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Universidade Federal de São Carlos - Departamento de Química 05/12/2023

Medindo o efeito do pH na atividade de íons H+: uma análise


experimental
Grupo 1: Bruno Campana Severino, 770613; Heloisa Fernanda Lopes Sanches,
760674; Lívia de Lima Conceição, 800850

1.1 Objetivos
A finalidade desta atividade consiste em, por meio de avaliações de acidez (pH),
estabelecer uma conexão entre a atividade e a concentração, além de examinar
quais são os elementos que impactam essa relação.

1.2 Discussões e Resultados

Para dar início ao procedimento, preparou-se doze soluções, a partir de


soluções estoque 0,1 mol/L anteriormente padronizadas. Das doze soluções
preparadas, seis soluções continham o ácido clorídrico, e as outras seis, o ácido
acético. Cada uma com concentrações diferentes, 0,05; 0,01; 0,005; 0,001; 0,0005 e
0,0001 mol/L, respectivamente, para cada um dos ácidos.
Com as soluções já previamente preparadas, calibrou-se o pHmetro com
duas soluções de pH conhecidos (4 e 7), e deu-se início às medições. As aferições
foram realizadas das soluções menos concentradas para as mais concentradas. Em
seguida, utilizou-se a equação (1) para encontrar os respectivos valores de
atividade dos íons H+ nas soluções.

pH = -log [aH+] ⇨ aH+ = 10-pH Eq. 1

Além disso, utilizou-se a lei estendida de Debye-Huckel, como uma forma de


calcular o coeficiente de atividade para soluções diluídas, conhecendo os potenciais
de atração das cargas iônicas considerando o íon com dimensão finita.
2
0,509𝑍𝑖 µ
2 −
0,509𝑍𝑖 µ 1+3,3α𝑖 µ
− 𝑙𝑜𝑔 γ𝑖 = ⇔ γ𝑖 = 10 Eq. 2
1+3,3α𝑖 µ

Os resultados relativos às soluções de ácido clorídrico podem ser


visualizados na Tabela 1, enquanto os dados correspondentes ao ácido acético
estão disponíveis na Tabela 2. Adicionalmente, foram gerados gráficos que ilustram

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a atividade em relação à concentração, permitindo uma análise mais aprofundada


do comportamento das soluções diluídas. Cabe destacar que esses gráficos estão
presentes nas Figuras 1 e 2.

Tabela 1. Dados obtidos experimentalmente para o ácido clorídrico.

Concentração pH 𝑎 + γ +
exp.
γ +
DH
𝐻 𝐻 𝐻
(mol/L)

5,0x10⁻² 1,36 0,04365158322 0,873 -0,957


1,0x10⁻² 2,04 0,009120108394 0,912 -0,980
5,0x10⁻³ 2,35 0,004466835922 0,893 -0,979
1,0x10⁻³ 3,04 0,0009120108394 0,912 -0,987
5,0x10⁻⁴ 3,30 0,0005011872336 1,002 -1,000
1,0x10⁻⁴ 4,28 0,00005248074602 0,525 -0,935

Tabela 2. Dados obtidos experimentalmente para o ácido acético.

Concentração pH 𝑎 + γ +
exp.
γ +
DH
𝐻 𝐻 𝐻
(mol/L)

5,0x10⁻² 2,57 0,002691534804 0,054 -0,506


1,0x10⁻² 2,99 0,001023292992 0,102 -0,669
5,0x10⁻³ 3,08 0,0008317637711 0,166 -0,747
1,0x10⁻³ 3,42 0,0003801893963 0,380 -0,877
5,0x10⁻⁴ 3,58 0,0002630267992 0,526 -0,922
1,0x10⁻⁴ 4,01 0,0000977237221 0,977 -0,998

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Figura 1. Gráfico de log c vs. log aH+ para o HCl.

Figura 2. Gráfico de log c vs. log aH+ para o HAc.

Ao analisar as Tabelas 1 e 2, percebe-se que há um aumento da atividade de


íons H+ em função do aumento da concentração dos mesmos, o que também é
reafirmado pelos gráficos das Figuras 1 e 2. Esse fenômeno ocorre devido à
redução das interações entre os íons em soluções mais diluídas, resultante da maior
distância entre eles. Quando consideramos que a interação entre todos os
componentes (solvente e soluto) da solução é uniforme, atingimos a idealidade, e a
atividade dos íons se equipara à concentração. Em contrapartida, nas soluções

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concentradas, há um aumento no número de íons presentes, resultando em menor


distância e interações mais intensas entre eles.
Dessa forma, destaca-se que o HCl apresenta uma proximidade maior com a
idealidade, devido ao seu alto grau de ionização como ácido forte. Nesse cenário,
praticamente todas as moléculas de ácido clorídrico se ionizam, resultando em uma
atividade dos íons H+ semelhante à concentração de HCl em soluções diluídas.
Entretanto, o ácido acético, classificado como ácido fraco, exibe um grau de
ionização reduzido. Em consequência, apenas poucas moléculas de ácido acético
se ionizam, refletindo em uma atividade dos íons H+ significativamente inferior à
concentração de HAc, tanto em soluções diluídas quanto concentradas,
afastando-se da condição ideal.
Para ambos os ácidos, ácido clorídrico e acético, foram determinados os
fatores de correção conforme apresentado na Tabela 3.

Tabela 3. Fator de correção para o ácido clorídrico e ácido acético.

Concentração (α teórica) Correção HCl (δ) Correção HAc (δ)

5,0x10⁻² 1,145433826 18,57676145

1,0x10⁻² 1,096478196 9,77237221

5,0x10⁻³ 1,119360569 6,011322173

1,0x10⁻³ 1,096478196 2,630267992

5x10⁻⁴ 0,9976311575 1,900946982

1x10⁻⁴ 1,905460718 1,023292992

Já o grau de ionização (α), é uma grandeza que determina a capacidade de


um ácido em produzir íons H+ em solução aquosa, podendo ter melhor noção do
grau de acidez de uma substância. Dessa maneira, pela lei de Ostwald, pode-se de
uma forma simples, relacionar o grau de ionização com a constante de ionização
(Ki), empregando a molaridade (𝑀), de uma dada substância, desde que haja um
monoácido ou uma monobase em soluções diluídas, onde a quantidade de solvente
é significativamente maior do que a quantidade de soluto.[2],[3]

2
α 𝑀
𝐾𝑖 = 1−α
Eq. 3

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C
Tabela 4. Grau de ionização para o ácido acético nas respectivas concentrações.

C (mol/L) (HAc) α (%) (HAc) Ki (×10-5) (HAc)


5,0x10⁻² 1,91 1,82
1,0x10⁻² 4,18 1,79
5,0x10⁻³ 5,85 1,78
1,0x10⁻³ 12,4 1,73
5x10⁻⁴ 17,2 1,74
1x10⁻⁴ 33,9 1,71

Com base nos resultados adquiridos, foi viável perceber uma significativa
concordância entre os valores experimentais e os encontrados na literatura. No caso
do ácido acético, sendo este um ácido de natureza fraca, previa-se uma taxa de
ionização reduzida, inferior a 5%. Embora os dados tenham apresentado desvios
em relação às expectativas, a constante de ionização para o ácido acético permitiu
alcançar resultados bastante próximos aos registrados nas referências, estando
estes em torno de 1,74×10-5.[4]

1.3 Referências Bibliográficas

[1] Myers, R. J. One-Hundred Years of pH. Journal of Chemical Education, 2010.


87(1), 30–32.
[2] Sitta, E; Aquino, J; Homem, M; Biaggio, S. Experimentos para Laboratórios de
Físico-Química. UFSCar. São Carlos, 2017
[3] Levine, I. N. Physical Chemistry. 6.ed. Now York: McGraw-Hill, 2009. p.
294-295, 311-314.
[4] Skoog, D. A.; West, D. M.; Holler, F. J. Fundamentals of Analytical Chemistry.
6.ed. New York: Saunders College Publishing, 1992.

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