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1.

Capital próprio

De acordo com Almeida 2014, Capital próprio é o valor contabilístico de uma empresa numa
determinada data, ou seja, é a diferença entre os seus activos e os seus passivos, sendo este
constituído pelas entradas dos sócios, pelos resultados gerados pela empresa, revalorizações,
subsídios, doações e ajustamentos em investimentos financeiros. O capital pode ser classificado
como realizado ou não realizado.

O capital próprio e constituído pelas seguintes rubricas:

Capital social: representa as entradas dos sócios. é representado por títulos eu conferem o direito
a participar na vida da sociedade, a ser designado para os órgãos de administracao e fiscalização
da sociedade a participar na deliberacao dos sócios e a quinhoar nos lucros e nas perdas, quando
se trata de sociedades de responsabilidades limitadas ate ao montante do capital subscrito.

Reservas: integram todos os recursos próprios, distintos do capital social. Estão são classificadas
atentando-se na sua origem e a sua natureza.

 Quanto a origem as reservas podem ser provenientes de lucros retidos de exercícios


anteriores, de resultados de exercícios pendentes de distribuição, etc.
 Quanto a natureza podem ser classificadas em reservas livres, reservas estatuárias e
reservas contratuais.

Resultados negativos de exercícios anteriores: constituídos pelas pedras acumuladas.

Acções ou quotas próprias: a sociedade pode adquirir acções ou quotas representativas do seu
capital social desde que estejam cumpridas determinadas formalidades legais. A aquisição destes
títulos representa uma redução do capital da sociedade, pelo que é uma componente negativa do
capital próprio.

Prémios de emissões: existe o premio de emissão quando o valor das acções ou quotas
subscritas excede o seu valor nominal.

Ajustamento em activos financeiros: evidenciam os ajustamentos decorrentes da utilização do


método de equivalência patrimonial em subsidiarias, associadas e entidades conjuntamente
controladas
Excedentes de revalorização: movimentada pela diferença entre o valor escriturado e o justo
valor de activos fixos tangíveis e de activos intangíveis.

Subsídios: contabilização de subsídios destinados a investimentos.

Doações: evidenciam o recebimento de activos e títulos gratuitos.

Regra geral essa é uma área onde ocorrem poucas transações, assim, o auditor optara por uma
estratégia predominantemente substantiva, em detrimento de um misto de testes aos controlos e
procedimentos substantivos.

1.1 Aspectos de natureza contabilística e legal


1.1.1 Entradas de capital

O capital das sociedades pode ser realizado em dinheiro ou em espécie, no entanto apenas as
primeiras entradas podem ser diferidas (arto. 26o, no. 3 do CSC citado por ALMEIDA 2014). Nas
sociedades anónimas as entradas em dinheiro podem ser diferidas em 70% no entanto não pode
haver diferimento do período de emissão; nas sociedades por quotas as entradas em dinheiro
podem ser diferenciadas em 50%, por um período de 5 anos. E as segundas devem ter por base
um relatório de um ROC, sem interesses na sociedade, que elabora um relatório em que constara
os seguintes elementos:

 Descrição dos bens;


 Identificação dos seus titulares;
 Avaliação dos bens, indicando os critérios usados para a avaliação;
 Declaração sobre se os valores encontrados atingem ou não o valor nominal da arte,
quotas ou acções atribuídas aos sócios que efectuaram tais entradas acrescidas acrescido
dos prémios de emissões;
 No caso de acções sem valor nominal, declaração sobre se os valores encontrados
atingem o montante do capital social correspondente emitido.
1.1.2 Prestações suplementares vs suprimidos

De acordo com Almeida (2014) as prestações suplementares são entradas exclusivamente em


dinheiro, dos sócios a sociedade que embora contabilizados em capital próprio não configuram
aumento do capital social. O contrato de que prever a eventualidade de exigir aos sócios
prestações de suplementares, bem como o respectivo montante global, os sócios que ficam a tais
prestações e critérios de repartição.

Segundo o art.º 210º, n.º 3 citado por Almeida (2014) ‹‹ as prestações suplementares não vencem
juros ›› e nas declarações de Cunha (2007) citado por Almeida (2014) ‹‹ as limitações que se
colocam ao respectivo reembolso são extremamente rigorosas ››. Sendo assim, estas apenas
podem ser restituídas se a situação líquida não ficar inferior a soma do capital social e da reserva
legal, e o respectivo sócio já tenha liberado a sua quota. A recusa de efectuar prestações
suplementares de capital é causa de exclusão sócio.

1.1.3 Reservas legais e outros tipos de reservas

A sociedade pode construir vários tipos de reservas: decorrendo de obrigações legais (reserva
legal ou reserva indisponível pela aquisição de quotas ou acções próprias), de disposições
estatuárias (o pacto social ou estatuto de sociedade podem obrigar a determinadas reservas) de
lucros não distribuídos aos sócios (reservas livres) e outros que não se encontrem contabilizados
como tais (reservas ocultas).

Regra geral todas reservas podem ser utilizadas na cobertura de prejuízos ou em aumento de
capital, com excepção: das reservas de reavaliação não realizadas, das reservas indisponíveis em
virtude de aquisição de acções ou quotas próprias e das reservas cuja existência e cujo montante
não figurem expressamente no balanço. (ALMEIDA, 2014:440)

A reserva legal é de constituição obrigatória assim a sociedade deve afectar periodicamente uma
parte dos seus lucros, não inferior a 5% do resultado ate esta perfazer 20% do capital social e as
reservas livres são constituídas pelos lucros eu não foram distribuídos aos sócios.
1.1.4 Ações ou quotas próprias

Ações ou quotas próprias são participações sócias que a sociedade detêm de si me sma ou seja do
seu próprio capital social.

Uma sociedade só pode adquirir Ações ou quotas em três circunstâncias:

I. A título gratuito;
II. Em ação executiva;
III. Se dispuser de reservas livres superiores ao dobro do contravalor a prestar e apenas se
estes estiverem internamente liberadas; (art.º 318.o n.º 1 citado por Almeida, 2014)

Quando numa sociedade existirem ações ou quotas próprias, ou seja, parte do capital é detido
pela própria sociedade torna-se necessário criar uma reserva que cubra o montante pelo qual
essas ações ou quotas próprias estão contabilizadas e estas reservas não podem ser usadas para o
aumento do capital nem para cobertura de prejuízos. (art.º 318º n.º1 citado por Almeida, 2014)

Regra geral uma sociedade não pode deter ações ou quotas próprias representativas de mais de
10% de seu capital social. Caso esta percentagem seja ultrapassada terá que ser reposta num
prazo de três anos.

A aquisição de ações ou quotas próprias sem observância das limitações legais previstas no art.
220º é nula.

1.1.5 Perda de metade do capital social

De acordo com o n.º 2 do art. º 35 citado por Almeida (2014) ‹‹ considera-se perdida a metade do
capital social quando o capital próprio da sociedade for igual ou inferior a metade do capital
social. A aferição desta situação pressupõe a elaboração de um balanco permitindo conhecer a
situação financeira da empresa, e, em particular, estimar o capital próprio.

Algumas medidas que podem ser seguida pelos sócios numa situação de perda de metade do
capital social:
a) Dissolução da sociedade
A liquidação conduzira a cessação da actividade tendo como consequência a partilha da
sociedade.
b) Redução do capital social
A assembleia geral poderá deliberara a redução do capital social, no entanto tal redução
não poderá ser para montante inferior ao capital próprio da sociedade. Nesta hipótese há
uma redução do capital social para suprir os resultados negativos da sociedade mantendo
se inalterado o capital próprio. Ou seja, esta operação visa apenas adequar o capital social
à situação líquida da sociedade, não estamos portanto, perante uma redução exuberante
do capital, uma vez que esta situação levaria a uma libertação de fundos patrimoniais que
se encontram sujeitos à intangibilidade do capital social o que não é o caso.
Segundo Mota Pinto (2006) citado por Almeida (2014) a redução do capital representa
algumas desvantagens comparativamente à realização de entradas: em primeiro lugar
implica a realização de uma escritura pública, em segundo lugar a redução não aumenta
nem os fundos próprios nem o património da sociedade, logo, não há qualquer implicação
em termos de aumento da garantia para os credores.
c) Realização de entradas para reforço da cobertura de capital
Estas entradas têm como objectivo reforçar os capitais próprios da sociedade, logo, não
têm como contrapartida a aquisicao de cotas ou acoes, como acontecem no momento da
constituição da sociedade ou em posteriores aumentos de capital. Devido a estas entradas
não alterarem os direitos corporativos dos sócios, elas não têm que ser proporcionais às
participações de cada sócio.
No entanto, nada obsta a que tal proporcionalidade não possa ser aplicada se assim for
deliberado por todos os sócios, ou caso o contracto de sociedade seja omisso em relação
ao critério de repartição das prestações complementares.
A deliberação que aprove a realização de entradas para reforço do capital poderá ser
aprovada por maioria simples, já que esta apenas obrigara os sócios que a votarem
favoravelmente.
d) Outras medidas julgadas convenientes pelos sócios
Para elem dos exemplos referidos anteriormente, existem outras medidas que podem ser
tomadas e que os sócios entendam por conveniente para ultrapassar, a situação de perda
de metade do capital social.
Assim os sócios poderão combinar a redução do capital social com entradas que
reponham a cobertura de metade de capital, ou seja, os sócios realizarão as entradas
possíveis e reduzirão o capital social para que este não supere o dobro dos capitais
próprios.
Outa possível medida será a realização de uma operação harmónio, ou seja, a redução do
capital para cobrir as perdas acumuladas, seguida de imediato por um aumento através de
novas entradas. Neste tipo de operação os sócios procuram limpar os prejuízos que se
acumularam tornando a sociedade apetecível para quem nela pretenda participar,
subscrevendo o aumento do capital social a realizar imediatamente após a redução e
articuladamente com a mesma.
Os sócios poderão ainda optar por um aumento do capital social o que implicaria um
aumento do capital próprio da sociedade e uma diminuição, directamente proporcional ao
montante do aumento, da diferença entre o capital próprio e o capital social.

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