O documento descreve um caso sobre um decreto aprovado pela Assembleia da República que prevê punição para sátiras a religiões. O Presidente da República solicitou a fiscalização preventiva da constitucionalidade da lei, mas o pedido foi indeferido pelo Tribunal Constitucional por ter sido feito fora do prazo.
O documento descreve um caso sobre um decreto aprovado pela Assembleia da República que prevê punição para sátiras a religiões. O Presidente da República solicitou a fiscalização preventiva da constitucionalidade da lei, mas o pedido foi indeferido pelo Tribunal Constitucional por ter sido feito fora do prazo.
O documento descreve um caso sobre um decreto aprovado pela Assembleia da República que prevê punição para sátiras a religiões. O Presidente da República solicitou a fiscalização preventiva da constitucionalidade da lei, mas o pedido foi indeferido pelo Tribunal Constitucional por ter sido feito fora do prazo.
1. No dia 12 de março de 2021, a AR aprovou um decreto, para ser aprovado
como lei X, por força da qual, em artigo único, foi determinada a punição com pena até 1 ano de todos os que através de imagens tornadas públicas forem julgados responsáveis pela sátira a figuras ou valores respeitantes às religiões cristã e islâmica. 2. O PR, a quem a lei foi remetida para a promulgação no dia 18 de março, requereu no dia 22 de março a fiscalização preventiva da sua legalidade, entendendo que o preceito violaria normas do artigo 38.º CRP. O Juiz Presidente do TC, no dia 6 de abril, indeferiu o pedido, considerando que o seu autor violara o princípio da promulgação vedada e que o autor não cumprira com o disposto no artigo 51.º/1 LTC. A lei foi posteriormente promulgada, referendada e vedada. Há um processo de fiscalização abstrata preventiva em relação ao decreto, que ainda não é lei [competência exclusiva da AR – 165.º/1, b)]. Não já prazo para o TC declarar a norma inconstitucional, logo o tribunal joga com a sua decisão e com a publicação da decisão. O PR tem legitimidade no âmbito do artigo 278.º/1 CRP, e tem de pedir a fiscalização em 8 dias, e tem de promulgar ou não em 20 dias (artigo 136.º/1 CRP). Passado o prazo de 8 dias, já não pode requerer fiscalização preventiva, mas pode promulgar ou vetar politicamente. No caso, o prazo está cumprido, pois passaram 4 dias da receção até ao requerimento. Nas leis orgânicas, o PR não pode promulgar sem passarem 8 dias (278.º/7 + 4), para permitir a um quinto dos deputados de refletirem. Se o PR promulga, a partir daí ninguém pode requerer fiscalização preventiva. Mas nas leis orgânicas, não é o único que tem o poder de fiscalização preventiva, logo estaria a limitar o poder dos outros órgãos que podem. Se o ato é promulgado, segue para referenda. O controlo jurídico precede o controlo de mérito. O TC tem 25 dias para se pronunciar, mas o PR pode encurtar o prazo de pronúncia por motivo de urgência (278.º/8), daqui decorrendo a redução da generalidade dos prazos previstos na lei processual, relativamente à marcha do processo de fiscalização preventiva (art. 60.º LTC). Entende-se que esse encurtamento, o qual não é temporalmente definido no tocante aos seus limites mínimos, não pode ser tão exíguo ou insignificante que impeça ou prejudique o exercício útil do direito de resposta, a elaboração do memorando com um mínimo de qualidade ou o tempo de reflexão racionalmente exigível aos juízes, podendo o tribunal recusar pronunciar-se se o prazo concedido for manifestamente inexequível. Concorda-se, assim, com o entendimento segundo o qual essa fixação se encontra sujeita a uma reserva do possível ou mesmo do razoável, ditada pelo princípio da proporcionalidade. O PR tem de indicar normas que fundamentam o seu pedido (51.º/1 LTC). O Tribunal só pode declarar a inconstitucionalidade ou a ilegalidade de normas cuja apreciação tenha sido requerida, mas pode fazê-lo com fundamentação na violação de normas ou princípios constitucionais diversos daqueles cuja violação foi invocada. Está vinculado às normas objeto, mas não ao fundamento invocado (51.º/5 LTC). Em relação ao 51.º/1 LTC, não haveria problema de legalidade, e foi isso que PR requereu