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INDIVIDUAL DO
TRABALHO
Grupo Econômico, Sucessão Trabalhista
e Terceirização
SISTEMA DE ENSINO
Livro Eletrônico
DIREITO INDIVIDUAL DO TRABALHO
Grupo Econômico, Sucessão Trabalhista e Terceirização
Gervásio Meireles
Sumário
Grupo Econômico, Sucessão Trabalhista e Terceirização....................................................... 3
1. Grupo Econômico. . ........................................................................................................................ 3
2. Sucessão Trabalhista. . ................................................................................................................ 7
2.1. Generalidades............................................................................................................................ 7
2.2. Responsabilidade do Sucessor e do Sucedido..................................................................12
2.3. Cláusula de não Responsabilização................................................................................... 14
2.4. Efeitos da Sucessão sobre os Contratos em Curso........................................................ 14
2.5. Particularidades......................................................................................................................15
3. Terceirização. . .............................................................................................................................. 17
3.1. Terceirização Comum............................................................................................................. 18
3.2. Trabalho Temporário.. ............................................................................................................ 34
3.3. Subempreitada. . ......................................................................................................................40
3.4. Dono da Obra. . ......................................................................................................................... 41
3.5. Cooperativas.. .......................................................................................................................... 45
Resumo............................................................................................................................................. 47
Questões de Concurso.................................................................................................................. 50
Gabarito............................................................................................................................................ 74
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Grupo Econômico, Sucessão Trabalhista e Terceirização
Gervásio Meireles
CLT
Art. 2º (...)
§ 2º Sempre que uma ou mais empresas, tendo, embora, cada uma delas, personalidade jurídica
própria, estiverem sob a direção, controle ou administração de outra, ou ainda quando, mesmo guar-
dando cada uma sua autonomia, integrem grupo econômico, serão responsáveis solidariamente
pelas obrigações decorrentes da relação de emprego.
Como você nota, quando uma empresa é dirigida, controlada ou administrada por outra
empresa, todas elas são solidariamente responsáveis pelos créditos trabalhistas por integra-
rem o grupo econômico. Assim, existe um nexo de coordenação hierárquico entre as empre-
sas integrantes do grupo econômico.
Responsabilidade solidária significa que o empregado de uma empresa pode cobrar seus
créditos de qualquer uma das empresas do grupo ou de algumas ou de todas em conjunto
se preferir.
Uma segunda hipótese pode ser vista no mesmo preceito:
CLT
Art. 2º (...)
§ 2º Sempre que uma ou mais empresas, tendo, embora, cada uma delas, personalidade jurídica
própria, estiverem sob a direção, controle ou administração de outra, ou ainda quando, mesmo guar-
dando cada uma sua autonomia, integrem grupo econômico, serão responsáveis solidariamente
pelas obrigações decorrentes da relação de emprego.
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Grupo Econômico, Sucessão Trabalhista e Terceirização
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Art. 2º (...)
§ 3º Não caracteriza grupo econômico a mera identidade de sócios, sendo necessárias, para a con-
figuração do grupo, a demonstração do interesse integrado, a efetiva comunhão de interesses e a
atuação conjunta das empresas dele integrantes.
Logo, deve existir um nexo de coordenação interempresarial mais específico, com interes-
se integrado, comum, e atuação conjunta.
Imagine que duas empresas construtoras X e Y são independentes e pertençam a sócios
distintos. Ocorre que ambas decidem que farão um empreendimento imobiliário em conjunto,
uma incorporação. Ambas possuem atuação conjunta com interesses integrados. São, portan-
to, integrantes de grupo econômico.
O grupo econômico também pode ser formado no meio rural. Veja a previsão do art. 3º, §
2º, da Lei n. 5.889/1973:
Lei n. 5.889/1973
Art. 3º (...)
§ 2º Sempre que uma ou mais empresas, embora tendo cada uma delas personalidade jurídica
própria, estiverem sob direção, controle ou administração de outra, ou ainda quando, mesmo guar-
dando cada uma sua autonomia, integrem grupo econômico ou financeiro rural, serão responsáveis
solidariamente nas obrigações decorrentes da relação de emprego.
Como se nota, o legislador evidencia que existe responsabilidade solidária entre as empre-
sas integrantes do grupo econômico rural.
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O grupo econômico pressupõe pessoas jurídicas de direito privado fora do âmbito da Admi-
nistração Pública e que explorem atividade econômica.
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Decorre daí o entendimento do TST de que o trabalho realizado para várias empresas do
mesmo grupo, durante a mesma jornada, não configura mais de um contrato de trabalho, con-
forme Súmula n. 129 do TST:
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O Tribunal Superior do Trabalho possuía uma súmula (205) que impedia a inclusão na exe-
cução sem que a empresa tivesse participado do processo de conhecimento, mas essa súmu-
la foi cancelada. A inclusão atualmente é plenamente possível:
Por outro lado, uma outra corrente (minoritária) defende que a responsabilidade o grupo
econômico é passiva exclusiva. Isso significaria que existe somente a responsabilidade soli-
dária em relação aos créditos trabalhistas, mas não um único contrato. Essa posição, contudo,
não é majoritária na jurisprudência.
2. Sucessão Trabalhista
2.1. Generalidades
A sucessão trabalhista é um fenômeno que ocorre, em regra, quando uma unidade econô-
mico-jurídica significativa é transferida de uma pessoa para outra. Trata-se de uma ampliação
da garantia de recebimento dos créditos do trabalhador.
O que garante que os trabalhadores receberão os seus créditos, se o empregador não pa-
gar? É o patrimônio do empregador, o qual poderá ser executado na Justiça e vendido em leilão
para quitar a dívida.
Logo, quando parcela significativa desse patrimônio (que chamamos de unidade eco-
nômico-jurídica) é transferido para outra pessoa, a garantia dos contratos de trabalho vai
embora. Assim, nada mais justo que considerar que aquele que recebe essa garantia res-
ponde pelos créditos trabalhistas devidos pelo empregador anterior. É a responsabilidade
do sucessor.
Essas ideias foram retiradas da interpretação dos arts. 10 e 448 da CLT que indicam:
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CLT
Art. 10 – Qualquer alteração na estrutura jurídica da empresa não afetará os direitos adquiridos por
seus empregados.
Art. 448 – A mudança na propriedade ou na estrutura jurídica da empresa não afetará os contratos
de trabalho dos respectivos empregados.
OJ 261 da SDI-I
BANCOS. SUCESSÃO TRABALHISTA (inserida em 27.09.2002)
As obrigações trabalhistas, inclusive as contraídas à época em que os empregados tra-
balhavam para o banco sucedido, são de responsabilidade do sucessor, uma vez que a
este foram transferidos os ativos, as agências, os direitos e deveres contratuais, caracte-
rizando típica sucessão trabalhista.
Embora o verbete referido mencione “bancos”, sua inteligência de que a sucessão ocorre
com a transferência de ativos evidencia o entendimento da Corte Superior acerca do que seria
uma sucessão trabalhista.
E o que seria a transferência de unidade econômico-jurídica? Seria o trespasse, a fusão, a
incorporação ou que tipo de outra figura?
Na realidade, qualquer modalidade de transferência de um conjunto de bens que afete subs-
tancialmente a estrutura anterior do empregador existente pode ser enquadrada nesse concei-
to, porque afeta o patrimônio do antigo devedor trabalhista. Observe esse julgado do TST:
(...) Cabe, ainda, reiterar que a noção tida como fundamental é a de transferência de uma
universalidade, ou seja, a transferência de parte significativa do(s) estabelecimento(s) ou
da empresa de modo a afetar significativamente os contratos de trabalho. Assim, a pas-
sagem para outro titular de uma fração importante de um complexo empresarial (bens
materiais e imateriais), comprometendo de modo importante o antigo complexo, pode
ensejar a sucessão de empregadores, por afetar de maneira importante os antigos contra-
tos de trabalho. Desse modo, qualquer título jurídico hábil a operar a transferência de uni-
versalidade no Direito brasileiro (compra e venda, arrendamento, concessão, permissão,
delegação etc.) é compatível com a sucessão de empregadores. É indiferente, portanto, à
ordem justrabalhista, a modalidade de título jurídico utilizada para o trespasse efetuado.
(...) (ED-ARR – 753-70.2011.5.14.0061, Relator Ministro: Mauricio Godinho Delgado, Data
de Julgamento: 04/10/2017, 3ª Turma, Data de Publicação: DEJT 06/10/2017)
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Um outro detalhe é relevante: perceba que até mesmo a alteração na propriedade da em-
presa empregadora (venda de quotas da sociedade, por exemplo) ou da estrutura jurídica (so-
ciedade limitada transforma-se em sociedade anônima, por exemplo) também é considerada
sucessão trabalhista:
CLT
Art. 448. A mudança na propriedade ou na estrutura jurídica da empresa não afetará os contratos de
trabalho dos respectivos empregados.
Logo, se os sócios de uma empresa vendem as suas quotas para outras pessoas, somente
os sócios mudaram, mas houve sucessão, muito embora o empregador seja o mesmo (a em-
presa pessoa jurídica).
Note que, para caracterizar a sucessão, não existe qualquer exigência no sentido de que o
trabalhador continue prestando serviços para o sucessor.
Aliás, o TST entende que, mesmo tendo os contratos sido extintos antes da sucessão, a
responsabilidade do sucessor ainda persiste:
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O TST entende que o fato de o titular da serventia (notário ou registrador) ter assumido a
função em virtude de concurso público não elimina a sucessão trabalhista, desde que o traba-
lhador continue prestando serviços para o novo titular. Se houver a continuidade da prestação
de serviços, há responsabilidade do novo titular pelos créditos devidos pelo titular anterior.
Observe esse julgado que fixa essas mesmas premissas:
Se não houver a continuidade para o novo titular da serventia, então não haverá sucessão
trabalhista:
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Na concessão de serviços públicos, é natural que os bens que eram utilizados por uma con-
cessionária passem a ser utilizados pela nova concessionária que assume o serviço público.
O TST entende que a nova concessionária apenas assume a responsabilidade pelos cré-
ditos devidos pela concessionária anterior, quando o contrato de trabalho do empregador é
extinto após o início da nova concessão.
Trata-se de aplicação da OJ 225 da SDI-I do TST:
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Nesse ponto, o entendimento existente foi confirmado pelo art. 448-A, caput, da CLT:
CLT
Art. 448-A. Caracterizada a sucessão empresarial ou de empregadores prevista nos arts. 10 e 448
desta Consolidação, as obrigações trabalhistas, inclusive as contraídas à época em que os empre-
gados trabalhavam para a empresa sucedida, são de responsabilidade do sucessor.
Assim, com a sucessão, os direitos já adquiridos pelo empregado (direitos adquiridos são
aqueles para cuja aquisição o trabalhador já preencheu todos os requisitos) durante o tempo
em que trabalhou para o sucedido passam a ser, como regra, de responsabilidade exclusiva
do sucessor.
O sucedido, conforme mencionado, não possui, como regra, qualquer responsabilidade. No
entanto, existem duas exceções reconhecidas na jurisprudência:
• Quando ocorre fraude na sucessão:
No caso da fraude, verifica-se, na prática, que o empregador transfere seus bens para outra
pessoa com objetivo de transferir a dívida trabalhista para o sucessor que sabe da irregularida-
de, buscando ficar livre de qualquer responsabilidade. Isso é ilegal.
Aliás, a reforma trabalhista (Lei n. 13.467/2017) constou esse último caso de forma ex-
pressa no parágrafo único do art. 448-A da CLT:
CLT
Art. 448-A. (...)
Parágrafo único. A empresa sucedida responderá solidariamente com a sucessora quando ficar
comprovada fraude na transferência.
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Pense na empresa X que deve 1 milhão de reais em direitos trabalhistas, mas apenas pos-
sui patrimônio de 100 mil reais. O proprietário, então, transfere o estabelecimento para outra
empresa que pertence a “laranjas” com objetivo de transferir toda a dívida. Trata-se de fraude.
Na hipótese de fraude, a responsabilidade do sucedido é solidária.
• Quando o sucessor ostenta insuficiência econômica absoluta:
Lembre-se de que a dívida era originariamente do sucedido, de forma que não se trata
de uma criação de responsabilidade solidária pela jurisprudência, mas uma interpretação da
responsabilidade que já era do sucedido antes da sucessão, não podendo ser simplesmente
transferida para aquele não possui qualquer condição econômica.
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CLT
Art. 448. A mudança na propriedade ou na estrutura jurídica da empresa não afetará os contratos de
trabalho dos respectivos empregados.
E o que ocorre se uma empresa A integra um grupo econômico com as empresas B e C, mas
a empresa A foi comprada posteriormente por uma empresa X (que não integra aquele grupo)?
Como empresas integrantes do mesmo grupo econômico (A, B e C) são solidariamente respon-
sáveis pelos créditos trabalhistas de seus empregados, será que a empresa X responderia pelas dí-
vidas das empresas B ou C com seus funcionários pelo simples fato de ter comprado a empresa A?
A resposta correta depende. Se a empresa devedora trabalhista (B ou C) tivesse, na época em
que a empresa A foi vendida, condições patrimoniais de pagar os seus próprios trabalhadores, en-
tão não há sucessão e a empresa X não arca com nada, exceto se houver uma fraude ou uma má-fé.
Por outro lado, se a empresa devedora (B ou C) não tivesse condições patrimoniais de ar-
car com os créditos na época em que a empresa A foi vendida, então a empresa X responde
como sucessora.
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OJ 411 da SDI-I
SUCESSÃO TRABALHISTA. AQUISIÇÃO DE EMPRESA PERTENCENTE A GRUPO ECONÔ-
MICO. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA DO SUCESSOR POR DÉBITOS TRABALHISTAS
DE EMPRESA NÃO ADQUIRIDA. INEXISTÊNCIA. (DEJT divulgado em 22, 25 e 26.10.2010)
O sucessor não responde solidariamente por débitos trabalhistas de empresa não adqui-
rida, integrante do mesmo grupo econômico da empresa sucedida, quando, à época, a
empresa devedora direta era solvente ou idônea economicamente, ressalvada a hipótese
de má-fé ou fraude na sucessão.
2.5. Particularidades
2.5.1. Alienação Judicial de Ativos na Falência e Recuperação Judicial
Lei n. 11.101/2005
Art. 60. Se o plano de recuperação judicial aprovado envolver alienação judicial de filiais ou de unidades
produtivas isoladas do devedor, o juiz ordenará a sua realização, observado o disposto no art. 142 desta Lei.
Lei n. 11.101/2005
Art. 141. Na alienação conjunta ou separada de ativos, inclusive da empresa ou de suas filiais, pro-
movida sob qualquer das modalidades de que trata o art. 142:
I – todos os credores, observada a ordem de preferência definida no art. 83 desta Lei, sub-rogam-se
no produto da realização do ativo;
Efetivada a alienação, não se pode negar que houve uma transferência da unidade econô-
mico-jurídica, mas não haverá sucessão nas obrigações trabalhistas, conforme art. 60, pará-
grafo único e art. 141, II e § 2º:
Lei n. 11.101/2005
Art. 60. (...)
Parágrafo-único. O objeto da alienação estará livre de qualquer ônus e não haverá sucessão do
arrematante nas obrigações do devedor de qualquer natureza, incluídas, mas não exclusivamente,
as de natureza ambiental, regulatória, administrativa, penal, anticorrupção, tributária e trabalhista,
observado o disposto no § 1º do art. 141 desta Lei.
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Art. 141. Na alienação conjunta ou separada de ativos, inclusive da empresa ou de suas filiais, pro-
movida sob qualquer das modalidades de que trata este artigo:
II – o objeto da alienação estará livre de qualquer ônus e não haverá sucessão do arrematante nas
obrigações do devedor, inclusive as de natureza tributária, as derivadas da legislação do trabalho e
as decorrentes de acidentes de trabalho.
§ 1º O disposto no inciso II do caput deste artigo não se aplica quando o arrematante for:
I – sócio da sociedade falida, ou sociedade controlada pelo falido;
II – parente, em linha reta ou colateral até o 4º (quarto) grau, consanguíneo ou afim, do falido ou de
sócio da sociedade falida; ou
III – identificado como agente do falido com o objetivo de fraudar a sucessão.
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Lei n. 11.101/2005
Art. 141. (...)
§ 2º Empregados do devedor contratados pelo arrematante serão admitidos mediante novos con-
tratos de trabalho e o arrematante não responde por obrigações decorrentes do contrato anterior.
OJ 92 da SDI-I do TST
DESMEMBRAMENTO DE MUNICÍPIOS. RESPONSABILIDADE TRABALHISTA (inserida
em 30.05.1997)
Em caso de criação de novo município, por desmembramento, cada uma das novas enti-
dades responsabiliza-se pelos direitos trabalhistas do empregado no período em que
figurarem como real empregador.
Logo, se Vitória era empregada pública do Município Alfa até 2018, quando o Município
foi desmembrado em Município Alfa e em Município Gama, passando a trabalhar para o novo
Município a partir de 2018, cada ente público responde pelas dívidas devidas no período em
que foi empregador.
3. Terceirização
A ideia de terceirização pressupõe a existência de um tomador de serviços, um emprega-
dor prestador de serviços (normalmente uma pessoa jurídica) e um empregado.
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Na terceirização comum, antes das decisões recentes do STF (sobre o Tema 725 da Lista
de Repercussão Geral e ADPF 324), a jurisprudência do TST havia consagrado que a terceiri-
zação somente seria possível, na atividade meio do tomador de serviços. Isso significava que
não se poderia passar a atividade-fim da tomadora para uma empresa prestadora de serviços.
Assim, por exemplo, um banco não poderia terceirizar a atividade de abertura de contas
bancárias, o depósito de valores, os saques etc. Entretanto, poderia terceirizar serviços de lim-
peza, conservação e vigilância.
Terceirizar a atividade-fim, antes das decisões do STF, seria, em regra, segundo o TST,
ilícito. E a ilicitude implicava o reconhecimento de vínculo de emprego diretamente com o
“tomador”.
Logo, por exemplo, se o banco terceirizasse a atividade-fim, contratando uma empresa
prestadora de serviços para fazer trabalho de bancário, então, a Justiça do Trabalho reconhe-
cia o vínculo de emprego do trabalhador indevidamente terceirizado com o banco.
Veja o disposto na Súmula n. 331, I, do TST:
No entanto, importante registrar que o STF, ao julgar a referida matéria no Tema 725 da
Lista de Repercussão Geral, reconheceu a regularidade da terceirização na atividade-fim. O
entendimento foi sintetizado na tese do Tema 725 mencionado, assim redigido:
É lícita a terceirização ou qualquer outra forma de divisão do trabalho entre pessoas jurí-
dicas distintas, independentemente do objeto social das empresas envolvidas, mantida a
responsabilidade subsidiária da empresa contratante.
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O trecho da ementa desse julgado transcrito a seguir evidencia que o entendimento de que
a terceirização pode ocorrer na atividade-fim, sendo prática perfeitamente compatível com a
Constituição Federal:
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vista ser essencial para o progresso dos trabalhadores brasileiros a liberdade de organi-
zação produtiva dos cidadãos, entendida esta como balizamento do poder regulatório
para evitar intervenções na dinâmica da economia incompatíveis com os postulados da
proporcionalidade e da razoabilidade. 5. O art. 5º, II, da Constituição consagra o princípio
da liberdade jurídica, consectário da dignidade da pessoa humana, restando cediço em
sede doutrinária que o “princípio da liberdade jurídica exige uma situação de disciplina
jurídica na qual se ordena e se proíbe o mínimo possível” (ALEXY, Robert. Teoria dos Direi-
tos Fundamentais. Trad. Virgílio Afonso da Silva. São Paulo: Malheiros, 2008. p. 177). 6. O
direito geral de liberdade, sob pena de tornar-se estéril, somente pode ser restringido por
medidas informadas por parâmetro constitucionalmente legítimo e adequadas ao teste
da proporcionalidade. (...) 10. A dicotomia entre “atividade-fim” e “atividade-meio” é impre-
cisa, artificial e ignora a dinâmica da economia moderna, caracterizada pela especializa-
ção e divisão de tarefas com vistas à maior eficiência possível, de modo que frequente-
mente o produto ou serviço final comercializado por uma entidade comercial é fabricado
ou prestado por agente distinto, sendo também comum a mutação constante do objeto
social das empresas para atender a necessidades da sociedade, como revelam as mais
valiosas empresas do mundo. É que a doutrina no campo econômico é uníssona no sen-
tido de que as “Firmas mudaram o escopo de suas atividades, tipicamente reconcen-
trando em seus negócios principais e terceirizando muitas das atividades que previa-
mente consideravam como centrais” (ROBERTS, John. The Modern Firm: Organizational
Design for Performance and Growth. Oxford: Oxford University Press, 2007). 11. A cisão
de atividades entre pessoas jurídicas distintas não revela qualquer intuito fraudulento,
consubstanciando estratégia, garantida pelos artigos 1º, IV, e 170 da Constituição brasi-
leira, de configuração das empresas para fazer frente às exigências dos consumidores,
justamente porque elas assumem o risco da atividade, representando a perda de eficiên-
cia uma ameaça à sua sobrevivência e ao emprego dos trabalhadores. (...) 13. A Teoria da
Administração qualifica a terceirização (outsourcing) como modelo organizacional de
desintegração vertical, destinado ao alcance de ganhos de performance por meio da
transferência para outros do fornecimento de bens e serviços anteriormente providos
pela própria firma, a fim de que esta se concentre somente naquelas atividades em que
pode gerar o maior valor, adotando a função de “arquiteto vertical” ou “organizador da
cadeia de valor”. 14. A terceirização apresenta os seguintes benefícios: (i) aprimoramento
de tarefas pelo aprendizado especializado; (ii) economias de escala e de escopo; (iii)
redução da complexidade organizacional; (iv) redução de problemas de cálculo e atribui-
ção, facilitando a provisão de incentivos mais fortes a empregados; (v) precificação mais
precisa de custos e maior transparência; (vi) estímulo à competição de fornecedores
externos; (vii) maior facilidade de adaptação a necessidades de modificações estruturais;
(viii) eliminação de problemas de possíveis excessos de produção; (ix) maior eficiência
pelo fim de subsídios cruzados entre departamentos com desempenhos diferentes; (x)
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Além disso, o STF, na ADPF 324, reforçou essa possibilidade de terceirização na atividade-
-fim, firmando mais uma tese nesse sentido:
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sua participação no processo judicial, bem como a sua inclusão no título executivo judi-
cial. 6. Mesmo com a superveniência da Lei n. 13.467/2017, persiste o objeto da ação,
entre outras razões porque, a despeito dela, não foi revogada ou alterada a Súmula n. 331
do TST, que consolidava o conjunto de decisões da Justiça do Trabalho sobre a matéria,
a indicar que o tema continua a demandar a manifestação do Supremo Tribunal Federal
a respeito dos aspectos constitucionais da terceirização. Além disso, a aprovação da lei
ocorreu após o pedido de inclusão do feito em pauta. 7. Firmo a seguinte tese: ‘1. É lícita
a terceirização de toda e qualquer atividade, meio ou fim, não se configurando relação de
emprego entre a contratante e o empregado da contratada. 2. Na terceirização, compete
à contratante: i) verificar a idoneidade e a capacidade econômica da terceirizada; e ii) res-
ponder subsidiariamente pelo descumprimento das normas trabalhistas, bem como por
obrigações previdenciárias, na forma do art. 31 da Lei n. 8.212/1993’. 8. ADPF julgada
procedente para assentar a licitude da terceirização de atividade-fim ou meio. Restou
explicitado pela maioria que a decisão não afeta automaticamente decisões transita-
das em julgado. (ADPF 324, Relator(a): ROBERTO BARROSO, Tribunal Pleno, julgado em
30/08/2018, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-194 DIVULG 05-09-2019 PUBLIC 06-09-2019)
Diante desse quadro, o Tribunal Superior do Trabalho passou a firmar entendimento, com
base nas decisões vinculantes do STF, que é possível a terceirização na atividade-fim, muito
embora ainda não tenha sido alterada a Súmula n. 331. Veja um exemplo de julgado do TST:
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(...) III – RECURSO DE REVISTA ADESIVO DA RECLAMANTE REGIDO PELA LEI 13.015/2014.
VÍNCULO DE EMPREGO. NÃO CONFIGURAÇÃO. AUSÊNCIA DE SUBORDINAÇÃO JURÍ-
DICA. (...) Portanto, de acordo com a Suprema Corte, é lícita a terceirização em todas as
etapas do processo produtivo, sem distinção entre atividade-meio ou atividade-fim. Sob
essa perspectiva, não é mais possível reconhecer vínculo direto com a tomadora dos
serviços, em razão apenas da terceirização da atividade-fim. Todavia, admite-se a aplica-
ção do distinguishing quanto à tese fixada no julgamento proferido pelo STF, quando, na
análise do caso concreto, verifica-se a existência de subordinação direta do empregado
terceirizado com a empresa tomadora dos serviços, situação que autoriza o reconheci-
mento do vínculo empregatício direto com esta, o que não ocorre no caso em tela. (...)
(ARR – 21044-67.2014.5.04.0028, Relatora Ministra: Delaíde Miranda Arantes, Data de
Julgamento: 03/04/2019, 2ª Turma, Data de Publicação: DEJT 05/04/2019)
(...) RECONHECIMENTO DO VÍNCULO EMPREGATÍCIO COM O TOMADOR DE SERVIÇOS.
FRAUDE NA TERCEIRIZAÇÃO DE SERVIÇOS. VERBAS DECORRENTES DO RECONHECI-
MENTO DA CONDIÇÃO DE BANCÁRIA. ADPF-324/DF. REPERCUSSÃO GERAL. RE-958252/
MG. TEMA N. 725. DISTINGUISHING. O Supremo Tribunal Federal, em sessão extraordiná-
ria realizada no dia 30/08/2018, julgou procedente a arguição formulada na ADPF-324/DF
(Rel. Min. Luís Roberto Barroso, DJe n. 188, divulgado em 06/09/2018), com eficácia erga
omnes e efeito vinculante, e fixou tese jurídica de repercussão geral, correspondente ao
Tema n. 725, no sentido de que “É lícita a terceirização ou qualquer outra forma de divisão
do trabalho entre pessoas jurídicas distintas, independentemente do objeto social das
empresas envolvidas, mantida a responsabilidade subsidiária da empresa contratante.”
(leading case: RE-958252/MG, Rel. Min. Luiz Fux, DJe n. 188, divulgado em 06/09/2018).
Todavia, o caso em exame autoriza a aplicação da técnica da distinção (distinguishing),
pois o Tribunal Regional, com amparo no contexto fático-probatório delineado nos autos,
(...), além de ter consignado que a parte reclamante se ativava na atividade-fim, destacou
a sua subordinação direta ao tomador de serviços, mantendo a sentença que verificou a
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A reforma trabalhista (Lei n. 13.467/2017) alterou a Lei n. 6.019/1974 para constar a pos-
sibilidade de transferência da execução da atividade principal para a prestadora de serviços,
promovendo uma terceirização:
Lei n. 6.019/1974
Art. 4º-A. Considera-se prestação de serviços a terceiros a transferência feita pela contratante da
execução de quaisquer de suas atividades, inclusive sua atividade principal, à pessoa jurídica de
direito privado prestadora de serviços que possua capacidade econômica compatível com a sua
execução.
Lei n. 6.019/1974
Art. 5º-A. Contratante é a pessoa física ou jurídica que celebra contrato com empresa de prestação
de serviços relacionados a quaisquer de suas atividades, inclusive sua atividade principal.
Quanto à atividade-meio, o TST já havia fixado essa matriz de que a terceirização será
lícita, desde que observada a inexistência de pessoalidade e subordinação. Leia a Súmula
n. 331, III:
Lei n. 6.019/1974
Art. 4º-B. São requisitos para o funcionamento da empresa de prestação de serviços a terceiros:
I – prova de inscrição no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ);
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Lei n. 6.019/1974
Art. 5º-B. O contrato de prestação de serviços conterá:
I – qualificação das partes;
II – especificação do serviço a ser prestado;
III – prazo para realização do serviço, quando for o caso;
IV – valor.
Na terceirização, é evidente que não pode o tomador utilizar a força de trabalho do tercei-
rizado em atividade distinta daquela para a qual contratou a empresa prestadora de serviços:
Lei n. 6.019/1974
Art. 5º-A. Contratante é a pessoa física ou jurídica que celebra contrato com empresa de prestação
de serviços relacionados a quaisquer de suas atividades, inclusive sua atividade principal.
§ 1º É vedada à contratante a utilização dos trabalhadores em atividades distintas daquelas que
foram objeto do contrato com a empresa prestadora de serviços.
Lei n. 6.019/1974
Art. 5º-A. (...)
§ 2º Os serviços contratados poderão ser executados nas instalações físicas da empresa contratan-
te ou em outro local, de comum acordo entre as partes.
§ 3º É responsabilidade da contratante garantir as condições de segurança, higiene e salubridade
dos trabalhadores, quando o trabalho for realizado em suas dependências ou local previamente
convencionado em contrato.
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Para buscar evitar uma diferenciação entre os empregados da própria tomadora de serviços
e os empregados terceirizados, os arts. 4º-C e a 5º-A, § 4º da Lei n. 6.019/1974 com redação
dada pela reforma trabalhista (Lei n. 13.467/2017) prevê regras para assegurar uma isonomia:
Lei n. 6.019/1974
Art. 4º-C. São asseguradas aos empregados da empresa prestadora de serviços a que se refere o
art. 4º-A desta Lei, quando e enquanto os serviços, que podem ser de qualquer uma das atividades
da contratante, forem executados nas dependências da tomadora, as mesmas condições:
I – relativas a:
a) alimentação garantida aos empregados da contratante, quando oferecida em refeitórios;
b) direito de utilizar os serviços de transporte;
c) atendimento médico ou ambulatorial existente nas dependências da contratante ou local por ela
designado;
d) treinamento adequado, fornecido pela contratada, quando a atividade o exigir.
II – sanitárias, de medidas de proteção à saúde e de segurança no trabalho e de instalações adequa-
das à prestação do serviço.
§ 1º Contratante e contratada poderão estabelecer, se assim entenderem, que os empregados da
contratada farão jus a salário equivalente ao pago aos empregados da contratante, além de outros
direitos não previstos neste artigo.
§ 2º Nos contratos que impliquem mobilização de empregados da contratada em número igual ou
superior a 20% (vinte por cento) dos empregados da contratante, esta poderá disponibilizar aos em-
pregados da contratada os serviços de alimentação e atendimento ambulatorial em outros locais
apropriados e com igual padrão de atendimento, com vistas a manter o pleno funcionamento dos
serviços existentes.
Art. 5º-A. (...)
§ 4º A contratante poderá estender ao trabalhador da empresa de prestação de serviços o mesmo
atendimento médico, ambulatorial e de refeição destinado aos seus empregados, existente nas de-
pendências da contratante, ou local por ela designado.
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Essa mesma lógica foi expressa no art. 5º-A, § 5º, da Lei n. 6.019/1974:
Lei n. 6.019/1974
Art. 5º-A (...)
§ 5º A empresa contratante é subsidiariamente responsável pelas obrigações trabalhistas referen-
tes ao período em que ocorrer a prestação de serviços, e o recolhimento das contribuições previden-
ciárias observará o disposto no art. 31 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991.
Note que o STF também reconheceu a responsabilidade subsidiária do tomador na ADPF 324:
(...) 7. Firmo a seguinte tese: ‘1. É lícita a terceirização de toda e qualquer atividade, meio
ou fim, não se configurando relação de emprego entre a contratante e o empregado da
contratada. 2. Na terceirização, compete à contratante: i) verificar a idoneidade e a capa-
cidade econômica da terceirizada; e ii) responder subsidiariamente pelo descumprimento
das normas trabalhistas, bem como por obrigações previdenciárias, na forma do art. 31
da Lei n. 8.212/1993’. 8. ADPF julgada procedente para assentar a licitude da terceiriza-
ção de atividade-fim ou meio. Restou explicitado pela maioria que a decisão não afeta
automaticamente decisões transitadas em julgado. (ADPF 324, Relator(a): ROBERTO
BARROSO, Tribunal Pleno, julgado em 30/08/2018, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-194
DIVULG 05-09-2019 PUBLIC 06-09-2019)
O entendimento também foi incluído na tese do Tema 725 da Lista de Repercussão Geral,
assim redigido:
É lícita a terceirização ou qualquer outra forma de divisão do trabalho entre pessoas jurí-
dicas distintas, independentemente do objeto social das empresas envolvidas, mantida a
responsabilidade subsidiária da empresa contratante.
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Vale, ainda, dois registros. Primeiro o de que não pode ser contratada, como prestadora de
serviços, pessoa jurídica cujos sócios tenham sido empregados ou trabalhadores que atuaram
diretamente para a empresa tomadora de serviços nos últimos 18 meses, salvo se já estiverem
aposentados:
Lei n. 6.019/1974
Art. 5º-C. Não pode figurar como contratada, nos termos do art. 4º-A desta Lei, a pessoa jurídica
cujos titulares ou sócios tenham, nos últimos dezoito meses, prestado serviços à contratante na
qualidade de empregado ou trabalhador sem vínculo empregatício, exceto se os referidos titulares
ou sócios forem aposentados.
Lei n. 6.019/1974
Art. 5º-D. O empregado que for demitido não poderá prestar serviços para esta mesma empresa na
qualidade de empregado de empresa prestadora de serviços antes do decurso de prazo de dezoito
meses, contados a partir da demissão do empregado.
Lei n. 6.019/1974
Art. 4º-A. Considera-se prestação de serviços a terceiros a transferência feita pela contratante da exe-
cução de quaisquer de suas atividades, inclusive sua atividade principal, à pessoa jurídica de direito
privado prestadora de serviços que possua capacidade econômica compatível com a sua execução.
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Lei n. 6.019/1974
Art. 5º-A. Contratante é a pessoa física ou jurídica que celebra contrato com empresa de prestação
de serviços relacionados a quaisquer de suas atividades, inclusive sua atividade principal.
Observe que a lei menciona pessoa jurídica sem fazer qualquer restrição em relação a ser
a pessoa jurídica integrante da Administração Pública.
Todavia, tenha um cuidado. Os entes públicos podem limitar as hipóteses de terceirização
através de atos normativos, indicando hipóteses em que não seria permitida e outras em que
seriam autorizadas. Isso, por exemplo, ocorreu com a Administração Pública Federal Direta,
Autárquica e Fundacional, em virtude do Decreto n. 9.507/2018.
Além disso, existem atividades que apenas podem ser prestadas diretamente por inte-
grantes de Poder ou servidores públicos. Assim, não se pode imaginar terceirização de juízes,
policiais, bombeiros, parlamentares, membros do Ministério Público etc.
Leia, como exemplo, o disposto no art. 3º do Decreto n. 9.507/2018:
Decreto 9.507/1998
Art. 3º Não serão objeto de execução indireta na administração pública federal direta, autárquica e
fundacional, os serviços:
I – que envolvam a tomada de decisão ou posicionamento institucional nas áreas de planejamento,
coordenação, supervisão e controle;
II – que sejam considerados estratégicos para o órgão ou a entidade, cuja terceirização possa colo-
car em risco o controle de processos e de conhecimentos e tecnologias;
III – que estejam relacionados ao poder de polícia, de regulação, de outorga de serviços públicos e
de aplicação de sanção; e
IV – que sejam inerentes às categorias funcionais abrangidas pelo plano de cargos do órgão ou da
entidade, exceto disposição legal em contrário ou quando se tratar de cargo extinto, total ou parcial-
mente, no âmbito do quadro geral de pessoal.
§ 1º Os serviços auxiliares, instrumentais ou acessórios de que tratam os incisos do caput poderão
ser executados de forma indireta, vedada a transferência de responsabilidade para a realização de
atos administrativos ou a tomada de decisão para o contratado.
E o que ocorre se a terceirização com a Administração Pública for ilícita? Por exemplo, e se hou-
ver a terceirização com subordinação direta do trabalhador terceirizado com a Administração? Ou
se a terceirização ocorrer em uma hipótese proibida por ato normativo do Administração Pública?
A diferença para o setor privado está na consequência da terceirização ilícita.
É que não é possível reconhecer vínculo de emprego com a Administração Pública quando
essa ilegalidade acontece. Isso porque o vínculo de emprego com a Administração pressupõe
a aprovação em concurso público:
CF
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralida-
de, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:
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Nesse caso, a Justiça do Trabalho determina que se cesse a prestação de trabalho e con-
denava a empresa prestadora de serviços e a Administração Pública no pagamento, pelo
período que prestou serviços, dos mesmos direitos que possui o empregado público (aquele
que passou no concurso público) que faz as mesmas atividades.
Assim, suponha que um banco da Administração Pública contratou uma empresa presta-
dora de serviços para fazer serviços tipicamente de bancário. Essa empresa prestadora possui
a empregada Letícia, a qual possui a função de abastecer com dinheiro caixas eletrônicos, mo-
vimentar valores em contas bancárias dos clientes etc. Essa atividade também estava sendo
realizada por um empregado concursado do banco, o João. No entanto, Letícia nunca mais
encontrou seus superiores da empresa prestadora de serviços desde sua contratação e ape-
nas recebia ordens do gerente do banco (que era empregado do banco). Embora a terceiriza-
ção seja ilícita em virtude da subordinação direta, como não é possível reconhecer vínculo de
emprego com a Administração Pública por falta de concurso público, então o juiz determina a
cessação da prestação de serviços e reconhece para Letícia os mesmos direitos, em relação
ao período em que ela atuou como terceirizada, dos bancários que são concursados (igual
salário, direitos e vantagens), a exemplo de João.
Veja a Orientação Jurisprudencial 383 da SDI-I do TST:
OJ 383 da SDI-I
TERCEIRIZAÇÃO. EMPREGADOS DA EMPRESA PRESTADORA DE SERVIÇOS E DA
TOMADORA. ISONOMIA. ART. 12, “A”, DA LEI N. 6.019, DE 03.01.1974 (mantida) – Res.
175/2011, DEJT divulgado em 27, 30 e 31.05.2011
A contratação irregular de trabalhador, mediante empresa interposta, não gera vínculo de
emprego com ente da Administração Pública, não afastando, contudo, pelo princípio da
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Ocorre que o STF julgou o Tema 383 da Lista de Repercussão Geral e reconheceu que o
fato de haver uma terceirização em que o terceirizado realize as mesmas atividades do em-
pregado da tomadora de serviços não gera direito à isonomia remuneratória por si só. A tese
ainda não foi fixada.
É verdade que o foco do STF foi a terceirização lícita. Assim, como estamos tratando agora
de terceirização ilícita, ainda teremos que aguardar a interpretação do TST e do STF sobre a
matéria. Será que a OJ 383 poderá ser aplicada quando houver uma terceirização ilícita (o ter-
ceirizado mantém relação de pessoalidade e subordinação com a Administração)? Somente o
tempo nos dirá.
E como fica o nível da responsabilidade da Administração, quando a terceirização é lícita?
A responsabilidade da Administração Pública, como tomadora de serviços, é subsidiária
também, mas é necessário que haja demonstração de culpa da Administração no inadimple-
mento das verbas trabalhistas.
O TST deixou isso claro na Súmula n. 331, V:
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O inadimplemento dos encargos trabalhistas dos empregados do contratado não transfere automa-
ticamente ao Poder Público contratante a responsabilidade pelo seu pagamento, seja em caráter
solidário ou subsidiário, nos termos do art. 71, § 1º, da Lei n. 8.666/1993.
Quanto ao ônus da prova, o TST passou a entender que cabe à Administração Pública
comprovar que fiscalizou adequadamente os contratos administrativos de prestação de servi-
ços, bem como o cumprimento das obrigações trabalhistas relacionadas a esse contrato:
No entanto, a questão está sendo discutida no Supremo Tribunal Federal, que reconheceu
repercussão geral da matéria no Tema 1.118, mas ainda não julgou o mérito. Veja o assun-
to do tema:
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Ônus da prova acerca de eventual conduta culposa na fiscalização das obrigações traba-
lhistas de prestadora de serviços, para fins de responsabilização subsidiária da Adminis-
tração Pública, em virtude da tese firmada no RE 760.931 (Tema 246).
Essa responsabilidade subsidiária abrange todas as verbas devidas pelo empregador que
foram objeto de condenação, inclusive multas:
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Lei n. 6.019/1974
Art. 2º Trabalho temporário é aquele prestado por pessoa física contratada por uma empresa de
trabalho temporário que a coloca à disposição de uma empresa tomadora de serviços, para atender
à necessidade de substituição transitória de pessoal permanente ou à demanda complementar de
serviços.
(...)
§ 2º Considera-se complementar a demanda de serviços que seja oriunda de fatores imprevisíveis
ou, quando decorrente de fatores previsíveis, tenha natureza intermitente, periódica ou sazonal.
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contratar uma empresa de trabalho temporário para que essa última encaminhe o seu empre-
gado para substituir o empregado da empresa cliente.
Reforçando o exposto anteriormente, a Lei n. 13.429/2017 deixou claro que o trabalho
temporário é possível tanto na atividade-meio, como na atividade-fim:
Lei n. 6.019/1974
Art. 9º (...)
§ 3º O contrato de trabalho temporário pode versar sobre o desenvolvimento de atividades-meio e
atividades-fim a serem executadas na empresa tomadora de serviços.
Lei n. 6.019/1974
Art. 4º Empresa de trabalho temporário é a pessoa jurídica, devidamente registrada no Ministé-
rio do Trabalho, responsável pela colocação de trabalhadores à disposição de outras empresas
temporariamente.
Lei n. 6.019/1974
Art. 5º Empresa tomadora de serviços é a pessoa jurídica ou entidade a ela equiparada que ce-
lebra contrato de prestação de trabalho temporário com a empresa definida no art. 4º desta Lei.
Lei n. 6.019/1974
Art. 6º São requisitos para funcionamento e registro da empresa de trabalho temporário no Minis-
tério do Trabalho:
I – prova de inscrição no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ), do Ministério da Fazenda;
II – prova do competente registro na Junta Comercial da localidade em que tenha sede;
III – prova de possuir capital social de, no mínimo, R$ 100.000,00 (cem mil reais).
Lei n. 6.019/1974
Art. 9º O contrato celebrado pela empresa de trabalho temporário e a tomadora de serviços será
por escrito, ficará à disposição da autoridade fiscalizadora no estabelecimento da tomadora de
serviços e conterá:
I – qualificação das partes;
II – motivo justificador da demanda de trabalho temporário;
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Art. 9º (...)
§ 1º É responsabilidade da empresa contratante garantir as condições de segurança, higiene e sa-
lubridade dos trabalhadores, quando o trabalho for realizado em suas dependências ou em local
por ela designado.
§ 2º A contratante estenderá ao trabalhador da empresa de trabalho temporário o mesmo atendi-
mento médico, ambulatorial e de refeição destinado aos seus empregados, existente nas depen-
dências da contratante, ou local por ela designado.
Por se tratar de uma terceirização lícita, não existe vínculo de emprego entre a empresa
tomadora de serviços e o empregado da empresa de trabalho temporário:
Lei n. 6.019/1974
Art. 10. Qualquer que seja o ramo da empresa tomadora de serviços, não existe vínculo de emprego
entre ela e os trabalhadores contratados pelas empresas de trabalho temporário.
Passou a existir, para uma corrente, um prazo máximo no contrato de trabalho entre o obrei-
ro e a empresa de trabalho temporário (180 dias), podendo ser aumentado em mais 90 dias:
Lei n. 6.019/1974
Art. 10 (...)
§ 1º O contrato de trabalho temporário, com relação ao mesmo empregador, não poderá exceder ao
prazo de cento e oitenta dias, consecutivos ou não.
§ 2º O contrato poderá ser prorrogado por até noventa dias, consecutivos ou não, além do prazo es-
tabelecido no § 1º deste artigo, quando comprovada a manutenção das condições que o ensejaram.
Contudo, existe uma outra corrente que defende que esse prazo de 180 dias, prorrogável
por mais 90 dias não seria aquele do contrato entre o trabalhador e a empresa de trabalho tem-
porário, mas sim o prazo do contrato entre a empresa de trabalho temporário e a tomadora
de serviços. Para essa corrente, a tomadora de serviços apenas poderia ficar com a mesma
empresa de trabalho temporário por esse prazo.
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Lei n. 6.019/1974
Art. 10 (...)
§ 5º O trabalhador temporário que cumprir o período estipulado nos §§ 1º e 2º deste artigo somente
poderá ser colocado à disposição da mesma tomadora de serviços em novo contrato temporário,
após noventa dias do término do contrato anterior.
Lei n. 6.019/1974
Art. 10 (...)
§ 6º A contratação anterior ao prazo previsto no § 5º deste artigo caracteriza vínculo empregatício
com a tomadora.
Lei n. 6.019/1974
Art. 12. Ficam assegurados ao trabalhador temporário os seguintes direitos:
a) remuneração equivalente à percebida pelos empregados de mesma categoria da empresa toma-
dora ou cliente calculados à base horária, garantida, em qualquer hipótese, a percepção do salário
mínimo regional;
b) jornada de oito horas, remuneradas as horas extraordinárias não excedentes de duas, com acrés-
cimo de 20% (vinte por cento);
c) férias proporcionais, nos termos do artigo 25 da Lei n. 5.107, de 13 de setembro de 1966;
d) repouso semanal remunerado;
e) adicional por trabalho noturno;
f) indenização por dispensa sem justa causa ou término normal do contrato, correspondente a 1/12
(um doze avos) do pagamento recebido;
g) seguro contra acidente do trabalho;
h) proteção previdenciária nos termos do disposto na Lei Orgânica da Previdência Social, com as
alterações introduzidas pela Lei n. 5.890, de 8 de junho de 1973 (art. 5º, item III, letra “c” do Decreto
n. 72.771, de 6 de setembro de 1973).
§ 1º – Registrar-se-á na Carteira de Trabalho e Previdência Social do trabalhador sua condição de
temporário.
§ 2º – A empresa tomadora ou cliente é obrigada a comunicar à empresa de trabalho temporário a
ocorrência de todo acidente cuja vítima seja um assalariado posto à sua disposição, considerando-
-se local de trabalho, para efeito da legislação específica, tanto aquele onde se efetua a prestação
do trabalho, quanto à sede da empresa de trabalho temporário.
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Lembre-se de que o adicional de horas extras é de, no mínimo, 50%, conforme art. 7º, XVI,
da CF. A previsão de 20% não foi recepcionada pela CF.
As regras relativas à justa causa e à rescisão indireta continuam valendo, como em qual-
quer contrato de emprego:
Lei n. 6.019/1974
Art. 13. Constituem justa causa para rescisão do contrato do trabalhador temporário os atos e cir-
cunstâncias mencionados nos artigos 482 e 483, da Consolidação das Leis do Trabalho, ocorrentes
entre o trabalhador e a empresa de trabalho temporário ou entre aquele e a empresa cliente onde
estiver prestando serviço.
Lei n. 6.019/1974
Art. 11 – O contrato de trabalho celebrado entre empresa de trabalho temporário e cada um dos as-
salariados colocados à disposição de uma empresa tomadora ou cliente será, obrigatoriamente, es-
crito e dele deverão constar, expressamente, os direitos conferidos aos trabalhadores por esta Lei.
Lei n. 6.019/1974
Art. 10 (...)
§ 7º A contratante é subsidiariamente responsável pelas obrigações trabalhistas referentes ao pe-
ríodo em que ocorrer o trabalho temporário, e o recolhimento das contribuições previdenciárias
observará o disposto no art. 31 da Lei n. 8.212, de 24 de julho de 1991.
Lei n. 6.019/1974
Art. 16. No caso de falência da empresa de trabalho temporário, a empresa tomadora ou cliente
é solidariamente responsável pelo recolhimento das contribuições previdenciárias, no tocante ao
tempo em que o trabalhador esteve sob suas ordens, assim como em referência ao mesmo período,
pela remuneração e indenização previstas nesta Lei.
Vale lembrar algumas proibições que são impostas pela lei à empresa de trabalho
temporário:
Lei n. 6.019/1974
Art. 17. É defeso às empresas de prestação de serviço temporário a contratação de estrangeiros
com visto provisório de permanência no País.
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Art. 18. É vedado à empresa do trabalho temporário cobrar do trabalhador qualquer importância,
mesmo a título de mediação, podendo apenas efetuar os descontos previstos em Lei.
Parágrafo único. A infração deste artigo importa no cancelamento do registro para funcionamento
da empresa de trabalho temporário, sem prejuízo das sanções administrativas e penais cabíveis.
Portanto, estrangeiros com visto provisório não podem ser contratados por essas empre-
sas. Tampouco pode a empresa cobrar do empregado algum valor por ter conseguido colocá-
-lo em um tomador de serviços.
Quanto à fiscalização do trabalho temporário, veja algumas regras:
Lei n. 6.019/1974
Art. 14. As empresas de trabalho temporário são obrigadas a fornecer às empresas tomadoras ou
clientes, a seu pedido, comprovante da regularidade de sua situação com o Instituto Nacional de
Previdência Social.
Art. 15. A Fiscalização do Trabalho poderá exigir da empresa tomadora ou cliente a apresenta-
ção do contrato firmado com a empresa de trabalho temporário, e, desta última o contrato firma-
do com o trabalhador, bem como a comprovação do respectivo recolhimento das contribuições
previdenciárias.
Lei n. 6.019/1974
Art. 11 (...)
Parágrafo único. Será nula de pleno direito qualquer cláusula de reserva, proibindo a contratação do
trabalhador pela empresa tomadora ou cliente ao fim do prazo em que tenha sido colocado à sua
disposição pela empresa de trabalho temporário.
Entretanto, essa contratação direta da tomadora não poderá ser por contrato de experiên-
cia, visto que ela já conhece o serviço do trabalhador:
Lei n. 6.019/1974
Art. 10 (...)
§ 4º Não se aplica ao trabalhador temporário, contratado pela tomadora de serviços, o contrato de
experiência previsto no parágrafo único do art. 445 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT),
aprovada pelo Decreto-Lei n. 5.452, de 1º de maio de 1943.
Por último, registre-se que a lei do trabalho temporário não se aplica para as empresas de
vigilância e transportes de valores:
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Lei n. 6.019/1974
Art. 19-B. O disposto nesta Lei não se aplica às empresas de vigilância e transporte de valores, perma-
necendo as respectivas relações de trabalho reguladas por legislação especial, e subsidiariamente pela
Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), aprovada pelo Decreto-Lei no 5.452, de 1º de maio de 1943.
3.3. Subempreitada
Existem vezes em que o empreiteiro (aquele que faz uma empreitada – uma obra ou ser-
viço específico) contrata uma pessoa física ou jurídica para realizar um determinado serviço
específico ou uma obra. Normalmente é parte da obra ou serviço que o empreiteiro realiza.
Esse contratado é o subempreiteiro, o qual pode ter empregados.
Se o subempreiteiro não pagar as verbas trabalhistas dos seus empregados, haverá res-
ponsabilidade do empreiteiro principal. Veja o art. 455 da CLT:
CLT
Art. 455 – Nos contratos de subempreitada responderá o subempreiteiro pelas obrigações deriva-
das do contrato de trabalho que celebrar, cabendo, todavia, aos empregados, o direito de reclama-
ção contra o empreiteiro principal pelo inadimplemento daquelas obrigações por parte do primeiro.
Parágrafo único. Ao empreiteiro principal fica ressalvada, nos termos da lei civil, ação regressiva
contra o subempreiteiro e a retenção de importâncias a este devidas, para a garantia das obrigações
previstas neste artigo.
Caso o empreiteiro principal pague as verbas trabalhistas devidas pelo subempreiteiro, en-
tão terá direito de promover ação regressiva na Justiça Comum contra o subempreiteiro para
conseguir ser ressarcido.
A responsabilidade do subempreiteiro e do empreiteiro é solidária em relação ao crédito
do trabalhador. Observe esse julgado do TST:
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Quando se trata de uma pessoa que pretende realizar uma determinada obra (dono da
obra), normalmente contrata a construção com uma pessoa física ou jurídica. Esse contratado
(empreiteiro) contrata, por sua vez, trabalhadores.
Surge, então, uma pergunta: se o empregador (empreiteiro contratado para realizar a obra)
não pagar as verbas trabalhistas de seus empregados, será o dono da obra responsabilizado?
Em princípio, como não existe previsão legal expressa, o dono da obra não responde pelas
dívidas trabalhistas do contratado. Essa lógica ficou clara na Orientação Jurisprudencial 191
da SDI-I do TST:
Note que a ressalva é justificável, visto que, se a dona da obra é uma construtora ou in-
corporadora, a construção faz parte de sua atividade econômica. Assim, entender que a regra
da ausência de responsabilidade lhe pudesse ser aplicada geraria risco de fraude, visto que
haveria incorporadoras e construtoras que poderiam querer terceirizar a construção para fugir
da responsabilidade trabalhista.
Quando se trata de dono da obra construtora ou incorporadora, isso equivale a um emprei-
teiro. E sabemos que, na empreitada em que existe uma subempreiteira, a responsabilidade
trabalhista da empreiteira pelos créditos dos empregados da subempreiteira existe, conforme
art. 455 da CLT:
CLT
Art. 455. Nos contratos de subempreitada responderá o subempreiteiro pelas obrigações derivadas
do contrato de trabalho que celebrar, cabendo, todavia, aos empregados, o direito de reclamação
contra o empreiteiro principal pelo inadimplemento daquelas obrigações por parte do primeiro.
Essa ideia ficou clara no item II da tese do tema 6 da Lista de Repetitivos do TST. Lembre-
-se de que o TST, ao julgar temas de recursos repetitivos, fixa tese que deve ser seguida por
todo o Judiciário trabalhista. Vamos à tese:
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Voltando à regra geral, o dono da obra não responde pelas obrigações trabalhistas ina-
dimplidas pelo empregador (que é contratado para fazer a obra). E não importa se o dono da
obra é uma pessoa física, microempresa, empresa de pequeno, médio ou grande porte. A regra
continua. O TST não aceita diferenciação com base no tamanho da empresa.
Veja os incisos I e III da tese referente ao tema 6 da Lista de repetitivos do TST:
No entanto, existe uma outra ressalva quanto à regra geral da ausência de responsabilida-
de. Se o dono da obra contratar um empreiteiro que não possui condições econômico-finan-
ceiras, e esse empreiteiro não pagar as verbas trabalhistas, o dono da obra vai ser responsa-
bilizado de forma subsidiária.
Entende-se que o dono da obra teve culpa ao escolher um empreiteiro completamente
sem condições econômico-financeiras. Veja o entendimento no inciso IV do tema da lista de
repetitivos:
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Claro que essa ideia não se aplica à Administração Pública, uma vez que qualquer culpa da
Administração não pode ser presumida, sobretudo quando se considera que a Administração
segue regras objetivas legalmente previstas para contratar obras, como a realização de licita-
ção, por exemplo.
CC
Art. 942. Os bens do responsável pela ofensa ou violação do direito de outrem ficam sujeitos à
reparação do dano causado; e, se a ofensa tiver mais de um autor, todos responderão solidaria-
mente pela reparação.
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3.5. Cooperativas
Os trabalhadores podem se organizar para prestar serviços através de cooperativas. Coo-
perativas de trabalho são pessoas jurídicas de direito privado em que os integrantes (coope-
rados) possuem objetivos comuns e são ligados entre si em razão de suas profissões. Aliás,
o art. 2º, caput, da Lei n. 12.690/2012 estabelece:
Lei n. 12.690/2012
Art. 2º Considera-se Cooperativa de Trabalho a sociedade constituída por trabalhadores para o
exercício de suas atividades laborativas ou profissionais com proveito comum, autonomia e au-
togestão para obterem melhor qualificação, renda, situação socioeconômica e condições gerais
de trabalho.
Assim, é muito comum uma empresa tomadora de serviços fazer um contrato com uma
cooperativa de forma que, quando existe a necessidade de um profissional, a cooperativa en-
caminha um profissional para prestar o serviço específico. Exemplo disso ocorre com um hos-
pital, por exemplo, que necessita de médicos na eventualidade de uma cirurgia específica,
entrando em contato com a cooperativa de médicos.
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CLT
Art. 442 (...)
Parágrafo único. Qualquer que seja o ramo de atividade da sociedade cooperativa, não existe vínculo
empregatício entre ela e seus associados, nem entre estes e os tomadores de serviços daquela.
Tenha em mente que se trata de uma presunção relativa, visto que, se houver fraude na
relação cooperada, ou seja, se houver os elementos da relação de emprego entre a tomadora
cliente e o cooperado, a Justiça do Trabalho reconhecerá o vínculo de emprego.
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RESUMO
Foco Linha mestra
1- Sempre que uma ou mais empresas, tendo, embora, cada uma delas, personali-
dade jurídica própria, estiverem sob a direção, controle ou administração de outra, ou
ainda quando, mesmo guardando cada uma sua autonomia, integrem grupo econô-
mico, serão responsáveis solidariamente pelas obrigações decorrentes da relação de
emprego.
2- Não caracteriza grupo econômico a mera identidade de sócios, sendo necessárias,
para a configuração do grupo, a demonstração do interesse integrado, a efetiva comu-
Grupo
nhão de interesses e a atuação conjunta das empresas dele integrantes.
econômico
3- O grupo econômico pressupõe pessoas jurídicas de direito privado fora do âmbito
da Administração Pública e que explorem atividade econômica.
4- A posição majoritária na jurisprudência é de que se trata de empregador único todo
o grupo (derivada da tese da solidariedade dual) e não apenas a empresa que anotou,
como empregadora, a Carteira de Trabalho.
5- Na execução trabalhista, pode haver a inclusão da empresa integrante do grupo
econômico mesmo que ela não tenha participado do processo de conhecimento.
1- Em regra, ocorre quando uma unidade econômico-jurídica significativa é transferida
de uma pessoa para outra, não importando a modalidade em que ocorre a transferên-
cia (fusão, cisão, trespasse, incorporação, arrendamento etc.).
2- A mudança na propriedade ou na estrutura jurídica da empresa não afetará os con-
tratos de trabalho dos respectivos empregados.
3- Apenas existe, como regra, responsabilidade do sucessor e não do sucedido, exceto
Sucessão se houver fraude ou insuficiência econômica do sucessor.
trabalhista 4- O sucessor não responde solidariamente por débitos trabalhistas de empresa não
adquirida, integrante do mesmo grupo econômico da empresa sucedida, quando, à
época, a empresa devedora direta era solvente ou idônea economicamente, ressalvada
a hipótese de má-fé ou fraude na sucessão.
5- Em caso de criação de novo município, por desmembramento, cada uma das novas
entidades responsabiliza-se pelos direitos trabalhistas do empregado no período em
que figurarem como real empregador.
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1- Trabalho temporário é aquele prestado por pessoa física contratada por uma
empresa de trabalho temporário que a coloca à disposição de uma empresa tomadora
de serviços, para atender à necessidade de substituição transitória de pessoal perma-
nente ou à demanda complementar de serviços.
2- O contrato de trabalho temporário pode versar sobre o desenvolvimento de ativida-
des-meio e atividades-fim a serem executadas na empresa tomadora de serviços.
3- Empresa de trabalho temporário é a pessoa jurídica, devidamente registrada no
Ministério, responsável pela colocação de trabalhadores à disposição de outras
Trabalho empresas temporariamente.
temporário 4- Empresa tomadora de serviços é a pessoa jurídica ou entidade a ela equiparada
que celebra contrato de prestação de trabalho temporário com a empresa de trabalho
temporário.
5- Qualquer que seja o ramo da empresa tomadora de serviços, não existe vínculo de
emprego entre ela e os trabalhadores contratados pelas empresas de trabalho temporário.
6- A responsabilidade da tomadora de serviços também é subsidiária em relação
às obrigações trabalhistas inadimplidas pela empresa prestadora de serviços. No
entanto, quando a empresa de trabalho temporário tem a falência decretada, a respon-
sabilidade da tomadora de serviços se torna solidária.
1- De acordo com o STF, no julgamento do tema 725 da Lista de Repercussão Geral e da
ADPF 324, a terceirização é lícita, independentemente se ocorre na atividade-meio ou na
atividade-fim da tomadora de serviços. No entanto, segundo o TST, não pode haver subordi-
nação direta entre o trabalhador e a tomadora de serviços.
Terceirização
2- Terceirizar de forma ilícita implica o reconhecimento de vínculo de emprego diretamente
no setor
com o “tomador”.
privado
3- A reforma trabalhista (Lei n. 13.467/2017) admitiu expressamente a terceirização tanto
na atividade-fim como na atividade-meio da tomadora de serviços.
4- Na terceirização lícita, a responsabilidade do tomador de serviços é subsidiária pelas
obrigações trabalhistas que não foram pagas pelo empregador.
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QUESTÕES DE CONCURSO
A terceirização, a sucessão trabalhista e o grupo econômico são fenômenos extremamen-
te presentes no Direito do Trabalho. São institutos que envolvem uma série responsabilidades
tanto de empregadores como de terceiros, bem como geraram uma extensa consolidação ju-
risprudencial sobre os temas. As provas questionam bastante esses pontos.
Você deve ter em mente que, se um exercício envolver diversos itens com matérias diferen-
tes, apenas os itens relacionados à matéria desta aula foram escolhidos para exame. Assim,
se você verificar que a questão possui menos itens, isso ocorre porque os itens suprimidos não
se relacionam à matéria dessa aula. Logo, apenas os itens sobre a matéria desta aula foram
examinados e os gabaritos adaptados para o exame destes itens.
De acordo com a CLT, se ocorrer a sucessão trabalhista, a responsabilidade é, como regra, ex-
clusiva do sucessor, na forma do art. 448-A da CLT. Assim, como regra, o sucedido não responde
pela dívida trabalhista. No entanto, como você nota, no parágrafo único, que se houver fraude
o sucedido responde solidariamente. Além disso, a jurisprudência consagrou que, na hipótese
de absoluta incapacidade econômico-financeira do sucessor, o sucedido também responde.
Letra a.
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I – Certo. De acordo com a reforma trabalhista. O art. 448-A da CLT preceitua que a respon-
sabilidade é da sucessora, podendo haver responsabilidade solidária da sucedida em caso
de fraude. Como a pergunta se refere à reforma trabalhista, você deve examinar a questão de
acordo com a literalidade da lei.
II – Errado. A mera identidade de sócios não basta para se reconhecer grupo econômico, na
forma do art. 2º, § 3º, da CLT.
III – Errado. Uma vez estabelecido o grupo econômico, a responsabilidade das empresas é
solidária e não subsidiária. Veja o art. 2º, § 2º, da CLT.
Letra a.
a) Errado. A alteração na estrutura jurídica da empresa não afeta os direitos adquiridos pelos
empregados, na forma do artigo 10 da CLT.
b) Errado. Uma vez configurada sucessão trabalhista, a responsabilidade pelos créditos traba-
lhistas ainda devidos pelo sucedido pertence ao sucessor, na forma do art. 448-A da CLT.
c) Errado. Caso haja fraude na sucessão trabalhista, a empresa sucedida responde solida-
riamente com a sucessora pelas dívidas trabalhistas, na forma do art. 448-A, parágrafo úni-
co, da CLT.
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e) Certo. Se houve sucessão trabalhista, o banco sucessor para o qual foram transferidos nos
ativos do sucedido fica responsável pela dívida trabalhista do sucedido. Leia a Orientação Ju-
risprudencial ao 261 da SDI-I do TST.
Letra e.
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a) Errado. Vamos entender. Imagine que uma empresa A e outra empesa B integrem um grupo
econômico, mas a empresa B está devendo créditos trabalhistas a João. Se a empresa A for
incorporada por uma empresa C (que não integra o grupo econômico), será que a empresa C
(sucessora da empresa A) seria responsável pela dívida da empresa B? O TST entende que
depende da situação. A empresa C apenas responderia se a empresa B não fosse solvente na
época em que a empresa C comprou a empresa A ou se houve dolo ou fraude na sucessão.
Leia a Orientação Jurisprudencial 411 da SDI-I.
b) Errado. O subempreiteiro responde pelos créditos trabalhistas de seus empregados, sem
prejuízo do direito desses empregados de demandar judicialmente o empreiteiro principal, na
forma do art. 455 da CLT.
d) Errado. O TST entende que, havendo grupo econômico, a prestação de serviço para mais de
uma empresa, na mesma jornada, não configura mais de um contrato de trabalho, salvo ajuste
em contrário. Veja a Súmula 129 do TST.
e) Certo. É o que dispõe a OJ 92 da SDI-I do TST.
Letra e.
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a) Errado. Para que haja a responsabilidade subsidiária, é necessário que haja culpa da to-
madora de serviços, ainda que seja de falha na fiscalização. Não importa a mera culpa da
prestadora de serviços (empresa contratada). Leia o disposto na Súmula n. 331, V, do TST e o
entendimento do STF.
b) Errado. Não existe essa previsão de tempo na Constituição Federal.
c) Errado. A Lei n. 8.745/1993 não estabelece autorização para terceirização no âmbito da Ad-
ministração Pública. A contratação direta de pessoal pela Administração por tempo determi-
nado para atendimento de excepcional interesse público não se confunde com a terceirização.
d) Errado. O postulado do concurso público deve ser respeitado (art. 37, II, da CF). Assim, ainda
que uma terceirização seja apontada como irregular, não se pode reconhecer vínculo direta-
mente com a Administração Pública. Veja, a título exemplificativo, a Súmula n. 331, II, do TST.
e) Certo. É exatamente o que disciplina o disposto na Súmula n. 331, V, do TST e o entendi-
mento do STF.
Letra e.
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A Faculdade, como dona da obra, não responde pelas verbas trabalhistas aos empregados que
atuaram na obra em si, sobretudo porque não é uma construtora ou incorporadora, mas uma
instituição de ensino. Veja o disposto na OJ 191 da SDI-I do TST.
Quanto aos empregados da empresa de vigilância, não se trata de obra, mas de prestação de
serviços, o que significa que a Faculdade é tomadora de serviços e responde de forma subsidi-
ária pelas dívidas trabalhistas da empresa prestadora (Serviços de Segurança Olho Aberto), na
forma do art. 5º-A, § 5º, da Lei n. 6.019/1974. Leia também a Súmula n. 331, IV do TST.
Letra e.
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A empresa construtora não possui qualquer relação com a empresa de vigilância. Não pos-
suem qualquer contrato de prestação de serviços. A relação ocorria entre a empresa de vigilân-
cia e a Faculdade. Logo, a construtora ABC não pode ser responsabilizada por créditos devidos
aos empregados da empresa de vigilância se nem sequer foi tomadora de serviços.
Por outro lado, quanto aos créditos devidos pela subempreiteira (Empreiteira Faz Tudo Ltda)
aos seus empregados, a empresa construtora ABC foi a empreiteira principal e decidiu promo-
ver uma subempreitada da obra. Logo, a construtora responde solidariamente com a subem-
preiteira pelos créditos trabalhistas devidos aos empregados desta última, por força do art.
455 da CLT. Registre-se que, muito embora o art. 455 da CLT não mencione expressamente a
responsabilidade solidária, certo é que a jurisprudência do TST já consolidou entendimento no
sentido da responsabilidade solidária da empreiteira principal e a subempreiteira.
Letra c.
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c) Em relação ao contrato do Sr. Pedro Egito, a responsabilidade por eventuais direitos traba-
lhistas será da empresa Boa Vista Ltda. e, subsidiariamente, da empresa Alegre Visual Ltda.,
ante a sucessão de empresas.
d) Não há possibilidade de se responsabilizar a empresa Boa Vista Ltda. por débitos trabalhis-
tas decorrentes do contrato de Paulo Israel, ante a intervenção estatal na sucessão.
e) A empresa Alegre Visual Ltda., por ocasião do rompimento da relação com o Sr Paulo Is-
rael, responde pela integralidade dos direitos do obreiro, sem prejuízo, entretanto, da respon-
sabilidade subsidiária da empresa Boa Vista Ltda. pelos débitos trabalhistas contraídos até a
concessão.
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AMASAB, postulando o pagamento de saldo de salário, horas extras não pagas, reflexos das
verbas salariais e dano moral pelo acidente. Postulou responsabilidade subsidiária em face
do Município de Brasílius. A AMASAB apresentou contestação, aduzindo em sua defesa: a) a
ausência de pagamentos é em decorrência do atraso de repasses pelo município das verbas
do Sistema Único de Saúde, o que gera factum principis e a transferência da responsabilidade
do pagamento das verbas salariais exclusivamente para o ente público; b) a responsabilidade
pelo acidente é exclusiva do Município, pois é incumbência das unidades hospitalares conta-
rem com plano de Prevenção de Acidentes com Material perfuro-cortante. O Município de Bra-
silius apresentou contestação, aduzindo em sua defesa: a) o atraso no pagamento das verbas
decorreu de força maior, tendo em vista que não foram repassadas pelo governo federal; b) não
há responsabilidade subsidiária, pois, todos os meses, a AMASAB era fiscalizada pelo Diretor
do Hospital, que pedia as certidões negativas de tributos e comprovantes de recolhimento de
INSS e FGTS; c) a sua responsabilidade subsidiária, se eventualmente reconhecida, limita-se ao
saldo de salário, tendo em vista que não há no contrato celebrado com a AMASAB, previsão de
pagamento de horas extras; d) o acidente ocorrido decorre de violações a normas de saúde e
segurança do Ministério do Trabalho e Emprego, que não são exigíveis de entes públicos, mas
sim das empresas privadas.
O processo foi à conclusão para julgamento. Sobre o contexto, considerando a legislação, dou-
trina e jurisprudência dominantes, indique a assertiva correta:
a) A ocorrência de factum principis, manifestada de forma incontroversa pelos atrasos nos
repasses, transfere o ônus de todas as verbas trabalhistas não adimplidas no curso da relação
de emprego de Severina ao ente público responsável.
b) A Ação Direta de Constitucionalidade n. 16, ao reconhecer a constitucionalidade do
Art. 71 da Lei n. 8.666/1993, implica na improcedência do pleito de Severina em face do
Município, independentemente do tipo ou da efetiva fiscalização no curso do contrato
com a AMASAB.
c) O desenvolvimento das atividades sob orientação direta do Secretário Municipal de
Saúde permite o reconhecimento da contratação como fraudulenta, bem como o reco-
nhecimento do vínculo direto com o Município de Brasílius e aplicação de todas as vanta-
gens previstas no estatuto municipal, gerando a responsabilização direta e exclusiva do
ente público.
d) É possível a responsabilização subsidiária do ente público, inclusive nas verbas de horas
extras e dano moral, mesmo que, no contrato do Município com a AMASAB, não preveja o pa-
gamento de tais rubricas.
e) Considerando que o dever de prestar saúde é obrigação constitucional solidária da União,
Estados e Municípios, seria admissível o redirecionamento da execução à União, por res-
ponsabilidade subsidiária, mesmo não tendo participado do processo ou constado no título
executivo.
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a) Errado. A ocorrência de fato do príncipe não pode ser invocada quando se refere a atrasos
de repasses orçamentários, porquanto o risco da atividade exercida pelo empregador não pode
ser transferido a terceiros. Ademais, o art. 486, caput, da CLT menciona paralisação temporária
ou definitiva do trabalho por ato de autoridade administrativa ou lei, o que não ocorreu no caso
(atividade do empregador continuou). Veja o preceito mencionado:
Art. 486. No caso de paralisação temporária ou definitiva do trabalho, motivada por ato de autori-
dade municipal, estadual ou federal, ou pela promulgação de lei ou resolução que impossibilite a
continuação da atividade, prevalecerá o pagamento da indenização, que ficará a cargo do governo
responsável.
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e) Errado. A União não era tomadora de serviços, mas sim o Município. Além disso, não se
pode haver qualquer responsabilidade de tomador sem que ele participe da relação processual
de conhecimento e integre o título executivo judicial, na forma da Súmula n. 331, IV, do TST.
Letra d.
023. (TRT 2R/TRT – 2ª REGIÃO/JUIZ DO TRABALHO/2015) A empresa Alfa & Delta Produ-
ções Gráficas adquiriu o fundo de comércio, instalações e maquinário da empresa Lambda
Serviços Impressos; atuando no mesmo endereço, nas mesmas atividades e utilizando-se dos
serviços dos mesmos empregados. Os quadros societários das duas empresas eram distin-
tos. Em relação aos contratos de trabalho dos empregados, é CORRETO afirmar que:
a) Serão automaticamente extintos, fazendo surgir novas relações contratuais, visto que não
houve sucessão.
b) Houve sucessão e ocorre a terminação ficta de contratos trabalhistas, isto é, as obrigações
trabalhistas anteriores recairão sobre a empresa sucedida, e as posteriores sobre a sucessora.
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a) Certo. Uma vez ocorrida a sucessão trabalhista, a responsabilidade pelos créditos trabalhis-
tas devidos pelo sucedido é, em regra, de responsabilidade exclusiva do sucessor, na forma do
art. 448-A da CLT e posição consolidada no TST. A sucedida, em regra, não responde. Assim, a
empresa Olímpica será a responsável, em princípio, por todo o valor devido.
b) Errado. Veja o comentário da letra a.
c) Errado. Veja o comentário da letra a.
d) Errado. Veja o comentário da letra a.
e) Errado. Não existe qualquer óbice legal para a venda de bens em virtude da existência de
débitos trabalhistas.
Letra a.
Se não houve a devida fiscalização, então ocorre culpa da Administração Pública, atraindo a
sua responsabilidade subsidiária, na forma da Súmula n. 331, IV e V, do TST.
Letra c.
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I – Errado. Se, havendo grupo econômico, ocorre a prestação de serviço para mais de uma em-
presa, na mesma jornada, isso não configura mais de um contrato de trabalho, salvo ajuste em
contrário. A questão não menciona mais de um ajuste em contrário. Veja a Súmula 129 do TST.
II – Errado. Ocorrendo a rescisão contratual após a nova concessão passar a vigorar, a su-
cessora (nova concessionária) responde diretamente, ao passo que a antiga concessionária
(sucedida) responde subsidiariamente pelos créditos trabalhistas devidos na sua época, con-
forme OJ 225, I, da SDI-I.
III – Certo. É o que prevê a OJ 225, II, da SDI-I.
IV – Errado. Se a empresa que possui a dívida trabalhista era solvente na época em que ou-
tra empresa do mesmo grupo foi vendida, não haverá responsabilidade da empresa vendida
(sucedida) ou da empresa que adquiriu ela (sucessora) pelas dívidas trabalhistas da empresa
inadimplente. É a aplicação da OJ 411 da SDI-I do TST.
V – Certo. É o que disciplina a OJ 92 da SDI-I. Cada Município fica responsável pelo período em
que José lhe prestou serviços.
Letra b.
b) Errado. O trabalho na mesma jornada para mais de uma empresa do mesmo grupo eco-
nômico não implica a existência de mais de um contrato de trabalho, mas apenas um único
contrato de trabalho. É o teor da Súmula 129 do TST.
c) Errado. Se uma empresa é integrante do mesmo grupo econômico, pode ela ser incluída
diretamente na execução trabalhista de uma outra empresa do mesmo grupo, ainda que não
tenha participado do processo de conhecimento e do título executivo judicial. Leia o comentá-
rio da questão 16.
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d) Certo. Perceba que o examinador não falou em “grupo econômico”, mas mero “grupo de
empresas”. Assim, não se está tratando do art. 2º, § 2º, da CLT. Assim, empresas que possuem
sócio em comum, mesmo não sendo coordenadas ou dirigidas uma pela outra podem consti-
tuir um “grupo de empresas”.
e) Errado. Entidades sem finalidades lucrativas não constituem grupo econômico.
Letra d.
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a) O item está certo. A alteridade é assunção dos riscos da atividade econômica pelo emprega-
dor, sendo uma caraterística da relação de emprego. Já a despersonalização da figura do em-
pregador pode ser vista, por exemplo, na sucessão trabalhista, quando o trabalhador continua
prestando serviços ao sucessor. O contrato de trabalho continua sendo o mesmo, tendo havido
somente a alteração no polo passivo da relação de emprego (muda o empregador e continua
a mesma relação de emprego).
b) O item está certo. É o que se constata pelo art. 2º, § 2º, da CLT.
c
) O item está certo. Quando se reconhece que a prestação de serviços a mais de uma empre-
sa do mesmo grupo econômico, na mesma jornada, não constitui mais de um contrato, mas o
mesmo contrato, a Súmula considera que o grupo econômico é um empregador único. Assim,
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a Súmula adota não apenas a solidariedade passiva das empresas do grupo pelas dívidas tra-
balhistas, mas também a solidariedade ativa, ou seja, podem as empresas integrantes do grupo
exigir a prestação de serviços do empregado de qualquer delas sem que isso configure mais de
um contrato. A existência das solidariedades ativa e passiva configuram a solidariedade dual.
d) O item está certo. A sucessão trabalhista envolve transferência de unidade econômico-jurí-
dica. Os arts. 10 e 448 da CLT mencionam inclusive “empresa”. Quando se trata de vínculo de
emprego doméstico, a atividade é não lucrativa e ocorre no âmbito residencial do empregador
pessoa física, o que torna incompatível a sucessão. Quanto à alienação judicial de empresa
falida, veja o art. 141, II e § 2º, da Lei n. 11.101/2005.
e) O item está errado. A cláusula de não–responsabilização não gera qualquer efeito para o
credor trabalhista, podendo o sucessor ser responsabilizado pelas dívidas trabalhistas do su-
cedido.
Letra e.
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b) Os entes integrantes da Administração Pública direta e indireta que tomarem serviços por
meio de empresa interposta de mão de obra não respondem pelas obrigações trabalhistas,
ainda que evidenciada a sua conduta culposa na fiscalização do cumprimento das obrigações
contratuais e legais da prestadora de serviço como empregadora.
c) Em caso de formação de grupo econômico a responsabilidade das empresas do grupo em
relação à inadimplência trabalhista da empresa empregadora é subsidiária, valendo o benefí-
cio de ordem.
d) O inadimplemento das obrigações trabalhistas, por parte do empregador, implica a respon-
sabilidade solidária do tomador dos serviços quanto àquelas obrigações na hipótese de inter-
mediação de mão de obra por empresa interposta.
e) No caso de falência da empresa de trabalho temporário, a empresa tomadora é solidaria-
mente responsável pelo recolhimento das contribuições previdenciárias, no tocante ao tempo
em que o trabalhador esteve sob suas ordens, assim como em referência ao mesmo período,
pela remuneração e indenizações.
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GABARITO
3. a 14. e 25. c
4. a 15. a 26. b
5. e 16. e 27. d
6. c 17. c 28. e
7. c 18. Ambas Falsas 29. e
8. E 19. c 30. e
9. e 20. e 31. a
10. E 21. d 32. e
11. e 22. c
12. e 23. e
13. e 24. a
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