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EDUCAÇÃO
HÍBRIDA
Saberes essenciais
para todo professor
Renato Casagrande
Ronaldo Casagrande
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO......................................................................................... 3
2. A EDUCAÇÃO HÍBRIDA.......................................................................... 9
3. OS GRANDES DESAFIOS NA IMPLANTAÇÃO
DO HIBRIDISMO NA EDUCAÇÃO............................................................ 13
3.1 O estabelecimento de metodologias apropriadas.................. 15
3.2 A escolha das tecnologias.......................................................... 17
3.3 O engajamento dos pais............................................................. 19
3.4 O comprometimento dos professores..................................... 21
3.5 A motivação dos alunos............................................................. 23
4. SOBRE AS TECNOLOGIAS DIGITAIS NA EDUCAÇÃO....................... 25
5. METODOLOGIAS E PRÁTICAS PEDAGÓGICAS PARA
UMA NOVA EDUCAÇÃO.......................................................................... 30
5.1 O método tradicional................................................................. 32
5.2 Metodologias ativas................................................................... 35
6. AULAS E ATIVIDADES SÍNCRONAS E ASSÍNCRONAS..................... 37
7. DEZ MODELOS DE EDUCAÇÃO HÍBRIDA-REMOTA......................... 42
a. Modelo Remoto Elementar.......................................................... 44
b. Modelo Remoto Síncrono............................................................ 45
c. Modelo Remoto Assíncrono......................................................... 46
d. Modelo Remoto Misto.................................................................. 47
e. Modelo Híbrido Síncrono............................................................. 48
f. Modelo Híbrido Assíncrono.......................................................... 50
g. Modelo Híbrido Replicado............................................................ 51
h. Modelo Híbrido de Suporte.......................................................... 52
i. Modelo Híbrido Segmentado........................................................ 53
j. Modelo Híbrido Pleno.................................................................... 54
8. CONSIDERAÇÕES FINAIS..................................................................... 56
9. REFERÊNCIAS......................................................................................... 57
1. INTRODUÇÃO
3
Os professores nunca realizaram tantas participações e experi-
mentações em programas de formação continuada, favorecidas
pela ampla disseminação on-line que tem acontecido e, ao longo
de 2020, muitos professores avançaram significativamente na uti-
lização e no manuseio de tecnologias digitais de apoio ao proces-
so de aprendizagem dos alunos. O Instituto Casagrande, por
exemplo, promoveu formação para mais de 150 mil educadores
brasileiros e do exterior.
4
Por outro lado, muita aprendizagem ocorreu no inesquecível ano
de 2020. Professores se transformaram! Os docentes começaram
a perceber, com mais propriedade, as contribuições fantásticas
das tecnologias para a educação, assim como para praticamente
todos os setores da sociedade. Muitos relatam que, avessos às
tecnologias, eram refratários a qualquer experimentação nesse
sentido antes da pandemia. Por causa dela, contudo, entenderam
como as ferramentas tecnológicas podem auxiliar o processo de
aprendizagem dos seus alunos e facilitar as suas rotinas diárias.
5
Outro fator que se impôs com a crise do Coronavírus 2 foi a mu-
dança do papel do aluno que, de sujeito passivo, passou a sujeito
ativo. Um dos modelos de aula remota mais bem-sucedidos é
aquele que combina as atividades síncronas dos professores (ao
vivo) com atividades assíncronas (aulas gravadas, indicações de
vídeos, textos, músicas e outros recursos, desenvolvimento de
projetos por parte dos alunos, inclusive em cooperação com
outros colegas, por meio das novas tecnologias de comunicação e
com o seu auxílio. Essas atividades assíncronas exigem do aluno
maior disciplina e protagonismo na aprendizagem, o que é outra
grande mudança na forma de se fazer educação.
Sem dúvida, 2020 foi um ano com muitas aprendizagens que fica-
rão marcadas na história; em 2021, porém, novos desafios se
apresentam. Se, no ano de 2020, a tônica foi o Ensino Remoto
Emergencial, em 2021, o foco passa a ser em Educação Híbrida,
na qual parte do processo de ensino e aprendizagem ocorre pre-
sencialmente nas escolas e parte acontece de forma remota,
como aconteceu em 2020.
6
Em razão desse cenário, o ABC DA EDUCAÇÃO HÍBRIDA: saberes es-
senciais para todo professor foi preparado com o objetivo principal
de discutir fundamentos, conceitos e aspectos básicos que norteiam
a Educação Híbrida, bem como fornecer subsídios aos educadores –
sejam eles professores ou gestores educacionais – para a implanta-
ção dessa nova forma de se fazer educação.
7
A Educação a Distância (EAD) é regulada por legislação específica. Atu-
almente, pode ser implantada na Educação de Jovens e Adultos (EJA),
na Educação Profissional Técnica de Nível Médio e em Educação Su-
perior. A definição de EAD elaborada pelo Ministério da Educação
(MEC) caracteriza a EAD como a modalidade educacional em que
alunos e professores ficam física ou temporalmente separados e na
qual faz-se necessária a utilização de tecnologias de informação e co-
municação para que o ensino ocorra. No Brasil, a Educação a Distân-
cia é, portanto, regulada e, além de se tratar de uma modalidade re-
gulamentada de ensino, difere do Ensino Remoto, pois contempla um
desenho instrucional consistente e implantação planejada.
8
Em síntese, o Ensino Remoto utiliza soluções educacionais – com uso
de tecnologias digitais ou não – para o ensino que, em situação
normal, teria sido realizado presencialmente. Portanto, não se trata
de uma nova modalidade de ensino, mas, sim, de uma ação de cará-
ter emergencial, para a qual não existe legislação regulamentadora.
9
2. A EDUCAÇÃO HÍBRIDA
10
Sendo assim, a Educação Híbrida pode ser compreendida como
um programa educacional formal, no qual os alunos aprendem
por meio do ensino não presencial (on-line) – com algum elemento
de controle do próprio estudante sobre o tempo, o lugar, o cami-
nho e/ou o ritmo – e, também, por meio do ensino presencial, em
um local físico supervisionado, preferencialmente na escola. Para
fornecerem uma experiência de aprendizagem integrada, as duas
modalidades devem estar conectadas.
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A seguir, apresentamos, então, dez itens que auxiliam a concepção
de um projeto de Educação Híbrida:
12
6. Os espaços de aprendizagem precisam ser organizados e adap-
tados com o objetivo de atender às reais necessidades dos alunos
e podem ser ampliados por meio das tecnologias digitais, possibili-
tando vivências compartilhadas;
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3. OS GRANDES DESAFIOS NA
IMPLANTAÇÃO DO HIBRIDISMO
NA EDUCAÇÃO
14
Como já mencionado, a implantação dessa nova educação é comple-
xa e traz consigo os maiores desafios. Entre eles, elencamos os cinco
grandes desafios impostos a professores e gestores educacionais,
que julgamos muito importantes neste momento. São eles:
• O estabelecimento de metodologias apropriadas;
• A escolha das tecnologias;
• O engajamento dos pais;
• O comprometimento dos professores;
• A motivação dos alunos.
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3.1 O estabelecimento de
metodologias apropriadas
16
Essas são apenas algumas das perguntas que precisam ser
respondidas pelas escolas na construção da metodologia ou de
metodologias a serem implantadas na Educação Híbrida.
17
3.2 A escolha das tecnologias
18
O segundo aspecto diz respeito à simplicidade. Devemos nos
lembrar que essa temática é novidade na área educacional.
Sendo assim, de nada adianta a implantação de soluções tecno-
lógicas encantadoras e completas se os professores e os pais
tiverem dificuldade de manuseá-las. Portanto, a simplicidade
no uso de tais ferramentas é requisito essencial no seu proces-
so de escolha. Em vista disso, muitos especialistas recomendam
que a etapa inicial da incorporação de tecnologias seja a esco-
lha pelas que já sejam usadas no cotidiano de pais e professo-
res, como YouTube, WhatsApp e outras ferramentas populares. À
medida que o processo for amadurecendo, novas soluções
tecnológicas podem ser incorporadas.
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3.3 O engajamento dos pais
Isso posto, as escolas que são mais próximas dos pais e mantêm
relacionamento aberto e franco com as famílias levam vantagem
nesse quesito, pois ter os pais como parceiros no processo educa-
cional é fundamental para o êxito do hibridismo. Aqui, ressalta-
mos que a importância dessa parceria é inversamente proporcio-
nal à idade dos alunos: quanto mais novos eles são, maior será a
relevância dos pais nesse processo. Logo, as escolas de Educação
Infantil e as que oferecem os anos iniciais do Ensino Fundamental
precisam ter apoio incondicional dos pais para obterem êxito
nessa nova educação.
20
Assim sendo, a escola precisa ter um canal de comunicação com
pais, que seja permanente e eficaz, para que o sistema seja cons-
tantemente retroalimentado com críticas e sugestões sobre o
método de ensino, de forma que os erros possam ser ajustados e
corrigidos rapidamente.
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3.4 O comprometimento dos
professores
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• Um terceiro desafio imposto aos professores tem a ver com a
sua exposição. Dentro da sua sala de aula, o professor é soberano
e, ao fechar a porta da sua sala e ficar diante de uma plateia
pouco crítica, ele se torna pleno. Na Educação Híbrida, no entan-
to, os professores não estão em contato somente com os alunos,
mas são expostos aos familiares deles também. E, como os pais
também passam a estar mais presentes na aprendizagem de seus
filhos, os professores são constantemente julgados.
23
3.5 A motivação dos alunos
24
A resposta é suficientemente rica para se tornar tema de uma
publicação específica, mas podemos adiantar que o excesso de
cobrança por alto desempenho tem influência negativa na
atenção dos estudantes e que exercícios típicos da mesmice
das velhas aulas expositivas favorecem a sua falta de foco.
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4. SOBRE AS TECNOLOGIAS
DIGITAIS NA EDUCAÇÃO
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O mundo mudou e a nova geração pensa e age de acordo com os
novos padrões, enxergando o mundo com outras lentes. O aluno de
hoje assiste às aulas passivamente, mas, fora do ambiente escolar,
vive em um mundo conectado, de múltiplas experiências e sensações.
É para esse aluno, que clama por uma mudança na escola, que a
Educação Híbrida, que incorpora tecnologias digitais em seu processo,
faz todo sentido.
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Outro elemento para o qual as tecnologias digitais são muito impor-
tantes no hibridismo é a personalização da aprendizagem, um dos
grandes motes em Educação Híbrida. As tecnologias digitais são
utilizadas na criação de plataformas adaptativas, que são softwares
criados com o objetivo de lidar com as especificidades de cada
aluno, reconhecer o que, quando e como cada aluno aprende
melhor e, assim, melhorar o aprendizado individual.
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Apesar de muitos alunos não terem computadores em suas casas,
esse problema é mais fácil de ser resolvido rapidamente, por meio de
políticas governamentais que, por exemplo, facilitem a compra de
notebooks por/para alunos.
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O acesso à Internet, no entanto, é o maior problema a ser enfrentado.
Contudo, quando projetamos o acesso para os próximos anos, nem
mesmo esse aspecto é tão preocupante assim. O Gráfico 1, a seguir,
mostra o crescimento de usuários de Internet no Brasil entre os anos de
2008 a 2019. Se essa tendência se mantiver (o que, acreditamos, pode
até aumentar em função da pandemia), dentro de poucos anos tere-
mos mais de 90% da população brasileira com acesso à rede mundial
de computadores. Sendo assim, ainda que o problema de acesso à
tecnologia exista, ele provavelmente será superado nos próximos anos.
30
5. METODOLOGIAS E PRÁTICAS
PEDAGÓGICAS PARA UMA NOVA
EDUCAÇÃO
31
Alinhadas a estes novos tempos, estão surgindo novas metodolo-
gias de ensino e aprendizado. Contudo, alguns professores
apresentam grande dificuldade em definir e selecionar quais
métodos utilizar para que os estudantes obtenham melhores
resultados de aprendizagem.
32
5.1 O método tradicional
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Todavia, a aula expositiva tem sido cada vez mais criticada nos dias
de hoje, principalmente pelo fato de que, como já vimos, o aluno é
um sujeito passivo na maioria das situações, deixando de se engajar
em sua própria aprendizagem, na medida em que ele se limita a
acompanhar o que é exposto pelo professor. Porém, mesmo critica-
da, ela volta a ser revisitada nos dias de hoje, inclusive em muitas
escolas que já adotaram metodologias mais inovadoras, porque há
uma parcela de educadores que defende a tradição conteudista,
acreditando que não há como formar um aluno crítico e questiona-
dor sem uma base sólida do que é pura informação.
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Hoje, passamos por um processo que trouxe consigo a necessidade
de combinar diferentes métodos e, em alguns casos, inclusive a
associação dos métodos tradicionais com os novos, nos quais os
alunos são mais ativos no processo de aprendizagem. Isso nos
parece ser uma tendência que vem sendo adotada pelas escolas e
pelos professores.
35
5.2 Metodologias ativas
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Embora tidas como uma grande novidade na atualidade, espe-
cialmente em função do hibridismo, as metodologias ativas já
foram apresentadas aos professores há muito tempo e vêm
sendo debatidas há décadas. Pesquisadores, como John Dewey,
Jean Piaget, Maria Montessori, Célestin Freinet, Lev Vygotsky, Carl
Rogers, Paulo Freire e tantos outros, enfatizaram que os proces-
sos de ensino e de aprendizagem têm mais significado quando
há interação do estudante com o meio. Pesquisas recentes têm
confirmado que o aprendizado ativo é muito mais eficiente e
eficaz do que o aprendizado passivo.
37
6. AULAS E ATIVIDADES
SÍNCRONAS E ASSÍNCRONAS
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Outro ganho significativo obtido com as aulas síncronas é a
promoção de momentos de socialização entre alunos e professo-
res, uma vez que, dependendo da tecnologia adotada, eles
podem enxergar uns aos outros, compartilhar informações,
conversar sobre banalidades etc. Quando já há tão pouco conta-
to entre estudantes e docentes, como neste momento, é muito
salutar evitar que a conexão entre alunos e professores se perca,
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Outra inconveniência da sincronicidade está relacionada à Internet.
As aulas síncronas exigem uma conexão de melhor qualidade, o
que é um fator limitante para um número significativo de alunos e
professores no Brasil, tanto de escolas privadas quanto públicas.
Um ponto que também pesa negativamente para as aulas síncro-
nas tem a ver com a exposição excessiva dos alunos às telas dos
dispositivos digitais.
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Em termos da temporalidade dos fatos, uma aula assíncrona tem
características que se assemelham a um processo industrial:
entre a produção de um bem e a utilização dele pelo consumi-
dor, há um espaço de tempo, uma lacuna temporal que facilita a
criação de controles de qualidade que garantirão que o produto
chegue às mãos do consumidor sem defeitos. Nas aulas assíncro-
nas, ocorre algo similar: uma aula gravada por um professor
pode passar por um processo de avaliação pelo próprio profes-
sor ou por outros profissionais da escola, o que traz garantias de
que qualquer eventual equívoco cometido na gravação possa ser
corrigido antes que ela seja disponibilizada para os alunos. Dessa
forma, assegura-se que uma aula já tenha sido avaliada e corrigi-
da, caso necessário, antes que os alunos e/ou seus pais tenha
acesso a ela.
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O fato de que, via de regra, a aula assíncrona exige uma menor
largura de banda (medida da capacidade de transmissão de Internet)
também é um aspecto muito positivo para uma parcela significativa
de alunos e professores brasileiros.
Agora que você já pôde ter uma compressão geral sobre aulas e
atividades síncronas e assíncronas, suas vantagens e desvantagens,
você poderá entender melhor os modelos de Educação Híbrida-Re-
mota apresentados na sequência. Bom estudo!
42
7. DEZ MODELOS DE EDUCAÇÃO
HÍBRIDA-REMOTA
43
Para cada um dos dez modelos de Ensino Remoto e de Educação
Híbrida a seguir, foi designada uma nomenclatura específica, a
fim de facilitar a comunicação e o entendimento do leitor. Cada
modelo tem suas próprias vantagens e desvantagens, bem como
graus de complexidade e dificuldade na implantação. Logo, para
escolher o modelo ou os modelos mais adequados para atende-
rem ao processo de aprendizagem dos alunos e à proposta
pedagógica da instituição, cada escola ou sistema de ensino deve
analisar sua infraestrutura física e tecnológica e quais recursos
estão disponíveis para os professores e os alunos.
44
a. Modelo Remoto Elementar
45
b. Modelo Remoto Síncrono
46
c. Modelo Remoto Assíncrono
47
d. Modelo Remoto Misto
48
e. Modelo Híbrido Síncrono
49
Nas escolas em que um mesmo professor possui mais de uma
turma, elas podem ser unificadas, um recurso que permite otimizar
o tempo do professor. Os pontos positivos são: grande interação
com os alunos e facilidade logística de implementação. O grande
obstáculo desse modelo é a exigência de que as salas de aula
tenham infraestrutura tecnológica que possibilite a transmissão das
aulas do professor ao vivo. Além disso, outro ponto negativo é o
modelo ser cansativo para os alunos que estão em casa, por causa
do tempo das atividades on-line.
A C
D
E
F
50
f. Modelo Híbrido Assíncrono
51
g. Modelo Híbrido Replicado
52
h. Modelo Híbrido de Suporte
53
i. Modelo Híbrido Segmentado
54
j. Modelo Híbrido Pleno
55
Como podemos constatar, cada tipo de modelo híbrido tem seus
próprios pontos
fortes e fracos, suas próprias dificuldades de implementação e a
respectiva necessidade em relação a recursos.
Segmentado
Assíncrono
Assíncrono
de Suporte
Elementar
Replicado
Síncrono
Síncrono
Remoto
Remoto
Remoto
Remoto
Híbrido
Híbrido
Híbrido
Híbrido
Híbrido
Híbrido
Pleno
Misto
Ambiente virtual de aprendizagem para
repositório dos conteúdos
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8. CONSIDERAÇÕES FINAIS
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9. REFERÊNCIAS
58
HORN, M.; STAKER, H. Blended: usando a inovação disruptiva para
aprimorar a educação. Porto Alegre: Penso, 2015.
59
AUTORES