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Departamento de Fonoaudiologia

Disciplina: Motricidade Orofacial II (BAF 0225)


Docentes: Profª Drª Ana Paula Fukushiro, Profª Drª Katia Flores Genaro

Fala
Programação dos movimentos articulatórios, por meio da qual organizamos a realização
motora da mensagem pretendida (Zorzi 2005).
1. Processamento Cognitivo-Linguístico:
Intenções comunicativas a partir de estímulos que serão organizadas e convertidas em símbolos
verbais. Escolha das palavras, organização em frases e coordenação das frases.
2. Processamento Motor:
Programação dos movimentos dos articuladores para produzir cada fone e formar palavras.
Organiza a sequência de movimento, a velocidade, a intensidade e o ritmo.
Atividade práxica verbal
Execução neuromuscular, condução de impulsos nervosos até os articuladores.
Contrações e movimentos articulatórios.

Fonologia: Linguagem
“Modo como os sons /fonemas/ se organizam e funciona nas, a organização dos diferentes sons” (Motta
2010)

Fonética: Motricidade orofacial


Produção do som [fone] a partir dos movimentos dos articuladores (Tomé 2012), habilidade motora.
Portanto esse sistema se inter-relaciona

HABILIDADE MOTORA ADEQUADA:


 Combinar a açao da laringe ao movimento dos articuladores e a corrente expiratoria
 Precisao, velocidade, sequencia, coordenação dos grupos musculares.
 Feedback auditivo: Possibilita ligaçao entre impressoes tatil-cinestesica e auditiva,
formando a imagem de cada som
 Contato com a língua
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Distúrbios da Fala (Zorzi 2005)


Neurogênico: programaçao ou execuçao neuromotora (comando do SN)
Fonológico: dificuldade no domínio do padrao fonemico da língua na ausencia de alteraçoes
organicas
Músculoesqueletico: alteraçao na estrutura ossea, dentaria, muscular, pele, etc alteraçoes na
forma ou tamanho das estruturas.
Músculoesqueletico
Alteração nos órgão relacionado à produção da fala:
Labios Língua Mandíbula Maxila
Palato duro Veu palatino Dentes
 Câncer de cavidade oral/orofaringe
 Malformação craniofacial
 Deformidade dentofacial
 Frênulo da língua
 Piercing
 Ferimento por arma (branca ou de fogo)
1. Câncer de cavidade oral/orofaringe
 Uso de mecanismos compensatórios para produzir a fala, a partir das estruturas remanescentes.
 Prejuízo na precisão articulatória, na dependência da estrutura acometida.
2. Malformação Craniofacial
Distúrbio Compensatório: - Articulação Compensatória e - Adaptação Compensatória

Articulação Compensatória: Tentativa de produção correta da fala, compensação para a


falta de pressão intraoral: golpe de glote, plosiva faríngea, plosiva dorso médio palatal, fricativa
faríngea, fricativa velar, fricativa nasal posterior.
 Adaptação Compensatória: Tentativa de produçao correta da fala:
Interdentalizaçao, troca de ponto articulatorio, ceceio, distorçao acustica
 Distúrbio Obrigatório: Escape aereo nasal, Fraca pressao aerea
intraoral, Turbulencia nasal, Hipernasalidade
3. Deformidade dentofacial: SEM GRANDES PREJUÍZOS PERCEPTIVAMENTE AUDÍVEIS
Ocorre na dependência da condição estrutural
Pode alterar o espaço intraoral interferindo na posição da língua (Marchesan 2005)
 Diastema
 Apinhamento
 Ausencia de dentes
 Mordida aberta anterior ou posterior
 Inclinaçao para lingual ou para vestibular dos incisivos superiores
 Sobremordida profunda
 Atresia maxilar
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Deformidade dentofacial
 Alterações Horizontais: Eixo antero-posterior
 mordida cruzada anterior
 sobressaliencia excessiva

Alterações Verticais: Eixo craniocaudal


 mordida aberta (anterior ou posterior)
 sobremordida excessiva

Alterações Transversais: Eixo latero lateral ou craniocaudal ou


transverval
 Mordida cruzada posterior (uni ou bilateral)
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Trespasse horizontal aumentado


 Substituiçao de ponto articulatorio bilabial por labio dental
 Articulaçao fechada para evitar escape da saliva acumulada na boca
Trespasse vertical aumentado
 Anteriorizaçao da mandíbula [s], [z], {S}
 Ceceio lateral [s], [z], {S}
Mordida cruzada, Atresia maxilar, classe III
 Substituiçao de ponto articulatorio
 Labio dental por bilabial/labio dental invertido [f], [v]
 Linguo dental por linguo labial [t], [d], [n]
 Alveolar por linguo labial ou DMP [l]
Mordida aberta anterior ou posterior
 Interposiçao da língua
 Linguodentais [t], [d], [n],
 Alveolares [s], [z], [l]
 Ceceio [s], [z], {S}
 Fraca plosao dos bilabiais
 [p], [b], [m], (tônus/DVO)
DENTES - Uso de prótese
 Falar com a boca mais fechada (redução dos movimentos mandibulares
para manter a estabilidade)
 Dificuldade no contato labial para bilabiais, choque das proteses S e I
na fala (DVO aumentada)
 Interposiçao da língua, distorçao do [s], falta de controle da saliva
(DVO diminuída)
DENTES - Falta de dentes
 Substituiçao de ponto articulatorio: linguo dental [t], [d], [n] e
alveolar [l] por linguo labial.
 Imprecisao articulatoria
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Frênulo da Língua
 Prega mediana de mucosa e tecido conjuntivo fibrodenso
 As vezes de fibras superiores do musculo genioglosso
 Estende-se desde a gengiva, recobre a face lingual da crista alveolar inferior ate a
face dorsal da língua (Brito et al 2008)

Manifestações (Messner e Lalakea 2000, Marchesan 2004, Costa et al 2008, Silva et al 2008)
 Dificuldade na amamentaçao
 Diminuiçao da abertura de boca
 Restriçao dos movimentos da língua
 Alteraçao oclusal
 Adaptaçoes funcionais

Distúrbio da fala:
 Dificuldade na aquisiçao de alguns sons, em especial /r/ e /l/
 Substituiçao de ponto articulatorio [t], [d], [n], [l], [r] por DMP
 Distorçao acustica

Na avaliação Verificar
 Aspecto anatomico: fixaçao e a extensao
 Aspecto funcional: movimentos linguais, sucçao, deglutiçao, mastigaçao e fala
(Marchesan 2005)

Apenas a cirurgia pode não corrigir a fala


• Indicado terapia para corrigir as alteraçoes (Carríon e Ornelas 1987)
• Realizar exercícios enfocando a mobilidade da língua (Messner e Lalakea 2002, Lalakea e
Messner 2003)

 Se o frênulo causar problemas funcionais ao indivíduo, indica-se a cirurgia para


liberação e se faz acompanhamento para verificar a necessidade de terapia;
 Em caso de dúvida quanto a conduta:
 Terapia breve (±8 sessões) e reavalia
 Se não ocorrer as mudanças esperadas, indica-se a cirurgia
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Intervenção Fonoaudiológica
O frênulo não é músculo e sim uma prega de membrana mucosa
NAO PODE SER ALONGADO

Exercícios melhoraram o tônus/tensão e a mobilidade da língua, modificando a


visualização do frênulo e dando a impressão de alongamento

Terapia (Messner e Lalakea 2002, Lalakea e Messner 2003)


Fala: semelhante a casos sem essa alteraçao
Mobilidade (realizar 5 vezes cada no primeiro mes pos-cirurgico)
 lateralizaçao da língua (sem movimentar a mandíbula);
 protrusao e retraçao;
 pontos cardeais;
 sucçao de língua contra o palato;
 estalar a ponta da língua (boca aberta e dentes ocluídos);
 lateralizar um alimento na boca (entre os dentes posteriores) e depois leva-lo
para tras;
 tocar com o apice lingual a face palatina dos dentes superiores (com a boca
aberta)

4. Piercing na língua
 Distorção acústica
 Imprecisão articulatória/acústica
 Depende do local x Ponto articulatório

5. Ferimentos
 Arma de fogo
 Instrumento/Material cortante
 Queimadura
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Tipos de alteração no ponto articulatório (Vilela-Alves 2008)


Visuais
 Bilabial
 Interdental
 Dorsopalatal
 Linguo labial
 Desvio mandibular

Auditivas
 Distorção Acústica
 Ceceio
 Substituição
 Imprecisão articulatória

Distúrbios da Fala músculoesqueleticos


São compensações e adaptações
Cabe ao profissional, no momento da avaliação, identificar e
compreender as alterações estruturais que justificam as
adaptações funcionais.

Avaliação da Fala: Historia Clinica e Exame Miofuncional

Amostras de Fala:
•Fala Espontanea
•Fala Automatica (contar 0 a 20, dias da semana, meses do ano)
•Nomeaçao de Figuras ou repetiçao de palavras
•Leitura
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Análise da Fala
 Alterações presentes: foneticas, fonologicas
 Causa: muscular, sensorial ou anatomica/estrutural

Aspectos Gerais:
 Saliva: deglutida, acumulada (local), espirra, baba.
 Abertura da Boca: normal, reduzida, exagerada.
 Movimento labial: adequado, reduzido, exagerado.
 Movimento mandibular: adequado, desvio.
 Ressonância: equilíbrio oronasal, uso excessivo nasal, uso
excessivo oral.
 Precisão articulatória: adequada, imprecisa.
 Velocidade: adequada, aumentada, diminuída.
 CPFA: adequada: alterada: uso do ar de reserva, diminuiçao
da intensidade da fala, pausas
desnecessarias.

Após análise
 Quais as alteraçoes presentes
 A causa (muscular, sensorial ou anatomica)
 O grau de severidade das alteraçoes
 As possibilidades de intervençao
 Quais os limites do tratamento?
 De quem depende o meu trabalho?
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Terapia
Preparar os órgãos para a produção da fala
 Desenvolver sensibilidade para a produçao do som alvo
 Desenvolver mobilidade
 Adequar o tonus

 Saber a correta de produçao do som alvo


 Compreender a compensaçao/alteraçao
 Conscientizaçao do paciente e da família
 Colaboraçao para realizar atividade extra sala de terapia
 Compreender os limites

ALGUNS EXEMPLOS
Fone [s]
 Desenvolver a percepção da posição dos lábios, língua e dentes para a
produção.
 Aproximação a partir do fone [f]
 Apagar uma vela com o som do silêncio
 Colocar canudinho sobre a língua e perceber o ar saindo anteriormente
Fone [r]
 Desenvolver habilidade para movimentos precisos do ápice lingual
(estalo, vibração).
 Desenvolver a sensibilidade do local em que será produzido o som (hóstia)
 Desenvolver associação com o fone [d]
Fone [l]
 Desenvolver habilidade para movimentos do ápice lingual (estalo e
elevação do ápice)
 Desenvolver a sensibilidade quanto ao local em que será produzido o
som (hóstia)
 A partir da vogal “a”, manter a produção da vogal e elevar e abaixar o
ápice da língua.
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Para a percepção da produção correta:


Pistas facilitadoras: visual, tátil e acústica
Modelo do terapeuta (visual)
Espelho (visual)
Hostia (tatil)
Estetoscopio (acustica)
Analise da filmagem (auditiva/visual)

Nossa Meta: Sistematizar o uso do som na fala espontânea

Etapas ou níveis de trabalho para a produção do som:


 Produçao isolada
 Silaba combinada com diferentes vogais
 Palavras com o som alvo em diferentes posiçoes na
palavra: início, final e meio (monossílaba, dissílaba, trissílaba...)
 Sentença
 Textos
 Fala espontanea

DEPENDE DO NÍVEL QUE ESTÁ O PACIENTE


Exemplo: se ele produz assistematicamente o som não há
necessidade de iniciar em sílabas, mas em palavras
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Recursos terapêuticos/Atividades:
 Motivadora
 Do cotidiano
 Percepçao proprioceptiva da produçao do som
 Propor atividades em que o paciente faça a produçao do
som alvo espontaneamente varias vezes
 Apoio da escrita
 Atividade ludica
 Propor sempre atividades para serem realizadas em casa e
conferir na proxima sessao
 Desenvolver a autopercepçao da produçao correta:
Sinal secreto, lembretes dos amigos, filmagem.

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