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Direito Penal Internacional e Direito Internacional Penal

Direito Penal Internacional:


Direito dos crimes e das penas. Conceito guarda chuva, quando se refere ao DPI
está se tratando de cooperação, de processo, ou seja, a ideia de DPI é mais do Direito
Penal na esfera interna. Trata de diversos temas. Dois eixos principais:
Extradição (outros documentos internacionais que trataram da matéria penal,
pirataria, etc);
Extraterritorialidade (Direito Penal, legislações Internas com reflexo no
exterior);
Norma do direito interno de reflexo internacional, externo. Exemplo: Regras
contidas na legislação penal que se reproduz na maior parte dos ordenamentos
jurídicos. Crimes, penas, imunidade, extraterritorialidade, cooperação, funcionamento
dos tribunais internacionais, processos, etc.

Direito Internacional Penal:


Aquele em que tem o direito internacional tratando de matéria penal, ou seja,
referindo a documentos internacionais em matéria penal. Exemplo: tratado
internacional sobre extradição, tratado internacional contra apartheid.
Documentos internacionais que tratam o direito penal.
Crimes Internacionais

Os dois eixos fundamentais ajudam a delimitar as categorias de crimes que são


importantes para o DPI.

Há duas categorias que são adotadas internacionalmente, nos debates. Há uma


terceira categoria lateral que reflete o que vivemos hoje.

 em sentido estrito ou propriamente ditos:


são crimes por excelência que violam bens ou interesses jurídicos
supranacionais e geram uma responsabilidade penal imediata fundada diretamente
no Direito Internacional (atrocidades). Exemplo Paz Internacional, meio ambiente,
humanidade. São aqueles crimes com relação aos quais houve um certo consenso
internacional pra trata-los como crimes internacionais. Fundamentalmente aqueles
definidos pelo tribunal de Nuremberg. Repetido pela criação do tribunal
internacional de Tóquio. Na Alemanha decidiu-se julgar os responsáveis, criou-se
uma legislação e discutiu-se a competência desse tribunal, quais crimes seriam
definidos.
Decorre do antigo Direito Internacional Penal, ou seja, documentos de
matéria penal que vão prever condutas proibidas, cominar penas, etc.

 em sentido amplo ou transnacionais:


Decorrem de documentos internacionais, de tratados. são os que, por suas
características, extensão e consequências, ultrapassam fronteiras, envolvendo mais
de um Estado, estejam ou não previstos em tratados e convenções bilaterais,
multilaterais ou universais. Não se referem a bens jurídicos internacionais, mas ao
contrário, são crimes internos que eventualmente em sua prática ultrapassam
fronteiras como tráfico internacional, lavagem de dinheiro, etc.

 por contaminação ou difusão:


São os crimes, convencionais ou não, que se manifestam mais ou menos ao
mesmo tempo em lugares diversos, com as mesmas características, passando de um
Estado a outro epidemicamente. Se manifestam ao mesmo tempo em todos os
lugares.

A internacionalização do direito penal nas últimas duas décadas:

1.Conflitos armados e regimes de exceção: as atrocidades (graves violações dos


direitos humanos e do direito humanitário)

2. Modelos organizados de delinquência: crime organizado, lavagem de dinheiro


e corrupção

3. Crime intermediário: terrorismo


Justiça de Transição

Vivemos um período de globalização no mundo, mais especificamente um


momento de internacionalização do direito, cada vez mais as pessoas viajam,
circulam, trocam informações, seja virtualmente ou presencialmente. Com isso as
relações humanas passaram a se desenvolver globalmente e por extensão os conflitos e
as necessidades que o direito tem de regular essas condutas nessas convivências.
Reconstrução física, moral ou cultural vigente. Ideia de redemocratização para se
pensar em estabilização.

Serie de medidas que um estado vai adotar assim que cessa as violações de um
direito para superar esse conflito. Das graves violações para uma estabilidade
desejada.

• Pretende alcançar os ideais de justiça, verdade e reconciliação.

• BASSIOUNI utiliza a expressão justiça pós-conflito (post-conflictjustice) para


definir o comprometimento com uma política internacional de paz, segurança e
reconstrução nacional, bem como um movimento global de proteção dos direitos
humanos.

• Assim, a justiça pós-conflito estaria baseada na compreensão de que a


estabilidade nacional e o estabelecimento de um governo democrático em uma
realidade de conflitos pretéritos estão ligados de maneira indissociável ao
comprometimento com a justiça e com a responsabilização dos culpados.

Em síntese, a ideia de justiça de transição tem haver com justiça, verdade e


reconciliação. É preciso conhecer as violações, é preciso ter respostas para elas pois
isso é fundamental para se pensar na reconciliação que é o objetivo último dessa
justiça de transição.
Fases da Justiça de Transição

1)Pós Segunda Guerra Mundial: cooperação entre os Estados, a aplicação de


uma justiça internacional (julgamentos de Nuremberg e Tóquio) e o desenvolvimento
do conceito de reconstrução nacional, aplicado à Alemanha de reduzida soberania no
pós-guerra.

• Legado: criminalização das condutas violadoras dos direitos humanos, a partir


do Direito Internacional, que permitiu a persecução das mais graves violações dos
direitos humanos, delineando a posição de pronta reprovação e de intolerância em
relação às mesmas a partir da responsabilização penal internacional individual.

1ª Etapa posterior a Segunda Guerra Mundial: Começa a se tratar de maneira


completa da justiça de transição. Houve a primeira guerra, partido politico que
vocalizava esse ressentimento, nazista. Deu no que deu, uma outra guerra mais severa,
mais grave.

Ao final da segunda guerra o que se pensou, precisamos fazer algo diferente. Os


vencedores decidiram fazer de uma forma diferente, sobretudo por iniciativa
americana.

Por um lado houve a responsabilização das pessoas apontadas como responsáveis


pelo conflito, o que não tinha acontecido na primeira guerra, além de uma série de
medidas de reconstrução da Alemanha e Japão. Seja reforma do estado, implantação
de regimes democráticos, construção e punição dos responsáveis.

Ou seja, esse conjunto de novas medidas é o que se tem primeiro como


experiência de justiça de transição de maneira clara.

Justiça de fora pra dentro, ou seja, a partir do direito internacional e não como
iniciativa interna. Além disso foi esse o período de criminalização de condutas
violadoras dos direitos humanos. Pela primeira vez, no tribunal de Nuremberg foi
criminalizado um genocídio, punidos expressamente os crimes de guerra e os crimes
contra a paz, chamados de crimes de agressão militar em outro estado, ou seja,
promoveram o começo da guerra. Concomitante a isso foi criado o conceito de
reconstrução nacional.
Fases Recentes

2) Final da Guerra Fria: democratização do antigo bloco soviético, além de


países da América Latina e África.

• Caracterizou-se pela democratização, modernização e reconstrução nacional,


considerando-se uma diversidade das condições locais e a variação das
características políticas de cada nação.

• Caracterizou-se pela aplicação significativa de mecanismos de transição que


se propunham à pacificação nacional (p. ex.: leis de anistia e comissões de verdade).
Os objetivos de perdão e reconciliação estão relacionados a esta fase da justiça
transicional.

Após as primeiras medidas pós segunda guerra houve uma pausa, ou seja, não se
discutia justiça de transição devido a guerra fria. Eram duas super potencias, cada uma
cuidando da sua área de influência, punindo aqueles que pretendessem contrariar seus
interesses. Ao longo de três décadas ou mais não se falou em justiça de transição.

Esse tema retorna quando a guerra fria vai perdendo importância, menor
capacidade de influenciar suas áreas (antiga União Soviética) e os processos de
redemocratização, na América Latina, no leste Europeu e até na África do Sul. Ao
contrário da primeira fase (pós segunda guerra) em que a justiça de transição era de
fora para dentro, a partir dos vencedores para os vencidos, na segunda fase a transição
é interna. Ela surge a partir de processos de redemocratização que foram feitos a partir
de forças nacionais.

Nesse período que se inseriu as leis de anistia, ou seja, foi um período de


redemocratização e reconstrução nacional a partir do direito interno, do que acontecia
dentro do país e portanto respeitando as limitações políticas daquele período, ou seja,
ideia mais do que nunca de pacificação.

Terceira fase:
3) Final do século XX e princípio do XXI: é associada à globalização, e a
instabilidade política, a fragmentação e os conflitos perenes que a tem caracterizado.

• Caracteriza-se pela persecução dos responsáveis pelas violações aos direitos


humanos, por meio de uma expansão destes direitos e a constituição de um novo
paradigma de Estado de Direito. São exemplos os Tribunais Internacionais (Antiga
Iugoslávia, Ruanda e TPI), além dos Tribunais mistos.

•São medidas que são adotadas para lidar com atrocidades passadas.
•A ideia de atrocidade diz respeito a significativas e sistemáticas violações dos
direitos humanos, incluindo, entre outros, genocídio, tortura, desaparecimento de
pessoas, massacres, estupros e transferência forçada de pessoas.

Internacionalização dos direitos humanos. Depois do fim da guerra fria, as


organizações e cortes dos direitos humanos começam a adotar uma serie de medidas
para proteção de direitos e por extensão intolerância as graves violações, inaceitáveis
(genocídios, desaparecimento de pessoas, tortura, contexto de violência política).
Estabelecimento de tribunais penais internacionais. Ideia de universalização dos
direitos humanos
Princípios de Chicago e Punição Penal

Passar das graves violações a uma tranquilidade institucional, democrática. São


essas as medidas da chamada justiça de transição.

Ao longo das últimas décadas iremos encontrar inúmeros países que passaram
por esses processos de transição. Diante de tantas experiencias de transição quais
princípios ou estratégias melhor se adaptam?

7 princípios de Chicago, conjunto de medidas criadas para lhe dar com as


atrocidades.

1. Os estados devem processar criminalmente pretensos autores responsáveis


pelas atrocidades e graves violações dos direitos humanos e do direito
humanitário. Cabe anistia? Não deve haver pois houve vontade dirigida para
se cometer tais crimes. Se haver somente aos de nível mais baixo, em ultimo
caso.
Há três níveis de responsáveis por esses crimes.
Alto nível – Formulador de política. Exemplo Nazismo, gabinete do Reich.
Nível médio – Aqueles que tem poder de comando., oficiais nos campos de
concentração.
Nível baixo – Executores, guardas, soldados, etc.
Demais Princípios de Chicago

2. Estados devem respeitar o direito a verdade e encorajar investigações formais de


violações passadas por comissões da verdade ou outros órgãos. Não se pode
mudar a existência do conflito, não se pode negar que aquilo que as pessoas
passaram não tenham acontecido. Assegurar o reconhecimento do que ocorreu.
Investigadas, torna-las públicas. Não negar o conflito a vitima, que aquilo que ela
passou é real.

3. O estado deve reconhecer a condição especial das vítimas, assegurar o acesso a


justiça e desenvolver remédios e reparações que sejam adequados. Reconhecer
quem foi vítima. Imaginar a reparação desse dano que foi causado. Pagamento de
indenizações, reconstrução de países, para que as vítimas não vejam o estado
como partidário, parte do problema.

4. Estado implemente políticas de veto, além de sanções e politicas administrativas.


Politica de veto: tem alguém que ocupa uma posição importante no estado ou que
participou das graves violações não pode permanecer nessa posição.

5. O estado deve apoiar programas oficiais e iniciativas populares para preservar a


memória histórica, das vitimas e educar a sociedade. Pessoas precisam ser
educadas quanto as violações passadas para que estas não se repitam.

6. Estados devem apoiar enfoques tradicionais, indígenas e religioso. Se houver


pode e deve ser incentivado. Ajuda na superação das vítimas.
7. Os estados devem empreender uma reforma institucional, estabelecer o estado de
direito, restaurar a confiança pública, promover os direitos fundamentais e apoiar
a boa gestão estatal.

Num período de graves violações, ou a gente tem conflitos armados ou regime


violador. Seja la o que for o estado é identificado como uma das partes do
conflito. O estado é identificado com alguns e inimigo para outros. Estado que
tem lado não objetiva o bem comum. Como é feita essa transição, o que se
recomenda?
Reforma institucional, que vem da reforma jurídica. Não raro uma nova
constituição e leis que irá afastar a legislação do período das violações e tentar
estabelecer um ordenamento jurídico democrático mais adequado a aquela
realidade. Para que tudo isso aconteça e preciso ter uma boa gestão publica para
restaurar a confiança pública, de que o estado e para todos e não para alguns.

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