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Exercícios Formulação de Caso
Exercícios Formulação de Caso
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Formula
Clínico
Formulação de Caso Clínico na Terapia de Aceitação e Compromisso
Uma perspectiva da Análise Funcional Baseada em Processos
Tiago Ferreira
Exercícios Aplicados
Aula 01
Formulação da Queixa
Eventos Clinicamente Relevantes
Vamos acompanhar o “Caso Marta” e construir uma Formulação de Caso ACT. Para iniciar, veja
um relato dos primeiros momentos da primeira sessão clínica e tente identificar quando (ou se):
Em seguida, pense que tipo de perguntas ou outras atividades você poderia fazer para evocar
relatos sobre eventos clinicamente relevantes.
O Caso Marta
Na próxima folha, você vai ver um relato completo das duas primeiras sessões da Marta. Estas
sessões serão a base dos próximos exercícios.
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Formula
Clínico
Aula 02
Formulação da Queixa
Análise Funcional Baseada em Processos
Vamos acompanhar um relato completo das duas primeiras sessões da Marta. A partir disso,
elabore uma Análise Funcional (AF) do que ocorreu com a Marta no 1º semestre (1º parágrafo da
segunda sessão).
Lembre-se, a AF não precisa ser exaustiva. Se você conseguir tecer algumas relações entre eventos
psicológicos e ambientais, bem como entre os próprios eventos psicológicos, já estamos em um
bom caminho. Como toda nova habilidade, uma AF precisa de treino para ser construída.
Caso Marta
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Formula
Clínico
Sessão 2
Marta chegou mais tranquila para a sessão, dizendo que as aulas online (em função da
Pandemia) têm deixado “sua vida mais fácil”. Quando tentei entender mais, ela me disse que deixa
a câmera desligada e que aí “ninguém fica olhando para ela”. Perguntei quando “os olhares”
começaram a ficar difíceis. Ela disse que chegou muito animada para o 1º semestre, mas logo
percebeu que “todo mundo tinha alguma coisa para dizer” durante as aulas e ela ficava agoniada
tentando pensar algo para falar (que fosse inteligente), mas alguém sempre falava antes. Disse que
algumas colegas até a incentivavam perguntando o que ela achava, mas que ela só conseguia falar
umas “besteirazinhas” e depois passava o dia inteiro revendo a cena em sua própria cabeça. O pior
foi perceber que ela já nem conseguia mais ouvir o que as professoras falavam, porque ficava
tentando pensar em algo para levantar a mão e falar. Ela riu um pouco e disse que, em casa, ficava
anotando partes dos textos para fazer perguntas em sala, mas as vezes ficava com raiva de uma
colega que sempre falava antes dela e estragava “o plano” que havia feito.
Perguntei se os “planos” haviam sido a primeira forma dela lidar com essa situação. Ela
disse que sim, mas que passo-a-passo percebeu que não dava certo. Além disso, começou a pensar
que talvez estivesse com depressão, porque estava com alguns momentos de choro “sem aviso”
durante o dia e sem vontade de comer ou de conversar com as colegas. Disse também que a
“agonia” na hora de falar estava ficando tão grande que, nos seminários, ela estava pedindo às
colegas de grupo para que ela (Marta) ficasse responsável por fazer a maior parte escrita e falar
menos. Mas que, até mesmo escrever estava ficando difícil. Eu perguntei se ela havia falado sobre
isso com alguém e ela disse que falou para algumas colegas que estava preocupada sobre estar
“com alguma coisa”, porque não estava conseguindo estudar. As colegas foram muito acolhedoras,
dizendo que ela poderia ficar com a parte escrita e que elas poderiam ajudar com algum conteúdo
que ela não entendesse. Marta disse que nessa hora ficou com muita raiva porque sentiu que as
colegas estavam achando que ela era “burra” e não conseguia entender as coisas, mas não disse
nada para as amigas porque sabia que ela “era a errada” por não estar conseguindo resolver sua
vida.
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Formula
Clínico
Marta então disse para o terapeuta que a mãe dela sempre dizia que uma mulher não
pode depender de ninguém porque senão a pessoa depois vai “jogar na cara” tudo que fez. Ela
disse que, em Tijuaçu, isso se chama “alegar”, e riu um pouco. Ela disse que não lembra muito da
infância. Mas que lembra bem que os irmãos sempre a chamavam de “Hermione” por causa do
filme de Harry Potter. Nós rimos um pouco juntos e eu perguntei por que eles davam esse apelido.
Marta disse que era porque ela gostava de estudar enquanto eles gostavam de jogar bola e tocar na
banda da igreja. Perguntei se outras pessoas também a viam da mesma forma e ela disse que na
igreja ela sempre ficava responsável por ensinar os mais novos e na escola as professoras sempre a
citavam como exemplo para os “bagunceiros” da sala. Perguntei se os pais costumavam valorizar
isso e ela disse que eles já “estavam acostumados” e que não faziam muita “festinha” com as
notas, porque eram sempre boas. Mas que a mãe sempre dizia que ela não podia ficar “se achando”
porque senão o “tombo” poderia ser grande. Tentei entender mais e ela disse que a mãe é uma
mulher muito sofrida, que já trabalhou na roça, que teve que aprender a se defender sozinha, e que
sempre disse para ela não confiar em ninguém, porque “quando as pessoas veem que você está
sangrando, é aí que elas batem mais”.
Fiquei meio sem fôlego com essa regra da mãe e não soube o que responder. Marta
então começou a me dizer que eu deveria ficar tranquilo, porque ela sabe que não pode levar isso a
“ferro e fogo”, mas que também a ajudou a se virar sozinha. Marta então fez uma expressão de
sorriso leve, visivelmente tentando me tranquilizar. Eu fiquei sem saber o que fazer e disse
continuaríamos na próxima sessão.
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Aula 03
Histórico da Queixa
Para observarmos a re(ocorrência) dos padrões que identificamos na AF, precisamos procurar
eventos “do mesmo tipo”. Ou seja, eventos que até possuem topografias diferentes, mas que
possuem a mesma função.
Para ajudar nessa identificação, vamos pensar na AF que realizamos no exercício da aula anterior
(aula 02). Qual o tipo de contexto que mobilizou os pensamentos, sentimentos e comportamentos
da Marta? Como podemos perguntar sobre a ocorrência de contextos semelhantes na história da
paciente?
Para ajudar na investigação histórica, que nomeação mais abrangente podemos dar para tipos de
eventos psicológicos como aqueles descritos no exercício? Por exemplo, “pânico e vontade de
morrer” podem ser investigados como “ansiedade”, porque esta nomeação facilita o encontro de
topografias diferentes ao longo da história, mesmo quando o sentimento não for exatamente uma
“vontade de morrer”.
Aula 04
Padrão Matricial
Para identificarmos os padrões matriciais da Marta, tenha uma atenção especial à segunda sessão e
identifique:
- Na metáfora das cadeiras, qual o lugar da Marta? Tente diferenciar Ambiente Matricial de Padrão
Matricial no caso Marta.
- O quanto este “papel” aprendido em casa se generalizou para outros contextos? Ele está presente
hoje?
- O que acontece com alguém que, tendo desenvolvido um padrão matricial como o da Marta,
precisa lidar com os desafios atuais relacionados à universidade? Tente fazer hipóteses sobre
sentimentos, pensamentos e comportamentos difíceis que podem emergir deste encontro entre o
Padrão Matricial e o contexto atual.
- O padrão matricial da Marta apareceu na relação terapêutica? Explique.