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Rio de Janeiro
Janeiro de 2014
À minha família pela educação e contribuição
na minha formação.
AGRADECIMENTOS
INTRODUÇÃO ........................................................................................... 5
1 O FINANCIAMENTO COM RECURSOS DO BNDES ............................. 1
1.1. O BNDES e sua função institucional ............................................... 1
1.2. Formas de apoio do BNDES............................................................ 9
1.2.1. Operações Diretas .................................................................. 10
1.2.2. Operações Indiretas e Mistas .................................................. 11
1.3. Beneficiários e produtos financeiros do BNDES ............................ 13
2 A INCIDÊNCIA DO CDC ....................................................................... 16
2.1. Consumidor e relação de consumo ............................................... 18
2.2. Equiparação a consumidor – art. 29 do CDC ................................ 21
2.3. O reconhecimento da vulnerabilidade ........................................... 24
2.4. Da Administração Pública como consumidora............................... 26
3 O FINANCIAMENTO BANCÁRIO ......................................................... 28
3.1. O processo de concessão de financiamento ................................. 29
3.2. O direito do consumidor nos contratos bancários .......................... 30
4 A APLICAÇÃO DO CDC AOS CONTRATOS DE FINANCIAMENTO DO
BNDES ................................................................................................. 41
4.1. A jurisprudência sobre contratos do BNDES ................................. 43
4.2. Nossa visão acerca da vulnerabilidade da beneficiária em
operações de colaboração financeira reembolsável do BNDES.... 49
CONCLUSÃO........................................................................................... 52
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................... 53
INTRODUÇÃO
1
Art. 8º da Lei nº 1.628, de 1952: “Art. 8º Para dar execução aos objetivos desta Lei, bem como
da Lei nº 1.518, de 24 de dezembro de 1951 e do art. 3º da Lei nº 1.474, de 26 de novembro de
1951, é criado, sob a jurisdição do Ministério da Fazenda, o Banco Nacional do Desenvolvimento
Econômico, que também atuará, como agente do Govêrno, nas operações financeiras que se
referirem ao reaparelhamento e ao fomento da economia nacional.”
8
2
Art. 3º do Decreto nº 4.418, de 11 de outubro de 2002: “Art. 3º: O BNDES é o principal
instrumento de execução da política de investimento do Governo Federal e tem por objetivo
primordial apoiar programas, projetos, obras e serviços que se relacionem com o desenvolvimento
econômico e social do País.”
3
JUNIOR, Nelson Nery. Contrato administrativo do BNDES. In: Soluções Práticas – Nery. v. 1.
p. 535. Set. 2010. DTR\2012\626.
9
4
BNDES. O banco nacional do desenvolvimento. Disponível em: <http://www.bndes.gov.br/
SiteBNDES/bndes/ bndes_pt/Institucional/O_BNDES/A_Empresa/>. Acesso em: 30 out. 2013.
5
BRASIL. Banco Central do Brasil. Disponível em: <http://www.bcb.gov.br/pre/composicao/
bndes.asp>. Acesso em: 2 nov. 2013.
10
6
Art. 8º, II do Estatuto do BNDES.
7
Vide Lei nº 10.893, de 13 de julho de 2004.
8
Vide Lei nº 12.114, de 9 de dezembro de 2009.
9
BNDES. O banco nacional do desenvolvimento. Disponível em: <http://www.bndes.gov.br/
SiteBNDES/bndes/bndes_pt/Institucional/Apoio_Financeiro/formas_apoio.html>. Acesso em: 30
out. 2013.
12
10
Conforme informações disponíveis no Portal do BNDES em: <http://www.bndes.gov.br/
SiteBNDES/bndes/ bndes_pt/Institucional/Apoio_Financeiro/formas_apoio.html>. Acesso em: 10
out. 2013.
11
Idem.
14
12
LOURENÇO, Gilmar Mendes. O BNDES e a matriz do crescimento. In: Análise Conjuntural. v.
29. n. 05-06. p.19. maio/jun. 2007. Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e
Sustentável. Disponível em: <http://www.ipardes.gov.br/webisis.docs/bol_29_3e.pdf>. Acesso
em: 8 nov. 2013.
15
13
Conforme a Lei nº 4.595, de 31 de dezembro de 1964, que, entre outros, dispõe sobre a Política
e as Instituições Monetárias, Bancárias e Creditícias e cria o Conselho Monetário Nacional: “Art.
3º A política do Conselho Monetário Nacional objetivará: (...) IV - Orientar a aplicação dos
recursos das instituições financeiras, quer públicas, quer privadas; tendo em vista propiciar, nas
diferentes regiões do País, condições favoráveis ao desenvolvimento harmônico da economia
nacional; (...) VII - Coordenar as políticas monetária, creditícia, orçamentária, fiscal e da dívida
pública, interna e externa. Art. 4º Compete ao Conselho Monetário Nacional, segundo diretrizes
estabelecidas pelo Presidente da República: (...) XXII - Estatuir normas para as operações das
instituições financeiras públicas, para preservar sua solidez e adequar seu funcionamento aos
objetivos desta lei;”.
2 A INCIDÊNCIA DO CDC
14
MARQUES, Claudia Lima. O novo direito privado brasileiro após a decisão da ADIN dos
bancos (2.591): observações sobre a garantia institucional-constitucional do direito do consumidor
e a drittwirkung no Brasil. Artigo publicado em: Revista de Direito do Consumidor. V. 61. p. 40.
jan-2007. Revista dos Tribunais Online. Disponível em: <http://www.rtonline.com.br>. Acesso
em: 10 out. 2013.
17
15
PASQUALOTTO, Adalberto. O destinatário final e o “consumidor intermediário”. Artigo
publicado em: Revista de Direito do Consumidor. v. 74. p. 7. abr. 2010. Revista dos Tribunais
Online. Disponível em: <http://www.rtonline.com.br>. Acesso em: 10 out. 2013.
16
PFEIFFER, Roberto Augusto Castellanos. Código de Defesa do Consumidor e Sistema
Financeiro Nacional: primeiras reflexões sobre o julgamento da ADIn 2.591. In. Aplicação do
Código de Defesa do Consumidor aos Bancos. Ed. Revista do Tribunais, 2006, p. 295-296.
18
17
Sobre o tema, remetemos à obra de Claudia Lima Marques, Contratos no código de defesa do
consumidor: o novo regime das relações contratuais. 4. Ed. São Paulo: Editora Revista dos
Tribunais, 2002.
18
Segundo Claudia Lima Marques, na mesma obra Contratos no código de defesa do
consumidor..., “O legislador brasileiro, parece ter, em princípio, preferido uma definição mais
objetiva de consumidor. (...) Na definição legal, a única característica restritiva seria a aquisição ou
utilização do bem como destinatário final. Certamente, ser destinatário final é retirar o bem de
mercado (ato objetivo), mas e se o sujeito adquire o bem para utilizá-lo em sua profissão, adquire
como profissional (elemento subjetivo), com fim de lucro, também deve ser considerado
‘destinatário final’? A definição do art. 2º do CDC não responde à pergunta, é necessário
interpretar a expressão ‘destinatário final’”.
19
Esta posição reforça que o CDC incide quando se está diante de uma
relação jurídica em que há uma situação de manifesta desigualdade entre as partes.
Nesse sentido cabe trazer à baila a lição de Claudia Lima Marques21:
19
FILOMENO. José Geraldo Brito, GRINOVER, Ada Pellegrini et al. Código brasileiro de defesa
do consumidor: comentado pelos autores do anteprojeto. 7. ed. p. 28. Rio de Janeiro: Forense
Universitária, 2001.
20
Idem.
21
MARQUES, Claudia Lima. O novo direito privado... Op cit.
20
22
FILOMENO, José Geraldo Brito. Op cit.
23
PASQUALOTTO, Adalberto. Op cit.
21
outros). O consumidor, por outro lado, age com finalidade estranha ao exercício
de uma atividade profissional24.
O autor arremata:
24
Idem.
25
BRASIL. Conselho da Justiça Federal. Disponível em: <http://www.cjf.jus.br/cjf/CEJ-
Coedi/jornadas-cej>. Acesso em: 20 nov. 2013.
22
26
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Recurso Especial 932.557-SP. Órgão julgador: Quarta
Turma. Relator: Min. Luís Felipe Salomão. Julgamento em 7/2/2012.
23
27
AGRAVO REGIMENTAL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. CONSUMIDOR. RELAÇÃO
DE CONSUMO. CARACTERIZAÇÃO. DESTINAÇÃO FINAL FÁTICA E ECONÔMICA DO
PRODUTO OU SERVIÇO. ATIVIDADE EMPRESARIAL. MITIGAÇÃO DA REGRA.
VULNERABILIDADE DA PESSOA JURÍDICA. PRESUNÇÃO RELATIVA. 1. O consumidor
intermediário, ou seja, aquele que adquiriu o produto ou o serviço para utilizá-lo em sua atividade
empresarial, poderá ser beneficiado com a aplicação do CDC quando demonstrada sua
vulnerabilidade técnica, jurídica ou econômica frente à outra parte. 2. Agravo regimental a que se
nega provimento. BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Agravo Regimental no Agravo de
Instrumento nº 1316667/RO. Órgão julgador: Terceira Turma. Relator: Min. Vasco Della Giustina
(desembargador convocado do TJ/RS). Julgamento em 15/2/2011.
24
28
Como Adalberto Pasqualotto, na obra citada e Bruno Miragem em Fundamento e finalidade da
aplicação do código de defesa do consumidor às instituições financeiras – comentários à súmula
297 do STJ. Revista de Direito do Consumidor. vol. 82. Abr-2012.
29
MARQUES, Cláudia Lima. Contratos no código de defesa do consumidor. Op cit.
30
Idem.
31
Ibidem.
32
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Recurso Especial 1.195.642-RJ. Órgão julgador:
Terceira Turma. Relatora: Min. Nancy Andrighi. Julgamento em 13/11/2012.
25
Em suma, a vulnerabilidade, seja de que ordem for, tem em si, como traço
característico, o reconhecimento de um desequilíbrio entre as partes, uma
desigualdade que reclama a incidência de uma norma protetiva.
33
Posições de Pedro Paulo Cristófaro e Marçal Justen Filho, consoante Flávio Amaral Garcia (O
Estado como consumidor. Revista de Direito Processual Geral. 2006.). Temos ainda precedente do
STJ, também citado no artigo de Garcia: REsp 527137/PR, 1ª Turma, Rel. Min. Luiz Fux, julgado
em 11.5.2004.
34
SZKLAROWSKY, Leon Frejda. O código de defesa do consumidor e os contratos
administrativos. Revista Tributária e de Finanças Públicas. vol. 27. abr. 1999. / Doutrinas
Essenciais de Direito do Consumidor. vol. 5. abr. 2011.
35
CUNHA, Jatir Batista da. Aplicabilidade do código de defesa do consumidor aos contratos
administrativos. Revista do Tribunal de Contas da União. vol. 32. n. 87. jan-mar 2001.
27
36
Idem.
3 O FINANCIAMENTO BANCÁRIO
37
DE PLÁCIDO E SILVA, Oscar José. Vocabulário Jurídico. Rio de Janeiro: Forense, 2000.
38
De acordo com o art. 29, III, da Lei de Responsabilidade Fiscal, considera-se operação de
crédito o “compromisso financeiro assumido em razão de mútuo, abertura de crédito, emissão e
aceite de título, aquisição financiada de bens, recebimento antecipado de valores provenientes da
venda a termo de bens e serviços, arrendamento mercantil e outras operações assemelhadas,
inclusive com o uso de derivativos financeiros” (BRASIL. Lei Complementar nº 101, de 4 de maio
de 2000. Disponível em: <HTTP://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp101.htm>.)
29
39
BRASIL. Banco Central do Brasil. Disponível em: <http://www.bcb.gov.br/pre/normativos/
busca/normativo.asp?tipo=res&ano=2009&numero=3721.> Acesso em: 15 nov. 2013.
30
40
Para uma abordagem mais aprofundada sobre o tema do risco de crédito, remetemos ao artigo de
CARRION, Thiago Zucchetti. O delito de fraude em financiamento (art. 19 da lei 7.492/1986):
por uma compreensão a partir da gestão de risco de crédito. Revista Brasileira de Ciências
Criminais. vol. 95/2012. p. 405. Mar. 2012. DTR\2012\2717.
41
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Embargos de Declaração na Ação direta de
inconstitucionalidade nº 2.591. Órgão Julgador: Pleno. Relator: Min. Eros Grau. Julgamento em:
14.12.2006.
31
42
MIRAGEM, Bruno. Fundamento e finalidade da aplicação do código de defesa do consumidor
às instituições financeiras – comentários à súmula 297 do STJ. Revista de Direito do Consumidor.
vol. 82. p. 359. Abr-2012.
32
43
Idem.
44
Segundo Nelson Abrão, as operações bancárias dividem-se em típicas ou fundamentais e
acessórias. As típicas são aquelas em que “os bancos exercitam sua negociação de crédito”, podem
ser passivas – como o depósito, o redesconto e a conta corrente – ou ativas – como o empréstimo,
a abertura de crédito, o desconto, etc. As operações acessórias, por sua vez, são os serviços
bancários, como a custódia de valores, a locação de cofres, a cobrança de títulos, etc. (ABRÃO,
Nelson. Direito bancário. 8. ed. São Paulo: Saraiva, 2002. p. 53.)
33
45
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Recurso Especial 468.887-MG. Órgão julgador: Quarta
Turma. Relator: Min. Luís Felipe Salomão. Julgamento em 4/5/2010.
34
46
MIRAGEM, Bruno. Op cit.
47
WALD, Arnoldo. Revista dos Tribunais. vol. 666. p. 7. abr 1991.
48
PASQUALOTTO, Adalberto. Op cit.
35
49
Idem.
50
Ibidem.
51
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Recurso Especial 567.192-SP. Órgão julgador: Quarta
Turma. Relator: Min. Raul Araújo. Julgamento em 5/9/2013.
36
52
Frise-se que, de acordo com o verbete sumular nº 381 do STJ, “nos contratos bancários, é
vedado ao julgador conhecer, de ofício, da abusividade das cláusulas.”
53
MARQUES, Claudia Lima. Op cit, p. 455-456.
38
54
MIRAGEM, Bruno. Op cit.
4 A APLICAÇÃO DO CDC AOS CONTRATOS DE
FINANCIAMENTO DO BNDES
55
Lei 7.492, de 16 de junho de 1986
Define os crimes contra o sistema financeiro nacional
55
BRASIL. Lei 7.492, de 16 de junho de 1986. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/cci
vil_03/Leis/l7492.htm>. Acesso em: 16 nov. 2013.
42
56
JUNIOR, Nelson Nery. Código Brasileiro de Defesa do Consumidor. Rio de Janeiro: Forense,
1991, p. 305.
57
BRASIL. Tribunal Regional Federal da 4ª Região. Apelação Cível 2005.70000019150. Órgão
julgador: Quarta Turma. Rel. Des. Marga Inge Barth Tessler. Julgado em 21/10/2009.
43
58
BRASIL. Tribunal Regional Federal da 2ª Região. Apelação Cível nº 200851040000974. Órgão
julgador: 7ª Turma Especializada. Rel. Desembargadora Federal Salete Maccaloz. Julgado em
12/5/2010.
48
59
BRASIL. Tribunal Regional Federal da 2ª Região. Apelação Cível nº 200450010025912. Órgão
julgador: 8ª Turma Especializada. Rel. Des. Federal Vera Lucia Lima. Julgado em 12/4/2013.
49
60
BRASIL. Tribunal Regional Federal da 2ª Região. Apelação Cível nº 200351010095158. Órgão
julgador: 5ª Turma Especializada. Rel. Des. Federal Nizete Antonia Lobato Rodrigues. Julgado
50
em 23/2/2011.
51