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INTERVENÇÃO DE TERCEIRO

ASSISTÊNCIA, DENUNCIAÇÃO DA LIDE, CHAMAMENTO AO PROCESSO, DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE


JURÍDICA E AMICUS CURIAE

DIDIER, Fredie Jr. Curso de Direito Processual Civil: Introdução ao Direito Processual Civil, Parte Geral e Processo do Conhecimento. 20ª edição. Salvador: Editora JusPODIVM, 2018
CONCEITO DE PARTE E DE TERCEIRO

 Parte: aquele que participa (ao  Terceiro: “é terceiro quem


menos potencialmente) do não seja parte, quer nunca o
processo com parcialidade, tenha sido, quer haja deixado
tendo interesse em de sê-lo em momento anterior
determinado resultado do àquele que se profira decisão”
(MOREIRA, Barbosa)

julgamento
CONCEITO DE INTERVENÇÃO DE TERCEIRO
 Trata-se de ato jurídico Teorias da intervenção de terceiros
processual pelo qual um
 Terceiros são todos os sujeitos estranhos
terceiro, autorizado por lei,
a dado processo, que se tornam partes a
ingressa em processo
partir do momento em que intervenham;
pendente, transformando-se
em parte.  O acréscimo de sujeitos ao processo, em
Controle pelo magistrado qualquer hipótese de intervenção, não
importa criação de processo novo – o
 Seja uma intervenção de terceiro
torna mais complexo, mas continua o
atípica, seja uma intervenção de mesmo.
terceiro típica, cabe ao órgão
jurisdicional controlar o ingresso de Intervenção de terceiro criada por negócio
terceiro no processo. processual atípico (Art. 190 do CPC)
Processo de Todas as intervenções
conhecimento de terceiros Juizados Especiais Cíveis
Regra Geral
Amicus Curiae, Assistência
e Incidente de
Execução desconsideração da
personalidade jurídica
Doutrina
Não admite defende o Permite o
Vedado intervenção de incidente de
Controle concentrado
terceiros (art. 7, Lei
intervenção cabimento do
desconsideração
de constitucionalidade
9868/99) de terceiros recurso de da personalidade
(art. 10, Lei terceiro nos jurídica (art.
Procedimento especial 9099/95) Juizados 1062, CPC)
Vedado intervenção de Especiais
para o exercício do
direito de resposta ou
terceiros (art. 5º, §2º,
retificação do ofendido III, Lei 13188/15)

CABIMENTO DA INTERVENÇÃO DE Regra Geral e Juizados Especiais Cíveis


TERCEIROS
ASSISTÊNCIA
ARTIGOS 119 A 124 DO CPC
CONSIDERAÇÕES GERAIS
CONCEITO
• Exposição de
fatos e
Modalidade de intervenção pela Petição do razões pelas
qual um terceiro ingressa em terceiro ao quais
juiz considera ter
interesse Art. 1015, IX, CPC
processo alheio para auxiliar uma jurídico
• Serão
das partes. Pode ocorrer a intimadas
qualquer tempo e grau de Intimação das para se
manifestar
jurisdição, assumindo o terceiro partes acerca do
pedido de
processo no estado em que se assistência
• Sem impugnação

encontre. A assistência é Deferimento em 15 dias, o juiz


deferirá se
ou reconhecer a
admissível em qualquer Indeferimento • Havendo
legitimidade;

procedimento (art. 119, par. ún., do juiz impugnação, o


juiz decidirá o
incidente.
CPC)
Intervenção espontânea
TIPOS DE ASSISTÊNCIA

Assistência Simples Assistência litisconsorcial


 O terceiro ingressa no feito afirmando-se  A assistência litisconsorcial cabe quando
titular de relação jurídica conexa àquela o terceiro alegar a existência de um
que está sendo discutida. interesse jurídico imediato na causa, isto
é, será diretamente atingido pelos efeitos
Exemplo: sublocatário, em processo de
despejo contra o locatário. da sentença.
Exemplo: intervenção de um legitimado à
tutela coletiva, em processo proposto por
outro legitimado.
Enunciado 389 do Fórum Permanente de
ASSISTÊNCIA SIMPLES Processualistas Civis: “As hipóteses previstas
no art. 122 são meramente exemplificativas”
Art. 94 do CPC
Assistente Simples
 Auxilia a parte principal, utilizando-se Poderes do assistente simples
dos meios processuais postos à  Parágrafo único do artigo 121/CPC:
disposição dela (poderá requerer evita as consequências de quaisquer
provas, apresentar razões de mérito e condutas omissivas do assistido;
etc.);  Artigo 122/CPC: o assistente
 É parte auxiliar; simples fica submetido à vontade
do assistido.
 Atua como legitimado extraordinário,
pois, em nome próprio, auxilia a Quando não houver manifestação de vontade
defesa de direito alheio. do assistido, que praticou ato-fato processual, a
atuação do assistente será eficaz, salvo expressa
Legitimação extraordinária subordinada manifestação contrária do assistido.
EFICÁCIA PRECLUSIVA DA INTERVENÇÃO – ART. 123 DO CPC
 Não poderá o assistente discutir
a “justiça da decisão” proferida no Exceptio male gesti processos
processo em que interveio.  Artigo 123, I, CPC e
Submeter-se à justiça da decisão é  Artigo 123, II, CPC.
não poder discutir os
fundamentos da decisão proferida O assistente não tem a exceção a
contra o assistido. Essa eficácia que se refere o inciso I do art. 123,
quando evidenciada desídia ou
costuma ser chamada de eficácia conveniência na demonstração
da intervenção ou eficácia preclusiva tardia do seu interesse jurídico de
da intervenção. intervir no processo (2ª S., EDcl nos EDcl no REsp
n.1.091.393/SC, rel. Mina. Maria Isabel Gallotti, rel. p/ acórdão Nancy Andrighi, j.
em 10.10.2012, publicado no Dje de 14.12.2012)
ASSISTÊNCIA LITISCONSORCIAL – ART. 124 DO CPC
O assistente afirma-se titular da O assistente afirma-se colegitimado
relação jurídica discutida. Ele intervém extraordinário à defesa em juízo da
para discutir relação jurídica que já está relação jurídica que está sendo
sendo discutida discutida

 O terceiro é titular exclusivo da relação  O assistente, embora não se afirme


jurídica: o assistente é o substituído, intervindo titular da relação jurídica discutida, tem
em causa conduzida por substituto processual
(intervenção do adquirente de coisa litigiosa,
legitimação extraordinária para
art. 109, §2º, CPC; intervenção do substituído, defendê-la.
art. 18, par. ún., CPC)
 O assistente é cotitular da situação jurídica
discutida (como no caso da intervenção do
condômino, em ação proposta por outro
condômino)
QUESTÃO 1
Monica Geller e Rachel Green são locatárias do apartamento da avó de Monica, próximo ao
Campo de São Bento. Após uma aposta perdida, as amigas tem que sublocar seu
apartamento para Chandler Bing e Joey Tribbiani. Ao notar que sua neta não paga o aluguel
há meses, vovó Geller ajuíza ação de despejo contra Monica. Nos termos do Código de
Processo Civil, o ingresso voluntário de Joey e Chandler no processo para defesa dos seus
interesses
a) Só pode ser feito por meio de assistência simples e antes da apresentação da contestação;
b) É feito por meio de petição e, após a intimação das partes acerca do pedido, pode ser indeferido pelo
juiz, sem cabimento de recursos;
c) É realizado por meio de assistência simples, não podendo, porém, requerer provas;
d) Todas as anteriores;
e) Nenhuma das anteriores.
DENUNCIAÇÃO DA LIDE
ARTIGOS 125 A 129 DO CPC
CONSIDERAÇÕES GERAIS

 A denunciação da lide é uma intervenção de


terceiro provocada: o terceiro é chamado a
integrar o processo, porque uma demanda
lhe é dirigida. A denunciação da lide pode ser É uma demanda
promovida pelo autor ou pelo réu (art. 125, a) Incidente;
caput, CPC)
b) Regressiva;
 A denunciação da lide pode ser entendida
como ato de chamar o terceiro (denunciado), c) Eventual e
que mantém um vínculo de direito com a d) Antecipada
parte (denunciante), para garantir o negócio
jurídico, caso este venha a sair vencido no
processo.
Enunciado 120 do Fórum Permanente de Processualistas Civis: “A
ausência de denunciação da lide gera apenas a preclusão do
direito de a parte promovê-la, sendo possível ação autônoma de Art. 125, §1º, CPC
regresso”
DEMANDA INCIDENTE, REGRESSIVA, EVENTUAL E ANTECIPADA

A denunciação é demanda O denunciante visa ao O denunciante se


nova em processo ressarcimento pelo denunciado A demanda
existente, não se forma de eventuais prejuízos que
regressiva antecipa e, antes de
porventura venha a sofrer em sofrer qualquer
processo novo razão do processo pendente somente será prejuízo e para a
É um incidente que
acrescenta ao processo um Não há, portanto, qualquer examinada se o hipótese de vir a
novo pedido afirmação de existência de
relação jurídica material entre o
denunciante, sofrê-lo, propõe
O processo passa a ter denunciado e o adversário do afinal, for demanda em face de
duas demandas: a
denunciante.
derrotado na terceiro, com o
principal e a incidental Afirma-se a existência de uma demanda objetivo de imputar-
relação jurídica entre o adversário lhe a
A sentença disporá sobre a
relação jurídica entre a parte
do denunciante e o denunciante
(demanda principal) e entre o
principal (art. responsabilidade
adversária e o denunciante, e denunciante e o denunciado
(demanda incidental)
129, CPC) pelo ressarcimento
entre este e o denunciado
DENUNCIAÇÃO SUCESSIVA – ART. 125, §2º DO CPC

 Denunciação da lide
promovida pelo
denunciado à lide contra
uma quarta pessoa, que
Autor da Alienante do Aquele que
seja responsável por Denuncia bem Denuncia lhe vendeu a
ação discutido coisa
reembolsar-lhe os
prejuízos em ação
regressiva ou de garantia
(comum em casos de
resseguradoras)
CONCEPÇÃO RESTRITIVA E AMPLIATIVA DO ARTIGO 125, II, CPC
Mais acatada
Concepção restritiva doutrinariamente
 Somente é possível a denunciação da lide nas Concepção ampliativa
hipóteses em que tiver havido transferência de
 Afirma que o direito brasileiro não consagra a
direito pessoal; distinção entre garantia própria e garantia
 “Pode-se inferir, diante disso, que no inciso II a
imprópria;
denunciação é para que o denunciado preste  Enquanto o chamamento à autoria (CPC/73) só
ao denunciante a garantia a que se obrigou, cabia em caso de evicção (garantia própria), a
denunciação da lide foi permitida
quando lhe transmitiu o direito pessoal” genericamente, para “qualquer direito de
(SANCHES, Sidney); regresso”;
 Somente seria possível a denunciação nos  Um só processo serve à resolução de mais de
casos de garantia própria – decorrente de um problema – o que garante a eficiência a
processual – e se evitará decisões conflitantes
transmissão de direito –, e não nas hipóteses com o mesmo juiz nas causas principal e
de simples direito de regresso – chamado de incidental – garantindo a harmonia dos julgados.
garantia imprópria.
PROCEDIMENTO DA DENUNCIAÇÃO DA LIDE

Formulada pelo autor Formulada pelo réu


Feita na inicial
(art. 126, CPC) Requer a citação do
denunciado na
contestação (art.
Citação do 126, CPC)
denunciado
(art. 127, CPC)
Denunciado Confissão do
contesta o pedido Denunciado revel
O denunciado pode O denunciado pode denunciado
se defender, comparecer e assumir a do autor
posição de litisconsorte
negando sua ativo, onde poderá
qualidade aditar a inicial O denunciante pode
Processo prossegue deixar de prosseguir O denunciante
O denunciado com o autor de um com sua defesa já pode
pode permanecer lado e denunciante apresentada e abster-se
inerte, sendo e denunciado como de recorrer, prosseguir na
reputado revel litisconsortes de restringindo sua
atuação à ação
sua própria
outro (art. 128, I, regressiva (art. 128, II, defesa (art. 128,
CPC)
Citação do réu CPC) III, CPC)
da demanda
principal
QUESTÃO 2
Rachel Green recebeu uma proposta de emprego em Paris e decidiu aceitar. Contudo,
quando já estava no avião, foi feito pedido de evacuação pois havia um problema com a
falange esquerda do transporte. Com o atraso do voo, Rachel acabou perdendo o emprego
de sua vida e teve que voltar para casa e ficar com seu ex-namorado, Ross Geller.
Entendendo o instituto de denunciação da lide, responda.
a) É possível que Rachel Green ajuíze ação contra a companhia aérea, e essa companhia denuncie sua
seguradora e sua seguradora denuncie a resseguradora e essa última denuncie o fornecedor das peças
do avião.
b) Rachel deve ajuizar ação contra a companhia aérea e denunciar à lide, sob pena de preclusão, a
seguradora.
c) No caso de Rachel ajuizar ação contra a companhia aérea e sair sucedida, é permitido à companhia
que ajuíze ação de regresso contra sua seguradora.
d) Nenhuma das anteriores.
e) Todas as anteriores.
CHAMAMENTO AO PROCESSO
ARTIGOS 130 A 132 DO CPC
CONSIDERAÇÕES GERAIS
 A sua principal finalidade é alargar o campo
de defesa dos fiadores e dos devedores
solidários, possibilitando-lhes, diretamente no  Não se trata de exercício de ação regressiva do
processo em que um ou alguns deles forem chamante contra o chamado, mas apenas de
demandados, chamar o responsável principal, convocação para a formação de litisconsórcio
ou os corresponsáveis ou coobrigados, para passivo.
que assumam a posição de litisconsorte,  O ato decisório do juiz representará título
ficando todos submetidos à coisa julgada. executivo certo para o credor e condicional
para o devedor que satisfizer a dívida: para
 Intervenção de terceiro provocada apenas
aquele que cumprir a condenação, a sentença
pelo réu – na contestação –, cabível apenas
consubstanciar-se-á em título executivo, sem a
no processo de conhecimento, que se funda necessidade de maiores delongas (art. 132 do
na existência de um vínculo de solidariedade CPC).
entre o chamante e o chamado
CASOS DE CHAMAMENTO AO PROCESSO – ART. 130 DO CPC

Ação promovida Duas ou mais pessoas Devedores solidários


contra fiador prestam fiança a um
mesmo débito É admissível o
O fiador poderá chamamento ao
chamar o afiançado: Quando em regime de
solidariedade, e o processo de todos os
ganhará a vantagem do
título executivo bem credor resolve cobrar a devedores solidários,
dívida de apenas um dos quando o credor
como de exercitar o
fiadores, poderá este exigir de um ou de
benefício de ordem,
chamar ao processo seu
nomeando bens livres alguns deles, parcial
cofiador. Poderá
e desembargados do chamar, também, o ou totalmente, a
devedor à penhora devedor principal. dívida comum.
QUESTÃO 3
Ursula Buffay emprestou R$10.000 para sua irmã gêmea, Phoebe Buffay, com Joey Tribbiani
e Ross Geller como seus cofiadores. Ao chegar no vencimento da dívida, Phoebe não teve o
dinheiro para pagar seu empréstimo porque usou o que guardou para comprar uma
guitarra nova. Ursula, como é a gêmea má, decidiu ajuizar ação contra seus devedores,
exigindo seu crédito. No que concerne ao chamamento ao processo, é possível afirmar que
a) Ross Geller deve pagar todo o valor devido, se ajuizada ação contra ele, pois é direito da credora
escolher dentre os devedores solidários aquele contra quem exercerá a pretensão executória.
b) No caso de Ursula ajuizar ação somente contra Ross Geller, não é admissível que o réu chame ao
processo seu cofiador, Joey, visto que o Código Civil permite que Úrsula escolha de qual devedor
solidário irá cobrar;
c) Phoebe não pode ser chamada ao processo, visto que seus fiadores se comprometeram com o
pagamento da dívida; mas eles podem ajuizar ação regressiva contra ela para terem seu dinheiro de
volta.
d) Nenhuma das anteriores.
e) Todas as anteriores.
INCIDENTE DE DESCONSIDERAÇÃO DA
PERSONALIDADE JURÍDICA
ARTIGOS 133 A 137 DO CPC
NOÇÃO DE DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA
 A pessoa jurídica tem patrimônio próprio que  Ocorre que, em determinadas
não se confunde com aquele que pertence aos situações, a lei permite que esta
seus integrantes (sócios ou administradores). autonomia da pessoa jurídica em
Os direitos e deveres da pessoa jurídica
relação aos seus integrantes
propriamente dita e os dos seus membros
também não se confundem. Isso pode ser seja ignorada para a finalidade de se
depreendido do art. 45 do CC que dispõe: estender os efeitos de determinadas
“começa a existência legal das pessoas jurídicas de obrigações para os seus membros. Isso
direito privado com a inscrição do ato constitutivo significa afirmar que é permitido por lei
no respectivo registro, precedida, quando necessário,
que, preenchidos determinados
de autorização ou aprovação do Poder Executivo,
averbando-se no registro todas as alterações por pressupostos, se desconsidere a
que passar o ato constitutivo”. Ou seja, a pessoa personalidade de determinada pessoa
jurídica tem uma autonomia patrimonial e jurídica para alcançar o patrimônio de
também de direitos e obrigações em relação seus integrantes.
aos seus membros.
 Trata-se, como se pode perceber, de uma
CONSIDERAÇÕES GERAIS espécie de intervenção de terceiros, “pois se
provoca o ingresso de terceiro em juízo – para
o qual se busca dirigir a responsabilidade
 Trata-se de uma modalidade de patrimonial”. A disciplina processual da
intervenção de terceiros que permite, desconsideração da personalidade jurídica
realizada pelos arts. 133 a 137 do CPC permite
incidentalmente ao processo, que o patrimônio de determinadas pessoas – à
desconsiderar a personalidade jurídica primeira vista estranhas ao processo – seja
e, desse modo, conseguir atingido, configuradas determinadas hipóteses
responsabilizar pessoalmente o autorizadas por lei com a observância do
contraditório (CF, art. 5º, LV).
integrante da pessoa jurídica (sócio
ou administrador) nos casos em que a  O interessado em pleitear esse incidente deve
lei material o autoriza. É uma demonstrar ao juiz a configuração de uma das
novidade trazida pela codificação atual hipóteses que a autorizam, para que o juiz
determine a citação daquele que sofrerá os
e que não era encontrada no diploma efeitos da decisão para se defender, podendo
anterior (a Lei 5.869/1976). requerer produção de provas.
INSTAURAÇÃO DO INCIDENTE  Se o pedido de desconsideração for formulado
no início do processo, não há que se cogitar da
instauração do incidente (art. 134, §2º do CPC).
 Não pode ser declarado pelo juiz ex officio.  Nesse caso, a pessoa jurídica e seu integrante
 Deve ser requerido pela parte ou pelo Ministério deverão ser citados para a demanda e devem se
Público, em qualquer fase do processo. defender por meio de contestação – nesse caso,
não há necessidade de suspensão do processo,
 Deve haver pelo menos alguma prova pré- conforme art. 134, §3º.
constituída do preenchimento dos pressupostos
para a desconsideração da personalidade jurídica.
 Instaurado o incidente, tal fato deverá ser Em 1º grau de jurisdição, a competência para
imediatamente comunicado ao distribuidor para apreciar o pedido será do juiz do processo em que
as anotações devidas (art. 134, §1º do CPC). o pedido é formulado e, na fase recursal, ela será
 Com a instauração do incidente, está formalizado inicialmente do relator, cuja decisão monocártica
o pedido de tutela jurisdicional contra o pode ser impugnada por meio de agravo interno
patrimônio do sócio ou administrador da pessoa (art. 136, p.ún., CPC)
jurídica.
QUESTÃO 4
Chandler Bing trabalha com análise estatística e reconfiguração de dados na empresa
O.M.G. e seu chefe foi citado em uma ação em que o autor pleiteia o incidente de
desconsideração da personalidade jurídica. Ao analisar o processo, o advogado do chefe
entendeu que não deveria proceder o pedido. Por quais motivos não seria possível o
prosseguimento desse incidente?
a) Porque não foi proposto na inicial, e o incidente de desconsideração da personalidade jurídica deve
ser proposto inicialmente, além de ser comunicado imediatamente ao distribuir.
b) Porque não foram pré-constituídas provas do preenchimento dos pressupostos previstos no código.
c) Porque quem alegou foi o autor, sendo necessário ser alegado apenas pelo Ministério Público.
d) Nenhuma das anteriores.
e) Todas as anteriores.
AMICUS CURIAE
ARTIGO 138 DO CPC
A adequação da
Precisa ter algum vínculo com a
CONSIDERAÇÕES GERAIS representação será
avaliada a partir da relação questão litigiosa, de modo a que
entre o amicus curiae e a possa contribuir para a sua solução
relação jurídica litigiosa

CONCEITO
A intervenção do amicus curiae passou a
É o terceiro que, espontaneamente,
ser possível em qualquer processo,
a pedido da parte ou por desde que se trate de causa relevante,
provocação do órgão jurisdicional, ou com tema muito específico ou que
intervém no processo para fornecer tenha repercussão social (art. 138, caput,
subsídios que possam aprimorar a CPC)
qualidade da decisão.
Pode ser pessoa natural, pessoa jurídica ou
órgão ou entidade especializado
INTERVENÇÃO DO AMICUS CURIAE

Pedido de
intervenção do
Será autorizada pelo órgão amicus curiae
jurisdicional, de ofício ou a
requerimento do ente
interessado ou das partes

Não admitida
Admitida a
a intervenção
intervenção do
do amicus
amicus curiae
curiae

15 dias para
Recurso do manifestar-se, a
contar da data da
Cabe
ex adverso intimação dessa recurso
decisão
QUESTÕES PROCESSUAIS DO AMICUS CURIAE

PRECISA DE ADVOGADO
 Para manifestar-se no incidente de
Aos amicus curiae não se aplicam as
repercussão geral em recurso regras de suspeição ou impedimento,
extraordinário (art. 1035, §4º, CPC); aplicáveis aos auxiliares da justiça,
 Interpor recursos e
porque são considerados partes.
 Fazer sustentação oral.
Não devem ser considerados como parte para
NÃO PRECISA DE ADVOGADO fim de modificação de competência.
Ex.: entidade autárquica federal for admitida como
 Simplesmente falar nos autos – amicus curiae em processo que tramita na Justiça
principalmente quando for pessoa Estadual

natural.
PARTE, PERO NO MUCHO

PODERES PROCESSUAIS DO AMICUS CURIAE


Art. 138, §2º, CPC

É retirado do amicus curiae a legitimidade recursal, Cabe ao juiz ou relator definir esses poderes – sendo
ressalvadas ao menos duas exceções: delimitado pelo previsto no código. Pode ser
a) garante-se o direito de opor embargos de
ampliada, mas não restringir “o núcleo essencial
declaração (art. 138, §1º, fine, CPC) e ineliminável” de poderes do amicus curiae.
b) Recorrer da decisão que julgar o incidente de As partes também não podem limitar esses poderes,
resolução de demandas repetitivas (art. 138, 3º; arts. ou negociar para impedir sua participação.
976 e segs. CPC)
Enunciado n. 128 do Fórum
Permanente de Processualistas Civis: O órgão julgado não fica vinculado à
no processo em que há intervenção
do amicus curiae, a decisão deve
manifestação do amicus curiae, mas o juiz
Art. 928, CPC
enfrentar as alegações por ele
apresentadas, nos termos do inciso IV
não pode ignorar a sua manifestação.
do §1º do art. 489
OUTRAS REGRAS NO CÓDIGO QUE AUTORIZAM A INTERVENÇÃO
DO AMICUS CURIAE

a) Incidente de arguição de inconstitucionalidade em tribunal (art. 950, §§1º, 2º e


3º);
b) Incidente de resolução de demandas repetitivas (art. 938, caput, e §1º, CPC);
c) Procedimento de análise da repercussão geral em recurso extraordinário (art.
1035, §4º) e
d) Julgamento de recursos extraordinários ou especiais repetitivos (art. 1038,
CPC)
QUESTÃO 5

Ross Geller descobriu que uma escola estadual tem escondido em suas terras, por muitos anos, fósseis
importantíssimos para a construção da educação acerca da era paleolítica. Dessa forma, ajuíza ação
contra o diretor dessa escola para que ele seja obrigado a entregar esses fósseis para algum órgão
federal responsável. Baseando-se no caso hipotético e integrando seu conhecimento acerca do
instituto do amicus curiae, assinale a situação que se encaixa no procedimento correto.
a) A FIOCRUZ pede ingresso como amicus curiae e o juiz indefere, pois alega não haver repercussão geral no tema.
A FIOCRUZ, então, fica impedida de ingressar no feito.
b) Um dos órgãos federais responsáveis ingressa no feito como amicus curiae e, por isso, o feito deve modificar a
competência para a Justiça Federal, órgão jurisdicional competente para julgar ações em que configure como
parte entidades federais.
c) Ross e a escola estadual fazem negócio jurídico em que firmam não admitir amicus curiae no processo, para
garantir sua celeridade.
d) Niède Guidon, renomada arqueóloga brasileira, ingressa no feito como amicus curiae e se manifesta no processo
sem a representação de um advogado.
e) Nenhuma das alternativas anteriores.

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