Universidade Federal de Santa Catarina
Centro Sócio Econômico
Ciências da Administração
Logística e Cadeia de Suprimentos
Prof. Allan A. Platt
Alunos: Omar Niekiforuk, Thalia Freitas
Matrículas: 20102315, 20101156
Logística do Comércio Exterior
1 Definição e Objetivos
O conceito de logística evoluiu ao longo do tempo e a sua
aplicação dentro comércio exterior, adaptando a dinâmica da
logística para o cenário internacional. Logística internacional é
o processo de planejar, implementar e controlar o fluxo de
armazenagem de mercadorias, serviços e informações
envolvidas no processo, desde o ponto inicial até o ponto final,
de consumo, já em outro país. A logística internacional atua de
forma paralela para clientes estrangeiros e fornecedores, com
sua principal função se concentrando no movimento físico das
mercadorias, incluindo atividades como liberação na alfândega,
controle de documentos e embalagem internacional. (DAVID;
STEWART, 2010).
Apesar de serem ramos autônomos da ciência, a logística
internacional e o comércio exterior são áreas que na prática
estão interligadas. Seus objetivos acabam unindo as duas áreas,
pois buscam atingir comerciantes ao redor do globo levando
produtos de maneira eficiente e competitiva. Os profissionais de
comércio exterior acabam tendo que lidar com os
procedimentos documentais enquanto os profissionais de
logística acabam lidando com os procedimentos físicos, algo
que efetivamente une as duas áreas. (SCHIMANSKI, 2014).
2 Evolução
A partir do século XVII, com o surgimento dos
Estados-Nação, a distinção entre comércio interno e externo se
tornou mais bem definida. O comércio realizado por um país
além de suas fronteiras territoriais passa a ser chamado de
comércio exterior. Mas é a partir da revolução industrial e a
criação do trem o do barco a vapor que que o comércio e a
logística são facilitados, trazendo grande desenvolvimento nos
séculos seguintes. Posteriormente tivemos o avanço da indústria
automobilística e finalmente, no início do século XX, temos
uma integração definitiva entre países com a criação do avião.
(RAZZOLINI FILHO, 2009; SCHIMANSKI, 2014; SOUZA;
FERLIN, 2014).
Porém, a Segunda Guerra Mundial foi determinante para a
evolução e desenvolvimento da logística dentro do comércio
exterior. Ainda durante a Segunda Guerra Mundial, os países
consideraram a importância de liberalizar e regular o comércio
internacional estimulando o crescimento econômico e social.
Ainda tivemos o processo de globalização, aumentando a
necessidade de regulamentação. Essa situação resultou na
criação da primeira organização dedicada à logística do
comércio exterior, conhecida como Acordo Geral de Tarifas e
Comércio (GATT), que posteriormente evoluiu para a
Organização Mundial do Comércio (OMC), assim como o
Banco Mundial (Bird) e o Fundo Monetário Internacional
(FMI), que se tornaram os grandes órgãos reguladores desse
sistema. (SCHIMANSKI; MOUSQUER, 2009).
Após um período de crescimento econômico e avanços
tecnológicos, a crise financeira global de 2008 causou impactos
significativos nos países emergentes. Isso se refletiu no
comércio internacional, com uma desaceleração na atividade
econômica. Mais recentemente, a pandemia do novo
coronavírus afetou vários países, especialmente aqueles mais
dependentes de países estrangeiros. A interrupção da cadeia de
suprimentos global e a forte dependência da China resultaram
em falta de suprimentos para muitos países devido ao
fechamento de fábricas na China. Isso causou aumentos nos
preços dos estoques remanescentes de produtos importados,
com commodities essenciais sofrendo com a inflação, mesmo
em um cenário de baixa demanda, resultando em discussões e
novas perspectivas para o futuro da logística e do comércio
exterior. (DAVID; STEWART, 2010; SANTOS; LUZ, 2021).
3 Importância, vantagens e desvantagens
À medida que os sistemas logísticos evoluem, ocorre uma
separação geográfica natural entre consumo e produção. Certas
regiões acabam focando na produção de commodities para as
quais possuem vantagens naturais, exportando para outras áreas
produtoras de forma economicamente vantajosa. Isso segue o
princípio da vantagem comparativa. Quando colocado em nível
global, esse princípio ajuda a explicar o comércio internacional
atual. Sistemas logísticos eficientes permitem que o comércio
mundial aproveite as disparidades na produtividade em
diferentes regiões. As atividades logísticas funcionam como
uma ponte que conecta pontos, superando os desafios de tempo
e distância. (BALLOU, 2006).
As forças econômicas, principalmente com a
desregulamentação global que ocorreu nas últimas décadas, os
acordos de livre comércio, a concorrência externa, a
globalização industrial e as necessidades aprimoradas de
desempenho logístico, elevaram a importância da logística para
a maioria das empresas. Mas, despesas como taxas e impostos
de importação, podem tornar o processo custoso para
exportações. Zonas de livre comércio eliminam essas
desvantagens, beneficiando exportadores e importadores.
(BALLOU, 2006).
Todo o processo da logística internacional segue
regulamentações que são baseadas nas políticas e legislações de
cada país. Essas operações internacionais são mais complexas
por se tratar de distâncias longas, envolvendo culturas e idiomas
diferentes. É necessário se atentar às distâncias e tipos de
transportes, pois necessitam de uso de transporte multimodal. E
ainda existem as barreiras não tarifárias, que referem-se a
questões administrativas ou técnicas. Dentro deste requisitos
podemos citar o estabelecimento de quotas, controles cambiais,
certificações sanitárias, entre outras questões que acabam
dificultando e trazendo obstáculos para as vendas e compras
internacionais e que trazem ainda mais importância para uma
logística internacional bem feita. (SANTOS; LUZ, 2021;
SCHIMANSKI, 2014).
4 Etapas do comércio exterior
Fonte: Ibsolutions
Cadeia de suprimentos, também conhecida como supply
chain, é o caminho que um produto percorre para chegar até o
seu destino. Na logística internacional ela é ainda mais
importante e complexa. É necessário se atentar ao
planejamento, a produção e carregamento, ao embarque, ao
desembarque aduaneiro e entrega, além do fechamento e
conclusão do serviço. Alguns fatores têm ligação direta com a
cadeia de suprimentos internacional, tais como a decisão de
transporte internacional e interno; os procedimentos aduaneiros;
a movimentação portuária/fronteira/aeroportuária; o processo de
importação e distribuição; o nível de serviços logísticos; a
localização dos fornecedores e dos centros de distribuição; e a
decisão de níveis de estoques. (NEUBAUER FILHO, 2013).
Trâmites de Importação: Fatura invoice; Romaneio da carga
ou packing list; Conhecimento de carga; Entrada com a
documentação na alfândega; Registro da declaração de
importação, com retenção dos impostos e taxas; Cadastro
prévio na Receita Federal; Parametrização e definição da forma
de análise; Fiscalização e análise documental; Liberação da
mercadoria. (NEUBAUER FILHO, 2013)
Trâmites de Exportação: Elaboração da Fatura Invoice e
Packing List; Contratação de um agente afretador; Envio da
carga para o entreposto aduaneiro; Elaboração do despacho de
exportação; Pagamento das taxas de exportação; Operação
portuária; Embarque da mercadoria; Trânsito para o exterior;
Aduana no exterior; Liberação da mercadoria/entrega para o
cliente. (NEUBAUER FILHO, 2013)
5 Incoterms
De acordo com o site “ICC Brasil” (2020), os Incoterms,
expressão abreviada de International Commercial Terms,
constituem um conjunto universalmente reconhecido de
diretrizes que são amplamente empregadas em acordos de
compra e venda, tanto a nível nacional quanto internacional,
abrangendo transações que envolvem a comercialização de
produtos. O principal propósito dos Incoterms é estabelecer
clareza nas responsabilidades de compradores e vendedores no
momento da entrega de mercadorias, de acordo com os termos
do contrato, definindo, assim, os encargos financeiros e os
riscos a serem assumidos por cada parte envolvida. Introduzidos
pela primeira vez em 1936, os Incoterms têm desempenhado um
papel vital na assistência a importadores, exportadores,
profissionais do direito, transportadoras, seguradoras e
estudantes da área de comércio internacional por mais de 75
anos. São amplamente reconhecidos pela Comissão das Nações
Unidas para o Direito Comercial Internacional (UNCITRAL)
como o padrão global para a interpretação dos termos
comerciais mais comuns em transações internacionais. Essas
regras passam por revisões decenais, com a versão mais recente,
conhecida como Incoterms 2020, entrando em vigor em 1º de
janeiro de 2020. É importante notar que todos os contratos
celebrados com base nas regras Incoterms 2010 permanecem
válidos após o ano de 2020.
Estes termos desempenham um papel fundamental nas
transações comerciais, sendo utilizados por milhões de
empresas de diversos portes, abrangendo desde multinacionais
até micro, pequenas e médias empresas (SILVA, 2020).
Fonte: SANTANDER, 2019.
6 Tecnologias
Com o uso da TI na SCM existem os seguintes benefícios: i)
compartilhamento de informações instantâneas; ii)
compartilhamento de programas que aumentam a eficiência
operacional; iii) acompanhamento em tempo real, pelo
consumidor, da carga; e iv) desenvolvimento de canais de venda
globais; v) redução dos estoques; e vi) maior flexibilidade.
(DIAS; PITASSI; JOIA, 2003).
A utilização da tecnologia no comércio exterior vem
mudando a forma como as empresas conduzem suas operações
internacionais. A utilização de inteligência artificial permite que
empresas automatizem tarefas repetitivas, como o
preenchimento de formulários de exportação, o que não só
economiza tempo, mas também reduz erros humanos que
poderiam levar a atrasos ou penalizações alfandegárias. Essa
tecnologia também tem ajudado na automatização da tradução
de documentos simplificando a comunicação entre diferentes
partes envolvidas no comércio internacional.(BRANSKI;
LAURINDO, 2009).
Além disso, o rastreamento em tempo real, por meio de
sistemas de GPS e sensores, possibilita um controle mais
preciso das mercadorias em trânsito. Isso não apenas oferece
tranquilidade em relação à localização das remessas, mas
também permite a otimização de rotas e o monitoramento de
condições ambientais, garantindo que os produtos cheguem em
perfeitas condições.(TANG.C.S; VEELENTURF.L.P, 2019).
A análise de dados é outra área em que a tecnologia
desempenha um papel importante no comércio exterior. Com
sistemas avançados de análise de dados, as empresas podem
identificar tendências de mercado, e prever potenciais
problemas logísticos, permitindo uma resposta proativa a
desafios iminentes.(LAUDON, K. C.; LAUDON, J. P, 2007).
7 Referências
BALLOU, Ronald H. Gerenciamento da cadeia de suprimentos/logística
empresarial. 5 ed. Porto Alegre: Bookman, 2006.
BRANSKI, R. M.; LAURINDO, F. J. B. Papel da tecnologia da informação na
integração logística: estudo de caso com operador logístico.,2009.
Coordenação de Embarques de Importação e Exportação. Ibsolutions, 2022
Disponível em:
<https://ibsolutions.com.br/coordenacao-de-embarques-de-importacao-e-exporta
cao/>. Acesso em: 25 de out. de 2023.
DAVID, P.; STEWART, R. Logística Internacional. 2. ed. São Paulo: Cengage
Learning, 2010.
DIAS, R.; PITASSI, C.; JOIA, L. Gestão integrada da cadeia de suprimentos.
Rio de Janeiro: FGV, EBAPE, 2003.
ICC BRASIL. Incoterms®. Disponível em:
https://www.iccbrasil.org/solucoes/incoterms/. Acesso em: 22 set. 2023.
NEUBAUER FILHO, Airton. Logística internacional e aduaneira. 20 ed.
Curitiba: Instituto Federal do Paraná, 2013.
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studies: A systematic review. Disponível
em:https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC7881707/ . Acesso em: 23
set. 2023.
RAZZOLINI FILHO, Edelvino. Transporte e Modais com suporte de TI e SI.
Curitiba: IBPEX, 2009.
SANTOS, Daiany C. dos; LUZ, Giuliana de M. Os impactos do COVID-19 na
logística internacional das indústrias automobilísticas. 2021. 55 p.
(Graduação em Comércio Exterior) - Universidade de Taubaté, Taubaté, 2015.
SCHIMANSKI, Silvana. Comércio exterior e logística internacional: uma
intersecção necessária. In: NASCIMENTO, Natalí; et al (Org.). Logística
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Itajaí, 2014.
SCHIMANSKI, Silvana; MOUSQUER, Maurício. Os subsídios agrícolas no
âmbito da organização mundial do comércio. In: STELZER, Joana; et al (Org.).
Desafios do comércio mundial: sustentabilidade e internacionalização de
empresas. Itajaí: Universidade do Vale do Itajaí, 2009.
LAUDON, K. C.; LAUDON, J. P. Management Information Systems:
managing the digital firm. 8th ed. New Jersey: Prentice Hall, 2007.
TANG, Christopher S; VEELENTURF, Lucas P. The strategic role of logistics
in the industry 4.0 era, 2009.
SILVA, Raquel Alexandra. Os Incoterms 2020 como Fonte de Direito da
Contratação Comercial Internacional. Universidade Católica Portuguesa,
2020.
SOUZA, Bruno M. de; FERLIN, Caroline. Logística para importação
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NASCIMENTO, Natalí; et al (Org.). Logística Aplicada ao Comércio Exterior
Brasileiro. Itajaí: Universidade do Vale do Itajaí, 2014.