferecidos
na modalidade a distância. Para as nossas dis-
cussões nesta unidade trataremos dos aspectos
gerais que fundamentam a criação e a organi-
zação dos ambientes virtuais de aprendizagem
para, em seguida, apresentar os principais re-
cursos e a importância do Moodle para a EAD.
manutenção e capacitação de usuários,
apresentando uma excelente relação cus-
to/benefício.
Fonte: Trecho adaptado do artigo “A UTI-
LIZAÇÃO DO SISTEMA MOODLE NA EDU-
CAÇÃO A DISTÂNCIA”. Fernandes, Flávio
Navarro. Dantas, Sérgio. Disponível em:
<http://www.fap.com.br/fapciencia/004/
edicao_2009/004.pdf>. Acesso em 05 Jul.
2014.

Podemos definir os ambientes virtuais de
aprendizagem (AVAs) como um simulador dos
ambientes presenciais de aprendizagem e que
são possibilitados pelo desenvolvimento das
tecnologias da informação e da comunicação
(TIC). Na verdade, o termo “virtual” encontra-
se difundido no meio social e, normalmente,
aparece como sinônimo de diversão, jogos
eletrônicos, redes sociais etc. No entanto, para
além dessas importantes características que
a virtualidade desempenha na sociedade, é
nosso objetivo tratá-la sob um prisma aca-
dêmico, considerando sua importância para
o ensino e a aprendizagem. Nesse sentido é
fundamental sublinhar, logo no início, que:
O virtual não se opõe ao real, mas se ma-
nifesta como uma potência. Essa potência
gera um nó complexo problemático, que
se manifesta pelas tendências e forças que
acompanham uma situação, um acon-
tecimento, um objeto qualquer (...) Ao
contrário do que muitos pensam, o virtual
e a virtualidade não retiram a humanidade
das relações; a virtualidade, na verdade po-
tencializa a comunicação sem restrição de
tempo e de espaço, possibilitando a ma-
nifestação de ideias publicamente, sendo
esse um falso dilema (ARAÚJO; MARQUESI,
2008, p. 358).
A citação acima nos ajuda a desmistificar
parte do senso comum que atribui à virtua-
lidade uma característica desumanizadora,
ou, ainda, a ideia de que os ambientes virtuais
colaborariam para a limitação da capacida-
de humana de propor e resolver problemas
reais. Como bem argumentaram os autores,
Pós-Graduação | Unicesumar
53
os ambientes virtuais facilitam a comunica-
ção entre os indivíduos, uma vez que não
exige, a priori, o deslocamento das pessoas
e/ou grupos envolvidos em uma determina-
da discussão ou o conhecimento prévio de
lugares de acesso limitado.
Outro aspecto fundamental a ser desta-
cado no que se refere à virtualidade não tem
por objetivo superar o contato presencial
entre os indivíduos ou mesmo o desloca-
mento para visitas aos locais históricos. No
entanto, não podemos esquecer que de
posse de um computador um estudante
do ensino fundamental, por exemplo, que
se encontra distante e impossibilitado por
alguma questão de conhecer uma outra re-
alidade poderá realizar uma:
Visita virtual a um museu, durante a qual
(...) determina seu tempo e os espaços
que deseja visitar. Em muitos casos, existe
a possibilidade de interagir com os objetos
‘rotacioná-los, aumentar ou diminuir seu
tamanho’ e avaliá-los, segundo o interesse
e disponibilidade de tempo de cada um
para essa atividade. O acesso ao museu e a
interação com os objetos podem ser feitos
quantas vezes o usuário visitante queira,
ou seja, ele pode simular essa experiên-
cia quantas vezes forem necessárias para
atingir seu objetivo de estudo, por exemplo.
Dilema (ARAÚJO; MARQUESI, 2008, p. 359).
Não se trata, é claro, de afirmar que a visita
virtual é superior ou vice-versa, ao contrário,
o que está a se argumentar refere-se as dife-
rentes possibilidades de se conhecer. Além
de uma visita virtual a um museu, como foi
Planejamento e Produção de Materiais e o Processo de Ensino-Aprendizagem em EAD
54
exemplificado, os ambientes virtuais servem,
também, para a elaboração de simulações la-
boratoriais, treinamentos profissionais (como
é o caso dos cursos de pilotos para a aviação
civil). No caso específico da EAD os ambien-
tes virtuais servem para a interação entre os
envolvidos no processo de ensino-aprendiza-
gem e para o acesso a materiais produzidos,
links disponibilizados, ilustrações entre outros.
Você conhece realmente o AVA do
seu curso? Explora todas as possibili-
dades e ferramentas oferecidas neste
ambiente?
A esta altura convém lembrarmos que no
caso da EAD institucionalizada não podemos
esquecer que o planejamento, a organização
e a condução das atividades em ambientes
virtuais têm propósitos específicos, ou seja, os
envolvidos no processo de ensino-aprendiza-
gem não devem ficar a mercê da improvisação.
É claro que a autonomia do aluno sempre
deverá ser respeitada, no entanto, os objeti-
vos pedagógicos devem ser os norteadores
desta autonomia. Neste sentido, as atividades
propostas nos ambientes virtuais devem ser
motivadoras e dotadas de significado para
os cursistas, além, é claro, de estarem relacio-
nadas ao conteúdo da disciplina (ARAÚJO;
MARQUESI, 2008). Deve-se, também, observar
que ao se propor uma atividade nos ambien-
tes virtuais o professor não precisa limitar-se a
ele. Os educandos podem utilizar-se de fontes
complementares ou realizar o trabalho em um
ambiente real, no entanto, a socialização dos
resultados e a interação com os tutores e/ou
professores é fundamental durante todo o
processo, assim, podemos concluir que:
Existem diversas maneiras de elaborar e
avaliar uma atividade em AVA. Um dos as-
pectos relevantes a serem considerados é
a utilização de recursos digitais apropria-
dos para a atividade. É importante que o
professor tenha conhecimento oprévio
dos recursos digitais que poderá utilizar
para cada atividade em um AVA, o que
exige dele pesquisa contínua a respeito
dos possíveis recursos a serem utilizados.
Merece destaque, ainda a possibilidade de
se relacionar a execução das atividades re-
alizadas no AVA e a utilização de recursos
não virtuais. Uma atividade no AVA pode,
por exemplo, remeter o aluno a uma ativi-
dade a ser realizada na biblioteca e cujos
resultados sejam posteriormente posta-
dos e compartilhados com os colegas
(ARAÚJO; MARQUESI, 2008, pg. 358).
Dessa forma, a qualidade dos resultados
pretendidos depende diretamente da ob-
servação de alguns parâmetros de qualidade,
que segundo Araújo e Marquesi (2008),
podem ser agrupados em três dimensões
específicas: a tecnológica, a pedagógica e a
comunicativa:
A dimensão tecnológica quantifica o uso
das ferramentas do AVA com dados que
identificam seu grau de utilização. A di-
mensão pedagógica reflete aspectos de
alguns elementos postados no AVA como
documentos, avisos e atividades com o

objetivo de obter informações sobre quais
são os tipos desses elementos. A dimen-
são comunicativa permite a adequação da
linguagem utilizada nos avisos e nos enun-
ciados das atividades, observando a clareza
e a preocupação com a interação amigável
(ARAÚJO; MARQUESI, 2008, p. 365).
Existem, atualmente, várias plataformas ou
ambientes virtuais de aprendizagem disponí-
veis e que são utilizados na EAD. Selecionamos
um para apresentá-lo a vocês: o Moodle. Essa
plataforma de aprendizagem a distância é
baseada em software livre, continua sendo
aprimorada por programadores em todo o
mundo que trabalham de maneira colabo-
rativa. Ou seja, o próprio Ambiente Virtual de
Aprendizagem que apresentaremos aqui é
fruto da interatividade, da cooperação e da
inteligência coletiva, conceitos tão impor-
tantes para a educação a distância.
A filosofia educacional sobre a qual se
baseia o moodle é o construcionismo,
que afirma que o conhecimento é cons-
truído na mente do estudante, ao invés
de ser transmitido sem mudanças a partir
de livros, aulas expositivas ou outros re-
cursos tradicionais de instrução. Desse
ponto de vista os cursos desenvolvidos
no Moodle são criados em um ambiente
centrado no estudante e não no professor.
O professor ajuda o aluno a construir este
conhecimento com base nas suas habili-
dades e conhecimentos próprios, ao invés
de simplesmente publicar e transmitir este
conhecimento (SABATINI, 2007, p. 2).
A citação acima evidencia os princípios peda-
gógicos que fundamentam a construção da
Pós-Graduação | Unicesumar
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plataforma. Do ponto de vista técnico, o moodle
oferece ferramentas variadas que permitem ao
educando aprender de maneira coletiva, re-
lacionando-se com outros colegas, tutores,
professores entre outros. Atividades podem
ser disponibilizadas no ambiente, pode-se
controlar a frequência de acesso, realizar chats
para discussão dos conteúdos e a realização
de fóruns com tópicos temáticos onde todos
podem participar, interagir e conhecer o outro:
O Fórum é uma ferramenta de comunicação
assíncrona muito versátil. É um espaço onde
todos podem ver o que todos fazem, ainda
que não ao mesmo tempo. Pode servir para:
• Discussão de temas relativos ao conteú-
do, com mediação.
• Mini-Blog, onde cada aluno tem um tópico
para criar sua página pessoal.
• Wiki, para construção de texto de modo
colaborativo.
• Mural , onde os alunos expõem seus
trabalhos.
• Espaço de reflexão coletiva ou discussão
de texto.
• Estudos de caso.
• Construção de trabalhos ou projetos, etc.
(LEITE, s/d, p. 9).
Como podemos observar, o Moodle oferece
uma vasta gama de possibilidades que, uma
vez orientadas para a construção coletiva do
conhecimento, contribui para o desenvolvi-
mento da autonomia e a individualidade dos
alunos e, ao mesmo tempo, ao facilitar a in-
teração e o diálogo estimula o exercício de
uma inteligência coletiva.
Planejamento e Produção de Materiais e o Processo de Ensino-Aprendizagem em EAD
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OS CUIDADOS NA PRODUÇÃO NO MATERIAL
IMPRESSO QUE SUBSIDIARÁ O PROCESSO DE
ENSINO-APRENDIZAGEM
A
o abordarmos a produção de
material didático impresso não
podemos perder de vista que
este tem por objetivo desempenhar um
papel pedagógico voltado à EAD e, neste
sentido, cumprir alguns requisitos que,
aliás, são comuns a qualquer mídia utiliza-
da em cursos a distância. Deve, ainda, ter
clara sua fundamentação filosófica peda-
gógica e estar de acordo com a totalidade
do projeto político-pedagógico do curso
oferecido.
Na sociedade atual é relativamente
comum que as pessoas relacionem a EAD
apenas aos materiais de vinculados às novas
tecnologias, tais como as transmissões audio-
visuais e aos repositórios digitais, no entanto,
não podemos perder de vista o importante
papel que historicamente o material didático
impresso desempenhou na EAD: o material
impresso foi a primeira tecnologia utiliza-
da na modalidade educacional a distância,
subsidiando o ensino por correspondência.
Além do seu importante papel histórico, o
material impresso é, hoje, uma ferramenta
fundamental para a EAD e é utilizado em
sintonia com recursos didáticos provenien-
tes de outras mídias:
 Pós-Graduação | Unicesumar
57

A história mostra que a EAD evoluiu, em

termos de comunicação, da hegemonia
do material impresso em direção a uma
multiplicidade de recursos utilizados.
Como seriam seus estudos e o apren-
Essa evolução, que se deu de maneira dizado se o curso não oferecesse os
gradativa no início, passou a acontecer livros relacionados a cada disciplina?
rapidamente, acompanhando a velo-
cidade das TIC’s. Ainda hoje, apesar de
todo desenvolvimento tecnológico pelo
qual a EAD passou, o material impres- Para a preparação do material impresso é
so é um componente significativo na fundamental que a equipe responsável
maioria dos programas nessa modalida-
pela produção do mesmo tenha clareza do
de (...) Isso mostra que, em EAD, não se
observa a exclusão de um componen- método pedagógico que fundamentará o
te e sua simples substituição por outro trabalho. Neste sentido, dois métodos são os
(FERNANDEZ, 2008, p. 395). mais utilizados no país no que se refere ao pla-
nejamento e a produção de material didático
Planejamento e Produção de Materiais e o Processo de Ensino-Aprendizagem em EAD
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impresso, são eles: o método tradicional e o
método sociointeracionista. Apresentaremos
as linhas gerais do método tradicional e, em
seguida, apresentaremos com mais detalhes
o modelo sociointeracionista. A escolha por
detalhar mais o segundo não é gratuita, na
verdade, acreditamos que o modelo socioin-
teracionista é o mais apropriado para a EAD.
No modelo tradicional o objetivo é o
repasse de informações que deverão ser
aprendidas pelo aluno. Neste sentido o co-
nhecimento está dado, ou seja, não se espera
questionamentos da parte do aluno:
(...) o conteúdo é tratado e apresentado na
forma de verdades cientificamente esta-
belecidas, em outras palavras, o que está
registrado deve ser aprendido como apre-
sentado, e as respostas esperadas são as
que o material explicita. O que dá suporte a
essa perspectiva de formação para a repro-
dução, não para a autonomia (FERNANDEZ,
2008, p.398).
Nesta perspectiva a educação presen-
cial é tida como uma referência e parte da
indagação clássica: o que ensinar e apren-
der? A resposta a essa questão é oferecida,
então, pelos especialistas de cada área.
Consequentemente, o material didático
produzido nessa perspectiva, possui uma
sequência lógica que eleva a complexidade
do conteúdo de maneira progressiva, sem,
no entanto, considerar as necessidades dos
educandos. A comunicação não prima pelo
diálogo e caracteriza-se por um estilo objeti-
vo e impessoal (FERNANDEZ, 2008). Em linhas
gerais o material produzido sob esta perspec-
tiva apresenta, segundo Fernandez (2008, p.
398), algumas características comuns:
• É desenvolvido sob um rígido conceito
de forma; há uma tendência explicita
à padronização, tendo em vista que
esta permite ganho de tempo e
recursos na preparação e possibilita ao
aluno progredir rapidamente em sua
aprendizagem.
• O conteúdo deve ajustar-se sempre
à forma padrão, é abordado
objetivamente, com vistas a não deixar
margem de erros de interpretação e,
impessoalmente, de forma a atribuir-
lhe seriedade e impedir ao desvio de
atenção do leitor.
• O foco de cuidado incide sobre as
informações, sem que transpareça a
relação conteúdo e forma. Trata-se de
um estilo de comunicação que prioriza
a uniformidade dos materiais em
detrimento da unidade entre conteúdo
e forma do material (FERNANDEZ, 2008,
p. 398).
Fica claro que na perspectiva tradicional
da elaboração do material impresso não há
abertura para a interação entre os envolvi-
dos no processo de ensino-aprendizagem.
A relação que se estabelece é autoritária,
de maneira que a informação correta en-
contra-se centralizada no professor e/ou
produtor do material, cabendo ao recep-
tor da mensagem apenas armazená-la de
maneira automática:

Nesse sentido, a aprendizagem é conce-
bida como processo de acumulação de
conhecimentos já produzidos (...) Isso sig-
nifica não abrir espaço para a discussão
ou questionamento, oferecendo, ao invés
de instigação a dúvida, certezas e ensi-
namentos cientificamente comprovados
(FERNANDEZ, 2008, p. 398).
Esta maneira de conceber o conhecimento,
de certa forma, não estimula a descoberta do
novo e a capacidade do educando em inter-
pretar a realidade de maneira crítica, uma vez
que o conteúdo é apresentado como algo
legítimo e, portanto, pronto para ser repro-
duzido no meio social.
A partir deste parágrafo, caros edu-
candos, abordaremos a perspectiva
sociointeracionista para a produção de
materiais impressos. A perspectiva so-
ciointeracionista, ao contrário do método
tradicional, centra a aprendizagem no aluno
e, neste sentido, o professor deve encar-
regar-se de criar situações facilitadoras da
aprendizagem. Na produção do material
impresso orientada por esta perspectiva o
autor ou a equipe responsável deve facilitar
o envolvimento e a participação dos edu-
candos. Pensar essa participação significa
afirmar que devemos considerar a situação
real dos educandos:
Onde vivem, o que fazem, quais são seus
grupos de contato, que trabalho reali-
zam, quais atividades desenvolvem, qual
seu nível de escolaridade, quais seus co-
nhecimentos anteriores sobre o que o
texto trata, o que lêem sobre o assunto,
Pós-Graduação | Unicesumar
59
entre outros. (...) para cumprir seu papel,
o material didático impresso, nessa pers-
pectiva, precisa provocar no aluno uma
forte intenção de ampliar sua reflexão e
de construir significados, o que é possí-
vel quando exige dele um elevado nível
de atividade significativa (FERNANDEZ,
2008, p. 398).
O material produzido deve ser entendido
como o espaço onde o leitor e autor encon-
tram-se de maneira que “o primeiro produz
sentidos sobre os sentidos produzidos an-
teriormente pelo segundo” (FERNANDEZ,
2008, p. 398). É importante destacar que,
apesar do papel ativo a ser desempenha-
do pelo educando, a preocupação com o
conteúdo deve se fazer presente no mate-
rial impresso. No entanto, o que diferencia a
perspectiva sociointeracionista do modelo
tradicional é a forma como os conteúdos
são abordados:
A pergunta que dá origem à seleção e
estrutura do conteúdo do material didá-
tico impresso tem como referência a(s)
competência(s) que o educando deverá
constituir. Tendo as competências como
parâmetros, a seleção e a organização
do conteúdo não podem ser reduzidas
a uma listagem de conhecimentos abor-
dados na sequência lógico formal de
uma disciplina escolar. (...) partindo da
ideia da não-fragmentação dos conte-
údos pelas disciplinas formais, a seleção
e a organização do conteúdo se dá por
meio de pontos-chave que constituem o
eixo de articulação entre o que já se sabe
e o que se quer aprender (FERNANDEZ,
2008, p. 399).
Planejamento e Produção de Materiais e o Processo de Ensino-Aprendizagem em EAD
60

Esta proposta de abordagem dos conteúdos, que prima pela partici-

pação ativa dos educandos na atribuição de significados ao que está
sendo proposto carece, para que se atinjam os objetivos pedagógi-
cos, de um estilo comunicacional que prime pela informalidade e a
pessoalidade. Ou seja, deve-se buscar o estabelecimento de víncu-
los entre os participantes do processo de ensino-aprendizagem, de
maneira que tanto o aluno utilize-se não apenas a razão como instru-
mental, mas, também, as emoções, a sensibilidade e a intuição que
são sentimentos fundamentais para a construção do conhecimen-
to. No entanto, é importante destacar que a linguagem informal ou
a aceitação das outras dimensões da mente humana como caracte-
rísticas importantes para o conhecimento não podem confundir-se
com simplificações ou vulgarização. Para evitarmos tais erros é fun-
damental que observemos algumas diretrizes fundamentais:
• Valorização do tema pela forma, por meio de imagens que
abordam o tema sob diferentes ângulos, pela diversidade de
enfoques conceituais (históricos, filosóficos, espaciais, culturais,
entre outros);
• Pela variação do estímulo visual, por adotar diferentes normas
de composição visual;
• Formato agradável e convidativo à leitura;
• Texto com contexto, da teoria com prática e com atividade de
aprendizagem para auto-avaliação (FERNANDEZ, 2008, p. 399).

O livro didático na EAD deve oferecer muito
mais do que textos científicos e referenciais
teóricos, deve apresentar uma linguagem
dialógica e voltada a despertar o interes-
se dos alunos. Além disso, o uso de casos,
exemplos, e materiais complementares
enriquecem o texto e contribuem para a
exemplificação das vivências que poderão
ser experimentadas pelos alunos no mer-
cado de trabalho.
O autor que escreve para a educação a dis-
tância precisa ser, acima de tudo, um pes-
quisador, pois ao produzir seu material ele
deverá buscar outros conteúdos relaciona-
dos ao tema abordado e apresentá-los de
Esses elementos proporcionam estímulos
à aprendizagem, de maneira que o estudo
torna-se prazeroso. O ato de estudar é enri-
quecido pelo aguçamento da curiosidade
do educando, ampliando sua capacidade
crítica e seu espírito questionador. Tais ca-
racterísticas são fundamentais na elaboração
do material didático ou no planejamento
Pós-Graduação | Unicesumar
61
forma coesa e atrativa para o leitor.
Por isso é importante que a equipe respon-
sável pela produção dos materiais desenvol-
va um cronograma de atividades e padroni-
ze os elementos que devem ser inseridos no
livro, isso facilitará o trabalho do conteudista
e lhe dará uma direção a ser seguida durante
o processo de escrita e também ajudará a
equipe de design a padronizar os trabalhos
durante o processo de produção, facilitando,
assim, o gerenciamento dos prazos e facili-
tando a prevenção de possíveis riscos que
poderão prejudicar a entrega dos materiais
para os alunos.
Fonte: Elaborado pela autora.
e gerenciamento dos cursos em EAD por
serem elementos presentes na sociedade
contemporânea e fundamentais para o de-
senvolvimento profissional dos indivíduos.
Neste sentido, o MEC em documento
denominado “Referências para a Elaboração
de Material Didático para EAD no Ensino
Profissional e Tecnológico” apresenta alguns
Planejamento e Produção de Materiais e o Processo de Ensino-Aprendizagem em EAD
62
elementos fundamentais para a produção de
um material didático impresso que podem
ser aplicados nos mais diversos cursos ofere-
cidos na modalidade a distância, sejam eles
tecnológicos ou não. Selecionamos alguns
desses tópicos e apresentamos a vocês na
citação abaixo:
• Mobilizar os conhecimentos prévios
dos alunos, fazer uso de exemplos
do cotidiano, de modo a facilitar a
incorporação das novas informações
aos esquemas mentais preexistentes.
• Contemplar aspectos motivacionais e
de facilitação da compreensão, usando
recursos linguísticos e imagéticos
variados.
• Explicitar aos alunos, de forma clara e
precisa, os objetivos de aprendizagem
gerais e específicos a serem
trabalhados em cada bloco temático,
quer sejam unidades, módulos, aulas
etc.
• Atentar para a interligação entre
cada bloco temático, disciplinas,
aulas, etc., de forma a evidenciar o
sequenciamento e a coesão existente
entre os conteúdos.
• Observar o papel das atividades na
Educação a Distância como elementos
instrucionais a partir dos quais se
constrói a aprendizagem. As atividades
devem guardar relação formal, quer
com os objetivos de aprendizagem
propostos, quer com os núcleos
conceituais oferecidos, de forma
que cada unidade didática garanta a
integridade instrucional que favoreça
a autonomia do aluno no processo
educacional.
• Contemplar instruções ou orientações
passo a passo para as atividades
práticas propostas, de forma a
antecipar roteiros e procedimentos e
servir como referência para consultas
posteriores. Tais procedimentos
devem ser ilustrados com imagens,
fotografias, desenhos ou esquemas de
alta qualidade. Fonte em: <http//www.
etecbrasil.mec.gov.br/gCon/recursos/
upload/file/ref_materialdidatico.pdf>
Acesso em: 23 jul. 2011.
Para finalizar, é importante destacarmos que
os envolvidos com a produção de materiais
impressos voltados à EAD devem atentar-
se para o respeito à autoria. A utilização de
textos acadêmicos, literários, didáticos etc., é
não apenas permitida como recomendada,
afinal o conhecimento é construído coleti-
vamente e não podemos desprezar o que foi
elaborado anteriormente. No entanto, alguns
cuidados são necessários. Os autores devem
ser citados de maneira apropriada, confor-
me as normas estabelecidas pela Associação
Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). No que
se refere à utilização de imagens, gráficos, de-
senhos entre outros, a norma é a mesma e,
quando necessário, os autores devem solici-
tar a autorização para utilização do material,
muitas vezes mediante pagamento.

A IMPORTÂNCIA DA ARTICULAÇÃO
ENTRE OS MATERIAIS DIDÁTICOS UTILIZADOS
NA EAD PARA O PROCESSO DE ENSINO-
APRENDIZAGEM
C
aros(as) alunos(as), as discussões que
realizamos até aqui nos permitem
afirmar que o ensino a distância não
pode prescindir das mais variadas mídias exis-
tentes e disponíveis para auxiliarem os alunos
na aventura da construção de um conheci-
mento novo e dinâmico.
A utilização desses recursos, além de in-
dispensável, deve ser pensada de maneira
integrada, ou seja, de modo que os diversos
materiais didáticos complementem-se. A de-
finição de um projeto político-pedagógico
para o curso é que fornecerá os elementos
necessários para que a articulação aconte-
ça. É este projeto, entre outros aspectos, que
deve orientar a escolha das mídias que serão
utilizadas bem como os princípios norteado-
res do manuseio das mídias convertidas em
Pós-Graduação | Unicesumar
63
material didático e, nesse aspecto:
Um programa de curso a distância não
precisa utilizar somente uma mídia. Por
influência da internet e da integração das
mídias, cresce o uso do material didático
que se apoia em tecnologia e lingua-
gens híbridas e combinadas. Deve-se
buscar a integração do material didáti-
co (impressos, audiovisuais e material
para ambientes virtuais de ensino e
aprendizagem), no intuito de que eles
se complementem. O material produzido
pode apresentar certo grau de redundân-
cia ao aproveitar as potencialidades das
diversas mídias. Quando se emprega ma-
teriais em diversas mídias é necessário
que seja desenvolvida uma identidade
visual que permita a percepção de que
essas mídias pertencem a um determina-
do curso ou programa (MEC).
Planejamento e Produção de Materiais e o Processo de Ensino-Aprendizagem em EAD
64

Para exemplificar o que estamos afirmando vejamos um exemplo

fictício, mas, que nos ajudará na compreensão do problema posto.
Imaginem vocês que determinado curso apresente em seu ma-
terial impresso um cronograma para o andamento dos estudos que
esteja em desacordo com a programação disponibilizada no ambien-
te de aprendizagem. Ou ainda, imaginem um curso onde o material
didático impresso tenha sido elaborado em uma linguagem dialógica
e que valorizava a interação com o aluno e, no entanto, na telecon-
ferência da mesma disciplina o professor apresenta o conteúdo de
maneira tradicional. No primeiro exemplo podemos aferir que fal-
taram planejamento e coordenação no trabalho, já no segundo, as
perspectivas pedagógicas adotadas no material impresso e na con-
dução da tele aula são divergentes.
Evitar problemas dessa ordem deve ser o objetivo do professor ou
da equipe que planeja e produz o material e, por isso, a importância
do profissional seguir as orientações técnicas que lhe são repassadas. É
claro que a autonomia do professor deve ser respeitada, o que estamos
afirmando é a necessidade de organização e, principalmente, coerên-
cia entre as perspectivas pedagógicas adotadas.
Quando pensamos a educação formal é importante destacar-
mos que a aula é apenas o ponto de partida e que a construção do
conhecimento continuará em outros espaços. No caso da EAD este
princípio é ainda mais relevante, de maneira que os materiais didá-
ticos devem propiciar ao aluno um desenvolvimento pleno. Uma
aula, seja presencial ou virtualmente conduzida, sempre apresentará
algumas limitações, por isso a necessidade de integração com outras
ferramentas didáticas igualmente importantes:
 Pós-Graduação | Unicesumar
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Uma aula é um evento limitado pelo espaço, seja ele físico ou virtual, e
pelo tempo. Dentro desse espaço limitado um estudante espera (...) cons-
truir conhecimento. Sua motivação para isso ou o grau de aplicabilidade
desse conhecimento varia, mas ele entende que é seu direito receber
esse “serviço”. (...) A profundidade do conteúdo que o professor é capaz
de transmitir ou estimular é limitada pelo tempo de aula, pelo interesse e
pelas dificuldades dos alunos, e pela própria memória do professor. Para
aprofundar e consolidar seu conhecimento, completar lacunas e recordar,
os estudantes recorrem ao livro-texto indicado ou adotado para o curso,
no qual a disciplina é com frequência baseada (TRIMER, 2011, p. 312).

Desta maneira, caro leitor, o livro texto pode ser entendido como uma
ferramenta de autoaprendizagem, no entanto, para que ele cumpra
seu papel deverá estar organicamente vinculado à aula e às demais
ferramentas didáticas. Seu conteúdo deverá ser planejado observan-
do a estrutura dos capítulos e o conteúdo a ser trabalhado:

Para a criação de um livro-texto moderno e eficaz, é necessário um equi-

líbrio entre os modelos tradicionais e contemporâneos de produção
de conteúdo, de modo a motivar o estudante e facilitar ser aprendiza-
do, ao permitir que ele trace inter-relações entre sua experiência e o
conteúdo estabelecido e testado. Também é fundamental a atenção
à matriz curricular do curso pretendido; o material deve ser suficien-
temente flexível e customizável para que a instituição que o adote
possa adaptá-lo às necessidades de seus alunos (TRIMER, 2011, p. 313).

Na ausência cotidiana de um professor o livro impresso torna-se o fio

condutor do curso, orientando o estudante em todos os seus passos.
Portanto, a necessidade de produção de um material articulado com
o curso como um todo é fundamental.
Planejamento e Produção de Materiais e o Processo de Ensino-Aprendizagem em EAD
66
Considerações finais
Caros(as) leitores(as), as peculiaridades da
educação a distância exigem dos envolvidos
com essa modalidade educacional algumas
ferramentas didáticas que não são, muitas
vezes, encontradas no ensino tradicional. É
claro que, mesmo em EAD, podemos adotar
uma perspectiva tradicionalista, no entanto,
os resultados não serão satisfatórios, uma vez
que a autonomia do aluno nesta modalida-
de não é um argumento retórico ela é uma
exigência para quem se matricula em algum
curso oferecido na modalidade.
Diante da constatação acima mencionada
a utilização de materiais diversos, tais como:
ambientes virtuais de aprendizagens, materiais
impressos, biblioteca virtuais, tele aulas entre
outros é uma necessidade para o aluno que
se encontra geograficamente distante de um
grande centro ou da sede da instituição que
oferece o curso. No entanto, esta diversidade
de materiais deve ser trabalhada de maneira
articulada, de maneira que cada material com-
plemente o outro e possibilite ao aluno um
clima harmônico e propício à interação e pro-
pício à construção do conhecimento.
Também não se pode perder de vista o
fato de que o aluno do EAD deve ser capaz de
participar do processo, portanto é fundamen-
tal que os materiais didáticos possibilitem
uma maior interação e o levem a refletir e
criticar os fatos estudados, sempre buscan-
do novas formas de conhecimento.
Com isso, o educando será capaz de
transformar seu aprendizado e também
sua realidade, com isso os objetivos não
apenas dos materiais, mas do curso como
um todo alcançarão resultados, certamen-
te, satisfatórios.
 Pós-Graduação | Unicesumar
67

Atividades de autoestudo

1. A partir das questões trabalhadas na unidade III elabore um

pequeno texto sobre como você percebe a importância dos
Ambientes Virtuais de Aprendizagem para a EAD.
2. Acesse o site <http://www.googleartproject.com/> e escolha
um museu virtual para conhecer e faça um tour virtual pelo
mesmo. Após a visita converse com seus colegas sobre
suas impressões e, por fim, elabore um pequeno texto
descrevendo suas sensações ao realizar a visita.
3. O material didático impresso é muito utilizado na EAD. Como
você vê esta utilização? Você acredita que ela é importante,
por quê?
Planejamento e Produção de Materiais e o Processo de Ensino-Aprendizagem em EAD
68

Web

Assista ao vídeo https://www.youtube.com/watch?v=zkR0XK5YAAQ, em

que o professor João Mattar fala sobre os desafios enfrentados pelo aluno
que estuda a distância.

A EAD EM EXPANSÃO
A busca por conhecimento em menor tempo
e em qualquer lugar faz com que atualmente,
diferentes tipos de organizações e sistemas se
utilizem da modalidade de Educação a distancia
(EAD) como um meio para formação em diver-
sas áreas do conhecimento. Muito se discute
sobre essa modalidade de ensino e as possibi-
lidade de uso das Tecnologias da Informação e
Comunicação (TIC).
Em seu processo histórico a EAD se apresenta
como alternativa para determinados grupos que
não tinham acesso a educação presencial sendo
por conta do tempo ou de situação geográfica de
difícil acesso. Fazendo uma retrospectiva é pos-
sível identificar alguns meios tecnológicos que
expandiram a EAD, como por exemplo: o correio,
o radio, a TV e atualmente o computador conec-
tado a internet.
Segundo Schlemmer (2005) “O uso da tecnologia
principalmente a internet, vem revolucionando as
formas de ensinar e de aprender” Por conta dessa
nova estrutura de educação surgem também
necessidades de novas metodologias acompa-
nhadas de materiais didáticos adequados a esse
novo fazer educacional.
A EAD como modalidade de educação se carac-
teriza pelo vasto uso de conteúdos midiatizados
por materiais didáticos, que são desenvolvidos
nos processos, em grande parte industrializados,
requerendo participação de equipes de produ-
ção, meios tecnológicos e recursos financeiros.
O uso das diferentes tecnologias nas possibilida-
des educacionais, vem da integração de mídias
e tecnologias, num processo histórico, denomi-
nado de gerações ou ondas que colaboram para
produção de material didático e consequente-
mente favorece a expansão da EAD.
Dentro desse processo histórico, o primeiro
momento da educação a distancia, se destaca o
ensino por correspondência com a produção e
distribuição de material impresso. Os destaques
para o segundo momento foram: o rádio, a TV, a
teleconferência e o videotape. O terceiro se apre-
senta com um grande uso da rede de computação
Pós-Graduação | Unicesumar
69
com as videoconferências, CD – ROM e softwa-
res educacionais. E em seguida o ápice no uso
da internet.
OS MATERIAIS DIDÁTICOS NA EAD
Para se utilizar os materiais didáticos, principal-
mente nos cursos de formação de professor a
distância é necessário antes de tudo pensar sobre
cada proposta do uso desses materiais, ao que
atende, o que pode provocar, qual a concepção
do material e sua ressignificação (SILVA, 2001)
Andrade (2003) faz referência ao uso dos mate-
riais didáticos envolvendo as pessoas, destacando
o papel da linguagem e sua importância:
Os materiais didáticos podem ser utilizados por
vários tipos de pessoas, eles também são cha-
mados de ferramentas de apoio que são usados
por professores e alunos, devendo apresentar-se
dentro de uma linguagem dialógica, que na au-
sência física do professor possa garantir um certo
tom coloquial, reproduzindo em alguns casos
uma conversa entre professor e aluno, tornan-
do-se leve e motivadora.
Os materiais didáticos, no geral, são produzidos
por uma equipe encarregada de preparar os ma-
teriais para as diversas mídias. Nesse processo
existem variados níveis de atendimento e parti-
cipação dos integrantes na equipe, como destaca
(MOREIRA, 2009)
Tomando por base essa afirmação da autora, a
equipe necessita de autonomia e dinamismo,
desenvolvendo a capacidade de aprender, de
forma contínua, colaborando e desenvolvendo
suas atribuições pessoais e profissionais.
Nesse cenário a produção de material didáti-
co busca diferentes formas de apresentação e
distribuição, investindo nas equipes e modelos
emergentes com objetivos claros sobre a oti-
mização do tempo e a qualidade dos materiais
didáticos utilizados na EAD.
Fonte: Extraído de http://dmd2.webfactional.com/
media/anais/OS-CRITERIOS-DE-QUALIDADE-NO-
MATERIAL-DIDATICO-IMPRESSO-NA-EAD.pdf.
Acesso em 23 Agos. 2014.
Gestão de Negócios
70

relato de
caso

Silvia era responsável pela coordenação de produção de materiais de de-

terminada instituição de ensino que oferece cursos online e acompanhou
todo o processo de implantação desta modalidade na faculdade, portanto
conhecia como ninguém todos os processos.

Após alguns anos no mercado e um grande crescimento que foi alcançado

pela Instituição, identificou-se a necessidade de uma grande reestruturação
em todos os departamentos, pois já não se podia continuar trabalhando da
mesma forma. O número de alunos e polos presenciais aumentou considera-
velmente, portanto muitos processos precisavam ser melhorados e revistos.

Foi então que Silvia, após reunir-se com sua equipe e de levantar números
junto a outros setores, percebeu que haviam muitas falhas durante o pro-
cesso de produção, o que acabava gerando, muitas vezes, atrasos na entrega
dos livros para os alunos. A partir daí ela desenvolveu um projeto de rees-
truturação do setor, como foi solicitado, e sugeriu, entre outras melhorias,
a aquisição de um sistema de workflow para gerenciar os prazos e entregas
dos materiais, pois até então este tipo de acompanhamento era manual e
bastante passível de falhas.
Segundo a coordenadora, o software poderia contribuir para que os proces-
sos fossem automatizados e os gargalos serem identificados mais facilmente,
podendo assim ser trabalhados pontualmente. Juntamente com outros de-
partamentos interessados iniciaram-se os testes de alguns sistemas, até se
chegar àquele que melhor atendesse as necessidades da instituição.

Inicialmente houve certa resistência por parte dos usuários que utilizariam
o sistema, mas após alguns meses todos estavam adaptados e se pôde
comprovar, por meio de números apresentados nos relatórios gerados pelo
sistema, que os resultados alcançados após sua implantação atingiram seus
objetivos e, assim, as falhas seriam melhor trabalhadas afim de evitar que
se repetissem.
Com isso os esforços que até então eram voltados para um moroso processo
de cobrança dos envolvidos puderam ser redirecionados, fazendo com que
a qualidade dos livros melhorasse consideravelmente e evitando atrasos na
entrega dos materiais físicos para os polos presenciais.

Fonte: Os nomes e dados são fictícios e foram baseados em fatos reais.


CONCLUSÃO
Queridos(as) alunos(as), nossa intenção por
meio deste material foi apresentar alguns fun-
damentos teóricos e recomendações práticas
a respeito do planejamento e da produção de
materiais didáticos, sempre tendo em vista o
processo de ensino-aprendizagem em EAD. No
decorrer do texto apresentamos conceitos e
situações que devem ser problematizados por
vocês, de maneira que o princípio do diálogo e
de uma inteligência se realiza, inclusive, a partir
deste material que vocês estão acessando.
Em nossa primeira unidade discutimos o
conceito de inteligência coletiva no contexto
de desenvolvimento das novas tecnologias e
da cibercultura. A intenção foi provocá-los, no
sentido de pensarmos as possibilidades que as
tecnologias comunicacionais apresentam na
contemporaneidade e que contribuem deci-
sivamente para o redimensionamento do que
entendemos por conhecer. Neste sentido, pro-
curamos demonstrar como a interatividade
é o fundamento para a inteligência coleti-
va, ou seja, a ideia do indivíduo que conhece
solitariamente, “decorando” determinados re-
sultados prontos é substituída pelo dinamismo
e envolve uma gama de pessoas dispostas a
trabalharem em favor da construção de um
conhecimento novo e autêntico.
Já na segunda unidade, destacamos a
importância do planejamento e do geren-
ciamento como ferramentas para o trabalho
colaborativo em EAD e, nesse sentido, aspectos
Pós-Graduação | Unicesumar
71
relevantes foram apontados, tais como: a ne-
cessidade de integração e comunicação entre
a equipe responsável pela organização do ma-
terial e do curso; a definição dos objetivos e
de um cronograma de trabalho entre outros.
Retomamos, também, o conceito de intera-
tividade, mas, nessa unidade, o fizemos no
sentido de instrumentalização para o proces-
so de trabalho da equipe organizada em torno
da produção de material didático e, também,
para o de ensino e aprendizagem.
Já na terceira e última parte deste livro
abordamos a importância dos ambientes vir-
tuais de aprendizagens, do material impresso
e dos repositórios virtuais. Ao abordarmos
esses diferentes materiais voltados à EAD
nosso objetivo foi apresentar algumas reco-
mendações práticas e, também, destacar a
necessidade dos organizadores dos cursos
e dos materiais pensarem tal produção de
maneira articulada e coerente.
No seu conjunto as três unidades que
compõem este livro apresentam pontos fun-
damentais para a produção, gerenciamento e
elaboração de materiais didáticos. No entanto,
como alunos de um curso em EAD, vocês terão
condições de refletir sobre cada um dos as-
pectos aqui trabalhados e apresentar novas
contribuições para o tema, afinal, a experiência
de vocês com o curso se dá cotidianamente
e, desta maneira, têm condições de pensar a
respeito de cada um dos tópicos trabalhados.
Planejamento e Produção de Materiais e o Processo de Ensino-Aprendizagem em EAD
72

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