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- antologia de poesia simbolista portuguesa com textos em pessoa – Fernando Cabral Martins –
estudioso do modernismo- editorial comunicação – recolhe vários textos
- simbolismo, saudosismo e modernismo literários portugueses – Fernando Guimarães – edições
Quasi
- vamos deixar de parte todos os autores, exceto EUGÉNIO DE CASTRO – valor inaugural, autor
muito ligado a leituras francesas, constrói ou tenta construir um simbolismo português à medida do
simbolismo francês
- prefácios das suas obras
- prefácio a “Oaristos”, texto de 5 páginas
- o livro de poesia abre em prosa -
- lugares comuns da poesia portuguesa
- Eugénio de Castro surge como critico literário, acusando a literatura portuguesa de ter caído nos
lugares comuns, nos estereótipos, é normalmente um amontoado de lugares comuns – finais do século
XIX – enumera alguns lugares comuns - ele vai querer evitar estes lugares comuns
- as rimas portuguesas estão estereotipadas – sim, os poemas têm de rimar – a rima é basicamente
obrigatória no final do século XIX
- vocabulário – franciscana pobreza
- misto – tipo de comboio com vários tipos de classes – decidiu-se meter no comboio da poesia,
embora mal acompanhado
- este livro é o primeiro livro que aparece em Portugal, defendendo a liberdade do ritmo
- Eugénio apresenta-se como capaz de uma revolução rítmica – não diz que traz uma nova ideia, uma
nova cosmovisão, um novo tema – a luta é forma, neste momento, material (polémica das revistas -
Preocupação com o ritmo)
- continua a defender as suas inovações – vocabulário escolhido e vário – palavras menos vulgares,
que podem dar aso à crítica – palavras caras que obrigarão os leitores a usar dicionário – mas ele não
quer saber – porque os utilizou? Prefere o termo preciso, porque pensa como Baudelaire que as
palavras, independentemente da ideia que representam, tem a sua beleza própria
- a beleza da palavra não depende do contexto, há palavras são belas por si próprias
copo (vernáculo) – taça (razoável) – gomil (sublime) – para ele, há palavras raras e belas e talvez -
tanto mais belas quanto mais raras – talvez uma palavra rara é mais bela à conta da sua estranheza
- Baudelaire – poeta francês – esta ideia de que as palavras e a sua forma têm uma beleza própria
- 1910 – novo acordo ortográfico – precisamente a geração de Pessoa, de Sá Carneiro teve de se
adaptar
- a palavra abysmo passa a abismo – pois bem, um poeta como Teixeira de Pascoaes recusou-se a
escrever com -i, porque para ele o caráter abismal da palavra estava definido no -y – olhamos para
ele, prolongamos esse traço e prolongamos até ao fundo e aí está o abismo – a forma da palavra
também é importante
- o tempo todo entre a ideia e a forma
- gosta de palavras raras, porque também, em 3º lugar, pela simpatia que lhe merece esse estilo
chamado decadente
- le style décadent – ele traduz do francês – está na origem do decadentismo – um estilo de gosta de
palavras raras
- a palavra vem de um verso famoso - “Je suis l'Empire à la fin de la décadence,” - Paul Verlaine – eu
sou o império no fim da decadência
- é estranho o sujeito lírico dizer que ele próprio é o império, um imperador, os habitantes do império,
os resistentes, os sobreviventes, o império não no auge do poder, mas sim na decadência
- palavra à partida negativa – como melancolia, tédio, depressão, doença
- autores que não estão interessados na saúde e se orgulham desses estados – as esperanças científicas
e os projetos políticos estão fora de moda – o que está na moda é um spleen – o poeta sublime é
aquele que sofre de spleen – uma espécie de melancolia espiritual, ou decadência da vida, do império,
da Europa, do mundo, da existência
- decadentismo – culto da doença, um culto da doença chique – não estamos a falar de doença física
– ninguém se orgulha de tal – é uma doença de espírito, na alma – a partir daqui temos de desistir da
nossa maneira de pensar e tentar imaginar uma outra em que estar/ ser decadente é estar doente de
uma maneira elevada
- Prefácio de Horas – tem apenas página e meia, nem isso
- o que aconteceu a Eugénio de Castro? Atentar à sua escrita
- quando um autor realista ou naturalista, ele quer ser completamente compreendido – ao fim de 5
páginas de Eça sabemos tudo – quem, quando, onde, como? - o texto é pura comunicação (não é bem
verdade, Eça está cheio de ambiguidades) – literatura transparente
- não interessa saber tudo, compreender tudo, mas sim sonhar, não usar a razão, mas usar o irracional
-algo está mesmo a mudar na literatura
- silva – floresta escura, nada tem a ver com o significado atual
- isotérica – misteriosa, oculta, pode ser entendida pelos que conhecem um código
- para os raros apenas – para poucos leitores
- enquanto os realistas querem escrever para toda a gente, os simbolistas querem escrever para poucos,
é uma espécie de clube
- os realistas querem um revolução popular, os simbolistas não querem, querem apenas escrever para
umas almas escolhidas – o realismo quer ser democrático, o simbolismo quer ser elitista – quando a
menos pessoas chegarem melhor, quanto mais elevado o poeta, mais difícil de compreender, quer ser
obscuro, quanto mais obscuro, mais mágico, mais transcendental, quanto mais transcendental, mais
inacessível à maioria – um elitismo agressivo, nada disfarçado, quer mesmo escrever para os raros,
para poucos – tem um pouco/algo de um clube secreto
- uma página obscura porque de agora a avante convém que a literatura o seja, da mesma maneira que
os sonhos o são, naturalmente
- um símbolo que passeia – não foi ele que inventou a palavra, está a seguir os seus mestres franceses
– usa a palavra como ponto de partida para a invenção de uma escola
- parece muito importante, usar nestas aberturas as palavras decadência e símbolo, é decadentista e
simbolista e até fala destes seus movimentos – parte de apresentação teórica – os poemas que se lhe
seguem são o local de experimentação prática
- um poema simbolista de Eugénio de Castro
- pdf que enviou – vai por outro exemplo – decisão de última hora
- do livro “Oaristos” - poema sem título, mas com uma pequena legenda “um sonho”, não é título
nem epígrafe, uma espécie de indicação, identificação – avisa que o leitor vai ler um sonho
- forte desequilíbrio rítmico
- uma quadra + uma estrofe de 11 versos
- apesar de tudo, este poema conta uma história, como é tradicional no século XIX, uma poesia
narrativa
- messe – campo cultivado, ceara
- enlourece – os cereais estão a ficar dourados
- estremece a quermesse – uma festa popular, incluindo um baile, vibra = os corpos dançarão
- que? Os camponeses? Onde? No campo? Que fazem? Dançam? Quando? Final do dia –
caraterísticas da narrativa
- estragamos o poema – perdemos a forma, as rimas internas, que são bastante excessivas – ficou
reconhecido até para efeitos de sátira – parece quase caricatura
- significa música, quando substituímos por uma linguagem coloquial, a música perdeu-se, o ritmo
morreu
- preocupação simbolista com a forma, ritmo, música, ecos, rima
- aliterações e rimas
- já vamos em duas reticências – o realismo gosta muito do ponto de final – pelo contrário o
simbolismo gosta de sonhos – estas reticências têm a ver com o caráter obscuro, incompleto e
misterioso do sonho – estamos longe da realidade
- a partir da indicação pensamos que o vamos ler é a representação de um sonho
- e as cantilenas de serenos sons amenos fogem fluídas, fluindo à fina flor dos fenos – tem algo de
música, algo de sonho, reticências misteriosas
- as estrelas ...- 5 instrumentos musicais, as três ultimas palavras aproximam-se, como isto é musical
- as aliterações -repetições de sons – a métrica
- as estrelas – 7 sílabas – redondilha maior, verso popular
- 7 – 7- 7 -7 – 6 – 2 ou 3 (2 maneiras) – 6 ou 7 – 2 ou 3 – 1 – 1 ou 2
- não é verso livre ainda falta um pouco, mas estamos quase lá, mas ainda não
- nova personagem – flor – será mesmo uma flor ou uma mulher chamada Flor ou à qual se chama
flor – pode ser tudo em diferentes quadras, é um sonho e, como tal, pode acontecer
- várias repetições – o que importa é o efeito musical da repetição
- fim – última quadra – 3h da manhã, acordo, incerto entre sonho e realidade, mas neste momento o
sonho acabou e eu estou no real – interrogações – uma quadra muito especial porque no início estamos
na realidade, depois um lamento pelo sonho perdido, onde foi tudo parar? Onde está o sonho? O que
de real há nele? - estou acordado e o sonho está perdido
- tenho certezas, voltei à lógica, vigília vs sonho
- 2 últimos versos – termina de maneira ambígua, porque mesmo quando estamos acordados, olhamos
pela janela voltamos a ver a flor dos flóreos fenos – já não sei se a realidade não é apenas mais um
sonho ou se o sonho é um reflexo da realidade e quem sou e onde estamos e… e… e… ??????
- há algo de muito novo