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COLÉGIO APARECIDA

Colégio Nossa Senhora da Conceição Aparecida

Disciplina de Análises Historiográficas

Estereotipação e submissão do corpo feminino

Gabrielly Santos e Isabelli Coradin

Campina Grande do Sul

2023
COLÉGIO APARECIDA

Colégio Nossa Senhora da Conceição Aparecida

Disciplina de Análises Historiográficas

Estereotipação e submissão do corpo feminino

Trabalho apresentado como


requisito parcial à obtenção de nota
na disciplina de Análises
Historiográficas, sob a orientação
do professor Rikardo Santana da
Silva.

Campina Grande do Sul

2023
Resumo: Este texto pretende apresentar a estereotipação feminina em meios
televisivos e impressos. Em suma, foram analisadas duas obras que evidenciam o
assunto apresentado anteriormente: Barbie e Os Sete Maridos de Evelyn Hugo. A
problemática que cerca a padronização do corpo feminino sempre se manteve
presente na sociedade, ideias e visões vêm sendo construídas há séculos, a partir até
mesmo do machismo, que desagrega, então, a liberdade da mulher com o seu próprio
corpo, apenas por estarem sendo atribuídas ao papel social que lhe é imposto seguir.
Portanto, suas questões também se dão acerca do corpo feminino ser visto como fonte
de criação de entretenimento nas telas midiáticas. Desde o nascimento, a trajetória de
vida de uma mulher é determinada pelas suas circunstâncias. A cultura social
influenciará sua personalidade e características estereotipadas que a sociedade
constantemente aceita como algo normal.

Palavras-chave: Estereótipo. Mulher. Corpo feminino. Cultura social.

Abstract: This text aims to present female stereotyping in television media. In short, a
work was analyzed that highlights the subject presented previously: Barbie and The
Seven Husbands Of Evelyn Hugo. The problem surrounding the standardization of the
female body has always remained present in society, ideas and visions have been
constructed for centuries, even starting from machismo, which then separates women's
freedom from their own body, just because they are being attributed to the social role
that is imposed on them to follow. Therefore, their questions also concern the female
body being seen as a source of creating entertainment on media screens. From birth, a
woman's life path is determined by her circumstances. Social culture will influence your
personality and stereotypical characteristics that society constantly accepts as normal.

Keywords: Stereotype. Woman. Feminine body. Social culture.


O presente trabalho tem como objetivo compreender de que forma a estereotipação
do corpo feminino está acentuada na sociedade. Mais especificamente, foi analisada
uma obra que retrata o corpo da mulher como um meio de atrair a atenção dos
telespectadores. Ao analisar esses meios visuais, é possível perceber que a
corporalidade da mulher, não só causa atração ao telespectador masculino, sendo seu
principal alvo, mas também ao público feminino que, ao se deparar com um corpo
feminino perfeito sendo retratado nas mídias, cria um sentimento nítido de comparação
com o padrão imposto pela sociedade, tanto em meios televisivos, como impressos.

Por exemplo, as mulheres nascem em condições em que o seu comportamento e


aparência são estereotipados e tornam-se vítimas de coerção cultural para
conveniência dos outros. Essa construção social ocorre por meio de diversos
acontecimentos ao longo da vida da mulher e se conjuga com determinadas
características, entre elas o trabalho social e a formação física, que não ocorrem na
mesma proporção que o sexo oposto.

A história por trás das obras construiu uma visão patriarcal e machista perante aos
corpos femininos, e essa visão vem acompanhada de violência, ataques e,
consequentemente, a submissão. Tudo isso, moldado através do contexto que a
mulher foi inserida previamente, não sendo somente o corpo feminino que afeta essa
visão, mas também, vestimentas, posição social, cor ou cultura.

Por meio de tudo aqui escrito, é possível entender que a venda de nudez do corpo
feminino em meios midiáticos tem se tornado mais frequente, utilizado de forma
proveitosa para o lucro, e, consequentemente, torna esses comportamentos mais
“normais” diante o olhar público. O que faz com que a objetificação do corpo se torne
algo comum, algo cotidiano, onde constantemente é noticiado o ataque contra a
mulher.
Diante disso, na obra Os Sete Maridos de Evelyn Hugo é retratada a vida da
protagonista Evelyn Hugo, que praticamente vende seu próprio corpo como principal
fonte de renda. A partir disso, seu corpo é submetido a favorecer fantasias masculinas
para que possa alcançar o auge da sua carreira no cinema e até mesmo de sua
própria vida. Para isso, Hugo se casa sete vezes com diferentes homens para
progredir e ganhar máxima notoriedade. Assim, existe uma clara submissão do corpo
feminino para fins pessoais, usado como única arma em mãos de uma figura feminina.
Em comparação, podemos ver mulheres que fazem algo semelhante, como única
forma de sustento, seja vendendo seus corpos para fins de entretenimento ou de
prazeres ou ainda se submetendo a situações extremas que muitas vezes funcionam
de forma eficaz, no entanto, em si, reside um sentimento constante de desprezo,
causado pela percepção de submissão.

Já na obra Barbie, é retratada a Barbielândia, onde todas as mulheres são Barbie,


todos os homens são Ken (com exceção de Allan) e tudo é perfeito. No entanto, este
"paraíso plástico" começa a mudar quando Barbie se vê assombrada por pensamentos
essencialmente humanos, como tristeza, ansiedade e morte. Tendo como unica opção
para voltar ao "paraíso do plástico", a protagonista têm de ir ao mundo real, onde
descobre que, ao contrário do que pensava, a boneca da Barbie não mudou a visão da
sociedade sobre as mulheres, mas sim proporcionou uma grande comparação e baixa
autoestima sobre o corpo feminino.

A escolha das obras foi dada ao constante estereótipo presente em quase toda a
criação. Por meio deste trabalho, é apresentado a problemática do estereótipo tratado
como algo comum. O problema, no entanto, não são as personagens femininas que
são completamente moldadas a partir de padrões que julgam ser os mais chamativos,
mas sim o desserviço que personagens femininas sofrem quanto a forte submissão de
seus corpos para o público masculino, sendo apenas um objeto para a venda ao
entretenimento. Tanto que esse forte sentimento de desejo ao corpo da mulher dentro
dos padrões impostos causa uma situação de desprezo ao próprio corpo por parte de
telespectadores do gênero feminino.
A pesquisadora Kelly Akemi Kajihara, retrata a problematização presente na obra
com a seguinte citação: “Um ponto que é bastante problemático é a promoção de
mulheres sensuais como um produto turístico a ser consumido como as praias,
paisagens e festas populares. Até hoje elas são vistas em muitas situações como
fáceis, sensuais e provocantes” (KELLY AKEMI KAJIHARA, PESQUISADORA)

Dessa forma, é de total percepção que a estereotipação das mulheres é um


comportamento prejudicial, porém altamente naturalizado na sociedade atual. No
entanto, não é somente porque é natural e frequente em nossas vidas diárias que
significa que necessariamente é mais fácil de identificar, traduzir ou combater. Mas as
mulheres retratadas se sentem obrigadas a usar de seus corpos, muitas vezes
perfeitos, para que possam alcançar a aceitação masculina, daí vem a submissão do
corpo feminino. Em meios midiáticos, uma figura feminina completamente
estereotipada, não somente como objetivo corporal, mas também em um objetivo para
muitas vezes a figura masculina, ela é construída a partir de uma mulher que seja
submissa, agradecida pela sua posição subordinada e que tenha uma vocação natural
para a limpeza, a cozinha, o cuidado das crianças.

Em A Dominação Masculina, o sociólogo Pierre Bourdieu arremata bem sobre a


assunto abordado:

A dominação masculina, que constitui as mulheres como


objetos simbólicos, cujo ser (esse) é um ser-percebido
(percipi), tem por efeito colocá-las em permanente estado
de insegurança corporal, ou melhor, de dependência
simbólica: elas existem primeiro pelo, e para o olhar dos
outros, ou seja, enquanto objetos receptivos, atraentes,
disponíveis. Delas se espera que sejam ‘femininas’, isto é,
sorridentes, simpáticas, atenciosas, submissas, discretas,
contidas ou até mesmo apagadas. E a pretensa
‘feminilidade’ muitas vezes não é mais que uma forma de
aquiescência em relação às expectativas masculinas, reais
ou supostas, principalmente em termos de
engrandecimento do ego. Em consequência, a
dependência em relação aos outros (e não só aos homens)
tende a se tornar constitutiva de seu ser.

Uma sociedade patriarcal misógina e sexista, construída sobre um modelo falhado


de masculinidade, terá sempre como premissa a desumanização das mulheres.
Romper este ciclo é uma tarefa difícil, sobretudo devido aos interesses de certos
grupos hegemônicos em manter o seu poder. Mas também porque os meios de
comunicação social e a publicidade têm um interesse perverso em empacotar os
discursos sobre autonomia e empoderamento, a fim de desenvolver novas formas de
violência e opressão que são cada vez mais difíceis de identificar. Porque as
inseguranças e a baixa autoestima das mulheres podem ser vendidas e gerar lucro.

As mulheres devem estar sempre conscientes de sua beleza, se preparar, usar


maquiagem e, acima de tudo, correr contra o tempo. Isso ocorre porque os cabelos
grisalhos e as rugas no canto dos olhos não são atraentes para as mulheres e, pelo
contrário, não usar maquiagem faz com que pareçam desarrumadas, principalmente se
não cuidarem do próprio corpo. Dessa forma, a mídia divulga e apresenta inúmeros
produtos para solucionar “problemas” estéticos e lucrar com o corpo feminino devido
aos estereótipos que surgiram ao longo do tempo.

A imagem da mulher será sempre alvo de críticas constantes. Quando está


arrumada, ela quer “se aparecer”, mas não consegue encontrar o equilíbrio entre
“aparecida” e “desleixada” para satisfazer os desejos da sociedade, e surge um
conflito constante entre os dois. Além disso, é comum dizer às mulheres o que fazer,
como agir e onde estar, sem levar em conta os seus desejos. Estas imposições são
motivadas pela indústria dos meios de comunicação social, reproduzidas e exigidas
pelas pessoas mais próximas de nós, como parceiros e familiares, e podem levar as
mulheres a começarem a preocupar-se com o que querem e, em última instância, a
ficarem obcecadas com os seus sentimentos, e, consequentemente, elas têm que
esconder seus próprios desejos e vontades.

Deve-se quebrar a cultura patriarcal vivida, encontrar uma sociedade livre de


estereótipos e preconceitos, e garantir liberdade igual para todos, incluindo as
mulheres, para decidirem por si próprios o que é melhor para as suas vidas, para que
possam tornar-se donas de si mesmas.

Isto reduzirá o paradigma da subjugação através de estereótipos e expressões de


violência contra as mulheres, e esperamos que um dia deixe de existir. Porém, para
isso, é importante que comece a conscientização pública e que gradativamente se
forme uma sociedade justa que reflita e expresse a igualdade de gênero em atitudes
sem preconceitos.

Portanto, concluímos que existem muitos pensamentos machistas na sociedade,


mas por outro lado, existem muitas pessoas lutando por uma sociedade sem
preconceitos, onde as pessoas possam respeitar umas às outras independente da
escolha, principalmente a mulher, que é uma das mais atingida pela sociedade.
Referências:

PASSOS, B (05 de Dezembro de 2013). Por que você não usa roupa rosa? Papo de
Homem. Disponível em: https://papodehomem.com.br/por-que-você-não-usa-roupa-
rosa/

FERNANDA, ANA & CAROLINA (2018) O papel feminino através dos tempos a
partir do estereótipo de gênero. Unijuí. Disponível
em:https://publicacoeseventos.unijui.edu.br

OLIVEIRA, Janiny Cruz de (09 de Julho de 2021) Mulheres em quadra: entre


resistências e estereótipos. Repositório Institucional da UFPB. Disponível em:
https://repositorio.ufpb.br/jspui/handle/123456789/25652?locale=pt_BR

PAIVA, Juliana (2021) O estereótipo de mulher utilizado como paradigma na


interpretação do direito. Revista de Doutrina Jurídica. Disponível em:
https://revistajuridica.tjdft.jus.br/index.php/rdj/article/view/621

LARISSA & WAGNER (2019) A reprodução do estereótipo feminino “rainha do lar”


na publicidade. Portal Intercom. Disponível em:
https://portalintercom.org.br/anais/sudeste2019/resumos/R68-1084-1.pdf

Fontes

BOURDIEU, Pierre. A Dominação Masculina. Trad. Maria Helena Kühner. 2.ed. Rio de
Janeiro: Bertrand Brasil, 1998.

JENKINS REID, Taylor. OS sete maridos de Evelyn Hugo. EUA: Atria Books, 2017.

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