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ESTUDO DA COMUTAÇÃO

Introdução
 Nos capítulos anteriores as fontes de tensão foram consideradas ideais,
entretanto as fontes de tensão reais possuem impedância interna, influenciando na
operação das estruturas.

 Origens: - Impedâncias das linhas de alimentação;


- Impedâncias dos geradores;
- Impedâncias dos transformadores,
- Impedâncias colocadas intencionalmente.

 Objetivo: Estudo das estruturas retificadoras e inversoras não-autônomas.

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ESTUDO DA COMUTAÇÃO

Descrição da Comutação
v1(ωt) Lc D1
- +
iD1
v2(ωt)
Lc D2
- +
v3(ωt) I
Lc D3
+ -

Fig. 4.1 – Retificador trifásico de ponto médio.

Configuração instantânea: v1(ωt) > v2(ωt) > v3(ωt)


 Inicialmente D1 conduz a corrente de carga,
 D2 e D3 encontram-se bloqueados.
Assim, no instante ωt < ωt0 ⇒ i D1 (ωt ) = I .
Para: ωt = ωt0 ⇒ Diodo D2 entra em condução.

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ESTUDO DA COMUTAÇÃO

Descrição da Comutação
v1(ωt) Lc D1
- + i D1
v2(ωt)
Lc D2
- +
i D2
I
v3(ωt) Lc D3
+ -
Fig. 4.2 – Retificador trifásico de ponto médio.

Configuração instantânea: v2(ωt) > v1(ωt) > v3(ωt)

 Lc em série com D1 impede que a corrente se anule instantaneamente,


 Intervalo µ (ângulo de comutação), os diodos D1 e D2 conduzem simultaneamente:
Assim: i D1 (ωt ) + i D 2 (ωt ) = I

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ESTUDO DA COMUTAÇÃO

Descrição da Comutação
v1(ωt) Lc D1
- +
v2(ωt)
Lc D2
- +
i D2
v3(ωt) I
Lc D3
+ -
Fig. 4.3 – Retificador trifásico de ponto médio.

Configuração instantânea: v2(ωt) > v1(ωt) > v3(ωt)


 A partir do ângulo ωt = µ, o diodo D2 assume toda a corrente de carga,
 Assim: i D2 (ωt ) = I
Obs.: A corrente de carga é considerada constante durante a comutação.

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ESTUDO DA COMUTAÇÃO

Descrição da Comutação
v1(ωt) Lc D1
- + i1
v2(ωt)
Lc D2
- + i2 +
vL I
v3(ωt) Lc D3 -
+ -
Fig. 4.4 – Retificador trifásico de ponto médio.

Configuração instantânea: v2(ωt) > v1(ωt) > v3(ωt)

 Analisa-se a estrutura a diodo e em seguida os resultados são estendidos


para as estruturas a tiristores.

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ESTUDO DA COMUTAÇÃO

Queda de Tensão na Comutação

v1(ωt) Lc D1
- + i1
v2(ωt)
Lc D2
- + i2 +
vL I
v3(ωt) Lc D3 -
+ -
Fig. 4.4 - Intervalo durante o qual ocorre a comutação (Diodos D1 e D2)

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Queda de Tensão na Comutação


 Durante a comutação, tem-se que:
di 1
v1 = L c + vL (4.1)
dt
di 2
v 2 = Lc + vL (4.2)
dt
 di 1 di 2 
Assim, v 1 + v 2 = L c  +  + 2 vL (4.3)
 dt dt 

Com: i1 + i 2 = I (4.4)

v1 + v 2
Portanto: vL = (4.5)
2

 Equação (4.5) ⇒ Tensão na carga durante a comutação,


 Comutação inicia-se em ωt0 e termina em ωt1.

 Ângulo de comutação u: u = ω t1 − ω t 0 (4.6)

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Queda de Tensão na Comutação

Fig. 4.5 - Tensões e correntes durante a comutação (Diodos D1 e D2).

 Portanto: Durante a comutação vL(ωt) torna-se menor


(em relação à vL(ωt) com ausência da indutância Lc).

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Queda de Tensão na Comutação


 Valor médio da queda de tensão em vL(ωt):
di 2
v Lc = Lc (4.7)
dt
3 ωt 0 + u di 2 3ωLc I
VLc = ∫ L d(ωt ) = ∫ di (4.8)
2π ωt 0 c dt 2π 0 2

3 ω Lc
Portanto: VLc = ⋅I (4.9)

Onde: VLc = Valor médio da queda de tensão durante a comutação.

 Estrutura com m pulsos (m ≥ 3) :


m ω Lc
VLc = ⋅I (4.10)

 Conclusão: O valor médio da queda de tensão é proporcional:
- À corrente média de carga;
- À indutância de comutação,
- Ao número de pulsos.

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Cálculo do Ângulo de Comutação


di 2
v Lc = L c = v2 − vL (4.11)
dt
v + v2
Onde: vL = 1 (4.12)
2
 v1 + v 2  v 2 − v1
Assim: v Lc = v 2 −  = (4.13)
 2  2

Com: v 1 (ωt ) = Vm sen(ωt ) (4.14)


v 2 (ωt ) = Vm sen(ωt − 120 o ) (4.15)
(4.16)

3 Fig. 4.6 - Diagrama fasorial das tensões.


Logo, v Lc (ωt ) = Vm sen(ω t − 150 o )
2 (4.17)

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ESTUDO DA COMUTAÇÃO

Cálculo do Ângulo de Comutação


 Valor médio:
3 ωt 0 + u 3
VLc = ∫ Vm sen(ωt − 150 o ) d(ωt ) (4.18) Onde: ωt 0 = 150
o
2π ωt 0 2
o
3 ⋅ 3 Vm 150 + u
Assim, VLc = ∫ sen (ωt − 150o ) d(ωt ) (4.19)
2π ⋅ 2 150o
3 ⋅ 3 Vm
Obtendo-se: VLc = (1 − cos u ) (4.20)
2π ⋅ 2
3
Com: VLc = ω Lc I (4.21)

 2 ω Lc I 
Logo, u = arc cos 1 −  (4.22) Onde: Vm = 2 Vo (4.23)
 3 Vm 
 2 ω Lc I 
Portanto, u = arc cos 1 −  (4.24)
 3 2 Vo 

 Conclusão: O ângulo de comutação u é proporcional:


- À corrente média de carga,
- À indutância de comutação.

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ESTUDO DA COMUTAÇÃO

Cálculo do Ângulo de Comutação


 Para estruturas com m pulsos (m ≥ 3):

v1 (ωt ) = Vm sen (ωt ) (4.24)


 2π 
v 2 (ωt ) = Vm sen  ωt −  (4.25)
 m
  2π  
Assim: v 2 (ωt ) − v1 (ωt ) = Vm  sen  ωt −  − sen (ωt ) (4.26)
  m 
π
Portanto, v 2 (ωt ) − v1 (ωt ) = 2 Vm sen   sen (ωt − ∆ ) (4.27)
m

Onde: 2π π π π π (4.28)
∆ =( + − )= +
m 2 m 2 m

Fig. 4.7 - Diagrama fasorial para m genérico.

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ESTUDO DA COMUTAÇÃO

Cálculo do Ângulo de Comutação

Fig. 4.8 - Ângulo de comutação.

v 2 (ωt ) − v1 (ωt ) 2 Vm π  π π


Com: v Lc (ωt ) = Logo, v Lc (ωt ) = sen   sen  ωt − −  (4.29)
2 2 m  2 m
 Valor médio da queda de tensão:

m 2 Vm  π ωt 0 + u  π π
VLc = sen   ∫ sen  ωt − −  d(ωt ) (4.30)
2π 2  m  ωt 0  2 m

π π m 2 Vm π
Caso Genérico: ωt 0 = + (4.31) Logo, VLc = ⋅ sen  (1 − cos u ) (4.32)
2 m 2π 2 m
ω Lc I
Portanto: 1 − cos u = (4.33)  Com a equação(4.33) determina-se
2 Vo sen( π m ) u para m genérico (m ≥ 3).

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Ângulo de Comutação para Estruturas a Tiristores


π π
 Neste caso: ωt 0 = α + + (4.34)
2 m
 π π 
 α+ + + u 
m Vm π  2 m   π π
Assim, VLc = sen   ∫ sen  ω t − −  d(ωt ) (4.35)
2π m  π π  2 m
 α+ + 
 2 m

Logo, VLc =
m Vm

sen
π
m
( )
[ cos(α )− cos( u+ α )] (4.36)

m ω Lc I
Onde: VLc =

c ωL I
Portanto, cos (α ) − cos ( u + α ) = 2 V sen ( π m ) (4.37)
o

 Conhecendo-se: α, ω, Lc, I, Vo e m ⇒ Determina-se o ângulo de comutação u.

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ESTUDO DA COMUTAÇÃO

Circuito Equivalente de Saída


 Definindo-se:
-
VLmed = Vα + VLc (4.38)

Onde: VLmed - Tensão média na carga;


VLc - Queda de tensão média devido à comutação,
Vα - Tensão média ideal na carga, para Lc = 0.

2 m Vo π m ω Lc I
Com, Vα = sen   cos( α ) (4.39) VLc = (4.40)
π m 2π

Portanto: V
Lmed =
2 m Vo
sen
π
π
cos( α( )
)
m

m ω Lc I

(4.41)

 Circuito equivalente de saída:


VLc m ω Lc
Onde: Re = (4.42)
+ Re - 2π
+  Considerações Circuito Equivalente:
I
Vα VLmed Carga • Aplicável somente para valores médios;
- • Não tem existência física,
Fig. 4.9 - Circuito equivalente de saída
• Não pode ser utilizado para o cálculo da potência dissipada em Re.
para o conversor.

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ESTUDO DA COMUTAÇÃO

Influência do Transformador
 Reatâncias internas dos transformadores devem ser consideradas no cálculo da tensão de saída.

 Para as estruturas monofásicas, têm-se dois casos a considerar:

a) Número de enrolamentos primários = Número de enrolamentos secundários.

I
Lp Ls

v(ωt) N1 N2

Fig. 4.10 - Conversor alimentado por transformador.

Onde: Lp e Ls : São as indutâncias de dispersão primária e secundária.

 Neste caso: para N1 = N2

Portanto, L c = L p + Ls (4.43)

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ESTUDO DA COMUTAÇÃO

Influência do Transformador
b) Número de enrolamentos secundários ≠ Número de enrolamentos primários.
Ls T1 Ls 2Lp T1
Lp
N2 v(ωt)
v(ωt) N1
I I
N2 v(ωt)
Ls T2 Ls 2Lp T2

Fig. 4.11 - Retificador de ponto médio controlado. Fig. 4.12 - Retificador de ponto médio controlado
- circuito equivalente.

 Neste caso (Fig. 4.11 – com N1 = N2), a indutância primária referida para o secundário é:

L ' = 4L (4.44) Assim, L c = 2 L p + Ls (4.45)


p p

( )
Com: V =
Lc
mωI

Lc =
mωI
2π (
2 L p + Ls ) (4.46) Portanto, VLc =
ω 2 L p + Ls I
π
(4.47)

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ESTUDO DA COMUTAÇÃO

Influência de Lc na Corrente de Entrada do Conversor

Fig. 4.13 - Correntes de entrada dos retificadores.

 Conclusões:
a) A indutância provoca um “arredondamento” da corrente. Conseqüentemente há uma
redução das harmônicas de ordem superior.
b) A componente fundamental da corrente sofre um ligeiro atraso φ1 na presença de Lc.

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ESTUDO DA COMUTAÇÃO

Observações Finais
O ângulo de comutação µ pode vir a ser suficientemente longo para encobrir
uma comutação subsequente (ocorre mais de uma comutação
simultaneamente).
São 3 as possíveis causas:
- Corrente I elevada;
- Indutância Lc elevada,
- Número de pulsos elevado.

 Nestas situações, os modelos aqui deduzidos não são válidos.

Os modelos obtidos valem para as situações em que os conversores


funcionam como Retificadores ou como Inversores não autônomos.

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