São conjunto de explicações, de crenças e ideias que são
partilhadas e aceites coletivamente numa determinada sociedade e que são o produto das interações sociais. Sinteticamente, uma representação social é um saber comum a um grupo, aparecendo frequentemente associada ao conhecimento do senso comum. Este saber comum da realidade é um regulador de comportamentos. ELABORAÇÃO DAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS
As representações sociais são indispensáveis nas relações humanas.
Fazem parte do processo de interação social, permitindo aos membros de um grupo comunicarem e de se compreenderem. São também uma forma dos indivíduos explicarem e fundamentarem as suas opiniões e comportamentos. Na formação deste tipo de pensamento estão subjacentes dois processos que funcionam em parceria: a objectivação e a ancoragem. OBJETIVAÇÃO
É o processo através do qual as representações complexas e
abstratas se tornam simples e concretas. No processo de objetivação, alguns elementos são excluídos/esquecidos e outros são valorizados/desenvolvidos de forma a explicar a realidade de modo mais simples, preciso e comunicável. A objetivação envolve também um processo de reagrupamento das ideias e das imagens em torno de um mesmo assunto: : diferenças étnicas, política, saúde, etc.. FASES NO PROCESSO DE OBJETIVAÇÃO
Construção Seletiva – as ideias, crenças, os elementos do objeto de uma
representação são selecionados e descontextualizados. Só uma parte da informação, a mais relevante, é mantida. Esquematização Figurativa – as informações selecionadas são organizadas num “núcleo figurativo” da representação, isto é, convertidas num esquema figurativo simples, concreto, que poderão ser constituídos por imagens. Naturalização – a representação é materializada, isto é, o abstrato torna-se concreto, através de imagens simples e concretas ou metáforas, da associação de ideias ou teorias uma pessoa que a representa. ANCORAGEM
Corresponde ao enraizamento, à assimilação das imagens criadas
pela objetivação na mentalidade coletiva. As novas representações juntam-se às anteriores formando o que alguns autores designam por “universo de opniões”.
Essas representações passam a orientar as relações sociais e os
comportamentos. Uma vez ancorada, uma representação social desempenha um papel de filtro cognitivo, isto é, as informações novas são interpretadas segundo os quadros de representações preexistentes. De referir que a objetivação e a ancoragem funcionam como um todo no processo de apropriação do real.
As representações estão muito marcadas pela cultura, pela sociedade: a
cada época, a cada sociedade, correspondem representações sociais. Convém lembrar que as representações sociais não são homogéneas no interior de uma mesma sociedade: diferentes grupos sociais podem partilhar representações diferentes sobre uma mesma realidade. Podemos concluir que as representações sociais dão sentido ao que pensamos, orientam e regulam o nosso comportamento. Apesar de não termos, muitas vezes, consciência da sua existência, estão subjacentes ao modo como encaramos o mundo e os outros, e, portanto, ao nosso comportamento. FUNÇÕES DAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS
Função de saber - as representações sociais dão uma explicação e um sentido à realidade:
servem para os indivíduos explicarem, compreenderem e desenvolverem ações concretas sobre o real. Função de orientação - a sua função de explicação repercute-se ao nível da ação, ou seja, são um guia de comportamentos. Prescrevem práticas na medida em que precedem o desenvolvimento de uma ação. Função identitária - as representações sociais permitem ao individuo construir uma identidade social, posicionando-se em relação aos grupos sociais de pertença ou não pertença. As representações sociais permitem distinguir o grupo que as produz dos outros grupos. Função de justificação - as representações sociais permitem aos indivíduos explicarem e justificarem as suas opiniões e os seus comportamentos.