Você está na página 1de 5

UNIÃO DAS ESCOLAS SUPERIORES DE RONDÔNIA

CURSO DE DIREITO AMBIENTAL

Gumercindo Campos Cruz, gumercindocruz@gmail.com

Tema do Trabalho Científico-Jurídico: Atividade TED N2

Objeto de estudo do trabalho

Emissão de um Parecer Jurídico, apontando todas as esferas de atuação, passível


a receber responsabilização, bem como as teses jurídica a serem utilizadas como forma
de defesa sendo você o Advogado que foi procurado pelas empresas que praticaram
a Poluição retratada no filme “A QUALQUER PREÇO”.

Deve ser levado em consideração o tempo decorrido entre o fato e o dano como
que a ação da empresa tem ligação com o dano sofrido e todas informações que
considerar pertinente ao caso para convencer seu cliente quanto ao seu
posicionamento.

A atividade precisa ser emitida em forma de “Parecer Jurídico”.

Novembro – 2023
PARECER JURÍDICO: CASO DE CONTAMINAÇÃO DE ÁGUAS
RETRATADO NO FILME “A QUALQUER PREÇO”

REQUERENTE: WR GRACE E BEATRICE C.O.


ASSUNTO: CASO DE CONTAMINAÇÃO DE ÁGUAS RETRATADO NO FILME “A
QUALQUER PREÇO”
EMENTA: DIREITO AMBIENTAL. RESPONSABILIDADE. CONTAMINAÇÃO DE
ÁGUAS.

RELATÓRIO:

Este trabalho abordará o filme 'A qualquer preço' que é baseado em um fato
verídico, o filme conta a história de um advogado Jan Schlichtmann (John Travolta) um
advogado especializado em ações milionárias, que em sua trajetória procura não vencer
causas, mas sim chegar a um acordo, ele se vê transformado em um defensor dos
direitos humanos ao assumir uma ação indenizatória, em que, diversas crianças
morreram de leucemia, em virtude da contaminação da água do rio, por duas das
maiores corporações dos Estados Unidos.

De início, ele vê no caso, mais uma possibilidade de lucrar e leva a ação às


últimas consequências e acaba perdendo tudo, então faz um acordo por não dispor de
meios financeiros suficientes para continuar com a ação.

Diante do suposto fracasso, fica ele desesperado até que enxerga que o lucro
não é o mais importante da causa.

Pensando desta maneira, envia os documentos a Agencia Americana de


Proteção Ambiental em defesa do meio ambiente que reabriu o caso que acabou
levando a discussão dos aspectos jurídicos do filme, a ética ambiental, e os tipos de
processos a que as empresas foram submetidas, evidenciando a negligência, os danos
morais e a prática de homicídio culposo.

Na história do filme um advogado que defende uma causa representando


moradores de um povoado cujas crianças morreram intoxicadas pela água da
localidade, contaminada em função de indústrias locais.

No filme o direito se envolve com os fatos, podendo agir para regulamentar tais
fatos, para que os custos não apareçam ou os seus resultados sejam minimizados,
afim de que terceiros venham a ser prejudicados.

1. DAS EXTERNALIDADES

O filme retrata bastante os efeitos provocados pelas chamadas externalidades


positivas, ou seja, tratou da investigação e desenvolvimento das ações cujos efeitos
sobre a sociedade são geralmente muito positivos sem que esta tenha que pagar pelo
seu benefício.

O caso buscou retratar a história de uma indústria que desempenhava uma


atividade produtiva numa localidade, a qual impôs um custo aos moradores da
localidade, os quais tiveram que conviver com águas contaminadas, pagando
inclusive com morte de crianças.

Essas externalidades retratadas no filme que são importantes para o direito não
são medidas através de preços, e sim com fatos exteriores, que acarretarão situações
e efeitos fora do seu mercado ou ramo de atuação. Ao contrário das transações
realizadas no mercado, as externalidades envolvem uma imposição involuntária,
constituindo uma ineficiência de mercado.

2. IMPACTOS SOCIAIS DECORRENTES DA POLUIÇÃO

Os efeitos podem ainda realimentar o ciclo econômico: podemos utilizar como


exemplo um acidente ambiental que acarreta mudanças na atividade econômica de
pescadores.

Estes não terão a quem vender o produto de seu trabalho, influenciando


também a alimentação da localidade e até mesmo poderá haver queda no preço dos
produtos, restrições ao comércio, enfim, efeitos em cascata, difíceis de se medir a
extensão das suas influências.

3. DO DIREITO E DOS PRINCÍPIOS DO MEIO AMBIENTAL

O direito, considerando as íntimas relações com a Economia, desempenha um


papel importante que é o de regular e disciplinar as atividades produtivas passíveis de
causar externalidades negativas.

O Direito Ambiental, por exemplo, traz doutrina a respeito da proteção ao meio


ambiente, das normas relativas ao controle da poluição, da extração indiscriminada,
da pesca predatória, entre outras.

Traz também alguns princípios, sendo os mais famosos, o princípio do Poluidor


Pagador e o princípio da Responsabilidade.

Enfim, o filme aborda também a relação que existe entre as atividades


econômicas e efeitos exteriores ao mercado, as externalidades. Essas podem ser
positivas e negativas, sendo que no último caso, a Lei, através da conjuntura gerada
relacionada com as consequências da atividade, prevê regulação e disciplina a
respeito dessas externalidades.

4. DA REPARAÇÃO DOS DANOS CAUSADOS

O filme que é baseado no livro de mesmo nome (A Civil Action) de Jonathan


Harr, publicado em 1995, consta que o escritor pesquisou durante sete anos para
escrever essa história, que retrata fatos verídicos.

Busca retratar a trajetória de um advogado Jan Schlichtmann, que era famoso


na cidade de Boston, nos Estados Unidos da América, por obter acordos milionários
para seus clientes em ações de responsabilidade civil.
O enredo aborda o debate de questões jurídicas, de prática processual e
relacionadas à postura dos advogados face a seus clientes, a outros advogados,
sejam sócios sejam adversários, além de questões filosóficas e dilemas psicológicos.

No ano de 1980 ele patrocinou uma causa ambiental em favor de algumas


famílias que perderam filhos por contaminação de água por dejetos industriais, passa
de herói a anti-herói à medida que se comove pelo sofrimento dos clientes e, por
orgulho, sucumbe ao cinismo e às humilhações com que litigam os advogados de
grandes bancas das partes adversárias.

É um filme que nos traz a um profundo debate que leva a refletir sobre a atuação
dos personagens que conduzem o enredo do filme Jan Schlichtmann como sendo o
principal narrador da história e Jerome Facher que é um renomado professor na
Faculdade de Harvard.

Dentre as várias experiências que podem ser extraídas do filme restou claro
que o advogado estava sentindo a dor dos seus clientes e procurou ajuda-los.

O advogado não pode se deixar levar pelo orgulho, pois isso pode interferir e
fazer perder mais causas e que nos tribunais não há lugar para qualquer tipo de
orgulho ou pessoalidade.

Os processos judiciais não devem ser considerados como se fossem guerras,


pois o objetivo das ações civis é o acordo, e para chegar-se a um acordo é preciso
forçar a outra parte a negociar.

É necessário saber que para chegar em bom acordo, para ambas as partes, é
preciso que o advogado saiba exatamente qual será a resposta, jamais deve perguntar
a uma testemunha “por quê?” e, principalmente, que não será dentro de um tribunal
que se vai achar a verdade ou algo minimamente parecido com ela.

5. DAS PROVAS PROCESSUAIS E OITIVA DAS TESTEMUNHAS

Se você procura a verdade, procure-a onde ela está e, no caso do filme, a


verdade estava no fundo de um poço sem fundo.

O advogado precisou saber que para ele apelar de uma decisão judicial ele
deveria saber todos os recursos que podem ser utilizados até que se obtenha uma
sentenças.

Todos esses aprendizados podem ser facilmente identificados no decorrer do


filme, pois sintetizam “lições” ilustradas pela própria trama. Se tais conclusões são
corretas e passíveis de generalização é objeto para o debate e se constitui na
contribuição singular deste filme.

Na prática das ações civis, vemos os procedimentos relacionados à oitiva de


testemunhas, às investigações de campo e documentais para se constituir prova, às
milionárias perícias ambientais. Há cenas de tribunal, naturalmente, e um juiz que, na
visão do narrador, toma partido a favor dos argumentos das grandes corporações.
A trama espelha práticas comuns nos EUA entre escritórios de advocacia
especializados em ações de responsabilidade civil que custeiam integralmente o
processo e, ao obterem acordo favorável aos clientes, somente então são
remunerados.

6. CONCLUSÃO E INDENIZAÇÃO EXEMPLAR PELO CRIME AMBIENTAL

O filme nos trouxe a visão equivocada que não condiz com a realidade do direito
brasileiro, mas bem retratada por essa obra cinematográfica que naquele julgamento,
em específico, e no cotidiano da advocacia dos Estados Unidos, a ostentação fazia
parte do negócio e, para ser respeitado e bem sucedido nos acordos, seriam precisos
escritórios suntuosos, reuniões em hotéis de luxo, carrões, iates e, pelo que mostra o
filme, muita arrogância e cinismo.

Jan Schlichtmann gastou cerca de 3,5 milhões de dólares nesta causa no início
dos anos 1980, e, por orgulho, sentindo-se humilhado por seus adversários, recusou
primeiro um acordo de 20 milhões e depois outro de 8 milhões.

Faliu, profissional e pessoalmente, perdeu seus sócios, para depois recomeçar


sozinho a advogar numa pequena saleta, e a viver numa quitinete; em vez de dirigir
sua antiga Porsche, passou a andar de ônibus.

No decorrer da trama foi possível verificar que somente depois de arruinado


financeiramente, percebeu onde errou em sua investigação, matou a xarada de como
constituir as provas que poderiam leva-lo à vitória em sua empreitada jurídica e sem
dispor de mínimas condições para apelar, encaminhou o caso para a EPA –
Environment Protection Agency (Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos).

As empresas Beatrice Foods e W. R. Grace foram então obrigadas a arcar com


70 milhões de dólares para despoluir o lugarejo denominado Woburn, nas redondezas
de Boston, onde a indústria ali existente foi fechada, tudo constituindo o maior projeto
ambiental deste tipo até então na Nova Inglaterra (nordeste dos Estados Unidos).

Mas, a despeito de sua derrota, saiu vitorioso!

É O PARECER.

Porto Velho – RO, 22 de novembro de 2023.

GUMERCINDO CAMPOS CRUZ


OAB/RO Nº 00000

Você também pode gostar