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FACULDADE DE ECONOMIA E CONTABILIDADE

LICENCIATURA EM GESTÃO FINANCEIRA E BANCÁRIA


Contabilidade Financeira II

2. CONSTITUIÇÃO DAS SOCIEDADES E QUESTÕES COMPLEMENTARES

2.1. SUBSCRIÇÃO E REALIZAÇÃO DO CAPITAL

2.1.1 Promotores e Fundadores

▪ Promotores - são aqueles que, actuando por sua iniciativa e sob a sua responsabilidade,
concebem a sociedade e tomam a iniciativa de a criar.

▪ Fundadores - são aqueles que efectivamente constituem e organizam a sociedade (subscrevendo o


capital, outorgando a escritura, etc.). Os promotores muitas vezes tornam-se fundadores,
subscrevendo todo o capital ou parte do mesmo

2.1.2 Constituição da Sociedade

As sociedades só podem constituir-se depois de se acharem verificadas determinadas condições ou


requisitos, de ordem geral ou especial, que podem ir até à autorização administrativa. Genericamente
depois de haverem adoptado uma firma ou denominação social que não seja idêntica a outra já
existente, ou por tal forma semelhante que possa induzir em erro, e de sócios terem efectuado as
entradas de bens não consistentes em dinheiro.

2.2. SUBSCRIÇÃO PARTICULAR E PÚBLICA

A subscrição do capital é o acto pelo qual os futuros sócios assumem o compromisso de entregar à
sociedade determinados valores para que se possa constituir o capital social.

O capital social representa a soma das quotas-partes subscritas pelos sócios, se não houver alteração do
pacto social, aparece sempre com o mesmo valor em todos os balanços, já o capital próprio representa o
excedente do activo sobre o passivo, os fundos aplicados na sociedade pelos sócios acrescidos dos lucros
não aplicados ou não atribuídos. O capital próprio pode incluir capital social, reservas, outros
instrumentos do capital próprio, resultados transitados, entre outros.

Antes da celebração do contrato a forma como a subscrição de capital vai ser efectuada tem que estar
definida.

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São várias as classificações que podem ser dadas à subscrição do capital. Quanto ao seu âmbito:

▪ Privada/Particular: quando a subscrição do capital está limitada a um grupo de pessoas singulares


ou colectivas.
▪ Pública: neste caso, não está previamente determinada a totalidade dos subscritores e para ela se
recorre a qualquer forma de comercialização pública

2.2.1 Subscrição pública e rateio

A subscrição, que pressupõe a aceitação das condições da oferta, pode ser feita ao balcão de qualquer
estabelecimento de um intermediário financeiro e concretiza-se com o preenchimento de um boletim de
subscrição, no qual, além da sua identificação, o subscritor indica o número e espécie das acções
pretendidas e a forma de pagamento do respectivo preço.

Findo o prazo de subscrição, os intermediários financeiros devolvem à sociedade emitente os boletins


recebidos e, então, verifica-se qual o número de acções subscritas, o qual poderá ser, e geralmente é,
superior ou inferior ao número de acções emitidas e oferecidas ao público.

Se o número de acções subscritas for superior ao número de acções emitidas, terá de se proceder a um
rateio, de acordo com determinado critério, respeitando-se geralmente as pequenas subscrições.

Após o rateio, dá-se conhecimento ao público do seu resultado, anunciando qual o número de acções
atribuídas para cada número de acções subscritas e informando a data a partir da qual podem os
subscritores proceder ao levantamento das respectivas cautelas e do excedente das importâncias
depositadas no acto da subscrição, nos locais onde esta foi efectuada.

2.2.2 Subscrição incompleta

Não sendo subscritas pelo público todas as acções a ele destinadas, haverá a considerar duas hipóteses:

1ª Se o programa de oferta de acções à subscrição pública especificar que, neste caso, é facultado à
assembleia constitutiva deliberar a constituição da sociedade, pode o processo continuar, desde que
tenham sido subscritos, pelo menos, ¾ das acções destinadas ao público;

2ª Em caso contrário, devem os promotores requerer o cancelamento do registo provisório e publicar


um anúncio em que informem os subscritores de que devem levantar as suas entradas, suportando
todas despesas efectuadas.

2.2.3 Realização Do capital

A realização do capital social é o acto pelo qual os sócios entregam à sociedade o capital que se
comprometeram.

Quanto à altura em que se realizam as entradas, a realização pode ser:

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▪ Imediata: se o acto da realização coincide com o acto da subscrição.
▪ Diferida: quando a realização do capital ocorre num momento posterior ao da subscrição.

Quanto à suficiência das entradas, a realização do capital pode ser:

▪ Integral: quando a entrega dos valores acontece numa só vez.


▪ Parcial: quando a entrega dos valores acontece por várias vezes, em momentos distintos.
▪ Excedentária: quando os valores entregues superam o capital subscrito. Este tipo de realização
do capital acontece quando as entradas são efectuadas em espécie e a parte excedentária é tratada
como um empréstimo ou suprimento à sociedade.

Quanto à natureza das entradas, a realização do capital pode ser feita em:

▪ Dinheiro
▪ Bens diferentes de dinheiro, designadas por entradas em espécie, mensuradas pelo seu justo
valor.

Se o capital social não ficar integralmente realizado na data de constituição, o balanço inicial indicará, do
mesmo modo, o seu valor nominal; isto porque o capital da sociedade é o capital nominal e subscrito e
não o capital realizado, muito embora convenha distinguir os seguintes valores:

▪ Capital subscrito – Não chamado


▪ Capital subscrito – Chamado e não realizado
▪ Capital subscrito – Chamado e realizado

Neste caso de realização parcial, naturalmente, haverá que inscrever no Activo, a título de crédito sobre
os sócios, a parte do capital subscrito ainda não realizada, distinguindo, também, por corresponderem a
graus de liquidez diferente, as dívidas relativas ao:

▪ Capital subscrito – Não chamado


▪ Capital subscrito – Chamado e não realizado

Em contrapartida, por vezes, os sócios, logo na própria realização, entregam à sociedade valores
superiores àqueles que haviam subscrito, constituindo as diferenças entre os respectivos valores
verdadeiros empréstimos dos sócios à sociedade, que também se designam por suprimentos.

Neste caso, como é evidente, haverá que inscrever no Passivo do balanço, a título de débito àqueles
sócios, o valor dos respectivos suprimentos.

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2.2.4 Lançamentos de abertura

A escritura de constituição contém cláusulas relativas ao montante do capital social, à parte subscrita por
cada sócio, aos valores que os sócios se obrigam a entregar para realização da sua parte no capital, aos
prazos dentro dos quais essas entregas devem ser efectuadas, etc.

Assim, na abertura das contas das sociedades, convém contabilizar separadamente as várias fases e
operações relacionadas com a sua constituição.

2.3. CONTAS RELACIONADAS COM CAPITAL O CAPITAL SUBSCRITO

2.3.1 Subscrição e realização do capital

Pela subscrição, os futuros sócios (por enquanto simples subscritores) tomam o compromisso de entregar
à sociedade determinados valores para a formação do capital social.

Quem promete deve. Portanto, estarão em jogo duas contas: uma de dívidas a receber (de subscritores) e,
naturalmente, a conta 5.1 Capital.

Não tendo por origem transacções correntes, financiamentos obtidos, relações com o sector público
administrativo ou com accionistas ou sócios (que ainda não são), essas dívidas a receber pela subscrição
do capital social hão-de respeitar à conta 4.5 Outros Devedores, na qual encontramos precisamente a
subconta 4.5.2 Subscritores de Capital.

Pelo pagamento, realização ou liberação das quotas e acções, deve ser creditada aquela conta, por
contrapartida das contas do activo correspondentes aos valores entregues.

2.3.2 As contas dos subscritores do capital

A subconta 4.5.2 Subscritores de Capital está subdividida consoante a natureza das entidades subscritoras
(entidades públicas, privadas e outras), sendo ainda conveniente distinguir, como já foi referido, as
dívidas relativas ao capital subscrito ainda não chamado e já chamado (mas ainda não realizado, claro),
tal como segue:

4.5 OUTROS DEVEDORES


4.5.2 Subscritores de Capital
4.5.2.1 Estado e outros organismos públicos
4.5.2.1.1 Capital Subscrito – Não Chamado
4.5.2.1.2 Capital Subscrito – Chamado e Não Realizado
4.5.2.2 Entidades privadas
4.5.2.2.1 Capital Subscrito – Não Chamado
4.5.2.2.2 Capital Subscrito – Chamado e Não Realizado
4.5.2.9 Entidades privadas
4.5.2.9.1 Capital Subscrito – Não Chamado
4.5.2.9.2 Capital Subscrito – Chamado e Não Realizado

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2.3.3 As contas do capital social

Para além da eventual distinção entre o capital ordinário e capital privilegiado nas sociedades por acções,
na conta 5.1 Capital devem distinguir-se, como já sabemos, o capital subscrito ainda não chamado e já
chamado (ainda não realizado e já realizado), tal como segue:

5.1 CAPITAL
5.1.1 Capital Subscrito – Não Chamado
5.1.2 Capital Subscrito – Chamado e Não Realizado
5.1.3 Capital Subscrito – Chamado e Realizado

2.4. SUBSCRIÇÃO PARTICULAR E REALIZAÇÃO DO CAPITAL

2.4.1 Subscrição com realização integral imediata

A. Realização em numerário

Pela subscrição (de entidades privadas, com chamada imediata de todo capital, por exemplo), será:

4.5 OUTROS DEVEDORES


4.5.2 Subscritores de Capital
4.5.2.2 Entidades privadas
4.5.2.2.2 Capital Subscrito – Chamado e Não Realizado
a 5.1 CAPITAL
5.1.2 Capital Subscrito – Chamado e Não Realizado
Pela subscrição do capital da sociedade ALFA, constituída por escritura desta data, lavrada de fls. 73
a 75 Livro B-8 do Cartório X desta cidade 6.000

Pela realização integral em numerário, teremos:

1.2.1 DEPÓSITOS À ORDEM 3.000


1.1 CAIXA 3.000
a 4.5 OUTROS DEVEDORES
4.5.2 Subscritores de Capital
4.5.2.2 Entidades privadas
4.5.2.2.2 Capital Subscrito – Chamado e Não Realizado
Depósitos dos sócios e numerário entregue para realização integral das suas quotas 6.000

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Pela regularização das subcontas de capital:

5.1 CAPITAL
5.1.2 Capital Subscrito – Chamado e Não Realizado

a 5.1 CAPITAL
5.1.3 Capital Subscrito – Chamado e Realizado
Transferência daquela para esta subconta 6.000

Os três lançamentos anteriores sintetizados num único lançamento

1.2.1 DEPÓSITOS À ORDEM 3.000


1.1 CAIXA 3.000
a 5.1 CAPITAL
5.1.3 Capital Subscrito – Chamado e Realizado
Pela abertura das contas da sociedade ALFA
constituida por ….. 6.000

B. Realização em diversos valores activos

Se os subscritores realizam integralmente as suas quotas em diversos valores activos, no respectivo


lançamento devem ser debitadas as contas correspondentes aos valores entregues.

Então, após o lançamento de subscrição, teremos, por exemplo:

1.2.1 DEPÓSITOS À ORDEM 2.000


2.2 MERCADORIAS 3.000
3.2 ACTIVOS TANGIVEIS 1.000
a 4.5 OUTROS DEVEDORES
4.5.2 Subscritores de Capital
4.5.2.2 Entidades privadas
4.5.2.2.2 Capital Subscrito – Chamado e Não Realizado

Valores activos entregues pelos sócios para realização integral das suas quotas 6.000

E seguir-se-ia o lançamento de regularização das subcontas de capital.

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C. Realização em diversos valores activos e passivos

Admitamos que, para realização integral da sua quota de 2.000 Mts, o sócio A transfere os seguintes
valores:

Dinheiro - 200
Crédito sobre clientes – 400
Mercadorias diversas – 1.200
Equipamento administrativo – 500
Débito a fornecedores – 300

Então o lançamento será:

1.2.1 DEPÓSITOS À ORDEM 200


4.1 CLIENTES 400
2.2 MERCADORIAS 1.200
3.2.3 EQUIPAMENTO ADMINISTRATIVO 500
a 4.5 OUTROS DEVEDORES
4.5.2 Subscritores de Capital
4.5.2.2 Entidades privadas
4.5.2.2.2 Capital Subscrito – Chamado e Não Realizado 2.000
a 4.2 FORNECEDORES 300
Valores activos e passivos entregues pelo sócio A para realização integral da sua quota.

E seguir-se-ia o lançamento de regularização das subcontas de capital.

D. Realização excedentária: suprimentos

Também pode acontecer que, na realização, e qualquer que seja a natureza dos elementos patrimoniais
que a consubstanciam, determinado sócio entregue à sociedade um valor superior ao do capital por ele
subscrito.

Neste caso, a diferença entre o valor entregue e o capital por ele subscrito corresponde a um empréstimo
do sócio à sociedade, isto é, a um suprimento, que deverá ser creditado na conta 4.6.7.1 Credores sócios
accionistas ou proprietários – Empréstimos obtidos.

Aproveitando o exemplo anteriormente apresentado, admitamos que o sócio A transfere para a sociedade
os mesmos elementos activos e passivos, mas agora o valor das mercadorias é de 1.800 Mts.

Então, o lançamento relativo à realização seria o seguinte:

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1.2.1 DEPÓSITOS À ORDEM 200
4.1 CLIENTES 400
2.2 MERCADORIAS 1.800
3.2.3 EQUIPAMENTO ADMINISTRATIVO 500
a 4.5 OUTROS DEVEDORES
4.5.2 Subscritores de Capital
4.5.2.2 Entidades privadas
4.5.2.2.2 Capital Subscrito – Chamado e Não Realizado 2.000
a 4.2 FORNECEDORES 300
a 4.6.7.1 Credores sócios accionistas ou proprietários – Empréstimos obtidos 600
Valores activos e passivo entregue pelo sócio A para realização integral da sua quota e crédito da conta
de suprimentos

2.4.2 Subscrição com realização parcial

Neste caso, far-se-ão lançamentos idênticos aos da realização integral, pelos valores realizados, mas as
contas dos subscritores não ficarão saldadas, o que só acontecerá quando eles completarem a realização.

2.4.3 Subscrição com chamada parcial do capital

Neste caso, terá de se distinguir, no lançamento da subscrição o capital chamado e não chamado. Será
portanto:

4.5.2 Subscritores de Capital


4.5.2.1 Estado e outros organismos públicos
4.5.2.1.1 Capital Subscrito – Não Chamado 12.000
4.5.2.1.2 Capital Subscrito – Chamado e Não Realizado 8.000
a 5.1 CAPITAL
5.1.1 Capital Subscrito – Não Chamado 12.000
5.1.2 Capital Subscrito – Chamado e Não Realizado 8.000
Pela subscrição de 20.000 acções, com 1ª chamada de capital capital de 40%, conforme Livro de
Subscritores, representativas do capital da sociedade BETA, constituída por …

Pela realização correspondente ao capital chamado:

1.2.1 DEPÓSITOS À ORDEM 8.000


a 4.5.2 Subscritores de Capital
4.5.2.1 Estado e outros organismos públicos
4.5.2.1.2 Capital Subscrito – Chamado e Não Realizado 8.000
Pela realização de 40% do capital subscrito

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E naturalmente:

5.1 CAPITAL
5.1.2 Capital Subscrito – Chamado e Não Realizado
a 5.1 CAPITAL
5.1.3 Capital Subscrito – Chamado e Realizado

Transferência daquela para esta subconta 8.000

Posteriormente, quando for chamada nova fracção do capital, será indispensável regularizar as subcontas
dos accionistas e do capital, tal como segue:

4.5.2 Subscritores de Capital


4.5.2.1 Estado e outros organismos públicos
4.5.2.1.2 Capital Subscrito – Chamado e Não Realizado 6.000
a 4.5.2 Subscritores de Capital
4.5.2.1 Estado e outros organismos públicos
4.5.2.1.1 Capital Subscrito – Não Chamado 6.000
Transferência do valor do capital agora chamado (30%) desta para aquela subconta
________________________________ “ ___________________________________

5.1 CAPITAL
5.1.1 Capital Subscrito – Não Chamado 6.000
a 5.1 CAPITAL
5.1.2 Capital Subscrito – Chamado e Não Realizado 6.000
Transferência de capital agora chamado daquela para esta subconta

2.4.4 Realização antecipada

Embora seja pouco frequente, o pacto social ou contrato da sociedade pode prever a possibilidade de os
accionistas realizarem antecipadamente as suas acções, quer no momento da constituição quer
posteriormente, quando for chamada qualquer fracção do capital subscrito.

Em qualquer caso, essas entregas antecipadas poderão ser registadas na conta 4.5 Outros Devedores,
subconta 4.5.2 Subscritores de Capital, divisão 4.5.2.2 Entidades privadas, subdivisão 4. 5.2.2.6 Capital
Subscrito – Entregas Antecipadas, por hipótese, cujo saldo credor será reduzido e anulado à medida que
aquelas entregas deixem de ser antecipadas (nas datas das restantes chamadas de capital).

Por exemplo, admitamos que, no momento da constituição da sociedade BETA, anteriormente referida
(chamada de capital: 40%, 30% e 30%), determinado accionista libera integralmente, em numerário, as
1000 acções que havia subscrito.

Então, o lançamento anteriormente apresentado seria substituído pelo seguinte:

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1.2.1 DEPÓSITOS À ORDEM 8.600
a 4.5.2 Subscritores de Capital
4.5.2.2 Entidades Privadas
4.5.2.2.2 Capital Subscrito – Chamado e Não Realizado 8.000
4. 5.2.2.6 Capital Subscrito - Entregas Antecipadas 600
Pela liberação de 40% do capital subscrito e entregas antecipadas

E pela realização da 2 ª chamada de capital (30%), teríamos:

1.1 CAIXA 5.700


4.5.2 Subscritores de Capital
4.5.2.2 Entidades Privadas
4.5.2.2.6 Capital Subscrito - Entregas Antecipadas 300
a 4.5 OUTROS DEVEDORES
4.5.2 Subscritores de Capital
4.5.2.2 Entidades Privadas
4.5.2.2.2 Capital Subscrito – Chamado e Não Realizado 6.000

Pela liberação de 30% do capital subscrito

2.5 SUBSCRIÇÃO PÚBLICA

2.5.1 Subscrição pública e rateio

Já sabemos que, nas sociedades por acções, quando se houver de recorrer à subscrição pública, como o
número de acções subscritas não será precisamente igual ao número de acções emitidas, ter-se-á
eventualmente de proceder a rateio, com a consequente anulação das subscrições em excesso e devolução
aos accionistas das respectivas importâncias. Deverão estas operações, relativas à subscrição e rateio, ser
contabilizada na escrita da sociedade? As opiniões divergem.

Alguns entendem que não, pois estas operações são realizadas antes da constituição da sociedade, a qual
só é possível a partir do momento em que as acções subscritas já correspondem precisamente às acções a
emitir e, portanto, ao capital social.

Outros entendem que sim, argumentando com a importância que tais operações assumem para a
constituição da sociedade.

Assim, poderão admitir-se duas soluções:

1. ª Distinguir:

a) A contabilidade do grupo promotor (relativa às operações realizadas até à constituição da


sociedade);
b) A contabilidade da sociedade (cujo lançamento de abertura se fará com base no lançamento de
encerramento das contas do grupo promotor)

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2. ª – Registar todas as operações na contabilidade da sociedade

Em qualquer caso, quais os lançamentos de abertura?

Teremos portanto:

a) Pela subscrição (excessiva) das acções

4.5 OUTROS DEVEDORES


4.5.2 Subscritores de Capital
4.5.2.2 Entidades privadas
4.5.2.2.1 Capital Subscrito – Não Chamado 15.000
4.5.2.2.2 Capital Subscrito – Chamado e Não Realizado 10.000
a 5.1 CAPITAL
5.1.1 Capital Subscrito – Não Chamado 12.000
5.1.2 Capital Subscrito – Chamado e Não Realizado 8.000
a 4.6 OUTROS CREDORES
4.6.7 Credores – sócios accionistas ou proprietários
4.6.7.5 Entidades privadas
4.6.7.5.1 Capital Subscrito – Excesso a Anular 5.000
Pela subscrição de 25.000 acções de 1 Mts, liberadas de 40% sendo 20.000 Representativas do capital
da sociedade BETA, constituída por

b) Pela realização de 40% do capital subscrito

1.2.1 DEPÓSITOS À ORDEM 10.000


a 4.5 OUTROS DEVEDORES
4.5.2 Subscritores de Capital
4.5.2.2 Entidades Privadas
4.5.2.2.2 Capital Subscrito – Chamado e Não Realizado 10.000
Pela liberação de 40% do capital subscrito

________________________________ “ ___________________________________

5.1 CAPITAL
5.1.2 Capital Subscrito – Chamado e Não Realizado 8.000
a 5.1 CAPITAL
5.1.3 Capital Subscrito – Chamado e Realizado 8.000
Transferência daquela para esta subconta

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c) Pela anulação da parte não chamada das subscrições em excesso, após o rateio

4.6 OUTROS CREDORES


4.6.7 Credores – sócios accionistas ou proprietários
4.6.7.5 Entidades privadas
4.6.7.5.1 Capital Subscrito – Excesso a Anular 3.000
a 4.5 OUTROS DEVEDORES
4.5.2 Subscritores de Capital
4.5.2.2 Entidades privadas
4.5.2.2.1 Capital Subscrito – Não Chamado 3.000
Pela anulação da parte não chamada de 5000 acções subscritas em excesso, conforme rateio

Neste momento, a situação das contas dos subscritores de capital é a seguinte:

4.5 OUTROS DEVEDORES


4.5.2 Subscritores de Capital
4.5.2.2 Entidades privadas

4.5.2.2.1 C. Subsc –Ñ chamado 4.5.2.2.2 C. Sub.– Chamado e Ñ Realizado

15.000 3.000 10.000 10.000

4.6.7.5.1 C. Sub.–Excesso a Anular

3.000 5.000

O saldo desta conta corresponde à soma das importâncias a devolver aos accionistas

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d) Pela devolução das importâncias correspondentes à liberação das subscrições anuladas

4.6 OUTROS CREDORES


4.6.7 Credores – sócios accionistas ou proprietários
4.6.7.5 Entidades privadas
4.6.7.5.1 Capital Subscrito – Excesso a Anular 2.000
a 1.2.1 DEPÓSITOS À ORDEM 2.000

N/ devolução das entregas relativas a 5000 acções subscritas em excesso

2.5.2 Emissão com prémio

Na constituição das sociedades anónimas, algumas vezes, poucas, quando existem perspectivas
favoráveis de lucro, ou, mais frequentemente, nos aumentos de capital, quando a empresa se apresenta
particularmente próspera, como veremos, as acções são colocadas acima do par, isto é, por um valor
superior ao seu valor nominal, resultando para a empresa um prémio de emissão, igual ao produto do
número de acções pela diferença entre os seus valores nominal e de emissão.

Este prémio ou ágio, uma espécie de “jóia” ou “direito de entrada”, não deve ser considerado como lucro,
mas sim como uma parcela complementar do capital, pelo que deve ser levado à conta 5.4 Prémios de
Emissão de Acções ou Quotas.

Assim, recordando que não pode ser diferido o prémio de emissão:

4.5 OUTROS DEVEDORES


4.5.2 Subscritores de Capital
4.5.2.2 Entidades privadas
4.5.2.2.1 Capital Subscrito – Não Chamado 25.000
4.5.2.2.2 Capital Subscrito – Chamado e Não Realizado 35.000

a 5.1 CAPITAL
5.1.1 Capital Subscrito – Não Chamado 25.000
5.1.2 Capital Subscrito – Chamado e Não Realizado 25.000
a 5.4 PRÉMIOS DE EMISSÃO DE ACÇÕES OU QUOTAS 10.000
Pela subscrição de 50.000 acções de 1 Mts, com valor de emissão de 1,2 Mts representativas do
capital…

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Quando a primeira chamada se determina por uma percentagem do capital (50%), no caso apresentado),
pode surgir o problema de saber se a base de percentagem será o capital nominal (liberando-se
imediatamente todo o prémio) ou a soma deste capital com os prémios de emissão.

2.6 DESPESAS DE CONSTITUIÇÃO

A constituição implica várias despesas, nomeadamente, com planos e projectos, boletins de subscrição,
títulos, publicação de anúncios, escritura notarial, registo comercial, honorários de advogados e
economistas, etc.

Se a colocação dos títulos se efectua por intermédio de estabelecimento de crédito, haverá que registar
ainda a comissão recebida pelos mesmos.

Todos os gastos, realizados no período da fundação da sociedade (ou por ocasião de aumentos de
capital), são indispensáveis à existência legal da sociedade e ao começo das suas actividades.

Sendo assim, mesmo considerando a hipótese que a sociedade vai beneficiar desses gastos por toda a sua
vida, o entendimento do PGC-NIRF é que eles não devem ser contabilizados como activos intangíveis,
mas como custos do exercício em que são realizados.

Teremos, então, por exemplo:

6.3 FORNECIMENTO E SERVIÇOS DE TERCEIROS


6.3.2 Fornecimento de serviços
6.3.2.3.1 Contencioso e notariado
a 1.1 CAIXA
Pagamento da conta do notário X, relativa à escritura de constituição

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