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EDIÇÃO:
MAQUETIZAÇÃO E ILUSTRAÇÕES:
SE SSÃO 1
Liderança .......................................................................................... 5
1. O que é a liderança ........................................................................... 6
2. Liderança é inata ou adquirida .......................................................... 6
3. Liderança nos bombeiros .................................................................. 8
4. Estilos de liderança ........................................................................... 9
5. Consequências dos estilos de liderança ........................................... 12
6. Escolher um estilo de liderança ........................................................ 12
7. Liderança situacional ........................................................................ 13
SE SSÃO 2
Líder como treinador de homens ............................................... 17
1. O que é o coaching ........................................................................... 18
2. Feedback de desempenho ................................................................ 19
3. O papel do reforço no treino .............................................................. 19
4. O papel da disciplina e punição no treino ......................................... 20
SE SSÃO 3
Líder como treinador de equipas ............................................... 21
1. A importância do trabalho em equipa ................................................ 22
2. Motivar equipas ................................................................................. 22
3. A avaliação de desempenho no desenvolvimento de equipas .......... 23
4. Aumentar a resiliência da equipa ...................................................... 24
5. Responsabilidades de liderança de equipas ..................................... 24
SE SSÃO 4
Comunicação como ferramenta da liderança ......................... 27
1. Comunicação na liderança ................................................................ 28
2. Barreiras da comunicação ................................................................. 29
3. Comunicação verbal positiva ............................................................ 29
4. Técnicas de escuta ativa ................................................................... 30
5. Comunicação situacional .................................................................. 31
6. A comunicação na emergência ......................................................... 31
SE SSÃO 5
Gestão de conflitos ......................................................................... 33
1. O que é o conflito .............................................................................. 34
2. Formas de lidar com o conflito .......................................................... 34
3. Estratégias comportamentais para a resolução de conflitos ............. 35
4. Os diferentes estilos nas relações interpessoais .............................. 38
5. Resolução de conflitos ...................................................................... 41
6. Técnicas para ser eficaz na resolução de conflitos .......................... 42
SESSÃO 1
Liderança
PROGRAMA
• O que é a liderança;
• Liderança é inata ou adquirida;
• Liderança nos bombeiros;
• Estilos de liderança;
• Consequências dos estilos de liderança;
• Escolher um estilo de liderança;
• Liderança situacional.
OBJETIVOS DA SESSÃO
2.
Liderança é inata Durante muito tempo, os estudos sobre liderança defendiam que os líderes
ou adquirida possuíam determinadas características (como a amabilidade, a força física, a
inteligência, etc...), que se consideravam imprescindíveis para o exercício da
liderança. Assim sendo, as qualidades inerentes aos líderes eram pessoais, o
que pressupunha que desde tenra idade fosse possível identificar potenciais
líderes. Deste modo, o papel do treino e da formação pouco importavam na
aprendizagem da liderança.
Foi Lindzey que, em 1948, através de vários estudos realizados, conseguiu
contrapor esta teoria. Este psicólogo desenvolveu os seus estudos observando
vários líderes em diferentes situações e determinou que, dada a sua divergência,
não era possível encontrar nenhum traço de personalidade que pudesse
distinguir os “líderes” dos “não líderes”. A liderança não pode ser vista como
uma habilidade especial do líder que o caracterize já que, o seu comportamento
varia conforme a situação em que se encontra e consoante os elementos que
tem ao seu lado. Se a teoria anterior se confirmasse, um líder sê-lo-ia sempre,
em qualquer situação e de forma eficaz. O que a realidade organizacional e
grupal tem vindo a confirmar é que existem características diferentes nos líderes
e, deste modo, um líder pode ter muito sucesso em determinada situação mas,
perante outra realidade e com um grupo distinto, já não (Fachada, 2014).
3.
Liderança nos bombeiros Nos Bombeiros, além do conhecimento e das habilidades essenciais, que
permitem responder eficazmente às emergências, existe também outra
necessidade: um domínio da situação e de como o conhecimento, a habilidade
e a técnica podem trabalhar a favor do contexto da ocorrência.
Através das instruções continuas, formações específicas e experiência prática
no terreno, vamos adquirindo o saber que nos permite operar com novos
equipamentos e aprender novas técnicas. São situações que conseguimos
controlar e avaliar se estamos preparados para empregar num cenário real.
No entanto, existem muitas variáveis que não conseguimos controlar, como por
exemplo o clima e os seus efeitos sobre a ocorrência. Podemos pois, através de
uma análise da situação geral, transformar uma fraqueza em força e saber onde
será melhor empenhar os valiosos recursos, adaptando técnicas, conforme a
emergência assim o exija. Também devemos usar as ferramentas de liderança
4.
No interior dos grupos estabelece-se uma divisão de funções e relações de Estilos de liderança
cooperação entre os seus membros. O tipo de tarefas, estrutura, organização e
normas variam. Contudo, há um elemento comum a quase todos os grupos, a
existência de um coordenador, de um líder. Mesmo nos grupos mais pequenos há
tendência para se escolher entre os seus membros um elemento que coordene
a atividade coletiva, para melhor atingir os objetivos definidos, para afirmar o
próprio grupo. Desde o grupo de amigos, aos partidos políticos, aos grupos
religiosos, às empresas e instituições, existem indivíduos que desempenham
6.
Escolher um estilo A diferença entre o estilo eficaz e ineficaz não depende unicamente do
de liderança comportamento do líder, mas da adequação desses comportamentos ao
ambiente onde ele desempenha as suas funções (Fachada, 2012).
O líder deve utilizar os três estilos de liderança, em função da situação em
que se encontra, da equipa e das tarefas a realizar, procurando aproveitar as
vantagens de cada estilo.
A escolha do estilo a utilizar depende de vários fatores. O líder deve analisar os
seguintes aspetos, de forma a assegurar a escolha mais adequada:
• As características da organização em que se insere (os valores, políticas e
diretrizes);
• A complexidade do trabalho ou do problema a ser resolvido;
• O tempo disponível para a execução do trabalho em causa;
• O estilo e características do líder (valores, capacidade de comunicação...);
• O grau de segurança que o líder sente perante uma situação de incerteza;
• A necessidade dos seus elementos de liberdade ou de orientação superior;
• A sua confiança nos elementos da equipa;
• A disposição dos elementos para assumirem responsabilidades;
• O interesse pelo problema ou pelo trabalho, por parte dos elementos;
• Os conhecimentos e a experiência dos elementos para resolverem o
problema.
7.
Cada situação requer um tipo de liderança diferente, para se alcançar o melhor Liderança situacional
dos liderados. Um líder situacional deve ser versátil e flexível, sabendo adequar
os seus estilos, de acordo com a pessoa com quem trabalha e com a situação.
Este líder utiliza o que há de melhor nos estilos de liderança autoritária, liberal e
democrática e aplica, dependendo do grupo que tem à mão e da circunstância.
Esta abordagem da liderança impôs-se como sendo uma das mais realistas e
três aptidões são referidas como fundamentais no processo de liderança eficaz:
a) Sensibilidade Situacional
Capacidade de compreender as variáveis das diferentes situações, ou seja,
em cada situação concreta aperceber-se das diferentes variáveis existentes
e da inter-relação entre esses diversos elementos.
Possuir esta aptidão permite captar mais informação e mais rapidamente,
obtendo uma perceção mais real e mais completa da realidade em que se insere.
Esta aptidão revela-se especialmente importante em situações complexas e
em constante mudança, nas quais os cenários se alteram e é necessário dar
resposta imediata.
Desta forma, o líder reúne condições que lhe permite responder à questão:
“O que é preciso para ser eficaz aqui e agora?”
Esta aptidão varia muito de pessoa para pessoa, mas todos podem treiná-la e
melhorá-la, através de um melhor conhecimento dos fatores que surgem como
principais obstáculos. Ou seja, existem alguns fatores (que geralmente nem
nos apercebemos) que podem interferir e prejudicar a nossa capacidade de
captar e compreender a realidade de cada situação, e, em resultado disso,
criamos uma imagem da situação que não corresponde à realidade.
A sensibilidade situacional ajuda o líder a identificar a realidade, os problemas
e as situações que requerem a sua intervenção.
c) Gestão Situacional
Ser capaz de mudar a própria situação, de forma a que se adeque melhor
ao seu comportamento ou às exigências do contexto em que decorre.
A capacidade de gestão situacional corresponde à capacidade de intervir e
alterar as situações que surgem ou se prevêem, permitindo ao líder planear e
implementar as decisões/intervenções necessárias.
O objetivo principal da gestão situacional consiste, perante dada situação, em
organizar e introduzir as alterações consideradas importantes e desencadear a
adesão e cooperação das pessoas.
FIG. 1.
Estilos de liderança situacional.
FIG. 2.
Escolha do estilo de liderança.
PROGRAMA
• O que é o coaching;
• Feedback de desempenho;
• O papel do reforço no treino;
• O papel da disciplina e punição no treino.
OBJETIVOS DA SESSÃO
3.
Os líderes reconhecem os esforços que conduzem as suas equipas em direção O papel do reforço no treino
aos objetivos definidos. As equipas valorizam o reconhecimento como prova
que os seus líderes compreendem e apreciam a sua dedicação e esforço árduo.
O elogio é uma forma rápida de fornecer feedback personalizado.
4.
O papel da disciplina Os líderes recorrem à disciplina com os elementos que têm défices motivacionais
e punição no treino elevados ou que não estão dispostos a garantir o desempenho normativo. Os
líderes devem punir os membros da sua equipa apenas após terem prestarem
feedback atempado, apresentado os objetivos de desempenho de forma clara
e mesmo assim o esforço despendido não ter sido suficiente.
É importante distinguir os resultados finais de uma missão, do esforço realizado
na prossecução das suas metas. Não intervir em termos disciplinares perante
membros da equipa que se recusam a alcançar os padrões de funcionamento
normativos pode “minar”, de forma significativa, a coesão de uma equipa. Evitar
esta responsabilidade representa um fracasso das obrigações do líder para
com outros elementos da equipa.
PROGRAMA
OBJETIVOS DA SESSÃO
2.
Motivar equipas Líderes podem motivar equipas de diversas formas:
• Pelo exemplo;
• Construindo equipas fortes através de promoção do espírito de equipa;
• Satisfazendo as necessidades quer da equipa, quer dos seus membros;
• Reforçando e disciplinando... ou seja, motivando.
3.
A avaliação de desempenho da equipa constitui uma importante ferramenta na A avaliação de desempenho
prossecução do crescimento e desenvolvimento da equipa: no desenvolvimento
• Os líderes avaliam o desempenho a todos os níveis, de forma a compreender
de equipas
as causas dos sucessos e dos fracassos;
• Todos os elementos envolvidos num processo de avaliação de desempenho,
aplicam as “lições de hoje” nas missões de “amanhã”;
• A atitude de melhoria constante de comportamentos tem associada a
responsabilidade de “partilhar aprendizagens” entre a equipa e a própria
organização;
• Em equipas que crescem e se desenvolvem, os líderes percecionam as
“falhas” como oportunidades para “melhorar no futuro”.
• O clima de comando deve contemplar que o “fracasso” faz parte do processo
de aprendizagem;
• Assim, os jovens líderes e profissionais são motivados pelo desejo de
sucesso e não pelo medo do fracasso.
4.
Aumentar a resiliência No campo das relações humanas a resiliência é compreendida como um
da equipa processo que excede a simples superação de experiências, já que permite ao
indivíduo sair fortalecido por elas. Podemos definir resiliência como sendo a
capacidade humana para enfrentar, vencer e ser fortalecido ou transformado
por experiências de adversidade.
Uma equipa resiliente aos erros incorpora as seguintes práticas:
• Aprendizagem e auto-monitorização: a equipa auto-regula-se e avalia o seu
desempenho de forma rotineira e frequentemente utiliza debriefings técnicos
no final das ações ou no dia a seguir;
• A equipa desenvolve e utiliza procedimentos operacionais protocolados;
• Rotinas de comunicação: a equipa comunica a vários níveis, informais e
formais e possui mecanismos de comunicação eficientes;
• Qualidade do treino: a equipa efetua treinos quer de competências, como de
técnicas, quer em posto de trabalho, quer por coaching;
• Planeamento: os líderes desenvolvem atividades que incluem planos de
contingência e pontos de “gatilho”. Estas equipas planeiam os erros que
podem acontecer e antecipam respostas para os diferentes cenários.
5.
Responsabilidades Segundo Costa (2012), a função do líder é fundamental e decisiva no bom
de liderança de equipas desempenho da equipa, com destaque para as seguintes responsabilidades:
• Definição clara dos objetivos, proporcionando uma visão clara do contributo
da equipa para o trabalho a realizar;
• Manter a equipa permanentemente orientada para os objetivos, criando um
propósito comum;
• Planear o trabalho a desenvolver;
• Distribuir tarefas e responsabilidades pelos diversos elementos da equipa,
ajustando e aproveitando o melhor de cada um a nível das competências,
apetências e potencialidades;
Para ter sucesso na sua missão, os líderes têm de ganhar consciência em três
áreas:
• Conhecer o seu trabalho (conhecimentos técnicos e sobre liderança, sobre
o sistema da organização);
• Conhecer a sua equipa (e cada elemento que a constitui, sobre as suas
capacidades e limitações);
• Conhecer-se a si próprio.
PROGRAMA
• Comunicação na liderança
• Barreiras da comunicação
• Comunicação verbal positiva
• Técnicas de escuta ativa
• Comunicação situacional
• A comunicação na emergência.
OBJETIVOS DA SESSÃO
3.
A linguagem positiva determina pensamentos positivos. Sendo a comunicação Comunicação verbal positiva
um dos aspetos mais importantes da liderança, temos que estar conscientes
que as palavras que usamos estão associados a determinadas reacções e
produzem diferentes significados quando comunicamos. Por outras palavras,
podemos dar uma conotação positiva ou negativa ao que dizemos, em função
das palavras que usamos.
As palavras que utilizamos interferem na nossa estrutura mental e nas nossas
relações interpessoais.
A linguagem negativa torna as pessoas negativas. É necessário escolher as
palavras que utilizamos, já que estas desencadeiam reações diferentes no
cérebro. As palavras determinam as ligações dos neurónios.
4.
Técnicas de escuta ativa A escuta ativa é um processo que permite perceber às pessoas envolvidas
numa conversa, que estas estão reciprocamente interessadas e comprometidas
no processo de ouvir e se entender, o que facilita a troca de informações
vantajosas, melhorando assim as relações interpessoais.
Podemos adotar alguns comportamentos úteis que vão facilitar a escuta ativa:
• Manter uma aproximação adequada com o interlocutor (nem muito perto,
nem muito afastado), de preferência sem a existência de barreiras físicas
entre os dois;
• Manter contacto visual constante e mostrar interesse no que está a ser dito,
acompanhando o decorrer do discurso com ações que demonstrem que
está a entender (acenar afirmativamente com a cabeça, dizer sim ou ok…);
• Reduzir outros estímulos que possam interferir com este processo, como
mexer no telemóvel, gesticular demasiadamente, distrair-se com uma
caneta…;
• Usar expressões faciais que demonstrem o seu interesse no assunto (como
um sorriso);
• Evitar fazer muitas perguntas e interrupções enquanto o interlocutor não
tiver terminado o raciocínio e evite mudar de assunto abruptamente.
Podemos também usar várias técnicas para mostrar ao outro que realmente
estamos a escutar o que ele diz, estas técnicas devem ser selecionadas de
acordo com os objeticos pretendidos (tal como os estilos de liderança).
O próximo quadro sintetiza as várias ferramentas que podemos utilizar para a
prática de escuta ativa.
6.
Em ambientes de elevados riscos a melhor proteção contra erros e acidentes é A comunicação
uma comunicação efetiva entre a equipa. Isto implica que independentemente na emergência
da posição, hierarquia e funções, todos os elementos têm a obrigação de
comunicar informação que seja crítica.
Os líderes nos bombeiros trabalham para incutir as cinco responsabilidades de
comunicação na cultura de todas as equipas, em todos os cenários (sejam eles
de menores ou maiores dimensões). Essas responsabilidades ultrapassam
a parte mais técnica dos procedimentos normalizados de comunicações
existentes nos bombeiros (Castro, 2006) e devem ser aplicadas à gestão da
própria equipa para permitir que todos, em todos os níveis, desenvolvam boas
práticas de comunicação.
PROGRAMA
• O que é o conflito
• Formas de lidar com o conflito
• Estratégias comportamentais para a resolução de conflitos
• Os diferentes estilos nas relações interpessoais
• Resolução de conflitos
• Técnicas para ser eficaz na resolução de conflitos.
OBJETIVOS DA SESSÃO
2.
Formas de lidar As estratégias para lidar com um conflito podem classificar-se em três
com o conflito categorias:
a) Evitamento (evitar os conflitos na esperança que a situação desapareça):
• Abandonar a situação de conflito;
• Refugiar-se noutra coisa;
• Acomodar-se, afirmando que está tudo bem;
• Mudar de assunto, sempre que o conflito é focado;
• Não levar a sério, e utilizar a farsa, distraindo os outros, quando se aproxima
a situação de conflito.
b) Desativação:
• Parar ou suspender o conflito para que as coisas se acalmem;
• Forma de ganhar tempo;
• Tentar encontrar alguns pontos de acordo nos aspetos menos importantes do
conflito, evitando os problemas de fundo, muitas vezes para ver a situação
noutra perspetiva.
c) Confrontação (estratégias que permitem enfrentar o conflito e podem ser
agrupadas de acordo com o resultado obtido):
c2) Estratégia Perder-Perder: “Eu não ganho mas o outro também não”
Não satisfaz nenhuma das partes envolvidas no conflito, simplesmente
nenhuma delas dará a vitória a outra.
Implica que as partes envolvidas estejam mais empenhadas a impedir que a
outra parte ganhe, do que propriamente a encontrar uma solução para o conflito.
3.
Existem cinco estratégias comportamentais básicas para lidar com o conflito, Estratégias comportamentais
que variam e se distinguem entre si através de dois eixos: por um lado, o nível para a resolução de conflitos
de assertividade e por outro, o nível de cooperação envolvido em cada uma
das estratégias. Assim sendo, as cinco estratégias envolvidas na resolução de
conflitos (Competição, Colaboração, Compromisso, Evitamento e Acomodação)
diferem quanto aos graus de assertividade e de cooperação envolvidos.
FIG. 3.
Estratégias para a resolução de conflitos.
3.2. Competição
Procura da satisfação dos interesses próprios e reduzida preocupação com os
do outro:
(Assertividade +; Cooperação –)
• Tentar convencer a outra parte de que a nossa visão é a correta, levar a
outra parte a aceitar a norma (através da culpa, punição);
• Adequada em situações de emergência, de implementação de regras, ou
quando não há tempo para satisfazer os interesses da outra parte;
• Uso inadequado quando o assunto é complexo, em que ambas as partes
possuem idêntica quantidade de poder e de competência.
3.3. Evitamento
Intenção de não tomar qualquer posição no problema, o resultado é o impasse:
(Assertividade –; Cooperação –)
• Aguardar que o problema se resolva por si com o decorrer do tempo.
• Apropriado em situações de trivialidade do problema ou em contextos que
impossibilitem a concretização dos interesses das partes ou que exijam
quantidade considerável de tempo para pensar.
36 © ESCOLA NACIONAL DE BOMBEIROS – 2019
3.4. Acomodação
Considerar mais os interesses do outro do que os seus:
(Assertividade –; Cooperação +)
• Encontrar uma solução que satisfaça os objetivos da outra parte, sacrificando
os próprios, apoiar a opinião da outra parte apesar das suas reservas,
permitir à outra parte a transgressão das normas;
• Apropriada para situações em que é importante manter o relacionamento,
quando se parte de uma situação de inferioridade, quando se pretende
ceder agora para reivindicar mais tarde;
• Se levada ao extremo, pode originar a subjugação de uma das partes.
3.5. Compromisso
Ambas as partes estão dispostas a ceder algo para obter a melhor solução para
ambas:
(Assertividade +/–; Cooperação +/–)
• Consiste na “divisão das diferenças”;
• Encontrar uma solução que satisfaça parcialmente cada uma das partes,
estabelecer um acordo parcial na interpretação do conflito, dividir a culpa;
• Apropriada quando há prazos limite para resolver o conflito, quando
os objetivos são demasiado idênticos para continuarem incompatíveis,
quando os assuntos são demasiado complexos e não podem ser resolvidos
atempadamente e quando exista equilíbrio no poder de ambas as partes.
Criticar Assertivamente
Muitas vezes, confundimos críticas positivas com críticas negativas. Enquanto
estas últimas se caracterizam por fazerem apelo a erros do passado, serem
irónicas/maldosas, procurarem ataques pessoais/vinganças, a crítica positiva
tem como objetivo melhorar o relacionamento e promover a mudança, pelo que
se centra nas ações futuras e tem como princípios a clareza e a simplicidade.
Para criticar de forma assertiva deve:
• Ser específico pois a pessoa tem de saber claramente porque está a ser
criticada;
• Propor uma solução;
• Estar presente (cara a cara);
• Ser sensível e estar atento ao impacto que as suas palavras possam ter.
Elogiar Assertivamente
Por vezes, fazer um elogio pode tornar-se tão constrangedor como fazer uma
crítica. Seguem-se alguns princípios a seguir para elogiar com assertividade:
• Seja breve e direto (aumenta o impacto do elogio);
• Elogie atividades e resultados concretos;
• Utilize com frequência o “eu”;
• Evite comparações com os outros, com o passado e até com o futuro
(responsáveis por bloqueios na comunicação);
• Apresse-se a elogiar (terá mais impacto);
• Varie e gradue a forma do elogio (para que este não perca o seu efeito
motivador).
5.
De forma a resolver eficazmente um conflito, são requeridas algumas habilida- Resolução de conflitos
des e/ou capacidades individuais.
a) Diagnosticar a natureza do conflito:
• Ver se o problema nos afeta, se tem consequências pessoais;
• Ver quais as causas do conflito (divergências de opiniões, de interesses, de
valores, de factos);
• Ver se a outra parte envolvida é capaz de estabelecer uma relação de
negociação.
c) Escutar:
• Implica que prestemos atenção não só ao conteúdo da mensagem, mas
também aos sentimentos e emoções envolvidas;
• Escutar ativamente implica empatia – deixar de pensar no seu ponto de vista
e compreender o ponto de vista do outro.
d) Resolver o problema:
• Todas as soluções devem ser ponderadas e consideradas como possíveis,
mesmo as mais estranhas e inaceitáveis;
• Depois devem-se apresentar argumentos de defesa de cada uma das
soluções, devem ser discutidas e analisados os prós e os contras, bem como
as dúvidas que cada solução apresenta às diferentes partes envolvidas no
conflito;
• Escolher uma das soluções – a que melhor satisfaça os interesses e as
necessidades de todos s implicados no conflito.
6.
Técnicas para ser eficaz na • Escute até ao fim a ideia do outro;
resolução de conflitos • Mostre-se interessado na sua mensagem;
• Não interrompa;
• Faça perguntas para que o outro clarifique o pensamento e os argumentos;
• Esteja atento às suas expressões faciais: não revele arrogância, negativismo
ou rejeição, face ao que o outro diz;
• Diga com frequência “eu compreendo...”;
• Conquiste o direito a ser ouvido;
• Fale de forma serena e calma;
• Não imponha as suas ideias, mas proponha-as;
• Revele empatia e disponibilidade para chegar a uma solução de consenso.
PROGRAMA
OBJETIVOS DA SESSÃO
FIG. 4.
O Síndrome de Adaptação Geral.
FIG. 5.
Tipos de stresse:
desempenho e intensidade.
O tipo de stresse que prejudica o ser humano é o que se localiza num dos
dois extremos deste gráfico: levar uma vida demasiado monótona (1) ou com
um número demasiado elevado de exigências desgastantes com as quais não
consegue lidar adequadamente (3).
2.
Os acontecimentos e condições que desencadeiam o stresse são chamados Causas de stresse
de stressores. Estes são inúmeros, diferentes para todas as pessoas, e podem
mudar ao longo do tempo. Usualmente são acontecimentos ou condições que
introduzem algum grau de mudança funcional no nosso corpo ou no nosso
meio. Quando essa mudança provoca uma quebra no nosso equilíbrio, ou
seja, quando o indivíduo avalia que não tem controlo sobre o ocorrido, é
desencadeada a resposta de stresse numa tentativa de recuperar o equilíbrio.
FIG. 6.
Modelo de avaliação ao stresse e coping.
3.
Embora os stressores sejam muitas vezes pessoais e particulares para cada Circunstâncias indutoras
indivíduo, existem vários stressores que ocorrem com grande regularidade de stresse nos bombeiros
entre os bombeiros.
A exposição a eventos adversos e complexos, como teatros de operações
que envolvem mortes é considerado um dos stressores de maior impacto no
serviço dos bombeiros, a confrontação com a morte de vítima(s) pode fazer
com que os bombeiros pensem na sua morte iminente. Muitas vezes, são as
circunstâncias que envolvem a morte que determinam o seu impacto. Alguns
bombeiros podem ser influenciados pela idade, sexo, ou outras características
da vítima. A morte e o trauma pediátrico, bem como os acidentes multivitimas
e incêndios de grandes proporções onde existe um grande risco de perdas de
vidas, são outros potenciais stressores.
A segurança dos operacionais é um fator indispensável em qualquer missão
dos bombeiros, no entanto existem vários riscos associados às atividades
exercidas, sendo os riscos psicossociais muitas vezes a maior fonte do stresse:
• Os riscos inerentes à missão do bombeiro gera ansiedade nas suas famílias,
que por sua vez torna o trabalho ainda mais stressante;
• A antecipação de chegar ao teatro de operações após a receção do alerta é
por si só um stressor, assim como as expetativas de encontrar as vítimas em
estado grave, o medo de danos pessoais, cometer erros cruciais, dor física/
morte, pressão dos pares ou mesmo os falsos alarmes;
• As operações de busca e salvamento têm sido identificadas como stressores,
particularmente devido à complexidade dos cenários, ou mesmo acidentes
sem sobreviventes que podem ser especialmente frustrantes pois a equipa
apressa-se para salvar vidas e vê-se incapaz de cumprir a sua missão;
• A interação com sobreviventes e familiares das vítimas é também indutora
de stresse. Os bombeiros muitas vezes tornam-se o objeto da raiva da
vítima, e são acusados de não terem feito o suficiente. Todas estas situações
provocam ansiedade no bombeiro, chegando mesmo a pôr em questão os
sentimentos de competência e adequação para lidar com essas situações;
© ESCOLA NACIONAL DE BOMBEIROS – 2019 47
• Os stressores associados aos trabalhos de rotina dos bombeiros são: o próprio
público (vítimas, outras equipas diferenciadas e mirones), os superiores que
não respeitam os bombeiros ou não dão feedback do desempenho dos seus
bombeiros, os longos períodos de inatividade gastos à espera que toquem
os alarmes e sobretudo a incerteza inerente ao cumprimento da missão dos
bombeiros.
4.
Sinais e sintomas de stresse Dependendo da forma como o indivíduo interpreta ou avalia cognitivamente
um evento, algumas emoções ou sentimentos vão sofrer mudanças. Os
sentimentos não são nem bons nem maus, a maneira como eles são
expressados e as circunstâncias da expressão é que os vão definir como
sendo apropriados, inapropriados, saudáveis ou doentios. Por exemplo, uma
gargalhada é normalmente considerada como sendo uma boa manifestação da
emoção, no entanto, rir-se de alguém que está a sofrer, não será porventura
uma boa manifestação.
O processo de sentir uma emoção, criada pela nossa avaliação cognitiva a
um potencial stressor, é chamado de ativação emocional. Os stressores
não causam somente ativação emocional, mas também alterações físicas,
cognitivas e comportamentais. Nós podemo-nos sentir cansados, exaustos,
com dores difusas ou irritáveis depois de um período particularmente stressante.
Até mesmo o bom stresse das férias, pode deixar-nos esgotados. Sem contar
com a ativação emocional trazida pelo stressor – bom ou mau, agradável ou
desagradável, positivo ou negativo – o corpo responde da mesma maneira. Isto
explica porque os eventos de impacto positivo, como as férias ou realizações
pessoais marcantes, estão associados a doenças relacionadas como stresse.
Devemo-nos questionar de que forma as nossas experiências mentais, como
a irritação, aborrecimento, apreensão, luto ou mesmo prazer, provocam
alterações físicas no nosso organismo. Porque é que um dia extremamente
cansativo termina numa enxaqueca, ou uma discussão é seguida de uma
indisposição?
Muito embora cada bombeiro seja diferente no que diz respeito ao que lhe
provoca stresse, as respostas biológicas do organismo, ou a ativação física,
são praticamente idênticas para todos e caracterizam-se por quaisquer das
seguintes alterações no organismo:
• Aumento da frequência cardíaca, da pressão arterial, da respiração, do
consumo de oxigénio, da coagulação sanguínea, dos níveis de glicose no
sangue, da tensão muscular e da transpiração;
• Constrição dos vasos sanguíneos do coração e das pupilas;
• Vasos capilares mais próximos da superfície de contacto com a pele,
tornando as nossas mãos mais frias e húmidas.
Estes sinais são mais notórios nos dias seguintes ao evento. Assim, quando os
experienciamos, devemos pensar no que ocorreu uns dias antes e ver se existiu
algum stressor importante que poderá ajudar a explicar esta resposta do nosso
organismo. Não deve recear estes sintomas súbitos se eles ocorrerem algumas
semanas depois de um incidente mais crítico. Estes são os efeitos colaterais do
aumento do metabolismo, ou seja, são respostas normais do organismo, face á
vivência de uma situação fora do normal.
Se os sintomas físicos do stresse permanecerem por um período prolongado
de tempo, esta rutura do equilíbrio normal do funcionamento do organismo
pode originar uma doença psicossomática, como por exemplo as enxaquecas,
hipertensão, ou ulceras gástricas. O stresse também influencia a suscetibilidade,
o progresso e a taxa de recuperação de outras doenças.
Existem sinais e sintomas de stresse que se revelam não só a nível físico,
como emocional, cognitivo e comportamental, o quadro seguinte resume os
mais comuns.
6.
Os bombeiros lidam diariamente com as várias necessidades da comunidade, Plano pessoal
urgentes e não urgentes, e desempenham funções em diversas áreas distintas. de gestão de stresse
Os que avançam na 1.ª linha estão expostos a stressores diferentes que os
bombeiros a exercer funções de comando. Os bombeiros com categorias mais
elevadas têm stressores diferentes que os bombeiros menos graduados.
Algumas condições e eventos que são stressores para certas pessoas, não o
são para outras. Não é o evento mas a maneira como avaliamos e reagimos a
esse evento que determina em grande parte se vai ou não acionar uma resposta
de stresse e tornar-se uma ameaça para a saúde.
As pessoas têm uma predisposição para o stresse e existe um número de
diferentes traços de personalidade que parecem estar ligados à suscetibilidade
de cada pessoa para doenças relacionadas com o stresse. Esses traços
incluem baixa auto-estima, falta de assertividade, incapacidade de expressar
irritação, hostilidade ou agressão em defesa própria, perda de controlo e
sentimentos de impotência. Para além disso, alguns estilos de comportamento
têm sido altamente associados com doenças relacionadas com o stresse, como
o comportamento de auto-sacrifício e o padrão de comportamento tipo A.
O comportamento tipo A define-se como um excesso de hostilidade circulante,
competitividade e urgência temporal, sendo que muitos bombeiros parecem
encaixar neste padrão. As pessoas com este tipo de comportamento estão
sempre com pressa, são impacientes com os outros bem como com eles
próprios quando obrigados a desempenhar tarefas repetitivas. Eles pensam e
fazem duas ou mais coisas ao mesmo tempo, e todas as atividades, as deles
e as que não são deles, são sujeitas a análises em termos de quantidade em
FIG. 7.
Modelo de adaptação ao stresse.
7.
Existem muitas técnicas de controlo de stresse. No entanto, para ser vantajosa Técnicas de controlo
e efetiva, a técnica deve permitir o seguinte: de stresse
1 - Reduzir a ativação física;
2 - Obter êxito sem sacrificar os objetivos, a produtividade ou o nível de
realização pessoal (o controlo do stresse não significa simplesmente fazer
as coisas mais fáceis, significa libertar-se das dificuldades);
3 - Ajustar-se a cada indivíduo sem ser necessário sacrifícios no estilo pessoal.
Outra técnica de controlo do stresse, que pode ser usada para identificar e eli-
minar os stressores desnecessários, sem sacrificar a produtividade, realiza-
ções ou objetivos é a “Gestão de Tempo”. Como a técnica anterior, também
envolve a identificação das metas e objetivos e assim administrar o tempo
para atingir os nossos objetivos, de forma menos stressante e mais eficiente.
Existem muitos procedimentos sugeridos para a gestão do tempo, mas
resumem-se a três passos fundamentais: planeamento, estabelecimento de
prioridades e implementação.
1 - Planeamento, que envolve a identificação das atividades diárias típicas
(rotina) e realizar uma estimativa do tempo gasto em cada uma delas.
Utilizando esta informação, planear cada dia, seja na manhã ou na noite
anterior, acrescentando mais 15% do tempo previsto para atrasos ou
interrupções.
Esta técnica não envolve a negação. É um esforço altamente racional onde nós
escolhemos focalizar a nossa atenção nos elementos da situação que nos aju-
dam a permanecer calmos e resolver o problema. Não é fácil, pois os nossos
padrões de pensamento formam-se lentamente e são difíceis de mudar, com o
passar dos anos. Mas pode ser feito, existe sempre uma escolha. Ensaios men-
tais são uma boa maneira de praticar.
8.
Promoção da reabilitação Dadas as exigências da atividade praticada pelos bombeiros, no final das
operacional das equipas operações a reabilitação dos Bombeiros é fundamental para a promoção da
de bombeiros saúde e para assegurar a prontidão para a nova missão. Desta forma, devem
adotar nas suas rotinas as recomendações que se seguem para os quatro
eixos abordados no cartaz apresentado (figura 8).