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SÉRIE RESUMOS TEÓRICOS

TEORIAS DA PERSONALIDADE
EDIÇÃO REVISADA

Profissional Gráfica & Editora Ltda.

Salvador

2012
Teorias da Personalidade j Concursos PSI

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Teorias da Personalidade 1 Concursos PSI

® by concursos psi

SÉRIE RESUMOS TEÓRICOS

Título da obra:

TEORIAS DA PERSONALIDADE

Anthonyoni Assis Tavares Lima (Org.)

Revisão Técnica

Ana Vanessa de Medeiros Neves

® 2012 - Profissional Gráfica & Editora Ltda.

GRÁFICA & EDITORA LTDA

Todos os direitos autorais desta obra são reservados e protegidos pela Lei n° 9.610, de 19/02/98. Proibida a

reprodução de qualquer parte deste livro, sem autorização prévia, expressa por escrito do autor e da editora, por

quaisquer meios empregados, sejam eletrônicos, mecânicos, videográficos, fonográficos, reprográficos,

microfílmicos, fotográficos, gráficos ou outros. Essas proibições aplicam-se também á editoração da obra, bem

como às suas características gráficas.

Lima, Anthonyoni Assis Tavares [organizador];


Anthonyoni Assis Tavares Lima

Teorias da Personalidade / Série Resumos Teóricos. Vol. 1. / Salvador: Profissional Gráfica &
Editora, 2012.
162 p.
Bibliografia

1. Psicologia - concursos. I. Concursos PSI II. Coletânea Concursos PSI. III. Série Resumos Teóricos

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Teorias da Personalidade I Concursos PSI

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SÉRIE RESUMOS TEÓRICOS

APRESENTAÇÃO

“Somos o que repetidamente fazemos; a excelência, portanto,


não é um feito, mas sim, um hábito. ”

Aristóteles

As edições que compõem a Série Resumos Teóricos são o resultado de um audacioso projeto

desenvolvido pela equipe CONCURSOS PSI. Nossa proposta teve início em março de 2009 e vem

possibilitando, desde então, a profissionais de Psicologia de todo o Brasil se especializarem nos

principais temas abordados pelas bancas examinadoras de Concursos Públicos de Psicologia.

Nosso foco é a sua aprovação. Para tanto, produzimos edições objetivas, mas com um conteúdo

sintético suficiente e necessário para alavancar seu desempenho nas provas de concursos, seja

através da elaboração de material teórico, com uma rica seleção de questões de certames anteriores,

ou através da disponibilização de coletâneas de provas (conhecimentos gerais e específicos).

Muitos psicólogos, ao se prepararem para concursos, privilegiam em seus estudos os temas que são

do seu interesse pessoal ou que julgam serem relevantes, em detrimento de outros que são

realmente exigidos. Muitos concurseiros, ao responderem as questões, optam pelas respostas que

estão de acordo com sua avaliação pessoal sobre o tema, ao invés de focar no que realmente é

solicitado no enunciado. Estas avaliações equivocadas, tanto na preparação quanto na resolução das

provas, fazem com que percam tempo de estudo e se frustrem por não obterem o resultado

almejado. A alta concorrência e o pequeno número de vagas exigem que o candidato se torne um

especialista em concursos e para isto é necessário investir tempo de estudo no que realmente é

exigido nos certames. Mas estes conhecimentos só podem ser obtidos de duas formas: fazendo

muitos concursos até entender como são formuladas as questões ou estudando com material

elaborado por quem sabe como obter bons resultados!

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Através da ampla experiência em concursos públicos e da minuciosa análise dos editais e provas de

diversas bancas organizadoras, aplicadas ao longo de vários anos, nossa equipe editorial elaborou,

para o uso de candidatos a concursos na área de Psicologia, um método de estudo pautado em

nossa realidade. Os manuais de Psicologia estudados na graduação são utilizados como fonte de

pesquisa para a elaboração dos volumes, mas sua leitura é pouco eficaz para os concursos públicos,

caso o leitor não tenha o hábito de uma atenção focada e objetiva, que permita extrair apenas o que

há de mais importante nas questões elaboradas pelas bancas organizadoras. Em nossos livros,

oferecemos uma visão geral do tema em foco e aprofundamos apenas os tópicos que são realmente

exigidos na maioria dos certames, simplificando e potencializando seu estudo.

Os livros elaborados pela equipe do Concursos PSI se diferenciam de qualquer outro material de

Psicologia, pois dispõem de conteúdos organizados, a partir de uma análise focada nas questões de

concursos. Os textos base para estudo são elaborados por nossos autores, depois de realizada a

análise dos editais e das questões disponíveis sobre o tema. Deste modo, asseguramos um estudo

direcionado para as exigências das bancas organizadoras, tendo em vista que o objetivo de um

candidato é ser aprovado em concursos. Não basta conhecer os conceitos, pois é necessário

compreender a lógica existente na formulação das questões. Este é o diferencial dos livros do

Concursos PSI.

Nossa didática é estruturada em consonância com os sistemas utilizados pelos principais sites

especializados em concursos de todo o país. Oferecemos livros com resumos teóricos compostos por

conceitos extraídos dos principais manuais de Psicologia, dicas sobre a realização das provas e

exigências das principais bancas organizadoras de concursos, além de uma série de questões

gabaritadas para que o candidato aprimore os conhecimentos adquiridos, avaliando sua

aprendizagem dentro das reais necessidades da área de concursos.

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Dispomos ainda de Simulados de Psicologia organizados por tema e com gabarito e de Coletâneas

de Provas organizadas em um sumário e com os gabaritos originais. Acesse nosso site para

conhecer os livros disponíveis.

Pautamos nossa atuação a partir de três pilares: acesso universal, garantia de qualidade nos

produtos e no atendimento pré e pós-venda, e preço acessível.

Estamos crescendo exponencialmente, mês após mês, e agradecemos a todos aqueles que

confiaram neste projeto. Esperamos sempre corresponder às expectativas de nossos leitores e

trabalhamos arduamente para levarmos até vocês conteúdos de qualidade a um preço justo.

Sinta-se à vontade para tirar dúvidas, fazer sugestões, enviar depoimentos ou se cadastrar em nosso

newsletter através do email suporte@concursospsi.com

Em nome de toda a equipe Concursos PSI, agradecemos-lhes cordialmente.

Anthonyoni Assis Tavares Lima (Org.)


Co-Fundador e Co-Editor do site Concursos PSI
Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil
Bacharel em Relações Internacionais
Autor do livro "250 Questões Comentadas sobre o Regimento Interno do Senado Federal”

Ana Vanessa de Medeiros Neves


Co-Fundadora e Editora-Chefe do site Concursos PSI
Psicóloga do Ministério da Saúde
Mestre em Psicologia do Desenvolvimento Humano | UFBa
Especialista em Psicologia Junguiana | APPJ
Master em Terapia de Base Analítica | APPJ
Terapeuta Comunitária ( UFC
Autora do livro "Políticas Públicas de Saúde: Teoria & Questões"

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Sumário

Introdução 13

As Teorias da Personalidade em Concursos Públicos 13

O Estudo da Personalidade enquanto Campo Científico 14

Determinantes Genéticos e Ambientais do Comportamento 16

Capítulo I. Teorias Psicodinãmicas (Psicanalíticas e Neoanalíticas) 19

1.1. Teoria Psicanalítica Clássica de Sigmund Freud 19

1.1.1. Estrutura da Mente 20

1.1.2. Dinâmica da Personalidade 22

1.1.3. Desenvolvimento Psicossocial 23

1.1.4. Sexualidade e Libido 26

1.1.5. Mecanismos de Defesa 26

1.2. Psicologia Analítica de Cari Gustav Jung 29

1.2.1. Estrutura da Personalidade 30

1.2.1.1 A Formação da Consciência e sua Estrutura Funcional 30

1.2.1.2 Arquétipos e Inconsciente Coletivo 32

1.2.1.3 Selfe o Processo de Individuação 33

1.2.2. Tipos Psicológicos 36

1.2.2.1. Atitudes 38

1.2.2.2. Funções 39

1.3. Psicologia Individual de Alfred Adler 40

1.3.1. Interesse Social 41

1.3.2. Setf Criativo 41

1.3.3. Estilo de Vida 42

1.3.4. Sentimentos de Inferioridade 43

1.3.5. Protesto Masculino 43

1.3.6. Busca de Superioridade 44

1.3.7. Ordem de Nascimento, Experiências na Infância e Memórias Iniciais 44

1.3.8. A Tipologia da Personalidade proposta por Adler 46

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1.4. Teoria Psicossocial do Desenvolvimento de Erik Erikson 46

1.4.1. Estágios do Desenvolvimento Psicossocial 48

1.4.1.1 Confiança Básica X Desconfiança Básica 49

1.4.1.2. Autonomia X Dúvida I Vergonha 49

1.4.1.3. Iniciativa X Culpa 49

1.4.1.4. Competência / Diligência X Inferioridade 50

1.4.1.5. Identidade X Confusão de Identidade 50

1A. 1.6. Identidade X Isolamento 50

1.4.1.7. Generatividade X Estagnação 51

1.4.1.8. Integridade X Desespero 51

1.5. Melanie Klein 52

1.5.1. O Papel da Fantasia na Formação da Personalidade 53

1.5.2. Seio Bom e Seio Mal 53

1.5.3. A Posição Esquizoparanoide 54

1.5.4. A Posição Depressiva 56

1.6. Karen Horney 57

1.6.1. Teoria da Personalidade 58

1.6.2. Teoria da Neurose 59

1.6.2.1. Necessidades Neuróticas 61

Capítulo II. Teorias com Ênfase na Realidade Percebida (Fenomenológicas/ Existenciais) 65

2.1. Abordagem de Cari Rogers Centrada na Pessoa 65

2.1.1. O Campo da Experiência 66

2.1.2. Se/f 66

2.1.3. Self Ideal 68

2.1.4. Congruência e Incongruência 68

2.1.5. Tendência à Autoatualização 70

2.1.6. Crescimento Psicológico 70

2.1.7. Obstáculos ao Crescimento 71

2.2. Teoria de Campo de Kurt Lewin 72

2.2.1. Campo 74

2.2.2. Energia 76

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2.2.3. Tensão 76

2.2.4. Necessidade 76

2.2.5. Valência 77

2.2.6. Vetor 77

2.3. A Hierarquia das Necessidades proposta por Abraham Maslow 78

2.3.1. Autoatualização 79

2.3.1.1. Características de Pessoas Autoatualizadoras 80

2.3.1.2. Comportamentos que levam à Autoatualização 81

2.3.2. Hierarquia das Necessidades Básicas 82

2.3.3. Crescimento Psicológico 83

Capítulo III. Teorias com Ênfase na Aprendizagem (Com porta menta is/ Sociocognitivas) 85

3.1. Teoria do Condicionamento Operante de Burrhus Frederick Skinner 85

3.1.1. O Conceito de Personalidade para a Análise do Comportamento 86

3.1.2. Teoria do Reforço 87

3.1.2.1. Classificação dos reforços 88

3.1.2.1.1. Reforçadores 89

3.1.3. Comportamento Operante 90

3.1.4. Modelagem 92

3.1.5. Generalização e Discriminação de Estímulos 92

3.1.6. Esquemas de Reforçamento 93

3.2. Teoria Sociocognitiva de Albert Bandura 95

3.2.1. Determinismo Recíproco 96

3.2.2. Reformulação do Conceito de Reforço 96

3.2.3. Expectativa de Resultado 98

3.2.4. Princípios de Aprendizagem Observacional 99

3.2.4.1. Processos Subjacentes à Aprendizagem Observacional 99

3.2.5. Autossistema 101

3.2.6. Autoeficácia 101

3.2.7. Autorregulação 103

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Capítulo IV. Teorias com Ênfase na Estrutura da Personalidade (Abordagens de traços) 105

4.1. A Teoria de Traços de Gordon Allport 106

4.1.1. Concepção de Personalidade 107

4.1.2. Conceitos de Traços e Disposições 108

4.1.3. Hábitos e Atitudes 110

4.1.4. Traços Cardeais, Centrais e Secundários 110

4.1.5. Autonomia Funcional 111

4.1.6. Pesquisa Idiográfica 112

4.2. Abordagem Analítico-Fatorial de Traços de Raymond Cattell 112

4.2.1. Classificação dos Traços de Personalidade 113

4.2.1.1. Traços de Capacidade, Traços de Temperamento e Traços Dinâmicos 113

4.2.1.2. Traços de Superfície e Traços de Origem 114

4.2.2. Forças Motivacionais 115

4.2.3. Estados e Papéis 115

4.2.4. Métodos de Pesquisa 116

4.2.5. Fontes de Dados 118

4.2.6. Modelo de 16 Fatores 119

4.3. A Teoria de Três Fatores ou de Traço Biológico de Hans Eysenck 120

4.3.1. Conceito de Personalidade 120

4.3.2. Traços, Tipos e Análise Fatorial 121

4.3.3. Modelo Tridimensional da Personalidade 122

4.3.3.1. Extroversão - Introversão 122

4.3.3.2. Neuroticismo 123

4.3.3.3. Psicoticismo 124

4.4. A Teoria dos Cinco Grandes Fatores de Paul Costa & Robert McCrae 124

4.4.1. A Hipótese léxica 124

4.4.2. Ancoramento biológico 125

4.4.3. Postulados teóricos 126

4.4.4. Os Cinco Grandes Fatores 126

s Questões Gabaritadas 131


s Gabaritos 159
s Bibliografia 161

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Introdução

As Teorias da Personalidade em concursos públicos

Iniciaremos nossa preparação para concursos públicos estudando as teorias da personalidade, pois

este é, sem dúvida, um dos mais importantes e complexos temas da área de psicologia. Apesar de

muito interessante e de excepcional importância, este assunto causa desalento aos concursandos,

porque qualquer psicólogo sabe que este único tema já engloba uma dúzia de teorias complexas, e

que cada uma delas foi construída ao longo de toda a vida de cada um dos teóricos. Ainda que

aparentemente seja absurdo considerar todo um campo de teorias como um único assunto, veremos

que existe um padrão adotado pelas bancas organizadoras na hora de elaborar as questões e é

sobre isto que trataremos neste volume. Abordaremos inicialmente os aspectos gerais do campo de

estudo da personalidade e nos aprofundaremos nos conceitos fundamentais das principais teorias.

Os tópicos concernentes à psicopatologia e às técnicas psicoterápicas serão estudados em outros

livros.

A distribuição dos assuntos adotada nesta edição decorre da análise detalhada de inúmeros editais e

provas de certames realizados na última década, nas diversas esferas de governo em todo o país.

Certamente poderíamos nos debruçar extensivamente sobre cada uma das teorias da personalidade,

pois todas as propostas aqui esboçadas são riquíssimas, no entanto, necessitamos otimizar o tempo

de estudo para obtermos melhores resultados e isto é conseguido investindo energia nos tópicos

mais recorrentes. Deste modo, algumas teorias serão mais amplamente abordadas, mas esta

diferença intencional decorre exclusivamente das exigências das bancas organizadoras de

concursos, pois o primeiro exercício que um profissional deve empreender para ser bem sucedido na

seara dos concursos públicos é o de focar sua atenção e esforço naquilo que é solicitado no edital.

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De maneira característica, as diversas teorias da personalidade apresentam leis que auxiliam na

compreensão de como cada pessoa constitui-se como ser único e diferenciado, assim como também

visa elucidar a existência de padrões identificáveis em diversas pessoas. Cada uma destas teorias

propõe modelos explicativos e conceitos próprios, construídos a partir da visão de mundo do autor,

das bases filosóficas e descobertas científicas que este utilizou como referência para seus

experimentos, bem como dos resultados obtidos de seus estudos e observações.

Embora apresentem definições de personalidade diversas, expliquem seus processos por meio de

conceitos diferenciados e desenvolvam suas práticas através de métodos distintos, as Teorias da

Personalidade possuem características em comum, cada uma com sua nomenclatura, mas

observando o mesmo fenômeno e, em certos momentos, essas teorias chegam a dialogar. Devido a

estas tipicidades compartilhadas por algumas abordagens, é possível, de forma didática, agrupá-las

em ênfases ou famílias de teorias. E este é um ponto que merece destaque para aqueles que

estudam para concursos: é fundamental compreender o que há em comum entre as teorias que

fazem parte da mesma família e o que as diferencia das demais ênfases.

A proposta mais utilizada em provas é a elaborada por Hall, Lindzey e Campbell (2000), a qual

organiza as teorias em quatro grandes agrupamentos, classificadas com base em características que

permitem a identificação de uma ênfase comum. Estas ênfases são: na Psicodinâmica, na Estrutura

da Personalidade, na Realidade Percebida e na Aprendizagem.

O estudo da personalidade enquanto cam po científico

A personalidade, segundo definição proposta por Pervin & John (2004), “representa as características

da pessoa que explicam padrões consistentes de sentimentos, pensamentos e comportamentos”

Destaca-se deste amplo conceito a expressão padrões consistentes, que nos permite inicialmente

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compreender que a entidade conceituai nomeada como personalidade tem como qualidade central a

estabilidade, ou seja, a permanência de qualidades marcantes do sujeito ao longo do tempo.

Apesar das diversas teorias se disporem a compreender um único e multifacetado tema, torna-se

possível diferenciá-las de acordo com o conjunto de convenções criadas por cada teórico, devendo

cada uma ter consistência na relação entre os conceitos propostos, os métodos de verificação dessas

hipóteses e os eventos empíricos relativos aos construtos.

Uma teoria da personalidade completa deve buscar responder às questões o quê, como e p o rq u ê . O

quê refere-se às características da pessoa e como umas estão organizadas com relação às outras. O

Como diz respeito aos determinantes da personalidade de uma pessoa, em que nível e de que

maneira os fatores genéticos e ambientais interagem para produzir este resultado. O porquê trata das

razões para o comportamento do indivíduo e diz respeito aos aspectos motivacionais da pessoa.

Segundo Pervin & John (2004), uma teoria da personalidade deve considerar cinco áreas:

1. Estrutura - as unidades básicas ou os blocos estruturantes da personalidade. O conceito de

estrutura se refere aos aspectos mais estáveis e duradouros da personalidade. Representam os

blocos constitutivos da teoria da personalidade.

2. Processo - aspectos dinâmicos da personalidade, incluindo os motivos. As teorias da

personalidade podem ser comparadas quanto aos seus conceitos motivacionais dinâmicos:

motivos de prazer ou hedônicos - busca do prazer ou evitação da dor -, motivos de

autorrealização - esforços do organismo para atingir o crescimento e realizar seu potencial - e

motivos cognitivos - esforços da pessoa para compreender e prever eventos no mundo.

3. C rescim ento e desenvolvim ento - como nos desenvolvemos, formando a pessoa única que

cada um de nós é. Tradicionalmente os determinantes da personalidade foram divididos em

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determinantes genéticos e determinantes ambientais, sendo ambos importantes na formação da

personalidade.

4. P sicopatologia - a natureza e as causas do desenvolvimento desordenado da personalidade.

5. Mudança - como as pessoas mudam e por que elas, às vezes, resistem à mudança ou são

incapazes de mudar.

D eterm inantes Genéticos e ambientais do com portam ento

Considera-se que aspectos genéticos, tais como inteligência e temperamento, marcam as diferenças

principais entre as pessoas, enquanto fatores ambientais como cultura, classe social, família e grupos

sociais tendem a tornar as pessoas parecidas. Contudo, apesar dos vários pesquisadores

enfatizarem mais algumas variáveis em detrimento de outras, ocorre hoje um consenso quanto à

multideterminação da personalidade. Cada pessoa vivência a realidade e interage com o outro com

base na sua história genética, nas aptidões e limitações herdadas, no seu processo de

aprendizagem, nas trocas estabelecidas nos diversos grupos do qual fez parte ao longo da vida, nos

valores e modelos compartilhados na cultura. E, diante da interação entre tantos determinantes, a

tendência é que cada pessoa torne-se cada vez mais diferenciada ao longo da vida.

Os fatores genéticos desempenham um papel importante na determinação da personalidade,

particularmente em relação àquilo que é único no indivíduo. Os fatores genéticos são geralmente

mais importantes em características como a inteligência e o temperamento, e menos importantes com

relação a valores, ideias e crenças. O fato de que algumas diferenças surgem cedo, de que são

duradouras e parecem ser relativamente dependentes da história de aprendizagem do indivíduo,

sugere que essas diferenças se devem a características genéticas ou hereditárias. Em síntese, os

genes desempenham o papel de nos tornar parecidos como humanos e diferentes como indivíduos

(Pervin e John, 2004).

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Herdabilidade é um termo utilizado por geneticistas do comportamento e refere-se a uma medida

estatística que é expressa como um percentual. Esse percentual representa a extensão em que os

fatores genéticos contribuem para variações, em um dado traço, entre os membros de uma

população. Isto significa que a influência dos genes em um determinado traço de personalidade será

elevada se a herdabilidade também for alta.

Os determinantes ambientais abrangem influências que tornam muitos de nós semelhantes uns aos

outros, assim como as experiências que nos tornam únicos. As experiências que os indivíduos têm

como resultado de fazerem parte de uma mesma cultura são significativas entre os determinantes

ambientais da personalidade, pois, apesar de frequentemente não termos consciência das influências

culturais, a maioria dos membros de uma mesma cultura terão características de personalidade em

comum. Poucos aspectos da personalidade de um indivíduo podem ser compreendidos sem

referência a um grupo ao qual a pessoa pertença. Os fatores relacionados com a classe social

determinam o status dos indivíduos, os papéis que eles desempenham, os deveres que lhes são

atribuídos e os privilégios de que desfrutam. Assim como os fatores culturais, os fatores relacionados

com a classe social influenciam a maneira como as pessoas definem situações e como respondem a

elas.

Um dos fatores ambientais mais importantes na determinação da personalidade é a influência da

família. Cada padrão de comportamento parental afeta o desenvolvimento da personalidade da

criança de pelo menos três maneiras importantes: 1. Através de seu comportamento, eles

apresentam situações que produzem certos comportamentos nas crianças; 2. Eles servem como

modelos de identificação; 3. Eles recompensam comportamentos de forma seletiva. Tais interações

independem do fato dos pais compartilharem com a criança uma herança genética.

Os estudos mais recentes têm demonstrado que as diferenças de personalidade entre irmãos não

estão apenas nas diferenças constitutivas, mas também nas diferentes experiências que os irmãos

têm como membros da mesma família e em experiências fora da família e que as experiências, a

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partir de ambientes não compartilhados (escola, amigos), têm maior influência sobre a personalidade

do que os ambientes compartilhados (contexto familiar).

Após esta introdução, iniciaremos o estudo das principais teorias e conceitos mais exigidos em

concursos. Os capítulos a seguir estão organizados com base nas quatro ênfases: Psicodinâmica, na

Estrutura da Personalidade, na Realidade Percebida e na Aprendizagem. A última sessão deste livro

disponibiliza uma ampla seleção de questões gabaritadas de certames anteriores, a fim de que o

candidato exercite a resolução de provas e compreenda a lógica existente na formulação dos

quesitos pelas bancas organizadoras.

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Capítulo I

Teorias Psicodinâmicas

(Psicanalíticas e Neoanalíticas)

As Teorias Psicodinâm icas são as preferidas pela maioria das bancas organizadoras e por isso

devem ser estudadas com maior afinco. Os teóricos psicodinâmicos geralmente apresentam grande

preocupação com a ideia de personalidade ideal e com a explicação do comportamento anormal. O

enfoque central está nas forças dinâmicas que determinam o comportamento, cuja ênfase geral situa-

se no conflito intrapsíquico e nos determinantes inconscientes. Estas abordagens apresentam grande

preocupação com a noção de personalidade ideal e com o comportamento patológico.

Nos concursos, costumam-se cobrar os conceitos propostos, sobretudo, pela Teoria Psicanalítica

Clássica de Sigmund Freud, pela Psicologia Analítica de Cari Gustav Jung, pela Psicologia Individual

de Alfred Adler e a Teoria Psicossocial do Desenvolvimento de Erik Erikson, destacando-se a

frequência maior da abordagem de Freud, seguida pela de Jung e após estas, em constância menor,

as de Erikson e Adler. Os demais teóricos como Melanie Klein e Karen Horney são cobrados em

geral em provas para cargos clínicos com claro viés psicanalítico.

Destacaremos a seguir alguns pontos das teorias da perspectiva psicodinâmica que são cobrados

com maior frequência em concursos públicos.

1.1 Teoria Psicanalítica Clássica de S igm und Freud

Àqueles que alardeiam que a psicanálise está morta, devo comunicar que estão bem enganados.

Freud é ainda hoje o teórico da personalidade mais conhecido e citado e, talvez por isso, seja

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destacadamente o mais frequente nas provas para o cargo de psicólogo. O inconveniente que há em

estudar sua teoria para uma prova de concurso é a amplitude de seu modelo, distribuída em uma

extensa obra. Algumas provas cobram especificidades, discutidas por Freud em um determinado

texto do qual apenas um psicanalista poderia lembrar-se. Mas tenhamos calma, pois a maioria das

bancas segue um roteiro básico que será apresentado ao longo deste tópico.

1.1.1 Estrutura da mente

A noção de “aparelho psíquico”, como um conjunto articulado de lugares - virtuais - surge mais

claramente na obra de Freud no capítulo 7 do clássico livro “A interpretação dos sonhos" de 1900.

Freud empregou a palavra “aparelho” para caracterizar uma organização psíquica dividida em

sistemas, ou instâncias psíquicas, com funções específicas para cada uma delas, que estão

interligadas entre si, ocupando certo lugar na mente.

Na prim eira tópica, Freud propôs que a mente é constituída por três sistemas: o consciente (Cs), o

pré-consciente (Pcs) e o inconsciente (Ics). Os sistemas consciente e pré-consciente interagem em

todos os momentos, pois aquilo que é consciente num determinado momento, quando a atenção é

desviada, passa ao sistema pré-consciente, cujas informações armazenadas, apenas com um

esforço para lembrar, passa ao sistema consciente. Já o sistema inconsciente não permite que as

informações sejam lembradas, há uma energia barrando-as. Esta é a Teoria Topográfica.

O sistema consciente tem a função de receber informações oriundas das excitações provenientes

do exterior e do interior, que ficam registradas qualitativamente de acordo com o prazer e/ou,

desprazer que elas causam, porém ele não retém esses registros e representações como depósito ou

arquivo deles. A maior parte das funções perceptivo - cognitivas - motoras do ego - como as de

percepção, pensamento, juízo crítico, evocação, antecipação, atividade motora, etc., processam-se

no sistema consciente, embora esse funcione intimamente conjugado com o sistema inconsciente.

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O sistema pré-consciente foi concebido como articulado com o consciente e, tal como sugere no

“Projeto para uma psicologia científica” (1895), onde aparece esboçado com o nome de “barreira de

contato", funciona como uma espécie de peneira que seleciona aquilo que pode, ou não, passar para

o consciente.

O sistema inconsciente designa a parte mais arcaica do aparelho psíquico. Por herança genética,

existem pulsões, acrescidas das respectivas energias e “protofantasias”, como Freud denominava as

possíveis "fantasias primitivas, primárias ou originais". Não é possível abordar diretamente o

inconsciente, sendo este conhecido somente por suas formações: atos falhos, sonhos, chistes e

sintomas.

Freud procurou uma explicação para a forma de operar do inconsciente, propondo uma estrutura

particular. Na primeira tópica recorre à imagem do iceberg em que o consciente corresponde à parte

visível, e o inconsciente corresponde à parte não visível, ou seja, a parte submersa do iceberg. Ele

estava preocupado em estudar o que levava à formação dos sintomas psicossomáticos

(principalmente a histeria), por isso apenas os conceitos de inconsciente, pré-consciente e consciente

eram suficientes. Propôs então um modelo estrutural da personalidade, e formulou explicações a

partir das inter-relações entre três estruturas: id, ego e superego.

Segundo Freud, o id é a parte instintiva de nossa natureza, representa os processos primitivos do

pensamento e constitui o reservatório das pulsões; dessa forma, toda energia envolvida na atividade

humana seria advinda do id. Inicialmente, considerou que todas essas pulsões seriam ou de origem

sexual, ou que atuariam no sentido de autopreservação. Posteriormente, introduziu o conceito das

pulsões de morte, que atuariam no sentido contrário ao das pulsões de agregação e preservação da

vida. O id é responsável pelas demandas mais primitivas e perversas.

O ego atua como um mediador dentro da estrutura da personalidade humana, alternando nossas

necessidades primitivas e nossas crenças éticas e morais. E a instância na qual se inclui a

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consciência. Um eu saudável proporciona a habilidade para adaptar-se à realidade e interagir com o

mundo exterior de uma maneira que seja cômoda para o id e o superego.

O superego, a parte que contra age ao id, representa os pensamentos morais e éticos da sociedade

que são internalizados pelo indivíduo. O superego se desenvolve mais ou menos na época em que a

criança resolve o complexo de Édipo e começa a se identificar com os pais e suas expectativas e

exigências.

1.1.2 Dinâmica da personalidade

Freud considerava que a personalidade já estava bem formada no final do quinto ano de vida e que o

desenvolvimento ulterior era essencialmente a elaboração dessa estrutura básica. Conforme a

psicanálise freudiana, a personalidade se desenvolve em resposta a quatro fontes importantes de

tensão:

1. Processos de crescimento fisiológico;

2. Frustrações;

3. Conflitos;

4. Ameaças.

Como uma consequência direta do aumento das tensões provenientes dessas fontes, o indivíduo é

forçado a aprender novas formas de reduzir a tensão. Essa aprendizagem seria o desenvolvimento

da personalidade.

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1.1.3 Desenvolvimento psicossexual

Para Freud, os primeiros anos de vida são decisivos para a formação da personalidade. Cada

estágio, durante os primeiros cinco anos, é definido em termos dos modos de reação de uma zona

específica do corpo. Todas as crianças progridem através dos quatro diferentes estágios de

desenvolvimento, além do período de latência. O progresso através dos estágios é impulsionado pela

manutenção biológica, que força o indivíduo a enfrentar as demandas inerentes a cada estágio.

Em cada estágio, se os pais forem excessivamente restritivos ou indulgentes, a criança pode

desenvolver fixações ou complexos associados a um estágio. A fixação e o complexo são conflitos

inconscientes não resolvidos. Na teoria freudiana, os estágios tradicionais do desenvolvimento

psicossexual são:

• Oral: Período - do nascimento a 1 ano aproximadamente.

Características principais: A região do corpo que proporciona maior prazer à criança é a boca. A zona

secundária desta fase é o sistema digestivo. É pela boca que a criança entra em contato com o

mundo; é por esta razão que a criança pequena tende a levar tudo o que pega à boca. O principal

objeto de desejo nesta fase é o seio da mãe, que, além de alimentá-la, proporciona satisfação ao

bebê. É a fase de reconhecimento do externo. Cores primárias e vibrantes despertam a atenção das

crianças nessa fase.

Envolve a fantasia de incorporação pela ingestão de alimentos. A boca é a zona erotizada.

1a Etapa da Fase Oral —►sucção; a incorporação e mais ativa, energia psíquica libidinal;

2a Etapa da Fase Oral —►canibal; inicia-se com a eclosão dos dentes, energia psíquica agressiva.

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Mecanismos de Defesa da Fase Oral: projeção, introjeção, cisão e negação.

• Fase Anal: Período - 2 a 4 anos aproximadamente.

Características: Neste período a criança passa a adquirir o controle dos esfíncteres e a zona de maior

satisfação é a região do ânus. A criança descobre que pode controlar as fezes que saem de seu

interior, oferecendo-as à mãe ora como um presente, ora como algo agressivo. E nesta etapa que a

criança começa a ter noção de higiene. Ela começa a ter noção de posse e quer pegar os objetos,

tocá-los e ver que aquilo faz parte de algo fora do limite do seu corpo.

Envolve as sensações obtidas por meio do controle dos esfíncteres do corpo. É marcada pelo ensaio

para autonomia (estão mais desafiadores) e é a fase narcísica, do autoerotismo.

Etapas (ou aspectos) da Fase Anal: expulsiva e retentiva - acontecem concomitantemente.

Mecanismos de Defesa da Fase Anal: formação reativa, isolamento do sentimento e anulação.

• Fase Fálica: Período - de 4 a 6 anos aproximadamente.

Características: Nesta etapa do desenvolvimento, a atenção da criança volta-se para a região genital

e ela apresenta um forte comportamento narcisista, de representação de si, quando cria uma

grandiosa imagem de si mesma. Inicialmente a criança não imagina que existam diferenças

anatômicas e acredita que homens e mulheres têm anatomias semelhantes. Ao serem defrontadas

com as diferenças anatômicas entre os sexos, as crianças criam as chamadas "teorias sexuais

infantis", imaginando que as meninas não têm pênis porque este órgão lhe foi arrancado (complexo

de castração). As meninas veem-se incompletas (por causa da ausência e consequente inveja do

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pênis). Neste período surge o complexo de Édipo, no qual o menino passa a apresentar uma atração

pela mãe e a se rivalizar com o pai, e na menina ocorre o inverso.

Ocorre a busca pelos objetos, e o fim da fase narcísica. É marcada pelos questionamentos (fase dos

porquês). A criança entende que há objetos exteriores a ela; Fantasia da Cena Primária (pai e mãe

em coito); dá-se o complexo de Édipo (relação triangular); angústia de castração; ocorre a

reestruturação do ego e emerge o superego. Vicissitudes do voyeurismo e exibicionismo.

• Fase de Latência: Período - de 6 a 11 anos aproximadamente.

Características: Este período tem por. característica principal um deslocamento da libido da

sexualidade para atividades socialmente aceitas, ou seja, a criança passa a gastar sua energia em

atividades sociais e escolares. E o investimento no outro, em coisas do exterior. Os impulsos e a

catexia são reprimidos, ocorre a sublimação para áreas de aprendizagem e formação.

Mecanismos de defesa da Fase da Latência: racionalização, sublimação.

• Fase Genital: Período - a partir de 11 anos.

Características: Neste período, que tem início com a adolescência, há uma retomada dos impulsos

sexuais, o adolescente passa a buscar, em pessoas fora de seu grupo familiar, um objeto de amor. A

adolescência é um período de mudanças no qual o jovem tem que elaborar a perda da identidade

infantil e dos pais, da infância, para que gradativamente possa assumir uma identidade adulta. Ele

procura se diferenciar do outro, ao mesmo tempo em que procura se inserir num grupo com estilos é

gostos próprios. Ocorre a busca de uma identificação extraparental.

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1.1.4 Sexualidade e Libido

s Libido: é uma fonte original de energia afetiva que mobiliza o organismo na perseguição de

seus objetivos.

s A libido sofre progressivas organizações durante o desenvolvimento, em torno de zonas

erógenas corporais.

s Uma fase de desenvolvimento e uma organização da libido em torno de uma zona erógena,

criando uma fantasia básica e um tipo de relação de objeto.

^ A libido é uma energia voltada para a obtenção de prazer.

s É uma energia sexual no sentido de que toda busca por afeto ou prazer é erótica ou sexual

s Há uma tendência natural para o desenvolvimento sucessivo das fases.

s Caso surja uma angústia muito forte num dado momento da evolução, como resultado do

temor de se ligar a um objeto, cria-se um.ponto de fixação.

^ A fixação é um momento no processo evolutivo onde paramos, por não poder satisfazer um

desejo.

s O ego se torna mais frágil.

s Se a angústia for muito forte, ocorre a regressão.

s A neurose e definida por Freud como um infantilismo psíquico.

1.1.5 Mecanismos de defesa

Os mecanismos de defesa são os diversos tipos de processos psíquicos, cuja finalidade consiste em

afastar um evento gerador de angústia da percepção consciente. Os mecanismos de defesa são

funções do Ego e, por definição, inconscientes.

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Os mecanismos de defesa podem ser considerados eficazes, quando conseguem eliminar o fato

rejeitado; ou ineficazes, quando nunca o eliminam, perpetuando assim as ações defensivas do

indivíduo. Se a defesa foi eficaz, raramente haverá uma neurose de muita importância a ser tratada.

Entretanto, quando uma defesa é caracterizada pela necessidade permanente de comportamentos

substitutivos para evitar que o objeto verdadeiro do instinto apareça, ela não é uma defesa eficaz,

pois necessita de ação permanente do indivíduo mais em busca de um autoconvencimento do que do

convencimento da própria sociedade, e esse comportamento é um padrão neurótico que deve ser

tratado.

Repressão - É a operação psíquica que pretende impedir que pensamentos dolorosos ou perigosos

cheguem à consciência. Busca fazer desaparecer da consciência impulsos ameaçadores,

sentimentos, desejos, ou seja, ideias desagradáveis ou inoportunas. É o principal mecanismo de

defesa, do qual se derivam os demais. Um acontecimento que por algum motivo envergonha uma

pessoa pode ser completamente esquecido e se tornar não evocável.

Negação - É a tentativa de não aceitar na consciência algum fato que perturba o Ego. Os adultos

têm a tendência de fantasiar que certos acontecimentos não são, de fato, do jeito que são, ou que na

verdade nunca aconteceram. Este voo de fantasia pode tomar várias formas, algumas das quais

parecem absurdas ao observador objetivo. A notável capacidade de lembrar-se incorretamente de

fatos é a forma de negação encontrada com maior frequência na prática psicoterápica. O paciente

recorda-se de um acontecimento de forma vivida, depois, mais tarde, pode lembrar-se do incidente de

maneira diferente e, de súbito, dar-se conta de que a primeira versão era uma construção defensiva.

Projeção - O ato de atribuir a outra pessoa, animal ou objeto as qualidades, sentimentos ou

intenções que se originam em si próprio, é denominado projeção. Manifesta-se quando o Ego não

aceita reconhecer um impulso inaceitável do ld e o atribui a outra pessoa. É um mecanismo de

defesa através do qual os aspectos da personalidade de um indivíduo são deslocados de dentro

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Teorias da Personalidade 1 Concursos PSI

deste para o meio externo. Quando nos sentimos maus, ou quando vivenciamos um evento doloroso

e de nossa responsabilidade, tendemos a projetá-lo no mundo externo, o qual a nosso ver assumirá

as características daquilo que não podemos ver em nós. A ameaça é tratada como se fosse uma

força externa. A pessoa com Projeção pode, então, lidar com sentimentos reais, mas sem admitir ou

estar consciente do fato de que a ideia ou comportamento temido é dela mesma. O extremo do

funcionamento por mecanismos projetivos é a paranóia, pois a pessoa passa a ver todo mundo como

perseguidor.

Formação Reativa - Caracteriza-se por uma atitude ou um hábito psicológico com sentido oposto ao

desejo recalcado. Esse mecanismo substitui comportamentos e sentimentos que são diretamente

opostos ao desejo real. Trata-se de uma inversão clara e, em geral, inconsciente do verdadeiro

desejo. Como outros mecanismos de defesa, as formações reativas são desenvolvidas, em primeiro

lugar, na infância. As crianças, assim como incontáveis adultos, tornam-se conscientes da excitação

sexual que não pode ser satisfeita, evocam consequentemente forças psíquicas opostas, a fim de

suprimirem efetivamente este desprazer. Para essa supressão elas costumam construir barreiras

mentais contrárias ao verdadeiro sentimento sexual, como, por exemplo, a repugnância, a vergonha e

a moralidade. Não só a ideia original é reprimida, mas qualquer vergonha ou autorreprovação que

poderiam surgir, ao admitir tais pensamentos em si próprios, também são excluídas da consciência.

Infelizmente, os efeitos colaterais da Formação Reativa podem prejudicar os relacionamentos sociais.

As principais características reveladoras de Formação Reativa são seu excesso, sua rigidez e sua

extravagância. O impulso, sendo negado, tem que ser cada vez mais ocultado.

Deslocam ento - É o processo psíquico através do qual o todo é representado por uma parte ou vice-

versa. Também pode ser uma ideia representada por outra, que, emocionalmente, esteja associada a

ela. Esse mecanismo não tem qualquer compromisso com a lógica. É muito corrente nos sonhos,

onde uma coisa representa outra. Também se manifesta na Transferência, fazendo com que o

indivíduo apresente sentimentos em relação a uma pessoa que, na verdade, lhe representa outra do

seu passado. A importância, o interesse, a intensidade de uma representação são suscetíveis de se

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destacar desta para passar a outras representações originariamente pouco intensas, ligadas à

primeira por uma cadeia associativa. ^

Esse fenômeno, particularmente visível na análise do sonho, encontra-se na formação dos sintomas

psiconeuróticos e, de um modo geral, em todas as formações do inconsciente. A teoria psicanalítica

do deslocamento apela para a hipótese econômica de uma energia de investimento suscetível de se

desligar das representações e de deslizar por caminhos associativos. O “livre” deslocamento desta

energia é uma das principais características do modo como o processo primário rege o

funcionamento do sistema inconsciente.

Racionalização - É uma forma de substituir por boas razões uma determinada conduta que exija

explicações, de um modo geral, da parte de quem a adota. É um processo pelo qual o sujeito procura

apresentar uma explicação coerente do ponto de vista lógico, ou aceitável do ponto de vista moral,

para uma atitude, uma ação, uma ideia, um sentimento, etc., cujos motivos verdadeiros não percebe.

Fala-se mais especialmente da racionalização de um sintoma, de uma compulsão defensiva, de uma

formação reativa. A racionalização intervém também no delírio, resultando numa sistematização mais

ou menos acentuada. Como exemplos, encontraremos racionalizações de sintomas, neuróticos ou

perversos (comportamento homossexual masculino explicado pela superioridade intelectual e estética

do homem) ou compulsões defensivas (ritual alimentar explicado por preocupações de higiene). A

racionalização é um mecanismo típico do neurótico obsessivo.

1.2. Psicologia A nalítica de Cari G ustav Jung

Autor de destaque dentro da perspectiva psicodinâmica, o “príncipe herdeiro da Psicanálise” como o

chamava o próprio Freud, após distanciar-se do ciclo psicanalítico, desenvolveu uma teoria bastante

ampla e completa em torno do conceito de personalidade. A Psicologia Analítica é considerada como

uma teoria compreensiva, pois busca responder às questões quanto à estrutura, dinâmica e

desenvolvimento da personalidade.

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Ao buscar compreender o desenvolvimento da personalidade, Jung lança seu olhar tanto de maneira

retrospectiva, levando em conta o passado como realidade ou as causas que permitem a

compreensão dos comportamentos atuais (causalidade), como também apresenta uma visão

prospectiva, olhando para as potencialidades e metas como uma linha de desenvolvimento futuro da

pessoa (teleologia). Assim, para Jung, o presente é determinado não só pelo passado

(causalidade), mas também pelo futuro (teleologia); somos o resultado das experiências de onde

viemos e das aspirações que nos conduzem para onde estamos nos dirigindo.

1.2.1. Estrutura da Personalidade

Em Psicologia Junguiana, a personalidade como um todo é denominada psique. A psique abrange

todos os pensamentos, sentimentos e comportamentos, tanto conscientes quanto inconscientes.

Funciona como um guia que regula e adapta o indivíduo ao ambiente social e físico. Podemos

distinguir a existência de três níveis na psique: consciência, inconsciente pessoal e inconsciente

coletivo. A psique organiza-se em vários sistem as diferenciados e interatuantes. Os principais

sistemas são o ego, o inconsciente pessoal e seus complexos, a anima e o animus, a sombra e o

Self, que é o centro da personalidade total.

O campo da consciência coletiva diz respeito ao meio social no qual interagimos. Em termos

intrapsíquicos, temos o contato com a consciência coletiva por meio do ego e da persona.

1.2.1. A form ação da consciência e sua estrutura funcional

O ego é a organização da mente consciente e se compõe de percepções conscientes, de

recordações, pensamentos e sentimentos. Ele fornece identidade e continuidade à personalidade e,

embora seja pequena parte da psique total, desempenha a função básica de vigia da consciência. A

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Teorias da Personalidade Concursos PSI

menos que o ego reconheça a presença de uma ideia, de um sentimento, de uma lembrança ou de

uma percepção, nada disso pode chegar à consciência.

O termo persona designa os papéis sociais aprendidos, para que possamos interagir com outras

pessoas. A persona se desenvolve desde os primeiros anos de vida, quando a criança aprende quais

valores são socialmente aceitos e quais comportamentos são valorizados por seus pais. O indivíduo

apresenta padrões comportamentais condizentes com aquilo que aprendeu como sendo a conduta

adequada frente a cada um dos ambientes e situações nos quais desempenha funções. Assim, temos

a persona do pai/mãe, do professor, do médico, do pastor, etc. Cada pessoa tem em sua persona

mais de um papel social; por exemplo, uma mulher pode possuir a persona de mãe, de filha, de

esposa, de profissional, membro da igreja, etc.

Trataremos agora do inconsciente pessoal, no qual estão registradas todas as experiências que

não foram aceitas pelo ego. Consiste em experiências que, em outro momento da. vida, foram

conscientes, mas que agora estão reprimidas, suprimidas, esquecidas ou ignoradas, e em

experiências que foram fracas demais para deixar uma impressão consciente na pessoa. Existe um

grande trânsito de conteúdos entre o inconsciente pessoal e o ego.

Ainda no campo do inconsciente pessoal, encontram-se os conteúdos associados ao arquétipo da

sombra e os complexos. Conforme vimos, durante o processo de aprendizado ocorre separação

espontânea dos aspectos socialmente aceitos daqueles indesejados. Tudo que é valorizado pelo

grupo social como positivo ajuda a compor a persona. Aquelas características ou comportamentos

subvalorizados ou considerados indesejáveis, aspectos instintivos e animalescos ou avaliados como

ridículos são reprimidos no inconsciente pessoal e compõem a som bra.

Os com plexos são aglomerados de pensamentos, sentimentos, percepções e memórias repletos de

energia psíquica. O núcleo central dos complexos é um arquétipo que atrai e aglomera as

experiências pessoais e traumáticas relacionadas ao conteúdo específico do complexo. Por exemplo,

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um complexo paterno. Na psique de todas as pessoas existe o arquétipo do pai, ou seja, um padrão

de representação sobre como é um pai. A partir do tipo de interação com o pai real, uma pessoa pode

sofrer um trauma e passar a ter dificuldades em lidar com essa representação do pai, constituindo um

complexo paterno que concentra energia e o mantém inconscientemente fixado nessa relação mal

resolvida.

1.2.1.2. A rquétipos e Inconsciente Coletivo

Antes de prosseguirmos, faz-se necessário apresentar o conceito de arquétipo. Em sua experiência

com pacientes psiquiátricos e, posteriormente, por meio do estudo comparado de culturas e religiões,

Jung descobriu a existência de padrões de comportamentos característicos da espécie humana e,

portanto, herdados por todas as pessoas em quaisquer culturas e regiões. Em outras palavras, os

arquétipos são capacidades filogeneticamente herdadas de iniciar e realizar comportamentos típicos

de todos os seres humanos.

Os arquétipos são tendências inatas que direcionam o desenvolvimento e asseguram que todas as

pessoas manterão as características psíquicas humanas. Assim como existe um fator auto-

organizador (DNA) responsável pela garantia de que todos os humanos possuam dois olhos, uma

boca, duas orelhas, dois braços, duas pernas, que homens fecundem mulheres e que essas

mulheres gestem seus bebês, a Psicologia Analítica propõe a existência de arquétipos responsáveis

pelo desenvolvimento da psique. Os arquétipos são predisposições das capacidades psíquicas, mas

que requerem estímulos para seu desenvolvimento.

Os conteúdos arquetípicos são encontrados em todas as culturas, e a análise dos mitos, contos e

lendas demonstra que constituem a psique desde tempos remotos. Os conteúdos dos arquétipos são

os mais variados e predispõem os seres humanos a reagir frente a situações diversas.

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Teorias da Personalidade 1 Concursos PSI

Ao conjunto de padrões psíquicos específicos herdados por todos os membros da espécie humana

dá-se o nome de inconsciente coletivo. Diferencía-se do inconsciente pessoal pelo fato de seu

conteúdo independer da experiência individual. Contudo, cabe ressaltar que, apesar de todas as

pessoas herdarem os arquétipos, a expressão de um ou outro dependerá da experiência individual,

ou seja, os acontecimentos no curso de vida poderão ativar determinado arquétipo e talvez outro

jamais seja ativado. Clarificando: a existência e o conteúdo do arquétipo independem da experiência

individual, mas a expressão dele ocorre apenas frente a situações específicas ao longo da vida.

Outro conceito importante e que costuma ser cobrado em concursos públicos é o de anim a/ animus.

O arquétipo do feminino no homem é chamado de anima e o arquétipo do masculino na mulher é o

animus. A existência de tal arquétipo demonstra que o ser humano possui naturalmente a

predisposição para desenvolver características tanto femininas quanto masculinas, diferindo apenas

no fato de que o gênero presente na consciência e expresso cotidianamente é, em geral, condizente

com o sexo genital, enquanto as características do gênero oposto permanecem inconscientes a maior

parte do tempo ou emergem quando estimuladas pela situação.

A existência do arquétipo anima/animus predispõe os seres humanos a buscarem interagir com

pessoas do sexo oposto. A ativação do animus na psique feminina se dá por meio do contato com

homens que serviram de modelo: o pai, um irmão, tio, avô, um professor, um namorado. Do mesmo

modo, a ativação da anima na psique masculina, por meio do contato com mulheres que serviram de

modelo: a mãe, uma irmã, tia, avó, uma professora, uma namorada.

1.2.1.3. S e/fe o processo de Individuação

Por fim, apresentamos o conceito de Se/f que desempenha papel de destaque na Psicologia

Analítica. Jung chamou o Self de Arquétipo central, Arquétipo da ordem e totalidade da

personalidade. Segundo Jung, consciente e inconsciente não estão necessariamente em oposição

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Teorias da Personalidade | Concursos PS1

um ao outro, mas complementam-se mutuamente para formar uma totalidade: o Self. Ele é o

potencial inato que ordena a vida psíquica e direciona o desenvolvimento da personalidade.

Jung descobriu o Arquétipo do Self apenas depois de estarem concluídas suas investigações sobre

as outras estruturas da psique. O Self é com frequência figurado em sonhos ou imagens de forma

impessoal, como um círculo, mandala, cristal ou pedra, ou de forma pessoal como um casal real, uma

criança divina, ou na forma de outro símbolo de divindade. Todos estes são símbolos da totalidade,

unificação, reconciliação de polaridades, ou equilíbrio dinâmico, os objetivos do processo de

Individuação.

O S e/f é um fator interno de orientação, muito diferente e até mesmo estranho ao Ego e à

consciência. Para Jung, o Self não é apenas o centro, mas também toda a circunferência que abarca

tanto o consciente quanto o inconsciente; ele é o centro desta totalidade, tal como o Ego é o centro

da consciência. O si mesmo é o ponto central da psique total do indivíduo.

Segundo Jung, é o Self que envia os símbolos à consciência para que possam ser interpretados e

revelados. Esse entendimento e integração permitem ampliar a consciência sobre si mesmo e

cumprir a meta do desenvolvimento psicológico total. O desenvolvimento do Self não significa que o

Ego seja dissolvido. Este último continua sendo o centro da consciência, mas agora ele é vinculado

ao Self como consequência de um longo e árduo processo de compreensão e aceitação de nossos

processos inconscientes. O Ego não parece mais ser o centro da personalidade, mas uma das

inúmeras estruturas dentro da psique.

A esse processo de desenvolvimento da personalidade rumo à consciência plena de todos os seus

aspectos foi dado por Jung o nome de Individuação, pois ele observou existir no ser humano um

fator interno de auto-orientação que organiza e integra os diversos níveis e sistemas. A meta da

Individuação é atingir o conhecimento profundo de que todos esses níveis da psique são um mesmo

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Teorias da Personalidade í Concursos PSI

todo, pleno de potencialidades, e desse modo a pessoa pode perceber-se dentro de sua verdadeira

natureza de indivíduo, ou seja, indivisível, completo, total e repleto de possibilidades de realização.

Elaboramos cuidadosamente um esquema que ilustra a estrutura e o dinamismo da psique, segundo

a Psicologia Analítica (Figura 1). Conforme vimos, a psique está organizada em três dimensões:

consciência, inconsciente pessoal e inconsciente coletivo. O inconsciente coletivo é a instância mais

antiga da personalidade, pois é o substrato biológico e inato no qual estão registrados os padrões

arquetípicos do comportamento humano. Deste modo, ao nascermos, já possuímos uma estrutura

psíquica que nos predispõe a interagir com o mundo. A consciência e o inconsciente pessoal se

organizam paralelamente a partir das experiências pessoais. No contato com outras pessoas

apreendemos quais valores e comportamentos são aceitos e valorizados por nosso grupo social e

quais são indesejados e inadequados. As características desejáveis compõem a persona e permitem

ao ego o contato adequado com o campo da consciência coletiva (cultura).

As características aprendidas como indesejáveis são reprimidas no inconsciente pessoal e compõem

a sombra. Todo o psiquismo é dinâmico e os aspectos de sombra também interagem com o ego.

Os complexos estão presentes no inconsciente pessoal e se formam a partir de experiências

emocionalmente relevantes. Quando um indivíduo tem uma experiência que é vivenciada de forma

intensa, tanto negativa como positiva, todos os pensamentos, lembranças e emoções que tenham o

mesmo conteúdo central passam a se organizar cognitivamente em tomo do mesmo núcleo de

energia psíquica. O centro do complexo é sempre um arquétipo, um modelo inato sobre como devem

ser os comportamentos capazes de atender às nossas necessidades essenciais.

Observe as linhas tracejadas na figura 1 que representam a comunicação entre os complexos e os

arquétipos. Cada complexo está, necessariamente, vinculado a um ou mais arquétipos. Existem

inúmeros arquétipos, mas a quantidade de complexos está limitada de acordo com as experiências

do indivíduo.

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CAMPO DA CONSCIÊNCIA COLETIVA

PERSONA

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Figura 1: A Estrutura e o Dinamismo da Psique na Psicologia Anafítica

Outro ponto em destaque na figura 1 é o eixo Ego-Se/A, cujo objetivo é demonstrar a comunicação

entre estas duas instâncias. O Self é o arquétipo central e principio organizador da personalidade,

enquanto o Ego é o centro da consciência, permitindo o contato com o mundo externo e dando à

personalidade o senso de identidade. No início da vida, o Ego está fundido ao Self, porém depois se

diferencia dele. Jung descreve uma interdependência entre estes dois grandes sistemas. O Ego é a

instância avaliadora que possibilita ao Self estabelecer o contato com a consciência coletiva,

enquanto o Self é o responsável pela homeostase do organismo e direciona o Ego a um propósito de

vida.

1.2.2. Tipos Psicológicos

A formulação de uma tipologia psicológica foi o resultado de quase 20 anos de estudos de Jung sobre

a estrutura e desenvolvimento da personalidade. Em Tipos Psicológicos Jung identificou e descreveu

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certo número de processos psicológicos básicos, demonstrando de que maneira se relacionam em

várias combinações para definir a personalidade de um indivíduo.

A tipologia junguiana utiliza um sistema de classificação que compreende três eixos em duas

dimensões polares: as atitudes - extroversão x introversão - e as funções - pensamento x

sentimento, sensação x intuição. As atitudes e funções fazem parte da psique de todos os indivíduos.

As atitudes são tendências temperamentais básicas, perceptíveis desde muito cedo no

comportamento das crianças e que se mantêm até a vida adulta. Essas duas atitudes são opostas e

ambas estão presentes na personalidade, mas habitualmente uma delas é dominante e consciente,

enquanto a outra é inconsciente. Se o ego é introvertido na sua relação com o mundo, o inconsciente

pessoal é extrovertido, e vice-versa. A atitude diz respeito à orientação da consciência e à direção

normal do fluxo de energia psíquica em suas relações com os objetos, conforme demonstrado no

esquema abaixo:

T ip o E xtrovertido T ip o Introvertido

ECO OBJETO O B J ETO E.GO

Figura 2: O fluxo de energia nas atitudes Extroversão - Introversão segundo a Tipologia Junguiana

As quatro funções mentais são os recursos por meio dos quais a consciência processa as

informações e interage com o mundo. As pessoas utilizam predominantemente duas funções; essa

tendência se estabelece ao longo da vida, a partir da história de aprendizado individual. O

pensamento e o sentimento são chamados de funções racionais porque utilizam o processamento de

informações e o julgamento. A sensação e a intuição são chamadas funções irracionais porque se

baseiam na percepção do concreto, do particular e do ocasional.

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S en tim en to

Figura 3: As funções da consciência segundo a Tipologia Junguiana

Os tipos são categorias nas quais são incluídas pessoas com características bastante semelhantes,

porém não necessariamente iguais, pois a personalidade é resultante da interação entre os diversos

sistemas. Vejamos a seguir algumas definições importantes para a compreensão da Tipologia

Junguiana:

1.2.2.1. A titudes:

Extroversão - Nesta atitude a energia psíquica consciente flui naturalmente na direção do objeto,

orientando o indivíduo para o meio externo. O extrovertido se preocupa com as interações com as

pessoas e coisas. Observa-se impulsividade, sociabilidade, expansividade e facilidade de expressão

oral. O extrovertido transmite a impressão de ser ativo e amistoso e de se interessar pelas coisas à

sua volta.

Introversão - Na atitude introvertida, a atenção da pessoa está orientada para o próprio mundo

subjetivo. O introvertido se interessa pela exploração e análise de suas vivências privadas; é

introspectivo, retraído e muito preocupado com os próprios assuntos internos. Observa-se a postura

reservada, a retenção das emoções e facilidade de expressão no campo da escrita. Pode parecer aos

outros distante, reservado e antissocial.

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1.2.2.2. Funções:

Pensamento - O pensamento consiste em associar ideias umas às outras para chegar a um

conceito geral ou à solução de um problema. Trata-se de uma função intelectual que procura

compreender as coisas. As pessoas que utilizam com predominância a função pensamento fazem

uma análise lógica e racional dos fatos: julgam, classificam e discriminam uma coisa da outra sem

maior interesse pelo seu valor afetivo. Naturalmente voltadas para a razão, procuram ser imparciais

em seus julgamentos, sem levar em conta a interferência de valores pessoais. Tendem a lidar melhor

com processos lógicos e formais.

Palavras - chave: Julgamento; Lógica

Sentimento - O sentimento é uma função avaliadora; ele aceita ou rejeita uma ideia, tendo como

base o sentimento agradável ou desagradável que tal ideia suscita, bela ou feia, excitante ou

monótona. Quem usa predominantemente o sentimento julga o valor inerente às coisas, tem

facilidade no contato social, preocupa-se com a harmonia do ambiente. As pessoas que preferem

tomar decisões com base no sentimento utilizam-se de valores pessoais, mesmo que essas decisões

não tenham objetividade do ponto de vista prático. Por valorizarem impressões pessoais, tendem a se

voltar para as relações interpessoais, preocupando-se com os sentimentos e valores de outros.

Palavras - chave: Julgamento; valores

Sensação - A sensação é uma percepção sensorial que inclui todas as experiências conscientes

produzidas pela estimulação dos órgãos dos sentidos: visões, ruídos, cheiros, paladares e contatos,

tanto quanto as sensações que têm origem no interior do corpo. Pessoas do tipo sensação dão

atenção ao presente e, portanto, tendem a ter os ”pés no chão". Essas pessoas têm enfoque no real

e no concreto, costumam ser práticas, realistas e voltadas para o "aqui - agora". Preocupam-se mais

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em manter as coisas funcionando do que em criar novos caminhos. Preferem também ver as partes

ao invés do todo.

Palavras - chave: percepção; aqui e agora; detalhes; Das partes para o geral

Intuição - A intuição é a percepção por meio de processos inconscientes e de conteúdos

subliminares. A pessoa intuitiva vai além dos fatos, sentimentos e ideias em sua busca da essência

da realidade. A intuição busca os significados, as relações e possibilidades futuras da informação

recebida. Os fatos são apreendidos no seu conjunto e a apreensão do ambiente geralmente acontece

por meio de "pressentimentos", "palpites" ou "inspiração".

Palavras - chave: percepção; entrelinhas; Do geral para as partes;

1.3. P sico lo g ia Individual de Alfred Adler

Este autor foi um dos fundadores da Sociedade Psicanalítica de Viena e, mais tarde, seu presidente.

Em 1911, devido a discordâncias quanto à teoria psicossexual de Freud, deixou o ciclo psicanalítico

freudiano e fundou a Psicologia Individual. Pode ser considerado um pioneiro, pois já no início do

século XX propôs um olhar psicológico social. A ênfase nos determinantes sociais do comportamento

é a maior contribuição de Adler à teoria psicológica.

A teoria de Adler enfatiza a singularidade da personalidade, ou seja, cada pessoa é uma

configuração única de traços, motivos, interesses e valores, sendo cada comportamento do indivíduo

caracterizado por seu estilo de vida distintivo.

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Adler considerava a consciência o centro da personalidade e sua psicologia é orientada para o

ego. Deste modo, os humanos são seres conscientes, geralmente cientes das razões de seus

comportamentos e que sabem sobre suas fraquezas e metas, sendo capazes de planejar e

orientar suas ações com consciência da importância para sua autorrealização (Hall, Lindzey e

Campbell, 2000).

1.3.1. Interesse social

O pressuposto central da obra de Adler é a de que a motivação humana é governada

primariamente por impulsos sociais e de que o interesse social é inato e conduz o ser humano

a adotar um estilo de vida predominantemente social. Segundo Adler, o interesse social é inato,

contudo, os tipos de relacionamentos se desenvolvem com base no estilo da sociedade na qual

a pessoa nasce (Hall, Lindzey e Campbell, 2000). Deste modo, Adler reconhece a existência de uma

base biológica, inata, que predispõe o homem a desenvolver-se enquanto um ser social.

Adler acredita que os seres humanos são criaturas sociais por natureza e não por hábito. No

entanto, assim como qualquer outra aptidão ou característica hereditária, essa predisposição social

inata precisa ser orientada e treinada para se concretizar. O ser humano está inserido em um

contexto social desde o primeiro dia de vida, através da interação com seus cuidadores e aprende

desde cedo sobre relacionamentos e cooperação. O interesse social consiste em o indivíduo

contribuir para que a sociedade se desenvolva e atinja a meta de perfeição.

1.3.2 S elf Criativo

O segundo pressuposto de maior destaque da Psicologia Individual é a existência de um Self

criativo. O Self é descrito como um "sistema subjetivo altamente personalizado, que interpreta e

torna significativas as experiências do organismo” (Hall, Lindzey e Campbell, 2000, p.118). O S elf é a

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causa do comportamento, impulsionando o indivíduo a buscar experiências relevantes para o

desenvolvimento de seu estilo individual. Caso essas experiências não estejam disponíveis no

mundo, o Self tenta criá-las.

Adler reconhece a importância da hereditariedade, mas afirma que esta base biológica dota o homem

de certas capacidades, enquanto o meio ambiente transmite ao homem certas impressões; no

entanto, é o modo como as experiências são interpretadas que determina como cada pessoa se

relaciona com o mundo. Deste modo, a doutrina do S e lf criativo afirma que os humanos constroem

sua própria personalidade a partir da base hereditária e das experiências.

1.3.3. Estilo de vida

O estilo de vida se forma muito cedo na infância, entre os quatro ou cinco anos; a partir disto as

experiências são interpretadas e aplicadas conforme este estilo de vida básico. O estilo de vida é a

compensação de uma inferioridade particular. Os sentimentos, percepções e comportamentos

tornam-se fixos e mecanizados desde idade bem inicial e quase não mudam ao longo da vida. A

pessoa pode adotar outras maneiras de expressão durante a sua existência, porém elas são apenas

reorganizações do mesmo estilo básico.

Lembre que, apesar do estilo de vida básico ser fixado muito cedo, a capacidade criativa do Self

conduz a personalidade na busca por experiências complementares que favoreçam o

desenvolvimento da consciência rumo à satisfação das metas individuais.

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1.3.4. Sentimentos de inferioridade

Hall, Lindzey e Campbell (2000) afirmam que, segundo a Psicologia Individual, os sentimentos de

inferioridade surgem de um senso de incompletude ou imperfeição em algum campo da vida. Adler

inclui neste conceito quaisquer tipos de inferioridade, sejam decorrentes de incapacidades

psicológicas ou sociais, bem como as originadas de deficiências ou fraquezas físicas de natureza

desenvolvimental ou hereditária. A pessoa que sente esta incompletude busca atingir um nível

superior de desenvolvimento e, quando o alcança, sente necessidade de buscar um ponto ainda mais

ascendente. A psicologia individual considera que o ser humano é impulsionado pela necessidade

de superar suas inferioridades e pelo desejo de tornar-se superior. Nesta busca podem ocorrer

algumas anormalidades no desenvolvimento e o indivíduo pode desenvolver um complexo de

inferioridade ou um complexo de superioridade compensatório, tais como ocorrem com crianças

rejeitadas ou mimadas.

O neurótico desenvolve os sintomas como uma forma de compensar o sentimento esmagador de

inferioridade, buscando de forma rígida a supercompensação das inferioridades percebidas. A

incapacidade do neurótico em lidar com os problemas da vida o conduz a criar salvaguardas, ou seja,

mecanismos que servem para protegê-lo da baixa autoestima decorrente do fracasso nas tarefas da

vida. Adler descreveu três categorias de salvaguardas: desculpas (evitar a culpa pelos fracassos),

agressão (culpar os outros), distanciamento (tentativas de evitar o problema, protelações ou

alegações de impotência).

1.3.5. Protesto Masculino

A Psicologia Individual propõe que os estados de inferioridade orgânica, e às vezes social, estão na

origem de um processo de compensação psicológica nomeada como protesto m ascu lin o , o qual se

constitui como uma luta interior para combater a dependência emocional, construir autonomia e obter

a superioridade.

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O conceito do protesto m asculino, que não é uma exclusividade dos homens, apenas recebeu esse

nome porque o exercício do poder foi, historicamente, reservado a estes. Trata-se, portanto, de uma

energia positiva, que, se bem canalizada, leva a pessoa a transpor sua grande barreira. Assim, o

p ro te sto m asculino é uma forma de supercompensação, utilizada tanto por homens como por

mulheres, quando se sentem inadequados e inferiores. O protesto m asculino está, portanto,

associado à busca da superioridade, ou seja, a busca por uma completude.

1.3.6. Busca de superioridade

Segundo Adler, a meta final de todo ser humano é a tingir a superioridade. Com este conceito

compreende-se a busca de uma completude, a grande pulsão ascendente que dá consistência e

unidade à personalidade. A busca de superioridade é um direcionam ento inato para o crescimento,

a conquista, a segurança; é o próprio condutor do desenvolvimento, um princípio dinâmico e

dominante. A busca da superioridade pode manifestar-se de inúmeras formas, e cada pessoa tem

sua maneira de atingir ou tentar atingir a perfeição. Conforme visto, a pessoa neurótica busca metas

egoístas, tais como poder e autoengrandecimento, enquanto a pessoa normal busca metas de

caráter social (Hall, Lindzey e Campbell, 2000).

1.3.7. Ordem de nascim ento, experiências da infância e memórias iniciais

O trabalho clínico era conduzido com base em reconstruções do passado baseadas nas lembranças

dos pacientes e em avaliações do comportamento presente, com base em relatos verbais (Hall,

Lindzey e Campbell, 2000). Com base em sua experiência empírica na clínica, Adler considerava a

ordem de nascimento, as memórias iniciais e os sonhos como os "três portões de entrada para a vida

mental". Vejamos a seguir a importância da ordem de nascimento, experiências da infância e

memórias iniciais para a teoria adleriana:

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Ordem de nascimento - as personalidades do filho mais velho, do filho do meio e do caçula em uma

mesma família tendem a ser bastante distintas. Adler atribui isto às experiências distintivas que cada

criança tem como grupo social. Atualmente, a variável ordem de nascimento tem sido incluída em

diversos estudos sobre personalidade que consideram os ambientes não-compartilhados.

Experiências da infância - Adler era muito interessado em compreender os tipos de influências

iniciais que predispõem as pessoas a estilos de vida básicos anormais ou neuróticos. Ele descobriu

três fatores importantes que produzem concepções de mundo equivocadas e resultam em estilos de

vida patológicos:

1. Crianças com inferioridades - as enfermidades físicas ou mentais tornam as pessoas mais

propensas a sentirem-se inadequadas, fracassadas e incapazes de enfrentar as tarefas da vida.

Pais compreensivos e encorajadores podem ajudar a compensar as inferioridades, através da

transformação de fraqueza em força;

2. Crianças mimadas - Adler considerava pessoas mimadas a classe mais perigosa da

sociedade, pois tendem a tornarem-se déspotas em busca da satisfação dos próprios desejos

sem sentimentos sociais;

3. Crianças negligenciadas - segundo Adler, pessoas maltratadas na infância tendem a

desenvolver um estilo básico direcionado para a vingança, voltando-se contra a sociedade.

Memórias iniciais - Adler considerava que o acesso às memórias mais antigas de uma pessoa era a

chave para compreender seu estilo de vida básico. Os conteúdos das lembranças podem demonstrar

tanto posturas e modelos de comportamento fixados como expectativas diante da vida.

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1.3.8. A Tipologia da personalidade proposta por Adler

A Tipologia proposta por Adler identifica quatro tipos de temperamento, definidos de acordo com o

interesse social e nível de energia manifestado pelas pessoas. Vejamos as características de cada

tipo:

1. Dominante / governante - Pessoas com muita atividade, enérgicas, mas pouco interesse

social. Tentam lidar com os problemas, dominando-os. Apresentam certo nível de agressividade,

tirania e dominação.

2. Obtentor / dependente - Considerado o tipo mais frequente, refere-se a pessoas sensíveis, que

se acomodam em uma concha existencial para se protegerem dos eventos externos. O tipo

dependente possui baixos níveis de energia, são cronicamente cansados, pouco dispostos e

esperam que os outros lhe forneçam tudo aquilo de que precisam.

3. Evitante - Pessoas que tendem a se afastar do contato direto com os outros e com as

circunstâncias, evitam o sentimento de derrota, fugindo do enfrentamento dos problemas.

Indivíduos evitantes mantêm níveis baixos de energia e são predominantemente tristes.

4. Socialmente útil - Caracterizado por indivíduos saudáveis, que apresentam interesse social e

energia, atléticas e vigorosas.

1.4. Teoria Psicossocial do D esenvolvim ento de Erik Erikson

O modelo de desenvolvimento em oito estágios proposto por Erikson encontra grande aceitação na

atualidade, sobretudo pelo fato de considerar que a formação da personalidade é contínua e que, em

todas as faixas etárias, existem crises características que devem ser superadas para a adequada

adaptação à vida social. Apesar da forte ênfase nos fatores sociais, a concepção desenvolvimental

proposta por Erikson segue o princípio epigenético, o qual propõe a existência de um programa

genético básico que guta o processo de maturação do organismo, no qual cada estágio do

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desenvolvimento ascende ao seu tempo, até que todos tenham emergido, a fim de formar o todo

funcional. Assim, ressaltamos a importância fundamental de que o leitor compreenda o sentido da

expressão “desenvolvimento psicossocial”, a saber: significa que os estágios de vida - do

nascimento à morte - são formados pela interação entre as influências sociais e o organismo

em constante maturação física e psicológica.

Em termos de concursos públicos, é essencial o entendimento de cada uma das oito fases ou

estágios de desenvolvimento, destacando-se as principais crises psicossociais características. Os

quatro estágios iniciais ocorrem no período de bebê e na infância; existe um estágio característico na

adolescência e os três últimos estágios marcam a vida adulta e velhice. Diversos textos de Erikson

enfatizam a adolescência, pois nesta fase ocorre a transição para a vida adulta. Estes estágios não

seguem uma cronologia rígida, ou seja, não há uma duração exata para cada etapa, pois cada

pessoa tem seu próprio ritmo de desenvolvimento. A superação dos conflitos, característicos de cada

fase, e a aprendizagem decorrente desta vivência são necessárias para o crescimento do indivíduo.

Assim, cada uma das etapas contribui para a formação da personalidade total.

As oito fases ou estágios propostos por Erikson são apresentadas a seguir, destacando-se as

principais crises psicossociais que devem ser supe.radas, para que ocorra o desenvolvimento

saudável da personalidade. Este é o tema central que sempre é cobrado sobre esta teoria.

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1.4.1. Estágios do Desenvolvimento Psicossocial

Quadro 1: Caracterização dos estágios de desenvolvimento na Teoria de Erikson

SEQUÊNCIA DE OITO ESTÁGIOS DO DESENVOLVIMENTO PSICOSSOCIAL

DA TEORIA DE ERIK ERIKSON

Idade Estágio Conflito Atividade Relações Resolução


Desenvolvimental Primária Significativas Favorável
Confiança

0 -1 Período de bebê básica Cuidado estável Cuidador principal Confiança e


ano X e consistente por (díade) otimismo
Desconfiança parte dos pais
Autonomia
1a2 Infância inicial X Cuidado estável Pessoas dos pais Senso de
anos Dúvida / e consistente por autonomia e
vergonha parte dos pais autoestima

Iniciativa
3a5 Idade do brincar X Exploração do Família nuclear Autossuficiência
anos Culpa ambiente e propósito

Competência Senso de
6 a 11 Idade escolar X Aquisição de Família, vizinhos e competência e
anos Inferioridade conhecimentos escola realização
Identidade Vocação e Pares dos grupos
12a Adolescência X personalidade ou de fora deles Autoimagem
19 Confusão de coerentes integrada
anos Identidade

Amigos, colegas
20 a Intimidade Relacionamentos de trabalho e Habilidade para
25 Idade adulta jovem X profundos e parceiros experienciar o
anos Isolamento duradouros amorosos; amor e o
Competição e compromisso
cooperação
Trabalho dividido e Preocupação
26 a Generatividade Engajamento responsabilidades com a família,
64 Idade adulta X criativo e domésticas sociedade e
anos Estagnação produtivo na compartilhadas gerações
sociedade futuras
A Integridade Família estendia e Senso de
partir X Revisão e humanidade satisfação;
dos 65 Velhice Desespero avaliação da vida Aceitação da
anos morte

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1.4.1.1. Confiança Básica X Desconfiança Básica

A confiança básica inicial se constitui durante o estágio oral-sensorial. A criança desenvolve um

senso de confiança quando os cuidadores transmitem cuidado estável e consistente, afeição e

confiança. Depois de adquirido o senso de identificação das situações de conforto e das pessoas que

as promovem, o bebê atinge um nível de aceitação em que o cuidador pode ausentar-se por algum

momento sem que a criança sinta-se abandonada, pois já internalizou a confiança de que este outro

retornará. A vivência negativa das experiências de cuidado conduz o bebê à desconfiança. A forma

de verificar o desenvolvimento da confiança no bebê é através da observação da vivência de um

sono tranquilo, uma alimentação confortável e uma excreção relaxada.

1.4.1.2. Autonomia X Dúvida / Vergonha

Nesta etapa a criança desenvolve a necessidade de autocontrole e aprende quais são as

expectativas que os cuidadores têm dela, quais seus privilégios, obrigações e limitações que precisa

aceitar. A criança necessita de um senso de independência e controle pessoal das habilidades

físicas para se desenvolver, por isto deve ser encorajada a experimentar situações que exijam a livre

escolha com autonomia. As experiências de sucesso conduzem à autonomia e os fracassos resultam

em sentimentos de vergonha e dúvida. O cuidador deve exercer o controle, mas sempre estimulando

a autonomia e buscando reafirmar a capacidade da criança, pois o controle excessivo do adulto sobre

a criança, quando exercido através da imputação de vergonha, induz a criança à insolência ou a

obriga a tentar fugir impunemente através da manipulação, do retraimento ou da fuga.

1.4.1.3. Iniciativa X Culpa

As crianças necessitam começar a afirmar o controle e o poder sobre o ambiente. Nesta etapa,

passam a ser mais ativas, ansiosas para aprender, combinando a iniciativa e autonomia para o

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alcance de metas e acabam por desenvolver um senso de obrigação e desempenho. O brincar possui

função elementar nesta fase, poisr através da fantasia e da representação, a criança apreende o

sentido presente nos fatos. O sucesso nesta fase conduz a um senso de propósito. As crianças que

tentam exercer o poder e vivenciam demasiada desaprovação desenvolvem sentimento de culpa.

1.4.1.4. Competência / Diligência X Inferioridade

Nesta fase, as crianças aprendem a lidar com novas exigências sociais e escolares. O interesse por

brinquedos e brincadeiras vai sendo gradativamente direcionado para atividades produtivas como a

educação formal, que lhe traz instrumentos para uma vida adulta produtiva. O sucesso na realização

das tarefas, nesta etapa, conduz ao senso de competência, enquanto que a vivência de fracasso (real

ou imaginado) resulta em sentimentos de inferioridade.

1.4.1.5. identidade X Confusão de Identidade

Na adolescência o indivíduo se torna consciente das próprias características, identifica os próprios

gostos e forma opiniões sobre outras pessoas, objetos e situações, desenvolvendo um senso, de

identidade pessoal. Nesta etapa o indivíduo busca definir a si mesmo no presente e formular o que

deseja para o futuro. O sucesso (integração de talentos e habilidades, identificação com pessoas

semelhantes, acertos na tomada de decisões, etc.) conduz à capacidade de permanecer fiel a si

mesmo, enquanto o fracasso leva à confusão de papéis e a um fraco sentido de identidade.

1.4.1.6. Intimidade X Isolamento

Adultos jovens têm a necessidade de formar um relacionamento íntimo e amoroso com outras

pessoas. Nesta etapa os indivíduos estão preparados e dispostos a unir sua identidade a outras

pessoas, mantendo relacionamentos de intimidade, parceria e associação. O indivíduo é capaz de

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estabelecer um modo de vida mutuamente compartilhado com um parceiro íntimo, sendo capaz de

fazer concessões. O sucesso nesta fase leva a relacionamentos fortes, enquanto o fracasso nesta

fase leva à solidão e ao isolamento.

1.4.1.7. Generatividade X Estagnação

Adultos necessitam criar coisas que irão durar mais do que eles, muitas vezes tendo filhos ou

gerando mudanças positivas que beneficiem outras pessoas. A transmissão de valores sociais é uma

necessidade para o enriquecimento da personalidade. Neste estágio se desenvolve a virtude do

cuidado, expresso pela preocupação com os outros, pelo desejo em cuidar de outros e de

compartilhar o próprio conhecimento e experiências. O sucesso nesta fase leva a sentimentos de

utilidade e realização, enquanto a falha nos resultados leva a um envolvimento superficial no mundo e

ao sentimento de estagnação.

1.4.1.8. Integridade X Desespero

Adultos mais velhos precisam olhar para suas vidas com a sensação de cumprimento. Nesta etapa

ocorre também a vivência da proximidade da morte. O sentimento de integridade ou de desespero

está relacionado ao cuidado de pessoas ou coisas, produtos e ideias, e de ter se adaptado aos

sucessos e fracassos da vida. O sucesso nesta fase diz respeito à percepção de que a própria vida

teve significado e à aceitação da morte, levando a sentimentos de sabedoria; enquanto o fracasso

gera arrependimento, desespero e amargura.

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1.5. M elanie Klein

A psicanalista austríaca Melanie Klein (1882 - 1960) é reconhecidamente destacada por estabelecer

as bases e desenvolver a técnica da análise de crianças. O trabalho desenvolvido por Klein com

crianças possibilitou a abertura do campo de trabalho psicanalítico para intervenções junto a outros

públicos, antes vistos como inacessíveis à análise, tais como pacientes com transtorno boderline,

autistas e psicóticos. Suas formulações teóricas e orientações clínicas possibilitaram também o

desenvolvimento de um novo estilo de trabalho para o atendimento de pacientes neuróticos adultos.

Os trabalhos de Melanie Klein, a partir da análise de crianças, permitiram o acesso ao

desenvolvimento da personalidade desde os anos iniciais de vida. Klein observou que crianças aos

dois anos e meio já manifestam ansiedades e fantasias edípicas, bem como verificou que as

tendências pré-genitais e genitais parecem fazer parte das ansiedades edipianas desde as idades

iniciais.

A análise de crianças permitiu verificar a emergência do superego muito mais cedo do que proposto

pela teoria psicanalítica clássica e demonstrou possuir características orais, uretrais e anais bastante

selvagens. Melanie Klein destacou a relevância dos estágios pré-genitais e das relações de objeto

parcial no desenvolvimento tanto do Complexo de Édipo quanto do superego. Conforme o modelo

Kleiniano, o superego precede o complexo de Édipo e promove seu desenvolvimento. A pressão das

ansiedades produzidas a partir das fantasias de figuras internalizadas leva a criança a uma relação

edipiana com os pais reais (Segai, 1975). Veremos a seguir os principais conceitos atinentes a esta

abordagem os quais costumam ser exigidos nos certames.

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1.5.1. O papel da fantasia na formação da personalidade

Conforme definido por Susan Isaacs (Segai, 1975), a fantasia pode ser considerada como o

representante psíquico ou o correlato mental dos instintos. O modelo Kleiniano propõe que um

instinto não pode ser representado de outra forma senão por uma ideia e as ideias que representam

os instintos seriam as fantasias primitivas originais. O ego, a partir do nascimento, é impulsionado

pelos instintos e pela ansiedade a formar relações de objeto na fantasia e na realidade. A fantasia

inconsciente e as experiências reais são mutuamente influenciadas, sendo a fantasia um constante

acompanhamento das experiências reais em constante interação.

Segundo Melanie Klein, a relação primitiva com o seio da mãe e as fantasias sobre seu corpo

desempenham papel significativo no desenvolvimento do Complexo de Édipo, tanto do menino

quanto da menina. Quanto mais nova a criança, mais está sob a influência de fantasias onipotentes.

As crianças pequenas, incitadas pela ansiedade, estão constantemente tentando dividir seus objetos

e seus sentimentos, e tentando reter sentimentos bons e introjetar objetos bons, ao passo que

expelem objetos maus e projetam sentimentos maus.

1.5.2. Seio bom e selo mal

O pressuposto inicial da teoria Kleiniana é a existência de um mundo interno, formado a partir das

percepções do mundo externo, realçado com as ansiedades do mundo interno. Com isso os objetos,

pessoas e situações adquirem uma tonalidade especial. O seio materno, primeiro objeto de relação

da criança com o mundo externo, tanto é vivenciado como seio bom, quando alimenta, quanto é

percebido como seio mau, quando não amamenta na hora em que a criança deseja. Ela percebe o

seio como “bom" porque o amamenta e como “mau" porque se ausenta. Sendo impossível satisfazer

a todos os desejos da criança, ela possui os dois registros desse seio, um bom e um mau.

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Segundo Klein, a defesa básica é a clivagem, o seio é o objeto primordial e será dividido em seio bom

e seio mau, ou num bom objeto que o bebê possui e num mau objeto que está ausente; como a mãe

nunca está sempre presente na vida do bebê para amamentá-lo, ela se torna ausente e o bebê com

isso inaugura o processo de clivagem em sua subjetividade.

O bebê experimenta gratidão quando é satisfeito física ou emocionalmente. Esta gratidão é a

manifestação mais precoce do instinto de vida e a base do amor e da generosidade. A libido é

investida em objetos como o seio. O seio gratificante é então introjetado como a base para um

sentimento do Self como bom. A projeção do objeto interno bom sobre objetos recém-experimentados

é a base da confiança, o que permite a aprendizagem e o acúmulo de conhecimento.

1.5.3. Posição Esquizoparanoide

A posição esquizoparanoide é a primeira fase do desenvolvimento e ocorre desde o nascimento até

os seis meses de idade. Klein utiliza o termo “posição" ao invés de “estágio", pois considera que este

termo evidencia o ponto de vista da criança sobre suas relações de objeto. A terminologia "posição"

atende ao pressuposto de que estas fases não são algo a ser superado e solucionado, mas que

podem ser reativadas e o' indivíduo oscila de uma posição para a outra durante toda a sua vida.

Conforme Melanie Klein, desde o nascimento, já existe um ego primitivo capaz de experimentar

ansiedade, de utilizar mecanismos de defesa e de estabelecer relações de objeto primitivas na

fantasia e na realidade. No início, o ego primitivo é vastamente desorganizado, embora possua desde

o começo uma tendência à integração.

O ego imaturo do bebê é exposto, desde o nascimento, à ansiedade provocada pela polaridade inata

dos instintos de vida e de morte, assim como é imediatamente exposto ao impacto da realidade

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externa, que tanto produz a ansiedade. A primeira relação de objeto do bebê ocorre com o

seio amado e odiado - seio bom ou seio mau.

Em alguns casos, sob o impacto do instinto de morte e de ansiedade insuportável, a tendência à

integração é afastada e ocorre uma desintegração defensiva. Quando confrontado com a ansiedade

produzida pelo instinto de morte, o ego se divide e projeta a parte que contem o instinto de morte

para o objeto externo original - o seio.

Na fantasia da criança, o ódio e a destrutividade direcionados ao “seio mau" vão se voltar contra ela

em busca de vingança. Esse medo de vingança é chamado de ansiedade persecutória. O conjunto

de ansiedade persecutória e suas respectivas defesas é chamado na teoria Kleiniana de “posição

esquizoparanoide”.

Deste modo, o seio, que è sentido como contendo grande parte do instinto de morte do bebê, é

sentido como mau e ameaçador para o ego, dando origem ao sentimento de perseguição. Assim, o

medo inicial do instinto de morte é transformado em medo de um perseguidor. A outra parte do

instinto de morte permanece no eu e é convertida em agressividade dirigida contra os perseguidores.

Na posição esquizoparanoide, o desenvolvimento do eu é definido pelos processos de introjeção e

projeção. Neste período os impulsos destrutivos e a angústia persecutória encontram-se no seu

apogeu, assim como os processos de divisão, onipotência, idealização, negação e controle dos

objetos internos e externos.

Diante da vivência da angústia persecutória, a meta da criança nessa fase é de possuir o objeto bom

e introjetá-lo, como também de projetar o objeto mau para fora, a fim de evitar os impulsos

destrutivos.

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1.5.4. A posição depressiva

Segundo Melanie Klein, a posição depressiva é uma modalidade das relações de objeto posterior à

posição paranoide. Institui-se por volta dos quatro meses de idade e é progressivamente superada no

decorrer do primeiro ano, ainda que possa ser encontrada durante a infância e reativada no adulto,

particularmente no luto e nos estados depressivos.

Com o desenvolvimento, o bebê percebe que o mesmo objeto que odeia (seio mau) é o mesmo que

ama (seio bom). Ele percebe que ambos os registros fazem parte de uma mesma pessoa.

Caracteriza-se pela apreensão, da parte da criança, da mãe como objeto total.

Assim, a clivagem entre objeto "bom" e "mau" vai abrandar-se, pois as pulsões libidinais e hostis

tendem a referir-se ao objeto na sua totalidade. A angústia, chamada depressiva, recai exatamente

no perigo fantasmático de aniquilar e perder a mãe, em consequência do sadismo experimentado

pelo bebê nesta idade.

Agora o bebê teme perder o seio bom, pois teme que seus ataques de ódio e voracidade o tenham

ferido ou morto. Esse medo da perda do objeto bom é nomeado por Klein de “ansiedade depressiva”.

O conjunto de ansiedade depressiva e suas respectivas defesas é chamado por Klein de “posição

depressiva”. Esta angústia é combatida pela utilização de mecanismos de reparação contra a

angústia depressiva e suplantada, quando o objeto amado é introjetado de forma estável e

tranquilizante.

Na posição depressiva, o bebê adquire a capacidade de amar e respeitar os "objetos" como distintos

e separados dele.

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Melanie Klein preceitua que o psiquismo possui um funcionamento dinâmico entre as posições

esquizoparanoide e depressiva, que têm início ao nascimento e termina com a morte. As neuroses,

esquizofrenias e depressão são analisadas a partir dessas duas posições. Deste modo, em uma

análise kleiniana, não adianta trabalhar o sintoma (neurose) se não trabalhar os processos que

levaram aos seus surgimentos (ansiedades persecutória e depressiva). Além de analisar

os conteúdos reprimidos, é necessário “equacionar” as ansiedades depressivas e persecutórias, a fim

de que o paciente perceba que o mundo não funciona em preto e branco, e que é possível amar e

odiar o mesmo objeto, sem medo de destruí-lo.

1.6. Teoria de Karen Horney

Karen Horney faz parte da corrente psicodinâmica de neofreudianos, a qual reconhece a base

conceituai freudiana e desenvolve suas próprias posições teóricas. Horney via a característica central

da neurose como alienação do eu real por causa de forças opressivas no ambiente. Para Horney, o

somatório das experiências da infância é responsável pelo desenvolvimento neurótico (Fadiman e

Frager, 2004). A principal diferença entre sua teoria e a concepção de Freud repousa na importância

atribuída à influência exercida pelas condições culturais sobre as neuroses (Pervin & John, 2004).

Sua constatação sobre a importância da cultura pautou-se em três considerações:

1. Na observação de diferenças na estrutura da personalidade entre seus pacientes, na Europa e nos

Estados Unidos;

2. Na verificação de que as concepções do que é masculino e feminino são socialmente construídas

e difundidas;

3. Na sua associação com o trabalho desenvolvido pelo psicanalista Erich Fromm, que ampliou sua

percepção sobre os fatores sociais e culturais.

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Segundo Horney, as pessoas internalizam estereótipos culturais negativos na forma de ansiedade

básica e conflitos internos. As preocupações com segurança e alienação intrapsíquica e interpessoal

compõem as motivações primárias da personalidade, haja vista que, no cerne das perturbações

mentais, estão as tendências neuróticas, que são tentativas inconscientes de lidar com a vida,

apesar dos medos, do desamparo e do isolamento (Hall, Lindzey e Campbell, 2000).

Horney discordava gravemente do conceito freudiano de inveja do pênis como fator determinante da

psicologia feminina. Ela argumentava que a psicologia feminina tem por base uma ênfase exagerada

no relacionamento amoroso e na falta de autoconfiança, tendo pouco a ver com a anatomia dos

órgãos sexuais.

Horney discordava de Freud também quanto ao caráter sexual-agressivo do complexo de Édipo, pois

considerava que este conflito é a vivência de uma ansiedade decorrente de perturbações básicas,

como rejeição, superproteção e punição no relacionamento da criança com o pai e a mãe. A agressão

não é inata, e sim um modo pelo qual os seres humanos tentam garantir sua segurança e o

narcisismo não é autoamor, mas uma autoinflação e supervalorização decorrentes de sentimentos de

insegurança (Hall, Lindzey e Campbell, 2000).

1.6.1. Teoria da personalidade

Karen Horney argumentou que o desenvolvimento da personalidade.deriva da influência mútua de

forças biológicas e psicossociais que são particulares para cada pessoa. O centro de cada

personalidade é um Self real duradouro, análogo parcialmente ao ego freudiano, o qual combina

escolha, vontade, responsabilidade, identidade, espontaneidade e vivacidade.

A autorrealização se desenvolve de modo natural e conduz ao desenvolvimento do potencial humano

em três direções básicas: (1) Em direção aos outros, a expressão de amor e confiança; (2) Contra os

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outros, para a expressão de oposição saudável; (3) Para longe dos outros, em direção à

autossuficiência.

Embora as condições, durante a infância, possam bloquear o desenvolvimento psicológico, o

crescimento saudável é sempre possível se os bloqueios internos são removidos. As crianças cujas

situações familiares as levaram a sentir-se sob perigo concentram-se em sobrevivência psicológica e

podem fazer isso desenvolvendo mecanismos de enfrentamento estereotipados.

1.6.2. Teoria da neurose

A neurose é uma perturbação não apenas de nossos relacionamentos com os outros, mas também

de nosso relacionamento com nós mesmos (Fadiman e Frager, 2004). Horney identificou a origem

das tendências neuróticas na junção entre condições ambientais desfavoráveis e sentimentos

conflitantes inconscientes que geram na criança um senso de desconforto, apreensão, ansiedade e

um senso de Self inseguro. Deste modo, as tendências neuróticas são compreendidas como o

resultado do enrijecimento dos padrões de comportamento e de crescentes bloqueios ao

crescimento.

Horney definiu neurose tanto em termos intrapsíquicos como interpessoais. Ela observou que seus

pacientes queixavam-se não das neuroses sintomáticas como fobias e compulsões, mas de

infelicidade, bloqueio e falta de preenchimento no trabalho e inabilidade de estabelecer ou manter

relacionamentos. Ela viu estes pacientes como apresentando complexos sistemas de padrões

defensivos autoperpetuantes contra a ansiedade básica que se iniciou na primeira infância - neuroses

de caráter, busca de segurança.

As crianças experimentam espontaneamente ansiedade, desamparo e vulnerabilidade decorrentes

das ameaças impostas pela natureza e pela sociedade e, sem uma orientação amorosa para ajudar

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as crianças a lidar com estes temores, elas podem desenvolver ansiedade básica, que, conforme

Horney, refere-se ao temor da criança em estar sozinha e desamparada em um mundo

possivelmente hostil.

As coisas dão errado em função de todos os eventos e indivíduos na cultura, nas relações com os

pares e especialmente na família, os quais fazem a criança se sentir insegura, desamada e sem

valor, dando origem à ansiedade básica. Quando suas próprias neuroses impedem os pais de amar a

criança ou até de pensar nela como o indivíduo particular que ela é, a criança desenvolve um

sentimento de ansiedade básica que a impede de relacionar-se com os outros com a

espontaneidade de seus sentimentos reais, forçando-a a desenvolver estratégias defensivas

(Fadiman e Frager, 2004).

Diversos fatores podem criar na criança esta sensação de insegurança, tais como: indiferença, falta

de respeito ás suas necessidades individuais, dominação direta ou indireta, falta de orientação,

atitudes depreciativas, admiração demais ou falta de admiração, inconsistência no carinho,

responsabilidade exagerada ou insuficiente, superproteção, injustiça, discriminação, tendência para

tomar partido nas discussões parentais, isolamento de outras crianças, promessas não cumpridas,

etc. (Hall, Lindzey e Campbell, 2000).

Tudo que perturba a segurança da criança em relação aos pais produz ansiedade básica. O termo

utilizado por Horney para estes fatores é “mal básico”. O mal básico vivenciado pela criança provoca

espontaneamente ressentimento ou hostilidade básica. Por sua vez, isto gera um conflito para a

criança, pois a expressão desta agressividade poderia voltar-se para ela em forma de punição,

arriscando o amor de seus pais.

Segundo Horney, as crianças lidam com a hostilidade reprimindo-a. Independente da causa, a

repressão amplia o conflito e conduz a um ciclo vicioso, pois a ansiedade produz uma necessidade

excessiva de afeição e, quando essas necessidades não são satisfeitas, a criança se sente rejeitada,

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aumentando a sua ansiedade e hostilidade. A criança, e mais tarde o adulto, fica aprisionada neste

ciclo de angústia cada vez mais intensa e de comportamento improdutivo.

As crianças movem-se psicologicamente em três direções para aliviar sua ansiedade, para tornar a

vida segura e previsível e para obter satisfação: 1. Elas buscam afeto e aprovação; 2. Elas se tornam

hostis; 3. Elas se retraem. As crianças, por fim, usam a estratégia de enfrentamento que melhor

satisfaz suas necessidades, mas se apenas uma estratégia básica é usada, as crianças tornam-se

limitadas em seu repertório de enfrentamento, em sua experiência de si mesmas e do seu mundo.

1.6.2.1. As necessidades neuróticas

A partir de sua experiência clínica, Horney distinguiu 10 padrões de necessidades neuróticas, que

são baseados em coisas de que todos nós precisamos, mas que se tornaram distorcidas de maneiras

diferentes, pelas dificuldades da vida de algumas pessoas. Uma determinada estratégia pode tornar-

se um aspecto mais ou menos da personalidade, assumindo características de uma pulsão ou

necessidade na dinâmica da personalidade. Todas as necessidades neuróticas são irrealistas e estão

na origem dos conflitos internos.

1. Necessidade neurótica de afeição e aprovação - Caracteriza-se por um desejo indiscriminado em

agradar os outros e cumprir suas expectativas. O mais importante para estas pessoas é assegurar

que os outros tenham uma boa impressão a seu respeito. Estas pessoas são extremamente

sensíveis a qualquer sinal de desaprovação ou frieza.

2. Necessidade neurótica de um parceiro que assuma a vida da pessoa - Inclui a ideia dé que o

amor vai resolver todos os nossos problemas. As pessoas em geral desejam ter um parceiro para

compartilhar suas vidas, mas o neurótico vai um passo ou dois mais, pois teme

desesperadamente ser abandonado ou deixado sozinho.

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3. Necessidade neurótica de restringir sua vida a limites estreitos - Esta pessoa contenta-se sempre

com pouco, não tem exigências, valoriza a modéstia acima de tudo e prefere viver na obscuridade.

4. Necessidade neurótica de poder - Neste tipo de neurose a pessoa é desesperada por isso. É o

domínio para seu próprio bem, frequentemente acompanhado por desrespeito pelos outros,

glorificação indiscriminada pela força e desprezo por tudo que julgue como fraqueza. Existe uma

crença na superveniência de sua vontade. Pessoas que temem exercer o poder abertamente

podem fazê-lo através do controle pela superioridade intelectual.

5. Necessidade neurótica de explorar os outros - Estas pessoas acreditam que podem explorar os

outros e obter o melhor deles para si, manipulam pessoas e situações com base na crença de que

os outros são recursos a serem utilizados por eles. Esta neurose também pode envolver o medo

de ser manipulado por outros.

6. Necessidade neurótica de prestígio - A autovalorização da pessoa é medida por si, a partir da

quantidade de reconhecimento público recebido. Essas pessoas são intensamente preocupadas

com as aparências e popularidade e temem serem ignoradas ou sentirem-se deslocadas.

7. Necessidade neurótica de admiração pessoal - Estas pessoas têm uma autoimagem

supervalorizada de si mesmas, desejam ser admiradas nesta mesma proporção, sentindo-se

desesperadas pelo fato das demais pessoas não compartilharem com esta supervalorização.

Estão sempre buscando ressaltar seus feitos, pois temem não ser ninguém, sem importância e

sem sentido em suas ações.

8. Ambição neurótica de realização pessoal - Algumas pessoas são obcecadas com a realização.

Elas buscam ser as melhores e obrigam-se a realizações cada vez maiores, como resultado de

uma insegurança básica.

9. Necessidades neuróticas de autossuficiência e independência - Eles tendem a recusar ajuda e

são muitas vezes relutantes em comprometer-se a um relacionamento. Tais indivíduos se tornam

solitários, se afastando e recusando-se a vincular-se como uma forma de proteção, após

desapontamentos em suas tentativas de encontrar relacionamentos carinhosos e satisfatórios com

outras pessoas.

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10.Necessidade neurótica de perfeição e não vulnerabilidade - Receosas de cometer erros e de

serem criticadas, essas pessoas tentam tornar-se infalíveis. Desejam estar sempre no controle e

para isto estão sempre buscando falhas em si mesmas, a fim de corrigi-las antes que se tornem

óbvias para os outros, pois não suportam admitir seus erros.

Cada uma das tendências neuróticas superenfatiza um dos elementos envolvidos na ansiedade

básica: (1) desamparo - na busca de aproximar-se das pessoas; (2) isolamento - ao afastar-se das

pessoas; (3) hostilidade - ir contra as pessoas. As dez necessidades neuróticas podem ser

classificadas nestes três grupos.

Estas formas de lidar com a ansiedade básica estabelecem padrões de personalidade, os quais são

fundamentados no modo predominante de relacionar-se com outros e que foram descritos por Horney

como os principais tipos de caráter:

1. Tipo Se/f-apegado - resulta da operação defensiva de agarrar-se a outros. Tais pessoas tentam

obter o favor dos outros através de lisonja, subordinam-se aos outros e são relutantes em

discordar deles por medo de perder favor.

Ao analisarmos o neurótico que busca aproximar-se das pessoas - nomeado também como

aquiescência ou autoanulação - veremos a tentativa de lidar com a insegurança através do

pensamento de que ser amado é uma garantia de que não será abandonado (desamparo).

2. Tipo expansivo - pessoa agressiva; este tipo resulta da tentativa do sujeito de utilizar manobras

contra outros indivíduos, bem como da forte crença que este tipo tem quanto ao uso do poder e do

domínio como meios de obter segurança.

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A atitude de ir contra as pessoas - a dita agressão ou solução expansiva - é a expressão da crença

do sujeito de que, detendo o poder, ninguém conseguirá magoá-lo (hostilidade).

3. Tipo desapegado - resignado, resulta da postura de afastar-se de outros para evitar tanto

dependência como conflito. São pessoas muito reservadas que, embora se recusando a competir

* abertamente, veem-se como se elevando acima dos outros.

A busca por afastar-se das pessoas - chamada de retraimento ou solução de renúncia - representa a

tentativa neurótica de solucionar o conflito, a partir da crença de que se afastando de todos nada

poderá magoá-lo (isolamento).

Horney encontra nessas diferentes orientações a origem dos conflitos internos. O

superdesenvolvimento de um dos três estilos interpessoais básicos suprime os outros dois. Os

impulsos reprimidos continuam ativos e produzindo conflitos. Uma harmonia artificial é obtida pelo

uso de mecanismos mentais como pontos cegos, comportamentalização, racionalização e técnicas

de enfrentamento como autocontrole excessivo, arbitrariedade, elusividade, cinismo e externalização.

Enquanto uma pessoa normal consegue resolver os conflitos integrando as três orientações, a

pessoa neurótica, devido à maior ansiedade básica, precisa utilizar soluções artificiais e irracionais.

Conscientemente o neurótico opta por uma das tendências e nega as outras duas.

A alienação do Self é uma das consequências mais sérias do desenvolvimento neurótico. A

alienação resulta da combinação entre negação repetida da realidade externa e a repressão de

pensamentos, sentimentos e impulsos genuínos. À medida que o processo de alienação continua, as

pessoas neuróticas perdem contato com o centro do seu ser e não mais podem determinar ou agir

sobre o que é certo para elas. Seus sentimentos podem variar de incerteza e confusão à morte e

vazio internos.

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CAPÍTULO II

Teorias com Ênfase na Realidade Percebida

(Fenomenológicas/ Existenciais)

A questão central para estes teóricos é a maneira como o indivíduo usa sua experiência para

construir ou interpretar a realidade. Enfatizam as experiências internas, os pensamentos e os

sentimentos que criam o autoconceito. Têm uma concepção de homem como um ser potencialmente

saudável e criativo. As teorias de maior destaque, em termos de concursos públicos, são a

Abordagem de Cari Rogers Centrada na Pessoa, a Teoria de Campo de Kurt Lewin e a Teoria das

Necessidades Humanas de Abraham Maslow. Abordaremos neste capítulo os principais conceitos

destas teorias. Os tópicos relativos à terapia serão abordados no livro sobre técnicas psicoterápicas.

2.1. Abordagem de Cari Rogers Centrada na Pessoa

Rogers está interessado na percepção, na tomada de consciência e na experiência. Nesta

abordagem, o foco recai sobre a ideia de que as pessoas tendem a se desenvolver positivamente, ou

seja, a menos que impedidas, elas cumprirão seu potencial. Do ponto de vista Rogeriano, as pessoas

deveriam "assumir o próprio Self. A personalidade que funciona plenamente é uma personalidade

em contínuo estado de fluxo, uma personalidade constantemente mutável. Assim, uma personalidade

saudável é aquela que pode confiar em sua própria experiência e aceitar o fato de que as outras

pessoas são diferentes. O organismo e o Self, embora possuam a tendência inerente a realizar-se,

estão sujeitos a fortes influências do ambiente, e especialmente do ambiente social.

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Em Rogers, a teoria, o homem e a vida estão inter-relacionados. A base de nossa natureza é

essencialmente positiva. A direção dos nossos movimentos está basicamente voltada para a

autorrealização. Quando estamos agindo livremente, estamos abertos para experimentar e realizar a

nossa natureza básica como animais sociais e positivos. A Abordagem Centrada na Pessoa

reconhece que, em alguns casos, as pessoas podem se comportar de maneira irracional, antissocial,

destruindo o próprio Self e o dos outros, mas considera que nesses momentos estamos sendo

neuróticos e não estamos agindo como seres humanos plenamente desenvolvidos.

2.1.1. O campo da experiência

O campo de experiência ou "campo fenomenal" é único para cada indivíduo e abarca tudo o que

ocorre no organismo em qualquer momento, e que está potencialmente disponível para a

consciência. Este campo abrange eventos, percepções, sensações e impactos dos quais a pessoa

não tem consciência, mas poderia ter, se focasse a atenção nesses estímulos. É um mundo particular

e individual que pode ou não corresponder à realidade objetiva.

2.1.2. Se/f

Dentro do campo de experiência está o Self. O Self ou autoconceito é a visão que uma pessoa tem

de si própria, baseada em experiências passadas, estimulações presentes e expectativas futuras.

Rogers usa o termo Self para se referir ao contínuo processo de reconhecimento. É esta diferença,

esta ênfase na mudança e na flexibilidade, que fundamenta sua teoria e sua crença de que as

pessoas são capazes de crescimento, mudança e desenvolvimento pessoal.

Segundo Rogers, a ideia do eu é essencialmente uma gestalt organizada e consistente, cuja

significação vivida é suscetível de mudar sensivelmente, em virtude da acumulação de inumeráveis

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aprendizagens e condicionamentos efetuados na mesma direção, num processo constante de formar-

se e reformar-se, à medida que as situações mudam.

Assim, para Rogers o Self é uma entidade continuamente mutável - ao contrário do que acreditam

outros teóricos - entretanto, observado num dado momento, parece ser estável. Isto se dá porque

congelamos uma secção da experiência a fim de observá-la. Um bom exemplo é o da fotografia. Do

mesmo modo como uma fotografia é o flagrante instantâneo de algo que está mudando, assim

também o Self não é nenhuma das "fotografias" que tiramos dele, mas o processo fluido subjacente.

A personalidade saudável - ou de funcionamento integral - é aquela que está mais plenamente

consciente de seu Self contínuo. A noção de funcionamento ótimo proposta por Rogers é sinônimo

das noções de adaptação psicológica perfeita, de maturidade ótima e de abertura total à experiência.

Todas as características que acabamos de enumerar têm o caráter de um processo dinâmico. Rogers

afirma que a pessoa de funcionamento integral é capaz de viver uma vida plena, ou seja, livre para

responder e experienciar suas respostas às situações. Tal pessoa estará comprometida num

contínuo processo de atualização.

O indivíduo de funcionamento integral possui variadas características, dentre elas:

1. Abertura à experiência - ocorre o pouco uso dos sinais de alerta que restringem a percepção

consciente, afastando-se continuamente de suas defesas na direção das experiências diretas. A

pessoa fica mais aberta, tanto aos sentimentos de receio, de desânimo e de desgosto quanto aos de

coragem, ternura e de fervor. Torna-se mais capaz de viver completamente a experiência do seu

organismo, em vez de impedi-la de alcançar a consciência.

2. Viver no presente - é a busca por realizar-se completamente a cada momento. Esta articulação

contínua e direta com a realidade possibilita afirmar que o Self (eu) e a personalidade emergem da

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experiência. Uma pessoa reestrutura suas respostas à medida que a experiência permite ou sugere

novas possibilidades.

3. Confiança nas exigências internas e no julgamento intuitivo - existe a confiança sempre

crescente na capacidade de tomar decisões. Quando uma pessoa está mais capacitada para colher e

empregar dados, é mais provável que ela valorize sua capacidade de resumir esses dados e de

responder. Esta não é uma atividade apenas intelectual, mas uma função da pessoa inteira. Rogers

sugere que, na pessoa de funcionamento integral, os erros efetuados serão devidos à informação

incorreta e não ao processamento incorreto.

2.1.3. Se/f Ideal

Self Ideal é uma estrutura móvel e variável, que passa por redefinição constante. Ele pode ser

descrito como o conjunto das características que o indivíduo gostaria de ter, ou seja, uma visão ideal

de si mesmo. A extensão da diferença entre o Self e o Self Ideal é um indicador de desconforto,

insatisfação e dificuldades neuróticas. A aceitação de si próprio como se é na realidade, e não como

se quer ser, é um sinal de saúde mental. Esta aceitação de si mesmo não implica resignar-se ou

abdicar de si próprio, mas sim de um meio de estar mais perto da realidade e de seu estado atual. A

partir do reconhecimento de suas características reais, é possível buscar meios eficazes para. o

desenvolvimento A imagem do Self Ideal, na medida em que se diferencia de modo claro do

comportamento e dos valores reais de uma pessoa, é um obstáculo ao crescimento pessoal.

2.1.4. Congruência e Incongruência

A congruência é definida como o grau de exatidão entre a experiência da comunicação e a tomada

de consciência. Ela se relaciona às discrepâncias entre experienciar e tomar consciência. Um alto

grau da congruência significa que a comunicação - o que se está expressando -, a experiência

- o que está ocorrendo em nosso campo - e a tomada de consciência - o que se está percebendo

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- são todas semelhantes. Em uma situação congruente, nossas observações e as de um

observador externo seriam consistentes.

Ocorre a incongruência quando existem diferenças entre a tomada de consciência, a experiência e a

comunicação. A incongruência se dá tanto pela inabilidade de perceber algo com exatidão, como

também pela inabilidade ou incapacidade de comunicação precisa. Quando a incongruência é uma

discrepância entre a tomada de consciência e a comunicação, a pessoa não expressa o que está

realmente sentindo, pensando ou experienciando.

Quando a incongruência está entre a tomada de consciência e a experiência, é chamada repressão.

Neste caso, a pessoa meramente não tem consciência do que está fazendo.

A ausência de congruência social, aparente falta de boa vontade em comunicar-se, é com frequência,

uma falta de autocontrole e consciência pessoal. A pessoa não é capaz de expressar suas emoções

e percepções reais, em virtude do medo e de velhos hábitos de encobrimento que são difíceis de

superar. Por outro lado, é possível que a pessoa tenha dificuldade em compreender o que os outros

esperam dela.

A incongruência pode ser sentida como tensão, ansiedade ou, em circunstâncias mais extremas,

como confusão interna. A maioria dos sintomas descritos na literatura psiquiátrica pode ser vista

como formas de incongruência. As psicoterapias trabalham sobre este sintoma de incongruência,

ajudando as pessoas a se tornarem mais conscientes de suas ações, pensamentos e atitudes, na

medida em que estes as afetam e aos outros.

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2.1.5. Tendência à Autoatualização

A tendência atualizante é o postulado fundamental da teoria rogeriana. Rogers sugere que, em cada

um de nós, há um impulso inerente em direção a sermos tão competentes e capazes quanto o que

estamos aptos a ser biologicamente. Esta tendência é parte do processo de todas as coisas vivas. É

este impulso que conduz todo organismo a desenvolver-se, tornar-se autônomo, amadurecer a

tendência a expressar-se e ser responsável por ativar todas as capacidades do organismo, na

medida em que tal ativação valoriza o organismo ou o Self.

Da mesma maneira que uma semente contém dentro de si o impulso para se tomar uma árvore,

também uma pessoa é impelida a se tomar uma pessoa total, completa e autoatualizada. Rogers

compreende o impulso em direção à saúde como a força motriz numa pessoa que está funcionando

de modo livre, não paralisada por eventos passados ou por crenças correntes que mantinham a

incongruência.

2.1.6. Crescimento Psicológico

Roger postula a existência de forças naturais inerentes ao organismo que o impulsionam

positivamente em direção à saúde e ao crescimento. Os indivíduos têm a capacidade de experienciar

e de se tornarem conscientes de seus desajustamentos, através da experimentação das incoerências

entre suas experiências reais e seu autoconceito. Esta tendência é associada a uma predisposição

inerente à modificação do autoconceito, no sentido de estar genuinamente de acordo com a

realidade. Neste contexto, ocorre o ajustamento, que pode ser compreendido como um processo no

qual novas aprendizagens e novas experiências são cuidadosamente assimiladas.

A importância dos relacionamentos é de valor fundamental na obra de Rogers. Os relacionamentos

mais precoces podem ser congruentes, ou podem se constituir em comportamentos ou atitudes que

negam algum aspecto do Self. Relações posteriores são capazes de restaurar a congruência ou

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retardá-la. As tendências em direção ao crescimento psicológico são facilitadas por qualquer relação

interpessoal na qual um dos membros esteja livre o bastante da incongruência para estar em contato

com seu próprio centro de autocorreção.

Rogers considera que a interação com o outro favorece que um indivíduo perceba, encubra,

experimente ou encontre seu Self real de forma direta. A personalidade torna-se visível a si através

do relacionamento com os outros. Aceitar-se a si mesmo é um pré-requisito para uma aceitação mais

fácil e genuína dos outros. Do mesmo modo, ser aceito por outro conduz a uma vontade cada vez

maior de aceitar-se a si próprio. Este ciclo de autocorreção e autoincentivo é a forma principal pela

qual se minimizam os obstáculos ao crescimento psicológico.

2.1.7. Obstáculos ao Crescimento

Rogers propõe que os obstáculos ao crescimento aparecem na infância e são aspectos normais do

desenvolvimento. O que a criança aprende em uma etapa como benéfico deve ser reavaliado nos

estágios posteriores. Aprendizados predominantes na primeira infância podem dificultar o

desenvolvimento da personalidade em estágios posteriores.

Quando a criança começa a tomar consciência do Self, desenvolve uma necessidade de amor ou de

consideração positiva. Esta necessidade é universal, tendo em vista que existe em todo ser humano

e que se faz sentir de uma maneira profunda e contínua.

A criança considera o amor algo tão importante que acaba por ser conduzida, não pela característica

agradável ou desagradável de suas experiências e comportamentos, mas pela promessa de afeto

que eles encerram. Ela tende a agir da forma que lhe assegura amor ou aprovação, sejam os

comportamentos saudáveis ou não para ela, sendo capazes de agir contra seu próprio interesse,

chegando a se perceber em termos destinados, a princípio, a agradar ou apaziguar os outros.

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A teoria rogeriana propõe que esta situação poderia não se desenvolver, caso a criança sempre se

sentisse aceita e houvesse aprovação dos sentimentos, mesmo que alguns comportamentos fossem

inibidos. Em tal situação ideal, a criança aprenderia a aceitar as partes autênticas de sua

personalidade.

Os comportamentos ou atitudes que negam algum aspecto do Self são chamados de condições de

valor. As condições de valor são os obstáculos básicos à precisão da percepção e à tomada de

consciência realista. Rogers afirma que o indivíduo adquiriu um modo de avaliação condicional,

quando uma experiência concernente ao eu é buscada ou evitada exclusivamente por ser percebida

como mais ou menos digna de consideração pessoal. Na medida em que essas atitudes e ações são

idealizadas, elas constituem áreas de incongruência pessoal. As condições de valor criam uma

discrepância entre o Selfe o autoconceito, pois, para sustentar a falsa autoimagem, é necessário que

o indivíduo negue determinados aspectos de si mesmo.

Cada experiência de incongruência entre o Selfe a realidade aumenta a vulnerabilidade, que, por sua

vez, ocasiona o aumento de defesas, interceptando experiências e criando novas ocasiões de

incongruência, num ciclo contínuo de retroalimentação do erro.

Às vezes as manobras defensivas não funcionam e a pessoa toma consciência das discrepâncias

óbvias entre os comportamentos e as crenças. Os resultados podem ser pânico, ansiedade crônica,

retraimento ou mesmo uma psicose. Uma pessoa recupera a saúde reivindicando suas partes

reprimidas ou negadas. Essa busca por tornar-se um Self único e diferenciado, consciente de todos

os seus aspectos, é o compromisso com a profunda tentativa de descobrir e aceitar a própria

natureza total. É o mais desafiador dos compromissos, é dedicar-se à remoção das máscaras tão

logo elas se formem.

2.2. Teoria de Campo de Kurt Lewin

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Apesar do fato de a psicologia da Gestalt ser uma teoria geral, ocupando-se primariamente da

percepção, aprendizagem e do pensamento, e não da personalidade, Kurt Lewin desenvolveu uma

teoria de campo da personalidade, apresentando uma formulação totalmente original e diferenciada

das propostas pela gestalt e psicanálise. Para Lewin, o comportamento é uma função do campo que

existe no momento em que ocorre o comportamento; a análise começa observando-se a situação

como um todo, a partir do qual as partes componentes são diferenciadas.

A teoria da personalidade formulada por Kurt Lewin utiliza conceitos estruturais para descrever uma

pessoa e para tanto opta por situá-la espacialmente, tendo em vista que as representações espaciais

podem ser tratadas matematicamente e as definições verbais não.

Lewin compreende o comportamento como o resultado de um campo de determinantes

interdependentes - nomeados como "espaço de vida" ou "campo social". As características

estruturais desse campo são ilustradas por conceitos retirados da topologia e da teoria de conjuntos,

e as características dinâmicas são esboçadas por meio de conceitos de forças psicológicas e sociais.

Lewin propõe a seguinte equação para explicar o comportamento humano:

------------------------------------------------------\

C = f (P,M)
\ ____________________________________ /

Onde o comportamento (C) é a função (F) ou o resultado da interação entre a pessoa (P) e o meio

ambiente (M) que a rodeia.

A fim de explicar a motivação do comportamento, Lewin elaborou a teoria de campo, a qual se baseia

em duas suposições fundamentais: (1) o comportamento é derivado da totalidade de fatos

coexistentes ao redor do indivíduo; (2) esses fatos têm caráter de um campo dinâmico, no qual cada

parte do campo depende de uma interação-relação com as demais outras partes.

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Portanto, o comportamento humano não depende somente do passado ou do futuro, mas do campo

dinâmico atual e presente. Esse campo dinâmico é o espaço de vida que contém a pessoa e seu

ambiente psicológico (Hall, Lindzey e Campbell, 2000).

Lewin também enfatizou forças subjacentes (necessidades) como determinantes do comportamento,

e expressou uma preferência por descrições psicológicas do campo, em detrimento de explicações

físicas ou fisiológicas.

2.2.1. Campo

O campo é definido como a totalidade de fatos coexistentes que são concebidos como mutuamente

interdependentes. As principais características da teoria de campo de Lewin podem ser resumidas

conforme segue: (1) comportamento é uma função da relação e interação entre a pessoa (P) e seu

meio ambiente (M); (2) a análise começa com a situação como um todo, a partir do qual as partes

componentes são diferenciadas; (3) a pessoa concreta pode ser representada matematicamente

(Hall, Lindzey e Campbell, 2000).

A representação utilizada por Lewin para demonstrar a realidade psicológica é ilustrada desenhando-

se uma figura grande, fechada e elíptica. Dentro desta figura há um círculo fechado e menor. As

fronteiras desta segunda figura definem os limites da entidade conhecida como a pessoa. Tudo o que

está dentro das fronteiras deste círculo é P (a pessoa) e tudo o que está fora das fronteiras é não-P.

A figura externa não pode compartilhar qualquer parte da fronteira do círculo que representa a

pessoa. Deve haver um espaço entre a fronteira da pessoa e a fronteira da figura maior. A região

entre os dois perímetros é o ambiente psicológico (A). O Ambiente Psicológico - ou ambiente

comportamental - é tal como é percebido e interpretado pela pessoa e relaciona-se com as atuais

necessidades do indivíduo. A área total dentro da elipse, incluindo o círculo, é o espaço de vida (V).

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/ não - P ------3 ^ " fronteiras

( A Q A

espaço de vida y/

não - P

Figura 4. O espaço vital

O espaço dentro da elipse representa os aspectos não-psicológicos do universo. Neste espaço não

psicológico estão os fatos físicos e sociais. A fronteira entre a pessoa e o ambiente também é uma

fronteira permeável. Isso significa que os fatos ambientais podem influenciar a pessoa, P = f (A) e que

os fatos pessoais podem influenciar o ambiente, A = f (P).

O espaço de vida é cercado pelo mundo físico, mas isto não significa que ele seja uma parte do mun­

do físico. O espaço de vida e o espaço além dele são regiões diferenciadas e separadas de uma

totalidade maior.

A fronteira entre o espaço de vida e o mundo externo tem a propriedade de permeabilidade. Assim,

os fatos que existem na região externa e adjacente à fronteira do espaço de vida - invólucro exterior

do espaço de vida - podem influenciar materialmente o ambiente psicológico. Os fatos no ambiente

psicológico também podem produzir mudanças no mundo físico. Existe uma comunicação bidirecional

entre as duas esferas.

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2.2.2. Energia

Lewin, assim como a maioria dos estudiosos da personalidade, teorizou que a pessoa é um sistema

complexo de energia. O tipo de energia que realiza o trabalho psicológico é chamado de energia

psiquica. A energia psíquica é liberada quando o sistema psíquico - a pessoa - tenta retornar ao

equilíbrio, após ter entrado em um estado de desequilíbrio. O desequilíbrio é produzido por um

aumento da tensão em uma parte do sistema relativa ao restante do sistema, como resultado de

estimulação externa ou de mudança interna. Quando a tensão em todo o sistema fica novamente

equilibrada, a saída de energia é interrompida e o sistema total entra em repouso (Hall, Lindzey e

Campbell, 2000).

2.2.3. Tensão

A tensão é um estado de uma região intrapessoal relativo a outras regiões intrapessoais. Quando

Lewin aludiu aos atributos dinâmicos de uma região - ou célula da esfera intrapessoal - ele chamou

a região de sistema. A tensão em um dado sistema tende a igualar-se à quantidade de tensão em

sistemas circundantes (entropia). Os meios psicológicos pelos quais a tensão se equaliza são

chamados de processos. Um processo pode ser pensar, lembrar, sentir, perceber, agir ou algo

parecido.

2.2.4. Necessidade

Para Lewin, toda a necessidade cria um estado de tensão no indivíduo, uma predisposição à ação

sem nenhuma direção específica. O aumento de tensão ou a liberação de energia em uma região

intrapessoal é causado pelo surgimento de uma necessidade. Uma necessidade pode ser uma

condição fisiológica, um desejo ou uma intenção de fazer alguma coisa. Uma necessidade é,

portanto, um conceito motivacional e equivale a termos como motivo, desejo, pulsão e impulso.

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2.2.5. Valência

A valência é o atributo conceituai de uma região do ambiente psicológico, ou seja, é o valor daquela

região para a pessoa. Existem dois tipos de valor: positivo e negativo. Uma região de valor positivo é

aquela que contém um objeto-meta que reduzirá a tensão, quando a pessoa entrar na região. Uma

região de valor negativo é aquela que vai aumentar a tensão. As valências positivas atraem, as

valências negativas repelem.

Uma valência está vinculada a uma necessidade. Assim, o fato de uma determinada região do

ambiente ter um valor positivo ou negativo depende diretamente de um sistema em um estado de

tensão. As necessidades atribuem valores ao ambiente. Elas organizam o ambiente em uma rede de

regiões atrativas e repelentes. A rede de valências também depende de fatores externos que fogem

à finalidade das leis psicológicas. A presença ou a ausência dos objetos dos quais necessitamos

cumpre um papel importante na estruturação do ambiente psicológico.

Uma valência é uma quantidade variável, podendo ser fraca, média ou forte. A força de uma valência

depende da força da necessidade e de fatores não-psicológicos. Uma valência não é uma força. Ela

dirige a pessoa através de seu ambiente psicológico, contudo não proporciona a força motivadora

para a locomoção.

2.2.6. Vetor

Ocorre uma locomoção sempre que uma força de potência suficiente age sobre a pessoa. Uma força

está associada a uma necessidade, porém não é uma tensão. A força existe no ambiente

psicológico, enquanto a tensão é uma propriedade de um sistema intrapessoal.

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As propriedades conceituais da força são direção, potência e ponto de aplicação. Essas três

propriedades são representadas matematicamente por um vetor. A direção para a qual esse vetor

aponta representa a direção da força, o comprimento do vetor representa a potência da força, e o

lugar onde a ponta da flecha se insere, na fronteira externa da pessoa, representa o ponto de

aplicação. Um vetor é sempre desenhado no lado de fora da pessoa e nunca dentro, porque as

forças psicológicas são propriedades do ambiente, e não da pessoa.

Se existe apenas um vetor agindo sobre uma pessoa, haverá uma locomoção ou uma tendência a

mover-se na direção do vetor. Um vetor tende sempre a produzir movimento em certa direção.

Quando dois ou mais vetores atuam sobre uma mesma pessoa ao mesmo tempo, a locomoção é

uma espécie de resultante de forças. Uma região que possui uma valência positiva é uma região em

que as forças que agem sobre a pessoa estão dirigidas para essa região. Uma região de valência

negativa é aquela em que os vetores estão apontando na direção oposta.

Algumas vezes, a locomoção produzida pelos vetores pode ser impedida ou completamente

bloqueada por uma barreira, que é algum impedimento ou de fuga ou repulsa, em relação a um

objeto, pessoa ou situação. A barreira não tem valência por si mesma e não exerce nenhuma força;

ela oferece resistência sempre que alguma força é exercida sobre ela. Quando a barreira é rígida, ela

exige do indivíduo tentativas de exploração para ultrapassá-la e, quando inultrapassável, adquire

valência negativa.

2.3. A Hierarquia das Necessidades proposta por Abraham Maslow

Maslow adotou o ponto de vista holístico dinâmico e considerava que sua posição era compatível

com a psicologia humanista. Este autor acreditava que as pessoas têm uma natureza inata que é

essencialmente boa ou ao menos neutra. De acordo com Maslow, o ser humano tem uma tendência

espontânea para a realização pessoal. Esta realização é alcançada se as suas necessidades

primárias estiverem satisfeitas, Quando as pessoas são neuróticas, é porque o ambiente as tornou

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assim por meio da ignorância e da patologia social, sugerindo que interpretássemos a neurose como

“um fracasso do crescimento pessoal”.

2.3.1. Autoatualização

A representação da natureza humana ajuizada por Maslow é otimista, enfatiza o livre-arbítrio, a

escolha consciente, a singularidade, a capacidade de superar as experiências da infância e uma

bondade inata. Para ele, a personalidade é influenciada tanto pela hereditariedade como pelo meio.

A autoatualização é o conceito central da teoria de Maslow. Conforme este pressuposto, o indivíduo

deve desenvolver ao máximo suas capacidades e habilidades, explorar opções e viver sua vida da

maneira mais plena possível. O objetivo fundamental do desenvolvimento humano é

a autorrealização, que é obtida através do uso e da exploração plenos de talentos, capacidades,

potencialidades.

Trata-se de uma experiência realizada de modo pleno, intenso e desinteressado, com total

concentração e absorção. Refere-se a um modo contínuo de viver, trabalhar e relacionar-se com o

mundo, e não a uma simples realização.

Maslow vê o homem comum como um ser humano completo com poderes e capacidades

enfraquecidos e inibidos. Sua formulação conceituai tem como base pesquisas nas quais realizou a

análise das vidas, valores e atitudes das pessoas que considerava mais saudáveis e criativas.

Aqueles que haviam alcançado um nível de funcionamento melhor, mais eficiente e saudável do que

o homem ou a mulher comuns, poderiam com isso explorar os limites da potencialidade humana

(Fadiman e Frager, 2004).

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2.3.1.1. Características de pessoas autoatualizadoras

1. Percepção mais eficiente da realidade e relações mais satisfatórias com ela;

2. Aceitação de si, dos outros e da natureza;

3. Espontaneidade, simplicidade, naturalidade;

4. Concentração no problema, em oposição ao estar centrado no ego;

5. A qualidade do desprendimento, a necessidade de privacidade;

6. Autonomia, independência à cultura e ao meio;

7. Vigor de apreço;

8. Experiências místicas e culminantes;

9. Sentimento de parentesco com os outros;

10. Relações interpessoais mais profundas e intensas;

11. Estrutura de caráter democrático;

12. Criatividade e originalidade;

13. Resistência a pressões sociais: transcendência de qualquer cultura especifica.

2.3.1.2. Comportamentos que levam à autoatualização

1. Estar consciente ao que acontece dentro de si e ao redor com intenso interesse;

2. Fazer de cada escolha uma opção para o crescimento. Escolher o crescimento é abrir-se para

experiências novas e desafiadoras que nem sempre são seguras, portanto, muitas vezes o

crescimento poderá ser contrário à segurança;

3. Tornar-se verdadeiro, existir de fato e não somente em potencial. Para isso é preciso aprender a

sintonizar-se com sua própria natureza íntima. Isto significa decidir sozinho se gosta de

determinadas comidas ou filmes, independente das ideias e opiniões dos outros;

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4. Ser honesto e assumir a responsabilidade dos próprios atos. As respostas devem ser procuradas

em nós mesmos, assim entramos em contato com o nosso íntimo.

Os quatro primeiros comportamentos ajudam a desenvolver a capacidade de realizar melhores

escolhas de vida.

5. Confiar em nosso próprio julgamento, em nossos próprios instintos e agir em termos deles;

6. Usar as habilidades e inteligência e “trabalhar para fazer bem aquilo que queremos fazer”;

7. Conscientizar-se de que experiências culminantes são momentos transitórios de autoatualização.

Durante estes momentos, estamos inteiros, mais integrados e mais conscientes de nós mesmos e

do mundo. Em tais momentos pensamos, agimos e sentimos mais clara e acuradamente. Amamos

e aceitamos mais ou outros, estamos mais livres de conflitos interiores e de ansiedade; somos

mais capazes de usar nossas energias de modo construtivo.

8. Reconhecer as próprias defesas e trabalhar para abandoná-las. Precisamos nos tornar mais

conscientes das maneiras pelas quais distorcemos nossa autoimagem e a do mundo exterior

através da repressão, projeção e outros mecanismos de defesa.

2.3.2. Hierarquia das Necessidades Básicas

Maslow propôs uma hierarquia de cinco necessidades inatas, organizadas em pirâmide que ativam

e direcionam o comportamento humano (Figura 5). A base da pirâmide compreende as

necessidades de nível baixo, que são as necessidades fisiológicas e de segurança; o topo da

pirâmide é constituído pelas necessidades de nível alto, representantes da busca pela

individualização do ser; são as necessidades sociais, de estima e de autorrealização.

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As necessidades inferiores (fisiológicas, segurança) têm de ser pelo menos parcialmente

satisfeitas antes que as superiores (sociais, estima, realização) se tornem influentes. Quanto mais

inferior ela for na hierarquia, maiores serão seu poder, sua força e prioridade. À medida que um

nível de necessidade é atendido, o próximo torna-se dominante.

Não somos impulsionados por todas as necessidades ao mesmo tempo. Geralmente, apenas uma

domina a personalidade. Qual delas será, dependerá de quais das outras terão sido satisfeitas.

Como as superiores são menos importantes para a sobrevivência, sua satisfação pode ser preterida,

não produzindo nenhuma crise. Já o fracasso em satisfazer uma necessidade inferior pode

produzir déficit ou privação no indivíduo.

Embora nasçamos dotados dessas necessidades, os comportamentos que executamos para

satisfazê-las são aprendidos e, portanto, sujeitos a variação de uma pessoa para outra. Elas podem

ser influenciadas ou anuladas pelo aprendizado, pelas expectativas sociais e pelo medo de

desaprovação.

NECESSIDADES DE AUTO-REALIZAÇÃO
(auto-realização, auto-desenvolvimento, auto-satísfação)

NECESSIDADES DE ESTIMA
(orgulho, amor próprio, progresso, confiança, reconhecimento, apreciação, admiração)

NECESSIDADES SOCIAIS
(relacionamentos, aceitação, amizades, compreensão, consideração)

NECESSIDADES DE SEGURANÇA
(segurança e proteção contra perigo, doença, incerteza, desemprego, roubo)

NECESSIDADES FISIOLÓGICAS
(alimento, repouso, abrigo e sexo)

Figura 5: Caracterização das Necessidades Humanas segundo a Teoria das Hierarquias de Maslow

As necessidades superiores aprimoram a saúde e a longevidade - por isso, são necessidades de

crescimento ou de ser. Representam a busca de individualização, ou seja, o objetivo que visa atender

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a mais alta inspiração do ser humano, de ser ele mesmo, podendo usufruir toda a sua potencialidade,

sem perder sua individualidade É benéfica psicologicamente e leva ao contentamento, à felicidade -

à realização.

2.3.3. Crescimento psicológico

Maslow aborda o crescimento psicológico em termos de satisfação bem sucedida de necessidades

mais “elevadas". A busca de autoatualização não pode começar até que o indivíduo esteja livre da

dominação de necessidades inferiores, tais como a necessidade de segurança e estima. Segundo

Maslow, a frustração precoce de uma necessidade pode fixar o indivíduo naquele nível de

funcionamento. Por exemplo: alguém que, quando criança, não foi muito popular pode continuar a se

preocupar profundamente com necessidades de autoestima por toda vida. A busca de necessidades

mais elevadas é, em si, um índice de saúde psicológica.

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CAPÍTULO III

Teorias com Ênfase na Aprendizagem

(Comportamentais/ Sociocognitivas)

As teorias agrupadas nesta categoria baseíam-se na premissa de que o comportamento humano é

amplamente adquirido e de que os princípios da aprendizagem são suficientes para explicar o

desenvolvimento e a manutenção desses. Tratam principalmente do comportamento modificável e da

predição e explicação dos processos que possibilitam a aprendizagem, das condições ambientais que

favorecem a manutenção ou variação dos comportamentos. Destacam-se nesta perspectiva o

Behaviorismo, sobretudo a Teoria do Condicionamento Operante de Burrhus Frederick Skinner e a

Teoria Sócio-Cognitiva de Albert Bandura.

As abordagens propostas por Skinner e por Bandura têm sido muito cobradas em concursos,

sobretudo nos certames da Escola Superior de Administração do Exército (ESAEX) e da Rede de

Hospitais Sarah Kubitscheck, numa ênfase mais voltada para a questão do manejo psicoterápico e

por isso vale a pena se dedicar ao estudo das teorias desta perspectiva. Quanto ao campo da

personalidade, veremos de que modo estes teóricos têm sido cobrados.

3.1. Teoria do Condicionamento Operante de Burrhus Frederick Skinner

A Análise do Comportamento é uma ciência natural que procura explicar o comportamento pelo

estudo de relações funcionais interdependentes entre eventos ambientais (estímulos) e fisiológicos

(respostas). O comportamento é entendido como uma relação interativa de transformação mútua

entre o organismo e o ambiente que o cerca, na qual os padrões de conduta são naturalmente

selecionados em função de seu valor adaptativo.

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Enquanto campo científico, esta abordagem se divide em três subáreas: o aspecto teórico, filosófico,

histórico é conhecido como Behaviorismo Radical. O campo empírico é nomeado de Análise

Experimental do Comportamento. O braço relacionado à criação e administração de recursos de

intervenção social é chamado de Análise Aplicada do Comportamento (Carvalho Neto, 2002).

3.1.1. O conceito de personalidade para a Análise do Comportamento

Conforme os pressupostos básicos da Análise do Comportamento, o que é usualmente nomeado

como personalidade se refere a um padrão de comportamentos adquiridos e mantidos por

contingências (Matos, 1997; Marçal, 2001). Assim, o termo personalidade é apenas um rótulo usado

para agrupar classes comportamentais. Segundo Skinner (1981/2000), a abordagem comportamental

analisa as diversas relações existentes entre o organismo e o seu ambiente, considerando a história

da espécie, a história do indivíduo e a história da cultura na qual está inserido.

Apesar de reconhecer a multideterminação do comportamento, Skinner foi o teórico da personalidade

que mostrou menor interesse pelas variáveis estruturais, pois sua análise abordou principalmente o

comportamento modificável (Hall, Lindzey e Campbell, 2000). Skinner tratou, sobretudo, da mudança

comportamental, da aprendizagem e da modificação do comportamento e considerou que um evento

comportamental é o produto conjunto da história de aprendizagem do sujeito. O comportamento dos

organismos é um campo único em que tanto a filogenia quanto a ontogenia devem ser considerados.

Skinner foi influenciado pelo pioneiro psicólogo experimental Thorndike, cuja lei do efeito afirmava

que as consequências de um comportamento (isto é, o efeito) fortalecerão ou enfraquecerão esse

comportamento. Conforme a abordagem clássica da análise comportamental, a aprendizagem

inicialmente se dá por meio de tentativa e erro. Aprendemos a executar aquelas ações que nos

recompensam ou nos ajudam a evitar o sofrimento (Hall, Lindzey e Campbell, 2000).

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Comportamento é interação organismo-ambiente (Todorov, 1989) e tem uma função biológica

adaptativa. Esta interação é dinâmica, favorecendo a uma plasticidade do comportamento. Isto

quer dizer que o comportamento pode mudar em virtude de alterações nesta relação. A partir da

análise destas relações, é possível identificar as variáveis das quais o comportamento humano é

função e, consequentemente, entender mais sobre o caráter humano (Marçal, 2001).

Skinner afirmou que, em qualquer espécie ou indivíduo, ocorrem comportamentos que são mais

facilmente condicionáveis do que outros. Ele também reconheceu que alguns comportamentos

podem ter uma base inteiramente genética, de modo que a experiência não tem nenhum efeito sobre

eles. Assim, Skinner optou por não enfatizar a importância prática da variabilidade biológica, pois, em

uma ciência puramente comportamental, essa variabilidade não pode facilmente ser colocada sob

controle comportamental (Hall, Lindzey e Campbell, 2000).

3.1.2. Teoria do Reforço

Skinner foi influenciado pelo pioneiro psicólogo experimental Thorndike, cuja !ei do efeito afirmava

que as consequências de um comportamento (isto é, o efeito) fortalecerão ou enfraquecerão esse

comportamento. As respostas para uma situação, as quais são seguidas por um estado

recompensador de eventos, são fortalecidas e se tornam respostas habituais para aquela situação.

As respostas que reduzem a probabilidade de alcançar um estado recompensador - isto é, punições,

fracassos - diminuem em força (Galvão e Barros, 2001). Thorndike elabora, portanto, a base do

pensamento behaviorista; afinal, é possível reconhecer neste princípio as semelhanças com o

Condicionamento Operante proposto por Skinner.

O fenômeno observado por Thorndike é o mesmo relatado por Skinner, contudo, a explicação é

diferente. Enquanto Thorndike atribuia o aumento da frequência à sensação agradável e a redução

da frequência à sensação desagradável, Skinner deslocou a explicação para fora dos animais: as

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consequências em si mesmas são as variáveis, responsáveis pelas mudanças nas frequências das

respostas, e não as sensações que poderiam estar relacionadas a elas (Galvão e Barros, 2001).

Conforme a análise comportamental, a aprendizagem inicialmente se dá por meio de tentativa e erro.

Aprendemos a executar aquelas ações que nos recompensam ou nos ajudam a evitar o sofrimento

(Hall, Lindzey e Campbell, 2000). Skinner denominou reforços os eventos que aumentam a

probabilidade de ocorrência de um determinado comportamento. Um reforço pode ser uma

recompensa palpável, um elogio, uma atenção ou uma atividade gratificante (Myers, 1999).

A Teoria do Reforço preceitua que as ações com consequências satisfatórias sobre o indivíduo

fazem com que as práticas tendam a ser repetidas no futuro, enquanto o comportamento que é

punido tende a ser evitado. Segundo esta teoria, o comportamento das pessoas pode ser influenciado

e controlado através do reforço (recompensa) dos comportamentos desejados, ignorando as ações

não desejadas.

3.1.2.1. Classificação dos reforços

Skinner classifica os eventos reforçadores em positivos e negativos. Os termos positivo e negativo

têm sentido lógico/matemático, ou seja, positivo, quando se refere a aumentar/acrescentar, e

negativo a reduzir/retirar. Assim, os chamados reforços positivos são os que consistem na

apresentação de estímulos, no acréscimo de alguma coisa à situação (por exemplo, alimento, água).

Os reforços negativos são os que consistem na remoção de alguma coisa da situação (por

exemplo, muito barulho, calor ou frio extremos, choque elétrico). Em ambos os casos, o efeito do

reforço é o mesmo: a probabilidade da resposta será aumentada.

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Comumente se confunde reforço negativo com punição. Ambos utilizam estímulos aversivos, mas o

reforcamento negativo não é um evento punitivo, ao contrário, ele é a remoção de um evento

punitivo/aversivo.

Por sua vez, as punições podem ser de dois tipos: por adição (punição positiva), quando experiências

aversivas são adicionadas, ou por subtração (punição negativa), quando facilitadores do

comportamento são subtraídos. Ambas as técnicas levam a aquilo que chamamos de extinção.

A punição pode acarretar diversos problemas, pois a estimulação aversiva acarreta respostas do

sistema nervoso, entendidas como ansiedade, depressão, baixa autoestima (Skinner, 1983). Além do

mais, o comportamento punido não é esquecido, mas apenas suprimido. Pode ser que, após a

estimulação aversiva ter sido eliminada, o comportamento volte a ocorrer. A punição suprime o

comportamento indesejado, porém não orienta a pessoa para um comportamento mais desejável. A

punição diz o que não fazer, o reforço diz o que fazer. Uma punição combinada com um

reforçamento positivo de comportamentos desejáveis é mais eficiente.

3.1.2.1.1. Reforçadores

Segundo Skinner, existem reforçadores primários, secundários e generalizados. Ambos podem ser

usados para aumentar a frequência de uma resposta.

Reforçadores primários (incondicionados) - são aqueles que satisfazem necessidades básicas do

indivíduo/ espécie (água, comida, sexo). Estes não dependem de uma aprendizagem anterior para

serem considerados pelo indivíduo como um estímulo reforçador. Como exemplos cotidianos, têm-se

uma mãe que só deixa o filho almoçar após ter terminado o dever de casa, e um homem que após se

reconciliar com a esposa, fazem sexo para celebrar.

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Os demais reforçadores dependem dos primários para se tornarem efetivos, ou seja, eles precisam

ser pareados (precisam acompanhar) os primários por certo tempo para que possam agir por si.

Reforçadores secundários (condicionados) - são aqueles que passam a ser reforçadores por

associações prévias com um reforço já estabelecido, em que o indivíduo aprendeu a reconhecer

aquele evento como reforçador. Estes reforçadores antes eram estímulos neutros, ou seja, não

tinham propriedades reforçadoras, as quais foram adquiridas após o pareamento com um reforçador

primário. Por exemplo, temos o caso da mamadeira (estímulo neutro), a qual passa a ser reforçadora

após pareamento com o leite (reforço primário). A partir do momento em que a criança identifica a

mamadeira e a associa com o leite, então se tem um reforçador condicionado.

Reforçadores generalizados - são aqueles que possibilitam o acesso a todos (ou quase todos) os

demais. Um reforço condicionado torna-se generalizado quando for emparelhado com mais de um

reforçador primário. O Reforçador generalizado é útil por não lhe importar a condição momentânea do

organismo (Skinner, 2000). O seu maior representante é o dinheiro, capaz de possibilitar os demais

reforçadores. Outro exemplo é a atenção.

3.1.3. Comportamento Operante

A classificação mais importante do comportamento sugerida por Skinner é a distinção entre operante

e respondente. Essa distinção envolve inicialmente a diferenciação entre as respostas provocadas e

as respostas emitidas. O foco do interesse de Skinner estava no operante, que é emitido na ausência

de qualquer estimulo motivador (Hall, Lindzey e Campbell, 2000).

O conceito de Comportamento Operante difere do conceito de Comportamento respondente,

estudado por Pavlov. O comportamento respondente é aquele diretamente eliciado por algum

estímulo, trata-se de uma reação fisiológica do organismo, como fechar o olho diante de algo que se

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aproxima dele, retirar o braço diante de uma agulhada, etc. O comportamento operante é aquele

que ocorre em um determinado contexto, chamado estímulo discriminativo, e gera um estímulo que

afeta a probabilidade dele ocorrer novamente.

Skinner, ao pesquisar os reflexos usando ratos como animais de laboratório, verificou duas coisas: (1)

nem toda ação dos animais pode com facilidade ser atribuída a eventos antecedentes da forma

relatada por Pavlov - ocorriam tanto ações sem qualquer modificação ambiental antecedente como

havia estímulos que ora produziam respostas ora não - e, (2) dependendo de qual era a

consequência de uma ação, sua frequência aumentava, sem que houvesse um aumento na

frequência de algum estímulo antecedente que a pudesse estar eliciando (Galvão e Barros, 2001).

A partir desta descoberta e tendo por base os estudos de Thorndike, Skinner propôs que nem todas

as ações são reflexas, mas que há uma categoria de comportamentos operantes, cuja principal

característica é a de operar no ambiente produzindo consequências e sendo afetados por elas

(Galvão e Barros, 2001). A frequência dessas ações é determinada pelas consequências que elas

produzem no ambiente, e os estímulos antecedentes apenas indicam a ocasião em que essas ações

(respostas) foram consequenciadas de certa maneira no passado (Todorov, 2002). Conforme vimos,

os eventos ambientais consequentes que aumentam a frequência das ações foram chamados por

Skinner de estímulos reforçadores, ou simplesmente reforços.

Portanto, Condicionamento Operante é o procedimento no qual uma resposta no organismo é

modelada através de reforço diferencial e aproximações sucessivas. É onde a resposta gera uma

consequência e esta consequência afeta a sua probabilidade de ocorrer novamente. Quando a

consequência for reforçadora, aumentará a probabilidade; quando for punitiva, além de diminuir a

probabilidade de sua ocorrência futura, gerará outros efeitos colaterais. Este tipo de comportamento

que tem como consequência um estímulo que afete sua frequência é chamado Comportamento

Operante.

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O comportamento operante é modelado a partir de nosso repertório inato. Conforme vimos, as

respostas que geram mais reforço, em média, tendem a aumentar de frequência e se estabelecer no

repertório, ou seja, em um contexto semelhante tendem a ser novamente emitidas. Os contextos

onde existe probabilidade de uma determinada resposta ser reforçada são chamados estímulos

discrim inativos (SD) e os contextos onde não existe a probabilidade da resposta ser reforçada são

chamados estímulos delta (SA).

3.1.4. Modelagem

O instrumento fundamental de modelagem é o reforço. Através de reforçamento diferencial de

respostas sucessivas, instalam-se novas respostas ainda não existentes no repertório

comportamental de um organismo, facilitando a aprendizagem destas respostas. Este processo é

conhecido também como método das aproximações sucessivas. Através do reforçamento positivo,

são instaladas novas respostas por meio de um processo gradativo de aprendizagem, com vistas.a.

um dado comportamento. Portanto, a modelagem consiste no processo de reforçar gradualmente as

respostas mais adequadas, com o intuito de obter o comportamento desejado.

3.1.5. Generalização e Discriminação de estímulos

A generalização é a capacidade de perceber semelhanças entre estímulos e responder de maneira

semelhante ou igual a todos eles. Havendo generalização, o organismo emitirá determinadas

respostas previamente condicionadas, diante de estímulos semelhantes. Assim, um estímulo adquire

controle sobre uma resposta, devido ao reforço na presença de um estímulo similar.

A discriminação de estímulos ocorre quando uma resposta se mantém na presença de um ou mais

determinado(s) estimulo(s), mas sofre certo grau de extinção na presença de outros. Isto é, um

estímulo antecedente à resposta adquire a possibilidade de ser conhecido como discriminativo da

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situação reforçadora. O organismo é capaz de discriminar entre dois estímulos diferentes, quando

responde de maneira diferente a cada um deles. Sempre que ele for apresentado e a resposta

emitida, haverá reforço.

3.1.6. Esquemas de reforçamento

O reforço é realizado por meio de esquemas de reforçamento, os quais são compreendidos como o

modo pelo qual a ocorrência do reforço é programada através de reforçamento positivo. Existem dois

tipos de esquemas de reforçamento:

1. Esquema de reforçamento contínuo - neste padrão, todas as respostas emitidas são reforçadas.

Este esquema é utilizado logo após a fase de instalação da resposta. Por exemplo: logo após

estabelecer uma amizade - manter contato frequente com este amigo. Usando-se esquemas de

reforço contínuo, a aprendizagem ocorre rapidamente, mas sem o reforço, a extinção também ocorre

de forma rápida.

Na vida real, grande parte de nossas respostas não são reforçadas todas das vezes em que são

emitidas, então, isto significa que na verdade os esquemas de reforço contínuo são raros (Myers,

1999). Tendo em vista que um comportamento é mantido por reforço, como explicar o fato de que ele

volta a ocorrer, mesmo não sendo reforçado em todas as vezes?

2. Esquema de reforçamento intermitente - neste padrão, o reforço é apresentado

ocasionalmente, ou seja, as reações às vezes são reforçadas, às vezes não. Este esquema é

utilizado para a manutenção de respostas - depois de aprendidas. A extinção é mais lenta com o

reforço variável do que com o reforço fixo. Os esquemas intermitentes podem ser em razão ou em

intervalo:

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2.1. Esquema de reforçamento em razão - neste padrão, o reforço é liberado após um número

determinado de respostas emitidas. Pode ser de razão fixa (FR) ou variável (VR):

2.1.1. Razão fixa (FR) - neste padrão, o reforço é liberado após um número fixo de respostas. Pode

gerar dois padrões: (1) Gera alta frequência de respostas, pois quanto mais o organismo responder

mais reforços obterá. Se responder com rapidez, será reforçado imediatamente e frequentemente. (2)

Gera pausa após o reforçamento. Ocorre quando o organismo discrimina que o reforço demorará a

vir e a discriminação é facilitada, pois o número de respostas é sempre o mesmo após cada reforço.

2.1.2. Razão variável (VR) - neste padrão, o número de respostas entre cada reforçador varia. O

reforço é liberado após uma média de respostas. Gera alta frequência de respostas e sem pausas

após o reforço, pois não há como o organismo discriminar o número de respostas para obter o

próximo reforço.

2.2. Esquema de reforçamento de intervalo - neste padrão, o reforço é apresentado após uma

passagem de tempo depois da primeira resposta. Pode ser de intervalo fixo (Fl) ou de intervalo

variável (VI):

2.2.1. Intervalo Fixo (Fl) - neste padrão, os reforçadores estão disponíveis depois de transcorridos

intervalos fixos desde o último reforço. Respostas no meio do intervalo não são reforçadas. Para

receber o reforço, o organismo deve se comportar pelo menos 1 vez. Gera baixa frequência de

respostas no início do intervalo e alta frequência de respostas no final do intervalo. Ocorrem

grandes pausas após o reforço.

2.2.2. Intervalo variável (VI) - neste padrão, o reforço está disponível após a passagem de

intervalos variáveis de tempo, ou seja, o intervalo entre o último reforçador e o próximo não é o

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mesmo. Gera alta frequência de respostas sem pausa após o reforço, pois o organismo não tem

como prever quando o reforçador estará disponível. Por isso responderá quase todo o tempo.

3.2. Teoria Sócio-Cognitiva de Albert Bandura

A teoria da aprendizagem sociaí explica o comportamento humano em termos da interação recíproca

e continua entre determinantes cognitivos, ambientais e comportamentais. Uma das principais

contribuições de Bandura foi a explicação sobre como o comportamento pode ser adquirido na

ausência de reforçamento. Este processo foi denominado como aprendizagem observacional e pode

ser encontrado também com os nomes aprendizagem vicariante ou modelação. De acordo com

Bandura, observar modelos e o comportamento desses modelos não é apenas questão de uma

simples imitação; a aprendizagem observacional também compreende processos cognitivos ativos.

Bandura considera que muitos aspectos do funcionamento da personalidade envolvem a interação do

indivíduo com outros, de modo que uma teoria apropriada da personalidade deve considerar o

contexto social em que o comportamento é originalmente adquirido e no qual continua sendo

mantido. Ele afirma que o ser humano é capaz de pensamento e de autorregulação que lhe

permitem controlar seu ambiente tanto quanto ser moldado por ele. O intuito de Bandura é ampliar e

modificar a teoria tradicional da aprendizagem, desenvolvendo princípios de aprendizagem social

(Hall, Lindzey e Campbell, 2000).

Os teóricos da aprendizagem social consideram inadequado explicar o comportamento humano

apenas por meio dos estímulos ambientais. O argumento central desta abordagem é que o

comportamento humano só pode ser compreendido em termos de uma interação recíproca contínua

entre estímulos externos e cognições internas. As representações simbólicas de acontecimentos

passados e da situação atual norteiam o comportamento, e os processos autorreguladores

possibilitam que as pessoas exerçam controle sobre o próprio comportamento (Hall, Lindzey e

Campbell, 2000).

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3.2.1. Determinismo Recíproco

A teoria da aprendizagem social conceitua o comportamento em termos de um determinismo

recíproco, ou seja, as influências pessoais, as forças ambientais e o próprio comportamento

funcionam como determinantes interdependentes. O efeito de cada um dos três componentes é

condicional aos outros. Bandura sugere que os fatores externos só influenciam o comportamento pela

mediação dos processos cognitivos da pessoa. Ao alterar seu ambiente ou criar autoinduções

condicionais, as pessoas influenciam os estímulos aos quais respondem. Na visão da aprendizagem

social do determinismo recíproco, o comportamento, as forças ambientais e as características

pessoais funcionam como determinantes interligados uns dos outros (Hall, Lindzey e Campbell,

2000).

A análise completa do comportamento, da perspectiva do determinismo recíproco, exige a

consideração de que os três conjuntos de fatores - cognitivos, comportamentais e ambientais - se

influenciam mutuamente. Tendo em vista que as concepções das pessoas, seu comportamento e

seus ambientes são determinantes recíprocos um do outro, os indivíduos não são objetos impotentes,

controlados por forças ambientais, nem agentes inteiramente livres que podem fazer o que quiserem.

As pessoas são livres na extensão em que conseguem influenciar as futuras condições às quais

responderão, mas seu comportamento também é limitado pelo relacionamento recíproco entre

cognição pessoal, comportamento e ambiente (Hall, Lindzey e Campbell, 2000).

3.2.2. Reformulação do conceito de reforço

Bandura expandiu o conceito de reforço ao considerar que as consequências comportamentais

alteram o comportamento subsequente, fornecendo informações. Na aprendizagem observacional, o

reforço serve como uma influência "antecedente" ao invés de "consequente". A teoria de Bandura

afirma que os efeitos de um reforçamento anterior são internalizados e que o comportamento

muda em decorrência de alterações no conhecimento e expectativas da pessoa.

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Quando as pessoas analisam os resultados de seu comportamento e do comportamento dos outros,

elas elaboram hipóteses sobre as possíveis consequências ao reproduzir aquele

comportamento no futuro. Essas informações podem orientar comportamentos subsequentes. As

hipóteses exatas produzem bons resultados e as hipóteses inexatas levam a um comportamento

ineficaz. Os reforços fornecem informações sobre o que uma pessoa precisa fazer para

assegurar os resultados desejados e evitar os resultados punitivos (Hall, Lindzey e Campbell,

2000).

Deste modo, saber que determinado comportamento - próprio ou de outra pessoa - em uma situação

em particular foi reforçado no passado permite que o indivíduo antecipe o reforço por esse

comportamento em situações idênticas - ou semelhantes - no futuro. O reforço antecipado é um dos

vários fatores que podem influenciar uma pessoa a prestar atenção a um modelo e também encorajá-

la a ensaiar o comportamento que foi observado. Afirma-se que um reforço é efetivo na medida em

que a pessoa está consciente das contingências e antecipa que elas são aplicáveis a

comportamentos futuros (Hall, Lindzey e Campbell, 2000; Pervin e John, 2004).

Bandura considera que um reforço tem a função de regulação, pois funciona principalmente

como uma operação informativa e motivacional, mais do que como um reforçador mecânico de

resposta. Conforme este ponto de vista, o reforço facilita a aprendizagem de maneira antecipatória,

ao encorajar o observador a prestar atenção e a ensaiar o comportamento observado. A maioria das

ações está amplamente sob controle antecipatório, pois, ao representar simbolicamente resultados

previsíveis, as pessoas podem converter futuras consequências em motivadores atuais do

comportamento. Bandura propõe inclusive que o reforço direto não é necessário para que ocorra

aprendizagem (Hall, Lindzey e Campbell, 2000).

Segundo Bandura, os indivíduos atuam como importantes reformadores para o próprio

comportamento. A função de autorreforço dota as pessoas da capacidade de autodireção. Quando o

comportamento está à altura dos padrões internos, a pessoa pode sentir satisfação ou orgulho, mas,

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se o comportamento infringe esses padrões ou não está à altura deles, a pessoa responde com

culpa, vergonha ou insatisfação. As pessoas buscam fazer coisas que originam autossatisfação e

autovalor e evitam comportar-se de maneira que provoque autopunição.

Todo comportamento produz dois conjuntos de consequências: autoavaliações e resultados externos.

As consequências externas têm maior efeito sobre o comportamento quando são condizentes com as

consequências autogeradas. O comportamento é mantido por suas consequências, mas essas

consequências não existem apenas externamente (Hall, Lindzey e Campbell, 2000).

Bandura sugere que o indivíduo pode ser reforçado sem produzir um comportamento ou experienciar

uma consequência. Este tipo de reforço indireto ou vicário ocorre quando a pessoa observa alguém

experienciar consequências reforçadoras ou punitivas por um comportamento, e passa a antecipar

consequências semelhantes, no caso de produzir o mesmo comportamento. Assim, afirma-se que as

consequências observadas podem mudar o comportamento, da mesma maneira que as

consequências diretamente experienciadas (Hall, Lindzey e Campbell, 2000).

3.2.3. Expectativa de resultado

Bandura afirmou que os indivíduos são capazes de agrupar informações derivadas de várias

observações distintas, de modo que podem ser desenvolvidos modelos de comportamento diferentes

de qualquer outro antes examinado. Conforme Bandura, o que mais influencia uma pessoa a

reproduzir ou não um comportamento observado é sua expectativa de resultado, ou seja, as

consequências esperadas desse comportamento, pois as pessoas tendem a imitar um

comportamento que acreditam desencadear resultados positivos. A expectativa de resultado baseia-

se não apenas nas consequências observadas de reforçamento ou punição, mas também em

consequências antecipadas.

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Além da expectativa de resultado, outros fatores influenciam a probabilidade de o comportamento de

outra pessoa ser modelado (Pervin e John, 2004):

• Características do modelo - idade, gênero, semelhança em relação ao observador, status,

competência e poder.

• Características do comportamento - o comportamento que é admirado ou desejado é mais

propenso a ser modelado.

• Características do observador - desenvolvimento cognitivo e físico, isto é, a modelação bem-

sucedida requer a capacidade de perceber, decodificar e reproduzir corretamente um

comportamento.

3.2.4. Princípios de aprendizagem observacional

Sem dúvida, uma das principais contribuições de Bandura para a Psicologia foi sua explicação sobre

como novos comportamentos podem ser adquiridos na ausência do reforçamento direto. Ele

observou que as pessoas aprendem tantas reações complexas que seria impraticável que cada

reação fosse aprendida pela aplicação direta de reforçamento. Assim, formulou teorias sobre

mecanismos pelos quais as pessoas podem aprender apenas observando o comportamento de

outras — aprendendo sem realizar o comportamento e sem serem diretamente recompensadas ou

punidas por esse comportamento. A este processo chamou de aprendizagem observacional,

aprendizagem vicariante ou modelação (Pervin e John, 2004).

3.2.4.1. Processos subjacentes à aprendizagem observacional

Bandura propõe que uma das formas básicas de os humanos adquirirem habilidades e

comportamentos é observar o comportamento dos outros, mas adverte para o fato de que observar

modelos e repetir esses comportamentos não é apenas questão de simples imitação. Para tanto, a

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aprendizagem observacional compreende quatro processos cognitivos (Hall, Lindzey e Campbell,

2000; Pervin e John, 2004):

Processos de Atenção - A atenção é influenciada principalmente pelas características do

observador, da situação e do modelo. As pessoas são capazes de aprender quando prestam atenção

a aspectos significativos do comportamento a ser modelado. A capacidade da pessoa de notar

determinados detalhes é influenciada por seus conhecimentos e pelos interesses atuais. É mais

provável que se consiga atrair atenção para comportamentos relevantes, simples e de maior valor

funcional. Quanto ao modelo, quanto mais vívido, atraente, competente e visto repetidamente,

maiores as chances de atrair atenção.

Processos de Retenção - A retenção é influenciada pela capacidade cognitiva do observador e sua

capacidade de decodificar o comportamento usando imagens ou representação verbal. A retenção do

comportamento observado depende principalmente da capacidade de codificação simbólica por meio

de imagens mentais e das representações verbais. A capacidade de memória pode ser ampliada pela

organização do material e pelo ensaio.

Processos de Reprodução - O aprendiz precisa ser capaz de reproduzir o comportamento que foi

observado. A reprodução motora é influenciada por características do observador, como a

capacidade de transformar a representação mental em ação física, e a capacidade de ensaiar

mentalmente o comportamento. Às vezes, os problemas de produção decorrem de uma falta de

habilidades cognitivas ou motoras necessárias, mas muitas vezes refletem a falta de feedback da

pessoa a respeito daquilo que realmente está fazendo. Tentativa e erro, prática e feedback, todos

contribuem para aquilo que geralmente é um processo gradual de traduzir conhecimento em ação.

Processos Motivacionais - A motivação influencia a manifestação do comportamento observado. O

componente motivacional é altamente influenciado tanto pelas consequências esperadas

(imaginadas) quanto pelas observadas no comportamento. A teoria da aprendizagem social de

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Bandura enfatiza a distinção entre aquisição e desempenho porque as pessoas não encenam tudo o

que aprendem. O desempenho de um comportamento observado é influenciado por três tipos de

incentivo: direto, vicário (indireto) e autoadministrado. Um comportamento aprendido será encenado,

se levar diretamente ao resultado desejado, se observamos que foi efetivo para o modelo ou se for

autossatisfatório.

3.2.5. Autossistema

Bandura atribui um papel importante na personalidade ao que ele chamou de autossistema - são

estruturas cognitivas que fornecem mecanismos de preferência e permitem realizar processos de

percepção, avaliação e regulação do próprio comportamento, de modo que ele seja apropriado ao

meio e eficaz para que a pessoa alcance suas metas (Hall, Lindzey e Campbell, 2000; Pervin e John,

2004).

As cognições têm claramente origens externas, mas seu papel na regulação do comportamento não

pode ser reduzido à experiência anterior. Ou seja, além de o indivíduo ser influenciado por processos

externos de reforçamento provenientes do ambiente, seu comportamento também é determinado por

expectativas, reforçamento esperado, pensamentos, planos e metas — ou seja, pelos processos

internos do Self.

3.2.6. Autoeficácia

A autoeficácia é uma convicção sobre a própria capacidade de manifestar com êxito determinado

comportamento. Ou seja, é uma crença - expectativa - sobre o quanto competente a própria pessoa

é e o quanto está apta a manifestar um comportamento em uma determinada situação. Este conceito

se restringe à convicção quanto a uma situação específica.

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Quando a autoeficácia é positiva, existe a convicção de se estar apto a manifestar com sucesso um

comportamento. Sem o sentimento de autoeficácia, a pessoa será bem menos propensa a sequer

tentar manifestar um comportamento.

De acordo com Bandura, a autoeficácia determina se a pessoa tentará de algum modo agir, por

quanto tempo persistirá diante das dificuldades ou fracassos e como o sucesso ou o fracasso em

uma atividade afetará o seu comportamento futuro (Pervin e John, 2004).

As convicções sobre autoeficácia provêm de quatro fontes de informação:

(1) Das experiências anteriores, ao tentar manifestar um comportamento - sucessos e fracassos

passados;

(2) De ver outras pessoas tendo esse comportamento ou comportamentos semelhantes -

experiências vicariantes;

(3) Da persuasão verbal - as pessoas que conversam com elas próprias, encorajando-se ou

desencorajando-se a manifestar determinado comportamento; e

(4) De como a pessoa se sente em relação ao comportamento - reações emocionais.

Dentre esses quatro tipos, a fonte de informações mais importante são nossas próprias experiências.

A segunda fonte mais importante é a experiência vicariante, seguida da persuasão verbal e, por fim,

da emoção. Essas quatro fontes de informação são utilizadas para verificar se, na própria opinião, é

possível manifestar um comportamento de modo competente.

A autoeficácia é uma característica fundamental da personalidade porque é um determinante

cognitivo essencial do comportamento. Embora a autoeficácia seja uma característica interna que

influencia o comportamento e as reações de modo relativamente constante e previsível, ela também é

determinada pela situação (Pervin e John, 2004).

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3.2.7. Autorregulação

A autorregulação é o processo pelo qual as pessoas conseguem controlar suas próprias

realizações e ações, permitindo que estabeleçam metas para si mesmas, que avaliem seu sucesso

ao alcançar essas metas e se autorrecompensem por tê-las alcançado. O conceito de autoeficácia é

componente importante desse processo, pois influencia a escolha de metas e o nível esperado de

realização dessas metas. Igualmente importantes são os esquemas pessoais do indivíduo por meio

dos quais ele compreende e age no ambiente. O construto da autorregulação concentra-se no

controle interno (intrapessoal) de nossos comportamentos (Pervin e John, 2004).

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CAPÍTULO IV

Teorias com Ênfase na Estrutura da Personalidade

(Abordagens de traços)

A proposta central destas teorias, também conhecidas como Abordagens de Traços, é a busca de

uma estrutura da personalidade e de uma taxonomia - um conjunto sistemático de característica o

qual possa ser utilizado para resumir a personalidade de um indivíduo, além da grande preocupação

com a mensuração da personalidade. O comportamento é visto como uma função conjunta das

características da pessoa e dos aspectos situacionais. Um atributo final compartilhado por esses

teóricos é o ancoramento biológico no estudo da personalidade. Os principais autores desta

perspectiva são Gordon Allport, Raymond Cattell e Hans Eysenk.

O pressuposto fundamental das abordagens de traços é que as pessoas possuem predisposições

amplas, denominadas traços, para responder de certas maneiras. Apesar dos vários teóricos

apresentarem diferenças quanto à maneira de determinar os traços que formam a personalidade

humana, todos eles concordam que os traços são partes fundamentais da nossa estrutura (Friedman

e Shutack, 2004).

Os traços da personalidade dizem respeito a padrões consistentes na forma como os indivíduos se

comportam, como sentem e pensam. Essa definição ampla sugere que os traços podem ser usados

para resumir, prever e explicar o comportamento de uma pessoa e indicam que a explicação para a

conduta da pessoa será encontrada no indivíduo, e não na situação (Friedman e Shutack, 2004).

Além disso, os teóricos de traços concordam que a personalidade humana possui uma organização

hierárquica. Assim, em seu nível mais básico, o comportamento pode ser considerado de acordo com

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respostas específicas. Contudo, algumas dessas respostas são conectadas e formam hábitos mais

gerais. Em um nível superior de organização, diversos traços podem ser conectados para formar

dimensões de traços ou superfatores.

Os autores desta abordagem recebem grande reconhecimento por sua enorme contribuição no

desenvolvimento de métodos e instrumentos que permitem avaliar a personalidade. Seu estudo deve

ser aprofundado no tópico sobre psicodiagnóstico, contudo, pelo que tem sido observado como

tendência nas provas de concursos, para a tarefa aqui desenvolvida basta ao concursando que saiba

identificar as características desta ênfase e distingui-las das demais, bem como identificar quais

conceitos foram desenvolvidos por cada um dos autores descritos a seguir.

4.1. A Teoria de Traços de Gordon Allport

Os traços, segundo Allport, são tendências determinantes generalizadas e personalizadas - modos

consistentes e estáveis de ajuste de um indivíduo ao seu ambiente; ele acreditava que os traços são

as unidades básicas da personalidade, que estes realmente existem e são baseados no sistema

nervoso. Allport é bastante conhecido por sua ênfase na singularidade do indivíduo e por difundir a

importância do estudo aprofundado de cada sujeito.

O estudo da personalidade desenvolvido por Gordon Allport propôs uma visão que enfatizasse os

elementos positivos e conscientes da motivação. Nesta perspectiva o comportamento é visto como

internamente consistente e determinado por fatores atuais. Seu trabalho orienta-se para problemas

empíricos, em vez de buscar uma unidade teórica ou metodológica.

Aliport considerava variáveis genéticas no processo de aprendizagem. A hereditariedade fornece a

matéria prima da personalidade que pode ser moldada, ampliada ou limitada em função do ambiente.

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Segundo Allport, a personalidade é fundamental para a adaptação dos indivíduos ao seu meio, pois

modula as formas de reações comportamentais, emocionais e cognitivas das pessoas.

Para Allport a forma mais adequada de análise da personalidade humana requer a identificação de

princípios gerais de desenvolvimento, organização e expressão das características estáveis das

pessoas, sem esquecer que a característica mais notável do homem é a individualidade (Schultz e

Schultz, 2004).

A teoria de Allport muitas vezes é mencionada como uma psicologia do traço A estrutura da

personalidade é primariamente concebida em termos de traços, e, ao mesmo tempo, o

comportamento é motivado ou impulsionado pelos traços. Nessa teoria, os traços são o construto

motivacional mais importante. O traço era para Allport tal qual o instinto era para Freud.

4.1.1. Concepção de personalidade

Antes de chegar ao seu próprio conceito de personalidade, Allport listou e discutiu meia centena de

conceitos de vários especialistas da área. Ele buscou associar as melhores noções das definições

anteriores, enquanto evitava suas deficiências maiores. Após tantos estudos conceituais, formulou

sua própria definição, segundo a qual a personalidade é a organização dinâmica, dentro do

indivíduo, daqueles sistemas psicofísicos que determinam seus ajustamentos únicos ao

ambiente (Friedman e Schutack, 2004; Hall, Lindzey e Campbell, 2000; Schultz e Schultz, 2004).

Deste conceito se depreendem noções importantes para o entendimento da perspectiva de traços

segundo Allport. O primeiro ponto em destaque é o uso da expressão “organização dinâmica”, a

qual enfatiza o fato de que a personalidade está constantemente se desenvolvendo e mudando,

embora, ao mesmo tempo, exista uma organização ou sistema que une e relaciona os vários

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componentes da personalidade. O termo sistema indica que a personalidade deve ser compreendida

como um conjunto de elementos em integração mútua, ou seja, são potenciais para atividade.

Em seguida, devemos destacar o termo “psico físico ”, o qual visa destacar a integração contínua

entre os aspectos mentais e neurais, enquanto unidade pessoal inseparável. Por fim, o uso da

palavra “determ inam ” demonstra a percepção de Allport de que a personalidade é formada por

tendências determinantes que desempenham um papel ativo no comportamento do indivíduo,

indicando que a personalidade serve como uma estrutura base para todas as manifestações dos

sujeitos. Assim, todos os sistemas incluídos na personalidade devem ser vistos como tendências

determinantes. Exercem uma influência diretiva em todos os atos expressivos e de ajustamento,

através dos quais a personalidade se torna conhecida.

4.1.2. Conceitos de Traços e disposições

Allport sugere que o comportamento geralmente expressa a ação de muitos traços, que disposições

conflitantes podem existir dentro da pessoa e que os traços são expressos em parte pela seleção de

situações pela pessoa, ao invés de sua resposta a situações.

Allport definiu o traço de personalidade como uma estrutura neuropsíquica que tem a capacidade de

fazer com que estímulos se tornem funcionalmente equivalentes, e de iniciar e guiar formas similares

de comportamento adaptativo e expressivo. Na concepção de Allport, os traços são essencialmente

únicos a cada indivíduo, mas ele identifica que, dentro de uma cultura particular, existam traços

comuns; alguns traços são parte dessa cultura e todas as pessoas que partilham esta mesma cultura

os reconhecem e os nomeiam.

Os traços são tendências livres e sua expressão é ligeiramente diferente porque se expressam em

condições determinantes diversas. Os traços não são diretamente observáveis, podendo ser inferidos

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através do comportamento. Essas inferências são baseadas na frequência com que a pessoa exibe

um determinado tipo de comportamento, na variedade de situações em que esse comportamento é

exibido, e na intensidade do comportamento, quando exibido.

Allport também desenvolveu o conceito de disposições pessoais, que são unidades do mesmo nível

de complexidade que os traços, mas são vistas - diferentemente dos traços comuns - como

especificidades na estrutura de personalidade dos indivíduos. Uma disposição pessoal ou traço

morfogênico é definido como uma estrutura neuropsíquica generalizada, peculiar ao indivíduo capaz

de tornar muitos estímulos funcionalmente equivalentes, e de iniciar e orientar formas consistentes e

equivalentes de comportamento adaptativo. Assim, as disposições pessoais podem ser

compreendidas como traços individuais referentes a quaisquer predisposições generalizadas que

realmente existam no sistema neuropsíquico da pessoa singular.

Tanto os traços quanto as disposições são estruturas neuropsíquicas; ambos têm a capacidade de

tomar muitos estímulos funcionalmente equivalentes e de orientar formas consistentes de comportamento.

Embora os traços e as disposições existam realmente na pessoa, eles não podem ser observados di­

retamente, precisando ser inferidos a partir do comportamento.

Allport reconhecia a importância da situação em explicar por que uma pessoa não se comporta da

mesma forma o tempo todo. Um traço expressa o que a pessoa geralm ente faz em muitas situações,

e não aquilo que será feito em uma situação específica. Segundo Allport, os conceitos de traço e de

situação são necessários para compreender o comportamento, e o reconhecimento da importância da

situação é necessário para explicar a variabilidade do comportamento (Schultz e Schultz, 2004).

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4.1.3. Hábitos e atitudes

Hábitos são respostas específicas a determinados estímulos. Os traços e as disposições pessoais

são mais gerais, tanto nas situações apropriadas a eles como nas respostas às quais conduzem, pois

surgem da integração de vários hábitos. Os hábitos podem se combinar para formar um traço (Hall,

Lindzeye Campbell, 2000; Schultz e Schultz, 2004).

A atitude também é uma predisposição que pode ser única e pode iniciar ou orientar o

comportamento. As atitudes são mais semelhantes aos traços, porém com objetos e referências

específicas, envolvendo avaliações positivas ou negativas do objeto ao qual se dirigem, enquanto

traço ou não.

4.1.4. Traços cardeais, centrais e secundários

As pessoas possuem disposições pessoais, que são os traços peculiares, ao contrário dos traços que

são compartilhados. A pesquisa da personalidade necessita identificar se os traços possuem

aproximadamente o mesmo grau de generalidade e, senão, como distinguir os vários graus. Para

tanto, Allport sugeriu a distinção entre traços cardeais, centrais e secundários (Friedman e

Schutack, 2004; Hall, Lindzey e Campbell, 2000; Schultz e Schultz, 2004):

Cardeal - É uma característica que orienta a maioria das atividades da pessoa. Essa disposição é tão

marcante na vida de uma pessoa que, virtualmente, cada ato pode ser rastreado à sua influência. Um

traço cardeal é tão geral que parece que quase todos os atos de uma pessoa que o possui podem ser

relacionados à sua influência. Essa variedade de disposição é relativamente incomum e observada

em poucas pessoas.

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Central - Disposição para se comportar de maneira particular em uma variedade de situações.

Constitui a base da personalidade. Os traços centrais são mais típicos e representam tendências

altamente características do indivíduo; entram em ação com frequência e são muito fáceis de inferir.

Allport sugeriu que o número de disposições centrais pelos quais uma personalidade pode ser

conhecida com bastante exatidão é surpreendentemente pequeno - talvez de cinco a dez.

Secundário - Disposição a se comportar de maneira particular que seja relevante para poucas

situações. O traço secundário é de ocorrência mais limitada, é menos crucial para a descrição da

personalidade e mais focalizado nas respostas que provoca, e nos estímulos que lhe são

apropriados.

4.1.5. Autonomia funcional

A teoria da autonomia funcional da motivação sugere que, ainda que os motivos de um adulto possam

ter raízes em causas associadas à redução da tensão na infância, o adulto se desenvolve e se isenta

deles, tornando-se autônomo desses esforços iniciais para reduzir a tensão. Aquilo que teve origem

como um empenho para reduzir a fome ou a ansiedade pode se tornar uma fonte de prazer e

motivação por si só. Aquilo que uma vez era extrínseco e instrumental torna-se intrínseco e

estimulante. A motivação inicial pode se transformar e combinar-se com outras forças individuais e/ou

ambientais e a atividade, que inicialmente servia a um impulso ou a alguma necessidade simples,

agora serve a si mesma, ou, em um sentido mais amplo, serve ao autoconceito (o Self ideal) da pes­

soa. Pode-se começar um comportamento com apenas uma motivação e, com o passar do tempo, ter

o mesmo comportamento, só que por outras razões (Schultz e Schultz, 2004).

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4.1.6. Pesquisa Idiográfica

Allport descreveu dois tipos de pesquisas para o estudo da personalidade:

Nom otético (dim ensional) - estudar o comportamento em termos de princípios gerais, variáveis

universais e um grande número de sujeitos;

Ideográfico (m orfogênico) - centrar-se no caso individual, usando métodos e variáveis adequados à

singularidade de cada pessoa.

Allport destacava a importância da pesquisa idiográfica, ou o estudo aprofundado dos indivíduos, com

o propósito de aprender mais a respeito das pessoas de um modo geral. A abordagem morfogênica

permite uma melhor predição e entendimento da personalidade. Afinal, apenas conhecendo a pessoa

em suas características individuais é que se faz possível predizer o que ela fará em qualquer situação

(Friedman e Schutack, 20002; Hall, Lindey e Campbell, 2000).

As maneiras de se fazer pesquisa idiográfica são variadas e estão abertas a novas possibilidades.

Uma das formas de realizar pesquisa idiográfica é através da utilização das mesmas medidas que

são usadas para todas as pessoas (inventários, questionários, etc), mas comparando os resultados de

um indivíduo em uma escala com os seus resultados em outras escalas, ao invés de compará-los com

os resultados de outras pessoas em cada escala (Friedman e Schutack, 20002).

4.2. A bo rd a ge m A n a lítico -F a to ria l de T raços de R aym ond C attell

Ao longo dos anos, Cattell desenvolveu uma teoria da personalidade ampla, diversificada e complexa.

Sua teoria representa uma importante tentativa de reunir e organizar os estudos fatoriais analíticos da

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personalidade. O método de análise fatorial foi desenvolvido como um meio de determinar a

existência de fatores gerais e ajudar a determiná-los. O teórico fatorial começa com uma grande

variedade de medidas comportamentais, identifica os fatores relativos a essas medidas e, então,

procura criar um meio mais eficiente de avaliar esses fatores.

Segundo Cattell, uma teoria da personalidade deve ser capaz de predizer o que determinada pessoa

fará em uma situação específica. Ele acreditava que a análise fatorial conduziria a um esquema de

classificação de traços da personalidade, tal qual uma tabela periódica. A fim de construir seu modelo

teórico, Cattell dedicou-se ao estudo das influências genéticas e culturais sobre a personalidade.

4.2.1. C lassificação dos traços de personalidade

Conforme a teoria proposta por Cattell, o traço é a unidade básica da personalidade e opera como

uma pré-disposição ao comportamento. Assim, o conceito de traço pressupõe que o comportamento

segue um padrão e regularidade ao longo do tempo e em diferentes situações.

Entre as variadas diferenciações possíveis entre traços, duas são de maior relevância. A primeira é

entre os traços de capacidade, traços de tem peram ento e traços dinâm icos; a segunda é aquela

entre os traços de superfície e os traços de origem.

4.2.1.1. Traços de capacidade, traços de tem peram ento e traços dinâm icos

Traços de capacidade - relacionam-se com habilidades e capacidades que permitem que o indiví­

duo funcione de forma eficaz. A inteligência é um exemplo de Traços de capacidade.

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Traços de tem peram ento - relacionam-se com a vida emocional da pessoa e a qualidade estilística

do comportamento. Se o indivíduo tende a agir rapidamente ou vagarosamente, se tende a ser

geralmente calmo ou emotivo, ou agir de maneira impulsiva ou após deliberar, tudo isso tem a ver

com qualidades de temperamento que variam de indivíduo para indivíduo.

Traços dinâm icos - relacionam-se com a vida motivacional do indivíduo, os tipos de objetivos que

são importantes para a pessoa. Considera-se que os traços de capacidade, de temperamento e

dinâmicos abrangem os principais elementos estáveis da personalidade.

4.2.1.2. Traços de superfície e traços de origem

A distinção entre traços de superfície e traços de origem relaciona-se com o nivel em que se observa

o comportamento. Enquanto os traços de superfície podem ser descobertos através de métodos

subjetivos, como perguntar às pessoas a quais características da personalidade elas pensam que

são conectadas; para descobrir os traços de origem são necessários procedimentos estatísticos

refinados da análise fatorial.

Traços de superfície - expressam comportamentos que, em um nível superficial, podem parecer

conectados, mas que, de fato, nem sempre variam (aumentam e diminuem) juntos e que não

necessariamente possuem uma causa comum.

Traço de origem - expressa uma associação entre comportamentos que variam em conjunto para

formar uma dimensão unitária e independente da personalidade. Esses traços de origem

representam os elementos constitutivos da personalidade.

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4.2.2. Forças motivacionais

Embora Cattell estivesse interessado na consistência do comportamento e na estrutura da persona­

lidade, ele também se concentrava no processo e na motivação. Como nos traços anteriores, seus

esforços para determinar os traços dinâmicos, as fontes motivacionais do comportamento,

envolveram uma ênfase na análise fatorial.

Ergs - São traços originais, constitucionais, permanentes, que fornecem energia para o

comportamento dirigido a um objetivo. Os ergs são unidades de motivação inatas básicas, fontes de

energia inatas para todos os comportamentos. Exemplos de Ergs são a segurança, o sexo e a

autoasserção.

Sentimentos - são traços originais moldados pelo ambiente, os quais motivam o comportamento;

atitudes, interesses e emoções dirigidos a uma pessoa, a alguma coisa ou a um evento. Exemplos de

sentimentos são a religião, a carreira e o autossentimento.

Em geral, as atividades envolvem o esforço para satisfazer muitos motivos, e esforços para satisfazer

sentimentos são feitos a serviço dos ergs ou objetivos biológicos mais básicos.

4.2.3. Estados e Papéis

O modo como uma pessoa se comporta em um determinado momento depende dos traços e das

variáveis m otivacionais relevantes para aquela situação. Além disso, na teoria de Cattell, dois outros

conceitos são fundam entais na tentativa de explicar a variabilidade no comportamento - estados e

papéis (Pervin e John, 2004):

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iiiw iw iw in iiiiniMiimurin rTiTn f T rtiT riiim T n rx rr -TTiT iin n i n mi m iiiiTr r tr m n tT n T n i^ ^ n n i i r~m.............................................................................

Estados - mudanças emocionais e de humor, que são parcialmente determinadas pelo poder

provocativo de situações específicas. Como exemplos de estados, temos a ansiedade, a depressão,

a fadiga, a excitação e a curiosidade.

O comportamento em uma determinada situação não pode ser previsto apenas a partir de traços,

sem levar em conta se a pessoa está brava, cansada, com medo, e assim por diante.

Papéis - expressam o fato de que os mesmos estímulos são percebidos de forma diferente por um

indivíduo, de acordo com o seu papel na situação. Certos comportamentos estão mais intimamente

••
ligados a situações ambientais do que a maioria dos fatores de personalidade. Como exemplos têm-

se os costumes e preceitos.

Embora Cattell considerasse que os fatores da personalidade conduzem a certo grau de estabilidade

no comportamento em situações diferentes, ele também acreditava que o humor (estado) da pessoa

e a maneira como ela se apresenta em uma determinada situação (papel) influenciam o seu

comportamento. Assim, Cattell sugere que, enquanto os traços delineiam padrões de ação estáveis e

gerais, a descrição exata de um indivíduo, em uma determinada situação, exige a medição de traços

e estados.

4.2.4. M étodos de pesquisa

Cattell distinguiu três métodos de estudo da personalidade - bivariado, m ultivariado e clínico

(Pervin e John, 2004):

Método bivariado - adota o modelo experimental clássico das ciências físicas, o qual utiliza duas

variáveis, uma variável independente - que é manipulada pelo pesquisador - e uma variável

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dependente - que é medida para observar os efeitos das manipulações experimentais. O interesse

está em identificar e isolar cada parte do fenômeno.

Método m ultivariado - investiga as inter-relações entre muitas variáveis de uma vez. No modelo

multivariado, o investigador não manipula as variáveis. Ao invés disso, o pesquisador permite que a

vida faça os experimentos e( então, utiliza métodos estatísticos para extrair dimensões significativas

e conexões causais. O método da análise fatorial ilustra o método multivariado.

Método clínico - utilizado para o estudo dos padrões complexos de comportamento conforme

ocorrem na vida, mas as variáveis não são avaliadas de maneira sistemática. O pesquisador estuda

comportamentos importantes, à medida que eles ocorrem e também busca regras para o

funcionamento do organismo total.

Tanto o método bivariado quanto o método multivariado estão comprometidos com o rigor científico.

A diferença entre eles é que, no método bivariado, os pesquisadores limitam a sua atenção a

poucas variáveis que possam ser manipuladas, enquanto que, nos métodos multivariados, os

experimentadores consideram muitas variáveis, da maneira como elas existem em uma situação

natural.

Do mesmo modo, tanto o clínico quanto o pesquisador que utiliza o método multivariado estão

interessados em eventos globais e em compreender a personalidade total, buscando identificar

padrões complexos de comportamento, conforme eles ocorrem na vida e permitindo que a própria

vida seja a fonte de manipulação experimental. A diferença entre o clínico e o pesquisador

multivariado é que, enquanto o primeiro utiliza a intuição para avaliar as variáveis e a memória para

registrar eventos, o último utiliza procedimentos de pesquisa sistemáticos e análises estatísticas.

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Os métodos clínico e multivariado são próximos entre si e separados do método bivariado. Cattell

considerou que o método multivariado combina as qualidades desejáveis dos métodos bivariado e

clínico.

4.2.5. Fontes de dados

Cattell distinguiu três fontes de dados: dados da história de vida (dados L), dados de questionários

(dados Q), e dados de testes objetivos (dados OT):

Dados L - incluem dados objetivos de eventos da vida e avaliações feitas por pares e observadores.

Relacionam-se com o comportamento em situações cotidianas reais, como o desempenho escolar ou

interações com pares. Eles podem ser relatos verdadeiros de comportamentos ou avaliações feitas

com base nessas observações.

Dados Q - envolvem dados de autoavaliação ou respostas a questionários, como os inventários de

personalidade.

Dados OT - envolvem pequenas situações comportamentais em que o sujeito não está ciente da

relação entre a resposta e a característica da personalidade que está sendo medida.

Embora seus principais esforços de pesquisa tenham envolvido o uso de questionários (16 P.F.

Questionnaire), ele tentou demonstrar que os mesmos fatores aparecem com o uso de avaliações e

testes objetivos. Segundo Cattell, os traços de origem, conforme expressos em testes objetivos, são a

"moeda verdadeira” da pesquisa da personalidade. Os resultados de pesquisas com dados L e dados

Q foram importantes para conduzir o desenvolvimento de pequenas situações de teste; ou seja, o

propósito era desenvolver testes objetivos que mediriam os traços de origem já descobertos.

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4.2.6. Modelo de 16 Fatores

Conforme visto ao longo deste tópico, Cattell fundamentou sua teoria em análises fatoriais de

descrições de personalidade obtidas através de entrevistas, questionários e avaliações entre pares.

Confere-se a Cattell o mérito pelo desenvolvimento de uma metodologia que possibilitou agrupar de

forma objetiva centenas de descritores de traços.

O desenvolvimento deste modelo partiu da abordagem léxica, a qual utiliza os descritores

encontrados na linguagem natural das pessoas como fonte para identificar as principais

características da personalidade humana (Garcia, 2006). Sua pesquisa resultou em um modelo

baseado em 16 fatores, sendo operacionalizado por meio do instrumento Sixteen Personality Factor

Questionaire (16PF):

Expansividade Inteligência Estabilidade Afirmação

Emocional

Preocupação Consciência Desenvoltura Brandura

Confiança Imaginação Requinte Apreensão

Abertura a novas Autossuficiência Disciplina Tensão

experiências

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4.3. A T eoria de Três Fatores ou de T raço B io ló g ico de Hans E ysenck

Pesquisador de grande destaque e autor de uma ampla quantidade de artigos, Eysenck propôs um

modelo da personalidade que tem como características definidoras: a descrição hierárquica do

componente temperamental da personalidade, em termos de traços específicos e mais as três

dimensões gerais de psicoticismo, extroversão e neuroticismo. Apesar da ênfase no temperamento,

Eysenck propõe que o comportamento observado é uma função da interação entre fatores biológicos

e o ambiente ao qual o indivíduo está exposto. Elaborou ainda uma série de testes escritos para

medir as diferenças individuais nessas dimensões, bem como deixou um modelo bem estruturado

que permite testes experimentais de hipóteses derivadas.

4.3.1. Conceito de personalidade

Para Eysenck (1976) a personalidade é a organização mais ou menos estável e persistente do

caráter, temperamento, intelecto e físico do indivíduo, que permite o seu ajustamento único ao meio.

Com esta definição, ele enfatiza a noção de sistema, estrutura ou organização. O termo caráter diz

respeito a um sistema pessoal mais ou menos estável de comportamento conativo - vontade.

Temperamento é o sistema mais ou menos duradouro de comportamentos afetivos - emoção.

Intelecto é o sistema mais ou menos duradouro de comportamentos cognitivos - inteligência. Físico é

o sistema mais ou menos duradouro da configuração corporal e seus atributos neuroendócrinos.

O modelo proposto por Eysenck se diferencia dos demais, ao sugerir a existência de uma cadeia

causal em que o substrato biológico (temperamento) é responsável pelas diferenças individuais em

dimensões da personalidade. O comportamento resulta da posição da pessoa nessas dimensões,

combinada com as circunstâncias às quais ela está exposta. Deste modo, o comportamento reflete

uma interação entre as tendências da pessoa e as forças ambientais.

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Assim, o estudo da personalidade proposto por Eysenck apresenta dois aspectos interligados a

serem considerados: (1) descritivo ou taxonômico - enfoque sobre o estabelecimento de unidades a

serem usadas para resumir as maneiras pelas quais os indivíduos diferem; (2) elementos causais -

reconhecimento do papel crítico exercido pela aprendizagem e pelas forças ambientais, mas com

enfoque sobre o papel determinante e causal desempenhado pelos fatores biológicos (Hall, Lindzey e

Campbell, 2000).

4.3.2. Traços, tip o s e análise fatorial

Eysenck formulou a diferenciação entre traço e tipo. Um traço diz respeito a um conjunto de

comportamentos relacionados que covariam ou incidem juntos repetidamente. Um tip o é um

construto de ordem superior ou supraordenado, incluindo um conjunto de traços correlacionados.

Ambos os conceitos se referem a dimensões contínuas; a diferença é que um tipo é mais geral e

inclusivo (Hall, Lindzey e Campbell, 2000).

O instrumental utilizado por Eysenck na mensuração e no desenvolvimento de uma classificação de

traços é a técnica estatística da análise fatorial. Em uma pesquisa analítico-fatorial, um grande

número de itens é aplicado a diversos participantes. A análise fatorial pressupõe que os

comportamentos que covariam no indivíduo estão relacionados. Quando as variáveis covariam, ou

seja, se elas aparecem e desaparecem conjuntamente, pode-se inferir que possuem alguma

característica comum e que pertencem ao mesmo aspecto do funcionamento da personalidade.

De acordo com a teoria de traços, existem estruturas naturais na personalidade e, através da análise

fatorial, é possível identificá-las, bem como organizá-las em grupos ou fatores de itens relacionados

(Pervin e John, 2004). Os fatores de traços resultantes podem, então, ser interpretados e nomeados,

levando-se em conta a característica que parece comum aos itens ou comportamentos considerados

inter-relacionados.

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Através de outra análise fatorial (secundária), Eysenck determinou as dimensões básicas subjacentes

aos fatores de traços encontrados na rodada inicial da análise. Essas dimensões representam fatores

secundários ou superfatores.

4.3.3. Modelo tridimensional da personalidade

Eysenck foi um dos primeiros psicólogos da personalidade a se interessar pelas bases biológicas dos

traços da personalidade. Em sua pesquisa inicial, Eysenck identificou duas dimensões básicas de

personalidade, que chamou de introversão-extroversão e neuroticismo (emocionalmente estável-

instável). Após a ênfase inicial em apenas duas dimensões, Eysenck adicionou uma terceira

dimensão, que chamou de psicoticismo. A existência das dimensões tem fundamento biológico, ou

seja, todas as pessoas possuem um grau maior ou menor de extroversão, neuroticismo e

psicoticismo. Contudo, a posição ocupada pela pessoa em cada dimensão é resultado da interação

entre predisposição biológica, aprendizagem e fatores ambientais.

4.3.3.1. Extroversão - Introversão

A dimensão introversão-extroversão representa uma importante organização de diferenças

individuais no funcionamento comportamental. Eysenck sugeriu que variações individuais na

dimensão estão enraizadas em diferenças herdadas de funcionamento neurofisiológico e

secundariamente em fatores ambientais.

Diversos estudos têm evidenciado que a dimensão extroversão-introversão aparece de maneira

consistente em estudos interculturais e que as diferenças individuais são estáveis com o tempo.

Estes achados atestam a base biológica para as dimensões.

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As diferenças entre pessoas introvertidas e extrovertidas podem ser descobertas através do uso da

análise fatorial e de medidas através do uso de questionários e de procedimentos de laboratório. As

bases biológicas para a dimensão “extroversão - Introversão” são descritas da seguinte forma:

Introversão - os indivíduos com este temperamento se caracterizam por uma disposição a serem

quietos, reservados, reflexivos e de evitarem riscos. Esta tendência é explicada pela alta estimulação

cortical. o que faz com que formem melhores respostas condicionadas. Pessoas introvertidas são

mais facilmente estimuladas pelos eventos e aprendem proibições sociais com mais facilidade.

Existem evidências de que os introvertidos são mais influenciados por punições, enquanto apren­

dem. Segundo Eysenk, as respostas condicionadas são em parte responsáveis pela produção de

desordens neuróticas, pois estas são respostas emocionais condicionadas; consequentemente, os

introvertidos podem ser encontrados entre os neuróticos.

Extroversão - as pessoas com este temperamento se caracterizam por uma disposição a serem

sociáveis, simpáticas, impulsivas e a correr riscos. Estas pessoas se condicionam muito pouco,

porém, o comportamento socializado, segundo Eysenck, se deve largamente a respostas

condicionadas adquiridas na infância, através da aprendizagem, por meio de um sistema de

recompensas. Os extrovertidos podem ser encontrados com padrões de comportamento talvez não

muito aceitos peia sociedade.

4.3.3.2. Neuroticismo

Eysenck sugere que a existência de diferenças individuais nessa dimensão é decorrente de uma

diferença herdada no funcionamento do sistema nervoso. Individuos altos em neuroticismo

respondem rapidamente ao estresse e, uma vez que o perigo tenha desaparecido, demoram mais

tempo para sair do estado de estresse, quando comparados com indivíduos emocionalmente estáveis

(baixo neuroticismo).

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A dimensão do neuroticismo é definida por traços como tenso, mal-humorado e baixa autoestima. As

pessoas com níveis altos de neuroticismo tendem a ser emocionalmente instáveis e frequentemente

reclamam de preocupações e ansiedade, assim como de dores no corpo (por exemplo, dores de

cabeça, problemas estomacais, tonturas).

4.3.3.3. Psicoticismo

Embora se saiba menos sobre a base para a dimensão do psicoticismo, Eysenck sugeriu uma asso­

ciação, em particular uma associação relacionada com a masculinidade. Esta dimensão diz respeito à

tendência a condutas impulsivas, agressivas ou de baixa empatia. Pessoas altas em psicoticismo

tendem a serem frias, egocêntricas e irresponsáveis, mas também são mais criativas, objetivas,

realistas, competitivas, originais e críticas.

4.4 A Teoria dos C in co G randes Fatores de Paul Costa & R obert McCrae

A partir da análise fatorial dos traços presentes nos principais questionários e inventários de

personalidade, independentemente da teoria que os tenha fundamentado (Hutz et al., 1998), Robert

McCrae e Paul Costa desenvolveram o modelo empírico dos Big Five ou Cinco Grandes Fatores

(dimensões) da personalidade (Schultz & Schultz, 2004) o qual propõe a existência de traços básicos

de personalidade, independente da cultura.

4.4.1. A Hipótese Léxica

O Modelo dos Cinco Grandes Fatores emprega os adjetivos mais frequentemente utilizados por

pessoas de determinada cultura para descrever a si mesmas com base no léxico local. A hipótese

léxica propõe que uma determinada palavra é criada para expressar uma necessidade. Deste modo,

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os cinco fatores se referem a informações fundamentais que geralmente se busca obter sobre as

pessoas com as quais se vai interagir (Hutz, 1998).

Goldberg (1981) afirma que os cinco fatores sugerem que o desenvolvimento da linguagem, em

diferentes sociedades, expressa a preocupação em obter cinco conjuntos de informações a respeito

da pessoa com a qual se vai interagir, ou seja, se a pessoa é:

(1) Ativa e dominante ou passiva e submissa

(2) Socialmente agradável ou desagradável

(3) Responsável ou negligente

(4) Louca, imprevisível ou normal, estável

(5) Esperta ou tola, aberta a novas experiências ou desinteressada por tudo aquilo que não diz

respeito à experiência do cotidiano.

4.4.2. Ancoramento biológico

Esse modelo propõe que as causas dos traços devem ser buscadas na biologia, e não no

ambiente. Seu argumento é o de que por haver apenas uma espécie humana, as características

biológicas são universais, apenas com variações menores. De modo semelhante, todos os seres

humanos têm disposições a serem extrovertidos ou responsáveis, que diferem apenas em grau. As

diferenças nos graus dos traços dependem das “adaptações características”, conforme veremos a

seguir.

O modelo dos Cinco Grandes Fatores (CGF) sustenta que traços com base biológica interagem a

cada instante com o ambiente social para orientar nosso comportamento. Além das

“tendências básicas” (incluindo os traços), o modelo propõe uma categoria de adaptações

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psicológicas que são aprendidas a partir da experiência, incluindo hábitos, atitudes, habilidades e os

aspectos internalizados dos papéis e das relações. Todos esses são nomeados como “adaptações

características”. Elas são adaptações porque são adquiridas em resposta a pressões e

oportunidades no ambiente imediato do indivíduo (fenômenos condicionados culturalmente, buscas

e atitudes pessoais), mas também são características porque refletem a natureza da pessoa

(McCrae, 2006, Pervin & John, 2004).

4.4.3. Postulados teóricos

O modelo foi elaborado tendo como alicerces, além das pesquisas empíricas, alguns postulados,

dentre os quais se destacam:

Postulado do desenvolvim ento - “os traços se desenvolvem durante a infância e atingem a forma

madura na idade adulta; depois disso, ficam estáveis em indivíduos cognitivamente intactos"

(McCrae, 2006, p.215).

Postulado da Plasticidade - “as adaptações características mudam com o passar do tempo em

resposta à maturação biológica. Às mudanças do ambiente ou à intervenção deliberada” (McCrae,

2006, p. 215)

4.4.4. Os C inco Grandes Fatores

Os Cinco Grandes Fatores têm sido nomeados em língua portuguesa como:

1. Amabilidade ou Socialização

2. Extroversão X Introversão

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3. Consciência, Conscienciosidade ou Realização

4. Neuroticismo X Estabilidade Emocional

5. Abertura para novas experiências

As nomenclaturas aplicadas aos fatores Realização (Conscienciosidade) e Socialização

(Amabilidade) variam a depender do autor, mas as características descritas são as mesmas. Todos

os fatores são avaliados em continuum do maior ao menor grau. Compreende-se que cada um destes

fatores significa:

Estabilidade Em ocional X N euroticism o: está relacionado ao nível crônico de ajustamento

emocional e à instabilidade. Alto escore identifica indivíduos propensos ao sofrimento psicológico,

com tendência a ideias não realistas, ansiedade, depressão, hostilidade, impulsividade, autocrítica,

vulnerabilidade, baixa tolerância a frustrações e respostas de coping não adaptativas, enquanto que

indivíduos mais equilibrados emocionalmente apresentam escores mais baixos nesse fator,

A bertura para novas experiências: refere-se à disposição para se ter novas experiências e a

comportamentos exploratórios. Pessoas com alto escore tendem a ser imaginativas, criativas,

curiosas, divertem-se com novas ideias e com valores não convencionais; pessoas com baixo escore

tendem a ser convencionais nas suas crenças e atitudes, conservadoras nas suas preferências,

rígidas em suas crenças, dogmáticas e menos responsivas emocionalmente.

Socialização (Am abilidade): refere-se aos tipos de interação, sendo uma dimensão interpessoal,

que se estende da compaixão ao antagonismo. Pessoas com escores altos tendem a ser bondosas,

generosas, afáveis, altruístas e prestativas. São ávidas para ajudar os outros e acreditam que a

maioria das pessoas é assim. Por outro lado, as pessoas com baixo escore nesse fator tendem a ser

cínicas, irritáveis, não cooperativas, podendo ser manipuladoras, vingativas e implacáveis.

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Realização (Consciência): representa o grau de persistência, controle, organização e motivação

para alcançar objetivos. Escores altos neste fator indicam pessoas organizadas, decididas,

confiáveis, pontuais, trabalhadoras, perseverantes, ambiciosas e escrupulosas. Em contrapartida,

escores baixos indicam pessoas não confiáveis, preguiçosas, descuidadas, hedonistas e negligentes.

Extroversão X Introversão: relaciona-se à quantidade e intensidade das interações interpessoais,

nível de atividade, capacidade de alegrar-se e necessidade de estimulação. Pessoas com escore alto

em extroversão tendem a ser ativas, otimistas, afetuosas, falantes e sociáveis, enquanto pessoas

com escore baixo apresentam tendências à introversão, sendo reservadas, sóbrias, quietas,

indiferentes e independentes.

Os instrumentos para avaliação da personalidade no Modelo CGF têm frequentemente utilizado

escalas do tipo Likert. Este formato permite contemplar um continuum entre dois polos do mesmo

traço, favorecendo o acesso a características de indivíduos, tanto com alto como com baixo resultado

em cada escala.

Assim, como demonstrado no quadro 2, no traço abertura, por exemplo, que avalia a atividade

proativa, tolerância e exploração do que não é familiar, um indivíduo pode apresentar um alto

resultado e ser descrito como curioso, criativo e original, ou localizar-se em um dos pontos

intermediários com escores medianos, ou ainda ter um baixo resultado, sendo descrito como

convencional, não artístico e de interesses limitados.

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Quadro 2: Os cinco grandes fatores de traços e as escalas ilustrativas (Pervin & John, 2004)

Características do Características do indivíduo que


indivíduo que apresenta Escalas de traços apresenta um resultado baixo
um resultado alto

AMABILIDADE (A)1
Generoso, bondoso, Cínico, rude, desconfiado, não-
confiante, prestativo, Avalia a qualidade da orientação cooperador, vingativo, inescrupuloso,
clemente, crédulo, honesto. interpessoal do indivíduo ao longo de irritável, manipulador.
um contínuo da compaixão ao
antagonismo em pensamentos,
sentimentos e ações.

EXTROVERSÃO (E) Reservado, sóbrio, contraído,


Sociável, ativo, falante, indiferente, orientado para as tarefas,
orientado para as pessoas, Avalia a quantidade e intensidade de desinteressado, quieto.
otimista, divertido, afetuoso. interações interpessoais, nível de
atividade, necessidade de
estimulação, e a capacidade de
alegrar-se.

CONSCIÊNCIA (C)2
Organizado, confiável, Sem objetivos, não-confiável,
trabalhador, auto- Avalia o grau de organização, preguiçoso, descuidado, negligente,
disciplinado, pontual, persistência, e motivação do indivíduo relaxado,
escrupuloso, asseado, no comportamento dirigido para os fraco, hedonístico.
ambicioso, perseverante. objetivos.
Compara pessoas confiáveis e
obstinadas com aquelas que são
apáticas e descuidadas.

NEUROTICISMO (N) Calmo, descontraído,


Preocupado, nervoso, não-emotivo, forte,
emotivo, inseguro, Avalia ajustamento versus seguro, auto-satisfeito.
inadequado, hipocondríaco. instabilidade emocional. Identifica
indivíduos propensos a perturbações
psicológicas, ideias irrealistas,
necessidades ou ânsias excessivas e
respostas mal-adaptadas.

Curioso, interesses amplos, ABERTURA (0) Convencional, sensato, interessas


criativo, original, imaginativo, limitados, não-artístico,
não-tradicional. Avalia a atividade proativa e a não-analítico.
apreciação da experiência por si só,
tolerância e exploração do que não é
familiar.

1 Socialização
2 Realização

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Apesar de ter adquirido grande destaque no campo científico e na área de recursos humanos, esta

teoria ainda tem pouco destaque nos concursos públicos e passou a ser cobrada nos certames há

pouco tempo. Em termos de concursos públicos, o mais importante é saber identificar quais são os

Cinco Grandes Fatores e suas características.

Após a exposição de tantas ênfases e teorias, buscando uma síntese, destacamos como ponto

relevante o fato de que a realidade central à qual todas as teorias da personalidade respondem é o

reconhecimento de que a pessoa que cada um de nós se torna é função da história distintiva de vida

que parece nos conduzir a continuar agindo de maneira característica. Esta continuidade não

pretende sugerir que o comportamento é imutável, ou que o ciclo vital é mapeado no início da vida.

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Questões Gabaritadas

QUESTÃO 01. Uma teoria psicanalítica da personalidade tem como objetivo principal:

(A) a análise dos comportamentos individuais;

(B) a descrição e classificação dos sentimentos e emoções;

(C) a compreensão da motivação das ações humanas;

(D) a determinação dos componentes genéticos na constituição dos indivíduos;

(E) o estudo dos aspectos psicopatológicos da personalidade;

QUESTÃO 02. Sobre os sonhos, Freud nos ensina a reconhecê-los como:

(A) realização de desejo;

(B) acontecimento após fato traumático;

(C) elaboração inconsciente em busca de felicidade;

(D) possibilidade de substituição da pulsão de morte pela pulsão sexual.

QUESTÃO 03. A fase em que o menino descobre a inexistência do pênis na menina e,

incrédulo, rejeita a visão da vagina, consolando-se com a ideia de que, quando a menina

crescer, também ela desenvolverá um pênis, é chamada de:

(A) oral;

(B) anal;

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(C) fálica;

(D) latência;

(E) oral-sádica.

QUESTÃO 04. A fase libidinal na qual o menino, vivamente interessado por seu pênis,

passa a investigar tudo o que se relaciona com ele é chamada de:

(A) oral;

(B) fálica;

(C) genital;

(D) de latência;

(E) anal-sádica.

QUESTÃO 05. Na obra de Freud encontramos a primeira e a segunda tópica se referindo à

estruturação do aparelho psíquico. Na primeira tópica o aparelho psíquico é denominado:

(A) id, ego( superego;

(B) inconsciente, pré-consciente, ego;

(C) id, ego idéal, superego;

(D) inconsciente, pré-consciente, consciente.

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QUESTÃO 06. De acordo com Freud, na sua segunda tópica, o aparelho psíquico foi dividido

nas seguintes instâncias:

(A) id, ego, e superego;

(B) ego, ego idéal e superego;

(C) id, idéal do ego e superego;

(D) inconsciente, consciente e pré-consciente.

QUESTÃO 07. O ego desenvolve-se a partir do:

(A) id;

(B) superego;

(C) ego idéal;

(D) idéal do ego;

QUESTÃO 08. As funções psicológicas fundamentais do homem, dentro da teoria junguiana,

são:

(A) imaginação, caráter, sensação;

(B) pensamento e sentimento;

(C) sombra, ego e superego;

(D) introversão, extroversão e neuroticismo;

(E) pensamento, sentimento, sensação e intuição.

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QUESTÃO 09. São conceitos da teoria de Cari Jung:

(A) inconsciente coletivo e arquétipo;

(B) id, ego e superego;

(C) condicionamento e reforçamento;

(D) conserva cultural e valência.

QUESTÃO 10. De acordo com Jung, cada uma das principais estruturas da personalidade se

refere ao arquétipo, o que inclui:

(A) id, ego e superego;

(B) consciente, inconsciente ancestral e símbolo;

(C) persona, ego, sombra, anima e Self,

(D) inconsciente coletivo e símbolo.

QUESTÃO 11. Márcia, que tem 16 anos de idade e é filha de pais separados, mora com a mãe

e a avó. Ultimamente, ela vem apresentando um quadro de ansiedade, com intenso medo de

sair de casa, de ficar sozinha, inclusive; só o fato de pensar nessa possibilidade desencadeia

crise de falta de ar e taquicardia, associada com intenso tem or de morrer. Nos momentos em

que sente falta de ar e taquicardia, ela solicita que a levem ao pronto-socorro de imediato,

porém, em todas essas ocasiões, nenhuma causa orgânica é identificada. Sua mãe relata que

há um ano Márcia decidiu parar de estudar, mostrando desejo de mudar de país. Nos últimos

meses, Márcia tem passado grande parte do tempo fazendo companhia a uma prima de sua

idade em tratamento oncológico e muito deprimida, a quem Márcia vem tentando ajudar.

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Com base na situação hipotética acima apresentada e nas diferentes teorias da

personalidade, julgue os itens a seguir.

( ) De acordo com a teoria psicanalítica, Márcia apresenta uma estrutura neurótica, manifestada

por uma demanda de amor. Essa estrutura neurótica impõe restrições em sua vida, como a limitação

no seu ir e vir e uma tentativa de não confrontar-se com as perdas inerentes à sua fase de vida.

( ) CERTA ( ) ERRADA

( ) Segundo a teoria comportamental, os medos de Márcia têm propriedades negativamente

reforçadoras, uma vez que a enviam para o pronto-socorro, onde ela recebe atenção e é retirada de

suas responsabilidades escolares, por exemplo.

( ) CERTA ( ) ERRADA

( ) Com base na teoria analitica de Jung, Márcia tem um forte complexo materno, cuja

personalidade é dominada pelas figuras femininas de sua convivência, sua mãe e sua avó, que

estão sempre determinando suas concepções de vida.

( ) CERTA ( ) ERRADA

QUESTÃO 12. Contemporâneo e inicialmente seguidor das teorias de Freud, Alfred Adler (1870

- 1937) distanciou-se da psicanálise clássica ao criar suas próprias teorias da personalidade,

que ficaram conhecidas como Psicologia Individual. Considerando a teoria da personalidade

de Adler, é correto afirmar que:

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(A) o “protesto masculino” surge na impossibilidade de mudança de um papel passivo e feminino para

outro, ativo e masculino;

(B) o “complexo de inferioridade” explica a incapacidade de superação de pessoas portadoras de

fraquezas orgânicas graves;

(C) a “luta pelo poder” é a expressão da hostilidade do homem para com o próximo e da

destrutividade com relação ao meio;

(D) o “poder criador do S e /f é limitado pelos aspectos inconscientes do Ego e do Superego e pela

luta por superioridade;

(E) um aspecto importante do “interesse social” é o desenvolvimento do comportamento cooperativo,

traço básico do indivíduo saudável.

QUESTÃO 13. A idéia de estima positiva incondicional foi abordada por:

(A) Abraham Maslow;

(B) Alfred Adler;

(C) Carl Rogers;

(D) Erick Erikson.

QUESTÃO 14. Na concepção de Rogers, a noção de pessoa é:

(A) de um ser único;

(B) de um ser inconsciente;

(C) de um ser multideterminado;

(D) de um ser não-ser.

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QUESTÃO 15. Na terapia centrada no cliente, de Cari Rogers, a compreensão da personalidade

depende, principalmente, da:

(A) interpretação de material onírico;

(B) explicitação do campo fenomenal do cliente;

(C) dissolução de zonas de tensões cristalizadas no plano corporal;

(D) interpretação simbólica do discurso do cliente;

(E) elucidação de experiências recalcadas;

QUESTÃO 16. As teorias da personalidade podem ser agrupadas em famílias que

compartilham certas características. Assim, as teorias estruturais:

(A) observam a maneira pela qual a pessoa percebe a realidade e experiência em seu mundo.

(B) focalizam as diferentes tendências comportamentais que caracterizam os indivíduos.

(C) enfatizam os motivos inconscientes e o conflito intrapsíquico resultante.

(D) enfatizam a base aprendida das tendências de resposta, privilegiando o processo de

aprendizagem.

(E) enfatizam os motivos inconscientes e os problemas de aprendizagem resultantes.

QUESTÃO 17. Na dinâmica da personalidade de Kurt Lewin, o conceito de valência significa

um:

(A) tipo de energia que realiza o trabalho psicológico.

(B) estado de uma região intrapessoal relativo a outras regiões intrapessoais.

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(C) condição fisiológica ou intenção de realizar ou cumprir algo.

(D) propriedade conceituai de uma região do ambiente psicológico para a pessoa.

(E) força de potência suficiente para agir sobre a pessoa.

QUESTÃO 18. A instância psíquica que se desenvolve a partir das regras de condutas

ensinadas pelos pais sendo definido como herdeiro do Complexo de Édipo, pois constitui-se

da internalização das exigências e interdições parentais, representando, assim, todas as

restrições morais, é:

(A) superego;

(B) id;

(C) ego;

(D) inconsciente coletivo.

QUESTÃO 19. Considerando as Teorias da Personalidade, relacione a coluna superior com a

inferior

I - Psicanalitica

II - Humanista

III - Biológica

( ) Enfatiza as experiências internas, os pensamentos e os sentimentos que criam o

autoconceito.

( ) A neuroquímica desempenha nela importante papel.

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( ) As desordens psicológicas originam-se de lembranças reprimidas e instintos.

( ) Descreve a personalidade, e não a explica.

( ) Considera mecanismos de defesa.

A sequência correta é:

(A) I III I II III.

(B) II I II II III.

(C) II III I II I.

(D) III II I I II.

(E )íll III I II II.

QUESTÃO 20. Nas Teorias da Personalidade vários teóricos conceituaram as emoções:

I. “ A emoção é a principal fonte de consciência’'.

II. “ As emoções são as vias para o alívio da tensão e a apreciação do prazer” .

III. “ A emoção da simpatia é a mais pura expressão de interesse social e revela um grau em

que podemos relacionar com os outros” .

IV. “ O indivíduo só se liberta de uma emoção bloqueada experenciando-a de forma plena” .

V.“ As emoções são nossa própria vida... as emoções são a própria linguagem do organismo” .

Pela ordem das formulações, identifique os respectivos teóricos:

(A) Freud, Jung, Perls, Reich e Adler.

(B) Perls, Freud, Adler, Reich e Jung.

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(C) Jung, Freud, Adler, Reich e Perls.

(D) Adler, Freud, Jung, Reich e Perls.

(E) Jung, Reich, Freud, Perls e Adler.

QUESTÃO 21. (TRE-GO/2004) A respeito da formação da personalidade, julgue os itens a

seguir.

I. A principal diferença entre as várias teorias explicativas do desenvolvimento da

personalidade é o pressuposto teórico que fundamenta os conceitos e processos assumidos

em cada uma delas.

II. Ao contrário do que ocorre em outras abordagens, a teoria comportamental descarta a

possibilidade da contribuição biológica para o desenvolvimento da personalidade, exceto para

o desenvolvimento da personalidade borderline.

III. A herdabilidade, na formação de traços psicológicos, refere-se a aspectos da personalidade

que permanecem imutáveis quando variam as condições ambientais.

IV. Com o processo do envelhecimento, as personalidades das pessoas tornam-se muito

semelhantes.

V. Os pais, biológicos ou não, são elementos determinantes na formação da personalidade da

criança.

Estão certos apenas os itens

(A) I e III.

(B) I e V.

(C) II e IV.

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( D ) lle V .

(E) III e IV.

QUESTÃO 22. No que se refere às teorias da personalidade, numere a segunda coluna de

acordo com a primeira, levando em consideração o papel do terapeuta:

1a Coluna 2a Coluna

1 - A Psicanálise ( ) Serve como modelo de uma pessoa autêntica, oferecendo ao cliente um

relacionamento através do qual este pode testar sua própria realidade.

2 - 0 Behaviorismo ( ) Tem o papel de ajudar o paciente a relembrar, recuperar e reintegrar

materiais, comunicando-lhe que este pode dizer-lhe tudo o que lhe vem à

cabeça, mesmo que lhe seja desagradável falar, que lhe pareça sem

importância ou absurdo.

3 - A . Perspectiva ( ) Age como um catalisador que ajuda o paciente a passar pelos pontos da

Centrada na Pessoa fuga e do impasse e a perceber como ele se interrompe, evita a

conscientização, desempenha papéis, etc.

4 - A Gestalt Terapia ( ) Oferece ao paciente uma sessão não ameaçadora, tratando os sintomas

diretamente, não sendo estes usados como vias de acesso para a

investigação da perspectiva existencial do paciente.

A sequência correta, de cima para baixo, está contida em:

(A) 1, 2, 3, 4.

(B) 4, 3,2, 1.

(C) 3, 1 ,4 ,2 .

(D) 2, 3, 1,4.

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QUESTÃO 23. As etapas evolutivas na formação da personalidade da criança não são

estanques e nem de uma progressão absolutamente linear - antes, elas se transformam,

superpõem e interagem permanentemente entre si. Os diferentes momentos evolutivos deixam

impressos no psiquismo aquilo que Freud denominou de pontos de fixação, em direção aos

quais eventualmente qualquer sujeito pode fazer um movimento de regressão. Os pontos de

fixação formariam-se a partir de uma exagerada

(A) gratificação ou frustração de uma determinada zona erógena.

(B) resistência a fazer vir à tona lembranças esquecidas.

(C) frustração gerada a partir de uma experiência de abuso sexual.

(D) repressão que o ego faz de toda percepção que cause algum sofrimento.

(E) reação comportamental negativa (RCN).

QUESTÃO 24. De acordo com as Teorias da Personalidade, pode se afirmar:

(A) As teorias experienciais dão ênfase à realidade percebida.

(B) As teorias psicodinâmicas enfatizam as diferentes tendências comportamentais que caracterizam

os indivíduos.

(C) As teorias de Cattell e de Murray enfatizam os movimentos inconscientes e os conflitos

intrapsiquicos resultantes.

(D) As teorias de Cari Rogers e de Abraham Maslow fazem parte do grupo que dá ênfase à estrutura.

(E) Às teorias psicológicas sociais de Alfred Adler, Erich Fromm, Karen Horney e Herry Stack Sullivan

fazem parte do grupo que dá ênfase à aprendizagem.

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QUESTÃO 25. Entre todos os teóricos da personalidade esse era o que mostrava maior

indiferença pelas variáveis estruturais, ele também reconheceu que algumas atitudes podem

ter base inteiramente genética, de modo que a experiência não tem nenhum efeito sobre elas.

Empregou uma série de conceitos que poderiam ser chamados de dinâmicos ou motivacionais

para explicar variabilidade das atitudes do sujeito humano em situações de outra forma

constantes. Tentava controlar as atitudes indesejáveis pela manipulação do ambiente de uma

maneira determinada por suas técnicas. A teoria de personalidade de que resulta o trabalho do

teórico descrito acima é denominada teoria

(A) com porta mental.

(B) psicanalitica.

(C) da Gestalt.

(D) de Cari Rogers centrada na pessoa.

QUESTÃO 26. Assinale a opção correta acerca das teorias da personalidade.

(A) De acordo com Erikson, a personalidade se desdobra gradualmente, e certamente há mudanças

com o passar do tempo e com a experiência. Além disso, a compreensão da nossa natureza pode ser

incompleta e ilusória, como propõe Freud.

(B) O ponto mais discordante entre as teorias da personalidade é a concepção de que o que a

pessoa se tornou em função da sua história de vida a conduz a continuar agindo de acordo com

certas características.

(C) Agir de determinada forma segundo sua personalidade quer dizer que o comportamento é

imutável e que o curso de vida da pessoa é inteiramente mapeado em idade muito inicial.

(D) A mensagem das teorias da personalidade é a de que a avaliação que a pessoa tem do mundo

em que vive e sua resposta a ele é determinada pelo meio em que se vive.

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QUESTÃO 27. Jung descreveu dois estados da mente humana. Um pouco abaixo da

consciência estaria o inconsciente pessoal e em um nível abaixo deste estaria o inconsciente

coletivo. O inconsciente coletivo contém

(A) o consciente, mas que foi esquecido ou suprimido.

(B) equivalência com a dimensão do id, proposta por Freud.

(C) um conjunto de complexos que definem uma personalidade menor dentro da personalidade total.

(D) as experiências herdadas das espécies humanas e pré-humanas.

(E) a persona, máscara que o indivíduo usa e que gera a criação de um complexo devido à

preocupação com algumas idéias que, por sua vez, influencia o comportamento social.

QUESTÃO 28. A Terapia Cognitiva concebe a personalidade como:

(A) moldada por crenças centrais ou esquemas superiores que desenvolvem-se cedo na vida, os

quais resultem de experiências pessoais e influências dos pais e da sociedade, constituindo a base

para a codificação, categorização e avaliação das experiências ao longo do curso da vida, sendo que

os problemas psicológicos são decorrentes de processos tais como aprendizagem falha, inferências

incorretas e falta de diferenciação adequada entre a imaginação e a realidade.

(B) um processo de individuação ou autodesenvolvimento, no qual o indivíduo transforma-se em si

próprio, um ser único e homogêneo, processo este de desenvolvimento da totalidade do eixo ego-

Self, fazendo um movimento em direção à amplitude da liberdade.

(C) uma composição de expressões diretas de instintos do organismo, acreditando que os métodos

psicanalíticos de interpretação e associação livre constituíam uma fuga de experiência direta do

material interpretado e associado, sendo, portanto, métodos de auto-exploração ineficientes e, via de

regra, ineficazes.

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(D) composta por quatro componentes do intelecto: um impulso para a compreensão, que pode ser

chamado de curiosidade ou necessidade de competência; um intelecto “axiomático”, que é a

capacidade de entender relações lógicas; o conhecimento empírico, que é o aspecto relacionado com

coisas e eventos externos; e um intelecto “desenvolvido", que é uma forma mais elevada do impulso

original para a compreensão.

(E) uma coleção de padrões de sentimentos, em que situações diferentes evocam variados padrões

de respostas, sendo que cada resposta individual é baseada apenas em experiências prévias e na

história genética, uma vez que o eu é definido pelo comportamento subjetivo e, muitas vezes, não

observável.

QUESTÃO 29. Personalidade é definida por B. F. Skinner como

(A) um conjunto de padrões de reforçamento.

(B) a visibilidade das causas de seu comportamento.

(C) padrões de aprendizagem de homens e animais.

(D) uma série de padrões de emoções como resposta

(E) uma coleção de padrões de comportamento.

QUESTÃO 30. A teoria hum anista da personalidade defende que som os positivam ente

m otivados e progredim os em direção a níveis mais altos de funcionam ento, ou seja, que a

existência humana não sig n ifica som ente lidar com co n flito s ocultos, sendo que os psicólogos

hum anistas enfatizam o potencial das pessoas para:

(A) se desenvolverem em direções indesejadas, mesmo com condições de vida razoáveis.

(B) viverem objetivamente suas vidas no momento futuro.

(C) pensar em como se sentiram ou agiram no passado.

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(D) crescer e mudar.

(E) se deixarem influenciar negativamente.

QUESTÃO 31. (TJDFT/2008) Em cada item a seguir, julgue a correção da associação proposta

entre reconhecidos teóricos da personalidade e grandes categorias de teorias da

personalidade.

( ) Freud, Carl Jung, Alfred Adler: teorias psicodinâmicas.

( ) Henry Murray, Raymond Cattell, Carl Rogers: teorias estruturais.

( ) Skinner, Kurt Lewin, Albert Bandura: teorias experienciais.

( ) George Kelly, John Watson, Gordon Allport: teorias da aprendizagem.

QUESTÃO 32. (CHESF/2007) Para um dos principais teóricos da personalidade -

Sigmund Freud os chamados mecanismos de defesa são processos realizados pelo

ego e são inconscientes. Nos conceitos, identifique pela ordem os mecanismos de

defesa operados pelo ego para proteger o aparelho psíquico:

I. “ Ocorre a supressão de uma parte da realidade e o indivíduo não vê, não ouve o que

ocorre, e ao ficar invisível altera e deforma o sentido do todo.”

II. “ O ego procura afastar o desejo que vai em determinada direção,e, para isto, o

indivíduo adota uma atitude oposta a esse desejo.”

III. “ O ego coloca a razão a serviço do irracional e utiliza para isto o material fornecido

pela cultura, ou mesmo pelo saber científico.”

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Marque a alternativa correspondente à ordem dos mecanismos de defesa apresentados

anteriormente:

(A) Inversão, identificação, regressão.

(B) Recalque, formação reativa, racionalização.

(C) Regressão, recalque, racionalização.

(D) Projeção, formação reativa, recalque.

(E) Denegação, regressão, formação reativa.

QUESTÃO 33. (BANCO DA AMAZÔNIA/ 2006) A teoria da personalidade de Jung dá ênfase aos

processos inconscientes, como a teoria da personalidade de Freud, mas difere desta em um

notável aspecto: para Jung, o comportamento humano é condicionado não apenas por sua

história individual e racial (causalidade), mas também por suas metas e aspirações

(teleologia). A teoria Junguiana se distingue também de todas as outras abordagens à

personalidade pela forte ênfase nas fundações raciais e filogenéticas da personalidade, as

quais são arcaicas, primitivas, inatas, inconscientes e provavelmente universais.

( ) CERTA ( ) ERRADA

QUESTÃO 34. (ELETRONORTE/2006) Considerando as oito fases do desenvolvimento

emocional humano postuladas por Erik Erikson (1902 - 1994) em sua Teoria da

Personalidade, é correto afirmar que:

(A) o adulto jovem deverá enfrentar o conflito psicossocial entre a intimidade e o isolamento;

(B) o conflito entre produtividade e inferioridade é próprio da fase do adulto jovem;

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(C) o conflito entre iniciativa e culpa marca a fase da adolescência;

(D) a fase da velhice é marcada pela crise entre estagnação e desesperança;

(E) o sucesso na resolução da crise autonomia X vergonha caracteriza a adolescência saudável.

QUESTÃO 35. (Instituto Federal de Educação - SCI 2009) Alfred Adler, em contraste com Freud

e sua ênfase sobre conflito intrapsíquico inconsciente, via as pessoas como entidades

biológicas unificadas e singulares, todas cujos processos psicológicos encaixam-se e

justificam um estilo de vida individual. Com base em seus conhecimentos sobre a teoria da

personalidade de Adler, analise as proposições:

I. Adler postulou um princípio de dinamismo: cada pessoa está direcionada ao futuro e se

move em direção a uma meta. Uma vez que a meta é estabelecida, o aparelho psiquico molda-

se em direção à obtenção desta meta.

II. Conforme Adler, os sentimentos de inferioridade são a fonte de toda a luta humana. O

sentimento de inferioridade é uma conseqüência inevitável do tamanho da criança e da sua

falta de poder, seja em comparação aos adultos, seja em comparação a outras crianças.

UI. Na visão de Adler, o homem age por força das pulsões, as forças motivadoras que

impulsionam o comportamento e determinam o seu rumo. O termo alemão, designado por

Adler, para este conceito é trieb.

IV. Adler refere-se ao termo “ poder criativo do id” para expressar a necessidade do ser

humano desenvolver um padrão singular de características, comportamentos e hábitos.

Sobre as proposições, pode-se afirmar que:

(A) Apenas II e III são corretas.

(B) Apenas I, 111 e IV são corretas.

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(C) Apenas I e li são corretas.

(D) I, II, III e IV são corretas.

QUESTÃO 36. (Pref. de Barra Mansa - RJ / 2010) A teoria kleiniana apresenta uma contribuição

própria e importante sobre o desenvolvimento do indivíduo. Em relação ao tema é correto

afirmar que:

(A) na teoria kleiniana, o sentimento de inveja é construído a partir da experiência pós-natal do bebê,

não podendo se dizer que existam diferenças individuais significativas no momento do nascimento;

(B) a posição depressiva precede à posição esquizo-paranoide;

(C) a posição depressiva é caracterizada pela identificação projetiva, relações de objeto parciais e

ansiedade persecutória sobre a sobrevivência do Self;

(D) a fixação na posição depressiva pode levar a transtornos psicóticos;

(E) a capacidade de reparação tem papel central na avaliação do potencial de saúde de um indivíduo.

QUESTÃO 37. (Fundação CASA - SP/ 2010) A teoria humanista da motivação hierarquiza as

necessidades. No topo da pirâmide, apresenta-se a necessidade de

(A) satisfação biológica.

(B) segurança.

(C) saúde.

(D) bem-estar físico.

(E) autorrealização.

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QUESTÃO 38. (EAOT Aeronáutica - Psicologia Clínica / 2010) Sobre a teoria de Rogers, informe

se é verdadeiro (V) ou falso (F) o que se afirma abaixo e depois assinale a alternativa que

apresenta a seqüência correta.

() Para a pessoa aberta à experiência, todo estímulo que se origina dentro do organismo ou do

meio ambiente se transmite livremente através do sistema nervoso, sem ser distorcido por um

mecanismo de defesa.

( ) Para Rogers, a forma como o indivíduo se comporta depende principalmente das condições

advindas da realidade externa, também conhecida como campo fenomenal.

( ) Para Rogers, o sujeito avalia uma experiência positiva ou negativamente segundo a

valorização atribuída por outros, e não porque a experiência gratifica ou fracassa na

gratificação ao seu organismo.

( ) Na terapia centrada na pessoa o cliente descobre que, à medida que se exprime de modo

mais livre, à medida que faz corresponder mais intimamente o caráter superficial das relações

com as atitudes flutuantes que lhes estão subjacentes, podem renunciar a certas atitudes

defensivas e ouvir verdadeiramente o outro.

(A) V - F - F - F .

(B) F - V - V - F .

(C) V - F - V - V .

(D) F - F - F - V .

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QUESTÃO 39. (Instituto Federal de Educação - SCI 2009) Psicólogo alemão, Kurt Lewin,

nasceu em 1890 e é conhecido como sendo o autor responsável pela Teoria de Campo.

Segundo esta teoria:

I. O comportamento das pessoas resulta de um conjunto de fatores que coexistem no ambiente

em que essa pessoa desenvolve a sua atividade, conjunto de fatores este que inclui a família, a

profissão, o trabalho, a política, a religião, dentre outros.

II. A interpretação subjetiva que cada pessoa faz acerca das outras pessoas, das coisas e dos

fenômenos que em cada momento constituem o seu ambiente traduzem-se em valências, isto

é, tomam um determinado valor.

III. O campo psicológico constitui o próprio espaço de vida do indivíduo, definindo a forma

como este percebe e interpreta o ambiente externo que o rodeia.

IV. A inter-relação entre os fatos e eventos cria um campo dinâmico. Este campo dinâmico,

corresponde aos padrões organizados de comportamentos e percepções do indivíduo em

relação a si e ao seu ambiente.

Considerando as afirmações, assinale a alternativa correta:

(A) Apenas I e II são verdadeiras.

(B) I, II, III e IV são verdadeiras.

(C) Apenas III é verdadeira.

(D) Apenas III e IV são verdadeiras.

QUESTÃO 40. (Especialista CFP - Psicologia Clínica/ 2004) De acordo com a concepção de

Perls, um dos teóricos da Gestalt, o conjunto de comportamentos motores e verbais expressos

e que são facilmente observáveis e verificáveis é chamado de

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(A) persona.

(B) couraça.

(C) infraego.

(D) esquema.

(E) caráter.

QUESTÃO 41. (EAOT Aeronáutica - Psicologia Organizacional / 2011) Na Teoria da Hierarquia

das necessidades, Maslow descreve uma hierarquia que inclui necessidades físicas, sociais e

psicológicas. O esquema das necessidades, na ordem do nível mais baixo para o mais alto, é:

(A) Estima / Segurança / Associação / Autorrealização / Fisiológica

(B) Segurança / Estima/ Fisiológica/ Associação/ Autorrealização

(C) Autorrealização / Associação / Estima / Segurança / Fisiológica

(D) Fisiológicas / Segurança / Associação / Estima / Autorrealização

QUESTÃO 42. (Instituto Federal de Educação - SC/ 2009) Jacob Levy Moreno, psiquiatra e

psicossociólogo, nasceu em Bucareste no ano de 1889. Criou o psicodrama, a sociometria e a

psicoterapia de grupo.

Na visão de Moreno:

I. O comportamento é resultante de um acúmulo de energia psíquica que busca um meio de

descarga.

II. O homem é um ser inacabado em constante desenvolvimento e, fundamentalmente um ser

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em relação, capaz de transformar a si mesmo.

III. O aspecto central da personalidade é formado pelo núcleo do “ eu” que, por sua vez, é

formado por estruturas básicas inatas e experiências de vida incorporadas ao psiquismo.

IV. Os homens são co-criadores do universo por meio da liberação de sua espontaneidade e

criatividade.

Pode-se afirmar:

(A) Apenas II está correta.

(B) Apenas III e IV estão corretas.

(C) I, II, III e IV estão corretas.

(D) Apenas II, III e IV estão corretas.

QUESTÃO 43. (Instituto Federal de Educação - PEI 2010) A abordagem behaviorista de Skinner

traz alguns conceitos chaves para a compreensão de seus pressupostos.

Nesse sentido, observe as seguintes descrições de alguns termos apontados por Skinner:

I. Evento que afeta os sentidos do aprendiz.

II. Evento que resulta no aumento da probabilidade da ocorrência de um ato que

imediatamente o procedeu.

HL Arranjo de uma situação para o aprendiz, na qual a ocorrência de reforço é tornada

contingente à ocorrência imediatamente anterior de uma resposta a ser aprendida.

IV. Processo de modelar e manter por suas conseqüências um (determinado) comportamento

particular.

Assinale a alternativa que identifica, corretamente, os termos correspondentes.

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(A) 1- estímulo; II - reforço; III - contingência de reforço; e IV - condicionamento respondente

(B) I - reforço; II - condicionamento operante; III - contingência de reforço; e IV - estímulo

(C) I - estímulo; II - reforço; III - contingências de reforço e IV - condicionamento operante

(D) I - reforço; II - contingência de reforço; III - estímulo e IV - condicionamento operante

(E) I - estímulo; II - contingência de reforço; III - reforço e IV - condicionamento respondente

QUESTÃO 44. (ESAEX - CFO 2008) Bandura propõe que uma maneira fundamental dos

humanos adquirirem habilidades e comportamentos é observar o comportamento dos outros.

A aprendizagem observacional, ou modelação, é governada pelos processos de:

(A) atenção, retenção, produção e motivação.

(B) atenção, imitação, retenção e produção.

(C) atenção, intuição, produção e motivação.

(D) atenção, indução, produção e motivação.

(E) atenção, consolidação, produção e motivação

QUESTÃO 45. (SEPAG/ DF - 2010) Allport propôs-se estudar a personalidade com enfoque nos

traços que a compõe. Para esse autor, um traço pode ser definido como

(A) formas distintas e duradouras de se reagir ao meio.

(B) expressões diferentes ao mesmo estímulo ambiental.

(C) formas constantes e duradouras de se reagir ao ambiente.

(D) expressões alternadas diante de situações complexas do meio.

(E) formas aleatórias de reação a estímulos do meio ambiente.

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QUESTÃO 46. (AGECOM - GO/ 2010) O modelo dos cinco fatores constitui atualmente a

concepção de personalidade mais disseminada no meio de pesquisa (Costa; Mccrae, 1992;

Digman, 1990). Marque a alternativa que indica os cinco fatores.

(A) Extroversão, estabilidade emocional, abertura às experiências, amabilidade e caráter

consciencioso.

(B) Extroversão, estabilidade emocional, abertura às experiências, amabilidade e idade.

(C) Introversão, estabilidade emocional, abertura às experiências, amabilidade e caráter

consciencioso.

(D) Introversão, instabilidade emocional, abertura às experiências, amabilidade e caráter

consciencioso.

(E) Introversão, instabilidade emocional, abertura às experiências, afabilidade e caráter

consciencioso.

QUESTÃO 47. (Aeronáutica/ EAOT - 2010) De acordo com a teoria de Melanie Klein, indique a

opção que completa corretamente a lacuna da assertiva a seguir

Na p o s iç ã o ____________________, a ansiedade predominante é a de que o objeto ou objetos

perseguidores entrarão no ego e dominarão e aniquilarão tanto o objeto ideal quanto o eu.

(A) ansiógena

(B) depressiva

(C) esquizo-paranóide

(D) psicótica

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QUESTÃO 48. (Aeronáutica/ EAOT - 2010) A personalidade do indivíduo, para Erikson, se

desenvolve através de uma sequência de estágios marcados por crises dominantes que

necessitam ser superadas. Cada crise tem como referência pares sociais que auxiliam na

integração e diferenciação da posição psicossocial, enfatizando o papel determinante do

contexto social no desenvolvimento humano. Face ao exposto, analise as assertivas e assinale

a alternativa que aponta a(s) correta(s).

I. A confiança básica se estabelece durante o estágio sensorial, a medida que a criança se

desenvolve e se familiariza com as experiências sensoriais, começa a se identificar com as

pessoas responsáveis pelo seu cuidado.

II. O estágio da diligência X inferioridade coincide com a educação forma escolar, a qual

promove o contato da criança com a realidade, obrigando>a a lidar com a imaginação do

estágio anterior frente as regras da realidade. O interesse pelo brincar da lugar ao interesse

por situações produtivas e pelo manejo de instrumentos utilizados para trabalhar.

III. A preocupação em orientar e investir na geração seguinte caracteriza o estágio da

Generatividade X Estagnação. Essa transmissão de valores sociais é uma necessidade para o

desenvolvimento dos indivíduos e da sociedade. A força que gera a preocupação com a

continuidade, a generatividade, inclui a preocupação com a geração de novos seres, novos

produtos e ideias, proporcionando o desenvolvimento da virtude do cuidado com as pessoas e

pela criação humana.

IV. A integridade refere-se ao um senso de coerência que certamente corre um risco frente ao

finitude e a perda das capacidades físicas, psíquicas e sociais. Nesta fase o sujeito é

confrontado com o seu próprio ciclo de vida, após ter cuidado da continuidade da sociedade

por meio do cuidade de pessoas, produtos e ideias e de ter se adaptado aos sucessos e

fracassos da existência.

(A) Apenas I, II e III estão corretas.

(B) Apenas I, III e IV estão corretas.

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(C) Apenas II, III e IV estão corretas.

(D) I, II, III e IV estão corretas.

QUESTÃO 49. (Aeronáutica/ EAOT - 2011) Assinale a alternativa que completa corretamente a

lacuna da assertiva a seguir.

_______ enfatizava a importância da relação entre mãe e filho, a qual afeta o senso de S e ife m

evolução da criança. O bebê provavelmente terá uma personalidade saudável se a mãe

satisfizer as necessidades de amor deste bebê, o que chamou de atenção positiva.

(A) Sigmund Freud

(B) Carl Rogers

(C) Melanie Klein

(D) Carl Jung

QUESTÃO 50. (Aeronáutica/ EAOT - 2011) Para Cari Rogers, as pessoas plenamente funcionais

ou psicologicamente saudáveis apresentam as seguintes características, exceto

(A) mente aberta para aceitar qualquer tipo de novas experiências.

(B) tendência a viver plenamente no passado.

(C) capacidade para se orientar pelos próprios institutos.

(D) alto grau de criatividade.

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Gabarito

01 - c 11 - W F 21 - B 31-CEEE 41 - D

02 - A 12- E 22 - C 32- B 42- D

03-C 13 - C 23-A 33- C 43- C

04-B 14 - A 24- A 34 - A 44- A

05-D 15 - B 25 - A 35- C 45- C

06- A 16 - B 26- A 36- E 46- A

07 - A 17 - D 27- D 37- E 47- C

08- E 18 - A 28 - A 38- C 48- D

09 - A 19 - C 29- E 39- B 49- B

1 0 -C 20-C 30- D 40- E 50- B

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