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de
mangas
Filtro de mangas
Aspectos químicos da
retenção de particulados
Eng. Tito de Almeida Pacheco
a
o longo do estudo e solução Processo industrial
Filtro de mangas
de problemas de centenas
Tipo e vazão de combustível
de sistemas de filtração in- Condensação
dustrial foi possível agru- Entupimentos
de água ou
par em quatro categorias Regime de produção ácido
as causas de falha: +
falha na especificação +
do elemento filtrante (vide Regime de resfriamento Ataques
edição de QD-407, de químicos
Composição
agosto de 2002); Condições atmosféricas
química dos
falha no projeto do sistema (coifas, gases
tubulação, filtro, ventilador, etc.);
Natureza do particulado
falha de operação do sistema;
falha de manutenção do sistema.
Essas causas3 podem e devem ser Fig.1: Variáveis do processo industrial com influência no aspecto químico da filtração.
analisadas sob o aspecto mecânico
(dimensionais de chaparias, válvulas, sação de água ou ácido. Por outro lado, por entrada de ar ambiente (também
velocidades gasosas, etc.) e sob o problemas de ataques químicos, podem chamado de ar-falso) ou por injeção de
aspecto químico (condensações, ata- ser solucionados pela comparação entre água haverá, em cada caso, alteração
ques químicos, etc.), este só lembrado a faixa de temperatura e composição significativa na composição química
quando o filtro entope ou apresenta seus química dos gases filtrados e a faixa gasosa, podendo resultar em ataque
elementos filtrantes com um aspecto de resistências químicas dos elementos químico das mangas.
“apodrecido”. filtrantes. 4) Se o resfriamento for por ar-falso,
Os fatores que geram essas falhas A título de ilustração mencionamos é preciso observar as condições atmos-
podem resultar da condensação de água os seguintes exemplos da influência das féricas, pois num dia quente e chuvoso
ou de ácido, assim como podem ser variáveis do processo industrial (vide o gás resfriado apresentará as maiores
causadas por composições químicas Fig.1): vazões e umidades possíveis, ao passo
gasosas incompatíveis com o elemento 1) Um combustível rico em enxofre que, num dia frio e seco, apresentará as
filtrante em uso para dada faixa de tem- pode resultar em gases de combustão menores vazões e umidades possíveis.
peratura de filtração. com elevado teor de SO3 (trióxido de 5) Se o particulado possui natureza
Estas falhas decorrem das caracte- enxofre) e conseqüente risco de con- ácida ou alcalina, pode ocorrer ataque
rísticas inerentes ao Processo Industrial densação ácida. do elemento filtrante em presença de
(vide Fig.1). 2) A duplicação da capacidade pro- umidade condensada, devido à libe-
As causas de origem química que dutiva de secagem de minérios / grãos ração em equilíbrio do ácido ou álcali
levam ao entupimento ou alta emissão implicará um aumento do teor de água correspondente.
de particulados num filtro de mangas nos gases filtrados, podendo resultar Para resolver problemas no filtro
podem ser adequadamente avaliadas em condensações e entupimentos das de mangas com base nas informações
por simulação computacional com base mangas por aglomeração excessiva de do processo industrial, foi adotada uma
em balanços de massa e de energia. particulado. metodologia comum em Engenharia
Por exemplo, a determinação do ponto 3) No caso de resfriamento de ga- Química, a qual consiste na represen-
de orvalho se faz útil para solução dos ses quentes sem o uso de trocador de tação do processo industrial em blocos
problemas de entupimento por conden- calor, ou seja, no resfriamento obtido (volumes de controle), nos quais o que
co
em cada bloco isoladamente permitem o 70 uma primeira análise, seria pos-
Se
do
cálculo da vazão, temperatura e compo- 60 or sível afirmar que houve um forte
sa
p
en
sição química gasosa desde o início do processo abrasivo. No entanto,
Va
50
nd
processo até a filtração. ao ser verificada a possibilidade
Co
40
or
30
Uma representação simplificada in- de rasgo manual do elemento
p
Va
20
tegra os 4 blocos típicos caracterizados 10
filtrante, ficou caracterizada a
por um processo de queima (caldeira, 0
ocorrência de ataque químico.
forno, estufa, calcinador, etc.), um pro- 0,7 0,9 1,5 3 5 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 Independentemente do
cesso de produção (moinho, secador, Concentração de água, volume %
agente causador do ataque, o
reator químico, calcinador, etc.), um resultado é sempre o mesmo:
processo de resfriamento e um de filtra- Fig.3: Curva do ponto de orvalho da água possibilidade de rasgo manual
ção (vide Fig.2). da manga após um curto tempo
Dessa forma, com base na concentra- que a curva do Ponto de Orvalho Ácido de uso. Isso ocorre porque o ataque
ção de água dos gases, pode ser obtido o é definida não apenas com base no teor químico quebra a cadeia molecular do
“ponto de orvalho da água”, que consiste de umidade dos gases, mas também no material da manga em pequenos pe-
no limite de temperatura gasosa acima
do qual não ocorre a condensação de
água.
Se os gases filtrados forem mantidos
a temperaturas abaixo da curva (vide
Fig.3) haverá condensação de água.
Essa condensação pode levar as mangas
ao entupimento devido à aglomeração
ou devido ao empedrecimento do parti-
culado (vide Fig.4).
Se o particulado apresentar pH
diferente de 7, seja alcalino, ou ácido,
pode ocorrer o ressecamento das fibras
de uma manga de poliéster1, por exem- Fig.4: Efeitos da condensação de água nas mangas filtrantes.
plo, caracterizado pela ocorrência de
rachaduras, as quais invariavelmente
evoluem para rasgos (vide Fig.5).
Na presença do gás SO3, seja prove-
niente da queima de combustíveis com
enxofre, seja proveniente do próprio
processo produtivo, haverá a reação
do gás com a umidade do ar gerando
névoa de ácido sulfúrico (H2SO4) em
concentração fumegante. Nesse caso,
prevalece o ponto de orvalho ácido, ou
seja, o limite de temperatura gasosa aci-
ma do qual não ocorre condensação de
ácido sulfúrico. É importante observar Fig.5: Ataque químico da manga de poliéster.
Concentração de SO 3 nos gases, ppm Concentração de SO 3 nos gases, ppm Concentração de SO 3 nos gases, ppm
Fig.6: Curvas do ponto de orvalho ácido para concentrações de água de 10%, 20% e 30% em volume.
daços, diminuindo consideravelmente sulfúrico. Tanto o SO2 em condições Mesmo assim, ainda ficam algumas
sua resistência à tração de ruptura secas, como o ácido sulfúrico, atacam fibras grudadas na gaiola! Proteger a
(tipicamente para valores inferiores a determinados tipos de materiais de gaiola com pintura antiácida (tipo epóxi
35 daN/5cm). Dessa forma, para carac- mangas filtrantes por sulfonação. ou siliconizada), combinada ou não
terização e compreensão dos principais A formação de ácido sulfúrico tem com o uso de aço-inox, pode auxiliar na
agentes de ataque químico em sistemas um agravante, pois ao reagir com o metal solução desse problema, pois dificulta o
de despoluição atmosférica industrial é da gaiola (zinco, ferro, etc.) há liberação contato ácido-metal.
apresentado o esquema da Fig.9. do gás hidrogênio, que, por sua vez, De outro modo, haverá formação
Seja proveniente de um processo de também ataca a manga filtrante. do gás NO (óxido de nitrogênio) se a
secagem ou de combustão, um elevado Em geral, os efeitos deste ataque houver queima de combustíveis com
teor de água sob dada temperatura pode por hidrogenação antecedem os efeitos nitrogênio em sua molécula ou se a
causar a hidrólise de alguns materiais da sulfonação, sendo que, no ataque temperatura do forno ultrapassar 800oC,
de mangas (tipicamente os polímeros por hidrogenação é possível rasgar o caso em que seria permitida a reação do
obtidos por processos de condensação). elemento filtrante somente nas marcas nitrogênio e oxigênio atmosféricos.
A etimologia do termo hidro=água, da gaiola, mas não em outras regiões Quando a temperatura dos gases
lise=separação reforça a idéia de quebra fora destas marcas. Nesse tipo de ataque, cai para menos de 250oC haverá reação
das moléculas por ação da água; portan- na maioria dos casos, a manga gruda na deste gás NO com o oxigênio residual,
to hidrólise aquosa é redundância. Por gaiola de tal forma que é preciso des- gerando então o NO2 (dióxido de nitro-
exemplo, mangas de poliéster apresen- pedaçá-la para promover a separação. gênio) que pode atacar determinados
tarão furos e rasgos materiais de mangas
em menos de seis filtrantes por nitra-
meses de operação ção.
contínua sob 10% Por fim, o próprio
(em volume) de água oxigênio dos gases fil-
a 140oC, devido à trados pode atacar o
hidrólise. elemento filtrante por
A queima de oxidação dependendo
combustível com da temperatura de fil-
enxofre em sua es- tração. Por exemplo,
trutura molecular re- mangas feitas de po-
sulta na oxidação do lifenilsulfeto apresen-
mesmo, formando Fig.7: Oxidação acelerada por ataque ácido. taram furos e rasgos
o gás SO2 (dióxido em menos de um ano
de enxofre), o qual de operação contínua
reage com o oxigênio sob 18% em volume
residual dos gases de oxigênio a 180oC,
sujos quando a tem- devido à oxidação.
peratura cai abaixo Muitas vezes,
de 300oC, formando quando é realizada
assim o gás SO3. Por uma amostragem na
sua vez, devido à for- chaminé para medi-
te afinidade por água ção da composição
do gás SO3, haverá química dos gases, o
a formação de ácido Fig.8: Furos e rasgos precoces por ataque ácido da manga filtrante. resultado é expresso
Ataca a gaiola
Produção Ataca a gaiola OXIDAÇÃO ÁCIDA
H 2O HIDRÓLISE
H 2 SO 4 Ataca a manga
SULFONAÇÃO
Temp.< 300 o C
5% vol. SO 3 Ataca a manga
Combustível + O 2 SO 2 95% vol. SO 2 SULFONAÇÃO
Temp.< 250 o C
NO 90% vol. NO Ataca a manga
10% vol. NO 2 NITRAÇÃO
Ar + O2
Ataca a manga
O2 OXIDAÇÃO
Polipropileno (PP)
Acrílico (PAC)
Acrílico (PAN)
Poliéster (PES)
Polifenilsulfeto (PPS Ryton, Procon)
Poliamida aromática (PA-Ar)
Poliimida aromática (PL-ar, P84)
Politetrafluoretileno (PTFE)
1 6 11 16 21 26
Fig.10c: Comparativo entre os preços múltiplos do poliéster para diferentes materiais filtrantes1.
Gás
limpo
Ar falso (40 C, 70% UR) ou
o
Resfriamento
Óleo
Particulado
Dados fornecidos:
11320 Nm3/h a 280oC Questões:
O2 = 9% vol.
H2O = 8,8% vol. Qual resfriamento econômico?
SO2 = 853 ppm Vazão e temperatura do gás?
SO3 = 4,2 ppm Quantidade e tipo de mangas?
160 Co
118 C
o
14,6 6,8 415 39606 286 Polifenilsulfeto Oxidação
170oC 119oC 14,2 7,0 450 37383 270
180oC 120oC 13,7 7,1 486 35477 257 Poliimida aromática -
com adição contínua
190 Co
121 C
o
13,3 7,3 522 33825 245 50 kg/h Ca(OH)2
200 Co
122 C
o
12,8 7,5 558 32379 234
Relação ar-pano de 1,3 m/min para mangas nas dimensões Ø 154x3658 mm.
Concentrações de O2 e H2O estão em vol.%; a concentração de SO2 está em ppm.
Resultados obtidos pelo software “Proteus – simulador de filtração industrial”.
Fig.17: Relação de custo-benefício para o sistema de filtração com base no tipo de combustível.
vez que nessa temperatura a reação de de orvalho ácido aumenta com o aumento
oxidação se apresenta vigorosa. O uso da umidade. Isso pode ser constatado no
de manga em poliimida aromática (cujo valor deste ponto a 120oC quando é utili-
nome comercial é P84) também não zado o resfriamento por ar-falso (113oC)
seria possível devido ao elevado teor e quando é utilizado resfriamento por
de SO2. Contudo, com a utilização do injeção de água (134oC) (vide Fig.13).
artifício de neutralização química2, no A faixa de operação de 120°C a
caso, com hidróxido de cálcio (cal hi- 140oC não é recomendada devido ao
dratada), foi possível reduzir não apenas risco condensação de ácido conforme
o teor de SO2, mas também o ponto de as razões já explicadas anteriormente
orvalho ácido. (vide Fig.13). Contudo, como os gases
Conforme verificado na Fig.6, o ponto de combustão possuem baixo teor de
Ar Filtro
Forno
Secador
Ramal C de A
GLP
processo
Granito seco Particulado
Questões:
Há risco de condensações nos dutos e nas mangas?
Vazão e temperatura do gás no filtro?
Quantidade e especificação das mangas?
Qual a influência das condições atmosféricas
Temperatura, OC
150 149 150 definidas com base em sistemas similares
147 Temperatura do gás de mesma tecnologia, conforme informa-
145 145
146
144 do pelo próprio cliente (vide Fig.15).
140
139
138
140
138
Algumas questões precisavam ser
Ponto de orvalho ácido Ponto de orvalho ácido
136
resolvidas:
135 135
J1 J2 J3 J1 J2 J3
1) Qual o combustível econômico,
Junção de tubulação Junção de tubulação ou seja, qual material (madeira, gás ou
óleo) permitirá a menor vazão gasosa,
Fig.19: Resultados de simulação para os dois cenários possíveis. tal que o filtro de mangas seja o menor
possível?
oxigênio e é utilizado apenas 19% em de uma manga corresponde ao total de 2) Qual o material das mangas mais
peso de ar para nebulização da água de mangas adequado para a filtração. econômico sob uma operação normal
resfriamento, o teor resultante de oxigê- Na Fig.14 é possível observar que por, pelo menos, 2 anos, ou seja, sem
nio é baixo, permitindo assim, o uso de a combinação de faixa de temperatura condensações ou ataques químicos?
mangas de polifenilsulfeto até a tempe- e método de resfriamento que gerasse 3) Qual a área filtrante necessária
ratura limite de operação (180oC). o menor número de mangas (filtro mais para operar sob a vazão resultante da
Na faixa de 190°C a 200oC, foi ne- econômico) com o material de mangas soma das vazões do gás de combustão e
cessário usar a mesma solução adotada menos oneroso (vide Fig.10c) correspon- do gás de proveniente da secagem?
para as mangas em poliimida aromática de àquela indicada pelo quadro em desta- 4) Qual a influência da umidade da
(P84) no caso anterior. que: 170 mangas em polifenilsulfeto. matéria-prima no desempenho do filtro
O estudo autoriza as seguintes con- Embora o custo do investimento de mangas, ou seja, quando a umidade
clusões: somente de mangas filtrantes esteja indi- for máxima, deve-se esperar o entupi-
Para cada faixa de temperatura, foi cado, o qual é proporcional ao custo do mento do filtro devido à condensação
escolhida a maior vazão, tendo sido divi- filtro + ventilador, uma análise completa de umidade?
dida pela relação ar-pano para obtenção deve levar em consideração o custo total A resolução dessas questões usou
da área filtrante total correspondente. A do investimento, manutenção e opera- a mesma metodologia do caso ante-
razão entre a área filtrante total e a área ção de cada sistema de resfriamento, rior associada ao software Proteus 2.4
para Simulação Dinâmica do Processo
Industrial. A estratégia adotada foi a
A de realizar a simulação da composição
B Solução da condensação no duto gasosa, temperatura e vazão dos gases
C J1 J2 J3 de combustão acrescidos dos gases da
secagem para cada um dos seis cenários
D possíveis (vide Fig.16).
Foram considerados os consumos
185
Condição 35 OC - 100%UR
185
Condição 15 OC - 55%UR de combustível, tal que fosse liberado
178 178
o mesmo montante calórico necessário
175
Temperatura do gás
175 e suficiente para secagem em escala
Temperatura do gás
Temperatura, OC
Temperatura, OC
165 165
industrial das cinzas úmidas. A produ-
157 ção de cinzas citada refere-se às cinzas
155
150
155
152
secas até uma umidade próxima de 0%
145
Ponto de orvalho ácido 145 Ponto de orvalho ácido 144 em peso.
141 139 138
141 138
136 Nos cenários nos quais há queima de
135 135
madeira ou gás natural não são esperadas
J1 J2 J3 J1 J2 J3
Junção de tubulação Junção de tubulação condensações, porque o ponto de orvalho
da água está muito abaixo da temperatura
Fig.20: Resultados de simulação para os dois cenários possíveis após otimização da tubulação. de operação. Porém, o elevado teor de