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Alegações de recurso

Tribunal judicial do distrito de Cuamba


1 ª Secção
Proc.n.° 16/2020

Meritíssimo Doutor Juiz Presidente do


Tribunal Judicial da Província de Niassa

António Jussa João Macário, recorrente nos autos acima identificados, tendo sido
notificado do despacho que admite o recurso vem a V.ex. a nos termos do artigo 743
do código de processo civil (CPC) apresentar as suas
Alegações;
Nos termos e pelos seguintes fundamentos.

1. °
O tribunal a quo, por despacho de fls.56 dos autos, do qual se recorre veio nomear
como fiel depositaria a senhora Beatriz Nilam Cangi, ordenando que se feche a
residência supostamente pertencente ao executado.
2. °
Ora, o posicionamento do tribunal das fls, acima citado a quo, não pode subsistir, pois
dele esta subjacente uma errada interpretação da lei e dos factos, conforme
demonstraremos mais abaixo.

3. °
O tribunal; não ignora que nos termos do artigo 342.º do C. Civil “àquele que invocar
um direito cabe fazer a prova dos factos constitutivos do direito alegado,” pois,
4. °
O imóvel em alusão não faz parte da esfera patrimonial do executado/recorrente,
pertence a terceiro como consta do registo a seu favor como facilmente se pode provar
com os documentos referidos.
5. °
Donde resulta que nem deve, sequer, a penhora ser executada e seguir a venda de asta
pública, porquanto estamos em face de um facto extintivo do efeito jurídico
pretendido.
6. °
A aquisição do imóvel foi muito antes do presente processo, é que se leva adiante a
nomeação de fiel depositário, o que periga a segurança jurídica.

7. °
Da análise da presente despacho das fls 16 e 56 dos autos resulta que o tribunal
“condenada na entrega de penhora de um imóvel de pessoa alheia”. Mesmo depois do
executados por diversas vezes dar a conhecer que não é da sua pertença.
8. °
Assim,
È inexistente qualquer direito do requerente sobre o imóvel em causa, pretendendo
com os documentos que juntou iludir este douto tribunal.

9. °
Ora,
Salvo o devido respeito, julgamos que há um equívoco na intenção de nomear fiel
depositário e entrega do imóvel de terceiro.

FALTA OU NULIDADE DA CITAÇÃO DO EXECUTADO:


10.°
O recorrente / executado não é citado ou seja notificado dos autos processuais que
nele é decorrente,

Nos termos da alínea a) do n.º 1 do artigo 195.º do CPC é havida para todos os
efeitos, como falta de citação o caso de nenhuma certidão de citação ter sido
efectuada.
11.°
A ter havido citação e/ou notificação esta há-de ter sido feita em pessoas diversas do
recorrente, ora o executado e os seus mandatários judiciais, porquanto, compulsando
o processo verifica-se que não consta assinatura em nenhuma certidão junta aos
autos.
12.°
Estabelece o n.º 1 do artigo 233.º do CPC que a citação é feita na pessoa do
executado e só se faz noutra pessoa quando a lei expressamente o permite ou quando
o executado tiver constituído mandatário, com poderes especiais para o receber
mediante procuração passada há menos de 4 anos. Ora,
13.°
Na procuração junta ao processo o recorrente, ora executado, constituíra mandatário
com poderes forenses para além de que nunca foi sequer assinada nenhuma certidão
por nenhum deles. Dentre outras todas formalidades do processo.

Conforme ensina, Carlos Mondlane, op. cit, em comentários ao artigo 233.º do CPC,
a modalidade mais importante da citação é a pessoal, ou seja, a efectuada pelo oficial
de justiça na própria pessoa do executado ou do seu representante.

14.°
Ora, todas as citações não foram feita na pessoa do executado, considera-se feita
com preterição de formalidades essenciais, equivalendo a falta de citação, que é por
conseguinte nula todo processado posterior, nos termos da al. b) do n.º 2 do artigo
195.º do CPC. Para além de que,

CONCLUSÃO:

Pelas razões acima expostas, o executado recorrente vem nos termos


do n.º do artigo 755.º CPC e com mui douto suprimento de V.Excia,
requerer o Presente agravo, com fundamento no erro em relação ao
objecto (imóvel) a ser judicialmente vendido, uma vez que ofende a
posse do embargante terceiro. Em que os presentes AGRAVOS devem
ser aceites por provados e, em consequência, seja decretada a
improcedência da venda judicial do imóvel ora em causa, por se tratar
de bens de terceiro de boa-fé.
Termos em que, nos mais de direito aplicável e noutros que forem
douta mente supridos, requer a V. Excia se digne julgar procedente o
presente Agravos e por via dele, anular a venda do imóvel e alteração
da nomeação do fiel depositário sub-judice por não constituir um bem
exclusivo da executada, pois, a penhora foi feita munida de
irregularidades e violados todos procedimentos legais.

P.D.
O Mandatário

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