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Fisioterapia em Condições Neuro-Músculo-Esqueléticas IV

Tendão
O tendão é um tecido conectivo fibroso localizado entre os músculos e o osso e tem o papel de
transmissão de forças.

A constituição do tendão é 90%


fibroblastos ou tenoblastos ou tenócitos,
10% mastócitos, macrófagos e linfócitos.

Depende um pouco do tendão e da sua função.

 Como se conecta com o músculo?

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 O tendão é vascularizado?

• junção mio tendinosa pelo perimísio

• junção teno-óssea pelo periósteo e o paratendão

• entram no tendão através do endotendão

O fluxo sanguíneo é lento (0,5 ml por 100 g de tecido por minuto) e está concentrado na
superfície externa do tendão.

 Como é inervação de um tendão?

• Os nervos sensitivos são periféricos - no peritendão

• Os nervos que crescem para o interior do tendão são nervos simpáticos

 Pode-se fortalecer um tendão?


 O que acontece a um tendão com patologia?

• Diminuição da quantidade de colagénio tipo I e maiores quantidades de colagénio Tipo III

(menor resistência à tração e forma áreas menos organizadas, possivelmente devido a menos
ligações cruzadas)

• Desorganização das fibras de colagénio e da matiz extracelular

• Aumento do crescimento neovascular e invasão do endotendão

• Aumento da produção de substância P e maior disponibilidade de fibras nervosas P-positivas

• Apoptose, trauma ou exaustão de tenócitos

Não existem apenas alterações locais:

• Alteração da inibição cortical

- maior inibição em pacientes com tendinopatia rotuliano

- mais difícil de contrair (programa motor diz: não uses o quadricípite, não uses o quadricípite)

• Alteração da excitabilidade corticoespinal

- maior aceleração em pacientes com tendinopatia rotuliano

- quando contrai, contrai tudo, não gradua muito bem face ao estimulo

• Alteração do programa motor

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 O que leva à tendinopatia?

- Excesso de carga (forças distensivas, forças compressivas)

- Descarga (perda grande e rápida de organização estrutural e das propriedades mecânicas do


tendão)

- Alteração controlo motor – cadeia cinética (Partilha da carga)

 Teoria Donut

Modelo Continuum da Tendinopatia

• 1. Fase Reativa

• 2. Fase Disruptiva/Reparação Incompleta

• 3. Fase Degenerativa (Irreversível)

- Um tendão pode estar simultaneamente em várias fases

 O que fazer numa fase reativa?

A espessura do tendão é maior em casos de tendinopatia.

▪ o tamanho da porção patológica do tendão é maior

▪ o tamanho da porção boa do tendão também é maior

Possível normalizar a função

Não é um tecido frágil à beira da rotura!

 Em que domínio devemos intervir?

• Uma pessoa com uma função pobre, tem alta probabilidade de ter dor

• Uma pessoa com uma boa função, fica mais protegido de ter dor

• Uma melhoria da função normalmente é acompanhada de menor dor

Intervenção na função

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• Depende da função do tendão e de quais os tipos de cargas/stress que sofre

• Necessário reeducar o tendão em todas as suas funções – diferentes métodos

Tendão com patologia (exemplo: tendão aquiliano)

• Maior volume

• Maior compressão

Necessário avaliar e intervir:

• Função do tendão

• Músculo

• Cadeia cinética (para partilhar a carga)

• Função cerebral - circuitos da dor / ativação/ inibição

• Lado contra-lateral

- São comuns lesões bilaterais

- Pode ter sido consequência da sobrecarga (mecanismo de compensação do contralateral)

- É comum as queixas serem de um lado, mas o outro também já apresentar alterações


estruturais

 Qual o tipo de exercício mais adequado?

Depende da fase

• Isométrico parece melhor para a dor – fase inicial

• Contudo depois é necessário dirigir à função do tendão

• E também ao individuo

- Aquiles de uma idosa (pretende caminhar) – força resistência

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- Aquiles de um atleta sprinter – força potência – elevada acumulação e libertação de energia.

Exercícios isométricos:

• Devem apresentar longa duração

• Devem ser intensos (+/-70%)

• Devem ser adequados ao paciente e à sua condição

- se consegue fazer bicos de pé em pé, faz-se, mas se consegue fazer apenas com apoio
unilateral, faz-se

• Avaliar o efeito imediato para ver se vai ser interessante

• Podem ser dirigidos para casa – autoaplicáveis

 Como saber se podem ser aplicados?

 Será suficiente?

Fases de reabilitação do tendão com carga

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- 1º reduzir a carga

• Diminuir a carga de energia acumulada

• Diminuir a intensidade e volume dos treinos

• Adicionar exercícios isométricos para a dor e para o córtex (SNC)

• Trabalhar as cadeias musculares para distribuir a carga

- 2º aumentar progressivamente a carga

• Até ao nível que os indivíduos precisam

- Reabilitação de tendões do membro inferior

• Falta de força

• Falta de endurance

• Perda de massa muscular

• Dor em cargas que exigem armazenamento e libertação de energia

Não fazer repouso ao tendão!

• Estrutura do tendão fica afetada

• Força musculo-tendinosa é perdida (em 2 semanas)

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• Função da cadeia cinemática afetada

- Pontos chave:

• O tendão é um tecido conjuntivo contínuo

• Vascularização e potencial de recuperação

• Inervação e o processo de dor

• Alterações estruturais presentes numa tendinopatia

• Vários tipos de forças que potenciam a lesão do tendão (compressivas, armazenamento e


libertação de energia, fricção)

• Relação entre função, dor e patologia do tendão

• Teoria do Donut

• Modelo Continuum da Tendinopatia: suas fases e implicações na reabilitação

• Avaliação e intervenção nos domínios da estrutura, função, atividades e participação


(centrada no paciente)

• Estádios de intervenção no tendão

• Papel dos exercícios isométricos no tendão

• Como desenhar um plano de reabilitação?

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