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RESPOSTAS DO PROFESSOR NO CORPO DO E-MAIL DO ALUNO

1) Quanto às minhas perguntas, percebi que não consegui explicá-las com


clareza, principalmente a número dois (em suas respostas, a n. 4). O que queria
perguntar sobre a aglutinação dos pronomes dizia respeito à aglutinação dos
pronomes pessoais oblíquos(com verbos bitransitivos, como o verbo dar): to,
mo, lho, etc. (item número 2 do documento).
Repito, então a pergunta:
É frequente a aglutinação dos pronomes oblíquos em textos científicos,
ensaísticos, ou jornalísticos (não textos clássicos)? Podemos considerá-la
opcional, se quisermos manter um estilo mais informal, moderno? Necessito
compreender melhor quando seu uso é aconselhável, obrigatório, ou facultativo;
gostaria de usar tais formas mais constantemente em traduções e revisões, bem
como ensinar alunos estrangeiros a usá-las, mas temo que possa parecer antigo,
forçado, ou até pedante, principalmente se penso na língua falada, mas
tampouco tenho certeza de que sejam formas comuns e bem aceitas em textos
mais atuais.

RESPOSTA. Note, antes de tudo, que a Gramática não é a arte da língua


falada, mas a da língua escrita. Depois, sempre uso tais contrações ou
aglutinações. Mas tudo quanto escrevo ou traduzo é da ordem do científico (em
sentido lato): Gramática, Filosofia, Artes, certa Literatura, etc., ou seja, terrenos
em que tais aglutinações são não só perfeitamente legítimas, mas perfeitamente
convenientes. Reconheço, todavia, que em áreas outras, mais, digamos,
modernas, não seriam tão bem vistas. Por quê? Porque são áreas confinantes
precisamente com o coloquial. Ainda assim, no entanto, diga-se que em
Portugal tais contrações são usadas correntemente no colóquio, na mesma
oralidade. Trata-se, pois, de limitação do português brasileiro.

2) No que se refere à pergunta n. 1, citei o exemplo dos exercícios (ex 14


sobre as aulas 6 e 7), pois foi considerada alternativa correta. Desculpe pela
insistência, mas quero ter certeza de que entendi (é muito importante para mim,
pois, ensinando português a estrangeiros, devo sempre explicar aquilo que
constitui ou não erro, escolha estilística, etc.): podemos dizer que o uso do

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pronome em sua forma tônica não constitui erro, mas é menos apropriada que a
forma átona nesse exemplo. É isso?
ex. 14 (aulas 6 e 7) Deu ênfase aos aspectos espirituais / Deu ênfase a eles.
(alternativa considerada correta).

RESPOSTA. Eu é que talvez não tenha sido claro: o mais apropriado ou


conveniente é Deu-lhes ênfase (ou, com pleonasmo [também conveniente, a
depender do contexto], Deu-lhes ênfase a eles). A construção “Deu ênfase a
eles” (ao menos assim, deslocada de qualquer contexto) não é culta nem
conveniente. – Atente-se, porém, a que o conceito de erro é analógico: não se
pode dizer que constituem erro no mesmo sentido estes três exemplos:
a) “Estrelas verdes mofamos não as”, que nada quer dizer e constitui antes
um problema de psicologia;
b) “Nós vai”;
c) “Deu ênfase a eles”.
Por isso, entrego-me na Suma Gramatical a complexas e detidas distinções
entre o errado, o impróprio, o indevido, o inconveniente, etc. Mas nenhum dos
exemplos postos se encontra no campo da opção estilística, se se tem por baliza
a norma culta. Fora porém da norma culta, que sentido haveria em dizer que
alguma construção é errada? Além de tais considerações, caríssima, não posso
ir. Tudo o mais escapa ao gramático, para cair no âmbito da vontade pessoal.

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