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INTRODUÇÃO

Olá! Que ótimo ter você novamente conosco nesta jornada para a
construção de um Legado Consciente!

Nos fascículos iniciais convidamos você a dedicar um tempo para


refletir com atenção sobre a história da sua vida e sobre os pontos
que são importantes para você, aquilo que você valoriza.

Estar atento sobre a forma que os valores e crenças atuam em


nossos processos decisórios é de fundamental importância para
que as decisões tomadas sejam mais conscientes.

Aprender a agir a partir do seu autoconhecimento e da sua


autoconsciência de forma mais intencional, constitui o que
acreditamos ser a habilidade de liderança fundamental para a
nossa época.

Entendemos por autoconhecimento a investigação sobre si


mesmo, refletindo sobre seus próprios pensamentos, sentimentos
e ações. O que, por sua vez, exige estar consciente de si mesmo,
observar-se por inteiro.

O professor do MIT Otto Scharmer, um dos mais influentes


pensadores da atualidade, apresenta a teoria “U” como um
potente processo para transformação pessoal, organizacional e
até de países.

Nesta teoria, ele destaca que para que processos de transformação


rumo à evolução da consciência ocorram de forma adequada, é
necessário considerar três qualidades como sendo um caminho
a ser percorrido.
O processo se inicia no canto esquerdo superior do “U” com uma primeira
qualidade a ser trabalhada que é a ATENÇÃO.

Ele destaca que a ATENÇÃO está relacionada a algumas competências


como autoconsciência e valores na prática, ambas consideradas
nos nossos dois fascículos iniciais. Refere-se a nossa capacidade de
observação de nós mesmos, do outro, das relações e do nosso entorno.

No outro extremo do “U” encontra-se a qualidade da AÇÃO. Nesse ponto


ele destaca a importância da implementação, de colocar em prática
nossos valores e nossa visão de futuro, tema que abordaremos no
fascículo final.

Na base do “U” encontra-se a qualidade que ele chama de INTENÇÃO.


Ao considerar e trabalhar esta qualidade, conseguimos acessar o futuro
emergente, ou seja, criamos a partir do que somos e do que queremos ser
e não com base no que deveríamos ter deixado ir!

Acessar a intenção é estar mais próximo do seu projeto de vida.

Acessar a intenção é estar mais próximo da razão de ser de qualquer


pessoa ou organização.

Acessar a intenção é permitir um contato com o futuro, com o que está


por vir, com o que está para emergir por conta de novas necessidades.

ATENÇÃO AÇÃO

INTENÇÃO

Projeto de vida ou razão de ser são algumas das formas de se destacar


a intenção do que se quer, e que mais comumente se chama Propósito!

Se você busca pensamentos que te ajudem na reflexão sobre propósito


e o alinhamento do mesmo com a organização com a qual você está
envolvido, vem com a gente!

Compartilharemos aqui a nossa experiência com o tema e como vemos a


sua relevância no contexto pessoal e profissional.
MAS, ANTES DE
SEGUIRMOS…
As reflexões sobre temas fundamentais requerem um tempo
especial, um tempo só para você!

Assim como fizemos nos fascículos anteriores, preparamos uma


playlist especial para que você possa pausar por alguns minutos
antes de iniciar a leitura.

Sugerimos que ouça as três primeiras músicas e, a qualquer


momento, você poderá retornar às demais músicas da lista.

Convidamos você a buscar um espaço reservado para que o seu


pensar e o seu sentir possam ser acessados de forma mais profunda.

ACESSE A PLAYLIST
VOCÊ SABE QUAIS SÃO OS DOIS
DIAS MAIS IMPORTANTES DA
VIDA DE UMA PESSOA?
Provavelmente alguém já tenha te perguntado sobre qual é o seu
propósito de vida. Pode já ter ouvido alguém afirmar que para ter uma
vida plena é muito importante você saber qual é o seu propósito.

Já ouvimos também que a resposta mais adequada à pergunta acima é


o dia do nascimento e o dia em que a pessoa descobre o seu propósito.
Talvez você também já tenha lido ou escutado alguém comentando
que, para que as organizações possam sobreviver na economia atual, as
mesmas têm que ter um propósito maior e não simplesmente maximizar
o lucro.

Pois é! Estas questões já fizeram parte das nossas reflexões e vem daí
a vontade de compartilhar com você a nossa percepção sobre o que
isso significa e sua importância para a vida de cada indivíduo e para as
organizações.

Numa das reuniões que tivemos quando estávamos elaborando este


fascículo surgiu fortemente entre nós um insight: ter clareza do seu
propósito é “arrumar sarna para se coçar”!

Esta expressão, talvez não muito atual, desmistifica a ideia de que ter um
propósito é suficiente para uma vida plena e tranquila.

Para que empresas e indivíduos possam desfrutar de um maior senso de


realização, a expressão de um propósito precisa constar não somente na
mente, mas também no coração e, principalmente, nas decisões e ações
implementadas dia a dia.

Um passo importante na busca de agir direcionado a um propósito é


compreender que esse processo exige vontade, responsabilidade e
muitas vezes coragem para mudar hábitos e crenças.

O caminho é nos questionar constantemente sobre o que fazemos e o que


de fato seria importante fazermos.
Revisitando o Livro O Mundo de Sofia, de Jostein Gaarder, num dos
diálogos com sua mãe, Sofia traz à tona o quanto estamos abertos para
enxergarmos ou atuarmos além do que estamos habituados.

Compartilhamos parte deste diálogo como um convite para sua reflexão


sobre este tema.

… Sofia entendeu que o filósofo tinha razão. Os adultos achavam


o mundo uma coisa evidente. Dormiam para sempre o sono
encantado do cotidiano.
- Você apenas se habituou tanto com o mundo que ele não
surpreende mais você, - disse Sofia.
- Desculpe, mas não estou entendendo nada.
- Estou dizendo que você se acostumou demais com o mundo. Em
outras palavras, você está totalmente tapada.
- Veja como fala comigo, Sofia.
- Então me deixe falar de outra forma. Você arrumou um ninho
bem confortável na pelagem de um coelho branco que acabou
de ser tirado da cartola preta do universo. E daqui a pouco você
vai colocar as batatas para cozinhar. Depois você vai ler o jornal e
depois uma soneca de meia hora vai assistir os telejornais.
Uma expressão de preocupação passou pelo rosto da mãe de Sofia.
De fato ela foi até a cozinha e colocou as batatas para cozinhar.
Logo depois voltou para a sala e então foi a sua vez de fazer Sofia
sentar numa poltrona.
- Vamos conversar - começou ela. E pela voz da sua mãe Sofia
percebeu que se tratava de algo sério.
- Por acaso você andou mexendo com drogas?
Sofia não conseguiu conter um sorriso, mas entendeu por que
aquela pergunta lhe estava sendo feita justamente agora.
- Você ficou louca? As drogas só deixam a gente mais careta!
Naquela noite, nada mais foi dito sobre drogas ou sobre coelhos
brancos.

Pronto para enxergar além do ninho confortável na pelagem de um


coelho branco que acabou de ser tirado da cartola preta do universo?
Então, sigamos adiante…
POR QUE O PROPÓSITO É
TÃO IMPORTANTE?
SERÁ ISSO MAIS UM MODISMO?
“Um homem com ideias é forte,
um homem com ideais é invencível.”
Jigoro Kano

Originada do latim propositum, a palavra propósito corresponde a “aquilo


que coloco adiante”, isto é, o que se busca.

Grande teórico da economia moderna, Adam Smith (1723-1790) criticava


o trabalho comum, considerando-o uma atividade desprovida de sentido,
na qual o indivíduo abre mão de sua felicidade, liberdade e potencial
criativo em troca de um salário (Smith, 2015).

Vários estudos recentes revelam que mais de 80% das pessoas, em todos
os cantos do mundo, passam a vida desempenhando funções pelas quais
não sentem nada além de um vínculo econômico, sem nenhum traço de
desejo, paixão ou realização pessoal/profissional (Deloitte, 2020).

Num livro provocante e divertido chamado “Bullshit Jobs” de David


Graeber, o autor alerta que uma onda de trabalhos sem propósito está
varrendo o planeta. Vale a pena conferir uma entrevista que ele concedeu
a Chris Brooks, publicada por Outras Palavras em 2018.

“Tragédia não é quando um homem morre, mas quando morre algo


dentro de um homem enquanto ele ainda vive”, dizia o filósofo e médico
alemão Albert Schweitzer.
Nesse sentido, podemos crer que vivemos uma realidade trágica,
cercados de pessoas sem brilhos nos olhos, funcionando no piloto-
automático, parecendo zumbis – isso quando não somos também uma
delas.

Dormimos e acordamos em um estado de alienação. A pessoa alienada


é aquela que não pertence a si mesma, ou seja, o alienado não se
reconhece naquilo que faz e está inconscientemente preso ao alter ego
– “alter” significa “alheio”, “outro”.

Acreditamos que uma das possibilidades que temos para sair de um


estado de alienação é o de trabalharmos na busca de um propósito ou
de um sentido que vá além do ganhar dinheiro e gastar e não aproveitar
nosso tempo de vida!

Em recente artigo publicado pela consultoria McKinsey, - “Igniting


individual purpose in times of crisis” - é apresentada uma pesquisa onde
demonstra que pessoas com um forte senso de propósito tendem a ser
mais resilientes e exibem melhor recuperação de eventos negativos.

A pesquisa, conduzida durante a pandemia, descobriu que, ao comparar


pessoas que dizem estar “vivendo seu propósito” no trabalho com
aquelas que dizem que não estão, os primeiros relatam níveis de bem-
estar cinco vezes maiores do que os últimos. Além disso, aqueles no
primeiro grupo são quatro vezes mais propensos a relatar níveis mais
altos de engajamento.

Apresentou ainda que pessoas com um senso de propósito vivem


vidas mais longas e saudáveis. Uma descoberta que se manteve
independentemente da idade em que as pessoas identificaram seu
propósito.

Percebemos que a cultura contemporânea vem cada vez mais


questionando o modus operandi que vivíamos no século 20.

Entramos na chamada “Era da Transcendência”, apresentada por Raj


Sisodia em seu livro “O Segredo das Empresas Mais Queridas” (Sisodia
et al., 2008) como “um movimento cultural no qual as influências físicas
(materialistas) que dominaram a cultura no século XX encontram-se em
declínio, enquanto influências metafísicas (espirituais) ganham vigor”.
Esse anseio por transcendência e a crescente busca social por significado,
por mais sentir do que pensar, marcam a substituição da cultura do “valor
do dinheiro” pelo espírito colaborativo do “dinheiro de valor”.

Assim como compartilhamos nos fascículos anteriores, acreditamos num


processo de desenvolvimento de consciência e este passa pela reflexão e
prática de valores e do propósito.

Descobrir, no sentido de tirar aquilo que está cobrindo nossos valores e o


nosso propósito, é uma jornada rumo à autoconsciência, toma tempo e
nos traz desafios!

Falar sobre propósito requer entrar em contato com a nossa narrativa


interna sobre o tema.

Apresentamos, a seguir, os nossos pressupostos, o que levamos em


consideração em nossa narrativa sobre propósito.

Você pode se identificar com algumas delas, estranhar outras. Não existe
certo ou errado, mas existe a importância de cada um de nós entrar em
contato com os nossos próprios pressupostos e narrativas.

Aqui vão os nossos pensamentos:


• O propósito não é estático, ele evolui.
• Ele se manifesta de diversas formas: carreira, família, hobbies etc.
• Ele nos coloca em estado de fluxo com a vida.
• É uma construção diária.
• Direciona nossos momentos de escolha.
• É o que escolhemos daquilo que vivemos, não é um plano.

Quais são os seus? Quais verdades norteiam a sua narrativa sobre


propósito?
DESENVOLVENDO Quase toda criança alguma vez já foi questionada sobre “o que você quer
ser quando crescer”?

O PROPÓSITO Este questionamento traz o convite para a reflexão sobre os desejos e


intenções que ela tem para a vida.

INDIVIDUAL, SEU As respostas a este questionamento normalmente refletem as experiências

PROJETO DE VIDA
já vividas pelas crianças até aquele momento, se espelhando no que já
conhecem.

Assim, aparecem respostas como: “quero ser médico”, “quero ser


bombeiro”, “quero ser policial”, “vou ser professora”, “serei jogador de
futebol”, “quero trabalhar na televisão”.

Ao chegarmos à idade adulta, as experiências que vivemos ao longo da


vida podem ampliar nossa percepção sobre as atividades que nos fazem
sentir bem.

Uns consideram estas experiências e tomam caminhos profissionais para


trilhar uma jornada próxima ao que consideram alimentar seus desejos
e sua alma.

Outros, optam por seguir caminhos já trilhados por parentes ou até


caminhos vistos como os melhores para propiciar um retorno financeiro.
Não há caminhos errados, mas sim caminhos escolhidos de forma
a suprir nossas necessidades individuais ou que nos permitem
vivenciar nossos valores.

Independente das razões que influenciam nossas decisões, em


muitos momentos somos convidados pela própria vida a colocar luz
sobre essas escolhas para que possamos seguir adiante ainda mais
seguros ou redefinir os rumos que tomamos até então.

Esses momentos trazem muitas vezes alguma conotação de perda


ou dor como, por exemplo, perda de um emprego, separação de
relacionamentos amorosos, problemas de saúde. Outras vezes esses
momentos vêm revestidos por insatisfações sem causa aparente, mas
suficientes para nos colocar no modo observador de nós mesmos
com maior intensidade.

O documentário “I Am” do diretor de cinema de Hollywood, Tom


Shadyac, é um ótimo exemplo sobre como fatos alheios a nossa
vontade podem despertar a reflexão sobre propósito. Neste filme
ele demonstra que após sofrer um ferimento na cabeça, ele se deu
conta que o sucesso que havia alcançado na sua carreira não o
satisfazia. A partir deste fato, começou a experimentar uma jornada
para tentar descobrir e responder duas questões bem básicas: “O que
está errado no mundo?” “Que podemos fazer sobre isso?”, e mudou
completamente a forma de viver a sua vida.

Os livros “Em Busca de Sentido” de Viktor Frankl, A Bailarina de


Auschiwitz de Edith Eger, Sincronicidade de Joseph Jaworski trazem
também fatos que ocorreram com estes autores que os fizeram
refletir o rumo que dariam às suas vidas. Vale a leitura dos livros
como também ver o documentário!

Mas será que temos que ter estes fatos alheios a nossa vontade para
pensarmos no nosso propósito?
Para nós as experiências que vivenciamos em nossas vidas nos
auxiliam no caminho para o desenvolvimento do nosso propósito.
Acreditamos que uma das experiências que podem auxiliar jovens e
adultos no desenvolvimento do seu propósito é o envolvimento em
projetos sociais.

Em sua tese de doutorado, intitulada “Projetos de vida de jovens


universitários: um estudo sobre engajamento social e projeto de
vida”, Daniela Haertel apresenta o engajamento social como uma
oportunidade de transformação pessoal e de protagonismo.

Através do engajamento social, os jovens têm a oportunidade de


reconhecer as próprias habilidades e talentos e de reconhecer como
é possível utilizá-los para produzir ações que impactem no mundo.

Por este motivo, ela apresentou que o engajamento social pode


ser uma importante ferramenta na construção de projetos de vida
consistentes.

Antes de fazermos uma pausa para reflexão sobre o seu propósito,


convidamos você a acessar o https://www.pactoglobal.org.br/ods
onde constam 17 ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável)
da ONU. São objetivos, cada um com suas metas, cuja implementação
impactará positivamente a todos.

Ao ler os 17 objetivos faça uma pergunta a você mesmo: Se você tiver


que escolher um dos 17 objetivos para empenhar seu tempo e sua
energia para contribuir no desenvolvimento deste objetivo, qual
seria? Talvez seja aqui um início para a reflexão sobre o quanto sua
vida está alinhada a algo significativo!

Não temos o mapa correto ou os “X” passos para você “descobrir” o


seu propósito. O que temos percebido é que a busca pela clareza de
propósito requer reflexões que nos levem a enxergar além do modo
“piloto automático”!
Que tal fazermos uma breve pausa para reflexão sobre o seu propósito?
Pare por um instante e responda para si mesmo algumas das questões
que poderão te auxiliar neste processo:

• O que você faria se tivesse todo tempo do mundo?


• O que você faria se tivesse todo dinheiro do mundo?
• O que te faz acordar todos os dias?
• O que te completa?
• O que você faz com prazer e entusiasmo?
• Qual é o legado que você quer deixar?
• Se você perguntar às pessoas próximas qual é sua função no
mundo, o que elas responderiam?

Esperamos que você tenha feito uma boa reflexão! Queremos compartilhar
que propósito para nós não é um fim em si mesmo, mas sim um caminho
em direção a algo relevante e que nos faz ter um sentido maior.

E isso acontece a cada e a todo momento, uma vez que nossas experiências
e necessidades evoluem e, portanto, evolui nosso propósito também.

Convidamos você a assitir ao TED de Noeline Kirabo, que traz uma boa
reflexão sobre propósito e também sobre propósito e carreira.
DO PROPÓSITO INDIVIDUAL
PARA O PROPÓSITO DAS
ORGANIZAÇÕES
No início dos anos 1990, Bartlett e Ghoshal (1994) fizeram uma
convocação para que os estudiosos considerassem o propósito como o
precursor essencial de uma gestão estratégica e eficaz.

Eles defendiam uma mudança de um modelo de gestão baseado na


estrutura e sistemas para um modelo mais suave e orgânico construído
tendo como base o desenvolvimento de propósito, processos e pessoas.

O papel principal da alta administração, na opinião deles, não era o de


definir uma estratégia, mas, em vez disso, incutir um senso comum de
propósito e, a partir daí, definir uma estratégia.

O que percebemos é que estamos vivendo um momento no qual


há um grande interesse acadêmico em incorporar características
organizacionais “suaves” em estudos de resultados estratégicos, o
que reforça a necessidade das organizações tratarem isso de forma
verdadeira.

Um propósito claro cocriado e vivido por todos numa organização


passa a ser uma fonte de energia e alinhamento que vão muito além de
remunerar o retorno financeiro do acionista.

R. Edward Freeman, professor da Darden School of Business, da


Universidade de Virgínia, e curador do Conscious Capitalism, Inc.,
explica: “precisamos dos glóbulos vermelhos do sangue para viver – da
mesma forma que uma empresa precisa de lucros para viver - , mas o
propósito da vida é maior do que produzir glóbulos vermelhos – da
mesma forma que o propósito do negócio é maior do que simplesmente
gerar lucros”.

Acreditamos que todas as organizações possuem um propósito e que as


novas demandas mundiais trazem o convite para a reflexão, para uma
evolução dos propósitos organizacionais rumo a uma nova consciência.

Nesta nossa visão elencamos um processo de evolução em 4 estágios e


compartilhamos a seguir:
ESTÁGIOS DO PROCESSO
DE EVOLUÇÃO DO
PROPÓSITO
PROPÓSITO
CONSCIENTE

PROPÓSITO
ESTRATÉGICO

PROPÓSITO
PRAGMÁTICO

PROPÓSITO
INSTINTIVO
Estágio 1

PROPÓSITO INSTINTIVO
Nessa fase inicial ou “selvagem”, o empresário acredita que a maximização
do lucro é o foco principal do seu negócio. As regras de mercado são
usadas quando existe um benefício próprio, caso contrário, existe uma
forte tendência a não segui-las.

Alguns empreendedores, no início de seus negócios, traziam um forte


senso de necessidade de sobrevivência e de recursos para o sustento
familiar, levando-os a comportamentos próximos ao que estamos
chamando de instintivos.

Observamos que as organizações que se desenvolveram e prosperaram


saíram da visão autocentrada do mundo, tão comum até alguns anos
atrás, mas ainda presente em algumas organizações, para um olhar de
percepção que seus negócios eram mais do que simplesmente maximizar
o seu lucro.

Esta fase se assemelha aos níveis 1 e 2 (“EU”) que descrevemos no


fascículo Valores quando falamos sobre níveis de consciência.
Estágio 2

PROPÓSITO PRAGMÁTICO
Neste estágio, o empresário acredita que, ao cumprir a legislação, pagar
seus impostos e garantir lucro aos acionistas, a organização já está
“fazendo a sua parte”.

Cinquenta anos atrás, Milton Friedman, ganhador do Prêmio Nobel em


ciências econômicas, em uma entrevista para a revista Time nos Estados
Unidos, cunhou esta frase: “O único propósito de uma empresa é gerar
lucro para os acionistas”.

Na verdade, Friedman defendia que o lucro para os acionistas viria


depois de que fossem pagas todas as obrigações sociais, como impostos
e contribuições e também salários dignos aos trabalhadores.

Muitos atribuem a esta frase de Freedman como símbolo da era de um


capitalismo para shareholders em contraponto com o capitalismo para
stakeholders, que veremos mais adiante.

Se pensarmos que a frase foi proferida há cinquenta anos, poderemos


imaginar que a mesma poderia ser adequada à época!

Para nós, este estágio onde prevalece um propósito pragmático,


representa o início do entendimento de que há outras pessoas que estão
relacionadas ao negócio, além dos próprios acionistas.

Um olhar com mais detalhes aos stakeholders internos, os funcionários


e a legislação, mesmo que ainda sendo muito mais baseado no medo de
não ser punido, do que no fato de propiciar um desenvolvimento a todos.

Acreditamos que as organizações neste estágio estão na transição entre os


níveis 2, (“EU”), e início do nível 3, (“NÓS”), no conceito de maturidade
apresentado no fascículo anterior.
Estágio 3

PROPÓSITO ESTRATÉGICO
O conceito sobre sustentabilidade social foi apresentado na conferência
da ONU em Estocolmo em 1972, mas passou a ser mais conhecido no
encontro da ONU no Rio de Janeiro em 1992, o Eco-92.

Na mesma década de 90 , John Elkington um inglês reconhecido como


um dos principais nomes da sustentabilidade, lança o Triple Botton Line,
um conceito que convida as organizações a medirem seu desempenho
em uma perspectiva mais ampla para criar maior valor de negócios,
considerando além dos resultados financeiros, o impacto da mesma na
parte social e também ambiental.

Estes foram alguns dos acontecimentos que ajudaram a várias pessoas a


desenvolverem um olhar mais atento para aspectos sociais e ambientais
relacionados ao presente e ao futuro da espécie humana e do planeta
como um todo,

Neste estágio, a visão mecanicista ainda predomina na organização, mas


já se tem um entendimento maior da necessidade de envolvimento de
todos os stakeholders para a prosperidade da organização. Ainda há um
distanciamento entre o que deve ser feito e a cultura organizacional.

Em termos de desenvolvimento da consciência, acreditamos que grande


parte destas organizações se encontram entre os níveis 3 e 4, (NÓS), com
um foco ainda muito restrito ao seu círculo próximo de stakeholders.

Encontramos aqui algumas organizações que começam compartilhar


entre todos os stakeholders sua ideia de propósito.
Estágio 4

PROPÓSITO CONSCIENTE
O propósito consciente, que também chamamos de propósito maior,
é o que propicia um elevado grau de envolvimento para todos os
stakeholders de uma organização, aumentando o comprometimento e
a confiança entre todos.

Nesta etapa, observamos de forma cristalina a alteração da organização


autocentrada para uma organização focada no relacionamento que leva
em consideração o bem maior para todos os seus stakeholders.

Tem-se a percepção que o ser humano é parte do planeta, onde o senso


de salvar o planeta passa a ser entendido como um salvar a todos!

Os conceitos deixam de ser apenas parte da gestão e passam a ser parte


da cultura de todos na organização. Normalmente estas organizações
têm um propósito maior, mobilizador para todos com que a organização
se relaciona.

Estas organizações, dentro do nosso conceito de consciência, são as


que encontram-se no processo de transição entre uma cultura focada
“NÓS” para uma cultura focada no “TODOS NÓS” mais próximas dos
níveis 5 e 6.

Raj Sisodia traz em seu último livro intitulado “Empresa que curam” a
ideia de que será através da força de uma capitalismo consciente que
as mudanças benéficas para humanidade ocorrerão. John Elkington,
apresenta o conceito de um capitalismo regenerativo como uma
evolução do Triple Botton Line.
Na reunião anual do Fórum Econômico Mundial em Davos-Klosters de
2020, o tema “Great Reset” foi apresentado como uma oportunidade
de oferecer insights para ajudar a determinar o estado futuro das
relações globais, a direção das economias nacionais, as prioridades das
sociedades, a natureza dos modelos de negócios e a gestão de um bem
comum global.

Estes são alguns dos exemplos do que estamos vivenciando atualmente


como um possível convite ou quem sabe uma imposição, para uma
evolução no nível da consciência organizacional.

Propósito com o senso maior do que simplesmente o foco em resultado


financeiro e valores alinhados aos anseios atuais são a base para o
processo rumo a evolução cultural das organizações

F. Laloux, em sua obra “Reinventando as Organizações”, apresenta que as


organizações possuem um propósito evolutivo em si mesmas.

Demonstra que a evolução do propósito está atrelada ao quanto as


pessoas se esforçam para ouvir e entender para onde naturalmente a
organização está destinada a ir e ao que quer servir.

Acessando o link, a seguir, você poderá ver mais sobre o que Laloux
apresenta.
O DESENVOLVER Já apresentamos nossa idéia de que um propósito está vinculado ao
nível de desenvolvimento de consciência, muito atrelada aos líderes
organizacionais e acreditamos que vem deles o poder para o convite para
DO PROPÓSITO EM a reflexão e evolução do mesmo.

UMA ORGANIZAÇÃO Temos acompanhado algumas organizações que vem trabalhando na


reflexão sobre propósito. Percebemos que organizações que abrem este
diálogo com um grupo de stekholders além do nível de direção tendem
a ter como um maior alinhamento e comprometimento de todos com o
que for definido.

Existem várias dinâmicas que podem facilitar este diálogo e alguns


questionamentos que favorecem esta reflexão. Apresentamos, baseadas
no livro Capitalismo Consciente escrito por por John Mackey e Raj Sisodia,
algumas destas questões que poderão auxiliar nesta reflexão:

• Para que sua organização existe?


• Por que ela precisa existir?
• Qual é a contribuição que a sua organização quer dar ao mundo?
• O mundo fica melhor com a sua organização?
• Quem sentirá a falta da sua organização caso ela deixe de existir?
• Qual é o legado que sua organização quer deixar para o mundo?
CONCLUSÃO E PRÓXIMOS PASSOS
O nosso objetivo com esses e-books é o de inspirar um número maior
de pessoas na criação de organizações focadas no desenvolvimento
de uma nova consciência, onde os valores e o propósito ajudem a
todos na possibilidade da construção de um legado consciente.

Acreditamos que organizações mais conscientes contemplam


na sua cultura o cuidado e o interesse de todos os stakeholders.
Que seus líderes são comprometidos na condução de uma cultura
organizacional que possibilite que a organização contribua para o
desenvolvimento de um mundo melhor!

ACESSE A PLAYLIST

PARA O PRÓXIMO
FASCÍCULO
No nosso próximo fascículo traremos o tema
de Visão de futuro e ação. Como aquecimento,
convidamos você a fotografar uma imagem que
represente o que você quer do seu futuro!

A seguir compartilhamos um poema de Fernando


Pessoa, como nossa oferta de inspiração. Acesse
a playlist, e aproveite seu tempo para se divertir
com a sua criatividade.

Caso você tenha alguma dúvida e ou sugestão


e quiser compartilhar conosco você poderá nos
encaminhar um e-mail para:
contato@triconsult.com.br
Não sei quantas almas tenho.
Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem achei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,

Atento ao que sou e vejo,


Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem,
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.

FERNANDO PESSOA
QUEM Ariolino Andrade Azevedo
Fundador e CEO da Triconsult. Possui mais de 25 anos
de experiência no desenvolvimento e implementação

SOMOS
de projetos em Consultoria de Mudança Cultural
e Alinhamento Estratégico. Ao longo desses anos
desenvolveu projetos em empresas de médio e grande
porte com relevante atuação em empresas familiares. É
conselheiro do Instituto Capitalismo Consciente e Country
Leader da Points Of You no Brasil. Idealizador do conceito
ALINHAR Amor a Resultado, é formado em Administração
de Empresas e Contabilidade.

Ana Paula Platt


Coach executiva formada pelo ICI com especialização em
neurociência aplicada ao coaching pelo neuroleadership
institute. Possui experiência em atendimentos de coaching
individual e de equipes a mais de 10 anos. Consultora em
Gestão de Cultura organizacional pela Barrett Values Centre
e formadora de coaches pelo IPOG. Trainer licenciada pela
Corporate Coach U.

Graziela Merlina
Fã de jogos organizacionais, acredita nessa abordagem
para ampliar consciência, criar conexões e impulsionar para
ação. Formada em Engenharia de Produção, empreende
desde os 17 anos. Mestrado em Comportamento
Organizacional, após experiência executiva na área de
Supply Chain. Há 20 anos atua com desenvolvimento
humano e organizacional como sócia-fundadora da
APOENA. É conselheira e diretora de educação do Instituto
CAPITALISMO CONSCIENTE BRASIL, e idealizadora da CASA
MERLINA, e investidora do Grupo Anga.

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