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INTRODUÇÃO

"A Teoria das Colisões explica os choques entre átomos e moléculas presentes em
um meio material e é um fator fundamental para a ocorrência de uma reação química. Ela
foi proposta pelos químicos Max Trautz e William Lewis, no início do século XX, e afirma
que a ocorrência de uma reação química depende de uma colisão (choque efetivo) eficaz
entre as partículas dos reagentes por meio de uma orientação favorável e com uma
energia maior do que a energia mínima (energia de ativação) necessária para a
ocorrência da reação."
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

CONCEITOS

A Teoria da Colisão especifica como devem ocorrer os choques entre as


moléculas dos reagentes para que a reação se processe com maior velocidade. A Teoria
das Colisões diz que, para que uma reação ocorra, a colisão entre as partículas das
substâncias reagentes deve acontecer por meio de uma orientação adequada e com uma
energia maior que a energia mínima necessária para a ocorrência da reação.

Essa energia mínima que deve ser fornecida aos reagentes é denominada Energia de
Ativação (Ea). Sem atingi-la, a reação não ocorre. Quando colocamos duas substâncias
em contato, suas partículas começam a colidir umas com as outras. Nem todas as
colisões são eficazes, isto é, nem todas dão origem a novos produtos. No entanto, as
colisões que rompem as ligações formadas e formam novas ligações, são
denominadas colisões eficazes ou efetivas.

Essas colisões ocorrem de forma adequada: seu choque é frontal geometricamente e


bem orientado. Observe abaixo como isso ocorre:
No choque efetivo as moléculas absorvem a quantidade de energia mínima necessária
(energia de ativação) para a formação do complexo ativado, ou seja, um estado
intermediário (estado de transição) entre os reagentes e os produtos. Nessa estrutura, as
ligações dos reagentes estão enfraquecidas e as dos produtos estão sendo formadas.

Observe uma reação genérica que mostra essa formação do complexo ativado abaixo:

AB + XY → AX + YB

Note que quando ocorre o choque efetivo, forma-se momentaneamente o complexo


ativado, no qual as ligações entre os átomos AB e XY estão se rompendo e as ligações
que unirão os átomos nas moléculas AX e YB estão se formando.

Observe no diagrama que se não for atingida a energia de ativação, não é possível formar
o complexo ativado, pois ela serve como uma barreira energética a ser ultrapassada para
que a reação química ocorra.
Para reações exotérmicas (reações que liberam energia - ?H < 0) e endotérmicas
(reações que absorvem energia - ?H > 0), temos os diagramas:

Assim, a teoria das colisões explica satisfatoriamente a rapidez com que


ocorrem as reações, pois:

FATORES QUE INFLUENCIAM A VELOCIDADE

Um dos fatores que influenciam a velocidade com que uma reação química
processa-se é o contato entre os seus reagentes. Se eles não entram em contato uns
com os outros, a reação não acontece. Sendo assim, esse é um fator determinante para a
ocorrência e a velocidade de uma reação.

O contato entre os reagentes favorece que as moléculas encontrem-se umas com as


outras, havendo colisão entre si (choque entre moléculas), o que promove a formação do
complexo ativado e, consequentemente, dos produtos da reação. Os choques entre as
moléculas devem ocorrer com uma energia mínima para que o complexo ativado seja
formado, a chamada energia de ativação. A teoria que explica esses choques entre as
moléculas dos reagentes é a Teoria da Colisão.

De acordo com a Teoria da Colisão, quando uma molécula de um reagente choca-se com
outra molécula, os átomos de ambas entram em contato entre si, formando uma estrutura
molecular denominada de complexo ativado. Após a formação desse complexo, as
ligações entre alguns de seus átomos são rompidas e os produtos são formados.

Esquema que representa a formação de um produto após a formação do complexo ativado

A teoria da colisão é proposta quando os reagentes estão no estado gasoso, já


que, nesse estado físico, as moléculas apresentam um grau de mobilidade maior. Porém,
essa teoria serve de referência para qualquer tipo de reação, estando os reagentes em
qualquer estado físico. Ela baseia-se na proposta de ocorrência de dois tipos de colisão, a
favorável e a não favorável.
 Colisão favorável (choque eficaz): Nesse tipo de colisão, considera-se que todos
os átomos de uma molécula chocam-se com todos os átomos de outra molécula.
Assim, a formação do complexo ativado e, consequentemente, do produto é mais
rápida, ou seja, a colisão favorável favorece que a reação seja processada com
uma maior velocidade. O esquema a seguir representa uma colisão favorável.
Podemos observar que cada átomo da molécula diatômica da esquerda encontra-
se com cada átomo da molécula diatômica da direita. Assim, temos a formação
mais rápida do produto.

Colisão favorável entre átomos de uma molécula diatômica

 Colisão não favorável (choque não eficaz): Nesse tipo de colisão, nem todos os
átomo da molécula chocam-se com todos os átomos da outra molécula. Podemos
afirmar que os átomos encontram-se de forma gradativa, o que torna a reação mais
lenta. O esquema a seguir representa uma colisão não favorável. Podemos
observar que apenas um átomo da molécula da esquerda encontra-se com um
átomo da molécula da direita. Os outros átomos só se encontram após o primeiro
choque acontecer, o que faz com que a formação do produto ocorra mais
lentamente.

Colisão não favorável entre átomos de uma molécula diatômica

FATORES QUE AMPLIAM A COLISÃO ENTRE AS PARTÍCULAS

 Temperatura: Quando aquecemos o meio reacional, automaticamente o calor é


transferido para as moléculas em seu interior, as quais passam a se deslocar com
uma velocidade maior, por apresentarem mais energia, logo, a frequência das
colisões entre as partículas dos reagentes também é maior.
 Pressão: Quando aquecemos o meio reacional (principalmente se no interior dele
estiverem materiais gasosos), automaticamente a pressão desse meio ficará maior,
ampliando a frequência das colisões entre as partículas dos reagentes.

No estudo dos fatores que interferem na velocidade das reações químicas, os


químicos William Lewis e Marx Trautz propuseram a Teoria das colisões, que explica
como ocorre o rompimento das moléculas dos reagentes e a formação das moléculas dos
produtos de uma reação.

De acordo com a teoria das colisões, para que uma reação química aconteça, é
necessário que as moléculas do reagente sejam expostas a uma violenta colisão, o que
recebe o nome de choque efetivo ou colisão eficaz. Quanto maior for o número de
choques por segundo e maior a violência dos mesmos, maior será a probabilidade de
ocorrer uma reação e maior também será a velocidade com que essa reação química
ocorrerá.

Existem alguns fatores que aumentam a frequência e a violência dos choques entre
as moléculas, aumentando, assim, a velocidade das reações. Entre esses fatores
podemos citar o aumento da temperatura em que a reação é realizada; o estado físico
dos reagentes no momento da colisão; o aumento da pressão; a presença de outras
formas de energia, como a eletricidade e a luz (reações fotoquímicas); o aumento da
concentração dos reagentes; e a participação de agentes catalisadores, que são
substâncias químicas capazes de acelerar uma reação sem serem consumidas no
processo.

No entanto, a frequência dos choques por si só, muitas vezes, não é suficiente para
que a reação ocorra. É preciso, ainda, que as moléculas dos reagentes apresentem uma
orientação adequada no instante da colisão. Um choque de frente, denominado colisão
frontal, é mais eficaz do que um choque “de raspão”, chamado de colisão não frontal.
Essa orientação do choque varia conforme o formato e o tamanho das moléculas de cada
reagente.

Além da frequência dos choques, da violência com que eles ocorrem e da


orientação das partículas no instante da colisão, é necessário, ainda, que as partículas
apresentem uma quantidade suficiente de energia capaz de quebrar as ligações químicas
dos reagentes, para produzir novas substâncias. Esse valor mínimo de energia
necessário para que a reação química aconteça recebe o nome de energia de ativação.
Quando ocorre o choque efetivo entre as partículas, a energia de ativação é
atingida e, com isso, forma-se uma estrutura chamada de complexo ativado. Essa
estrutura é definida como uma fase intermediária, em que as moléculas dos reagentes já
estão unidas, mas os produtos da reação ainda não se formaram. Caso a energia de
ativação não seja alcançada, não haverá a formação do complexo ativado, e,
consequentemente, não ocorrerá a reação química.

EXPLICAÇÃO DA TEORIA DAS COLISÕES

Segunda a teoria das colisões, a energia de ativação atua como uma espécie de barreira,
que deve ser ultrapassada para que ocorra a reação. Isso determina a velocidade com a
qual a reação química acontece: quanto maior for a energia de ativação, maior será a
barreira a ser ultrapassada e, portanto, mais lenta será a reação química. Por outro lado,
quando a energia de ativação é menor, a barreira energética também será menor, a
chance de ocorrer choques efetivos será maior e a reação ocorrerá mais rapidamente.

RESUMO

 Energia de ativação é a energia necessária para a formação do complexo ativado;


 Complexo ativado é um composto intermediário fundamental para a formação do
produto;
 Colisões efetivas são aquelas que ocorrem entre moléculas com orientações
favoráveis para a quebra do máximo de ligações possíveis nos reagentes;

 A temperatura pode aumentar ou diminuir a energia cinética das moléculas e,


consequentemente, os choques entre elas;
 A pressão pode aumentar ou diminuir a energia cinética das moléculas e,
consequentemente, os choques entre elas.

EXERCÍCIOS RESOLVIDOS SOBRE TEORIA DA COLISÃO

Exemplo 1: (Ufla) A velocidade de uma reação química depende:

I. do número de colisões entre as moléculas na unidade de tempo.


II. da energia cinética das moléculas envolvidas na reação.

III. da orientação das moléculas.

Estão corretas as alternativas:

a) I, II e III

b) somente I

c) somente II

d) somente I e II

e) somente I e III

RESOLUÇÃO

A resposta para a questão é a alternativa a, pois:

I. Verdadeira. Quanto maior o número de colisões entre os reagentes, mais ligações


químicas são rompidas e mais rapidamente o complexo ativado e o produto são
formados.

II- Verdadeira. Quanto maior a energia cinética, mais as moléculas chocam-se umas com
as outras.

III- Verdadeira. Quanto melhor é a orientação do choque entre as moléculas, mais


ligações são rompidas.

Exemplo 2: (UFRS) As figuras a seguir representam as colisões entre as moléculas


reagentes de uma mesma reação em três situações.

Dica: A reação em questão é NO2 + CO → NO + CO2

Pode-se afirmar que:

a) na situação I, as moléculas reagentes apresentam energia maior que a energia de


ativação, mas a geometria da colisão não favorece a formação dos produtos.

b) na situação II, ocorreu uma colisão com geometria favorável e energia suficiente para
formar os produtos.
c) na situação III, as moléculas reagentes foram completamente transformadas em
produtos.

d) nas situações I e III, ocorreram reações químicas, pois as colisões foram eficazes.

e) nas situações I, II e III, ocorreu a formação do complexo ativado, produzindo novas


substâncias.

RESOLUÇÃO

A resposta é a alternativa b.

I- Situação demonstra choque eficiente entre as moléculas, pois o maior átomo de uma
molécula colide com mais átomos da outra, mas não resulta em compostos invertidos aos
dos reagentes;

II- Situação de choque eficiente entre as moléculas, pois o maior átomo de uma molécula
colide com mais átomos da outra, resultando em compostos invertidos aos dos reagentes;

III- Situação de choque não muito eficiente, pois o menor átomo de uma molécula choca-
se com o maior átomo da outra, e não todos ao mesmo tempo."
CONCLUSÃO

Finalizando o estudo da cinética química nesta aula, podemos agora entender como as
reações químicas ocorrem em nível atômico, o que nos leva à essência da química. A
partir deste nosso aprendizado, podemos estabelecer um modelo para entender os efeitos
prejudiciais dos poluentes, bem como os processos naturais que influenciam nosso clima.
A cinética química se faz importante na biologia e na medicina porque a saúde representa
um balanço entre um grande número de reações que ocorrem em nosso organismo.
Vários outros problemas do nosso dia-a-dia podem ser resolvidos pelo estudo da cinética
química. O desenvolvimento de catalisadores, por exemplo, é um deles. Desenvolvendo
catalisadores, que são substâncias que fazem com que as reações ocorram mais
rapidamente, podemos solucionar problemas como a fome do mundo e o
desenvolvimento de novos combustíveis.
REFERÊNCIAS

Brown, T. L.; et al. Química, a ciência central. 9 ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall,
2005.

Kotz, J. C.; Treichel Jr, P. M. Química Geral 1 e reações Químicas. 5 ed. São Paulo:
Pioneira Thomson Learning, Trad., 2005.

Atkins, P.; Jones, L. Princípios de Química. Porto Alegre: Bookman, 2001.

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