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Quando pensamos no território brasileiro, devemos considerar o caráter continental e

heterogêneo do país: o Brasil possui 8,5 milhões de quilômetros quadrados


aproximadamente, e é composto por uma grande diversidade de paisagens naturais e
humanas. Assim, as desigualdades espaciais são uma característica evidente nas
relações entre os diferentes territórios que compõem o território brasileiro. A
globalização promoveu um aumento destas diferenças inter-regionais. Isto ocorreu
porque os fluxos de informação e de capital maximizaram o desenvolvimento de certas
regiões nas quais se fazem presentes, enquanto as outras permanecem abandonadas
e esquecidas, presas à seu próprio ritmo e territorialidade. Assim, faz-se necessário a
introdução de certas políticas públicas para reduzir as desigualdades socioeconômicas
e espaciais destas regiões excluídas pelos fluxos da globalização.

Um possível exemplo de política pública adequada é a divisão do território em regiões,


dentro de critérios pré-estabelecidos. Assim, uma das formas de regionalização muito
conhecida é a diferenciação pelo critério Geoeconômico elaborada pelo professor
Pedro Pinchas Geiger. Nela, o território brasileiro é dividido em 3 grandes
macrorregiões, as quais são identificadas pelo critério das atividades econômicas.
Assim, fica mais fácil elaborar políticas públicas para cada região devidamente
identificada. A partir dessa proposta, surgiram órgãos públicos como a SUDENE
(Superintendência de desenvolvimento do Nordeste, criada em 1959) e a SUDECO
(Superintendência de Desenvolvimento do Centro- Oeste).

A Sudene foi responsável pela elaboração de estratégias de desenvolvimento de


18,4% do território nacional. A liderança do órgão coube ao economista Celso Furtado,
secretário executivo do órgão de 1959 a 1964. O objetivo era elaborar estratégias de
desenvolvimento econômico que combatessem a concentração de terras, o
clientelismo político existente na região, a “indústria da seca”, e outros fatores que
colaboravam para a permanência de desigualdades sociais na região. Com o golpe de
1964, o órgão acabou perdendo autonomia, pois foi incorporado ao Ministério do
Interior. Ela gerou alguns empregos rurais, mas foram insuficientes para atender às
demandas locais. Ainda assim, constituiu-se como um núcleo privilegiado de debates
e discussões de políticas para o sertão brasileiro. Foi fechada em 2001, em meio a
denúncias de favorecimento das elites locais, mas apesar do desfecho, constitui-se
como exemplo de tentativa de intervenção estatal para combater as desigualdades.

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