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FP080 - RESOLUÇÃO E TRANSFORMAÇÃO DE CONFLITOS NO ÂMBITO

ESCOLAR

ATIVIDADE PRÁTICA
Manuel de Jesus Paulo, Caquarta.

USUÁRIO: AOFPMME1812432

Código: RTCAE

Curso: Mestrado em Educação

Grupo: Grupo: 2023-06

Data: 15 de Janeiro de 2023

OBS.: Autorizado Pela Professora para realizar o trabalho individualmente.

Situação Hipotética de Resolução de Um Conflito no Internato Escolar do


Instituto Técnico Agrário do Kapangombe em Namibe, Angola.

Namibe-Angola, 2024

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Índice

0. Introdução………………………………………………………………………..…03
1. Situação Hipotética………………………………………………………………..…04
2. Princípios de Mediação Presentes na Situação Hipotética…………………….07

3. Duas frases, que podem ser colocadas na forma de cartas como alertam para
a RTC no âmbito Actividades Escolar…………………………………………….07
4. Conclusão……………………………………………………………………………08
5. Bibliografia………………………………………………………………………….09
6.

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0. Introdução:

A instituição escolar é uma organização social em que confluem vários elementos para
o seu normal funcionamento, sobretudo o ser humano e, este enquanto ser social está
sujeito a viver em sociedade, segundo Aristóteles ( 384 a.C. – 322 a.C.)1 “ubi homo,
ibi societas, ubi societas ibi jus”2 e se assim não acontecer este é um bruto e não
homem.

omo ibi societas;


ubi societas, ibi
jus"

Ou seja: onde está o Homem, há sociedade; onde há sociedade

"O Homem, é por natureza, um animal social (...), vivendo em


multidão"(Aristóteles). Não consegue estar e ficar só. Convive,

"O Homem, é por


natureza, um animal
social (...), vivendo
em
1
Aristóteles – Wikipédia, a enciclopédia livre (wikipedia.org) conteúdo disponível em linha em
https://pt.wikipedia.org/wiki/Aristóteles
2
“ Onde está o Homem, há sociedade; onde há sociedade há Direito/Leis.” Ubi homo - Anotações de aula
5 - Ubi homo ibi ubi societas, ibi ... assim referia Ulpiano no Iuris - Studocu Conteúdo disponível em Linha
em: https://www.studocu.com/row/document/universidade-catolica-de-mocambique/direitp-penal-2/ubi-
homo-anotacoes-de-aula-5/5307694

3
multidão"(Aristóteles
). Não consegue estar
e ficar só. Convive,
É históricamente impossível conceber o Homem-solitário,
excepto por limitados espaços de tempo, havendo uma
propensão inata e natural para o ser humano se agregar
em comunidades. Uma vez inserido dentro de
comunidades importa ao Homem refutar o kaos e a
anarquia e estabelecer um conjunto de regras de convívio
e socialização. Toda a comunidade terá,
consequentemente, as suas regras e normas de conduta.
Daí que seja, de igual modo, historicamente impossível
descortinar uma qualquer comunidade sem regras e sem
normas. Desde os primórdios que elas existem e desafia-
se qualquer um a citar e argumentar pela existência de
uma qualquer comunidade sem regras! Em toda a
sociedade/comunidade existe normatividade. Direito
enquanto conjunto de normas e regras. De deveres e de
direitos. Dever de tomar determinada conduta ou de não
tomar uma outra. Direito que
os outros tomem determinadas condutas ou que não as
tomem. A todos cabe, como dever último e fundamental,
acatar essas regras. A consequência pelo seu
desrespeito será (e sempre foi) a marginalização. O
indivíduo é como que banido, excluido ou excomungado
da comunidade. Os denominados marginais, não são
mais do que isso mesmo: indivíduos que não respeitaram
as regras da sociedade! "O Homem é um animal sociável
que detesta os seus semelhantes", [afirma] Eugène
Delacroix. [Bem como defende Rosseau] “A natureza fez

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o homem feliz e bom, mas a sociedade deprava-o e
torna-o miserável".3

Portanto; esta vivência social, deve ser regulada por normativos próprios no sentido de
garantir a sã convivência entre pares pertencentes e não só deste grupo social,
porquanto cada um tem as suas particularidades e sujeitas a conflituarem
naturalmente no âmbito dialéctico da sociedade, criando-se um espaço ou esfera com
“efeito dominó” em que a medida que for girando, está susceptível a agradar um e ir
contra o interesse ou desejo de outrem em sucessão rotativa e dialéctica, havendo
necessidade de um árbitro que venha mediar de forma coerente, responsável e justa
as partes para pôr fim ao ambiente conflituante, no caso a escola em que pode
desempenhar tal papel o Delegado ou Subdelegado da Turma, o Coordenador de
Turma, um determinado Professor, Pais e Encarregados de Educação, Trabalhador
Administrativo da Escola, Coordenador de Disciplina ou de Curso ou de outra área,
Chefe de Secretaria (Geral / Pedagógica) e o Corpo Directivo (Director, Subdirector
Pedagógico e Subdirector Administrativo), entre outras, na medida que as partes
conflituantes podem não ser necessariamente os alunos ou entre estes, mas também
entre estes e um determinado membro da comunidade escolar ou entre professores,
em fim! O importante é termos em atenção que em toda organização social os
conflitos estão presentes, seja de forma latente ou de forma activa, e o anterior
configura-se como o mais perigoso por ser em forma de bomba-relógio podendo
explodir a qualquer momento e numa proporção por vezes incontrolável. Tal como
poderemos verificar na situação hipotética que ocorre no Instituto Técnico Agrário do
Kapangombe nº19 – Bibala / Namibe, Angola.

1. Situação Hipotética.
A Instituição acima referida está em funcionamento desde 2018, recriado a luz do
Decreto Executivo Conjunto nº 354 de 26 de Novembro de 2021 para ministrar o II
Ciclo do Ensino Secundário Técnico Profissional, na Área formativa de Agricultura,
Veterinária, Pescas e Indústrias Alimentares, leccionando os Cursos Médios Técnicos
de Produção Vegetal (Agricultura), Produção Animal (Pecuária) e Recursos Florestais.
Dentre os requisitos de acesso a matricula, destacam-se o critério idade (a partir de 15
anos) e a conclusão da 9ª Classe. Localiza-se numa zona rural e a cerca de 120 km
da sede capital da província (Moçâmedes) e a cerca de 87 km da sede municipal
(Bibala), por esta razão a vivência e acomodação dos estudantes é em regime de
internato distribuídos em 5 dormitórios dos quais 4 para rapazes e 1 para as meninas,
refeitório com cozinha e outras dependências de apoio, os professores e demais

3
Idem

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trabalhadores administrativos vivem em residências para os funcionários na zona
circo-vizinha da Escola e Internato, sem descorar os funcionários nativos que vivem na
comunidade e os próprios autóctones em que a escola para além da educação é tida
como referência no apoio a comunidade em serviços como água, energia eléctrica e
outras para moldar a comunidade com bons hábitos sociais, desempenhando de forma
subtendida a tarefa de modelagem social e de apoio instrumental as autoridades
governamentais. Dado estes todos factos, maior parte dos estudantes não são filhos
dos autóctones, são oriundos de distintas partes do País (Angola) recebendo mais de
300 alunos oriundos de cerca de 13 província das 18 que compõem Angola, para não
falar dos professores que apenas têm o local como sitio de trabalhar entrando no seu
horário e depois de cumprindo os respectivos dias de trabalho retornam a sua vida na
procedência, etc. mas procuraremos centrar a nossa situação hipotética de conflito no
Internato Escolar da Instituição entre os estudantes. Sendo que o mesmo é uma
subdependência da Escola mas que tem a tarefa social de albergar os estudantes
oriundo de vários pontos do país e o mesmo é superintendido por um Responsável do
Internato que coordena todas actividades com a equipa da cozinha, limpeza e da
protecção escolar. Sem muito realce, podemos considerar uma realidade funcional
tendo em conta o enunciado acima, como sendo um local de conflito latente, dada as
várias proveniências dos intervenientes desta comunidade escolar, sobretudo os
alunos que cada tem sua cultura, hábitos e formas de ser e estar e o Internato é regido
por um regulamento próprio e rígido para garantir a harmonia funcional e vivencial,
estando todos sujeitos a roubos, brigas, incumprimentos de horário pois funciona em
respeito ao horário dia: 5h00 AM despertar geral, seguido da limpeza e organização
geral, 6h00AM higiene pessoal e pequeno-almoço, 7h00Am inicio das aulas até as 12h
Am interregno para o almoço e 13h Pm reinicio das aulas a intercalar por classe e
curso e outros que não tiverem aulas em períodos opostos desenvolvem outras
actividades oficinais ou campais e outras e 19h Pm jantar e 22h pm recolher
obrigatório e assim sucessivamente a excepção dos finais de semana que têm um
horário mais aberto.

Tal como podemos nos apoiar em Torrego (2003), que vê os conflitos como “situações
em que duas ou mais pessoas entram em oposição ou desacordo por as suas
posições, interesses, necessidades, desejos ou valores serem incompatíveis”. Bem
como, podemos alicerçar a esta ideia a tese de Noronha (1992), que afirma que o ser
humano tem comportamentos e acções que provocam reacções, estas últimas, podem
ser de indiferença, agrado ou desagrado e podem gerar conflito, uma vez que se criam
estímulos provocando respostas antagónicas, incompatíveis ou divergentes.

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Portanto, fica patente a carga de conflito permanente quer à nível individual na
adaptação e integração para os novos e a vivência com a cultura da localidade que é
um desafio, que leva a instituição escolar nos vários momentos do quotidiano, ter a
sensibilidade de contextualizar as várias ocorrências que vão surgindo (brigas, roubos,
incumprimentos do regulamento), exercitar a capacidade de ouvir os distintos
intervenientes, postura Ética exemplar junto e respeitar os direitos dos estudantes e
fazer valer o cumprimento dos deveres antes de exigirem os direitos partindo sempre
da máxima que antes de exigir devemos cumprir e fazer, bem como a minha liberdade
termina quando inicia a direito do outro, facto que levará a necessidade conhecer
permanentemente o Regulamento e o complemento com a Legislação Nacional e do
Ministério de Educação, para uma comunicação efectiva e activa e com tal, despertará
os estudantes a abrirem-se e confidenciarem o porquê da conduta adoptada que
exigirá do responsável, no caso o mediador a manter o sigilo sobre as confidencia dos
conflituantes e ter a criatividade de encontrar as melhores formas assertivas de
estimular a cooperação entre eles, da necessidade de estes viverem em irmandade,
do sacrifício positivo que têm de fazer por não estarem junto da família por não ser por
vezes vontade dos pais, mas porque os mesmo têm sonho de ver os seus filhos
formados e que o melhor caminho a adoptar ou postura é o bom comportamento para
cumprir a meta de concluir os 04 anos de formação da 10ª a 13ª classe e mostrar
exemplos de sucessos de outros que também passaram pela escola e nas mesmas
condições e êxito profissional que hoje ostentam, não é uma tarefa fácil, mas sim
necessário para o crescimento do homem passar por estes desafios. Todas estas
nuances, irão confluir na transformação educativa da postura do estudante, aceitando
a permanência no internato, pois é um lugar não apenas de conflitos interpessoais
mas sim também de conflitos individuais de aceitação e de integração na medida que
alguns são colocados na Instituição por possuir um internato, os encarregados de
Educação vêem como um lugar ideal para que o seu educando possa adoptar uma
postura comportamental diferente isto para aqueles que vêm como um lugar de
reabilitação, outros por se tornarem órfãos e ninguém aceitar viver com os mesmos e
os familiares decidem coloca-los vivendo e a estudar em escola com internato,
surgindo dali a marginalização e negação familiar para além de outros estigmas
sociais que vai enfrentar na quadruplada vivência (1.Escola e suas actividades
especificas «--» 2.Integração e adaptação à partilha de espaços, meios e cumprimento
dos deveres do Internato «--» 3. Constituição de novos laços de convivência social
face a distância familiar biológica e surge a irmandade fraterna «--» 4. Aceitar o “novo”
Meio Social o Rural, tendo de aprender a lidar e a respeitar a cultura local), tudo
alicerçado nos ideais de Pruitt e Rubin (1986:4), na medida que defendem que o

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conflito determinará “(…) uma percebida divergência de interesses, ou a crença de
que as atuais aspirações das partes não podem ser alcançadas simultaneamente”

2. Princípios de Mediação presentes na situação Hipotética.


Na situação criada, por tratar-se da vivência em Internato Escolar, em que os
estudantes são acomodados, distantes do seu universo familiar, destacam-se vários
princípios no sentido de acautelar a máxima de Cunha (2012: 23) “Nem todos os
problemas levam a conflitos, mas todos os conflitos pressupõem um problema.”
Portanto, destacam-se os seguintes princípios característicos do Responsável do
Internato no caso com o papel de mediador/a, para gestão coesa do Internato no
Geral, este deve apresenta: Sensibilidade a vivência e característica dos estudantes
internos aliada a promoção de valores que elevem a integridade e dignidade da
pessoa humana dando enfase a. Ética e supremacia dos direitos humanos e para tal,
deve ter uma grande capacidade de comunicação e de escuta diante de todos
intervenientes da comunidade escolar para uma efectiva e positiva resolução
conciliadora dos conflitos, despertando deste modo a cooperação mas assente no
sigilo dos factos e situações que lhe vão surgindo por relatos dos estudantes.

3. Duas frases, que podem ser colocadas na forma de cartas como alerta
para a RTC no ámbito de Actividades Escolar.
“a minha liberdade termina quando inicia a direito do outro”

A frase acima, promove a tolerância, respeito e senso de justiça, servindo de


catalisador ao respeito mútuo.

“Nem todos os problemas levam a conflitos, mas todos os conflitos pressupõem um


problema.”

Tal como na primeira, esta frase de Cunha (2012:23), pressupõe a necessidade de


acolhimento e espirito positivo face as adversidades no sentido acautelar a paz,
harmonia e coesão no seio escolar para prevenir os conflitos.

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4. Conclusão:
Em suma, podemos concluir que o conflito é um fenómeno dinâmico, dialéctico na
medida que é uma forma social que segue determinado itinerário com subidas e
descidas de intensidade, com os seus modos de inflexão, isto na perspectiva de Jares,
(2002:43). Caracterizando deste modo, o conflito como um processo transversal
responsável pela mudança em todos os níveis da vida das pessoas, quer em termos
macrossociais, quer em termos micro: pessoal, interpessoal, familiar (Gonçalves, 2003
cit. por Cunha, 2012:23).
Nesta perspectiva segundo a situação hipotética que discorremos de uma maneira
geral, o conflito e a sua resolução no âmbito que a mesma ocorre podemos também
alicerçar na seguinte citação: “O conflito pode ser visto como ocorrendo de modo
cognitivo (percepção), emocional (sentimento) e comportamental (acção)”
(Mayer,2000: 1).

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5. Bibliografía:

JARES, X. R. (2002). Educação e conflito: guia de educação para a convivência.


Porto: Asa.
MAYER, Bernard S. (2000). The dinamics of Conflit Resolution. A Practioner´s Guide.
Chapter One, The Nature of Conflits.
CUNHA, Pedro (2012). Manual de Gestão Construtiva de Conflitos. Porto. Edições
Universidade Fernando Pessoa. PP 21-36. ISBN 978-989-643-098-6
CUSTÓDIO , Sandra Isabel de Oliveira (2018). Gestão de Conflitos em Contexto
Escolar: Diferentes Perspetivas – Docentes, Técnicos e Alunos: Dissertação
apresentada à Universidade Católica Portuguesa para a obtenção do grau de Mestre
em Ciências da Educação - Especialização em Administração e Gestão Escolar.
Conteudo Disponível em Linha em
https://repositorio.ucp.pt/bitstream/10400.14/36125/1/202252094.pdf
PRUITT, D. G., e RUBIN, J. Z. (1986). Social conflict, Escalation, Stalemate, and
Settlement. New York. Random House.
TORREGO S., J.C. (2003). Mediação de conflitos em instituições educativas. Porto:
ASA.
Aristóteles – Wikipédia, a enciclopédia livre (wikipedia.org) conteúdo disponível em linha em
https://pt.wikipedia.org/wiki/Aristóteles

“ Onde está o Homem, há sociedade; onde há sociedade há Direito/Leis.” Ubi homo -


Anotações de aula 5 - Ubi homo ibi ubi societas, ibi ... assim referia Ulpiano no Iuris -
Studocu Conteúdo disponível em Linha em:
https://www.studocu.com/row/document/universidade-catolica-de-mocambique/direitp-
penal-2/ubi-homo-anotacoes-de-aula-5/5307694

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