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Curso de Qualificação Inicial de Bombeiro Sapador

Ventilação Operacional

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ÍNDICE
ÍNDICE.......................................................................................................................................2
1. INTRODUÇÃO..................................................................................................................5
2. OBJECTIVOS DA VENTILAÇÃO...................................................................................7
3. PRINCÍPIOS DA VENTILAÇÃO.....................................................................................8
4. TIPOS DE VENTILAÇÃO ................................................................................................9
4.1. VENTILAÇÃO NATURAL ......................................................................................9
Vantagens da ventilação natural .........................................................................................9
Desvantagens da ventilação natural....................................................................................9
4.2. VENTILAÇÃO FORÇADA (MECÂNICA) ...........................................................10
Vantagens da ventilação forçada ......................................................................................10
Desvantagens da ventilação forçada.................................................................................10
5. MÉTODOS DE VENTILAÇÃO......................................................................................11
Ventilação Horizontal...........................................................................................................11
5.1. VENTILAÇÃO HORIZONTAL..............................................................................12
5.1.1. PRINCÍPIOS FÍSICOS ASSOCIADOS ..........................................................12
5.1.2. PRINCÍPIOS DA VENTILAÇÃO HORIZONTAL ........................................12
5.1.3. PROCEDIMENTOS NA VENTILAÇÃO HORIZONTAL ............................14
5.1.4. MÉTODOS PARA EFECTUAR ABERTURAS.............................................15
5.1.5. SITUAÇÕES EM QUE A VENTILAÇÃO HORIZONTAL É ADEQUADA16
5.1.6. FACTORES QUE IMPEDEM A REALIZAÇÃO DA VENTILAÇÃO
HORIZONTAL ................................................................................................................16
5.2. VENTILAÇÃO VERTICAL....................................................................................17
5.2.1. PROCEDIMENTOS DE SEGURANÇA NA VENTILAÇÃO VERTICAL...17
5.2.2. MÉTODOS PARA EFECTUAR ABERTURAS.............................................18
5.2.3. ABERTURA EM TELHADOS (COBERTURAS) .........................................20
5.2.4. VANTAGENS DA VENTILAÇÃO VERTICAL ...........................................22
5.2.5. DESVANTAGENS DA VENTILAÇÃO VERTICAL....................................22
6. TÉCNICAS DE VENTILAÇÃO......................................................................................23
6.1. PRINCIPAIS TÉCNICAS DE VENTILAÇÃO.......................................................23

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6.2. VENTILAÇÃO POR PRESSÃO POSITIVA (VPP)...............................................23
6.2.1. PRINCÍPIOS DA VENTILAÇÃO POR PRESSÃO POSITIVA ....................24
6.2.2. VANTAGENS DA VENTILAÇÃO DE PRESSÃO POSITIVA ....................25
6.2.3. DESVANTAGENS DA VENTILAÇÃO DE PRESSÃO POSITIVA ............25
6.2.4. QUANTIDADE DE VENTILADORES A UTILIZAR...................................26
6.2.5. VENTILADOR SIMPLES ...............................................................................26
A colocação do ventilador deve obedecer ao seguinte:....................................................26
6.2.6. VENTILADORES EM SÉRIE.........................................................................27
6.2.7. VENTILADORES EM PARALELO...............................................................28
6.2.8. VENTILADORES EM “V” .............................................................................28
6.3. VENTILAÇÃO POR PRESSÃO NEGATIVA (VPN)............................................29
6.3.1. PRINCÍPIOS DA VENTILAÇÃO POR PRESSÃO NEGATIVA..................30
6.3.2. VANTAGENS DA VENTILAÇÃO POR PRESSÃO NEGATIVA ...............31
6.3.3. DESVANTAGENS DA VENTILAÇÃO DE PRESSÃO NEGATIVA ..........31
6.3.4. REGRAS DE SEGURANÇA NA VENTILAÇÃO POR PRESSÃO
NEGATIVA .....................................................................................................................31
6.4. VENTILAÇÃO HIDRÁULICA ..............................................................................32
6.4.1. DESVANTAGENS DA VENTILAÇÃO HIDRÁULICA...............................33
7. TÁCTICAS DE VENTILAÇÃO......................................................................................33
7.1. VENTILAÇÃO DEFENSIVA .................................................................................33
7.1.1. VANTAGENS DA VENTILAÇÃO DEFENSIVA .........................................34
7.2. VENTILAÇÃO OFENSIVA....................................................................................34
7.2.1. VANTAGENS DA VENTILAÇÃO OFENSIVA ...........................................34
7.2.2. DESVANTAGENS DA VENTILAÇÃO OFENSIVA....................................35
8. VENTILAÇÃO EM EDIFÍCIOS DE GRANDE ALTURA............................................36
9. CAVES .............................................................................................................................39
10. BIBLIOGRAFIA ..........................................................................................................41

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ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1 Abertura de ventilação ...............................................................................................13


Figura 2 Ordem de abertura......................................................................................................13
Figura 3 Ventilação Vertical.....................................................................................................17
Figura 4 Estabelecimento de mangueiras .................................................................................18
Figura 5 Localização das aberturas ..........................................................................................20
Figura 6 Posicionamento dos Bombeiros .................................................................................21
Figura 7 Posicionamento do ventilador ....................................................................................24
Figura 8 Colocação do ventilador simples ...............................................................................26
Figura 9 Colocação dos ventiladores em série .........................................................................27
Figura 10 Colocação dos ventiladores em paralelo ..................................................................28
Figura 11 Colocação dos ventiladores em V ............................................................................29
Figura 12 Colocação do extractor.............................................................................................29
Figura 13 Colocação de manga para espaço em volta do extractor..........................................30
Figura 14 Posicionamento da agulheta em relação à saída ......................................................32
Figura 15 Ventilação defensiva ................................................................................................33
Figura 16 Ventilação ofensiva..................................................................................................34
Figura 17 Efeito de chaminé e cogumelo .................................................................................36
Figura 18 Estratificação do fumo .............................................................................................37
Figura 19 Salto de rã.................................................................................................................38
Figura 20 Exemplo de saídas de ventilação..............................................................................39
Figura 21 Exemplo de ventilação numa cave...........................................................................40

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1. INTRODUÇÃO

Quando uma combustão se dá num espaço fechado o oxigénio do ar presente nesse


espaço é consumido na reacção química, baixando gradualmente a sua
concentração no ar.
No seu início, a combustão é completa e o fumo produzido é composto sobretudo
por dióxido de carbono. À medida que o teor de oxigénio vai baixando, a combustão
passa a fazer-se de uma forma incompleta e o fumo produzido passará a ter menos
dióxido de carbono e a ter mais monóxido de carbono (CO). O monóxido de carbono
é um gás tóxico, inflamável e explosivo.
Por outro lado, todo o fumo entretanto produzido, na impossibilidade de sair do
compartimento, está sujeito à transmissão do calor do incêndio por condução,
radiação e convecção, aumentando gradualmente a sua temperatura para valores
da ordem das várias centenas de graus centígrados.
Assim, dentro do compartimento temos dois dos três elementos do triângulo do fogo:
combustível e energia de activação (calor da combustão). Se nas condições acima
descritas se introduzir ar, o triângulo do fogo fecha-se (combustível + comburente
(oxigénio do ar) + energia de activação), provocando uma violenta explosão, que
induz um rápido alastramento do incêndio aos compartimentos contíguos, colocando
em perigo de vida o pessoal empenhado nas operações de combate ao incêndio.
Os indícios de que se está na presença de um incêndio com insuficiência de
oxigénio são:

• É visível grande quantidade de fumo sem que sejam visíveis chamas;


• O fumo, ao sair do edifício, sobe rapidamente – sinal de que se encontra com
uma temperatura bastante elevada;
• O fumo sai do edifício em lufadas intervaladas;
• Apesar das chamas não serem visíveis, os vidros das janelas tomam uma cor
acastanhada devido ao calor intenso, podendo mesmo quebrar-se.

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O fumo, no seu sentido lato, torna todas as operações de combate ao incêndio e de


salvamento de vítimas extremamente difíceis. O fumo tende a sobrepor-se ao ar,
passando através de frestas de portas ou janelas, de condutas de ventilação do
edifício, ou de qualquer tipo de comunicação entre os diversos pisos, espalhando-se
rapidamente pelo edifício.
Em virtude da elevada temperatura que atinge, o fumo aquece os diversos objectos
presentes nos espaços por onde se vai propagando, podendo alguns atingir a sua
temperatura de inflamação, originando novos focos de incêndio.
O fumo pode inibir totalmente a visibilidade (devido à sua opacidade), provocando
desorientação em vítimas e Bombeiros. Devido à temperatura e aos gases que o
compõem, o fumo pode produzir queimaduras e intoxicações graves. A prática tem
demonstrado que a esmagadora maioria das vítimas mortais de um incêndio
deve-se ao fumo e não ao efeito das chamas. Os fenómenos supra descritos
podem ser evitados, como se demonstrará, através duma ventilação adequada ao(s)
compartimento(s) já atingidos pelo fumo.
As operações de ventilação devem fazer parte integrante das operações de combate
ao incêndio. Se ainda não se iniciou a combustão com deficiência de oxigénio, a
ventilação deve ser iniciada simultaneamente com o combate ao incêndio ou logo
que seja possível.
Se existem suspeitas de que o incêndio já decorre com deficiência de
oxigénio, as operações de ventilação devem ter início antes de se começar o
combate ao incêndio, ou seja, antes de ser tentada uma entrada no compartimento.

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2. OBJECTIVOS DA VENTILAÇÃO

Ventilação é o processo de retirar os produtos de uma combustão (calor, fumos e


gases) de um determinado espaço confinado. A ventilação de um determinado
espaço permite atingir os seguintes objectivos:

• Reduzir o perigo para ocupantes impossibilitados de sair e aumentar o tempo


disponível para se proceder ao seu salvamento;
• Prosseguir com as operações de combate ao incêndio em condições mais
favoráveis (menos calor, melhor visibilidade), permitindo acções mais
eficazes;
• Ao melhorar a visibilidade consegue-se, ainda, efectuar um melhor
reconhecimento do local; a melhoria da visibilidade permite também aumentar
a auto-confiança da equipa;
• Diminuir o perigo de alastramento do incêndio (ou impedi-lo de todo) a outros
espaços do edifício;
• Reduzir as probabilidades de se dar uma explosão com retorno de chamas
(devido ao CO presente nos fumos), ou de auto-inflamação simultânea de
todos os materiais presentes no compartimento (devido à elevadíssima
temperatura atingida – flashover).

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3. PRINCÍPIOS DA VENTILAÇÃO

É devido ao efeito de convecção que o ar quente, fumo e gases inflamados sobem


ao longo de um edifício, devido ao seu baixo peso específico (peso por unidade de
volume) em relação ao ar atmosférico. Existem três situações em que o Sapador
Bombeiro pode efectuar manobras de ventilação, podendo estas decorrer em várias
fases do incêndio:

• Após a chegada ao teatro das operações, e antes do domínio do incêndio;


• Após o domínio do incêndio, mas antes da sua extinção;
• Após a extinção do incêndio.

O Comandante das Operações deve ter em atenção, que, se optar por efectuar a
ventilação após a chegada ao teatro das operações e antes do domínio do incêndio,
a ventilação efectuada antes da extinção do incêndio pode influenciar o
desenvolvimento do mesmo. Poderemos dividir a ventilação no combate a um
incêndio em três situações:

• Auto-ventilação – Quando a estrutura do edifício está danificada pelo


incêndio, dando origem a um aumento significativo da ventilação;
• Ventilação automática – Quando o edifício possui um Sistema Automático
de Detecção e Extinção de incêndio;
• Ventilação táctica – Quando as equipas de intervenção efectuam aberturas
estruturais e utilizam equipamentos auxiliares para a extracção e remoção
dos gases da combustão.

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4. TIPOS DE VENTILAÇÃO

4.1. VENTILAÇÃO NATURAL

Este tipo de ventilação depende das correntes de ar naturais e dos movimentos de


convecção criados pelo próprio fogo. É a utilização do fluxo normal do ar com o
objectivo de ventilar, através do princípio da convecção. Por exemplo, abertura de
portas, janelas, paredes, clarabóias e telhados. Na ventilação natural, apenas se
retiram as obstruções que não permitam o fluxo normal dos produtos da combustão

Vantagens da ventilação natural


• Não necessita de equipamentos especiais;
• Está sempre disponível;
• Rapidez de execução;
• Não carece de muitos meios humanos.

Desvantagens da ventilação natural


• Está dependente da velocidade e direcção do vento;
• Está dependente da localização, do tamanho e número de aberturas;
• Nem sempre produz resultados satisfatórios.
• Na presença de humidade os seus resultados diminuem significativamente;
• É afectada pelas diferenças de temperatura existentes no interior da estrutura
em relação ao exterior.

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4.2. VENTILAÇÃO FORÇADA (MECÂNICA)

Este tipo de ventilação depende de equipamentos conhecidos por ventiladores,


exaustores e equipamentos hidráulicos. É utilizada para retirar produtos da
combustão de ambientes onde não é possível estabelecer o fluxo natural de ar.
Neste caso, força-se a renovação do ar através da utilização dos supra referidos
equipamentos.

Vantagens da ventilação forçada


• Remoção rápida dos fumos e gases quentes da combustão;
• É menos susceptível a variações das condições do vento, ainda que não
possa vencer ventos muito fortes;
• É a forma de ventilação mais controlável.

Desvantagens da ventilação forçada


• Requer o uso de equipamentos mecânicos, de uma fonte de energia e de
elementos disponíveis para operar;
• Pode aumentar a intensidade do incêndio quando aplicada de modo
incorrecto.
• Requer elementos treinados para a sua execução

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5. MÉTODOS DE VENTILAÇÃO

Todos os métodos de ventilação dependem de um bom planeamento. O local onde


vai ser localizada a entrada de ar fresco e a saída dos produtos da combustão, os
caminhos que os mesmos vão percorrer no interior da estrutura, até à saída, são de
extrema importância para a escolha do método a empregar. Durante o
reconhecimento devem procurar-se aberturas estruturais em pisos superiores,
identificando-se o local a que dão acesso. Devem ser consultadas as plantas do
edifício, para que se possa recolher o máximo de informação possível; também se
deve recolher o máximo de informações junto de ocupantes ou seguranças do
edifício. Existem dois métodos de ventilação:

Ventilação Horizontal

Quando as aberturas de ventilação são feitas ao mesmo nível do foco de incêndio.


Os produtos da combustão circulam horizontalmente pelo ambiente. Este tipo de
ventilação processa-se deslocando os produtos da combustão através de
corredores, janelas, portas e aberturas em paredes no mesmo plano.

Ventilação Vertical

Quando as aberturas de ventilação são feitas acima do foco de incêndio. Os


produtos da combustão circulam verticalmente pelo ambiente, através de aberturas
verticais existentes (poços de elevadores, caixas de escadas), ou por aberturas
feitas pelo bombeiro (retirada de telhas).

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5.1. VENTILAÇÃO HORIZONTAL

Este método resume-se à remoção dos produtos da combustão através de aberturas


horizontais existentes na estrutura, nomeadamente, portas e janelas.
A ventilação horizontal é aplicada, designadamente, em incêndios onde não estejam
reunidas as condições para a ocorrência de um flashover ou de um backdraft. Caso
estejam presentes os “sinais“ de algum destes dois fenómenos deve optar-se por
outro método de ventilação.
A ventilação horizontal é o método mais utilizado pelos bombeiros, uma vez que é o
mais fácil de realizar, o que o torna muito vantajoso para uma rápida busca e
salvamento e combate ao incêndio.
Na grande maioria dos incêndios estruturais, os principais danos são causados, não
pela combustão dos materiais, mas sim pelo fumo e calor. Para evitar estes danos
basta efectuar a abertura de portas e janelas, para uma saída controlada dos
produtos da combustão.

5.1.1. PRINCÍPIOS FÍSICOS ASSOCIADOS

O movimento dos produtos da combustão é originado por dois factores: a


temperatura dos gases e o vento. Quanto mais próximo do foco de incêndio
estiverem os gases, maior é o seu efeito de flutuabilidade, ou seja, quanto mais
quentes estão os gases, mais eles sobem. Quanto mais afastados do foco de
incêndio estiverem os gases, passa a ser o vento que assume o papel central na
movimentação dos mesmos.

5.1.2. PRINCÍPIOS DA VENTILAÇÃO HORIZONTAL

Nesta forma de ventilação, o ar movimenta-se na horizontal dentro do edifício ou


compartimento. Este efeito é conseguido através de uma abertura de entrada de ar e
outra de saída. As condições ideais para se conseguir uma ventilação eficiente são

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aquelas em que exista um certo alinhamento, na horizontal, entre as aberturas de


entrada e de saída.
Quando se ventila, há que efectuar uma libertação controlada dos produtos da
combustão e a sua substituição por ar fresco. Uma abertura desorganizada de
portas e janelas, pode agravar as condições no local do incêndio. A primeira acção
que o Sapador Bombeiro deve realizar é a rápida libertação dos produtos da
combustão através das aberturas estruturais. A primeira abertura deve ser sempre
realizada do lado contrário de onde sopra o vento e na parte mais alta possível.

Figura 1 Abertura de ventilação

Se a ordem de abertura for inversa, ou seja, abrir primeiro do lado de onde sopra o
vento, o ar fresco, ao entrar, mistura-se com os produtos da combustão. Essa
mistura, do ar com o monóxido de carbono, é potencialmente explosiva. No pior dos
cenários pode originar uma explosão de fumos.

Figura 2 Ordem de abertura

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Após à abertura de saída, deve ser efectuado um compasso de espera antes de se


realizar a abertura de entrada de ar fresco. Este intervalo de tempo é necessário
para que se alcance uma diminuição da temperatura existente no interior do
compartimento.
Esta entrada de ar fresco deve ser criada na parte mais baixa do compartimento
tirando-se partido da flutuabilidade dos gases quentes. Quando a táctica de
ventilação for defensiva o objectivo é o de permitir a entrada de uma grande massa
ar fresco. A configuração do edifício é que vai definir o percurso que o ar vai
efectuar, determinando o local onde as aberturas de ar fresco devem ser efectuadas
para que esse mesmo ar, ao entrar, não se direccione directamente para o incêndio.
Para a execução de uma ventilação ofensiva, a abertura para a saída dos produtos
resultantes da combustão deve ser feita o mais próximo possível do incêndio, uma
vez que o objectivo principal desta técnica é a criação de condições para que os
Sapadores Bombeiros possam realizar uma rápida extinção do incêndio.
Nesta técnica é habitual utilizar a abertura de entrada como acesso ao foco de
incêndio, tornando a circulação dos bombeiros no edifício ou compartimento mais
segura e menos cansativa. Os produtos da combustão que saem do edifício podem
estar inflamados, o que pode causar a propagação do incêndio para as exposições
exteriores. Para que esta situação não ocorra deve ser montado um estabelecimento
de mangueiras no local, a fim de efectuar o arrefecimento dos produtos da
combustão e a protecção das exposições, não se podendo, em situação alguma,
direccionar directamente o fluxo de água para o ponto de saída dos gases. Se se
direccionar o fluxo de água para o ponto de saída dos gases impede-se a saída dos
mesmos, o que coloca em risco de vida os elementos que se encontram no interior
do edifício.

5.1.3. PROCEDIMENTOS NA VENTILAÇÃO HORIZONTAL

• A saída dos produtos resultantes da combustão deve estar localizada sempre


num ponto mais alto;
• A abertura de entrada de ar fresco deve ser feita lentamente;

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• Observar a existência de chamas;


• A dimensão da abertura para a entrada de ar fresco deve ser inferior à de
saída dos produtos resultantes da combustão, ou seja, a extracção deve ser
superior à insuflação;
• Este tipo de ventilação tira partido da direcção e velocidade do vento

Após a aplicação dos procedimentos descritos supra deve ter-se o cuidado de não
prejudicar o desenrolar das operações com uma introdução incorrecta de ar através
de aberturas de outros pontos de saída ou pela obstrução ou fecho de outros pontos
de entrada.

5.1.4. MÉTODOS PARA EFECTUAR ABERTURAS

O melhor método de efectuar uma abertura num edifício causando os menores


danos possíveis é através da abertura de portas e janelas. Caso seja possível, as
janelas devem ser utilizadas para a saída dos produtos da combustão e as portas
para a entrada de ar fresco. É sempre preferível a abertura de janelas à destruição
das mesmas. Para além de se evitarem danos, no final dos trabalhos passa a ser
possível realizar o fecho das janelas para protecção do local.
Quando abre ou parte uma janela, o Sapador Bombeiro nunca se deve posicionar
acima da janela, uma vez que a ascensão dos produtos resultantes da combustão
podem provocar-lhe queimaduras graves.
Ao entrar ar fresco no compartimento, pode ocorrer uma backdraft, pelo que os
Sapadores Bombeiros nunca se devem colocar de frente para qualquer abertura
estrutural do edifício.
A sua colocação deve ser lateral em relação a estas aberturas, utilizando
equipamentos adequados para partir o vidro (alavanca halligan, punção). Estes
procedimentos são os mesmos caso estejam a trabalhar numa escada, auto-
escadas ou plataforma mecânica.
Antes de partir o vidro, o Sapador Bombeiro deve ter o cuidado de avisar quem está
na área de projecção dos destroços.

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Ao realizar a abertura de portas, o Sapador Bombeiro deve ter o cuidado de se


proteger com a mesma, pois caso ocorra um backdraft a porta servir-lhe-á de
protecção.
No desenrolar das operações de combate ao incêndio, só devem ser efectuadas as
aberturas que estão contempladas no plano táctico de ventilação. Devem ser
tomadas medidas preventivas para evitar o fecho acidental de portas e janelas.
Todos os obstáculos à passagem dos produtos da combustão devem ser removidos
ou afastados, nomeadamente, persianas, estores, cortinados, etc. Após a extinção
do incêndio pode aumentar-se o número de aberturas.

5.1.5. SITUAÇÕES EM QUE A VENTILAÇÃO HORIZONTAL É ADEQUADA

• Quando a ventilação vertical não é possível, devido às características do


edifício;
• Quando não é seguro colocar Sapadores Bombeiros nas coberturas ou por
cima do foco do incêndio, para realizar aberturas;
• Quando a dimensão do incêndio não justificar a realização de aberturas na
cobertura ou por cima do foco de incêndio;
• Existência de janelas e portas perto do foco do incêndio;
• Quando não exista a possibilidade de propagação dos produtos da
combustão para os pisos acima do foco do incêndio.

5.1.6. FACTORES QUE IMPEDEM A REALIZAÇÃO DA VENTILAÇÃO


HORIZONTAL

• Baixa velocidade do vento;


• Inexistência de aberturas que possibilitem a saída dos produtos da
combustão e a entrada de ar fresco;
• Aberturas demasiado desalinhadas;
• Possibilidade do vento e correntes de convecção propagarem o incêndio a
exposições exteriores.

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5.2. VENTILAÇÃO VERTICAL

Designa-se por ventilação vertical, aquela em que os produtos da combustão


aproveitam o efeito de chaminé para a sua remoção pelo percurso mais rápido.

Figura 3 Ventilação Vertical

Este tipo de ventilação está baseado no princípio da convecção. A grande diferença


entre a ventilação vertical e horizontal está na localização das saídas de extracção.
Na ventilação vertical a saída esta localizada na cobertura do compartimento a mais
na vertical possível em relação ao foco de incêndio, enquanto na ventilação
horizontal, a saída de extracção está localizada lateralmente, nas paredes. A
ventilação vertical é mais eficaz como táctica de ventilação ofensiva. Como táctica
defensiva, a sua eficácia depende, essencialmente, da proximidade ao foco do
incêndio.

5.2.1. PROCEDIMENTOS DE SEGURANÇA NA VENTILAÇÃO VERTICAL

A localização do foco de incêndio deve ser determinada antes de se iniciarem as


manobras de ventilação. Quando se realiza uma ventilação vertical ofensiva, antes
de efectuar a abertura de saída dos produtos da combustão deve prepara-se um
estabelecimento de mangueiras, junto dessa abertura. Esta medida de cautela
deve ser tomada porque é possível que desta abertura saiam chamas que poderão
dar origem à propagação do incêndio.

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Figura 4 Estabelecimento de mangueiras

5.2.2. MÉTODOS PARA EFECTUAR ABERTURAS

Dispositivos instalados nos edifícios

Algumas edificações de construção mais recente estão equipadas com sistemas de


ventilação mecânica. Estes sistemas encontram-se associados a uma entrada de ar
fresco na base do edifício. Estes sistemas servem geralmente caixas de escadas,
galerias de centros comerciais, grandes naves, ou então o ultimo piso do edifício.
Estão equipados com um comando de abertura e fecho à distância, que
normalmente está localizado junto da entrada do edifício ou no último piso.
Os sistemas de comando podem estar associados a dispositivos de accionamento
automático por aumento de temperatura (termo-sensiveis) ou comandos à distância
de accionamento, do tipo mecânico, eléctrico, hidráulico ou pneumático.
Existem vários tipos de exaustores, sendo estes classificados segundo o tipo de
abertura. Os sistemas mais utilizados são os de lâminas paralelas e os de portas
basculantes. Caso o edifício esteja equipado com estes sistemas deve recorrer-se a
eles para efectuar a ventilação vertical.
Ao efectuar uma abertura na cobertura de uma estrutura o Sapador Bombeiro deve
ter o especial cuidado de se colocar do lado de onde sopra o vento para que não

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seja apanhado pelos dos produtos da combustão, ou pelas chamas. Também deve
evitar estar colocado na parte de cima da abertura, pois fica exposto aos produtos
da combustão.
A abertura, remoção ou quebra de uma clarabóia não deve ser feita sem primeiro se
saber a localização dos Sapadores Bombeiros no interior da estrutura. Todos os
Sapadores Bombeiros no interior da estrutura devem ser avisados antes da quebra
da clarabóia, para que se possam proteger. Quem vai proceder à abertura da
clarabóia só o deve fazer depois de receber ordens do comandante das operações.
Quando a temperatura e concentração de gases no compartimento começar a
baixar, devem começar a abrir-se, de forma gradual, as aberturas estruturais do
compartimento onde está localizado o foco de incêndio.
Em algumas naves comerciais, como, por exemplo, armazéns, oficinas, pavilhões
desportivos, são utilizados normalmente painéis de plástico transparente que
desempenham as funções de clarabóias. Este tipo de painel é pouco resistente ao
peso pelo que os Sapadores Bombeiros não devem circular por cima dos mesmos.
Caso seja necessário a sua remoção basta cortá-los com uma moto-serra ou
machado.
Nos terraços e coberturas, de um modo geral, existem saídas de condutas de
extracção (cozinhas, casas de banho, lareiras), saídas estas que têm uma protecção
na parte superior, para evitar a entrada de água. Esta protecção deve ser retirada
para que não seja um obstáculo há saída dos produtos da combustão.
Em grandes espaços existem por vezes painéis de cantonamento que têm como
finalidade criar elementos de separação vertical. Estes painéis estão colocados no
tecto dos compartimentos, evitando a propagação horizontal dos produtos da
combustão junto do tecto. Nestes casos as aberturas de ventilação devem ser
realizadas entre os painéis de cantonamento que se encontram na posição mais
vertical em relação ao incêndio. Caso existam exaustores, devem ser accionados os
que se encontrarem localizados entre os painéis com fumo.
A ventilação da casa das máquinas (abertura de portas e janelas) é uma boa
solução para a ventilação da caixa de escada do edifício, já que favorece a

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extracção dos produtos resultantes da combustão acumulados na respectiva caixa.


Assim consegue-se controlar a propagação dos produtos da combustão,
minimizando os danos no edifício.

5.2.3. ABERTURA EM TELHADOS (COBERTURAS)

Sempre que possível devem utilizar-se as aberturas existentes no edifício, como


clarabóias, ductos etc. Se for necessário efectuar aberturas nos telhados, o Sapador
Bombeiro deve saber de que material este é constituído, para escolher o
equipamento adequado. Trabalhar em telhados é bastante perigoso. Entre outras
medidas de segurança, o Sapador Bombeiro deve estar espiado para evitar uma
possível queda. A estabilidade do telhado deve ser verificada. Telhados empenados
indicam a iminência de desabamento.
O deslocamento no telhado deve ser efectuado pelas telhas passadeiras ou, em
alternativa, deve ser colocada uma escada de molas deitada sobre as telhas e o
Sapador Bombeiro desloca-se sobre a mesma.
Como referido anteriormente, a abertura para a saída do fumo e gases quentes deve
ser efectuada o mais na vertical possível em relação ao foco de incêndio. Uma
abertura desalinhada com o foco de incêndio poderá propagar o incêndio para locais
ainda não atingidos.

Figura 5 Localização das aberturas

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Para decidir o local correcto da abertura, deve ser aplicada água em jacto sobre
vários sítios do telhado a fim de se verificar onde ocorre maior evaporação. Será
este o local de abertura para ventilação.
Durante a abertura numa cobertura poderá ocorrer a saída de chamas e produtos da
combustão em direcção aos elementos executantes. Os Sapadores Bombeiros
devem estar posicionado do lado contrário à direcção do vento, e protegidos por um
estabelecimento de mangueiras. Estes estabelecimentos devem projectar água
paralelamente ao seu plano horizontal, para arrefecer os gases da combustão e
extinguir partículas incandescentes que saem do edifício. Após efectuar a primeira
abertura, deve esperar-se algum tempo para que os gases quentes da combustão
comecem a sair, iniciando o arrefecimento interior do compartimento. Só então se
deve efectuar a segunda abertura.

Figura 6 Posicionamento dos Bombeiros

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5.2.4. VANTAGENS DA VENTILAÇÃO VERTICAL

• Minimiza a propagação do incêndio, uma vez que os produtos da combustão


percorrem o caminho mais curto para a saída;
• Realiza uma rápida extracção dos produtos da combustão;
• Entrada de grandes quantidades de ar fresco no edifício.

5.2.5. DESVANTAGENS DA VENTILAÇÃO VERTICAL

• Necessidade de colocar Sapadores Bombeiros na cobertura ou acima do foco


de incêndio, podendo esta situação ser perigosa;
• Risco de propagação do incêndio se o ponto de saída estiver muito distante
do foco de incêndio;
• Risco de danos em locais ainda não afectados pelo incêndio

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6. TÉCNICAS DE VENTILAÇÃO

6.1. PRINCIPAIS TÉCNICAS DE VENTILAÇÃO

• Ventilação por Pressão Positiva (VPP);


• Ventilação por Pressão Negativa (VPN);
• Ventilação Hidráulica (VH).

6.2. VENTILAÇÃO POR PRESSÃO POSITIVA (VPP)

Para se efectuar a Ventilação por Pressão Positiva utiliza-se um ventilador para


elevar a pressão interna de um edifício ou compartimento, tornando-a maior do que
a pressão do exterior.
Com esse efeito o fumo e gases da combustão são arrastados para fora do edifício
ou compartimento, através de aberturas previamente efectuadas e controladas. O
sucesso na aplicação desta técnica depende de vários factores:

• Velocidade do vento exterior;


• O tamanho do ventilador;
• A quantidade de ar que o ventilador consegue aplicar no edifício ou
compartimento;
• O tamanho das aberturas de entrada e saída de ar;
• A área do edifício ou compartimento a ventilar;
• A temperatura a que se encontram os gases dentro do edifício ou
compartimento.

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6.2.1. PRINCÍPIOS DA VENTILAÇÃO POR PRESSÃO POSITIVA

A eficácia da ventilação por pressão positiva depende, essencialmente, da


capacidade do ventilador, do tamanho da abertura de saída dos produtos da
combustão e da distância que estes têm de percorrer até ao exterior da estrutura.
Para se alcançarem os resultados pretendidos, o ponto de saída deve ter as
mesmas dimensões que as do ponto de entrada; também não devem existir outras
aberturas para além daquelas por onde se pretendem fazer sair os produtos da
combustão.
O ventilador deve ser colocado do lado de fora do edifício ou compartimento, a uma
distância variável, de modo a que o seu cone de ar cubra por completo o ponto de
entrada.

Figura 7 Posicionamento do ventilador

Será assim criado um efeito VENTURI que irá aumentar a eficácia do ventilador. Se
o ventilador ficar demasiado afastado, grande parte do ar produzido será
desperdiçado, colidindo com as paredes que rodeiam o ponto de entrada, não
chagando a entrar na zona a ventilar. O cone de ar aumenta à medida que se afasta
do ventilador, fazendo com que uma parte do mesmo incida directamente no chão,
na zona situada entre o ventilador e o ponto de entrada, provocando uma grande
perda de rendimento. Esta situação é ultrapassada manobrando o mecanismo

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existente no suporte do ventilador, o que possibilita realizar vários ângulos de


inclinação.
No entanto, há que ter em conta que os ventiladores mais pequenos produzem um
cone de ar mais fechado que os de maiores dimensões.
Pelo que, quanto maior for o ventilador mais próximo do ponto de entrada este deve
ser colocado, cobrindo-o totalmente; já um ventilador mais pequeno deve ser
colocado mais longe do ponto de entrada, de modo a abrir o seu cone de ventilação.
Para aumentar a rapidez de saída dos fumos e gases da combustão, deve
aumentar-se a velocidade de circulação do ar. Devem, portanto, ser fechadas as
portas no interior do edifício, pressurizando-se, assim, um compartimento ou uma
área de cada vez. A utilização de mais do que um ventilador no ponto de entrada
aumenta a eficácia da VPP.

6.2.2. VANTAGENS DA VENTILAÇÃO DE PRESSÃO POSITIVA

• Os Sapadores de Bombeiros não ficam expostos aos produtos da combustão;


• A sua eficácia é igual na ventilação vertical ou horizontal;
• Melhor eficácia na remoção dos produtos da combustão do interior da
estrutura;
• Não interferência dos equipamentos nas acessibilidades;
• Maior rapidez na remoção dos produtos da combustão, nas áreas não
afectadas pelas chamas e nos caminhos de evacuação;

6.2.3. DESVANTAGENS DA VENTILAÇÃO DE PRESSÃO POSITIVA

• Para que resulte é necessário que a estrutura ou compartimento esteja


intacto;
• Pode aumentar os níveis de monóxido de carbono;
• Pode aumentar a intensidade de focos de incêndio não detectados.

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6.2.4. QUANTIDADE DE VENTILADORES A UTILIZAR

A utilização de um ou mais ventiladores numa operação de ventilação por pressão


positiva depende da área do local a ventilar e da largura do ponto de entrada.
Podem-se utilizar os ventiladores das seguintes formas:
• Ventilador simples;
• Ventiladores em série;
• Ventiladores em paralelo;
• Ventiladores em V.

6.2.5. VENTILADOR SIMPLES

Como foi referido anteriormente, o ventilador deve ser colocado de forma que o seu
cone cubra, por completo, todo o ponto de entrada.

A colocação do ventilador deve obedecer ao seguinte:

O ventilador deve ficar afastado da porta a uma distância igual à altura da mesma,
mais meio metro. Por exemplo, se tivermos uma porta com uma altura de 2 metros,
o ventilador deve ser colocado a 2.5 metros de distância da porta, e com a
inclinação máxima.

Figura 8 Colocação do ventilador simples

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6.2.6. VENTILADORES EM SÉRIE

Este sistema é utilizado quando se verifica que a utilização de apenas um ventilador


é insuficiente, quer por este não conseguir cobrir a totalidade da zona de entrada,
quer pela insuficiência de volume de ar produzido.
O primeiro ventilador deve ser colocado a cerca de 60 cm do ponto de entrada.
Deste modo todo o ar produzido por este ventilador é introduzido no interior da
estrutura, com a finalidade de a pressurizar.

Figura 9 Colocação dos ventiladores em série

A função do ventilador da retaguarda é assegurar que o seu cone cubra todo o ponto
de entrada, o que contribui para o aumento do caudal de insuflação. Consegue-se,
assim, aumentar em cerca de 10% o caudal de insuflação.
Quando se utilizam estes equipamentos em série tem sempre de se ter em conta
que o ventilador de maiores dimensões fica sempre na frente e o de menores
dimensões na sua retaguarda.

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6.2.7. VENTILADORES EM PARALELO

Este sistema é utilizado essencialmente quando se está na presença de pontos de


entrada de grandes dimensões, na horizontal, tais como garagens e armazéns.

Figura 10 Colocação dos ventiladores em paralelo

Com a utilização de ventiladores em paralelo consegue obter-se melhores


resultados porque os dois cones de ar cobrem todo o ponto de entrada.
A dimensão do ponto de entrada determina o número de ventiladores a serem
utilizados. O fecho parcial do ponto de entrada, quando este é possível, pode ajudar
a que o cone de ar cubra a totalidade do ponto de entrada.

6.2.8. VENTILADORES EM “V”

Este sistema é utilizado essencialmente quando se está na presença de pontos de


entrada de grandes dimensões, na vertical, tais como garagens e armazéns.
Os ventiladores devem formar um ângulo entre si e o centro do portão de cerca de
450.

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Figura 11 Colocação dos ventiladores em V

6.3. VENTILAÇÃO POR PRESSÃO NEGATIVA (VPN)

Designa-se ventilação por pressão negativa, aquela que utiliza extractores,


agulhetas e ainda ventiladores de pressão positiva (de funcionamento eléctrico ou
hidráulico) para a extracção dos produtos da combustão. Estes equipamentos são
colocados nas janelas, portas, saídas abertas na cobertura e outras saídas.

Figura 12 Colocação do extractor

O extractor, ou a manga de extracção, devem ser colocados o mais alto possível no


compartimento (onde se acumulam os gases) descarregando para o exterior. Deste
modo consegue-se uma redução da pressão interna da estrutura.

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6.3.1. PRINCÍPIOS DA VENTILAÇÃO POR PRESSÃO NEGATIVA

Quando se recorre a este método, os extractores devem ser colocados de modo a


extraírem os produtos da combustão para sotavento, ou seja, no sentido para onde
sopra o vento. O processo de extracção é, assim, auxiliado pelo ar que entra pelo
lado oposto, substituindo o ar extraído.
Caso a intensidade do vento seja insuficiente recorre-se ao uso de ventiladores para
introduzir ar no interior da estrutura. A desvantagem da utilização de extractores é o
facto de estes criarem uma grande circulação de ar à sua volta, nomeadamente no
espaço existente no vão da abertura onde são colocados, o que reduz a sua
eficácia. Para se corrigir esta situação basta tapar o espaço à volta do extractor,
recorrendo ao uso de, por exemplo, uma manta, um encerado, ou outros materiais
disponíveis no local.

Figura 13 Colocação de manga para espaço em volta do extractor

Para se conseguir tirar partido da ventilação de pressão negativa, é necessário:

• Que o fluxo de ar tenha um percurso em linha recta. Todas as mudanças de


direcção diminuem a eficácia desta manobra;
• Não abrir janelas e portas perto dos extractores, pois retira-lhes eficácia, a
não ser que tal situação se mostre positiva;
• Remover todos os obstáculos que dificultem a circulação do ar;
• Evitar tapar a entrada de ar do exterior.

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• O extractor, ou a manga de extracção, deve ser colocado no ponto mais


alto do compartimento, pois é nesta zona que os produtos resultantes da
combustão se acumulam.

6.3.2. VANTAGENS DA VENTILAÇÃO POR PRESSÃO NEGATIVA

É uma boa solução para uma rápida remoção dos produtos da combustão, depois
do incêndio estar extinto, facilitando as operações de rescaldo;

6.3.3. DESVANTAGENS DA VENTILAÇÃO DE PRESSÃO NEGATIVA

• Os Sapadores Bombeiros ficam expostos aos produtos da combustão durante


a montagem dos extractores;
• Requer equipamento específico
• Requer equipamentos com boa resistência térmica
• A colocação dos equipamentos dificulta muitas vezes as entradas e saídas
das edificações;
• Para se tirar partido desta técnica por vezes é necessário colocar o extractor
em pontos altos, recorrendo a equipamentos de suporte e fixação, à utilização
de espias, de escadas, entre outros, o que complica o desenrolar das
operações;
• A colocação de extractores dentro da edificação aumenta o nível de ruído,
dificultando as comunicações entre equipas, podendo ainda ocultar sons cuja
percepção seja útil às equipas;
• Quanto mais quentes estiverem os produtos da combustão, menor é o caudal
de extracção dos extractores.

6.3.4. REGRAS DE SEGURANÇA NA VENTILAÇÃO POR PRESSÃO


NEGATIVA

• Na presença de atmosferas inflamáveis utilizar unicamente equipamentos


antideflagrantes;
• Não movimentar os equipamentos quando estão em funcionamento;

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• Não colocar as mãos nas zonas das pás;


• Verificar a existência de objectos que possam ser aspirados na zona de
actuação do equipamento;
• Permanecer fora da zona de descarga de ar do equipamento.

6.4. VENTILAÇÃO HIDRÁULICA

Este tipo de ventilação é utilizado pelas equipas envolvidas no ataque ao incêndio


no interior do edifício. Tem como finalidade a remoção dos produtos da combustão
para o exterior da estrutura, logo após a extinção do incêndio. A ventilação hidráulica
é obtida com a utilização de uma agulheta no interior do edifício, dirigida para a
saída estrutural.
Esta agulheta deve ser colocada em posição de pulverização, com um ângulo de
abertura de 600 que cubra cerca de 85% a 90% da abertura da saída estrutural.

Figura 14 Posicionamento da agulheta em relação à saída

Quaisquer que sejam os tamanhos das aberturas estruturais não devem ser
utilizados ângulos superiores a 600. Aumentando o ângulo, aumenta-se a perda de
energia. A agulheta deve manter-se no interior do edifício e estar colocada a,
sensivelmente, 60 centímetros da referida saída.

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6.4.1. DESVANTAGENS DA VENTILAÇÃO HIDRÁULICA

• Aumento dos danos produzidos pela água no interior do edifício;


• Aumento do gasto de água;
• Obriga à permanência de uma equipa de Sapadores Bombeiros para
manobrar a agulheta, posicionada no interior do edifício, logo, numa
atmosfera contaminada e aquecida;
• A manobra pode ser interrompida sempre que seja necessário o
deslocamento da equipa para outro local.

7. Tácticas de ventilação
7.1. VENTILAÇÃO DEFENSIVA

A ventilação defensiva tem como objectivo a libertar os caminhos de evacuação dos


produtos da combustão, permitindo a evacuação de pessoas retidas no interior da
estrutura, ao mesmo tempo evitar que os produtos da combustão alcancem zonas
ainda não atingidas.

Figura 15 Ventilação defensiva

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7.1.1. VANTAGENS DA VENTILAÇÃO DEFENSIVA

• Protege áreas ainda não afectadas pelo fumo e gases quentes libertados pela
combustão;
• Baixa probabilidade de intensificar o incêndio.

7.2. VENTILAÇÃO OFENSIVA

A ventilação ofensiva é efectuada o mais próximo possível do foco de incêndio e tem


como finalidade limitar o efeito dos produtos da combustão, evitando a propagação
do incêndio e criando condições para que o ataque ao incêndio seja mais fácil e
seguro por parte das equipas de Sapadores Bombeiros.

Figura 16 Ventilação ofensiva

7.2.1. VANTAGENS DA VENTILAÇÃO OFENSIVA

• As equipas de ataque ficam menos expostas ao calor, fumo e gases quentes


libertados pela combustão;

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• Permite actuar rapidamente sobre o foco de incêndio;


• Limita o desenvolvimento do incêndio quando aplicado correctamente.

7.2.2. DESVANTAGENS DA VENTILAÇÃO OFENSIVA

• Exige um bom reconhecimento por parte do C.O.S.;


• Exige uma boa comunicação entre os elementos intervenientes;
• Requer elementos treinados e disponíveis;
• Pode intensificar o desenvolvimento do incêndio quando aplicado de modo
incorrecto;
• Se o fluxo de ar for limitado pode aumentar a capacidade térmica do fogo.

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8. VENTILAÇÃO EM EDIFÍCIOS DE GRANDE ALTURA

Nos edifícios de grande altura, geralmente utilizados para escritórios, apartamentos,


hotéis etc.
O maior perigo para os seus ocupantes durante um incêndio, são o fumo e o calor
libertados pela combustão. O fumo e o fogo podem propagar-se de forma rápida
utilizando os espaços verticais tais como, caixas de escada, caixa de elevadores,
condutas verticais, sistemas de ar condicionado, etc.
Estes espaços verticais fazem com que o fumo e gases quentes tomem o sentido
ascendente, chegando ao topo do edifício. Se no topo existir uma abertura para o
exterior e se a mesma estiver aberta, o fumo e gases quentes serão libertados para
o exterior, formando deste modo o “efeito chaminé”.
Se nesse local não existir nenhuma abertura para o exterior, o fumo e gases quentes
começam a baixar para níveis inferiores começando a ocupar todo o espaço
existente, formando o “efeito de cogumelo”.

Figura 17 Efeito de chaminé e cogumelo

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Se o edifício tiver uma altura razoável, poderá acontecer que o fumo e gases
quentes da combustão não atinjam o ponto mais alto do edifício devido ao seu
arrefecimento durante o movimento de ascensão ficando a mesma temperatura do
ar envolvente. Quando tal acontece o fumo estratifica-se, ou seja, forma-se
camadas de fumo e de gases quentes da combustão ao nível dos pisos intermédios,
abaixo do piso mais elevado.

Figura 18 Estratificação do fumo

As acções de ventilação em edifícios de grande altura requerem do C.O.S uma


coordenação muito eficaz dos meios humanos e materiais presentes no local. De um
modo geral os elementos necessários para uma intervenção neste tipo de edifícios
são de quatro a seis vezes superiores ao que seria necessário para uma intervenção
num edifício de menores dimensões.
A ventilação em edifícios de grande altura poderá ser efectuada utilizando a
clarabóia existente no topo da caixa da escada. A clarabóia deve ser aberta e

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mantida nesta posição antes de se efectuar a abertura da porta de acesso ao piso


ou do apartamento envolvido no incêndio. Deste modo garante-se que a caixa da
escada não fique envolvida com o fumo e gases quentes da combustão durante as
acções de ventilação.
Em muitas situações as equipas de socorro optam por efectuar a ventilação
horizontal empregando equipamentos mecânicos. Quando se efectua este tipo de
ventilação deve existir um certo cuidado, pois o fumo e gases quentes ao saírem
para o exterior da habitação tomam o sentido ascendente podendo entrar nos pisos
superiores através de janelas que possam estar abertas. O mesmo acontece com as
chamas, que podem sair pelas janelas do piso do incêndio e entrarem no piso
imediatamente acima deste (salto da Rã).

Figura 19 Salto de rã

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9. CAVES
Um incêndio numa cave expõe os Sapadores Bombeiros ao fumo e gases quentes
libertados pela combustão, dado que o ponto de entrada das equipas de socorro
será o mesmo por onde sai os produtos da combustão.
Se a cave não possuir aberturas para efectuar a ventilação, o calor, fumo e gases da
combustão propagam-se com rapidez tomando a caixa da escada ou bomba da
escada do edifício. Para evitar a propagação vertical do incêndio, deve ser efectuada
uma ventilação directa durante o combate ao incêndio. A ventilação pode ser
efectuada de diversos modos. Se existirem janelas para o exterior ao nível da rua,
ou mesmo abaixo desta, devem ser utilizadas para efectuar a ventilação horizontal.
Se não existirem janelas, pode-se optar por uma ventilação vertical interior,
aproveitando as saídas estruturais, tais como escadas, bomba da escada e caixa do
elevador.

Figura 20 Exemplo de saídas de ventilação

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Como último recurso, pode-se efectuar uma abertura de acesso a cave a partir da
lage do piso acima desta e a partir daí dirigir os produtos da combustão para o
exterior do edifício.

Figura 21 Exemplo de ventilação numa cave

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10. BIBLIOGRAFIA

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