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sexta-feira, 21 de outubro de 2022

Górgias, Platão

Resumo

Platão - Arístocles
- foi um dos lósofos maios importantes e o seu pensamento in uenciou toda a tradição
losó ca ocidental subsequente
- Quiz ser dramaturgo, mas aos seus vinte anos de idade muda de ideias ao ouvir o ensino
de Sócrates no mercado passando a dedicar a sua vida à loso a
- Continuou a estudar com Sócrates ate aos seus 28 anos, mas em 399 a.c. Sócrates é
executado
- Cria a sua academia em Atenas - Aristóteles foi o seu famoso aluno
- Academia persistiu ate 86 a.c.
- Platão criou o “diálogo” - forma literária que retrata uma conversa entre duas ou mais
personagens com o objetivo de resolver uma questão e chegar a uma verdade profunda
- Diálogos mais importantes - A Républica ; Apologia ; Meno ; Simpósio entre outros
- Morre aos 81 anos
Relação entre Platão e Aristóteles
- Platão aponta para cima
- O mundo real e o mundo racional é representado pelo mundo das ideias que é
superior ao homem, e este só o conseguiria entender dedicando-se a uma
racionalidade profunda
- Aristóteles apresenta a palma da mão virada para a terra
- Dá maior importância à vida terrena, isto é, o que fazemos em vida e as nossas
ações e atitudes ou a felicidade suprema, não se caracteriza por uma vida cheia
de prazeres, riqueza ou honra mas sim uma em que a principal característica seja
a virtude.
Contexto
- Escrito por Platão
- Atenas vivia uma profunda crise económica e política
- Após a longa guerra contra Esparta - 431 - 404
- Atenas perde a guerra e o poder que tinha entre os gregos
- Regime Democrático é substituído por Tirania (imposição de Esparta) - 404 -403
- Democracia restaurada em 403, mais frágil que nunca
- Recursos escassos - procura recuperar a sua prosperidade económica
- A oratória ou a retórica estava a tornar-se popular nos círculos atenienses de elite - tanto
na audição de discursos como na formação em escolas especializadas (tais como a
escola de retórica de Isócrates, fundada um pouco antes da própria Academia de
Platão).
- Os so stas, professores itinerantes da retórica (como Górgias), a rmaram ser capazes
de transmitir um corpo abrangente de conhecimentos - a rmação a que Platão resiste ao
longo dos seus diálogos, especialmente de Fedro e Górgias.
- O histórico Górgias era um so sta nascido na Sicília que viveu de c. 483-375 a.C.
- E, apesar do desprezo de Platão pelos seus métodos, o estilo altamente ornamentado e
paradoxal de Górgias teve uma forte in uência na retórica grega clássica.
- Finalmente, a própria in uência de Platão como lósofo fez um impacto cultural imediato
e contínuo - o seu mais famoso aluno da Academia, Aristóteles, tornou-se o tutor do
jovem Alexandre o Grande, e os escritos de Platão lançaram a disciplina académica da
loso a desde a antiguidade.

Temática

- Linguagem como instrumento de puder

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- Linguagem como instrumento de verdade
- So stas - representados por Górgias, Polo e Cálicles, para Platão, os so stas rejeitavam
a verdade e relativizavam a realidade resumindo o universo a partir de aspetos
fenomenais.
- Filósofos - representados por Platão e Sócrates
- Górgias é um dos primeiros diálogos de Platão, datando de um período no século IV
a.C., quando a retórica, como já referido, atingiu um pico de popularidade em Atenas.
- O so smo era visto por Platão como o epítome da falsa retórica porque o seu objetivo
principal era iniciar uma crença em vez de transmitir conhecimento. O perigo, claro, era
que os melhores So stas pudessem manipular a sua retórica para estimular os
Atenienses a acreditarem em quase tudo.
- Através de técnicas de bajulação, por exemplo, que ainda hoje se revelam bastante bem
sucedidas em grati car uma audiência ao ponto de facilmente negligenciarem falhas de
lógica.
- Lisonjear o público permite que o reitor se safe com a confusão factual, provas
anedóticas, citações infundadas, ou premissas não declaradas (porque indefensáveis).
- Assim, uma estratégia retórica pode ser surpreendentemente bem sucedida na
conquista da crença e grati cação da multidão, apesar da sua incapacidade de
transmitir com precisão toda a informação necessária e de transmitir conhecimentos
autênticos.
- Platão escreveu Górgias como uma tentativa direta de refutar as reivindicações de
retórica feitas pelos so stas Górgias, Pólus e Cálices, provando que o que eles estavam
a praticar em nome da retórica não era mais do que uma persuasão artisticamente
orquestrada de massas ignorantes sem se preocuparem em instruí-las na verdade.
- A estrutura de Górgias tem o professor Sócrates de Platão envolvido em três conversas
separadas com esses três indivíduos.
- Em última análise, tomados como um discurso coletivo, estes diálogos têm Sócrates
trazendo o tema em discussão para quatro pontos distintos que ele se propõe a provar:
- I. A Retórica falha sempre comoarte;
- II. A Retórica não tem força para conferir autoridade;
- III. A Retórica não é um escudo contra o mal sofrido;
- IV. A Retórica não deve ser utilizada na esperança de escapar ao castigo por um pecado
realmente cometido.
- Muitos dos argumentos que Sócrates expõe em Górgias tornar-se-iam pedras de toque
no Platonismo, e do pensamento losó co e religioso ocidental de forma mais ampla. A
contribuição duradoura de Górgias é a noção de que a aparência é enganadora e o
objetivo da loso a é chegar às essências das coisas, que só podem ser apreendidas
pela mente.

Termos

• Arte:
a) Da palavra grega techne, que signi ca uma habilidade técnica padronizada.
As artes distinguem-se dos seus opostos - a tentativa de imposição da arte/
rotina e bajulação - visando o verdadeiramente bom e não o meramente
agradável.
b) Sócrates utiliza esta de nição (por exemplo) a m de classi car a retórica
como a contrapartida da lisonja à justiça da arte.
c) Outro aspeto de uma arte é a sua relação com a racionalidade. Enquanto
artes falsas se baseiam na irracionalidade equivocada, as verdadeiras são
de valor porque se baseiam na razão.
d) Para ilustrar, a cozinha toma a aparência da medicina quando nge conhecer
melhor quais os alimentos mais saudáveis para o corpo. No entanto, Platão
argumentaria que esta é uma atribuição irracional de efeito positivo, uma vez
que a saúde não é verdadeiramente melhorada, mas apenas
enganosamente. Visto que, um praticante de medicina absolutamente

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melhora a saúde de quem um médico pratica, o último é um discípulo de
arte hábil enquanto o anterior é um de uma mais oca e irracional.

• Diálogo:
• O método primário da loso a Socrática verbal e Platónica escrita, baseado
numa postura conversacional e na resposta a perguntas sobre qualquer
assunto ou conceito dado. Embora por vezes quase dolorosamente
metódico, a apresentação de ideias em forma de diálogo cria pelo menos
uma impressão de maior legitimidade losó ca, uma vez que o tratamento
de um tópico (mesmo que ctício) avança apenas com o acordo entre os
múlti plos participantes relativamente aos

passos prévios do argumento. Em contraste com a falsa retórica artística, Sócrates


argumenta que o diálogo é o único método ável de inquérito losó co. Isto é assim
porque tem em conta uma democracia de múltiplas perspetivas, ao contrário da tirania
dominante da retórica . Platão utiliza muitas vezes de forma bastante inteligente a estrutura
do diálogo para grande vantagem dos seus argumentos. Por exemplo, ele tem
frequentemente uma das personagens mais insigni cantes numa discussão que concorda
profusamente com cada inquérito de Sócrates, o que serve para reforçar os pontos a que
ele dá o s eu assentimento na mente do leitor. Ou ainda, em vez de diminuir a força dos
seus pontos, Platão usa o desacordo com Sócrates de qualquer das outras personagens
para introduzir perspetivas e

objeções cada vez mais novas, cuja resposta subsequente empurra o diálogo para um
território cada vez mais novo para consideração. Este dispositivo apres enta uma
oportunidade perfeita para o avanço do que quer que seja que Platão deseje.

adulação: Representa as artes falsas - aquelas práticas que criam uma falsa impressão de
bem através do excitamento do agradável. Esta de nição baseia -se no agradável existente
como diferente do bom - um ponto que Sócrates tenta provar mais tarde no diálogo
baseado essencialmente em objetivos de impressões versus
manifestações reais do bem. As falsas artes estão em oposição às verdadeiras (por
exemplo, a ginástica), que visam diretament e o bem para o seu próprio bem.
Ginástica: A arte da aptidão física, uma noção bastante importante para a cultura grega
clássica, que tinha o homem como a medida de todas as coisas. Bastante

distinto da sua contrapartida lisonjeira de embelezamento (a falsa impressão de boa forma


física), o equivalente moderno da ginástica antiga existe no treino cruzado de aptidão
física. A ginástica era de enorme importância para os mesmos gregos que criaram os
Jogos Olímpicos e que c olocaram o homem e a forma

humana no auge da razão, da beleza e da força dentro do universo. Este facto é


evidenciado pelo seu enfoque obsessivo (descob erto no resto da arte grega) sobre a gura
humana em forma. A saúde e aptidão física adequadas, alcançadas através da arte da
ginástica, foram a prova da vida e da alma saudáveis.
Justiça: Equidade (ou, tal como de nido por Sócrates, partes iguais para todos, quer seja
prosperidade ou punição). A justiça é um espécie de medicina para a alma; a arte do
equilíbrio nal e o estado mais elevado em que a alma pode estar . Ao contrário da sua
falsa homóloga, esta arte é alcançada através da temperança e é

defendida por Sócrates como sendo a mais virtuosa (e portanto signi cativa) das artes,
porque pertence a uma governação adequada da alma imortal, uma vez que reside numa
concha humana mortal. O contrário de justiça é injustiça.

Medicina: A arte da saúde corporal, em oposição à lisonja da cozinha. Como continua a ser
o caso atualmente, a medicina durante o tempo de Platão era praticada por médicos,

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embora com maior ênfase em aspetos adequados da dieta, e através de tratamentos
menos técnicos do que os são praticados atualmente
Oratória: O termo grego para oratória é retórica. Oratória é de nida por Górgias como
visando a persuasão e por Sócrates como visando mais o prazer, a crença do que a
verdade ou a instrução. Este tipo de discurso ocupou um papel muito importante em
Atenas no século V a.C., pois os cida dãos podiam usá-la para tentar

in uenciar os resultados nas instituições políticas de Atenas. Isto também signi cava que a
oratória era a chave para o ava nço pessoal na carreira e na sociedade. Os oradores
populares, chamados so stas, foram aclamados pelas suas atuações oratórias públicas.
Em Górgias, Sócrates argume nta que a oratória, tal como era praticada na sua época, é
mera adulação que não se preocupava verdadeiramente com a melhoria da alma das
pessoas tal como mai s à frente vamos ver com mais detalhe...
Rotina: Outra denotação das falsas artes enganosas - aqueles ofícios que criam meras
impressões do bem através da excitação do agradável.
So smo: O antigo método grego de loso a retórica. Para so stas como Górgias, a
verdade é mais uma questão de persuasão e crença d o que uma questão de
conhecimento e verdade.
Temperança: A disciplina e a contenção dos próprios desejos. Como Sócrates utiliza o
termo, a temperança representa um fator crucial para a realização do bem. Dentro do
corpo, melhora a saúde e suprime o desejo, aumentando assim o poder do seu possuidor.
Dentro da alma, ela combina c om a justiça para criar a mais alta das virtudes humanas. O
oposto da temperança é a intemperança.
Virtude: A boa vida, a vida condigna, a harmonia do corpo e da alma. Para Sócrates, a
virtude represente o derradeiro objetivo humano e é alcançada através de uma
combinação adequada de aptidão, temperança, justiça, e as outras artes. A virtude é o
bem mais elevado (boa existência) e é a soma abstrata total de todas as instâncias mais
especí cas do bem. É o foco uni cador tanto de Górgias como da investigação losó ca
de Platão ao longo d a sua vida.
A prática e o objetivo da oratória:
Temas
Górgias explora essencialmente a natureza da retórica ou arte de falar em público. Na
Grécia Antiga, a oratória ou retórica e ra central para a vida social e política.
Particularmente em Atenas, qualquer cidadão livre podia falar perante órgãos políticos
como a Assembleia, o Conselho ou os tr ibunais utilizando as suas
capacidades persuasivas para in uencias decisões importantes. O oratório, portanto, era
um instrumento importante para a rea lização das próprias ambições políticas. Oradores
itinerantes, chamados so stas, até ganharam aplausos populares pelos seus talentos
retóricos. Em Górgias , contudo, o lósofo Sócrates questiona se a oratória é
verdadeiramente bené ca para a sociedade. O diálogo tem lugar em Atenas, onde um
orador rico e procurado, ch amado Górgias, acaba de dar um
desempenho oratório vistoso. Sócrates não assistiu ao discurso, pelo que questiona
Górgias diretamente sobre o mesmo - uma discussão que se debruça sobre a natureza e o
objetivo da oratória. Ao fazer Sócrates apontar as inconsistências entre as opiniões de
Górgias sobre a prática e o objetivo da oratória, Platão argumenta
que a oratória, tal como praticada na sua época, não bene cia verdadeiramente a
sociedade.
Tanto Sócrates como Górgias concordam que o objetivo da oratória é persuadir os
ouvintes sobre o que é justo e injusto. De ac ordo com Sócrates, o oratório, como um ofício
(ou arte), deve ter um objetivo - deve produzir algo. Por exemplo, a composição produz
música. De acordo com Górgias, o produto do oratório é a persuasão. Ele
a rma que o oratório é "a fonte de liberdade para a própria humanidade e [...] a fonte do
domínio sobre os assuntos na sua pró pria cidade.". Por outras palavras, o oratório é a
capacidade de persuadir multidões, especialmente órgãos políticos que se reúnem em
público. Como Sócrates rea r ma o ponto de vista de Górgias, "o
oratório é um produtor de persuasão". Com o objetivo de oratório rmemente estabelecido,
Sócrates pergunta então acerca do q uê é que a oratória persuade. A nal de contas, há

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outros ofícios que produzem persuasão sobre os seus temas particulares (por exemplo, a
matemática). Górgias res ponde que a oratória produz persuasão sobre o que é justo e
injusto, estabelecendo assim um objetivo claro.
Mas porque o objetivo da oratória é a persuasão, um orador não tem de ser realmente um
especialista no seu assunto - um orador só precisa de parecer ser um especialista.
Sócrates propõe que existem dois tipos de persuasão: "uma que proporciona convicção
sem conhecimento, a outra q ue proporciona conhecimento". Ele e
Górgias concordam que a oratória produz convicção sem conhecimento. Não é o mesmo
que ensinar, por outras palavras que se pre ocupa em inculcar informação especí ca.
Através da habilidade persuasiva, um orador pode meramente parecer um perito. A nal,
Górgias explica, "se um ora dor e um médico viessem a qualquer cidade onde quisessem e
tivessem de competir para falar [...] sobre qual deles deveria ser nomeado médico, o
médico não faria q ualquer exibição, mas aquele que
tivesse a capacidade de falar seria nomeado, se assim o desejasse [...] É assim que é a
grande realização deste ofício, e o tip o de realização que ele é!" Essencialmente, um
orador tem a capacidade de ser mais persuasivo numa reunião (de outros que não são
especialistas, presumiv elmente) do que aquele que realmente tem conhecimento sobre o
assunto em questão. Portanto, em suma, o orador é basicamente apenas uma ferramenta
persua siva. Como Sócrates resume, "o oratório não precisa de ter qualquer conhecimento
do estado de [um sujeito]; apenas precisa de ter descoberto um dispositivo de persuasão
para se fazer parecer

Personagens
- Diálogo de cinco personagens
- Cálicles
- grande adversário de Sócrates;
- Personagem cticia, criada por plato
- Representa os políticos oportunistas da época
- Ausência e inversão de valores - representa o inverso de Sócrates

- Querefonte
- amigo de Sócrates, acompanha a casa de Cálicles
- Sócrates
- Diferente de Górgias
- Severo com Polo
- Ironia com Cálicles, devido à sua incapacidade de aceitar a derrota
- Faz sobressair a sua capacidade extraordinária de argumentação,
ausência de vaidade, desejo pela verdade e justiça
- Humildade perante Górgias, pergunta-lhe se quer continuar o discurso
- Górgias
- Personagem venerável pela sua idade e prestígio
- Aceita exigências der Sócrates, com interesse e cortesia
- Ao contrario de Polo e Cálicles, impetuosos, bruscos e impertinentes
- Polo
- So sta

A retórica ocupa-se das palavras


- arte dos discursos - técnica das palavras

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- Arte de que se trata das coisas através das palavras
- De nição ambígua
De nição de Górgias
- pressupõe o uso livre da palavra
- A actividade de persuadir a multidão - “fazer da multidão escravos”
- Transformar os persuadidos em escravos, médico, professor de ginástica, nanceiro
- Esta persuasão, de modo geral, decorre nas assembleias e tribunais
- A força da retórica consiste em persuadir as pessoas a terem certas atitudes
- “Persuadir pela palavra” - palavra como meio de persuasão
- Nas próprias palavras de Górgias, a persuasão é a capacidade de determina-te a
vontade das pessoas
- Górgias fala sobre o injusto e justo, mas em grande medida o dialogo se transformou no
conceito de justiça

Sócrates
- está interessado em limitar a liberdade de expressão
Contraste entre Górgias e Sócrates
- Sócrates - fala apenas para uma pessoa, diz que não e possível sermos racionais com
multidões, apenas pudemos mudar o seu estado de espirito e torná-los nossos escravos
- Górgias - fala para multidões com o objetivo de os persuadir w torna-los escravos
através dos seus discursos

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O que é a Retórica?
- Pólo intervém primeiro - ao tentar responder acaba por utilizar uma falácia de de nição
circular, ao estender-se em elogios sobre a arte da retórica, mas acabando por nunca a
de nir.
- Górgias, propõe-se então a responder em respostas curtas e incisivas
- ciência dos discursos e a arte da persuasão através da palavra.
- Não se ocupa de toda a espécie de discursos - a medicina também tem os seus, mas a
retórica, pode fazer sobre o mesmo assunto, e um orador é capaz de ser mais
persuasivo que um médico, ou professor de ginástica ou nanceiro.
Ideia de Multidões = escravos.
É necessário também entender que todos aqueles que ensinam também praticam retórica,
pois também persuadem, assim existem diferentes objectivos (caracteres) para a retórica.
- Porém, para Górgias a verdadeira retórica é a que se realiza nos tribunais e assembleias,
e que tem como carácter o justo e o injusto.
- Sócrates então faz a distinção entre o crer e o saber, ou seja, crença e ciência
- Crença - falsa ou verdadeira ; ciência - verdadeira
- duas espécies de persuasão: a que origina crença sem ciência, e a produz ciência,
Sócrates indaga qual delas é produzida nos tribunais e assembleias relativamente ao
justo e injusto - a crença sem ciência, ou que produz ciência?
- Górgias responde que será aquela donde nasce a crença, e assim, estabelece-se a
premissa de que a retórica gera a crença não o conhecimento sobre o justo ou injusto,
limitando-se apenas a fazer com que os outros acreditem num ou noutro.
- Segue-se a pergunta sobre se orador tem de saber previamente sobre as outras artes,
mas tendo em conta que a retórica apenas visa a persuasão e a crença, esta acaba por
ser um não assunto.
- Górgias, toca ainda no assunto da demagogia e no perigos que ela acarreta e que o
mestre de um pupilo demagogo não deve ser culpado pelos erros do primeiro.
O objectivo de Sócrates não é propriamente chegar a novas conclusões, mas sim chegar a
novas conclusões através do conhecimento, de um diálogo que à primeira vista pode
parecer saudável, mas que é extremamente incisivo.
Segundo a ordem de ideias de Sócrates, o orador apenas precisa de uma audiência de
ignorantes, pois se houver alguém nesta entendido na arte em que este proclama, este não
o conseguirá persuadir. Assim, Sócrates, encontra uma lacuna no pensamento de Górgias:
se a fundação da retórica é o justo ou o injusto, todo o orador deverá ser justo por
natureza, então por que razão existiria a retórica, ou neste caso o orador seria capaz
de cometer injustiças?
Aqui chegamos ao diálogo entre Sócrates e Pólo:
Opinião de Sócrates sobre a retórica: não é uma arte, mas sim uma actividade
empírica igual à cozinha destinada a produzir prazer e agrado.
Não é bela, mas sim feia, pois tudo o que é mau é feio, pois pertence ao ramo das
actividades humanas a que adulação: retórica, cozinha, toilette e sofística.
Conceito de retórica:
Corpo e alma: muitas vezes as pessoas podem parecer estar de boa saúde não estar,
quem as pode realmente diagnosticar são os médicos e os professores de ginástica.
Assim, Sócrates compara a alma à política e o Corpo constituído por quatro partes: a
ginástica e a medicina serão correspondentes à legislação e à justiça (por esta ordem),
ligando-se à política, pois a alma comanda o corpo.

No entanto, estas 4 artes, também têm diferenças entre si:


É através da existência das 4 artes e dos seu conhecimento interligado, que a adulação
correspondente a cada uma das 4 artes se fez passar por uma delas.
Esta adulação não tem como objectivo ser melhor que a arte em si, mas sim o prazer, ex.:
a cozinha convence que sabe quais os melhor alimentos quase melhor que o médico
(wellness fad); "Visa o agradável sem a preocupação do melhor."

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Para Sócrates, são de igual forma, tanto os oradores como os tiranos, os menos
poderosos, pois não fazem nada do que querem, embora façam aquilo que lhes parece
melhor:
O orador persuade a audiência sobre aquilo que acha justo e injusto.
Já o tirano dá a morte, despoja de bens e expulsa da cidade se isso nos for útil e por isso
visando o bem.
NOTA: Se fazemos uma coisa em vista de outra (um acto mau em vista do bem) é o última
que queremos alcançar (o bem).
Assim sendo, nem o tirano nem o orador são todo-poderoso, pois só podem proceder a
uma acção com o bem em vista, nunca fará o que quer se o resultado for mau.

Injustiçado vs. Justiçado:

Enquanto para Pólo o maior mal é sofrer uma injustiça, para Sócrates o maior mal está em
cometê-la.
Pólo Tirania: De nição de Tirano Grega (está mais para um estadista, democrata).
Tirano Sócrates: terrorista que necessariamente seria sujeito a castigo.
Castigo = mal, logo feio.
Fazer o que nos agrada = Bem = resultado duma acção proveitosa -> Grande Poder. Em
oposição o poder é pequeno e mau.
As acções não têm todas o mesmo valor (matar; exilar ou despojar): "é melhor praticar
estes actos quando são justos do que quando são injustos."
Pólo discorda: Arquelau é feliz!
Sócrates: "O homem e a mulher são felizes quando são bons e virtuosos, infelizes
quando injustos e maus."
Pólo concorda que Arquelau é injusto, mas que não tem remorsos, por isso é feliz.
Apresenta testemunhas falsas.
Continua feliz o injusto sendo justamente castigado?
Polo: Não, passa a infeliz
Na opinião de Sócrates o culpado e o injusto serão sempre infelizes, mais ainda se nunca
responderem perante a justiça e não receberem o devido castigo, porém "se saldarem
estas contas e receberem o justo castigo (...)" serão menos infelizes.
É aqui que a explicação sobre cometer uma injustiça vs. sofrê-la começa a fazer sentido.
Sócrates estabelece primeiro uma correlação inversa entre o feio (pior) e o belo
(melhor).
Após, diz-nos os parâmetros do belo: útil e/ou agradável. (prazer e bem) Ou seja, tanto
pode ser mais bela pelo prazer ou pela utilidade ou pelos dois em simultâneo.
Por esta ordem de ideias o feio de ne-se pelo seu oposto: a dor e mal.
Quando uma coisa é feia ou mesmo acontece, que acontece com o belo.
Assim, voltamos à nossa pergunta: sofrer uma injustiça é pior que cometê-la?
Se cometer uma injustiça é mais feio que sofrê-la (acordado pelos dois), é necessário
então examinar se é mais doloroso cometer ou sofrer uma injustiça, e se os autores da
injustiça sofrem mais que as suas vítimas.
Isto não é razoável, pois não é o autor que sofre mais. No entanto se não é apenas pela dor
causada, também não pode ser pela dor e pelo mal em simultâneo.
Portanto, resta-nos apenas o mal. E se o mal é o que triunfa da prática da injustiça, que
como já se observou anteriormente é visto no pequeno poder (sem livre-arbitrio), então,
praticar uma injustiça é pior que sofrê-la.
E já que praticar uma injustiça é mais feio e pior, fundamentado no mal, ninguém o
preferiria.
TUDO O QUE É JUSTO É BELO?
1. Quando alguém pratica uma acção, existe sempre alguém sobre quem é praticada
essa acção.
2. A acção sofrida é da mesma natureza e carácter que a acção praticada (dar uma
pancada forte -> receber uma pancada forte).

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3. Portanto aquele recebe a acção experimenta um efeito semelhante àquele que a
pratica.
Ou seja, "a acção praticada tem a mesma qualidade da acção sofrida."
Sendo assim, ser castigado é sofrer às mãos de outrem, às mãos de alguém que o faz com
justiça, pois "aquele que é castigado por uma falta que cometeu e sofre uma acção
justa.".
No entanto, assentamos anteriormente que o justo é belo, e por isso tanto a pessoa que
castiga como o sofrimento do castigado são belos.
No entanto, o belo também é bom, visto que é agradável ou útil. "Logo, o que a pessoa
castigada sofre é algo de bom".
Vantagens do Castigo (vícios do homem):
- A alma de homem melhora quando sofre um castigo justo, e torna-se menos infeliz
ao libertar-se da maldade da sua alma.
Males do Homem: Riqueza > Pobreza. Corpo > Fraqueza; Doença; Fealdade. Alma >
Injustiça; Ignorância; Cobardia, etc.
Para Sócrates a mais feia delas todas é a imperfeição da alma = INJUSTIÇA. E sendo a
mais a feia, será por isso também a pior.
Como anteriormente esclarecido, o mais feio será "sempre o que causa maior dor ou
prejuízo, ou as duas coisas ao mesmo tempo." Neste caso os vícios de alma suplantam
o mal e prejuízo que os outros causas, "em proporções extraordinárias," não estando em
causa o sofrimento que causam.
As artes que libertam
Pobreza - Finança
Doença - Medicina
Injustiça - Juízes/Tribunais/Justiça
Qual a mais bela? A que proporciona o maior prazer ou utilidade ou os dois em simultâneo
(e por isso o bem).
Na Medicina nem sempre o doente quer tomar o remédio, porém sabe que será melhor
para ele. A justiça e os seus castigos funcionam de igual forma.
No entanto obviamente mais feliz o homem saudável ao doente.
Por isso, a felicidade consiste não em libertar-se do mal (seja ele qual for), mas sim,
nunca o contrair.
Em ordem inversa, se continuarmos com a analogia da medicina, o que conserva a
injustiça ou seja que não toma o remédio, nunca é libertado do seu mal - Caso de
Arquelau.
"O primeiro e maior de todos [os males] é praticas a injustiça sem ser castigado."
Então qual é a grande utilidade da retórica?
Se já estabelecido que o que importa é que cada um rejeite a prática de injustiças,
"como um mal em si mesmo".
Assim, ao cometermos uma injustiça, devemos imediatamente "procurar um juiz como
quem procura um médico" para se curar, e assim a retórica não deve ser utilizada como
defesa do crime, mas para a exposição do mesmo, e consequente aceitação do seu
castigo, podendo assim libertar a sua alma do mal da injustiça.
Culpa moral quando há ignorância:
questão ambígua: há quem diga que sim
No texto de Górgias é ambíguo
Platão explica isto mais tarde no texto sobre leis em que o protagonista é ateniense
(contexto democrático) - O homem injusto é sem duvida mau, mas é mau contra a sua
vontade - a injustiça é involuntária, o homem que age injustamente contra a sua própria
vontade.
Por ser involuntário é contra vontade, falando de leis.
Reconhece uma dupla ignorância: não é apenas ignorante, mas está convencido que é
sábio. O problema é maior quando tem poder e força, principalmente para suportar as suas
ideias.
O castigo tem como objectivo reabilitar uma pessoa.

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Para Sócrates/Platão o ponto chave não é muito a questão da culpa moral, mas sim a
questão de querer aprender ou do conhecimento.

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