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REQUERIMENTO PARA CONSTITUIÇÃO DE ASSISTENTE E ABERTURA DA INSTRUÇÃO

Exmo. Senhor Juiz do Tribunal de Instrução Criminal …

Proc. nº …
…ª Secção do Ministério Público de …

… (nome), ofendido melhor identificado nos autos acima designados, discordando integralmente do despacho de arquivamento,
vem, de acordo com o disposto nos arts. 68º, nº 3, al. b) e 287º, nº 1, al. b), ambos do CPP,

REQUERER A CONSTITUIÇÃO DE ASSISTENTE E A ABERTURA DA INSTRUÇÃO,

Nos termos e com os seguintes fundamentos:

I - DA CONSTITUIÇÃO DE ASSISTENTE


O denunciante, porque é ofendido e está em tempo, requer seja admitida a sua constituição como assistente nos presentes autos.

II - DA ABERTURA DE INSTRUÇÃO


Os presentes autos foram arquivados, porquanto o comportamento do arguido alegadamente “é insusceptível de integrar a prática dos tipos
incriminadores em referência” (burla qualificada e falsificação de documentos).


Salvo o devido respeito discordamos em absoluto de tal decisão.


Vejamos os factos alegados na participação do ora assistente que, grosso modo, estão demonstrados nos documentos juntos aos autos.
a) O assistente no exercício da sua actividade comercial vendeu à empresa “…, Lda.”, material eléctrico;
b) O arguido … era sócio-gerente da referida empresa, actuando sempre como seu único representante nas relações comerciais com o assistente;
c) Em …, a sociedade “…, Lda.” foi dissolvida e encerrada a respectiva liquidação (cfr. cópia da certidão da Conservatória do Registo Comercial junta
aos autos);
d) Tendo sido liquidatário o arguido;
e) A acta de dissolução contém a assinatura dos dois sócios-gerentes da sociedade “…, Lda.”;
f) O sócio-gerente … confirmou que nunca assinou aquela acta (cfr. depoimento a fls. 25);

DO PREENCHIMENTO DOS ELEMENTOS DO CRIME DE BURLA


Os elementos do crime de burla, previstos no art. 217º, do CP, são:
a) – o uso de erro ou engano sobre os factos, astuciosamente provocado;
b) – para determinar outrem à prática de actos que lhe causem, ou a terceiro, prejuízo patrimonial;
c) – intenção de obter para si ou para terceiro um enriquecimento ilegítimo, LEAL-HENRIQUES/SIMAS SANTOS in “Código Penal”, 2ª edição,
volume II, Rei dos Livros, 1997, p. 537.


A realização objectiva do ilícito pressupõe, desde logo, a existência de uma situação de erro ou engano, astuciosamente provocada.


Segundo o entendimento de JOSÉ ANTÓNIO BARREIROS in “Crimes contra o património”, Universidade Lusíada, 1996, p. 165, “Haverá,
para que de astúcia se possa falar, de ocorrer uma actuação engenhosa da parte do agente do crime, algo ao nível do estratagema ardiloso, da encenação
orientada a ludibriar”.


Tal engenho astucioso está inequivocamente demonstrado nos presentes autos.

23º
Pelo exposto tudo indica que o arguido terá falsificado a assinatura do sócio-gerente …, incorrendo, assim, na prática do crime de falsificação
de documento, p. e p. pelo art. 256º, do CP.

Termos em que e nos demais de direito requer a V. Exa.:


I – Seja admitida a constituição de assistente e
II – Seja declarada a abertura de instrução e, em consequência, proferido despacho de pronúncia do participado pela prática dos
crimes de burla qualificada e de falsificação de documento.

JUNTA: Comprovativos do pagamento das taxas de justiça, duplicados e cópias legais.

O Advogado

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