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Instrumentos de Avaliação de

Depressão
O uso de escalas de avaliação permite melhorar o cuidado de pacientes
com problemas psiquiátricos comuns e incapacitantes, como os transtornos
depressivos e de ansiedade. O papel desses instrumentos é semelhante ao de
testes laboratoriais usados em outras especialidades da medicina, com
vantagens e limitações similares: não devem ser usados isoladamente, não
substituem a avaliação clínica e diagnóstica, mas podem complementar a
observação do profissional e prover um método conveniente para acompanhar
a evolução do paciente. As ressalvas a considerar no uso de escalas são: o
que o instrumento está designado a medir, quão efetivo ele é, qual o intervalo
de aplicação, se a ferramenta é aplicada por observador ou pode ser
autoaplicada pelo paciente, se há necessidade de treinamento ou de
conhecimento específico (p. ex., de psicopatologia e clínica da doença), se há
direitos autorais sobre o instrumento ou se é de domínio público. Os
pesquisadores devem estar atentos às características do paciente ao escolher
escalas autoaplicáveis – se o respondente pode ler as instruções, se entende
as questões, se há prejuízo cognitivo na doença que limita o seu uso, se há
algum motivo pelo qual o paciente poderia eventualmente superestimar os
sintomas ou subestimá-los, entre outros fatores que afetam o desempenho
desse recurso. Em relação às escalas de observador, os entrevistadores
devem se preocupar com a confiabilidade entre avaliadores e se as
convenções e regras de utilização são seguidas pelos aplicadores. Entrevistas
não estruturadas geralmente apresentam menor confiabilidade entre os
avaliadores, enquanto aquelas estruturadas ou semiestruturadas têm melhor
confiabilidade devido ao roteiro de perguntas padronizadas a que o paciente
deve responder.

O objetivo principal da intervenção (ou tratamento) em pacientes com


depressão é a remissão dos sintomas e o retorno ao funcionamento
psicossocial pré-mórbido. Nesse sentido, as escalas de avaliação de
depressão são úteis para avaliar sintomas clínicos, monitorar resposta ao
tratamento e retorno ao nível desejado de funcionamento, promover estratégias
de autogestão, detectar sintomas residuais e assegurar que os efeitos
colaterais não limitam a terapêutica. Para os clínicos, a incorporação de
escalas nas tomadas de decisão terapêutica se baseia em informações
confiáveis para incrementar a qualidade e a eficiência da sua indicação clínica.
Para o paciente, o uso de escalas autoaplicáveis pode fornecer um feedback
do efeito da intervenção, auxiliando-o em programas autogerenciáveis ou
psicoterapias baseadas em evidências, melhorando a aliança terapêutica e
promovendo maior adesão ao tratamento. Alguns conceitos básicos sobre
transtorno depressivo são descritos a seguir para discorrer sobre as escalas de
avaliação mais utilizadas no nosso meio.

Depressão: A depressão, uma das principais causas de incapacidade


no mundo, tem elevada prevalência, sendo prevista como a maior contribuinte
para a carga de doenças em 2030.1 Esse grupo de transtornos ocorre em
países desenvolvidos e subdesenvolvidos, sendo detectável em todas as faixas
etárias, independentemente de cor, raça, estado civil ou condição
socioeconômica. A probabilidade de um indivíduo desenvolver um episódio
depressivo maior ao longo da vida é três vezes maior no sexo feminino,
sobretudo após a menarca, sendo mais comum entre os 18 e os 29 anos de
idade.2 O termo depressão designa várias condições neste capítulo. Em
particular, o episódio depressivo maior (EDM) relaciona-se ao transtorno
depressivo maior (TDM) ou ao transtorno bipolar (TB). O TDM compreende
uma síndrome, ou seja, o agrupamento de sinais e sintomas das esferas
psicológica, física e comportamental. Segundo a classificação da American
Psychiatric Association,2 o EDM é caracterizado por critérios operacionais
descritos no Quadro 3.1, que exigem a presença de no mínimo cinco sintomas
da lista durante o período de duas semanas e representando uma alteração a
partir do funcionamento prévio. Além disso, pelo menos um dos sintomas
principais tem de ser humor deprimido ou perda do interesse ou prazer.

Avaliação de Depressão
As escalas de avaliação de depressão foram aperfeiçoadas no final dos
anos de 1950 como consequência do avanço da pesquisa em
psicofarmacologia, pois, com o advento de medicamentos antidepressivos,
foram necessários instrumentos para medir a gravidade do EDM e sua
evolução em função do tratamento, o que se estende até os dias atuais.
Considerando o caráter multifatorial da depressão na sua definição, sintomas
(especificadores de gravidade e subtipos depressivos) e curso (recorrente, não
recorrente), diferentes instrumentos têm sido propostos. Um dos primeiros
testes para avaliação da depressão foi publicado em 1918, e, desde então,
mais de 280 medidas foram desenvolvidas. 4 Entre elas, as mais usadas são o
Inventário de Depressão de Beck (BDI), a Center for Epidemiological Studies –
Depression (CES-D), a Hamilton Depression Rating Scale (HAM-D) e a
Montgomery-Åsberg Depression Rating Scale (MADRS).
Há diversas maneiras de classificar as escalas disponíveis: de acordo
com o tipo dos sintomas investigados, o número de itens e o método de
pontuação. De acordo com a forma de aplicação, os instrumentos podem ser
de autoavaliação e de avaliação por um observador. Suas informações se
complementam, e, portanto, ambos os tipos são úteis para o pesquisador e
para o clínico. A Tabela 3.1 traz as escalas disponíveis para avaliação de
sintomas depressivos em adultos estudadas no Brasil. Dependendo do foco da
investigação e da forma de aplicação, as ferramentas devem ser escolhidas a
partir de critérios bem definidos, como objetivo da avaliação, idade e
escolaridade do respondente e tempo disponível para administração da escala.
Problemas Específicos da Avaliação de Depressão
As escalas de avaliação de depressão são empregadas para quantificar a
presença e a gravidade de sintomas, adotando critérios objetivos
preestabelecidos. A subjetividade tanto do paciente quanto do entrevistador na
atribuição de escores é inerente à aplicação de escalas psicométricas.
Portanto, essas “medidas” devem ser consideradas como estimativas
aproximadas. A avaliação das categorias de sintomas que compõem a
síndrome depressiva varia de um instrumento para outro. Essas diferenças
podem ser constatadas pela contribuição de cada uma dessas categorias ao
escore total da escala. Algumas valorizam mais os sintomas cognitivos, outras,
o humor, dependendo de seu referencial teórico subjacente. Os principais
construtos de sintomas depressivos avaliados pelas escalas são:
 Humor: tristeza, perda de interesse e/ou prazer, crises de choro,
variação diurna do humor.
 Vegetativos ou somáticos: alterações de sono, apetite, peso, libido,
constipação e fadiga.
 Motores: inibição ou retardo, agitação e inquietação.
 Sociais: apatia, isolamento e incapacidade para o desempenho de
tarefas cotidianas.
 Cognitivos: desesperança, desamparo, ideias de culpa (podem ser
delirantes) e suicídio, indecisão, perda de discernimento (insight –
reconhecimento de que está doente).
 Ansiedade: psíquica, somática e fóbica.
 Irritabilidade: inclui hostilidade, auto ou heteroagressão (a autoagressão
associa-se com o risco de suicídio).
Para utilizar uma escala de avaliação, é necessário ter experiência no
fenômeno observado, conhecimento dos conceitos teóricos subjacentes aos
instrumentos e familiaridade com a ferramenta em questão. É importante que o
entrevistador seja habilitado em programas de treinamento que englobem
estudos de confiabilidade entre avaliadores, para padronizar os julgamentos.
Além disso, ele não deve se deixar levar pela primeira impressão, nem permitir
que o estado geral do paciente influencie a avaliação dos itens individuais
(efeito halo). Vale relembrar que a depressão pode ter sintomas sobrepostos
com doenças físicas, portanto, a escolha da escala também deve ser feita
observando o número de itens que avaliam esse fator e o contexto em que o
sujeito se encontra.

Recomendações
Esta seção apresenta as principais escalas utilizadas para avaliação em
adultos de 18 a 59 anos e cujo uso não é recomendável em outras faixas
etárias, a não ser que haja estudos que o sustentem. Em qualquer escala,
quando o respondente indicar a presença de ideação suicida,
independentemente do grau, essa questão deve ser mais bem avaliada. Por
fim, recomenda-se que as avaliações de depressão sejam feitas investigando
também a ausência de sintomas de mania e história de TB para evitar os
fatores confundidores.

ESCALA DE DEPRESSÃO DE
HAMILTON (HAM-D)
A Escala de Depressão de Hamilton (HAM-D) é multidimensional,
heteroavaliativa do observador, desenvolvida para aplicação em pacientes
previamente diagnosticados com um transtorno do humor. A princípio, foi
criada para avaliar pacientes hospitalizados e, por isso, apresenta ênfase em
sintomas melancólicos e físicos da síndrome depressiva. Considerada “padrão-
ouro” pela psiquiatria, permite a quantificação dos sintomas depressivos, sendo
útil para a avaliação na prática clínica e em ensaios clínicos, particularmente
em psicofarmacologia de antidepressivos. Devido a sua ampla utilização, sua
versão em inglês foi traduzida para várias línguas, como alemão, chinês,
espanhol, holandês, grego, turco, tcheco e português do Brasil. Tem como
base a avaliação de sintomas somáticos da síndrome depressiva, razão que a
torna sensível a detectar as mudanças ao longo das semanas.
Conforme se pode observar na Tabela 3.1.1, ao longo desses 54 anos
desde a publicação do primeiro artigo sobre a HAM-D, diferentes modificações
foram propostas, incluindo a redução de itens e a inserção de uma entrevista
estruturada para avaliação e estipulação de pontos de corte. As versões mais
utilizadas são as de 17 e 21 itens. A primeira versão da escala, com 17 itens,
foi proposta como forma de complementar o diagnóstico em pacientes
deprimidos, quantificando seus sintomas com base na última semana.
Considerando que a versão de 17 itens tem por propósito definir a intensidade
da depressão, o autor optou por retirar os itens adicionais da versão com 21
itens que avaliam casos mais graves e específicos. Apesar de haver diferentes
versões, todas têm em comum o fato de avaliar o paciente diagnosticado
questionando seus sintomas em relação à última semana. A versão com 24
itens tem como propósito a inclusão de sintomas cognitivos à escala, insistindo
na avaliação mais pormenorizada desses descritores.

Público-Alvo
Recomenda-se a HAM-D para utilização clínica e para ensaios
randomizados em pacientes adultos (entre 18 e 59 anos). Não deve ser
utilizada para fins diagnósticos, apenas para complemento.
Aplicação
A aplicação é feita pelo profissional com base na presença/ausência dos
sintomas na última semana, sendo 30 minutos um tempo ideal de aplicação. A
pontuação 0 (zero) deve ser dada apenas quando o sintoma é ausente,
reduzido devido ao tratamento sintomático ou duvidoso. Quando o aplicador
tiver dúvidas quanto ao grau de intensidade, deve-se pontuar sempre o grau
mais intenso. Caso o leitor sinta-se inseguro para realizar a aplicação, uma
versão não padronizada da entrevista estruturada que pode ser consultada ao
final deste capítulo (Formulário 3.1.II).

Cuidados na Aplicação
É importante alertar o leitor de que existem itens que são explorados
durante a entrevista, devendo evitar inferir ou interpretar as respostas dadas
pelo paciente. Os itens devem ser preenchidos à medida que a entrevista é
conduzida, respeitando-se sua ordem e exaurindo cada um deles antes de
realizar a pontuação. Para avaliadores iniciantes e aqueles que desejam uma
versão mais estruturada, sugere-se a verificação de modelos de entrevistas es-
truturados.5,6 É preciso atentar também para o fato de que essa escala não
deve ser aplicada na população em geral, tampouco com fins diagnósticos. A
atenção ao item 3 (ideação suicida) deve ser redobrada. Esses cuidados estão
listados na Tabela 3.1.2.

Convenções
1. Na ausência do sintoma (quando não relatado ou observado), pontuar zero
2. Se o sintoma desapareceu devido ao tratamento ou intervenção, pontuar
zero.
3. Quando o sintoma é duvidoso, deve-se pontuar zero.
4. Sintoma relatado como perturbador pelo paciente deve ser pontuado como
importante, mesmo que o avaliador tenha a impressão de que o sujeito o está
exagerando, omitindo ou dramatizando.
5. Na dúvida em relação a dois graus de intensidade, pontuar o mais intenso.
6. Se houver variação do sintoma ao longo da entrevista, pontuar o de maior
valor.
7. Evitar pontuação dupla. Prestar atenção à diferença entre ansiedade
psíquica e somática.
8. Ao iniciar a entrevista, perguntar se tem trabalhado e, em caso de resposta
negativa, indagar o porquê.
9. Não é necessário preencher todos os exemplos para dar a pontuação
máxima.
Exemplos: a) Item 7 (trabalho e atividades): neste caso, se o paciente parou de
trabalhar devido à depressão, pontuar 4.
b) Item 14 (sintomas genitais): no caso de perda de interesse, mesmo sem
alterações menstruais, pontuar 2.
10. Para cada item, o paciente deve responder de acordo com o sintoma vivido
durante a semana que precede a entrevista ou dentro do prazo estipulado
previamente.
Exceções: a) Itens 8 (retardo) e 9 (agitação), que são explorados ao longo da
entrevista.
b) Item 16 (perda de peso), que é avaliado com relação à referência de peso
do paciente antes do episódio depressivo.

Recomendações
1. O paciente deve ser informado do objetivo da entrevista.
a) Deve ser solicitado a fornecer informações objetivas e claras.
b) Deve ser informado o período da avaliação dos sintomas (última semana ou
7 dias).
c) A entrevista não deve durar mais do que 30 minutos.
2. Todos os itens devem ser investigados, isto é, confirmar a presença do
sintoma, verificar o grau de desconforto que causa no paciente e sua
frequência.
3. Anotar somente o que se observa ou o que é relatado pelo paciente. Evitar
inferências ou interpretações.
Formulários
Instruções: em cada item, escolha o escore que melhor caracteriza o
paciente na última semana; assinale a sua opção no espaço apropriado.
1- Humor depressivo (tristeza, desesperança, desamparo, inutilidade):
0- ausente
1- sentimentos relatados somente se perguntados
2- sentimentos relatados espontaneamente, com palavras
3- comunica os sentimentos não com palavras, mas com expressão
facial, postura, voz e tendência ao choro
4- o paciente comunica quase que exclusivamente esses sentimentos,
tanto em seu relato verbal como na comunicação não verbal

2. Sentimentos de culpa:
0- ausente
1- autorrecriminação, acha que decepcionou outras pessoas
2- ideias de culpa ou ruminações de erros ou ações pecaminosas
(más) no passado
3- paciente acha que a doença atual é uma punição (castigo). Delírio
de culpa
4- ouve vozes que o acusam ou denunciam e/ou tem alucinações
visuais ameaçadoras
3. Suicídio:
0- ausente
1- acha que não vale a pena viver
2- deseja estar morto ou pensa em uma possível morte para si
3- ideias ou atitudes suicidas
4- tentativas de suicídio
4. Insônia inicial:
0- sem dificuldades para iniciar o sono
1- queixa de dificuldade ocasional para iniciar o sono, ou seja, mais
que meia hora
2- queixa de dificuldade para iniciar o sono todas as noites
5. Insônia intermediária:
0- sem dificuldade
1- queixa de agitação e perturbação durante a noite
2- acorda durante a noite – qualquer saída da cama (exceto por
motivos de necessidade fisiológica)
6. Insônia tardia:
0- sem dificuldade
1- acorda durante a madrugada, mas volta a dormir
2- não consegue voltar a dormir se levantar da cama durante a noite
7. Trabalho e atividades:
0- sem dificuldades
1- pensamentos e sentimentos de incapacidade, fadiga ou fraqueza,
relacionados a atividades, trabalho ou passatempos
2- perda de interesse em atividades, passatempos ou trabalho, quer
relatado diretamente pelo paciente, quer indiretamente por
desatenção, indecisão ou vacilação (sente que precisa se esforçar
para o trabalho ou outras atividades)
3- diminuição no tempo gasto em atividades ou queda de
produtividade. No hospital, o paciente ocupa-se por menos de três
horas por dia em atividades (trabalho hospitalar ou passatempos) com
exceção das tarefas rotineiras da enfermaria.
4- parou de trabalhar devido à doença atual. No hospital, sem
atividades, com exceção das tarefas rotineiras da enfermaria, ou se
não consegue realizá-las sem ajuda.
8. Retardo (lentidão do pensamento e da fala, dificuldade de
concentração, diminuição da atividade motora):
0- pensamentos e fala normais
1- lentidão discreta à entrevista
2- lentidão óbvia durante a entrevista
3- entrevista difícil
4- estupor completo
9. Agitação:
0- nenhuma
1- inquietação
2- mexe as mãos, cabelos ,etc.
3- movimenta-se bastante, não consegue permanecer sentado durante
a entrevista
4- retorce as mãos, rói as unhas, puxa os cabelos, morde os lábios
10. Ansiedade psíquica:
0- sem dificuldade
1- tensão e irritabilidade subjetivas
2- preocupa-se com trivialidades
3- atitude apreensiva aparente no rosto ou na fala
4- paciente expressa medo sem ser perguntado
11. Ansiedade – somática: (concomitantes fisiológicos da
ansiedade, como: boca seca, flatulência, indigestão, diarreias,
cólicas, eructações; palpitação, cefaleias; hiperventilação,
suspiros; ter de urinar frequentemente; sudorese).
0- Ausente
1- Duvidoso ou trivial: sintomas menores, relatados quando
questionados
2- leve: paciente descreve espontaneamente os sintomas, que não
são acentuados ou incapacitantes
3- moderado: mais do que 2 sintomas e com maior frequência. São
acompanhados de estresse subjetivo e prejudicam o funcionamento
normal.
4- grave: numerosos sintomas, persistentes e incapacitantes na maior
parte do tempo, ou ataques de pânico quase diariamente
12. Sintomas gastrintestinais – somáticos:
0- nenhum
1- perda de apetite, mas come sem necessidade de insistência
2- dificuldade para comer se não insistirem
13. Sintomas somáticos gerais:
0- nenhum
1- peso em membros, costas ou cabeça; dor nas costas, na cabeça ou
nos músculos. Perda de energia e fadiga
2- qualquer sintoma bem caracterizado e nítido
14. Sintomas genitais (como perda de libido, distúrbios
menstruais):
0- ausentes
1- leves ou infrequentes: perda de libido, desempenho sexual
prejudicado
2- óbvio e graves: perda completa do interesse sexual
15. Hipocondria:
0- ausente
1- auto-observação aumentada (com relação ao corpo)
2- preocupação com a saúde
3- queixas frequentes, pedidos de ajuda, etc.
4- delírios hipocondríacos
16. Perda de peso (desde o início da doença ou da última
avaliação):
0- sem perda de peso ou perda de peso NÃO causada pela doença
atual
1- perda de peso provavelmente causada pela doença atual. Perda de
menos de meio quilo
2- perda de peso definitivamente causada pela doença atual. Perda de
meio quilo ou mais
17. Crítica (consequência da doença):
0- reconhece estar deprimido e doente OU não estar deprimido no
momento
1- reconhece estar, mas atribui a causa à má alimentação, ao clima,
ao excesso de trabalho, a um vírus, à necessidade de descanso, etc.
2- nega estar doente
Perguntas do Formulário
1. Como tem estado seu humor na última semana? Você tem se sentido para
baixo ou deprimido? Triste? Sem esperança? Na última semana, com que
frequência você se sentiu (utilize a palavra referida pelo paciente)? Todos os
dias? O dia inteiro? Você tem chorado?
2. Você tem se sentido especialmente autocrítico nesta última semana,
sentindo que fez coisas erradas ou decepcionou outras pessoas?
SE SIM: quais foram esses pensamentos? Você tem se sentido culpado em
relação a coisas que fez ou não fez? Você tem pensado que, de alguma forma,
você é responsável pela sua depressão? Você sente que está sendo punido
ficando doente?
3. Nesta última semana, você teve pensamentos de que não vale a pena viver
ou de que você estaria melhor morto? Ou pensamentos de se machucar ou até
de se matar?
SE SIM: o que você tem pensado sobre isso? Você já se machucou?
4. Como tem sido seu sono na última semana? Você teve alguma dificuldade
em iniciar o sono? Após se deitar, quanto tempo leva para conseguir dormir?
Em quantas noites nesta última semana você teve problemas para iniciar o
sono?
5. Durante esta última semana, você tem acordado no meio da noite?
SE SIM: você sai da cama? O que você faz? (Somente vai ao banheiro?)
Quando volta para a cama, você volta a dormir logo? Você sente que seu sono
é agitado ou perturbado em algumas noites?
6. A que horas você tem acordado pela manhã na última semana? Se cedo:
acorda com despertador ou sozinho? A que horas você normalmente acordava
(ou seja, antes de ficar deprimido)?
7. Como você tem passado seu tempo na última semana (quando não está no
trabalho)? Você se sente interessado em fazer (essas atividades) ou você tem
de se forçar? Você parou de fazer atividades que costumava fazer?
SE SIM: Por quê? Há alguma coisa que você aguarda ansiosamente? (No
seguimento:) Seu interesse voltou ao normal?
8. Avaliação baseada na observação durante a entrevista.
9. Avaliação baseada na observação durante a entrevista.
10. Você tem se sentido especialmente tenso ou irritado nesta última semana?
Você tem estado preocupado com coisas pouco importantes com as quais
normalmente não se preocuparia?
SE SIM: Como com o quê, por exemplo?
11. Na última semana, você sofreu de alguns dos seguintes sintomas físicos?
12. Como tem estado seu apetite nesta última semana? (Como se compara ao
seu apetite habitual?) Você tem tido que se força a comer? As outras pessoas
têm de insistir para você comer?
13. Como tem estado sua “energia” nesta última semana? Você se sente
cansado o tempo todo? Nesta última semana, você teve dor nas costas, dor de
cabeça ou dor muscular? Nesta última semana, você tem sentido um peso nos
membros, nas costas ou na cabeça?
14. Como tem estado seu interesse por sexo nesta semana? (não estou lhe
perguntando sobre seu desempenho, mas sobre seu interesse por sexo – o
quanto você tem pensado nisso?) Houve alguma mudança em seu interesse
por sexo (em relação à época em que você não estava deprimido)? Isso é algo
em que você tem pensado muito?
SE NÃO: isso é pouco habitual para você?
15. Na última semana, o quanto seus pensamentos têm focalizado na sua
saúde física ou no funcionamento de seu corpo (comparado ao seu
pensamento habitual)? Você se queixa muito de sintomas físicos? Você tem-se
deparado com situações em que você pede ajuda para fazer coisas que
poderia fazer sozinho?
SE SIM: Como o quê, por exemplo? Com que frequência isso tem ocorrido?
16. Você perdeu algum peso desde que essa (DEPRESSÃO) começou?
SE SIM: Quanto? SE INCERTO: Você acha que suas roupas estão mais
folgadas? (No seguimento): Você voltou a ganhar peso?
17. Avaliação baseada na observação.

Interpretações na Pontuação
Conforme já dito, os pontos de corte da escala foram estipulados
posteriormente, a partir de consensos clínicos, e seu resultado depende da
avaliação do observador. A HAM-D demanda treinamento antes de ser
aplicada e exige do aplicador conhecimentos mínimos sobre o instrumento e os
sintomas da síndrome depressiva para não chegar a conclusões inadequadas.
Os resultados elucidarão a quantidade de sintomas depressivos presentes no
paciente, bem como sua gravidade, lembrando que deverá ser sempre um
instrumento a ser aplicado após diagnóstico confirmado de depressão.
ESCALA DE DEPRESSÃO DE
MONTGOMERY-ÅSBERG
(MADRS)
Desenvolvida com o objetivo de avaliar mudanças clínicas durante o tratamento
de pacientes com depressão, a Escala de Depressão de Montgomery-Åsberg
(MADRS) é uma escala heteroavaliativa de aplicação do observador.1 Muito
utilizada na prática clínica e em estudos randomizados, foi traduzida para mais
de 24 idiomas, tendo sido desenvolvida como forma alternativa ao uso da
Escala de Hamilton (HAM-D), o que a tornou amplamente divulgada. Seu
principal diferencial é a avaliação da doença por meio de itens de humor e
somáticos, o que a torna sensível a detectar as mudanças dos pacientes ao
longo das semanas; além disso, avalia aspectos cognitivos, razão pela qual
alguns estudos a aplicam em idosos.

Descrição do Instrumento
A MADRS inclui 10 itens que avaliam tristeza aparente e relatada,
tensão interior, alteração de sono e apetite, dificuldades de concentração,
lentidão, incapacidade de sentir e pensamentos pessimistas e suicidas,
abarcando, assim, todos os principais sintomas da depressão (à exceção do
retardo psicomotor). Desses, nove itens são baseados no relato do paciente e
um na observação do aplicador, sendo que, quanto maior a pontuação, maior
presença do sintoma depressivo avaliado. As pontuações variam de 0 a 60,
sendo os pontos de corte apresentados:
0-8 Remissão
9-17 Leve
18-34 Moderado
35 > Grave
Em relação a esses pontos de corte, vale comentar que, para remissão,
um escore menor ou igual a 10 pode ser adotado, mostrando-se, inclusive,
equiparável ao escore 7 da HAM-D para definir remissão.4,5 A escala é de
domínio público

Público-Alvo
Recomenda-se a MADRS para utilização clínica e ensaios randomizados
em pacientes adultos, apesar de ser muito utilizada em população idosa. Não
deve ser aplicada para fins diagnósticos.
Formulário
INSTRUÇÃO PARA O APLICADOR: ESTA ESCALA BASEIA-SE NOS
SINTOMAS RELATADOS E OBSERVADOS DO PACIENTE CONSIDERANDO
A ÚLTIMA SEMANA. CASO AS RESPOSTAS NÃO POSSAM SER OBTIDAS
DO PACIENTE DEVIDO A SUA GRAVIDADE, LEMBRE-SE DE UTILIZAR
INFORMAÇÕES DE OUTRAS FONTES.
1. Tristeza Aparente (representando desânimo, tristeza e desespero [mais que
um abatimento simples e transitório], refletidos na fala, expressão facial a
postura). Avalie pela profundidade e incapacidade de alegrar-se.
0- Nenhuma tristeza
1-
2- Parece abatido, mas se alegra sem dificuldades.
3-
4- Parece triste e infeliz a maior parte do tempo.
5-
6- Parece muito triste todo o tempo. Extremamente desanimado.
2. Tristeza Relatada (representando relatos de humor depressivo,
independentemente de estarem refletidos na aparência. Inclui abatimento,
desânimo ou sentimento de desamparo e desesperança). Avalie pela
intensidade, duração e grau com que se relata que o humor é influenciado
pelos acontecimentos.
0- Tristeza ocasional compatível com as circunstâncias.
1-
2- Triste e abatido, mas se alegra sem dificuldades.
3-
4- Sentimentos predominantes de tristeza ou melancolia. O humor é ainda
influenciado por circunstâncias externas.
5-
6- Tristeza, infelicidade ou desânimo contínuos e invariáveis.
3. Tensão Interior (representando sentimentos de desconforto indefinido,
inquietação, agitação interior, tensão mental crescente chegando até pânico,
pavor ou angústia). Avaliar de acordo com intensidade, frequência, duração do
grau de reasseguramento necessário.
0- Tranquilo, somente tensão interior fugaz.
1-
2- Sentimentos ocasionais de inquietação e desconforto indefinido.
3-
4- Sentimentos contínuos de tensão interna ou pânico intermitente que o
paciente só consegue dominar com alguma dificuldade.
5-
6- Apreensão ou angústia persistente. Pânico incontrolável.
4. Sono Diminuído (representando a experiência de redução de duração ou
profundidade do sono comparadas com o padrão normal próprio do indivíduo
quando está bem).
0- Dorme normalmente
1-
2- Leve dificuldade para adormecer ou sono discretamente reduzido, leve ou
interrompido.
3-
4- Sono reduzido ou interrompido por, pelo menos, duas horas.
5-
6- Menos de duas ou três horas de sono.
5. Diminuição do Apetite (representando o sentimento de perda de apetite
quando comparado ao seu normal. Avalie pela perda da vontade de comer ou
pela necessidade de forçar-se a comer).
0- Apetite normal ou aumentado.
1-
2- Apetite levemente diminuído.
3-
4- Sem apetite. A comida não tem sabor.
5-
6- É necessário ser sempre persuadido para comer.
6. Dificuldades de Concentração (representando dificuldades em concluir ou
organizar os pensamentos chegando à falta de concentração incapacitante).
Avalie de acordo com a intensidade, a frequência e o grau de incapacidade
resultante.
0- Sem dificuldade para se concentrar.
1-
2- Dificuldades ocasionais em concluir ou organizar os pensamentos.
3-
4- Dificuldades para se concentrar e sustentar o pensamento, que reduzem a
capacidade para ler ou manter uma conversa.
5-
6- Incapaz de ler ou conversar, a não ser com grande dificuldade.
7. Lassidão (representando a dificuldade ou a lentidão para iniciar e realizar
atividades rotineiras).
0- Dificilmente apresenta qualquer dificuldade para iniciar atividades. Sem
preguiça.
1-
2- Dificuldades para iniciar atividades.
3-
4- Dificuldades para começar atividades rotineiras simples, que são realizadas
à custa de esforço.
5-
6- Lassidão completa. Incapaz de fazer qualquer coisa sem ajuda.
8. Incapacidade de Sentir (representando a experiência subjetiva de interesse
reduzido pelo ambiente ou por atividades que são normalmente prazerosas). A
capacidade de reagir com emoção apropriada às circunstâncias ou às pessoas
está reduzida.
0- Interesse normal pelo ambiente e pelas outras pessoas.
1-
2- Capacidade reduzida de desfrutar interesses rotineiros.
3-
4- Perda de interesse pelo ambiente. Perda de sentimentos pelos amigos e
conhecidos.
5-
6- A experiência de estar emocionalmente paralisado, incapaz de sentir raiva,
pesar ou prazer e uma falta de sentimentos completa ou mesmo dolorosa em
relação a parentes próximos ou amigos.
9. Pensamentos Pessimistas (representando pensamentos de culpa,
inferioridade, autorreprovação, pecado, remorso e ruína).
0- Sem pensamentos pessimistas.
1-
2- Ideias flutuantes de falha, autorreprovação ou autodepreciação.
3-
4- Autoacusações persistentes ou ideias definidas, mas ainda racionais de
culpa ou pecado. Progressivamente pessimista sobre o futuro.
5-
6- Delírios de ruína, remorso ou pecado irremediável. Autoacusações que são
absurdas e inabaláveis.
10. Pensamentos Suicidas (representando o sentimento de que não vale a
pena viver, que uma morte natural seria bem-vinda, pensamentos suicidas e
preparativos para suicídio). Tentativas de suicídio por si só não devem
influenciar a avaliação.
0- Aprecia a vida ou a aceita como ela é.
1-
2- Enfastiado de viver. Pensamentos suicidas transitórios.
3-
4- Provavelmente seria melhor morrer. Pensamentos suicidas são frequentes e
o suicídio é considerado com uma solução possível, mas sem planos ou
intenções específicas.
5-
6- Planos explícitos para o suicídio quando houver uma oportunidade.
Providência para o suicídio.
ESCALA DE DEPRESSÃO PÓS-
PARTO
O pós-parto é um período em que muitas mulheres apresentam queixas
de alguma perturbação emocional ou cognitiva. Em um estudo clássico,
Kendell e colaboradores demonstraram aumento significativo no número de
internações psiquiátricas nos três meses subsequentes ao parto. Oates, ao
analisar os dados do The Confidential Enquiry into Maternal Deaths (CEMD),
mostra que, no período compreendido entre 1997 e 1999, os transtornos
psiquiátricos e o suicídio, em particular, foram as principais causas de morte
materna no Reino Unido, 28% desses óbitos decorrentes de suicídio ocorrendo
no período perinatal.

Formulário
Você teve há pouco tempo um bebê, e nós gostaríamos de saber como
você está se sentindo. Por favor, marque a resposta que mais se aproxima do
que você tem sentido NOS ÚLTIMOS SETE DIAS, não apenas como você está
se sentindo hoje.
Por favor, assinale as questões seguintes do mesmo modo. Nos últimos sete
dias...
1. Eu tenho sido capaz de rir e achar graça das coisas:
( ) Como eu sempre fiz.
( ) Não tanto quanto antes.
( ) Sem dúvida menos que antes
( ) De jeito nenhum.
2. Eu sinto prazer quando penso no que está por acontecer em meu dia a dia:
( ) Como sempre senti.
( ) Talvez menos do que antes.
( ) Com certeza menos.
( ) De jeito nenhum.
3. Eu tenho me culpado sem necessidade quando as coisas saem erradas:
( ) Sim, na maioria das vezes.
( ) Sim, algumas vezes.
( ) Não muitas vezes.
( ) Não, nenhuma vez.
4. Eu tenho me sentido ansiosa ou preocupada sem uma boa razão:
( ) Não, de maneira alguma.
( ) Pouquíssimas vezes.
( ) Sim, algumas vezes.
( ) Sim, muitas vezes.
5. Eu tenho me sentido assustada ou em pânico sem um bom motivo:
( ) Sim, muitas vezes.
( ) Sim, algumas vezes.
( ) Não muitas vezes.
( ) Não, nenhuma vez.
6. Eu tenho me sentido esmagada pelas tarefas e acontecimentos do meu dia a
dia:
( ) Sim. Na maioria das vezes eu não consigo lidar bem com eles.
( ) Sim. Algumas vezes não consigo lidar bem como antes.
( ) Não. Na maioria das vezes consigo lidar bem com eles.
( ) Não. Eu consigo lidar com eles tão bem quanto antes.
7. Eu tenho me sentido tão infeliz que tenho tido dificuldade de dormir:
( ) Sim, na maioria das vezes.
( ) Sim, algumas vezes.
( ) Não muitas vezes.
( ) Não, nenhuma vez.
8. Eu tenho me sentido triste ou arrasada:
( ) Sim, na maioria das vezes.
( ) Sim, muitas vezes.
( ) Não muitas vezes.
( ) Não, de jeito nenhum.
9. Eu tenho me sentido tão infeliz que tenho chorado:
( ) Sim, quase todo o tempo.
( ) Sim, muitas vezes.
( ) De vez em quando.
( ) Não, nenhuma vez.
10. A ideia de fazer mal a mim mesma passou por minha cabeça:
( ) Sim, muitas vezes, ultimamente.
( ) Algumas vezes nos últimos dias.
( ) Pouquíssimas vezes, ultimamente.
( ) Nenhuma vez.

As respostas são pontuadas 0, 1, 2 e 3, de acordo com o aumento da


gravidade do sintoma. Os campos marcados com um asterisco são de
marcação inversa (ou seja, 3, 2, 1 e 0). A pontuação total é calculada pela
soma dos escores de cada um dos 10 itens.

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