Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Nuts (Hudson Valley #1) by Alice Clayton
Nuts (Hudson Valley #1) by Alice Clayton
TRADUÇÃO:
REVISÃO INICIAL: Elisabeth
REVISÃO FINAL: DADÁ, Adriana Guisi
LEITURA FINAL: Juuh, Stella
FORMATAÇÃO: DADÁ
LANÇAMENTO
Próximo:
CREAM OF THE CROP
A história de Natalie
Roxie Callahan é a chef particular de algumas das
mais ricas e mais sórdidas esposas contadoras de
calorias de Hollywood. Porém, pós um desastre com
laticínios, sua carreira cuidadosamente trabalhada foi
por água abaixo, e ela encontra-se agora de volta para
sua casa no interior de Nova York, resgatando sua mãe
hippie e tomando conta do restaurante da família.
Quando o lindo fazendeiro local Leo Maxwell
oferece-lhe um monte encantador de nozes orgânicas,
Roxie se pergunta se um verão de volta em casa é
realmente uma ideia tão ruim, afinal. Leo está
fortemente envolvido no movimento de comida
sustentável, e ele gosta de tomar seu tempo lentamente.
Em todas as coisas. Roxie está determinada a voltar
para a costa oeste assim que o verão terminar, mas a
atração por preguiçosos vaga-lumes e seu próprio
‘Almanzo Wilder’ será suficiente para mantê-la bem em
casa?
Salgado. Picante. Doce. Nozes? Vá em frente, pegue
um punhado.
"Ok, vamos ver. Caldo dashi está feito. Bok choy está torrado;
camarão está no ponto. Sem glúten, tanto quanto os olhos podem ver",
disse a mim mesma, inclinando-me sobre o balcão de aço inoxidável da
cozinha mais bonita já criada. Se você gosta do estilo retrô Califórnia
moderna. Mas, e quem não gosta? Milhas e milhas de aço inoxidável e
concreto polido.
Inúmeros aparelhos e ferramentas de chefs estavam contra os
azulejos de metrô em formato de espinha, brilhantes e intocados pelas
mãos de seu dono. Tocados apenas pela minha mão de chef particular e
matadora do glúten malvado nesta terra de cabelos louros e moda.
Especificamente, Hollywood. Especificamente, Bel Air. Especificamente,
a casa de Mitzi St. Renee, esposa de um famoso produtor e caçador de
talentos que é adepto ao lema ‘a juventude nunca termina’.
Aos trinta e dois anos (quem teria pensado que alguém apenas
cinco anos mais velha do que eu poderia falar comigo com tanta
superioridade?), e numa cidade onde trinta era o ponto de referência
para homens mais velhos que se casam por amor aos peitos, Mitzi
estava obviamente preocupada com a sua idade. Segurando uma calda,
eu fiz uma pausa para considerar: peitos... Peitos que pertenciam a
uma mulher bonita. Peitos que estavam numa mulher não muito
agradável. Peitos que estavam numa idiota, verdade seja dita.
Eu balancei a cabeça para limpá-la, e comecei a cortar o melão.
Cubos de uma polegada com bordas nítidas; sem cantos arredondados
aqui. Em seguida foram bolas de melão, arredondadas e gordas. Sem
buracos irregulares; apenas bolas simplesmente perfeitas. Prestei
atenção como isso soou na minha cabeça e bufei, mudando-me para os
triângulos de melancia. Aguda. Obtuso. Será que Mitzi aprecia as
habilidades de faca que estavam em sua tigela de frutas? Duvidoso.
Será que ela percebe a geometria culinária que compôs sua explosão de
energia? Provavelmente não. Ninguém notou a perfeição dos meus
melões, mas com toda a certeza notaram os dela.
Parei meu diálogo interno e mudei-me para a montagem da bandeja
de Mitzi; ela gostava do seu jantar servido exatamente às 18h 30min.
Algumas pessoas contratam chefs privados apenas para fazer o
cozimento. Alguns até mesmo levam o crédito enquanto os chefs ficam
escondidos na cozinha. E outros assumem que só porque trabalhamos
na cozinha e fomos pago para cozinhar, que também somos mordomos
da noite. Mas, considerando quanto Mitzi me paga, eu estava bem em
servir seu à moda asiática, com baixo teor calórico e muito saboroso
jantar numa bandeja em sua sala de jantar.
Quando eu estava puxando a acelga chinesa do forno, meu telefone
tocou de repente, surpreendendo-me e fazendo-me bater com a mão na
borda interior do forno. Sibilando de dor, ainda consegui segurar a
travessa antes de deixá-la cair. Verificando a temperatura do forno,
rapidamente abaixei-a, em seguida, olhei para a acelga por um longo
tempo. Selecionando as partes mais verdes e a mais puras,
cuidadosamente coloquei as melhores folhas no centro de uma bacia de
porcelana branca, criando uma pequena torre verde, e logo em seguida
o temporizador do forno tocou, alertando-me que estava pronto.
Escalfado em um caldo, com uma leve sugestão de pimentão
tailandês e canela, tudo rosado e perfeito. Empilhando tudo em cima
das acelgas (simetria, sempre simetria), eu, então, polvilhei cebolinha
cortada em viés, alho em conserva e chalotas, que tinham sido
ligeiramente bronzeados em óleo de amendoim (um segredo que nunca
seria divulgado a Miss Maníaca das Calorias) em voz alta. Coloquei o
prato sobre uma bandeja esmaltada, e então derramei o caldo dashi
numa jarra de porcelana branca. Depois disso, servi exatamente três
quartos de xícara de arroz de jasmim perfumado com kaffir de limão
numa tigela de harmonização. O controle das porções era essencial para
manter um estilo de vida tamanho zero numa cidade fitness.
Quando eu estava recolhendo a bandeja para levar para a sala de
jantar, meu telefone tocou novamente. Eu bati desligar mais uma vez, e,
vendo o horário, internamente me amaldiçoei por deixar o relógio chegar
até 06:32 sem que eu percebesse.
Na sala de jantar, minha cliente estava sentada na cabeceira da
mesa; ela ia comer sozinha, como de costume. O marido estava sempre
trabalhando. Mas, todo sentimento de compaixão que eu poderia ter
sentido por ela desapareceu quando ela deu um show ao olhar para o
relógio.
"Sinto muito que é um pouco tarde; o bok choy (acelga) precisava
apenas de um pouco mais de tempo hoje à noite.” Eu gorjeei, baixando
a bandeja e servindo-a pela esquerda.
"Oh, Roxie, o que são quatro minutos? Quero dizer, quatro minutos
aqui, sete minutos lá, vamos apenas relaxar todas as regras, não é?"
Ela cantarolou quando eu servi o caldo do jarro, circulando-o em torno
do centro.
Ela paga bem. Muito bem.
Rangendo os dentes, eu sorri para sua testa cheia de botox e afastei
a jarra vazia.
Eu voltei para a cozinha para terminar sua "sobremesa" e seu café,
bem como iniciar seu café da manhã e almoço para o dia seguinte, e
limpar. A palavra ‘sobremesa’ estava grifada em neon dentro da minha
cabeça, já que era difícil visualizar tão linda palavra sendo aplicada à
biscoitos wafer sem açúcar e raspadinha de limão e gelo. Eu não me
oponho à raspadinha de limão, ou aos "cookies" que, diga-se de
passagem, também precisavam passar pelo ‘tratamento dieta’. Mas isso
não era sobremesa.
A única coisa na qual eu poderia exagerar aqui era na maneira que
Mitzi tomava seu café. Mix de Kona assado escuro com uma - e apenas
uma! - colher de sopa cheia de gorduroso chantilly caseiro. Mitzi
permitia-se esse deleite diário, pelo menos. Hey, não cabe a mim dizer a
alguém onde gastar suas “calorias extras". Wow, muitas citações hoje à
noite.
Peguei o misturador de aço inoxidável, tirei uma tigela do
congelador e derramei pouco mais de meia xícara de creme de leite
fresco. A garrafa estava quase vazia; eu teria que acrescentar mais um
item à sua lista de mercado. Eu faço uma lista de compras para ela a
cada semana, em seguida, venho ao longo de vários dias para preparar
as refeições que ela precisa. E duas vezes por semana eu cozinho para
ela também.
Adicionando ao creme uma colher de chá de baunilha de
Madagascar e exatamente duas colheres de chá de açúcar, deixei-o
batendo enquanto arrumo a cozinha, ignorando o sinal vindo do meu
telefone a partir das duas chamadas que eu tinha perdido enquanto
servia o dashi.
Mantendo um olho sobre o chantilly e uma orelha na sala de jantar,
eu soquei o café na cafeteira, ajeitando-o para preparar exatamente
113,5g de café expresso. Meu telefone tocou contra o balcão de aço
inoxidável, e eu vi que ele estava chamando outra vez quando fechei a
máquina Breville cara.
Fechei os olhos em frustração e atendi. "Olá mãe. Estou
trabalhando. Posso ligar de volta para você mais tarde?"
"Depende. Você vai me ligar de volta hoje à noite?"
"Eu vou tentar", respondi, lutando com o bico de espuma da
máquina de café expresso.
"Você vai tentar?"
"Eu vou, ok?"
"Você promete?"
"Sim, eu prometo que eu vou... Oh, cara!"
"Qual o problema? Você está bem, Roxie?"
"Eu estou bem, apenas um pequeno acidente na cozinha. Eu te ligo
mais tarde". Eu desliguei, olhando para a tigela de chantilly.
Agora eu precisava descobrir como explicar a Mitzi St. Renee, uma
mulher cuja vida dependia de sua capacidade de parecer bonita e
manter um corpo requintado, e cuja única indulgência era o seu café à
noite, que em vez de fazer o creme de chantilly billowy macio... Eu tinha
feito manteiga.
Merda.
Despedida?
Sim, despedida!
POR. MANTEIGA.
Sentei-me no meu carro fora da casa de Mitzi, olhando para as
montanhas. Eu tinha embalado minhas facas, pego meu último cheque
de suas unhas de gel perfeitamente bem cuidadas, em seguida, marchei
em direção ao meu Jeep Wagoneer 1982.
Merda. Manteiga. Eu deveria ter pensado melhor antes de dar as
costas ao creme que estava sendo batido, já que chantilly é o tipo de
coisa que pode desandar de picos firmes para guinchos amanteigados
em segundos.
Meu telefone tocou novamente e o rosto da minha mãe apareceu na
tela, com tranças castanhas e crespas e uma margarida atrás da orelha.
Hippie de segunda geração. Woodstock parte dois. Eu tinha herdado o
cabelo dela, mas meus olhos vieram do meu pai. Eu nunca o conheci,
mas minha mãe dizia que podia perceber os nossos humores com base
em nossa cor dos olhos. Avelã quando estou calma, um pouco de azul
quando estou bem e um pouco de verde quando estou cansada...
Eu ouvi a porta da frente e vi Mitzi descendo as escadas,
provavelmente para me dizer que era hora de sair. Então liguei o motor,
e acenei adeus com um dedo bem específico a mostra. Nada
profissional, eu sei, mas eu não precisava mais me preocupar com o
que ela pensava, de qualquer maneira.
Resmunguei para mim mesma durante todo o caminho de casa, o
que era um feito bastante considerável uma vez que eu tinha que cruzar
toda a cidade para chegar ao outro lado das montanhas, onde eu
morava. Lá as casas eram consideravelmente menores, dando lugar a
blocos e blocos de prédios de apartamentos cheios até rebentar com
jovens esperançosos. Quando me aproximei do meu prédio, meu
telefone tocou. Mais uma vez.
"Você realmente não podia esperar até eu ligar de volta?" Eu disse
enquanto sua voz soava através dos alto falantes. A lei mãos livres da
Califórnia garantiu que eu pudesse ouvir a voz da minha mãe
ricocheteando por todos os cantos do carro, em estéreo.
"Quem sabe quando isso seria? Eu estou literalmente estourando de
vontade de te contar a minha notícia!" Minha mãe gritou, rindo
animadamente.
Eu ri, apesar de mim mesma. Minha mãe era muitas coisas, mas o
seu entusiasmo era sempre difícil de resistir.
"Deve ser uma grande notícia; é tarde aí. Por que você não está na
cama?" Eram quase onze horas na costa leste: passada da hora de
dormir.
"Eh, eu vou poder dormir quando eu estiver morta. Ouça, Roxie,
tenho algo fantástico para lhe dizer!"
"Phish está em turnê de novo?"
"Roxie...", Ela advertiu.
Mordi o lábio para não dizer algo sarcástico. "Você encontrou uma
nova marca de gérmen de trigo e não pode esconder seu entusiasmo?"
claramente morder o lábio nem sempre funcionava.
"Estou tão feliz que você goste de se divertir as custas da sua mãe,
especialmente com o seu hippie genérico. Você está muito irônica esta
noite", ela respondeu, sua voz ficando um pouco afiada.
Eu precisava aliviar um pouco. Afinal de contas, não era
inteiramente culpa dela que eu tinha sido demitida.
"Sua notícia?", perguntei docemente, antes que ela pudesse sair
pela tangente e dizer que a razão pela qual eu estava tão irônica era
porque eu não estava recebendo quantidade suficiente de ferro. Ou
sexo. Típicas coisas de mãe e filha.
"Certo! Sim! Minhas notícias! Você está sentada?"
"Sim, eu estou sentada."
"Eu vou estar na televisão!", Ela explodiu, terminando em um
guincho.
"Oh, isso é legal. O programa Cantinho do Artesanato está no ar de
novo?"
Nossa pequena cidade no norte do estado de Nova York tinha o seu
próprio canal de acesso público, e minha mãe esteve contribuindo com
ideias durante anos. Então, quando eles haviam cortado o orçamento ao
meio, pediram para que ela fosse lá apresentar. Como fazer um vestido
de camisola, como fazer trabalhos em biscuit, etc. Seu segmento de
lanternas de papel Jiffy Pop gerou a maior pontuação de audiência já
registrada. Três pontos.
"Não, não, não o Cantinho do Artesanato. Você já ouviu falar do The
Amazing Race?"
"Claro, claro. O Canal 47 fará uma versão local?", Perguntei,
chegando no meu estacionamento.
"Não é o Canal 47, querida, é o show real! Eu vou estar no
verdadeiro The Amazing Race!"
"Espere, o quê?", perguntei, freando no pedal errado e quase
atropelando uma lata de lixo.
"Você me ouviu! Eu fiz o teste para o show no outono passado,
quando estava em Poughkeepsie com sua tia Cheryl, e eles nos
selecionaram! Nós vamos viajar ao redor do mundo!", Ela gritou.
"Ok, pare de gritar. Mãe, sério, pare, ok. Ok, Olá?" Tentei falar uma
palavra, mas era impossível. Ela estava jorrando nomes de cidades e
países à direita e à esquerda, sua voz ficando cada vez mais animada.
Cairo. Moçambique. Krakatoa.
"Krakatoa? Você vai visitar um vulcão?"
"Quem sabe? Mas, esse é o ponto! Eles poderiam nos enviar para
qualquer lugar! Eu estou indo numa missão!"
"Com a tia Cheryl? Ela se perdeu no novo A & P. Como é que ela vai
sair numa missão?"
"Oh, não seja careta, Roxie," minha mãe disse, e eu pude sentir
meus ombros tensos, como sempre acontecia quando ela usava esse
tom.
Minha mãe era um "espírito livre", e ela não podia parar sua vida só
porque sua filha era como uma lesma. Uma lesma que aos quatorze
anos de idade se tornou a responsável pela casa, sempre vendo se tinha
comida na despensa. Ainda assim, eu fiquei feliz por ela.
"Desculpe, isso soa incrível. Realmente, eu estou muito animada
por você", disse, imaginando minha mãe e sua irmã tentando navegar
em um bazar no Norte de África. "Quando tudo isso vai acontecer?"
"Bem, esso é a coisa, querida. Partimos em duas semanas."
"Duas semanas? E quem é que vai cuidar de Callahan?"
"Quem você acha?", perguntou ela.
Ela não estava... Não, ela não poderia pensar que eu ia sair do
meu.... Não, ela nunca faria isso. . . Inferno sim, ela faria.
"Você está louca? Tipo, totalmente insana?"
"Apenas me ouça, Roxie-"
"Te ouvir? Você quer que eu deixe a minha empresa, que está
finalmente começando a chegar a algum lugar, para cozinhar numa
lanchonete de esquina em Bailey Falls, New York? Enquanto você sai
para um remake geriátrico da 'volta ao mundo em oitenta dias’. Tenha
dó!"
"Eu não posso acreditar que você me chamou de velha!"
"Eu não posso acreditar que essa é a única palavra que você ouviu!"
Eu explodi. Enquanto eu estava sentada no meu carro, com os olhos
esbugalhados pela audácia da minha mãe, meu celular vibrou com um
texto. "Explique-me como você acha que isso pode funcionar. Como
posso fazer isso?"
"Fácil. Você tira uma licença aí, então dirige pra cá e cuida do jantar
enquanto eu viajo."
Eu tomei uma respiração, segurei-a por um momento, e em
seguida, deixei o ar sair lentamente. “Uma licença." Respire. Expire. "Eu
trabalho para mim mesma. Logo, uma licença significa ‘não mais
negócios’. O que me leva a crer que você esta sugerindo uma licença de
desemprego. Uma licença de, 'hey, clientes, peça a alguém para
cozinhar para você’ enquanto eu estarei até os cotovelos numa caçarola
de macarrão com atum, de volta para casa em Podunk."
"Nós não servimos mais a caçarola de atum."
"Nós teremos que discutir a sua audição seletiva em algum
momento, você sabe", eu disse quando meu telefone vibrou com outro
texto. "Mãe, eu tenho que ir. Nós podemos-"
"Nós não podemos falar sobre isso mais tarde. Eu preciso saber se
você pode me ajudar ou não."
"Você não pode me ligar do nada e pedir…"
"Não seria ‘do nada’ se você ligasse para casa mais vezes", ela disse
sorrateiramente.
Inspire. Expire. De repente eu pude entender perfeitamente a frase
"meu sangue estava fervendo": eu podia sentir bolhas de estresse se
formando dentro das minhas veias, pulsando e me aquecendo de dentro
para fora. Eu tinha passado do ponto de ebulição, e estava chegando
perto de escaldar. Antes que eu pudesse explodir, tentei mais uma vez.
"Aqui está a coisa, mãe. Eu preciso que você seja razoável. Eu não
posso voltar para casa toda vez que você entrar em apuros ou-"
"Eu não estou em apuros, Roxie. Estou-"
"Talvez não neste momento, mas no funso é a mesma coisa, apenas
embrulhado num bonito pacote de rede de televisão. Isso não vai mais
acontecer".
“Eu paguei sua faculdade, Roxie, e dois anos no American Culinary
Institute. O mínimo que pode fazer é isso."
OK. É isso aí.
"Você sabe o quê, mãe? Não. Eu não estou fazendo nada disso“, eu
disse com raiva enquanto outro texto chegava no meu celular. ”E você
só pagou pelo ACI porque tinha acabado de ganhar na loteria."
Ela permaneceu teimosamente em silêncio. Este era geralmente o
ponto da conversa onde eu cedia. Mas não desta vez.
"Ok, mãe. Enquanto você está tentando descobrir o verdadeiro
significado da vida e saltar em um tanque de tubarões ao largo da costa
da África do Sul com a tia Cheryl, que não sabe nadar, eu vou ficar
aqui. Em Los Angeles. Trabalhando como um burro de carga, tentando
construir um negócio e manter minhas próprias luzes acesas, para que
eu não tenha de viver no meu carro”. Respondi enquanto mais um texto
chegava.
"Você realmente acha que eles vão fazer-nos entrar num tanque de
tubarões?"
"Oh, vá fumar um cigarro mãe!" Eu desliguei, perguntando-me como
no mundo ela poderia ser ridícula o suficiente para pensar que eu
largaria tudo e voltaria para casa para fazer o seu jantar. Inacreditável.
Eu tinha uma vida, clientes, e eu tinha... bom senhor, outro texto?
Eu olhei para o meu telefone, que apresentou seis mensagens
esperando por mim. Não, sete - outra acabou de chegar. O que estava
acontecendo? Abrindo o primeiro, eu vi que era de Shawna, uma
cliente.
Roxie, eu não preciso que você cozinhe para mim na próxima semana.
Desculpe pelo aviso de última hora, mas eu vou ter que cancelar as
refeições que você tem planejado para a próxima semana e na semana
seguinte. Vou entrar em contato com você no futuro, talvez.
Espere o quê? Miranda era outra cliente. Ela tinha estado comigo
por alguns meses, recomendada por... Mitzi. Ah merda!
Eu abri o próximo texto. Até o momento em que eu tinha lido todos
eles, cada cliente a quem Mitzi recomendou meus serviços tinha
cancelado. Desistido. Me largado.
Por causa de chantilly que virou manteiga???
Ou talvez sobre o gesto do dedo obsceno?
Eu odeio essa cidade.
Referências eram tudo numa cidade como esta, e por causa de Mitzi
St. Fodida Renee, eu era agora uma pária culinária. As metidas
mulheres plasticamente refeitas e com mais dinheiro do que Deus
tinham decidido acabar com a minha carreira num jogo de mentalidade
de rebanho. Os poucos clientes que restaram só me chamavam
ocasionalmente, para eventos ou quando seus horários permitiam.
Embora eu amasse a Califórnia, realmente estava começando a
odiar LA. O dinheiro era ótimo aqui, mas o dia-a-dia, ter que lidar com
essas pessoas, era quase demais às vezes. E o dinheiro só era bom... até
acabar. Eu tinha acabado com a maior parte das minhas economias
num novo motor para o jipe, e estava temporariamente em baixa no
departamento de fluxo de caixa.
Todos os clientes, todos aqueles dólares confiáveis, tinham
desaparecido no espaço de um telefonema. Meu estômago deu um nó
com o pensamento de ter que reconstruir meu negócio. Uma bolha de
preocupação flutuou enquanto eu corria mentalmente através da minha
lista de clientes, imaginando quem poderia ser capaz de usar meus
serviços em tempo integral – ou, pelo menos, numa base regular.
Então meu celular apitou com outro texto. Oh Deus. Mais alguém
baleado no tiroteio de manteiga?
1 Tequila.
Eu acordei, hmm, digamos, tarde, com meu rosto coberto de polpa
de limão e preso na minha poltrona de couro sintético. Eu olhei o
relógio. Viva! Consegui quase quatro horas de sono assistido pela
tequila. Foi uma boa noite, considerando que eu normalmente só
consigo dormir, em média, cerca de três horas por noite. Sofrendo de
insônia intermitente desde a escola primária, eu tinha me adaptado a
dormir pouco.
Tropecei para a cozinha e procurei cegamente pelo café, recusando-
me a pensar que fui demitida. Bocejando, peguei o café recém coado,
ovos mexidos com alguns tomates, alho, espinafre e um toque de crème
fraîche. Ralei um pouco de queijo sobre o produto acabado, tirei um
pedaço de pão challah perfeitamente preparado da torradeira, em
seguida, agarrei meu café e voltei para o couro sintético.
Enquanto mastigava, uma revista tabloide sobre a mesa chamou
minha atenção. Meu prazer culpado. Eu apoiava-as num carrinho de
receita enquanto estava cozinhando, às vezes. Enquanto desossava um
frango assado, eu tirava o atraso das fofocas em Tinseltown. Mas esta
manhã eu percebi que conhecia a pessoa na capa. Ela era uma cliente.
E gostaria de pensar que talvez fosse uma amiga.
Ouvi falar pela primeira vez de Grace Sheridan quando o mundo
inteiro estava se concentrando em sua outra metade, Jack Hamilton.
Um jovem ator britânico incrivelmente de boa aparência, ele tinha sido
o queridinho do mundo da mídia por alguns anos agora, e enquanto a
sua estrela continuava a brilhar, a imprensa estava constantemente
especulando sobre quem era a nova paixão desse astro de cinema. À
medida que o mundo descobriu que a ruiva não identificada era
realmente Grace Sheridan, atriz, rapidamente a enxurrada de mídia
tornou-se numa tempestade, especialmente quando ela anunciou ao
mundo que eles eram um casal, tomando-o pela mão e publicamente
afirmando-o como dela num tapete vermelho. Eu sabia de tudo isso a
partir do que tinha lido online. Mas, quando ela me ligou um dia para
me pedir para cozinhar para ela enquanto se preparava para uma nova
temporada de sua série de TV de sucesso, pude começar a conhecer a
mulher por trás das capas de revistas.
Ela era engraçada. Ela era doce. E adorava comida. E eu estaria
cozinhando para ela mais tarde hoje. Merda! Eu tinha esquecido
completamente da minha cliente, aquela que estava me esperando para
jantar esta noite. Eu levei cinco minutos para esfregar meu rosto e
vestir algumas roupas limpas antes de pegar minhas facas e correr para
o mercado.
Eu tinha cozinhado para Grace no ano passado. Ela era uma fã
ferrenha de comida, e também gostava de cozinhar, então só me
chamava para ajudar quando sua agenda ficava muito exigente. Dois
atores morando na mesma casa, ambos trabalhando em horários
loucos. Quando eles contratavam um chef privado era uma vantagem
para algumas pessoas, e um salva-vidas para outras.
Grace tinha sido muito franca na imprensa sobre sua inconstância
peso, e ela levava sua figura muito a sério. Jack? Levava-o ainda mais
sério...
A primeira vez que encontrei Jack Hamilton, ele estava roubando
muitos beijos de sua noiva enquanto roubava cenouras da tigela de
salada em que eu estava trabalhando. Eu estava um pouco tonta por
estar tão perto de uma grande estrela de cinema, mas tontura e uma
faca não funcionam tão bem juntas, então eu fingi que tudo era natural
e cozinhei uma refeição maravilhosa. Tão incrível que eu me tornei sua
chef particular ocasional.
Passeei por todo mercado, pegando coisas que eu sabia que ela
gostaria: rúcula, frisee, chalotas, limões, bife cabide, alcachofras de
Jerusalém, prosciutto e peras Bosc. Uma encantadora fatia de cheddar
inglês. Porque, graças a Deus, Jack e Grace gostavam de sobremesa. E
isso os tornava quase alienígenas numa cidade que sempre franzia a
testa para a coitada da sobremesa. Então, no carrinho também
acrescentei farinha, açúcar, ovos e a linda e maravilhosa manteiga.
Uma hora mais tarde eu me encontrava na cozinha ensolarada de
duas das estrelas mais brilhantes de Hollywood, separando massa de
bolo em duas bandejas de pão, com Grace do outro lado da ilha de
cozimento.
"Não faz sentido você me pagar para cozinhar quando faz metade do
trabalho."
"Eu sou como seu chef ajudante", Grace protestou quando eu puxei
um banco da cozinha e apontei para ela.
"Sente-se, relaxe e fique do seu lado da cozinha, e então vou deixar
você lamber isso." Eu levantei o batedor.
"É uma coisa boa que Jack não está casa; ele nunca deixaria uma
frase como essa passar", disse ela com uma risada. "Mas eu quero
lamber isso, então vou ficar por aqui."
Sorri quando pensei em como eu mantive o domínio sobre uma das
maiores estrelas da televisão com apenas um batedor de doces. Por que
não poderiam todos os meus clientes ser como ela? Ela ficou em
silêncio por alguns minutos enquanto lia um script, e eu trabalhei em
meus bolos de limão. Mas ela nunca podia ficar calada por muito
tempo...
"Então, todos eles simplesmente cancelaram? Só isso?" Ela
perguntou, olhando para cima de seus papéis.
Eu mantive meu olho em minhas panelas. "Eu não deveria ter dito a
você. Isso foi incrivelmente não profissional."
"Também foi incrivelmente pouco profissional quando Jack ofereceu
sexo em troca de outra porção pudim. Não profissional é como nós
agimos".
Bufei com a lembrança. Eu tinha feito um pudim tradicional Inglês
numa noite, e Jack ficou fora de si. Tão fora de si que realmente tinha
oferecido seu corpo em troca de futuros doces ingleses.
Eu realmente não deveria ter descarregado tudo em Grace. Mas, em
algum lugar entre guardas as compras do supermercado e a poda da
alcachofra, ela tinha percebido que algo estava me incomodando. E
antes que eu percebesse, toda a história tinha derramado.
"Então, sua mãe quer ir em The Amazing Race, hein?"
"Ugh, sim. Ideia ridícula".
"Eu não sei, eu vi o show algumas vezes. Sempre parece divertido."
"Oh, não é que não pareça divertido. É apenas... hmm... como
explicar a minha mãe?" fiz uma pausa, batendo as fôrmas de pão sobre
o balcão para retirar quaisquer bolhas de ar antes de colocá-los no
forno. "Ela é uma hippie dos anos oitenta. Ela foi pega em toda aquela
coisa de segunda onda".
Ela assentiu com a cabeça. "Eu me lembro disso. Compre seus
brincos sinal de paz em Contempo Casuals."
"Exatamente." Entreguei-lhe os batedores prometidos, e ela
começou a lambê-los. "Mas ela ficou presa nessa época. Ela diz que é
um espírito livre, mas eu tenho outra palavra para descrevê-la".
"Irresponsável?", Ela perguntou.
"Sim. Irresponsável. Ela é ok, mas quando fica toda concentrada
sobre a lua estar na sétima casa, esquece de coisas como pagar a
empresa de energia elétrica para manter as luzes acesas na casa.
Felizmente ela me teve para cuidar do dia a dia, pelo menos. Sem
mencionar os inúmeros 'tios' que estavam constantemente ao nosso
redor."
"Ah", disse ela, mudando para o outro batedor.
"Eram todos bons rapazes, e ela simplesmente odiava ficar sozinha.
Então teve certeza que isso nunca acontecesse. Ela se apaixonou por
vários ‘alguéns’ que nunca preocuparam em olhar duas vezes para ela”.
Minha mãe estava convencida de que cada homem que conheceu era o
escolhido. Ou que o próximo seria aquele por quem ela estava
esperando, quando o relacionamento anterior terminava. E eu tinha
visto as consequências incontáveis disso tudo quando os príncipes
finalmente se cansavam e carnificina era deixada para trás. O choro, a
gritaria, a compulsão de açúcar, Van Morrison gritando sem parar na
vitrola. E então o suspiro inevitável quando o próximo cara aparecia em
seu laço do amor hippie.
"Então ela é uma romântica?" Grace perguntou.
"Você diz romântica, eu digo co-dependente." Lavei as peras na pia.
"Você diz romântica, eu digo medo de ficar sozinha. Você diz romântica,
eu digo por que no mundo alguém se colocaria a mercê de tanto
aborrecimento e dor de cabeça "
E era exatamente por isso que eu gostava dos meus
relacionamentos simples, cheios de sexo e sem amor. Meu problema
para dormir era um grande motivo para garantir que os homens nunca
passassem a noite, também. Uma vez que eles saíam, eu finalmente
conseguia cair no sono, sozinha. Insônia acompanhada de outro ronco
humano na mesma cama era a melhor receita para garantir que eu
literalmente nunca conseguisse dormir. Além disso, eu não via
nenhuma razão para ficar olhando sem jeito para um homem a noite
toda depois que a parcela de exercício noturno tivesse sido concluída,
então eu mandava-os seguirem seus caminhos. Eles não pareciam se
importar, e eu evitava todas as besteiras.
Grace ficou pensativa por um momento, e eu podia ver sua mente
trabalhando. "Ok, então você não encara as coisas da mesma maneira
que sua mãe."
Eu balancei minha cabeça. "Além da busca da minha mãe pelo
amor eterno, a única constante em nossas vidas foi o jantar. Eu preciso
de mais controle na minha vida do que isso."
"O restaurante da sua família?"
"Sim, meu avô abriu o Callahan uns mil anos atrás. Comecei a lavar
pratos lá quando tinha dez anos, eu acho. Consegui amar esse trabalho
infantil. Quando meu avô morreu, minha mãe herdou o
estabelecimento. Não é nada especial, apenas uma espécie de ponto de
encontro numa cidade pequena".
"Parece bom."
"É, totalmente. Foi lá que eu percebi que queria ser uma chef. Mas
eu nunca quis administrá-lo, nem mesmo por um curto período de
tempo. Você tem alguma ideia de quanto tempo leva administrar um
restaurante familiar mal sucedido? Esqueça férias. Esqueça liberdade.
Esqueça uma noite tranquila. E mesmo se você está em casa, você está
atendendo a telefonemas sobre uma batedeira quebrada ou um
frigorífico que está vazando, ou uma garçonete cuja unha rompeu na
saladeira e sobre como devemos fechar o lugar até encontrá-la". Eu
suspirei, exalando a tensão que sempre se estabelecia quando eu
pensava sobre o nosso sonho americano.
"Além disso, esqueça ter qualquer tipo de privacidade numa cidade
como Bailey Falls: todo mundo sabe tudo sobre todos. Você é quem você
é, e eles não permitem que você esqueça disso. Passei toda a minha
infância vivendo na sombra da minha mãe, esperando até ter dezoito
anos e poder ficar longe de casa, só para ter a chance de ser uma
criança. Assim, minha mãe pensar que eu tinha que largar tudo e
correr para casa.... oh, isso me irrita."
"Eu posso dizer. Você descascou a pera até o caroço", disse ela
suavemente, e eu olhei para baixo. Eu tinha feito exatamente isso, de
fato.
"Oh, pelo amor de-" Toda a casca estava empilhada na pia,
juntamente com toda a pera. "Eu sinto muito, isso é terrível. Vamos
falar sobre você: o que está acontecendo com você?” Jogo toda a casca
no ralo e começo a trabalhar numa nova pera fresca.
Ela me deu um olhar que me disse que não perdeu o jogo de ‘trocar
de assunto’, mas que ia jogar junto. Ela me contou tudo sobre a nova
temporada do show, então me contou alguns segredos do set do novo
filme ‘Tempo’ que Jack tinha acabado de filmar. Era, uma franquia de
filmes de sucesso baseado numa série de contos eróticos. Um cientista
viajante temporal, visitando mulheres ao longo do tempo... não parecia
uma má maneira de passar uma noite no cinema. No momento em que
o jantar estava quase pronto, eu tinha quase conseguido esquecer que
alguma coisa existia além do presente jantar e dos maravilhosos
clientes.
Eu estava apenas tirando o bife da panela e colocando-o para o lado
para descansar quando um farol brilhou pela janela de trás quando um
carro estacionou na entrada da garagem. Eu me virei para ver Grace,
que se iluminou tanto quanto os faróis – ela até mesmo corou um
pouco. "Jack chegou!" Ela parecia tão genuinamente feliz que eu tive
que sorrir também, mesmo que ela tenha me lembrado da minha mãe
perpetuamente apaixonada por um momento.
Olhei ao redor da cozinha, com sua cor de madeira mel quente e
ilha de mármore gigante. Fotos do casal e seus amigos estavam
penduradas nas paredes, em detrimento de sofisticados trabalhos de
arte. Flores estavam derramadas casualmente fora de potes, e não havia
nenhum enorme arranjo de florista nesta casa. Porque não era apenas
uma casa, era um lar... Ao contrário de todas as outras casas em que
eu cozinhei, Grace e Jack eram o impossível nesta cidade plástica:
pessoas reais. Eu sentia falta de pessoas reais.
Mas eu não tinha necessidade de ser a terceira roda para pessoas
reais nesta noite. Assim, quando Jack entrou pela porta de trás, eu
juntei minhas ferramentas.
Ele imediatamente chamou sua noiva, "Venha cá, Maluquinhas, eu
estive esperando para correr minhas mãos em você! Hey, Roxie." Jack
sorriu preguiçosamente sobre a parte superior dos cachos ruivos de
Grace quando a envolveu num abraço. "Eu esqueci que você estaria
aqui hoje à noite. Cheira muito bem, o que é?"
"Bife marinado num pouco de coentro e molho de soja e cortados
numa cama de rúcula bebê e frisée, com alcachofra de Jerusalém
assada levemente com suco de limão e queijo pecorino," eu disse,
levando seus pratos para a mesa. "Jack, você também está recebendo
Peras de Bosc embrulhadas em presunto, e uma fatia grande de seu
pudim Inglês favorito. Grace, você só ganha as peras".
"Por que ela não ganha gostosuras especiais também?", ele
perguntou, sentando-se em sua cadeira e tentando puxar Grace para o
seu colo.
"Eu não ganho guloseimas especiais porque tenho uma cena de
sexo para filmar em duas semanas", disse ela levemente, dando um
beijo na bochecha dele e mal escapando de seu colo.
"E já que eu estou pulando as guloseimas, posso ter bolo mais
tarde", disse ela, cavando em sua salada. "E eu posso também ter
lambido os batedores."
"Queria ter estado aqui para ver isso", disse Jack em voz baixa.
Eu balancei a cabeça e silenciosamente terminei de limpar a
cozinha enquanto eles comiam seu jantar. Que amaram.
Depois que eu derramei calda de mel e limão sobre os bolos ainda
quentes e me preparei para ir, Jack e Grace começaram a me implorar
para ficar.
"Você deve comer bolo com a gente", disse Jack, movendo-se
facilmente ao redor da cozinha.
Jack Hamilton com uma braçada de Tupperware: Eu poderia vender
essa imagem para uma revista e nunca ter que trabalhar novamente.
"Não é possível, mas obrigada pela oferta. Eu tenho que chegar em
casa e arrumar algumas coisas", eu disse, deslizando minha última faca
na bainha, exatamente quando meu telefone tocou. Minha triste
realidade: minha mãe. Eu lidaria com ela mais tarde.
"Tudo bem?", ele perguntou, preocupação evidente em seus olhos
quentes.
Inacreditavelmente eu senti meus olhos queimando um pouco.
Engoli em seco ao redor do repentino nó na minha garganta.
"Ela está bem. Vou acompanhá-la até lá fora", disse Grace,
enganchando um braço no meu e indo em direção à porta dos fundos.
"Brilhante jantar, Roxie, realmente excelente. Obrigado mais uma
vez," Jack respondeu, assobiando enquanto voltou sua atenção em
reorganizar o interior da geladeira.
Eu soltei um enorme suspiro aguado enquanto me dirigia para fora
no ar da noite. "Eu sinto muito sobre isso. Eu não sei o que deu em
mim agora”. Eu funguei um pouco, enxugando os olhos quando
andamos em direção ao meu carro.
"Você teve um péssimo dia e isso acontece. Converse com sua mãe".
"Ela vai acabar me convencendo a fazer isso para ela," eu disse,
colocando minhas coisas na parte de trás do meu carro.
"Eu odeio dizer isso, porque iria significar que seus bolos estão
saindo, mas talvez você precise de uma pausa. Talvez esta fosse uma
boa ideia. Sair da cidade por um tempo, limpar sua cabeça."
"Se eu sair, vou estar deixando tudo em aberto."
"Você já perdeu a maior parte de seus clientes, Rox", disse ela.
"Exceto por nós, é claro, seus favoritos."
"Claro." Eu suspirei. "Você sabe por que eu amo cozinhar para
você?"
"Por que você pode olhar para Jack?"
"Obviamente. Mas fora isso, eu sinto falta de cozinhar comida real.
Comida caseira. Calorias que se danem."
"Alimentos reais no mundo irreal. Eu ouvi isso." Grace riu. "Ligue
para a sua mãe, dê sua opinião e decida o que quer fazer. Mesmo se
você sair, sempre pode voltar."
"Oh, eu voltarei. Levei dezoito anos para sair daquela pequena
cidade, e não há nenhuma maneira que eu vá ficar lá para sempre",
disse, balançando a cabeça.
"Ótimo! Se você voltar, desculpe, quando você voltar, eu vou
trabalhar nas suas recomendações. Conhecemos toneladas de pessoas
que poderiam precisar de uma grande chef, e nenhum deles são
comedores de plástico. Vai dar tudo certo."
"Vá comer o seu bolo. Eu guardei para você, exatamente 113,5g.
Não mais", eu disse, subindo em minha Wagoneer.
"Vamos ver", disse ela com uma piscadela.
Poucos minutos depois, eu estava na metade do caminho de volta
para casa, no meio do canyon. Assim que tive sinal, liguei para minha
mãe. Eu escutei o que ela disse.
Então, fui para casa e olhei para a minha pilha de contas,
comparando-a com o meu rendimento salarial agora inexistente. Liguei
para minha mãe de novo.
“Roxie, já passa da meia-noite.”
“Estou voltando para casa, mãe. Eu vou cuidar do restaurante. Você
vai me pagar um salário. Isso vai durar exatamente o tempo que leva
para você correr ao redor do mundo com a tua Cheryl. Então eu estarei
saindo de novo, e não haverão mais favores. Para sempre. Fui clara?”
“Ah sim. Obrigada, minha filha fantástica, obrigada! Quando você
estará aqui?”
“Eu vou ligar de manhã e então poderemos acertar todos os
detalhes, ok? Você ganhou, mãe, então desfrute.”
Eu suspirei, deitando-me na minha cama. Merda. Eu estava
voltando para casa.
Uma semana depois, eu tinha sublocado meu apartamento,
arrumado minhas coisas, dito ao meu homem brinquedo que estava
saindo durante o verão – sem ele, obvio – e começado a dirigir.
Dirigir pelo país sozinha pode ser chato, especialmente no início de
uma viagem. Desculpe, Nevada, desculpe, Utah. Eu gosto do que vocês
têm a oferecer ao mundo, os jogos de azar e os Osmonds e tudo mais,
mas quando você está se sentindo insegura sobre suas escolhas de
vida, o deserto não é um ótimo lugar para dirigir sozinha por horas a
fio.
Por outro lado, com apenas cactos, areia e um urubu real de
testemunha, o deserto é o lugar perfeito para baixar as janelas do carro
e cantar "Sweet Caroline" a plenos pulmões. Eu até fiz os meus próprios
vocais de apoio, dando a cada bah- bah- bah meu tudo, e executei
algumas guinadas em toda a faixa amarela que dividia a pista como
forma de dança.
Era possível que o deserto estivesse me enlouquecendo.
Mas ele também manteve as memórias longe. Memórias que
vibravam novamente entre as músicas. Pensando em passar algum
tempo no leste, e talvez ver minhas melhores amigas Natalie e Clara, me
fez pensar sobre quando todos nós nos encontramos e o tempo especial
que tive com elas em minha vida.
Eu tinha saído de casa para o Instituto de Culinária Americana em
Santa Barbara, convencida de que seria o canhão que iria atirar-me
para fora na idade adulta. O lugar onde eu finalmente encontraria a
vida e o destino que me eram reservados. Onde eu poderia me
concentrar em mim mesma, longe das catástrofes perpétuas da minha
mãe ou do constrangimento do ensino médio.
Eu tinha sido uma garota tímida, embaraçosa até. Não pertencia
nem aos atletas, nem aos totós, anormais ou aos nerds: eu estava numa
espécie de intersecção de ninguém. Não é como se houvesse uma
panelinha colegial composta por alimentos esnobes. Não havia
toneladas de crianças que passavam seus fins de semana aperfeiçoando
tortinhas de queijo de cabra ou fazendo degustações de azeite em seu
quintal.
Eu fiz ambos.
Eu era tímida; Eu era toda cotovelos e joelhos, e corava sempre que
alguém olhava para mim. Eu até atrapalhei o meu caminho através da
minha primeira grande sessão de amasso com um estudante de
intercâmbio da Finlândia, depois de ficar bêbada com bebidas
contrabandeadas. Ele tocou meus seios e eu gostei. Mas então vomitei.
Ele nunca ligou de novo.
Uma vez eu tinha prendido o zíper do meu casaco num nó no meu
cabelo na hora do almoço, e passado cinco minutos tentando me
libertar antes de, com calma - eu esperava que parecesse calma, -
começar a comer os feijões verdes feitos com amêndoas e Gruyère que
eu tinha trazido de casa, tentando não notar o olhar fixo dos colegas da
classe. Certa vez, tropecei e cai um lance de escadas na frente de toda a
minha classe, terminando com a minha saia em volta da minha cintura.
Uma vez eu escolhi a caixa errada na minha atribuição de classe
eletiva e, em vez de me inscrever para o ‘Taste of the parade: mundo de
delícias culinárias’, me inscrevi para a classe de debate, e passei um
semestre inteiro temendo como um temporizador de ovo, fui um
fracasso suado em meu caminho através de "Qual era o compromisso
do Missouri?”
Quando me formei, estava determinada a redefinir quem era Roxie
Callahan, para decidir que tipo de pessoa eu queria ser, como queria
me apresentar para o mundo. E a beleza de ir para a faculdade é que
ninguém tem uma ideia preconcebida de quem você é.
Além disso, no ACI eu estava no ambiente exato em que se supunha
que eu deveria estar. Estava com pessoas como eu. Ficávamos
animados quando uma nova caixa de foie gras chegava, eu salivava
quando trufas estavam na época, e tivemos absoluto tesão quando
aprendemos a caramelizar pele de galinha para um enfeite.
E por falar em tesão... Vamos falar de tesão. Eu gostei muito desses
tempos cheios de tesão. A escola de culinária foi uma panela de fondue
de tensão sexual, com todos nós morrendo de vontade de se espetar e
lambuzar. Junto com a confiança que veio de aprender a cozinhar bem,
eu também ganhei confiança em meu corpo.
O cabelo castanho crespo tornou-se elegante e saltitante depois de
ser apresentado a alguns tratamentos de alisamento. O estilo de vida da
Califórnia deu-me um agradável bronzeado durante todo o ano, e as
sardas que eu tinha tentado desvanecer com suco de limão quando era
criança tornaram-se um quadro agradável para os olhos.
Eu também fiz amigos, e alguns desses amigos eram meninos. E os
meninos eram divertidos. Depois de ver a minha mãe flutuar sobre cada
indivíduo com uma semelhança passageira com Tom Selleck (seu ideal),
eu fiz o oposto. Flertei com diferentes sabores, e apreciei junto com
cada um deles a merda do meu empoderamento recém-descoberto,
tornando-me fisicamente - mas nunca emocionalmente - enredada com
qualquer cara com quem tive uma fantasia.
Porque Roxie Callahan não estava indo pelo mesmo caminho que a
mãe, que saltava de um relacionamento para outro com uma criança
numa das mãos e um romance Harlequin na outra, esperando o
próximo homem varrê-la para fora de seus pés hippies. Nah-nah. Eu
tinha uma carreira para construir.
Foi o que fiz. Quando meus instrutores me davam feedbacks, eu
prosperava. Trabalhei no que eles apontavam, melhorando os pequenos
ajustes aqui e ali que faziam a diferença entre executar e dominar uma
técnica. Para entender como um respingo de vinagre de champanhe
exatamente no momento certo poderia elevar a receita, mas se
adicionado apenas um momento mais tarde iria turvar e transformar
um prato de outra forma aceitável. Isso era pura perfeição. Passei horas
incontáveis nessas lindas cozinhas de aço inoxidável misturando
ingredientes, jogando com sabores, saboreando o processo: todas as
coisas que você realmente não consegue fazer quando está trabalhando
numa cozinha de restaurante.
Embora eu soubesse que rotina diária de um restaurante não era
assim, eu acreditava que uma vez que você elevasse a comida à uma
forma de arte, o artista teria tempo para trabalhar. Mas não era assim
que funcionava. Ser um chef executivo num restaurante com estrelas
Michelin não era nada do que eu estava sonhando. Era pessoal e folha
de pagamento, gestão, críticas e avaliações, ficar à frente – atrás - da
casa e, ocasionalmente, se perder em sua cozinha e realmente cozinhar.
Então, eu encontrei-me à deriva: apaixonada pelo processo de criação
de comida, mas convencida de que no fundo a agenda agitada de um
restaurante, somado a cozinhar sob pressão constante, nunca sobraria
qualquer liberdade para mim.
Mas eu aprendi: aproveitei a oportunidade de cozinhar comida
bonita enquanto durou e graduei-me com honras. E ofertas. Ofertas de
aprendiz para trabalhar em algumas das melhores e mais inovadoras
cozinhas de restaurantes no país, até mesmo no exterior.
Mas eu sabia que não seria feliz nisso. Não era glamour e fama que
eu queria, era a oportunidade de criar. Eu odiava o stress das
operações do dia-a-dia de uma cozinha profissional, portanto, com a
orientação de um professor, eu escolhi a vida mais calma de um chef
privado.
Foi a melhor decisão que eu poderia ter tomado. Como chef privada
eu poderia me destacar, e a minha comida falaria por si. Às vezes até
encontrava-me dando algumas dicas para cliente aqui e ali: truques de
compras, como se certificar que a massa da torta sempre saia perfeita,
como caramelizar sem queimar as cebolas e como esculpir uma galinha.
E não uma daquelas coisas desossadas e sem pele - pessoas com menos
de quarenta nunca aprenderam como lidar com um frango de verdade,
coisa que agora só chefs e idosos sabiam como fazer. E eu gostei do
aspecto "ensino" do meu trabalho. Era o "algo extra". Eu podia fazê-los
sentir como se a contratação de um chef privado não tivesse sido
apenas um luxo, mas algo de valor inestimável.
Eu fiquei na Califórnia, movendo-me por todo o Golden State
sempre que o humor mudou ou um novo cliente chamou. Santa
Barbara, San Diego, Monterey, finalmente estabelecendo-me em Los
Angeles. Eu sempre ouvi dizer que você aprendia a dizer não em seus
trinta anos, por isso meus vinte anos foram todos em dizer sim. Para
um novo emprego, uma nova cidade, uma nova experiência. A menos
que fossem ilegais (principalmente), perigosos (realmente), ou tivessem
relação com sexo anal (não vai acontecer), eu raramente disse que não.
Eu raramente voltei a Bailey Falls também, preferindo ter minha
mãe me visitando no oeste. Eu gostava da minha vida, eu gostava da
nova Roxie, e estava determinada a nunca mais voltar a ser a antiga
Roxie novamente.
Mas, enquanto evitei o estresse de trabalhar com chefs executivos
arrogantes e o drama de bartenders dormindo com garçons cantores, eu
não contornei o estresse de ser a única responsável por garantir as
indicações que tinham que continuar a chegar. Meu sustento dependia
quase inteiramente de referências e, embora eu trabalhasse pra
caramba para construir meu negócio, eu não tinha segurança. Sem
salário garantido a cada semana. Nenhum seguro médico. Nenhum
plano dentário. Sem promoções. Nenhuma família. Restaurante de
família, quero dizer.
Esse pensamento me trouxe de volta ao presente, quando eu estava
dirigindo por todo país para salvar minha mãe. Liguei o rádio e me
concentrei em ficar na pista correta.
2
3 São todos nomes de pratos servidos no restaurante.
"Estou tão feliz que você achou a minha nota."
"Que nota?" Perguntei enquanto ela voltava a me olhar, seus olhos
me avaliando.
"Na porta da frente, dizendo que eu estava trabalhando no primeiro
turno. De que outra forma você saberia que eu estava aqui?"
"Imaginei. E não havia nenhuma nota, mãe." Eu balancei minha
cabeça.
"Claro que havia. Eu colei na porta da frente enquanto saía esta
manhã, quando eu... Oh aqui está", disse ela, balançando a própria
cabeça para o pedaço de papel que tirou do avental:
"Oh, bem, você está aqui! Isso é tudo que importa! E chegou bem na
hora certa; estamos com alguns probleminhas. Carla ligou às 4 da
manhã dizendo que estava doente, então eu tive que abrir esta manhã,
e uma das nossas lavadouras de louça se demitiu na semana passada,
e eu não tive a chance de substituí-la ainda. Você trouxe seu avental?"
"Trazer meu avental? Mãe, eu… eu literalmente vim direto para cá
depois de dirigir a noite toda e..."
"Sem problemas, basta pegar um da parede. Eu preciso voltar ao
trabalho, vamos falar quando a correria terminar, ok? Obrigada,
querida!", Ela gritou, virando-se para Maxine, uma das garçonetes mais
velhas. "Aquelas espigas estão ficando frias, leve aquelas coisas para a
mesa sete, rápido!"
"Que espigas, Trudy? Roxie! Ótimo ter você em casa de novo!". Foi
sua resposta, e o caos retornou.
Eu estava presa no meio de tudo isso, me perguntando o que diabos
tinha acontecido.
"Você se lembra de como descascar batatas? Nós estamos ficando
com poucas batatas fritas, e eu adoraria ter mais algumas prontas
antes da loucura do almoço." minha mãe chiou quando passou por
mim, me virando em direção a uma montanha de sacos de batata.
"Eu sei como descascar batatas, pelo amor de Deus", eu murmurei,
irritada, percebendo que não havia nenhuma maneira que pudesse me
livrar disso tudo. Minha mãe já estava voltando para o balcão da frente,
gritando por cima do ombro: "Pedido um, fazê-lo através do jardim e
fixar uma rosa nele."
"É mais rápido só dizer hambúrguer com alface e tomate," Eu disse
às batatas, que olharam para mim suavemente. Porque elas tinham
olhos, você sabe.
Peguei um avental limpo da parede, agarrei a menos maçante e
menos propensa a me cortar faca do bloco, e comecei a encher uma
panela de hotel com água para colocar as batatas de molho. Nós
servimos batatas fritas no restaurante, grandes o suficiente para encher
um pão de cachorro-quente. Mas isso não significa que elas não
poderiam ser batatas fritas perfeitas. Então eu estabeleci-me com a
minha faca, descascando, cortando e alinhando-as com uniformidade
perfeita. Eu cortei fora os pontos pretos, aparei os verdes e me perdi nos
detalhes.
Com gritos de pedidos e entregas, Eve passando com uma tampa na
mão, e vários outros barulhos ecoando em torno de mim, eu me
concentrei nos ângulos retos escorregadios, certificando-me que eles
estivessem perfeitamente afiados antes de entrarem no banho de água.
Minha mãe apareceu para pegar a primeira panela de batatas
prontas para fritar, e olhou com curiosidade como eu me concentrei na
remoção de uma casca teimosa. "Elas vão ficar cobertas de molho ou
mergulhadas em ketchup; elas não precisam ser uma obra de arte,
Rox."
"Você me disse para descascar batatas. Isto é como eu descasco
batatas", respondi, jogando outro pedaço na panela quando ela se virou
para ir.
"Acenda um fogo, ou nós nunca terminaremos isso", ela instruiu e
eu revirei os olhos. "Eu vi isso!", Ela gritou.
"Eu não estava escondendo!" Eu peguei outra panela e enchi-a de
água.
Agora eu tinha uma missão: fazer uma perfeita porção de batatas
para fritar, e rápido. Me afastei mentalmente do barulho e dos ruídos e
baixei a cabeça na tarefa. Mãos voaram, dedos dançaram, e a panela foi
gradualmente preenchida com batatas artisticamente pontudas. O
tempo voou enquanto eu enchia panela após panela, e os sacos foram
esvaziando.
Quando uma das outras garçonetes bateu no meu ombro em
saudação e acabou me assustando, minha faca escorregou da minha
mão, pousando na parte de trás da bandeja da água. Inclinando-me
sobre a panela para recuperá-la, me desequilibrei e consegui submergir
meu peito na água fria da batata. "Merda", eu disse, sentindo a água
fria escorrendo pelo lado de dentro da minha camisa e por toda a minha
barriga. Fiz uma pausa do meu frenesi e olhei em volta. Havia panelas
de batatas em todas as superfícies de trabalho no meu canto. Huh.
Acho exagerei um pouco!
"Por Deus, Roxie, quantas batatas fritas que você acha que
precisamos?" Minha mãe perguntou quando virou a esquina.
"Elas vão durar até amanhã – ou até o dia seguinte, talvez ", eu
respondi, um pouco envergonhada.
"Está tudo bem, eu vou reservar um espaço para guardá-las. Como
se sente sobre a limpeza de algumas ervilhas?", Ela perguntou, me
entregando uma grande panela de vagens de ervilha. "Cortar o fim,
retirar a parte fibrosa."
"Eu sei como limpar uma vagem," resmunguei. "Cortar o fim..." Eu
enchi a panela com água, bufando. "Tirar fora a parte fibrosa. Sem
brincadeira."
"Você começou a falar sozinha lá em Hollywood?" Minha mãe
brincou, enfiando a cabeça na porta e quase sendo atingida no rosto
com a ervilha que eu joguei nela. Ela riu e desapareceu de volta para a
cozinha.
Eu suspirei, espreguicei-me e passei a trabalhar novamente. Depois
disso, eu estava tirando uma soneca.
Depois de um tempo eu me tornei ciente de um formigamento na
parte de trás do meu pescoço, e olhei por cima do meu ombro para
encontrar a fonte. Em seguida, várias coisas aconteceram dentro de
poucos segundos, embora eu os visse em câmera lenta:
Fantástico!
4 Nome do prato.
agricultor foi inteligente o suficiente para anunciar a si mesmo antes de
algo sair voando.
"Você está armada?"
Olhei por cima do meu ombro para ver Leo, vestindo um sorriso
provocante. Eu respondi com meu próprio sorriso, segurando minhas
mãos no ar: batata em uma, descascador na outra.
"Eu estou, e talvez seja melhor você não chegar muito mais perto",
eu disse muito a sério. Balancei a cabeça em direção à cesta em cima
das caixas que ele carregava. "Eu não posso acreditar que você trouxe
nozes para uma luta de batata."
"Eu admito que não correu bem para mim da última vez", disse ele,
caminhando até minha estação e largando as caixas que carregava. "Ou
correu muito bem para mim da última vez, dependendo do ponto de
vista."
"Ponto de vista é importante," eu disse, soltando o descascador. Ele
estava mais perto do que eu esperava, e me vi olhando para os seus
incríveis olhos verdes, brilhantes e curiosos. "Então, o que você me
trouxe hoje?"
Sem tirar os olhos dos meus, ele bateu levemente na pilha de
caixas. "Alguns tipos diferentes de alface, incluindo uma nova
variedade. Bastante erva-doce e cabeças de alho. Alho poró, aipo, couve
e um grande e gordo nabo. E um agrado: os primeiros morangos." Ele
ergueu um pequeno saco de papel, abriu o topo e eu olhei para dentro.
Localizados na parte inferior estavam um punhado de morangos gordos,
vermelhos e salpicados com folhas verdes aromáticas.
"Mmm." Eu respirei. "Isso cheira a verão."
"É verdade, certo?", ele respondeu, tirando um dos pequenos frutos.
"É uma nova variedade que estamos tentando. Teve baixo rendimento
até agora, mas são os morangos mais doces que eu já provei."
"Mesmo?" Ele parecia igual a todos os outros que eu já tinha visto.
"Tente. Experimente-o ", disse ele, me oferecendo o morango.
"Eu não aceito doces de estranhos."
"Não é doce, e nós não somos estranhos. Nós pintamos juntos."
"E caímos algumas vezes."
"Exatamente", ele balançou a cabeça, me oferecendo a fruta mais
uma vez. "Coloque isso em sua boca."
"Isso é exatamente o que um estranho pode dizer," eu disse, mas
abri a boca.
Ele deixou o morango cair sobre minha língua, e seus olhos
enrugaram quando eu soltei o suspiro mais ínfimo.
"Esse é um morango delicioso."
Eu gosto de pensar que sim", respondeu. Olhamos um para o outro
exatamente dois segundos a mais do que o necessário, em seguida, eu
segui em frente.
"Então, e sobre todas as nozes?" Eu perguntei, olhando para a cesta
grande.
"Há um bosque da mesma idade que a propriedade, e estamos
sempre colhendo. Então eu comecei a adicioná-las às entregas, e as
pessoas gostaram."
De repente, inspirada, eu disse: "Eu vou fazer bolo de noz! Não faço
um há tempos, e eu poderia fazer alguns com a quantidade de nozes
que você me trouxe."
"Eu sinto que todas as nossas conversas foram baseadas em nozes",
disse ele.
Inclinei a cabeça para o lado, meus pensamentos atraídos de volta
para o agricultor muito bonito na minha frente. "Concordo. Como
podemos mudar isso?"
"Você quer vir conhecer minha fazenda?"
"Oh sim. Devo levar um pouco de bolo de noz?"
Ele balançou a cabeça, e eu fiz ele me alimentar com outro
morango.
Amor do verão, aconteceu tão rápido...
5
você, mas eu tirei todas elas na primavera passada e não me preocupei
em colocá-las de novo."
"Quem sabe nesse outono você possa fazer isso." Eu disse, subindo
no carro. "E sim, eu sei que sou uma espertinha. Onde estamos... hey!”
Eu não tinha afivelado o cinto de segurança ainda quando ele acelerou
e saiu do local.
Nós dirigimos por uma estrada de terra, por trás dos celeiros de
pedra. Enquanto nos avançávamos e saltamos dentro do carro,
considerando a velocidade que Leo estava, de alguma forma ele ainda
conseguiu manter-nos na estrada e conectar seu iPod num painel que,
quando instalado originalmente, provavelmente continha um leitor de
cassetes. Eu sei disso porque minha mãe ainda tinha um desses na
nossa sala de estar. Era uma coincidência ele pegar um de seus álbuns
favoritos, também.
"U2?", Perguntei, segurando a barra de segurança.
"Oh yeah", ele respondeu. "Melhor banda do mundo."
"Minha mãe costumava tocar esse álbum por horas quando eu era
criança."
"Será que ela tem uma faixa favorita?", ele perguntou, virando-nos
para outra estrada de terra, que continuava ao longo de alguns dos
campos.
"Nove", eu disse, conhecendo a lista de faixas de Achtung Baby de
cor. Eu sorri quando ouvi a abertura com a batida de bateria. E eu
esperei pelo o aborrecimento que geralmente acompanhava um
pensamento sobre a minha mãe, mas ele não veio.
"Boa música", disse ele, batendo a mão no volante no ritmo da
música. Eu batia muito, mantendo-me no Jeep, como nós fomos em
torno de uma curva apertada. Eu o acompanhei no batida, o que me
desencadeou um enorme sorriso dele. O sol estava baixo no céu,
destacando as culturas altas mais para baixo da propriedade. Aqui fora,
pés de milho estavam subindo, o trigo estava acenando, e... “...O que é
isso?”
"É centeio."
"Como o do pão?"
"Como o da grama. É uma boa cultura de inverno, e funciona como
cultura de cobertura ou como alimento para o gado, que vai acabar
ficando neste campo. O que sobrar vai virar feno no final da temporada,
e eu vou vendê-lo a alguns dos produtores de leite da região."
"Como Oscar, da fazenda ao lado?", Perguntei.
"Alguém estava prestando atenção", brincou ele. Antes que eu
pudesse provocá-lo de volta, ele fez outra manobra louca e, de repente,
estávamos dirigindo para a floresta.
"Onde diabos estamos indo?"
Ele apontou para a estrada. "Por aqui."
Eu bufei. "A sensação é de conto de fadas, com todos esses bosques
e tal. Você não vai me levar para uma cabana feita de doces e tentar me
comer, não é?"
"Hoje não", disse ele, olhando-me de lado.
Eu olhei-lhe de volta. "Bem, não seria tão ruim", eu disse, mantendo
minha voz baixa. E com isso ele começou a andar mais devagar. "Eu
estava brincando! Não venha todo ‘Colheita maldita’ pra cima de mim!",
brinquei.
"Relaxe. Nós chegamos."
"Onde?" Estávamos num lugar totalmente remoto, bem longe de
onde viemos.
Ele caminhou para o meu lado do jipe e estendeu-se para desatar o
cinto de segurança. Quando o fez, sua mão roçou a parte externa da
minha coxa e eu respirei fundo. Ele se virou para mim com o som, seu
olhar reconhecendo o motivo. Eu franzi minhas sobrancelhas para ele,
tentando encobrir a sensação. Mas a mão na minha coxa. Oh Deus!
"Então, onde estamos?" Repeti.
"Vamos sair daqui, Ervilha", disse ele, pegando minha mão e me
puxando para fora do carro sem portas. Ele soltou minha mão logo que
eu estava estável, mas eu ainda podia senti-lo. Sem mencionar o prazer
que certamente apareceu no meu rosto por ele me chamar de ervilha.
Oh, agora era a hora de terminar o que tínhamos começado
anteriormente.
Ele partiu para um caminho fechado pela floresta. Nós tínhamos
andado quase 100 metros quando ele parou e eu por pouco não trombei
com suas costas. Recuperando-me, eu olhei ao meu redor.
"O que estamos procurando?", sussurrei.
"Por que você está sussurrando?", ele respondeu de volta.
"Eu não sei", eu disse, ainda sussurrando. "E você não respondeu
minha pergunta."
"Está do outro lado dessa grande árvore." Ele apontou para uma
árvore que supostamente ocultava algo que eu deveria ser capaz de ver.
"Leo, eu odeio dizer isso, mas às vezes preciso que as coisas sejam
explicadas detalhadamente para mim. Então, há algo que eu deveria
estar vendo? Eu não entendo."
Ele me puxou na frente dele e se inclinou para baixo, com o queixo
quase descansando no meu ombro. Então apontou com uma das mãos,
e virou meus quadris com a outra, murmurrando em meu ouvido.
“Consegue ver agora?"
E eu vi. Depois de acabar com o motim de borboletas na minha
barriga agitadas pela sensação de Leo curvando-se contra as minhas
costas, eu pude ver as ruínas de uma antiga casa com fundação de
pedra. Árvores cresciam entre os antigos muros, e o segundo andar
havia caído há anos. Uma chaminé de pedras do campo ainda estava
inclinando-se precariamente na parede oposta enquanto a parede de
frente para nós se foi.
"Uau", eu respirei.
"Você sabe o que é tudo em torno dessa casa, certo?", Perguntou
ele, bem no meu ouvido.
Misericórdia. Eu adorava a sensação dele atrás de mim. Eu poderia
me acostumar com isso.
"Não?"
"Suas nogueiras." Ele me cutucou, obrigando-me a andar para
frente, sua mão se movendo do meu quadril para a parte inferior das
minhas costas. "Se as árvores estavam aqui antes da casa, ou se
cresceram depois que a casa foi abandonada, porem, eu não tenho
ideia."
"Oh, sério, isso é muito legal!", eu disse, encantada com a ideia de
estar conhecendo as árvores que me ajudaram a fazer um bolo tão
delicioso. Ele balançou a cabeça para mim, em sincronia comigo. Eu
adorava saber da onde a minha comida estava vindo. Eu o deixei me
levar para a casa, escolhendo meu caminho cuidadosamente através
das rochas caídas e dos escombros antigos. A luz do sol se infiltrava
através das árvores criando um pequeno bolso de verde no meio da
construção. "Isso ainda é sua propriedade, certo?"
"Tecnicamente é propriedade da minha família, então sim. Mas nós
não temos a mesma ideia sobre preservação", disse ele, caminhando
para a maior árvore, presa e retorcida.
Fiquei maravilhada com a ideia de que essa família possuía tanta
terra por tanto tempo. "Portanto, esta é uma nogueira, hein? Eu nunca
teria reconhecido."
"Eu não saberia também, até que estive aqui fora num dia no
outono e encontrei todas as cascas no chão. Temos outro bosque onde
posso coletá-las, mas ainda venho aqui colher algumas todos os anos."
"E a casa? Foi sua família que construiu?", perguntei, olhando para
a fundação de pedra.
"Acho que não. Eu pesquisei um monte de mapas e levantamentos
da propriedade antiga, e parece que essa casa é parte de uma fazenda
mais velha que foi abandonada muito antes dos Maxwell chegarem". Ele
disse seu nome de família com um traço de amargura. Mas antes que
eu pudesse perguntar mais alguma coisa, ele se virou para mim. "De
qualquer forma, eu só achei que você gostaria de vê-lo."
"É bom vir aqui. É calmo, sossegado. Há bolsões de tranquilidade
onde eu vivo agora, mas você tem que dirigir muito longe para encontrá-
los."
"Já estive em LA muitas vezes. Pacífica não é a primeira palavra que
me vem à mente para descrevê-la."
"Hmm," eu disse, inclinando a cabeça para trás contra a árvore e
olhando para o dossel. O verde sobreposto às folhas e galhos
balançando no alto com a brisa não chegava até onde nós estávamos.
Leo encostou-se em sua árvore e eu inclinei-me mais contra a minha, e
nós bebemos da quietude profunda da floresta. Eu respirei o cheiro da
poeira e das folhas secas, e o cheiro verde de coisas que crescem,
exalando um suspiro longo e lento.
"Esse foi um suspiro tipo: 'este lugar é chato'?", perguntou ele do
outro lado da clareira.
Eu balancei minha cabeça. "De jeito nenhum. Esse foi um suspiro
do tipo 'que dia delicioso que este acabou se tornando'. O clima perfeito,
temperatura perfeita, cenário perfeito. Eu aprendi porquê as galinhas
atravessaram a estrada, e também de onde as nozes vêm. Comparado
com o que os meus dias têm sido em LA recentemente, isso foi
exatamente o que eu precisava."
"Um suspiro de um bom dia," ele repetiu, empurrando-se para longe
de sua árvore e caminhando lentamente em direção a mim.
"Um suspiro de um ótimo dia," alterei.
"Um upgrade? Por que a mudança de bom para ótimo?"
Ele estava perto o suficiente agora, e eu podia ver o pouco de
vermelho fraco em sua barba ao longo de sua mandíbula, o local em
sua camisa que estava desgastado por anos de lavagem, as veias no
interior de seu antebraço bronzeado e o quão fortes suas mãos
aparentavam ser.
"E está a caminho de se tornar impressionante", eu respondi,
passando os braços ao redor da árvore atrás de mim e imitando uma
donzela em perigo. Eu olhei para ele através de cílios abaixados. Roxie
californiana em cena. "Especialmente se você continuar vindo para cá."
O sorriso que preencheu seu rosto era menos ‘agricultor amigável’ e
mais ‘pirata sexy’. Então de repente ele estava lá, dentro do meu espaço
pessoal.
Era hora de chutar as engrenagens deste romance de verão. Lá
estava eu, encostada a uma árvore numa floresta, com os braços atrás
de mim e meus seios empurrados para a frente, no sinal internacional
de ‘beije-me, seu idiota’. E lá estava ele, todo movimentos lentos, olhos
ardentes e antebraços irresistíveis, um pouco estranho e perigosamente
sexy.
E então lá estava também um enorme zangão, voando em volta de
mim. Ele bateu no meu ouvido, bombardeou meu pescoço, riu na
minha cara e voou direto para baixo, entre os meus seios.
Fiquei instantaneamente desesperada, gritando e batendo em meu
peito durante o surto. Arranquei minha camisa para chegar à abelha e
corri em círculos ao redor da árvore, sacudindo meu sutiã enquanto
gritava a plenos pulmões.
"Roxie? Roxie! O que diabos está acontecendo?"
"Abelhaaaaaaaaaa!" Eu gritei quando ele parou na minha frente,
fechando as mãos em torno dos meus braços e tentando, embora não
forte o suficiente, não olhar para os meus seios, agora lutando para se
manter dentro dos bojos do sutiã.
"Tudo bem, acalme-se. Ela não vai picar se você se acalm-"
"Sim vai! Abelhas são idiotas!" Eu gritei, dançando como louca e
tentando me soltar.
"Você é alérgica?"
"Não!"
"Então pare de se contorcer!"
"Não!"
"Acalme-se, por favor."
"Foda-se!" Eu gritava enquanto a abelha zumbia dentro do meu
sutiã. "Abelhaaaaaa!"
Meu cérebro primitivo tomou conta, e de repente uma saída vertical
parecia ser a minha única opção. Subi no Leo como se estivesse
escalando um poste. Ele tinha um bocado de abdômen para eu escalar
em direção aos ombros. Envolvi minhas pernas em volta de sua cabeça,
apertando as coxas em seus ouvidos e arqueei para trás, em direção a
árvore. Com a casca da nogueira em minhas costas e um grito em meus
lábios, eu bati no meu sutiã novamente. A abelha olhou para mim, eu
olhei para ela e ela me encarou.
Embora eu nunca tenha sido picada por uma abelha antes, sempre
tive medo de todas as coisas pequenas. Eu não participava de festas no
jardim ou churrascos ao ar livre, e me recusei a carregar flores num
casamento ao ar livre uma vez, tudo por causa de uma pequena abelha.
Eu golpeei entre os meus seios mais uma vez, e finalmente consegui
nocauteá-la. Ela ziguezagueou algumas vezes, me lançando um olhar
por cima de seu ombro desagradável de abelha, em seguida, fugiu
floresta a dentro, para fazer o que estava fazendo antes que a senhora
louca decidisse implodir. "Ugh", eu disse, tremendo.
"Ugh?", Disse uma voz de baixo.
Lembrei-me de onde estava, do que tinha acontecido e de onde Leo
agora tinha seu rosto. Olhando para baixo, eu escovei seu cabelo loiro
da testa para ver seus olhos olhando para os meus.
Oh. Eu estava tão mortificada. "Estou tão envergonhada!"
"Ah gawna seh donna oo", veio sua resposta abafada. Eu deslizei
mais para trás contra a árvore, liberando seus lábios dos meus shorts
bastante curtos.
"Desculpe?", eu cantei, tentando fazer com que isso não ficasse
ainda mais completamente estranho.
"Eu disse" ele agarrou minhas mãos "que vou", moveu-me para sair
debaixo de mim "colocá-la" eu voei no ar antes que ele me pegasse
ordenadamente "para baixo agora."
Eu estava em seus braços, sem camisa, com o cabelo cheio de casca
de arvore e meu peito vermelho dos meus tapas. Ele estava coberto de
lama dos meus sapatos, respirando pesadamente e mantendo as mãos
firmemente na minha cintura, segurando-me a uma distância segura.
Ele balançou a cabeça. "Você é como um acidente de trem, não é?"
Empurrei um pouco de cabelo para longe do meu rosto. "Puiiiii?"
Graças a Deus ele riu.
Então ele galantemente se virou enquanto eu vestia minha blusa de
volta, o que foi doce, considerando que ele já tinha tido uma visão
substancial das mercadorias. Em seguida, ele começou a caminhar de
volta para o jipe.
"É sempre assim com as abelhas?", perguntou.
"Onde?", perguntei, esquivando-me automaticamente. Minha
frequência cardíaca ficou elevadíssima com o pensamento de que a
abelha havia retornado para se vingar.
"Calma aí, ela está muito longe."
"Bom", eu disse, examinando a área.
"Ela provavelmente está dizendo a todos os seus amigos para se
desviarem da senhora andando na floresta em sua roupa de baixo."
"Hey!", eu disse, dando-lhe uma cotovelada. "Era apenas o meu
sutiã."
Ele apenas balançou a cabeça e riu. "Não há mais natureza para
você hoje." E colocou a mão na parte inferior das minhas costas
novamente, me guiando em direção à estrada.
Tudo estava calmo, e era possível ouvir os sons de nossos pés
esmagando a vegetação rasteira. Eu olhei para ele com o rosto quase na
sombra. Passava do anoitecer - nós ficamos na floresta por um tempo.
Os vaga-lumes estavam começando a ligar, provocando aqui e ali na
penumbra. Nós tínhamos passado a maior parte da tarde juntos, e ela
tinha voado.
"Abelhas à parte, obrigada por me trazer aqui. E desculpe
novamente sobre a escalada. E os gritos."
"Da próxima vez, menos gritos. Escalada é bom; só me dê um aviso
antes", ele respondeu com um sorriso fácil.
Nós tínhamos chegado ao jeep. "Escalada", eu anunciei em
advertência, dando um passo para o alto e fixando-me em meu lugar.
Ele ficou de pé ao lado do carro por mais um momento, e eu olhei para
ele com curiosidade. "O que foi, Leo?"
"Você só estará aqui durante o verão, certo?", perguntou, seus olhos
olhando fixamente para os meus.
Eu me senti o mais ínfimo dos solavancos passando através de
mim.
"Mmm-hmm." Talvez isso fosse mais fácil do que eu pensei, se nós
dois quiséssemos a mesma coisa. Essa média...
Ele se inclinou para o jipe, uma mão segurando a barra de rolo
sobre a minha cabeça e a outra descansando no painel. Enjaulada por
seus braços fortes, eu olhei para o rosto dele. O canto de sua boca se
levantou num sorriso furtivo. "Então eu deveria me jogar nisso."
Em seguida, seus lábios estavam nos meus, quentes e macios.
Mmm. Meus olhos ainda estavam abertos, procurando os seus.
Emocionada e encorajada por sua súbita mudança, minha boca moldou
à dele. O beijo foi rápido, muito rápido - antes que eu pudesse fechar os
olhos e começar a me divertir ele se afastou, lambendo os lábios e
sorrindo como um gato.
"Hey, volte aqui", eu insisti, deslizando minhas mãos atrás de seu
pescoço, meus polegares acariciando suas maçãs do rosto. Eu puxei
sua boca de volta à minha, deleitando-me com a sensação. Sua barba
fazia um pouco de cócegas, rouca e suave ao mesmo tempo. Eu gostava.
Eu mais do que gostava, realmente. Eu podia ver como muito
rapidamente poderia começar a almejar por isso. Inclinei-me para o
beijo, levantando-me um pouco do banco e roçando seus lábios com os
meus. Nós nos beijamos de novo e de novo, e pequenas explosões de luz
eclodiram a cada vez. Eu suspirei em sua boca e ele se afastou um
pouco. Tentei seguir seus lábios e ele riu.
"Isso foi um suspiro de 'isso é chato'?”
"Você está de brincadeira? Foi um suspiro de 'por favor, me beije
mais'." Eu pressionei mais um beijo em seus lábios.
"'Por favor, me beije mais?’", ele perguntou, com os olhos cheios de
divertimento.
"Uh-huh!". Balancei a cabeça, colocando um beijo em sua testa,
nariz, queixo, e um final sobre sua boca. "É assim que todos os passeios
pela fazenda terminam?"
"Eu diria que essa é primeira vez." Ele riu, inclinando-se sobre mim
e afivelando meu cinto de segurança.
"Bom", respondi enquanto ele caminhava para o seu lado do jipe.
"Eu gosto de ser original."
"Oh, eu percebi isso", ele respondeu, ligando o carro e me dando um
sorriso sexy.
Meus joelhos fraquejaram. Eu não pude evitar. Voltamos para a
casa principal, onde ele me colocou no meu carro, e então me beijou
mais uma vez antes de eu sair.
E enquanto eu dirigia para casa brinquei com meu ipod,
percorrendo canções até que encontrei Achtung Baby. Eu tinha
esquecido o quão incrível este álbum era.
Quando o alarme disparou na manhã seguinte às 4:30, eu comecei
a listar todas as razões pelas quais eu deveria odiar minha mãe. Por
4:37 eu tinha dezessete razões bem pensadas que dificultariam o
pagamento de fiança nos termos da lei do Estado de Nova Iorque. Mas
por 4:57 eu estava no carro, cabelo molhado e amarrado para trás em
um coque, caneca de café na mão, pronta para um dia de trabalho.
Eu odiava levantar tão cedo, como qualquer humano normal. Não
havia nada pior do que ser arrastado para fora da cama antes que o sol
tivesse sequer tivesse nascido, para limpar caixas de gordura e cortar
setenta cabeças de alface para "salada". Esta foi a minha vida desde
cerca dos onze anos de idade até a graduação do ensino médio. A
mesma coisa, dia após dia. Foi parte da razão pela qual eu tinha
escolhido o caminho de chef particular: havia sempre algo novo e
excitante para brincar, novos menus para criar, novos paladares para
atormentar.
Eu esmaguei esse pensamento enquanto me dirigia para a cidade.
Quando o sol rastejou sobre as montanhas, eu gemia e resmungava
sobre quão cedo eu tinha que ir para o restaurante. No entanto, havia
algo sobre o ar tão cedo, especialmente no verão: era limpo e fresco.
Embora a previsão dissesse que ia ter chuva, agora o céu estava claro,
sem um traço de umidade.
Eu bocejei enquanto estacionava em meu lugar atrás da lanchonete.
Tinha dormido particularmente mal na noite passada. Foi porque eu
tinha ficado entrando e saindo dos meus sonhos? E por dentro e fora...
Bem. Sim, de fato. Eu toquei meus lábios, em memória da sensação de
sua boca na minha, e com um sorriso secreto abri a porta traseira e
comecei meu dia.
Por volta das 8:00 eu tinha legumes preparados para o dia, seis
lotes de carne temperada e pronta no forno para o serviço de almoço e
estava gritando de volta para Maxine e Sandy enquanto elas faziam os
pedidos. Comandei a grelha até que Carl chegou às 9h, e então fui para
o frigorífico para ver algo novo para o almoço do especial de amanhã.
Quarta-feira tinha sido dia de guisado de carne desde que o tempo
começou, mas eu pensei que poderia tentar algo um pouco diferente. Se
Albert estava disposto a tentar algo novo, alguns dos outros clientes
leais podem estar abertos a tentar também. Modificar o ensopado não
era exatamente como negociar um tratado de paz no Oriente Médio,
mas poderia ser minha pequena vitória.
Sustentando a porta da cabine um pouco aberta, para evitar ficar
presa, observei as prateleiras, notando a desorganização da minha mãe.
"Carl, tudo bem se eu trabalhar aqui um pouco? Reorganizando
algumas coisas?" falei.
"Claro, claro Roxie, posso me virar sozinho aqui fora", resmungou
ele, bem-humorado.
Eu sabia que ele ficava mais feliz quando era deixado sozinho. Carl
tinha trabalhado aqui por mais tempo do que alguém poderia lembrar;
até a minha mãe não tinha certeza de quanto tempo ele tinha estado
por aqui. Uma das minhas primeiras lembranças era de Carl jogando
água na grelha para limpá-la. Eu gostava de trabalhar com ele. Ele
ficava quieto e não deixava as garçonetes puxá-lo para qualquer drama,
e nunca perdia a calma, mesmo quando estávamos em nosso momento
mais movimentado.
Eu dei um passo para fora até a cozinha, para pegar meu agasalho.
"Chame-me se ficar apurado, ok?" Dei um passo atrás para pegar a
prancheta do gancho e comecei a fazer um inventário.
Arrumei tudo para ficar organizado e prático. Proteínas de um lado,
legumes e frutas do outro. O menu era tão fortemente dependente dos
itens padrão do restaurante (bife, empadão de frango, hambúrgueres,
etc.) que a nova organização ficou um pouco esparsa; a maior parte das
entregas frescas ia direto para o freezer para ser mais tarde. Enquanto
reorganizava, comecei a pensar em quais maneiras que eu poderia
redirecionar alguns desses ingredientes. Eu estava profundamente
envolvido em calcular quantos quilos de batatas eu precisava para
batatas fritas e se eu tinha de sobra para fazer batatas gratinadas
quando ouvi uma batida na porta.
"Eu estou indo, Carl," falei, começando a abrir a porta.
"Por que de repente eu estou com ciúmes de Carl?" Leo encheu a
porta com seu corpo grande e seu sorriso.
"O que você está fazendo aqui?", perguntei quando ele deu um
passo em minha direção. "Não é o seu dia de entrega normal."
"Você acreditaria em mim se eu dissesse que tinha algumas
beterrabas para trazer?"
"Isso dependeria da beterraba", eu disse. "O que mais você tem?"
"O que você está vestindo?", perguntou, dando mais um passo em
minha direção.
Eu recuei para a alface. "Isso?" Abri os lados do meu muito atraente
moletom cinza de capuz.
"É muito foda", disse ele, tomando o último passo e deslizando as
mãos dentro do meu moletom, estabelecendo-se baixo em torno dos
meus quadris.
"Você realmente não me trouxe beterraba, não é?" Eu disse, não
sentindo mais o frio em torno de mim agora. Eu deixei minhas mãos
viajarem até seu peito, deslizando para cima e em volta de seu pescoço.
"Eu fiz", ele murmurou, seus polegares deslizando por baixo da
minha camisa um pouquinho. "Eu trouxe beterrabas insanas."
"Oh homem," suspirei, e logo mudei para um “snortmmm” quando
ele acariciou minha nuca. "Você me trouxe mais alguma coisa?"
Ele aproximou seu rosto do meu, corando só um pouquinho. "Eu
estou um pouco hesitante em te responder isso agora."
"O que você trouxe?", perguntei, sacudindo os ombros.
Ele enterrou a cabeça mais uma vez no meu pescoço. "Um
realmente grande pepino", foi sua resposta abafada. Eu joguei minha
cabeça para trás e ri. Ele continuou seu caminho, agora varrendo beijos
de volta em direção ao meu ouvido.
"Eu estou pegando minhas beterrabas de volta e indo para casa", ele
sussurrou, e meu riso parou quando ele lambeu minha pele.
"Não, não, você teve todo esse trabalho só para me trazer um
pepino. Pelo menos deixe-me vê-lo."
Ele gemeu em meu pescoço. "Agora você está me matando." Ele
tentou se afastar, mas eu logo o puxei de volta.
"Você deve ficar apenas mais um minuto", eu disse, virando a
cabeça para lhe permitir um melhor acesso ao meu ponto doce. Bem, o
local mais doce acessível agora, pelo menos. "Oh sim... você
definitivamente deve ficar mais um minuto... ou sete."
Ele respondeu com um beijo na minha clavícula. "Será que essa é
versão de restaurante de Sete Minutos no Céu6? Eu me sinto como um
adolescente."
"Eu posso lhe oferecer uma versão melhor", eu disse, arqueando-me
para ele e sentindo meus seios imprensados contra seu peito. "Minha
mãe está fora da cidade. Você quer vir para o jantar hoje à noite?"
"Agora você está falando minha língua", ele disse à alça do meu
sutiã, que ele estava empurrando para o lado para dançar beijinhos na
pele por baixo. Meu ombro estava no céu. Ele reuniu meu cabelo para
trás em seu punho, varrendo-o dos meus ombros, e respirou fundo.
"Alguém já te disse que você cheira a mel?"
"Isto certamente explicaria as abelhas."
Ele levantou a cabeça. "Você está ciente de que no segundo em que
você disse a palavra abelha, todo o seu corpo congelou?"
Eu suspirei. "Eu realmente acredito na história 'quando as abelhas
sumirem, assim acontecerá com o planeta também', mas elas ainda são
idiotas."
Ele baixou a cabeça de volta para o meu ombro. "Você é maluca."
Eu sorri. "Mas você ainda quer lamber meu mel, não é?"
Ele gemeu.
Minutos mais tarde, depois de ajeitar o cabelo dele com as mãos
para suavizar as marcas que minhas mãos haviam feito, e endireitar a
minha camisa, Leo saiu, dizendo: "Ok então, eu vou trazer as
beterrabas quando estiver na época certa.”
“E eu posso ouvi-la.”
Ohhh.
“Deixe-me entrar”
Desci correndo as escadas e abri a porta. Leo estava no quintal,
olhando para a minha janela. Jesus, ele realmente sabia o que eu
estava fazendo. Eu fui para a varanda de camisola, e quando a porta de
tela se fechou atrás de mim, ele olhou na minha direção.
Seus olhos se arregalaram quando ele viu o que eu estava vestindo
e quão rosada eu estava, considerando o que eu estava fazendo. Ele
atravessou o pátio em três passadas e encurralou-me contra a porta em
mais uma.
Eu deveria ter sabido quando ele lambeu minha coluna que esse
cara seria minha ruína. "O que você está fazendo aqui?"
"Eu não conseguia dormir", disse ele, seus braços me enjaulando,
cutucando entre as minhas pernas. "Não conseguia parar de pensar em
você." Sua boca desceu para o meu ombro, beijando um caminho em
direção ao meu pescoço, ao longo do meu queixo e para a minha boca.
Ele pairou lá, sua respiração misturando-se com a minha. Agarrei seus
quadris, puxando-o para mim, faíscas voando dos nossos corpos.
"Eu estava pensando em você também." Sussurrei. Quando ele
empurrou minhas pernas mais abertas e pressionou sua coxa no meu
calor, eu engasguei.
Ele assentiu. "Eu ouvi."
E então ele me beijou com força - dentes batendo, cabeças girando -
desta maneira frenética. Se eu pudesse ter escalado para dentro de sua
boca eu teria feito exatamente isso. "Roxie?", ele disse, afastando a boca
da minha por um breve segundo. Eu queria beijá-lo novamente, não
queria que seus lábios ficassem longe de mim sequer por um instante.
"Mmm?" Eu consegui responder.
"Foda-se", ele assobiou quando eu esfreguei seus quadris nos meus
mais uma vez. "Estou morrendo de vontade de te ver."
"Eu?", perguntei, arqueando contra a porta para obter mais
alavancagem. "O que você quer ver?"
Ele puxou a alça da minha camisola. "Isso." Ele beijou entre os
meus seios. "Você. Toda você." Ele falou com a minha pele, sua
respiração quente.
E foi assim que todos os meus sentidos foram preenchidos com Leo.
A maçaneta da porta de madeira contra as minhas costas me arranhou
enquanto ele empurrava seus quadris nos meus, moendo contra mim e
causando a minha ruína. E eu senti tudo. A forma como a minha pele
reagiu ao seu corpo, os arrepios subindo pelos meus braços mesmo
através do calor da noite, a forma como a luz do galpão iluminava seu
perfil, me mostrando partes de sua maçã do rosto, os cabelos
despenteados e a mais sexy barba... essa mesma barba deslizando entre
os meus seios, seu nariz e dentes já empurrando minhas esparsas
peças de roupa em torno de minha clavícula para permitir-lhe melhor
acesso para me devorar. Os gemidos da parte de trás de sua garganta
enquanto ele lambia meu umbigo.
"Você cheira a mel e parece o céu", ele murmurou, sua voz áspera
alcançando minhas orelhas tontas antes que ele subisse de volta até o
meu corpo para plantar beijos sobre cada polegada do meu pescoço.
Eu esqueci o meu nome. Eu esqueci o nome dele. Eu só sabia que
tinha uma maçaneta na parte inferior das minhas costas, o que parecia
ser uma maçaneta entre as minhas coxas, e que eu estava mais uma
vez subindo nele, como aparentemente eu tinha nascido para fazer.
E então a maçaneta entre as minhas coxas se moveu, parecendo
muito mais como um batente de porta. Como o tipo que você
encontraria numa catedral.
E falando em ver Deus, a mão direita de Leo deslizou por baixo da
minha cocha e puxou-a em torno de seu quadril. Essa mão áspera e
calejada na minha coxa suave me fez querer chorar - era tão bom.
Enquanto eu ainda era capaz de falar, levantei sua cabeça do meu
ombro e olhei-o nos olhos.
"Se isso acontecer, e eu preciso que isso aconteça..." Fiz uma pausa,
porque, embora seus lábios tivessem parados, seus quadris não
estavam, e a moagem estava lentamente dissolvendo meu cérebro. Meus
próprios quadris circulavam, doendo, precisando.
"Necessidade é uma palavra curiosa," ele murmurou com um círculo
lento de seus quadris. "Você precisa de comida. Você precisa de água.
Você precisa de abrigo."
"E de sexo. Sexo também é uma necessidade", respirei enquanto
seus lábios se moviam para baixo para morder meu pescoço. Com uma
mão - uma mão! - ele rasgou minha camisola do meu corpo. Eu pisquei.
O tecido era agora apenas farrapos e retalhos. Eu pisquei novamente.
Puta merda.
"Eu estou chegando na parte do sexo", respondeu ele, usando a
mesma mão para abrir a parte de trás do meu sutiã e atirá-lo por cima
do ombro também. Com os olhos queimando enquanto me observava,
agora ele falou diretamente com os meus seios. "Eu estava pensando
que a palavra necessidade era curiosa, porque agora mesmo eu
necessitava ver seus peitos mais do que qualquer outra coisa no
mundo. Não ‘eu teria gostado de ver seus peitos’ ou ‘eu achava que seria
ótimo vê-los’. O correto é ‘eu necessito ver seus peitos’."
Riso borbulhou de dentro de mim e derramou-se sobre ele, deixando
a noite quente e pegajosa envolta numa pequena dose de bobeira, que
foi espelhada em seus olhos quando ele os levantou do meu peito e
olhou para o meu rosto com um pequeno sorriso.
Escorrei-me em suas boas e fortes mãos, que já estavam em casa no
meu corpo. Em casa? Perigoso.
"Estou feliz que você está tão feliz com nosso acordo quanto eu
estou," eu disse, esquivando-me de seu olhar. Por que usar esse termo
era tão estranho com Leo? Distante. Separada. Solitária?
Eu senti seu olhar em mim e forcei o meu próprio a encontrá-lo.
Encarei-o por alguns segundos enquanto ele permanecia olhando
atentamente para mim, e pude sentir a vontade de desmoronar se
aproximando. Mas então ele acenou com a cabeça e sua boca voltou
para a minha pele, urgente, querendo e necessitando. E eu me
entreguei a ele, toda.
De repente estávamos deitados na varanda, metade dentro da casa
e metade fora e, onde minha calcinha foi? Tudo era Leo, tudo eram suas
mãos, lábios e boca, e quão perfeitamente meu calcanhar cabia nessa
covinha logo acima de sua bunda, e quão insanamente incrível sua pele
parecia contra a minha. Onde é que a camisa dele foi parar? Tudo era
minhas costas se arqueando, sua língua se movendo, minhas mãos e o
agarrar de suas mãos deslizando em meus quadris. Sua barba me
atiçando e coçando. Onde estava seu jeans?
Durou uma eternidade. Ou apenas cinco segundos. Eu não tenho
nenhuma ideia de como deitamos no chão ou como ficarmos nus - tudo
que eu sei é que ele sussurrou, "Eu tenho um preservativo" e eu
sussurrei, "Você é terrivelmente presunçoso", então ele sussurrou,
"Estou errado?" e eu sussurrei de volta: "Claro que não, tenho um na
minha bolsa, apenas no caso de você querer fazer exatamente isso!"
Ainda entre sussurros, ele disse: "Eu não sei quanto tempo eu posso
durar ", e eu sussurrei: "Foda-me duro, então!" Nós dois gememos. Ele
empurrou em mim. Ele era grosso e duro, eu estava molhada e quente,
e ele manteve seus olhos nos meus todo o tempo, não me deixando
olhar para longe, não deixando que eu me escondesse deste contato
íntimo. Quando ele finalmente empurrou para dentro, eu ofegava e ele
suava, e santo inferno, parecia que o mundo abrandou e depois parou
de girar por completo, tornando-se apenas a sensação dele pulsando
profundamente em mim. Eu podia sentir meu coração literalmente
batendo em volta dele.
Uma vez que ele estava lá dentro, ele não se mexeu. Simplesmente
levantou-se sobre mim, seus braços fortes em ambos os lados da minha
cabeça, e me olhou, e algo como alívio percorreu seu rosto, algo quase
triste. Mas, em seguida, o canto de sua boca se elevou e luxúria encheu
seus olhos, e seus quadris empurraram contra os meus. "Puta que
pariu, Roxie," ele gemeu quando se colocou de volta em cima de mim,
minhas pernas envolvidas firmemente em torno de sua cintura.
Foi arrebatador.
8 Bolo Angel's Food (Comida de anjo) é uma variedade de bolo originalmente da América
do Norte que começou a ficar popular nos EUA no fim do século XIX. É assim chamado
por causa de sua leveza aerada, que é associada a "comida dos anjos". Uma variedade de
bolo de chocolate conhecida como Bolo Devil’s food (comida de demônio), considerada o
oposto do Angel Food, é outro bolo popular nos Estados Unidos, desenvolvido mais tarde.
O Angel Food é um bolo tipo esponja (não leva gordura), enquanto o Devil's Food é um
tipo amanteigado.
Aulas de picles zumbi. Tal frase nunca antes tinha sido
pronunciada na história das frases, e muito menos escrita num cartaz.
Mas lá estava ela, na janela da frente da lanchonete, apoiada por dez
conservas de picles. E aparentemente era uma grande obra de arte, de
acordo com Chad. "É irônico, é caseiro, é perfeito!" Ele disse quando
tinha pendurado o cartaz mais cedo naquele dia, fortemente me
ameaçado caso eu resolvesse tirá-lo.
Embora eu tivesse insistido que ensinar ele e Logan a fazer
conservas de picles dificilmente constituía uma "aula", ele insistiu mais.
Então lá estava eu, rodeado por tábuas de corte, pepinos, alho e
algumas dezenas de frascos, à espera da minha primeira aula começar.
O restaurante estava tranquilo, as luzes da frente foram apagadas e a
jukebox estava desligada; apenas o zumbido fraco dos frigoríficos era
audível na cozinha.
Eu bocejei, inclinando-me sobre a bancada. Eu só tinha conseguido
cerca de três horas de sono na noite anterior, e esse tinha sido um
longo dia. Um dos cozinheiros tinha ficado de doente, então eu tinha
trabalhado tanto no café da manhã quanto no almoço durante as
mudanças na grade. Minhas costas rangiam, meus ombros doíam e
meu dedo estava queimado por uma frigideira.
Mas eu também estava surpreendentemente... eufórica. Eu tinha
trabalhado ao longo de um dia duro, mas fiz tudo o que precisava fazer:
apaguei incêndios, literalmente e fiz com que cada pessoa que passou
pela porta amasse uma comida. Eu tinha feito uma nova versão da sopa
de tomate hoje, lentamente cozinhando os tomates com manjericão e
um pouco de salsinha antes de fazer o purê, ao invés de usar o padrão
enlatado. Tinha usado creme fresco também, e então adicionado
croutons de brioche, salpicando tudo com gruyère e pimenta preta. Nós
tínhamos vendido toda sopa antes de 11:00? Possivelmente. Tivemos
mais pedidos de sopa para viagem do que tínhamos tido desde que eu
voltei para casa?
Sim! Toneladas de ordens para viagem.
Junto com a alegria, eu também senti uma sensação de... conforto?
Inclusão? Parecia uma reação perfeitamente natural, já que era a minha
cidade natal, ainda que eu quase nunca tivesse sentido isso antes. E
junto com a alegria e o conforto de pertencer à algum lugar, podia-se
adicionar uma pitada de... borboletas no estômago?
Não, não era isso.
Sopro no coração?
Certeza que eu estava saudável, sem cardiopatias.
Indigestão?
Com esse estômago de ferro fundido? Dificilmente.
Então o que era?
Esperança? Alegria? Intriga?
Indigestão. É isso aí. Demasiados croutons.
Croutons estavam me dando borboletas no estomago?
Mmm-hmm.
Eu ponderei tudo isso enquanto segurava um pepino na mão. O que
naturalmente me trouxe outros pensamentos. Pensamentos que eu não
tive tempo para explorar, já que o proprietário do pepino que eu
desejava estar segurando entrou pela porta da frente, seus olhos
procurando os meus. Deixei de lado as borboletas assustadas pelos
croutons.
Quando Leo viu o que eu estava segurando, seu rosto abriu-se num
sorriso de estrela de cinema.
Nesse instante, todo o ar sumiu da sala. Naquele instante, tudo o
que eu reconhecia era aquele rosto, aqueles olhos e aquele sorriso... e
um pepino que estava aquecendo rapidamente. Naquele instante,
naquele exato segundo... Eu percebi que estava em apuros.
Porque esse cara era incrível.
Porque esse cara era real, doce, gentil, e conhecia todos os tipos de
coisas que poderiam balançar através de cada brecha na minha
armadura, atingindo meu coração até então inquebrável.
Comida.
Orgasmos.
Comida.
Doce.
Comida.
Força.
Orgasmos.
Oh Deus!
Ele era divertido.
Cuidadoso.
Meu tipo.
Não tinha medo de sujar as mãos.
Não tinha medo de falar sujo.
E a surpresa de todas as surpresas: eu já tinha dormido com ele na
minha cama.
"Hey, Ervilha", disse ele. "Que tipo de planos você tem para esse
pepino?"
Oficialmente eu queria lhe dar uma resposta inteligente.
Oficialmente eu gostaria de oferecer algumas brincadeiras espirituosas
para manter as coisas leves e glamurosas. Oficialmente eu joguei fora
cada borboleta alvoroçada pelos croutons que ainda esvoaçava dentro
de mim.
Mas extra oficialmente? A sensação de estar com alguém tão doce
me fez sorrir amplamente. Nada espirituoso saiu pela minha boca; ela
estava muito ocupada sorrindo. E então meu sorriso tornou-se um
beijo, depois dois, depois três. Porque extra oficialmente eu
praticamente saltei sobre o balcão, corri para Leo como uma tola num
filme de Nicholas Sparks e me joguei em seus braços fortes, beijando-o
como se alguém tivesse ameaçado levar sua boca longe de mim.
Seus braços me envolveram, e sua risada surpresa foi rapidamente
abafada pelo meu rosto. Então ele me cobriu de beijos igualmente
urgentes, seus lábios pressionando contra a minha testa, minhas
bochechas, a ponta do meu nariz e, finalmente sobre a minha boca
novamente. Levantando-me, ele me colocou em cima do balcão, abriu
minhas pernas sem encontrar nenhuma resistência da minha parte e
ficou entre elas. Envolvi minhas pernas em volta dele, cruzando-as no
alto de suas costas, e ele deixou sua cabeça cair para frente,
descansando-a em meu peito, as mãos cavando em meus quadris, forte.
"Você me deixa louco, Ervilha." Gemeu.
"Me chame disso de novo e eu estarei cancelando a aula de picles"
Corri minhas mãos pelo seu cabelo e couro cabeludo, obtendo um
gemido satisfeito em resposta.
"Ervilha? Isso te excita?" Perguntou, e eu inclinei a cabeça para
cima em sinal de rebeldia.
"É isso aí. A aula está cancelada." Eu estava prestes a dizer-lhe para
trancar a porta e devastar-me contra o balcão quando ouvi um aplauso
lento, à la todos os filmes dos anos oitenta.
"Muito bom. Será que todas as aulas começam dessa maneira?"
Chad e Logan estavam apoiados na porta, ambos ostentando
enormes sorrisos.
Eu caí contra o peito de Leo, respirando seu perfume inebriante e
expirando minha frustração por ter sido interrompida. Quando olhei
para cima novamente, Logan fez-me uma saudação decididamente nada
cavalheiresca e totalmente juvenil com um pepino, me fazendo bufar
uma risada, mesmo quando tentei evitá-la. Considerando que o clima
tinha acabado, Leo me ajudou a descer do balcão, e eu enfrentei minha
pequena turma de bobos.
"Vocês estão prontos para os picles?"
Eles estavam, de fato, prontos para os picles. E foi isso que nós
fizemos. Eles foram surpreendentemente bons alunos, uma vez que
tiraram todas as piadas sobre o tamanho dos picles fora de seus
sistemas. Eles prestaram muita atenção, seguiram todos os passos e,
dentro de cerca de 90 minutos tínhamos vários frascos prontos para
armazenar. Foi divertido: eu já tinha esquecido o quanto gostava de
ensinar as pessoas a fazerem coisas como esta.
Leo manteve-se perto de mim a maior parte da noite, recusando-se
a responder as perguntas nada sutis de Chad sobre o que estava
acontecendo com a gente, mudando de assunto sem problemas a cada
vez. Foi frustrante para Chad e divertido para mim, e assim
conseguimos manter o foco nos alimentos. Eu queria saber o quão longe
as coisas teriam ido se Chad e Logan não tivessem aparecido... mas
não importa. Eu estava curtindo a noite com três homens lindos, e
poderia começar a ver um deles nu muito em breve. Em resumo, a aula
de picles zumbis foi um total sucesso.
A aula de picles zumbis também foi observada por vários
transeuntes. Afinal, como eles poderiam deixar de ler um sinal como o
que estava na janela? Embora a porta estivesse trancada, isso não
impediu as pessoas de espreitar para dentro. Interessante...
"Devemos fazer mais! Eu quero o suficiente para durar todo o
inverno", Logan proclamou enquanto rotulava seu pote de conserva.
"Estes são picles em conserva, de modo que só estarão bons por
alguns meses. Se você quiser picles que irão durar por mais tempo, tem
que fazer uma salmoura totalmente diferente. Você tem que cozinhá-los
um pouco, como fazemos com geleia ou compota."
"Sim! Vamos fazer geleia também!" Chad fez coro com entusiasmo.
"Ok, todo mundo se controle!" Eu disse enquanto Leo sufocava uma
risada. "Nós podemos definitivamente fazer geleia, mas não esta noite."
Eu sorri para a ânsia deles enquanto pegava alguns dos frascos das
minhas conservas e me dirigia para o refrigerador.
"Que tal na próxima semana? Mesmo horário e mesmo lugar?",
perguntou Logan, e balancei a cabeça concordando.
"Mirtilos acabaram de chegar, e até a próxima semana teremos
framboesas também", disse Leo.
Mmm. Eu amo geleia de framboesa.
"Você sabe fazer doce de maçã?" Chad perguntou enquanto limpava
sua estação. "Minha avó fazia todo mês de outubro, e eu comia metade
de um pão caseiro todos os dias depois da escola, apenas com doce
maçã. Podemos fazer também?"
"Não posso, me desculpe."
"Por que no mundo não?" Então seus olhos se iluminaram com um
brilho malicioso. "E se eu colocar minha velha jaqueta de jogador?"
A cabeça de Logan apareceu de dentro do frigorífico. "Deixe-o vestir
a jaqueta, Rox. Fica quente como o inferno."
"Oh, eu me lembro. Mas a safra da maçã é no outono".
"Então?", perguntou Chad, e Logan me deu um olhar interrogativo.
"Eu não vou estar aqui no outono," disse calmamente, sentindo o
olhar de Leo na parte de trás da minha cabeça. É engraçado como um
olhar pode ser sentido fisicamente do outro lado da sala. "Estou saindo
quando minha mãe voltar de sua aventura surpreendente, lembram?"
Um silêncio caiu sobre a cozinha, e todo o bom humor
aparentemente se foi.
"Além disso, o Lady Jam já vai querer me matar por ensinar vocês
como fazer geleia. Eu não posso tirar seus clientes do doce de maçã
também - ela nunca me deixaria em paz depois disso."
"Você não vai estar aqui para ouvi-la reclamar, de qualquer jeito."
Logan murmurou.
Revirei os olhos. "Ok, zumbis, a aula acabou. Na próxima faremos
geleia, mesmo horário, mesmo local", eu disse, forçando minha voz a
ficar leve e brilhante.
Chad assentiu com a cabeça, me puxando contra ele em um abraço.
"Esta noite foi divertida, muito obrigado." Ele deixou cair um rápido
beijo na minha testa antes de sair com Logan e seus frascos de
conserva de picles.
Fiquei sozinha com Leo, que baixou o olhar quando me virei. "Eu
vou pegar uma vassoura e ajudá-la a limpar tudo", disse ele, movendo-
se em direção ao armário utilitário.
Não havia nada que eu pudesse dizer para aliviar a tensão súbita.
Esta... coisa... era apenas durante o verão. Então ele pegou a vassoura
e eu limpei os balcões, e dentro de alguns minutos começamos a
conversar sobre quais outras frutas poderiam estar prontas em breve
para a aula de geleia. Conversa leve e feliz.
Leve e feliz não gera expectativas. Não há exigências de tempo, não
há ressentimentos e certamente não há lágrimas. É por isso que
quando ele saiu com apenas um rápido beijo na minha testa, eu não
senti uma pontada suspeita por trás das minhas pálpebras, nem
percebi que meu queixo tremeu um pouco.
Fechei a lanchonete, dirigi para casa e não dormi. Porque
oficialmente éramos apenas uma aventura. E um caso de verão não
fazia exigências sobre onde ele passava as noites.
Leve e feliz.
Eu não podia acreditar que o quatro de julho estava quase
chegando. Parecia que eu mal tinha chegado, mas as bandeiras em
torno da cidade diziam que o verão estava quase acabando.
Eu juro por Deus, esta cidade manteve o negócio de hastear a
bandeira mais do que qualquer outra no país. Se fosse feriado, você
podia apostar sua torta de maçã doce que Bailey Falls estava
arrastando para fora o vermelho, branco e azul, pendurando-o em
qualquer coisa que podia ficar parado. Pitoresco. Caseiro. Maravilhoso
na verdade.
Acabei meu dia no restaurante, dirigi meu grande carro americano
velho no meio da boa e velha rua principal americana, pensei em foder
meu bom fazendeiro americano, sentindo os bons e velhos fogos de
artifício. É assim que eu gostaria de celebrar a fundação do nosso país.
Eu ponderei tudo isso e continuei acenando para rostos familiares
ao longo da rua principal. Pessoas que eu já conhecia e tinha vindo a
conhecer de novo, novas pessoas que eu conheci quando voltei para
casa há alguns meses. Alguns eu conhecia pelo nome; mas
principalmente os conhecia por seus pedidos diários. Olhe o senhor
‘ovos mexidos com torradas Rye’ está saindo da loja de ferragens com
abraçadeiras. Pergunto-me se ele está pensando em usa-las na
senhorita ‘aveia com leite desnatado e passas’. Aposto que ela gosta de
ter suas passas presas....
O termômetro sobre o banco disse que estava perto dos 30 graus, e
eu estava contente com a brisa que entrava através da minha janela.
Liguei o rádio e dirigi ao som de "Mysterious Ways", rindo com o
pensamento de que Achtung Baby estava sendo reproduzido numa
estação livre. Minha mãe ia pirar se soubesse que eu estava ouvindo
isso. Onde ela estava agora? Brasil? Itália? Minnesota? Onde quer que
estivesse, espero que ela esteja se divertindo.
Enquanto dirigia para casa, vi algumas garotas adolescentes
caminhando para a floresta por trás da escola, carregando toalhas e
uma bola de praia. E de repente eu sabia exatamente onde queria
passar a minha tarde. E quem eu queria que a passasse comigo.
Eu me apressei de volta para casa, parando apenas para enviar um
texto para Leo.
Leo: Você vai estar nua? Eu só posso considerar pedidos para matar
aula se envolvem mulheres nuas.
9 https://www.youtube.com/watch?v=CMbI7DmLCNI
Roxie: Você me levaria muito mais a sério, então, certo? Além disso,
não preste atenção ao machado preso nas minhas costas11.
Roxie: Feito.
"Então era aqui que você trazia todos os meninos para ter seu
caminho com eles em seus dias mais jovens."
Nós saímos da estrada principal para a floresta e andamos por um
caminho de terra onde mal cabia meu carro sem arrancar alguns ramos
aqui e ali. Tive o prazer de ver outros carros aqui quando estacionei,
antes de levá-lo há algumas centenas de metros ou mais para a clareira
acima.
Começando como uma fonte subterrânea, a água forçava seu
caminho através da rocha, criando esta bela pequena piscina cercada
de enormes rochedos escarpados, alguns pontudos, alguns planos como
pratos gigantes. A piscina era um pouco comprida e fina, mais parecida
com um tubo do que com um círculo, daí seu nome. Uma vez que era
menor do que alguns dos outros pontos de natação perto da cidade,
normalmente não estava tão cheio.
E hoje nós tínhamos tudo para nós.
À medida que eu admirava o ambiente, o que ele disse finalmente
foi registrado. Seus olhos estavam cheios de diversão e travessuras
enquanto ele olhava para mim, esperando ansiosamente pela minha
resposta.
"Eu nunca trouxe meninos aqui, senhor. Não para maus caminhos,
nem para qualquer outra coisa.“ Pontuei minha declaração com um
tapa em seus ombros.
"Oh, eu acho difícil de acreditar nisso", ele brincou, retornando os
tapinhas nos meus ombros. "Vamos lá, você pode me contar. A Roxie
Adolescente, com habilidades culinárias lendárias, deve ter feito um
piquenique e tanto para seduzir os meninos."
Pensei sobre isso por um momento. Quão perfeita essa minha
versão adolescente poderia ter sido, espalhando uma toalha xadrez
vermelho-e-branco sobre a grama e as flores silvestres e sentando-se
com Chad Bowman para dividir uma compota de maçã enquanto
comíamos sanduíches minúsculos e falávamos sobre... tudo o que
quiséssemos conversar.
Era difícil me colocar numa memória imaginária com a ex-Roxie
desastrada quando tinha meu atual sonho molhado aqui na minha
frente, porem.
"Eu não era assim", expliquei, puxando-o para perto e colocando as
mãos na parte inferior das suas costas. Ele deslizou as mãos em meus
bolsos traseiros como faziam nos clips dos anos oitenta da MTV. "Eu
era tímida. Uma observadora, que mantinha as pessoas longe de mim
mesma. E não me transformei numa mulher razoavelmente atraente até
depois que saí de Bailey Falls."
Belisquei seu queixo com meus dentes, ganhando dois apertos
firmes no bumbum. "E por falar em mulher atraente, estou interessado
em criar algumas histórias cheias de tesão adolescente aqui e agora.
Interessada?"
Um beijo profundo e ardente foi a minha resposta. Interessadíssima.
Subimos cuidadosamente o caminho rochoso. Ele era todo
cavalheiresco com o seu "Oh, deixe-me ajudá-la a descer", juntamente
com suas mãos, que me seguravam e permaneciam no meu traseiro. Ou
o casual roçar no meu seio, que eu não afastava imediatamente.
Nós simplesmente não conseguíamos manter as mãos longe um do
outro. E eu estava rapidamente me tornando viciada nesse doçura
confortável misturada com crescente paixão. Ia ser difícil ‘apagar meus
faróis’ no final do verão.
Inclinei-me em seu ombro para sentir o cheiro do verão em sua pele.
Wella, wella, wella, huh12.
Eu era viciada em todas as coisas sobre Leo. Agora, enquanto
escolhíamos o nosso caminho através das rochas, foquei em seus
dedos. Bronzeados, fortes e todo homem. Nem um pouco parecidos com
os dedos de mocinhas que a maioria dos caras em Los Angeles tinham.
Estes eram calejados e trabalhadores dedos da terra.
E, no momento, eles estavam brincando com a bainha da minha
bermuda. Os pedaços desgastados que pendiam contra minhas pernas
estavam chamando sua atenção. Ele enrolava-os em torno de seu dedo
indicador enquanto nós caminhávamos, e os pontos de contato
tornaram-se pequenas manchas de fogo que enviavam arrepios pela
minha espinha e para baixo na minha calcinha.
Ultimamente suas mãos faziam cada vez mais contato com a minha
pele. Por razões óbvias, com certeza, mas era mais. Quando ele não
estava apertando minha bunda ou meus seios, estava garantindo um
escovar mais suave aqui. Outro toque mais suave ali. Parecia que ele
não perceba que estava fazendo isso também, como se esse sentimento
surpreendesse tanto ele quanto eu.
"Talvez geleia não tenha sido uma boa ideia", eu disse, lavando as
bancadas uma última vez. Xarope de blueberry estava em todos os
lugares, e a turma ficou para ajudar a limpar - potes foram limpos,
colheres foram penduradas em suas prateleiras e copos medidores
foram colocados de volta em seus lugares.
"Você está brincando? Esta foi a coisa mais divertida que eu já fiz
em anos", disse Logan, carinhosamente borrifando suco de amora-preta
na camisa polo de Chad. Eu adoraria ver a coleção de polos em seu
armário de verão.
"Você se divertiu, Oscar?", perguntei.
Ele estava na pia, limpando uma garrafa com uma escova,
empurrando-a para dentro e para fora. Eu realmente gostaria de dizer
que ouvi sua resposta, ou qualquer coisa que ele disse durante toda a
noite além de "Olá, prazer em conhecê-la", mas seria uma mentira.
Porque... ele era tão quente. Chad, Logan e eu, todos paramos para
olhar enquanto ele empurrava a escova para dentro e para fora da
garrafa. Deus misericordioso. Eventualmente ele vestiu sua jaqueta e
acenou para Leo em seu caminho para fora da porta. O que significava
que ele tinha parado de limpar.
"Você sabe, senhorita Roxie, você poderia facilmente obter uma
grana dando aulas na cidade." disse Chad.
Isso me trouxe de volta para a Terra. Ganhar para dar aulas? Rodas
começaram a girar e ideias começaram a surgir no meu cérebro, o ping
passando pelas sinapses como uma máquina de pinball.
Eu estaria mentindo se dissesse que esse comentário não deu início
a uma lista mental de razões para ficar em Bailey vs. razões para correr
gritando de volta para Los Angeles. Mas, uma aula semanal era uma
marca sólida na coluna a favor da estadia. Podia levar algum tempo
para estabelecer um público tão disposto em Los Angeles,
especialmente uma vez que não havia previsão de quanto tempo o
boicote culinário estaria em voga com Mitzi e sua tripulação.
Leo estava assistindo, mas tentando ser discreto sobre isso
enquanto continuava varrendo o chão.
"Eu vejo as engrenagens funcionando. Diga-me que você está pelo
menos considerando?" Chad pressionou em voz mais baixa, levando-me
para o canto para ter alguma aparência de privacidade.
Meus olhos encontraram Leo, que ainda estava nos observando de
perto. Ele ria de algo ou participava em outra conversa, mas eu poderia
dizer que uma de suas orelhas estava sintonizada em nós.
"Taaaaaaaalvez?" Batia minha mão sobre a boca de Chad antes que
ele pudesse gritar.
"Uau, Leo deve realmente ter um pé de feijão mágico na fazenda
para levá-la a considerar ficar."
Ele queria me provocar, mas eu recuei e verbalmente ataquei. "Esse
não é o motivo! Quero dizer, sim, é uma coisa grande de verão, mas isso
não significa que eu... Eu quero dizer... Só porque estamos juntos pelo
verão não significa que... isso não significa... Porra!"
O que quer que realmente fosse, também era o tipo de diversão que
poderia acender rapidamente para algo mais além. Isso é o que meus
instintos me diziam. Mas, considerando o gene de paixonite do qual eu
nasci, eu não sabia se devia confiar em meus instintos.
Independentemente da direção para a qual o meu coração me dizia para
ir, eu geralmente corria para o lado oposto.
Mas, e como ele estava se sentindo? Ele parecia estar gostando
disso tanto quanto eu. E como eu, ele foi para o relacionamento com os
olhos bem abertos. Já estávamos juntos há três meses. Mas o que
aconteceria a seguir...
"A quantidade de internalização que você está fazendo agora vai
dar-lhe uma úlcera." Chad me deu um tapinha nas costas suavemente.
"Não é algo que você precise decidir esta noite. Deixe para a próxima
primeira aula", disse ele, rindo e se juntando ao resto do grupo.
"O que estamos fazendo na próxima semana, Roxie?", perguntou
uma estagiária com expectativa, e o restaurante ficou em silêncio
enquanto o grupo esperava pela minha resposta.
Leo parou de varrer, segurando a vassoura sob o queixo quando se
inclinou contra ela, esperando.
Olhei para o balcão, espionando uma pilha de revistas de culinária
que minha mãe ignorava em favor dos habituais pratos do menu. Na
capa havia uma grande tigela azul cheia com linguini, mariscos e molho
de tomate.
"Estamos enlatando tomates", soltei, meus olhos em Leo.
Que estava radiante.
Minha melhor amiga Natalie gemeu. "Sabe o que eu estou tendo
agora?" Parecia que ela tinha a boca cheia de alguma coisa. "Adivinha".
"A julgar pelo gemido, suponho que seja um grande e belo pau." Eu
ri quando ela se engasgou.
Ela tinha ligado no intervalo entre o café da manhã e almoço, e eu
estava ansiosa para conversar com ela. Deslizei para o canto atrás do
armário de casacos não utilizado para ter mais privacidade,
equilibrando o telefone entre o ombro e meu ouvido. O restaurante
estava mais ocupado do que de costume: a calmaria entre café da
manhã e almoço estava ficando mais curta a cada dia.
Nós sempre fechávamos no Quatro de Julho e ficávamos fechados
também no dia cinco – era uma espécie de minibreak para a equipe. Eu
estava aguardando ansiosamente para poder colocar os pés para cima e
relaxar. Ou, talvez, colocar os pés para cima e ao redor de um certo
homem de olhos verdes lindos. Mmm. Mas voltando à Natalie...
"Idiota, eu poderia ter morrido. Morte por ensopado!"
"Natalie! Você está no House of Wong sem mim? Eu sou a única que
deveria estar te chamando de idiota, idiota! Você sabe que é o meu
lugar favorito e que você me provocaria assim! Eu estou tão ciumenta."
"Garota, por favor, você já esteve em Bailey Falls por quantas
semanas mesmo? E não pisou na cidade nenhuma vez. Eu não me sinto
mal sobre isso em tudo. Ouviu isso?" Slurping. Ela não o fez. Ela não
faria isso.
"Você está tendo os bolinhos com a sopa?"
Slurp. Slurp, glup. "Estou cansada de esperar que você traga sua
bunda bonita aqui. O que diabos está acontecendo aí?"
"Oh, você não tem ideia." Eu gemi, imaginando o navio de bambu
preenchido com bolinhos de massa perfeitamente em forma, saborosa
massa macia e um rico, não, lindo caldo.
"Você ainda está pensando nos meus bolinhos de massa, não é?",
ela perguntou.
Eu sorri. "Pega. Você faz parecer tão sórdido".
"Eu faço parecer solitário. Enfie sua bunda no trem e você pode
estar na Grand Central em noventa minutos."
"Eu ainda tenho serviço de almoço. Coloque sua bunda no trem e
você pode estar em Poughkeepsie na mesma quantidade de tempo."
Ela piou. "Sim, tá bom. Que diabos é que eu vou fazer aí?"
Natalie sofria com a crença de Manhattan de que não valia a pena
fazer nada fora de sua ilha. Normalmente eu concordava, mas...
"Aqui também temos coisas para fazer. Não é tão ruim." Olá, da
onde veio isso?
"Coisas para fazer. Isso não explica o porquê eu estou desfrutando
de um delicioso bolinho sozinha, e você ainda não me disse por que
você não veio para a cidade para me visitar, também".
"Eu estive... ocupada." Me senti mal por não ser honesta com ela,
mas como eu poderia ser quando não estava sendo totalmente honesta
nem comigo mesma? Eu tive um dia de folga aqui e ali, e onde eu os
tinha gasto? Sob e sobre um certo fazendeiro.
"Eu não entendo. Eu sei que o restaurante deve ser desgastante.
Mas eu sinto sua falta, Rox! O que está acontecendo?"
"Agora não é realmente um grande momento", eu disse, assistindo
mais e mais clientes chegando. O restaurante estava enchendo
rapidamente.
A cidade sempre teve um fluxo de visitantes nos fins de semana de
férias. Os nova-iorquinos que não iam para os Hamptons fugiam para
as montanhas para ter uma sugestão da vida no campo. Todos os
negócios eram inundados então; Leo disse que os passeios ao redor da
fazenda estavam com a agenda lotada por dias. Não pela primeira vez
eu me perguntei quando ia vê-lo de novo. Nós conversamos sobre
assistir a queima de fogos desta noite juntos, mas...
"Você apenas deu um suspiro sonhador?" Perguntou Natalie com
tom de provocação.
"O quê?" Pensei por alguns segundos e percebi que sim, quando
tinha pensado sobre Leo eu suspirei. Maldição, agora eu estava
suspirando pelos cantos.
"Você nunca suspirou assim! Diga-me agora o que está
acontecendo!"
Ah Merda. "Não é apenas o restaurante... Eu conheci alguém
quando cheguei aqui. Estamos envolvidos."
“Envolvidos? O que diabos isso significa?"
"Isso significa que eu tenho alguém que estou vendo. Durante o
verão. E... bem..."
Ela engasgou. "E... bem? Você nunca ‘e... bem’. É ‘preservativo,
vuco-vuco e de volta ao trabalho’. Não posso crer que a ‘senhorita não
tenho relacionamentos’ está se apaix-"
"Fique quieta! Vou desligar na sua cara. Não coloque palavras na
minha boca".
"E o que ele está colocando na sua boca?"
Escondi meu rosto em minhas mãos. "Oh, inferno."
"Eu posso dizer o que estou colocando na minha boca. Um prato
inteiro de bolinhos e sopa. Pegue o seu amor de verão, entre num trem
e obtenha a sua bunda aqui!"
"Ele realmente não pode sair durante o verão, ele é um... bem... ele
é um..." Eu coloquei minha mão em volta do meu telefone e disse
calmamente: "fazendeiro".
"Ele é um o quê?"
"Um agricultor", eu sussurrei.
Quando ela finalmente parou de rir, me contou tudo sobre o
agricultor com o qual ela se envolveu no ‘Mercado Union Square
Farmers'. Fazendeiros eram o novo tipo de boy-magia, ao que parece.
Eventualmente eu fui capaz de desligar o telefone, prometendo a ela
que iria para a cidade assim que tivesse um tempo. Mas, por agora, eu
tinha um jantar para fazer. Voltei para a cozinha, oferecendo um ‘toca
aqui’ com Maxine quando passei, e ela felicitou-me por toda a boa
mudança que estava acontecendo.
Bom ser necessária.
"Eu não posso acreditar que você não quer ir ver o desfile. Quem
não gosta de um desfile?", Disse Leo.
Estávamos na cozinha da minha casa lavando os pratos depois do
jantar. Eu tinha feito milho fresco na espiga no estilo de rua mexicano,
com bastante pimenta em pó, sal e limão, pequenas batatas assadas
com cebolinha fresca e creme de leite, e frango frito. Que não era
apenas bom do tipo ‘lambendo os dedos,’ mas, aparentemente, era bom
do tipo ‘lambendo-Roxie’. Depois da refeição, Leo havia declarado o meu
como o melhor frango frito que ele já tinha comido e, em seguida,
lambeu meu pescoço por um tempo. Eu não podia esperar para
descobrir o que ele lamberia quando descobrisse que eu tinha feito
torta...
Agora nós estávamos discutindo as atividades da cidade para a
noite, e minha falta de interesse nelas. "Eu gosto de um desfile, é só que
fui a essa mesma parada a cada quatro de julho desde que eu era
criança. Eu sei tudo que vai acontecer. A banda de escola secundária
toca, as líderes de torcida torcem, a rainha do baile reina de seu carro
de papel higiênico e o prefeito faz um discurso. Que é normalmente um
pouco arrastado e acompanhado de sudorese pesada devido ao fato de
que, a essa altura, ele já tomou alguns muitos copos. Geralmente de
cerveja caseira do Sr. Peabody, o que é basicamente wisky em um copo
de plástico. Os fogos de artifício explodem sobre a prefeitura, todos
fazem oohs e ahhs, então as pessoas correm para chegar aos seus
carros e estarem em casa antes da meia-noite."
Coloquei o prato para lavar e balancei as sobrancelhas para ele.
"Prefiro ficar em casa e desfrutar de alguns oohs e ahhs de um tipo
diferente, se você sabe o que quero dizer."
Ele prontamente guardou o prato que estava secando e parou atrás
de mim. Suas mãos furtivamente enrolaram em volta da minha cintura,
puxando-me perto de seu corpo. "Eu sei o que você quer dizer. E se você
está pronta para os oohs e ahhs, eu estive pronto para comemorar o
aniversário do nosso país desde que você veio abrir a porta nesse sutiã
de estrelas e listras." Ele bateu seus quadris nos meus, compartilhando
sua ‘saudação’ com meu traseiro.
"Como você sabia?" Perguntei, virando a cabeça para ver seu sorriso
tímido.
Eu tinha escolhido este sutiã especialmente para a ocasião, depois
de espiá-lo numa vitrine na avenida principal. A loja de lingerie local era
especializada em lingeries temáticas. Quer ter certeza de ganhar muitos
presentes no próximo Natal? Eles vão conseguir para você uma
camisola que parece com uma chaminé sexy. Quer que seus seios
pareçam bolos de aniversário para alguém especial? Eles têm um sutiã
para isso. Quer um par de cuecas com um arbusto colocado
estrategicamente para comemorar o Dia da Árvore? Pode apostar.
Mas eu tinha escondido o meu novo sutiã vermelho, branco e azul
sob a minha roupa, planejando revelá-lo para Leo enquanto ouvíamos
os booms distantes dos fogos de artifício da cidade.
"Quando você estava debulhando milho mais cedo, o botão do meio
se abriu. Eu vi tudo. E, a propósito, eu prefiro que todo o processo de
debulhar milho a partir de agora seja feito nu, ou pelo menos sem o seu
pijama. Porque, puta merda, digamos que é muito difícil ver você
debulhar milho sem querer começar imediatamente com a ralação."
Seus lábios estavam no meu ombro agora, empurrando a minha camisa
de lado e expondo uma estrela e uma listra.
"Você queria me ajudar a descascar?"
"Vamos ser claros," ele murmurou, mordiscando-me um pouco. "Eu
queria dobrar você sobre esse barril e descasca-la até que o milho
estivesse espalhado em todos os lugares."
Fechei os olhos para a imagem repentina de Leo, forte e nu, glorioso
e nu, e também totalmente nu, empurrando em mim por trás enquanto
eu me dobrava alegremente sobre um tambor de chuva, ao som de fogos
de artifício iluminando o céu noturno e com palhas de milho explodindo
preguiçosamente por todo o quintal. Calor instantâneo floresceu e meus
quadris arquearam para trás, buscando contato com qualquer coisa
que se assemelhasse a uma espiga de milho. Quando uma de suas
mãos deslizou sob a minha camisa, eu senti meu coração bater mais
rápido e meu sangue correr alucinadamente pelo meu corpo.
Meus lábios estavam solitários. Meus seios estavam pesados e
cheios. Meus quadris sentiam necessidade de uma orientação muito
específica, principalmente do tipo vai-e-vem. E outras áreas sentiam-se
dolorosamente vazias. Eu inclinei minha cabeça para trás em seu peito.
À medida que sua boca se movia contra o meu pescoço, o cheiro dele
me cercou - bronzeado de sol, terra molhada e salgado. Eu olhei para
baixo quando ele começou a abrir meus botões, e vi suas mãos no meu
corpo. Grandes, fortes e um pouco sujas, a linha de sujeira embutida
embaixo de suas unhas persistindo mesmo quando eu sabia que ele as
esfregou antes de vir. Grosseiras e calejadas mãos que trabalhavam
duro, mas que foram gentis quando deslizaram minha camisa dos meus
ombros e deixaram-na cair no piso desgastado que foi usado por longos
dias quentes e sujos. Eu queria a mesma coisa com ele.
Longos dias quentes e sujos. E noites.
Virei-me, deixando-me cercar por ele quando ele me encostou na
pia. Seus olhos ardiam enquanto observavam meu sutiã vermelho,
branco e azul, e então ele sorriu, percebendo que eu tinha planejado
comemorar este feriado com ele do jeito mais sujo possível.
"Olhe para você, Ervilha" ele sussurrou, levantando-me tão
facilmente quanto poderia levantar um gatinho e me colocando sobre a
borda do balcão, abrindo as minhas pernas com um movimento rápido.
Ele rapidamente se colocou entre elas e as puxou em volta dele
enquanto me equilibrava. Em seguida, com um dedo colocado
exatamente no centro do meu estômago, ele me cutucou. E eu caí
espalhando água por toda pia.
"O quê? Sério?" Eu gaguejava, pernas batendo e água voando por
toda parte.
Leo me segurou no comprimento do braço e apenas riu. Mas
quando seus olhos encontraram os meus novamente, eles estavam
menos travessos e mais luxuriosos. Suas mãos, que tinham me
impedido de sair da pia enquanto ele ria, agora deslizaram sob a água,
deslizando ao longo do interior das minhas coxas, debaixo dos meus
shorts e-
"Você está molhada", observou ele, seu olhar aquecido.
"Bem, sim", eu respondi, segurando a borda da pia enquanto seus
dedos mergulhavam em mim.
"E não apenas por causa da água." Ele se aproximou e um rubor
subiu por mim quando me encontrei montando sua mão e balançando
na pia. Minha respiração ficou presa. A paixão que estava sempre
borbulhando sob a superfície agora estava pegando fogo, enviando
arrepios até as pontas de todo o meu corpo.
"Você sabia que seus olhos mudam de cor?", ele murmurou, seu
olhar aquecido enquanto me olhava de perto, tão de perto.
"Hmm?" Eu tentei manter os olhos abertos, mesmo que tudo que eu
quisesse fazer fosse fechá-los e saborear estes sentimentos.
"Eles mudam. Quando você está excitada." Seus dedos deslizaram
dentro da minha calcinha. Minhas costas arquearam involuntariamente
e eu segurei muito apertado na borda da pia.
"Eu sei que eles mudam... de cor quando eu estou... frustrada...
foda, isso é tão bom."
"Eles normalmente são cor avelã, talvez um pouco de azul, talvez
um pouco de marrom, mas quando estão verdes... mmm". Ele acelerou
seus dedos. O que acelerou minha respiração. Ele se inclinou mais
perto, pressionando os lábios contra o meu pescoço e beijando um
caminho para cima até um pouco abaixo da minha orelha, onde
sussurrou: "Você sabia que eles ficam totalmente verdes? Logo antes de
você gozar?"
Eu gemi. Este homem me conhecia; me conhecia tão bem. Ele se
afastou um pouco, me estudando.
"Olhe para isso, eles estão ficando ainda mais verdes a cada
segundo."
Tudo que eu podia fazer era gemer com o ataque de sensações que
quebravam através de meu corpo. Ele observou meus olhos enquanto
seus dedos deslizavam pela minha pele até que eu estava quase
gozando em sua mão. Mas antes que eu gozasse ele me puxou contra
seu peito, ficando tão molhado quanto eu. Enquanto ele caminhava
através da cozinha e saia pela porta de trás, minhas mãos
imediatamente se prenderam nos seus cabelos, e eu lhe dei um beijo
selvagem. Minhas pernas se envolveram em torno dele, mas antes que
eu pudesse apertar ele me colocou de pé na frente do barril e me girou
como um pião.
"Essa é uma ideia muito boa para deixar passar." Ele arrastou meu
short e calcinha pelas minhas pernas molhadas e, segundos depois eu
ouvi o seu zíper. Mmm. "Segure do outro lado, Ervilha".
Eu me dobrei, sentindo o ar da noite no meu traseiro nu. "Assim?"
Perguntei, olhando para trás por cima do meu ombro e arqueando
minhas costas. O que vi foi algo lendário. Leo, tirando sua camiseta.
Seu tronco longo, magro e forte quando descartou a camiseta e, em
seguida, abriu o botão da calça jeans. Que foi rapidamente empurrada
um pouco para baixo, junto com sua cueca. Eu tremi quando o assisti
rasgar o invólucro de preservativo com os dentes e, em seguida, vi sua
mão desaparecer dentro de sua calça jeans. As borboletas em minha
barriga voaram em mil direções ao mesmo tempo quando o vi
segurando-se em suas mãos, rolando o preservativo para baixo de seu
comprimento e espessura. Agora, este foi desfile digno.
Sua mão direita segurou-se na base e a mão esquerda escorregou
pela minha espinha, acariciando a parte inferior das minhas costas e
me empurrando mais contra o barril. "Abra as pernas um pouco mais,
Rox, isso, exatamente assim", ele murmurou, a doçura de sua voz
grossa.
Prendi a respiração quando ele empurrou para dentro de mim. Ele
deixou escapar o fôlego enquanto me penetrava, numa longa... e lenta...
expiração. Quando ele estava enterrado lá no fundo, então, disse meu
nome. Suas mãos correram pelas minhas costas - ele não estava se
movendo dentro de mim ainda, apenas nos segurando juntos, com as
mãos me acalmando e acariciando. Sua voz disse meu nome uma e
outra vez neste lindo sussurro rouco, que era tão sexy quanto íntimo.
Me senti, em uma palavra, adorada.
Em seguida, uma mão fechou em torno do meu ombro e a outra
agarrou meu quadril, e então ele empurrou. Parecia delicioso. "Deus, eu
gostaria que você pudesse ver como está agora", disse ele, suas palavras
caindo sobre mim. Eu arqueei minhas costas como um gato,
empurrando de volta contra ele. Então olhei por cima do ombro mais
uma vez, ficando ainda mais ligada pela intensidade que vi em seu
rosto, no modo que ele mordia o lábio inferior enquanto empurrava e
em como os nervos em seu pescoço apertavam conforme ele movia meu
corpo com o dele.
"Então descreva como eu estou agora." Minha respiração ficou presa
na minha garganta quando ele me puxou poderosamente contra ele.
O canto de sua boca se dobrou num sorriso doce. "Sua pele está
brilhante, e não é apenas por causa da luz da lua."
"Sim?"
"Toda vez que eu empurro em você, você empurra o quadril para
trás, e Cristo, eu posso te sentir inteira ao meu redor."
"Mmm-hmm." Eu suspirei, apertando-o com força e recebendo um
gemido em resposta.
"E foda, sua bunda parece fantástica assim." Ele me deu um
tapinha na parte traseira e eu gritei. Não apenas em surpresa.
"Devidamente anotado", ele murmurou, deslizando a mão pela minha
espinha para enterrá-la no meu cabelo, torcendo-o em torno do punho.
Puxando um pouco, meu pescoço arqueou, minhas costas arquearam e
eu estava na borda, literalmente e orgasmicamente, especialmente
porque sua outra mão deslizou debaixo de mim, parando logo acima de
onde estávamos conectados.
"Eu me pergunto de que cor estão seus olhos agora", ele gemeu,
seus quadris acelerando, punindo, famintos, desesperados. Gemendo e
me sentindo febril, eu podia sentir a bola de tensão pulsando através do
meu corpo, as luzes piscando diante dos meus olhos e seus gemidos
grossos atrás de mim. Meus olhos ficariam completamente verdes
quando eu desmoronasse sob o céu noturno, com Leo duro e liso dentro
de mim.
Feliz aniversário, América.
Ervilha,
Tenho um dia ocupado hoje. Estou ajudando Oscar a mover algumas
vacas para um campo novo, e depois vou substituir a pia da minha
cozinha. Você sai aí pelas cinco horas do restaurante esta noite? Vou
trazer-lhe alguns morangos...
Leo
Corei, pensando em todas as coisas que ele podia fazer para meus
olhos mudarem de cor. E então corei de novo quando percebi que eu
estava segurando a nota perto do meu rosto, como se eu fosse beijá-la.
Rolei na cama, gritando como uma estudante com sua primeira paixão.
Suspirei em seu travesseiro e respirei o traço persistente de seu cheiro.
Rindo em voz alta, chutei meus pés no ar e percebi novamente que eu
estava indo além de uma simples paixonite.
Reli sua nota, ansiosa para ver seu apelido para mim de novo, e
observei na parte inferior que ele tinha feito um pequeno desenho.
Uma interpretação livre de um trailer Airstream, com uma menina
de sorriso largo pendurada para fora da janela lateral. E uma fila de
clientes que conduzia até ela. Um pensamento borbulhava em peito - o
mesmo pensamento que tive na noite passada enquanto assistia os
fogos de dentro do círculo dos braços do meu Almanzo.
Meu Almanzo?
Eu persuadi o pensamento a retroceder.
Um food truck. Eu poderia fazer isso? Poderia realmente decidir
ficar aqui, em vez de voltar para Los Angeles? Não era mais uma
possibilidade fora do reino do possível. Os bolos estavam certamente
vendendo. Eu teria acesso a Leo e tudo o que isso implicaria. E eu
gostava muito dele.
Tombei sobre a cama, relendo sua nota pela quarta vez. Ele traria
morangos. Eu poderia fazer uma torta de morango. Eu deveria fazer
uma torta de morango. Eu tinha o dia de folga, já que o restaurante
estava fechado.
...Estou substituindo a pia da minha cozinha...
Eu nunca tinha visto a sua cozinha, e nunca tinha visto a sua
casa. Já conhecia o caminho, embora; ele apontou para a rua lateral
que levava à sua parte da propriedade uma vez, numa parte mais
tranquila da fazenda. Hmmm.
Eu poderia ir mais cedo, surpreendê-lo, fazê-lo escolher alguns
morangos para mim e assar a torta enquanto o observava substituir a
pia. Eu adoraria vê-lo segurando uma chave. De repente, a imagem dele
se segurando na noite passada surgiu na minha cabeça, e eu tremi.
Fui para o chuveiro, criando uma lista mental de tudo o que eu
precisaria para cozer a torta surpresa. E qualquer coisa que eu não
precisaria... como calcinha. Se Deus quiser.
Duas horas mais tarde eu estava dirigindo pela estrada secundária,
meu prato de torta favorito no assento ao meu lado, juntamente com
todos os meus ingredientes. U2 estava no rádio, "So Cruel". Eu estava
sorrindo desde que acordei, e perceber isso me fez sorrir ainda mais.
Quando dirigi através dos portões para a fazenda, maravilhei-me
mais uma vez com tudo o que ele tinha criado aqui. Eu estava
começando a conhecer a fazenda, e pude ver as mudanças que tiveram
lugar desde que eu tinha estado aqui da primeira vez. Os feijões
estavam subindo mais e mais em suas apostas, cheios, verdes e
exuberantes. As linhas de alface foram dizimadas, como Leo tinha
explicado que aconteceria quando o sol ficou demasiado forte para as
culturas de tempo frio.
Virei na estrada lateral, que se transformou em cascalho esmagado
quando me aproximei de onde sua casa devia estar. As árvores estavam
podadas agora, e eu podia sentir meu coração acelerar um pouco. Uma
viagem só para ver Leo? Ao invés de empurrar o sentimento para baixo,
deixei-o florescer um pouco. Felicidade simples floresceu então, e a
parede que eu mantinha entre mim e sexo masculino ficava cada vez
menor.
Meus dedos felizes acompanharam a melodia no volante enquanto
eu cantarolava feliz. Mais duas voltas pela floresta e eu pude ver uma
casa começando a tomar forma. O jeep de Leo estava ao lado da casa, e
meu coração sacudiu. Ele estava em casa!
Parei ao lado de seu caminhão, do lado da casa, olhando para a bela
construção. Era toda em pedra e tinha janelas grandes, portas
encantadoras e uma enorme chaminé cutucando através do telhado.
Não era grande, mas também não era pequena; era adorável, e muito
Leo.
E por falar no anjo, lá estava ele, descendo os degraus da varanda
da frente, rindo. Ele sempre era rápido para encontrar alegria em
qualquer situação, e eu me perguntei o que estava fazendo-o rir. Então,
quando desci do meu Wagoneer, pude ver a fonte de sua diversão.
Montada em suas costas, com cabelo louro e olhos cor de areia que
combinavam com os dele, estava uma menina, seis, talvez sete anos de
idade. Leo a levou a galope através do quintal da frente enquanto ela ria
e gritava.
Bem quando eu estava tentando descobrir o que ia dizer, ele me viu,
ali de pé com a minha boca, sem dúvida, bem aberta. Ele parou de rir.
A menina não tinha entendido ainda o que estava acontecendo.
Chutando sua lateral como se estivesse usando esporas, ela gritou
alegremente: "Vai, Papai, vá!"
Eu estava tão surpresa que nem percebi quando uma abelha grande
e gorda chegou, voou por baixo da minha saia e me picou direito na
porra da minha coxa.
E isso doeu tanto quanto eu sempre achei que faria.
"Tem certeza que isso é o que se deve usar? Não há outra coisa que
realmente venha da farmácia? De preferência num tubo, e que diga:
remédio para picada de abelha?" Eu estava sentada no balcão da
cozinha ao lado de uma pia semi-instalada, e com a minha perna
empoleirada nas costas de uma cadeira. Eu tinha sido picada na parte
de dentro da minha perna direita, logo acima do joelho, e estava bem
inchado.
"Bicarbonato de sódio e água são as melhores coisas para uma
picada de abelha," Leo acalmou, misturando a pasta com o dedo.
"O bicarbonato de sódio neutraliza o ácido das picadas de abelha,
por isso é a melhor coisa." Polly bateu seu dedo contra o lábio inferior.
"A menos que seja um vespão, porque então você precisaria de vinagre.
Você sabia que o ferrão do vespão e o veneno da vespa são alcalinos? O
ácido no vinagre neutraliza o veneno."
"Eu não sabia" eu disse, sibilando quando o dedo de Leo espalhou a
pasta sobre a minha picada.
"Bicarbonato de sódio é bom para muitas coisas ao redor da casa.
Você pode usá-lo para escovar os dentes, ou para limpar panelas e
frigideiras. Papai usa o tempo todo. Especialmente nas mãos quando
elas estão realmente sujas", disse Polly, enumerando os usos do
bicarbonato.
"É bom para cozinhar também", eu disse. "Você já viu massa de bolo
antes de assar?"
Ela assentiu com a cabeça. "A mãe da minha amiga Hailey cozinha
o tempo todo, e às vezes me deixa lamber o batedor."
"Ok, então você sabe como a massa vai para a assadeira toda
grudenta?" Vacilei quando Leo deu um tapinha na minha perna. Ele
murmurou: "Desculpe."
"Sim", disse Polly.
"E depois, quando sai do forno, esta mais alta, certo?"
"Certo."
"Isso é o que o bicarbonato de sódio faz num bolo: crescer e ficar
fofo. Mas é alcalino, como a palavra que você usou antes."
"E que eu sei o que significa", disse ela, revirando os olhos.
Uau. Expectadora resistente. Olhei para Leo, insegura sobre como
continuar com isso.
"Polly, o que eu lhe disse sobre rolar seus olhos?"
"Que é incrivelmente rude," ela suspirou, olhando na minha direção.
"Desculpe por revirar os olhos, mas eu leio muito." Ela me estudou
cuidadosamente. "Se você disser outra coisa que eu já sei, prometo que
não vou rolar meus olhos."
Leo tossiu. Seus ombros estavam tremendo um pouco, também.
"Certo, bem, é alcalino, então não tem um gosto muito bom. Se você
já escovou os dentes com ele deve ter percebido. Portanto, se há
bicarbonato de sódio numa receita, os outros ingredientes têm de
encobrir esse gosto, da mesma maneira como o vinagre neutraliza a
alcalinidade no veneno do vespão."
Depois de me olhar por alguns momentos, ela disse: "Papai, eu
posso ir brincar?"
"Eu gostaria que se você desempacotasse suas roupas primeiro",
disse ele.
Ela pulou do balcão e começou a correr para a porta da frente. "Já
fiz."
"E separou a roupa suja em pilhas?"
"Defina separar as roupas em pilhas", disse ela, e desta vez fui eu
quem sufocou uma risada.
"Montes de roupas brancas. Montanhas de roupas escuras. A
definição de pilhas não inclui empurrar tudo para dentro do armário e
cobrir com um cobertor."
Ela dirigiu-se para as escadas. "Certo. Vou fazer isso." Conforme ela
subia as escadas correndo, sua cabeça voltou a aparecer sobre o
corrimão. "Sinto muito por sua picada de abelha, Roxie."
"Obrigada, Polly."
"Mas da próxima vez não mate a abelha, ok? Assim você acaba
prejudicando as colônias"
"-e então a terra. Sim, sim, eu sei," Terminei, revirando os olhos.
Sob a minha respiração, eu disse: "Elas ainda são idiotas."
Ela sorriu, desapareceu pelo corredor e, alguns segundos depois,
ouvi sua porta fechar.
Sozinha, finalmente, me virei para Leo, que estava sentado lá com
uma expressão divertida e um dedo pastoso.
"Você pode escovar os dentes com isso, você sabe," eu disse, não
encontrando seus olhos ainda e inclinando-me para inspecionar seu
trabalho.
"Eu sei." Ele também se inclinou para baixo. A pele em torno da
picada ainda estava inchada, mas o fogo tinha começado a arrefecer sob
a pasta de bicarbonato de sódio. "Como está se sentindo?"
"Confusa. Você?" Minha voz tinha uma frieza que eu não gostei.
"Confuso." Sua voz tinha a mesma frieza. "O que você está fazendo
aqui, Rox?"
"Eu vim para cozinhar uma torta e-" Oh meu deus! Os ingredientes
ainda estavam no caminhão, no sol da tarde quente! "Merda, tenho que
ir-"
"Whoa Whoa Whoa, espere um minuto", disse ele, me impedindo de
saltar para baixo do balcão. "Onde você pensa que está indo?"
"Provavelmente há manteiga derretendo em todo o banco da frente!"
Eu tentei, sem sucesso, saltar para baixo novamente. "Vai ser uma
grande confusão."
"Eu resolvo isso, fique aqui um minuto. Essa pasta precisa
endurecer, ou vai escorrer por todo o chão." Ele olhou diretamente para
a pasta pegajosa. "Não se mova."
Deixei escapar um suspiro exasperado quando joguei-lhe minhas
chaves, em seguida, fiz um grande show de não me mover. Exceto por
meus olhos, que eu rolei. Um sorriso surgiu em seu rosto, e então ele se
foi. E eu estava sozinha em sua casa. Com sua filha.
Merda.
A tonelada de ocasiões em que ele poderia ter mencionado que tinha
uma filha passou pela minha cabeça como um noticiário. No próximo
bloco, apresentaram-se todas as ocasiões em que alguém na cidade
poderia ter mencionado esta pequena surpresa. Sério, como poderia
ninguém ter mencionado isso antes?
E sua filha tinha acabado de desempacotar as malas, o que
significava que ela estava longe. Com sua mãe? Leo era divorciado?
Separado? Ainda casado?
Pavor atingiu minha barriga enquanto eu me perguntava se estive
dormindo com o marido de alguém. Mas não, Chad teria me dito se ele
fosse casado.
"Bleagh", murmurei, apertando meu estômago. Que bagunça do
caralho. Tanto para um romance de verão.
Basta perguntar a ele.
Sim, eu faria exatamente isso. Mas agora eu me perguntava o que
mais Leo poderia ter escondido. Agora que pensei sobre isso, parecia
estranho que nunca tivesse vindo aqui antes. Tudo sempre tinha
acontecido na minha casa. Ou no meu restaurante. Ou meu lugar
especial de natação.
Eu senti uma dor aguda no meu peito enquanto pensava sobre
todas as coisas que tinha feito com Leo, imaginando se estava tudo
acabado agora.
Acalme-se!
Certo. Eu respirei fundo, em seguida, olhei em volta.
A casa era tão bonita dentro como era fora. A chaminé era o ponto
focal de todo o nível mais baixo, com pedras empilhadas ao redor de
uma linda lareira feita de tijolos de vidro verde profundo. Os ricos pisos
de madeira eram de um tom castanho chocolate. Um dos dois andares
da grande sala estava ancorado por estantes profundamente embutidas,
sofás confortáveis de pelúcia e cadeiras espalhadas em áreas de
conversação. A cozinha, que estava cheia com aparelhos de alta
qualidade e superfícies de trabalho feitas de concreto polido, era ampla
e aberta; o tampo da ilha onde eu estava sentada era grande o
suficiente para acomodar confortavelmente seis pessoas. O refrigerador
Sub-Zero era grande o suficiente para armazenar alimentos para um
ano, e estava coberto de cima a baixo com trabalhos escolares, testes,
tarefas de casa e imagens desenhadas com lápis e canetinha.
E fotos dos dois estavam por toda parte. Leo segurando uma
pequena Polly, que estava enrolada num cobertor rosa, um chorando de
forma clara e o outro absolutamente radiante. Leo segurando Polly
pelas pontas dos dedos enquanto ela dava o que pareciam ser seus
primeiros passos. Leo e Polly na fazenda, com as mãos enterradas no
chão e um vaso de mudas ao lado, e uma pá saindo da terra. O rosto de
Leo estava dividido por um largo sorriso em cada uma delas. Ele estava
claramente na lua para sua filha, e com razão. Ela era linda.
Então eu ouvi Leo entrar pela porta da frente.
"A manteiga amoleceu, mas não muito. Geladeira?", Ele perguntou,
carregando meus sacos e bandeja da torta. Eu balancei a cabeça. "Você
ficou parada?", ele perguntou, de costas para mim.
"Sim, eu fiquei exatamente onde me foi dito para ficar."
Ele se afastou da geladeira, sua expressão aquecida desde que ele
saiu. "Roxie, eu-"
"Pai? Minha roupa está separada. Posso ir brincar agora?", Uma voz
chamou do andar de cima.
"Sim", ele respondeu, os olhos ainda em mim. Ele me ofereceu um
sorriso tímido, e eu não pude deixar de sorrir de volta. Aquele sorriso
sempre me derrubava.
"Eu quero ir ver os porcos, ver o quão grande eles ficaram enquanto
eu estava fora... o que é isso?" Polly veio correndo escada abaixo, voou
para a cozinha e agora estava olhando para as sacolas de ingredientes.
"Roxie trouxe com ela. Algo sobre uma torta?", Respondeu Leo,
olhando para mim com um brilho nos olhos.
"Oh sim, uma torta." eu disse. "Alguém me prometeu morangos,
então eu pensei em-"
Polly explodiu: "Eu amo torta de morango. Eu posso ver você fazer
isso? É difícil? Você faz sua própria massa? Às vezes, torta de morango
tem ruibarbo, será que esta tem? Há uma lanchonete na cidade que faz
torta de cereja, mas eu realmente acho a de morangos melhor. Papai
tem uma nova variedade de morangos este ano, chamados de morangos
açúcar mascavo. Eu não experimentei ainda, mas ele me disse tudo
sobre eles. Você vai usá-los? Posso ajudar? Eu posso-"
"Espere aí, Bisteca, você está falando a mil por hora. Vamos mais
devagar, deixe Roxie acompanhar!" Leo interrompeu.
Ele a chamou de Bisteca.
"Acompanhar o quê?", ela perguntou, totalmente inconsciente. "Eu
posso ajudar, você sabe. Afinal, já tenho sete anos de idade."
"Bem, então, você está praticamente dirigindo" eu brinquei.
Ela me olhou séria. "Eu não posso dirigir por mais nove anos."
Eu pisquei. "Claro." Eu olhei para Leo pedindo ajuda, mas ele
estava desempacotando minhas sacolas. "Espere - assar uma torta aqui
obviamente não é a melhor ideia."
"Por que não?", ele perguntou.
"Por que não?" Polly ecoou.
"Hum, bem..." Eu olhei ao redor desconfortavelmente. "A pia! Não
está funcionando, você não pode assar sem ter água corrente. Além do
que..."
Leo agarrou uma ferramenta, desapareceu debaixo da pia por trinta
segundos, voltou e abriu a torneira.
"Certo. Bem-"
"Você precisa de morangos, certo?", disse Leo, levantando uma
pequena bolsa no balcão e derramando os mais doces, mais suculentos
e mais perfeitos morangos do mundo numa tigela.
"Então, torta?", perguntou Polly, saltando um pouco enquanto batia
palmas.
Oh, pelo amor de Deus...
"Então, torta," eu disse.
O telefone de Leo tocou e ele ergueu as sobrancelhas.
"Claro, vá em frente", respondi, descendo do balcão e testando
minha perna. Ela mal parecia ferida.
Leo tinha ido para outro cômodo, então eu perguntei a Polly, "Onde
é que o seu-" meu Deus, eu não podia chamá-lo de papai. "Onde é que
ele guarda as tigelas?" Ela estava muito feliz em me mostrar.
Em minutos tínhamos uma linha de montagem na bancada: sacos
de farinha e açúcar, copos de medição que eu trouxe de casa, uma
tabua de corte e minha melhor faca. Eu decidi começar com a massa, e
colocar Polly para trabalhar.
"Você sabe como medir farinha?" Perguntei quando ela arrastou um
banquinho até o balcão.
"Eu sei frações." Ela não disse ‘duh’, mas ficou implícito.
"Certo." Eu posso ter implicado um ‘duh’ também. Um ponto para
ela, porém, por não revirar os olhos.
"Você pode me passar o avental pendurado ao lado daquele do
papai?", ela perguntou, apontando para os ganchos na porta dos
fundos.
Ali havia, de fato, um pequeno avental e um grande avental. Só
faltava um avental de tamanho médio para tornar essa a perfeita casa
dos três ursos.
Eu fui mancando até o avental, percebendo depois de alguns passos
que eu não precisava mancar. O bicarbonato de sódio realmente tinha
feito sua mágica. Desde que Polly estava me observando, eu transformei
o coxear num pouco de dança.
"Você sempre dança quando assa tortas?" Ela perguntou.
"Você não?" Perguntei-lhe de volta, inexpressiva.
"Eu nunca cozinhei antes." Ela pensou por um momento. "Eu gosto
da dança da torta."
Eu sorri e entreguei-lhe o avental. "Ok, aqui está o que vamos fazer.
Eu vou te dizer o que se coloca dentro da tigela, e você vai medir. Eu
vou cortar a manteiga, já que a faca é muito, muito afiada, mas você
pode adicioná-la quando estivermos prontas. Combinado?"
"De acordo", disse ela, animada. "Onde está a receita?"
Eu apontei para a minha cabeça. "Está tudo aqui."
Começamos a trabalhar e, depois de um tempo, tínhamos uma
tigela cheia de morangos fatiados com um pouco de suco de limão,
outra tigela cheia de farinha perfeitamente medida, sal e açúcar, e agora
Polly estava adicionando meu corte uniforme de manteiga aos
ingredientes secos.
Ela questionou tudo: Por que tinha sal na massa de torta? Por que a
manteiga precisa ser tão fria? Ela também parecia apreciar a forma
como eu cortei cada cubo igual e em linha reta, todos do mesmo
tamanho. Boa menina.
"Ok, agora amasse tudo com este batedor de massa. Ele vai
misturar a farinha e a manteiga, e então nós poderemos adicionar a
água gelada."
"Água gelada? Numa torta?", ela perguntou.
"Lembra-se do que eu disse sobre o uso de ingredientes frios para a
massa folhada?"
"Quanto mais frios os ingredientes, mais crocante a crosta", ela
repetiu, com a minha inflexão exata e no mesmo tom.
Eu tive que sorrir.
"Como estamos indo por aqui?", Perguntou Leo, roubando um
morango da tigela. Eu golpeei sua mão, fazendo-o rir. Enquanto comia a
fruta, ele fez uma careta. "Porque estão azedos?"
"Porque eu não adicionei o mel ainda. É por isso que você não pode
dar uma mordida até a chef dizer que você pode." eu disse, estendendo
a mão para um pote de mel local.
Polly assistiu a tudo com os olhos arregalados, em seguida, voltou
para sua massa. Seu pequeno pulso virou uma e outra vez na bacia, e
sua língua espreitava para fora de sua boca enquanto ela trabalhava.
De repente eu fui atingida por uma visão de Leo fazendo a mesma coisa
quando estava carregando uma caixa da fazenda num sábado agitado.
"As abelhas produzem o mel, você sabe. Tem certeza de que não
está com medo?" Polly perguntou com um sorriso insolente.
Eu senti meu rosto esquentar.
"Pode parar de fazer piadas com Roxie, Bisteca", disse Leo. "Peça
desculpas."
Ela olhou para a tigela. "Desculpe," disse, com voz mansa.
"Não é grande coisa", eu respondi, chuviscando um pouco de mel
sobre as frutas. Depois de mexe-los um pouco, eu falei para Leo,
"Experimente de novo, veja o que acha agora."
Ele fechou a boca em torno de um morango. "Mmm."
Minhas bochechas se aqueceram novamente. A última vez que o
ouvi dizer mmm, ele estava degustando algo completamente diferente.
"Meus braços estão cansados. Está quase pronto?", perguntou Polly,
esfregando seu ombro.
Olhei por cima do ombro para a tigela. "Parece muito bom.
Consegue ver como aqueles no canto são do tamanho de ervilhas?"
"Não há cantos em uma tigela, é um círculo." Ela deve ter pego um
olhar de Leo então, porque mudou de tom. "Oh sim, tamanho de
ervilha. Entendo."
"Deixe tudo do mesmo tamanho e nós poderemos ir em frente." Eu
comecei a arrumar a cozinha. "Um bom cozinheiro sempre limpa antes
de sair."
Ganhei um grande sinal de positivo do Leo. Ele parecia mais
relaxado do que estava antes, mais à vontade em ter-me em sua casa e
em torno de sua filha. Eu desejei me sentir da mesma maneira.
Exteriormente eu estava calma, mas por dentro eu ainda estava
tentando rebentar pelas costuras. Processando. Pensando.
Adivinhando. Imaginando.
E, com Polly concentrada em seu trabalho, Leo e eu tivemos uma
conversa silenciosa do outro lado do balcão.
Que diabos? Disse meu rosto.
Mais tarde, ele respondeu com seu rosto.
Oh, você pode ter certeza disso, minha cara assegurou.
Seu rosto respondeu com um podemos conversar mais tarde ou com
podemos foder mais tarde. Estranhamente, os dois pareciam o mesmo.
Nesse meio tempo, no entanto, eu tinha uma sete anos de idade na
cozinha, e uma torta para terminar.
No final, uma torta foi feita. Polly era boa com um rolo, e quando a
massa rasgou um pouco, o que era normal, ela ouviu pacientemente
enquanto eu ensinava a ela como molhar os dedos, beliscar e alisá-la de
volta junta. Ela perguntou se quando isso acontecia era um bom
momento para dançar, e eu concordei. Por isso, parei por trinta
segundos para uma pausa de dança improvisada, para grande deleite
de Leo. Polly não entendia por que ele ria tanto, e disse-lhe: "Papai,
dançar ajuda às vezes." Como ele poderia argumentar com isso?
Ele ficou em segundo plano, principalmente respondendo a
telefonemas. Eu estava ficando com a sensação de seu dia foi
inesperado e me perguntava, pela milionésima vez, onde Polly tinha
estado, e por que ela apareceu de repente. A nota que ele deixou na
minha cama esta manhã dizia que ele estaria movendo vacas, colhendo
morangos e me fazendo ficar verde. Em nenhum lugar ele mencionou
filhas chegando.
Após levar a torta ao forno, Polly saiu para brincar, parando apenas
para um tímido agradecimento por deixá-la me ajudar a cozinhar.
Agora, sozinha na cozinha com Leo, talvez eu pudesse obter algumas
respostas.
"Eu estou com fome, você está com fome?", perguntou ele, virando-
se e remexendo na despensa. Respostas não chegariam ainda,
aparentemente.
"Eu não tenho tanta fome quanto estou confusa."
"Confusa?", ele repetiu, parecendo estar determinado a fazer-me
dizer tudo. A colocar minha merda para fora antes que ele explicasse.
"Confusa, como: que diabos, Leo? Por que você nunca me disse que
tinha-"
A porta da frente bateu. "Podemos descer e ver as galinhas? Eu
quero ver se elas lembram de mim." Polly veio correndo para a cozinha e
parou, pouco antes de olhar para mim. "Quero dizer, quando a torta
estiver pronta, é claro."
Eu conhecia o meu limite, e tinha acabado de alcançá-lo.
"Você sabe o quê, eu acho que vou embora agora. Não se preocupe,
o temporizador está definido e, lembra-se do que eu disse sobre ver o
suco borbulhando? Quando o temporizador se apaga, se a torta estiver
borbulhando, ela está pronta para sair. Se não, basta dar-lhe mais
alguns minutos. Você pode ajudá-la a verificar o borbulhar, Leo?"
"Rox-", ele começou.
Eu me virei para a porta. "Eu vou pegar minhas coisas mais tarde.
Prazer em conhecê-la, Polly."
Tudo o que eu queria era ficar, mas corri para fora da porta, dirigi-
me para outro lado do gramado e sai do estacionamento rapidamente.
Considerando tudo que tinha acontecido, eu pensei que tinha lidado
com isso muito bem. Até que percebi que tinha esquecido minha bolsa.
Acelerei até o limite de velocidade. Não havia nada que me fizesse
voltar agora.
Bati a panela para baixo sobre o fogão. Minha faca cortou com raiva
através da manteiga. Joguei um pouquinho ou dois na panela, ouvindo-
a chiar instantaneamente.
Droga.
Eu adicionei azeite, rodei os dois juntos, em seguida, joguei um
pedaço de chuleta na panela quente. Deixei dourar de um lado
enquanto cortava a salsa como se ela tivesse feito algo pessoal para
mim.
Droga.
Eu ouvi o chiado da carne, confiando em meus ouvidos para dizer-
me quando era hora de virá-lo enquanto assassinava a salsa. O ritmo
familiar de cortar me distraiu dos pensamentos que estavam rolando
dentro do meu cérebro como bolas de boliche descendo em direção a
pinos muito firmemente arraigados.
13Gaspacho ou caspacho é uma sopa fria à base de hortaliças, com destaque para o
tomate, o pepino e o pimentão, muito popular no sul de Portugal, no sul de Espanha, bem
como no México e outros países centro-americanos.
Ele não respondeu minha pergunta, então eu finalmente olhei para
ele, levantando as sobrancelhas. Seu rosto estava cauteloso, tingido
com algo que parecia um pouco como... esperança? Eu me preparei.
"Eu queria falar com você", ele finalmente respondeu, vendo como
descobri o bife que estava descansando.
Eu peguei uma faca e comecei a corta-lo. "Então, fala." respondi,
organizando o bife num prato e chuviscando a mistura de salsa e limão
sobre ele. De jeito nenhum eu ia começar a conversa. Eu não estava
jogando minha mão até que tivesse visto o que mais ele podia ter na
manga.
Ele disse: "Você correu para fora de lá tão rápido esta tarde que eu
não tive a chance de-"
"Eu estive aqui durante semanas, Leo, semanas! Você nunca
pensou, sequer uma vez, em mencionar que tinha uma filha?" Enfiei um
pedaço de bife na boca e o mastiguei, furiosa. "Como, ‘hey, Roxie, pegue
aqui alguns desses morangos que você gosta, minha filha também os
ama’, ou ‘Obrigado por me mostrar esse lugar de natação; vou ter que
trazer Polly aqui algum dia’, ou ainda ‘Hey, Roxie, antes que eu te foda
sem sentido, já mencionei o fato de que eu tenho uma filha?’"
Eu cortei o bife com tanta força que metade dele saiu voando para o
chão, e a outra metade riscou o prato. Pisquei para Leo, que usava uma
expressão que eu imagino que só alguém que acabou de levar tapa
poderia usar.
"Você está brincando, certo?", ele perguntou suavemente.
Eu escavei a metade restante do meu bife, o mastiguei e engoli
como uma vingança. "Não sei por que eu estaria brincando sobre isso,
Leo. Você mentiu para mim."
"Eu nunca menti."
"Você quer discutir semântica? Uma mentira por omissão ainda é
uma mentira." Peguei uma mordida grande de bife.
Leo esfregou as mãos pelo rosto como se não pudesse acreditar no
que estava ouvindo. "Será que você realmente só usou Bill Clinton
contra mim?"
"Chame do que você quiser. Mas você e eu sabemos que você optou
por não me contar sobre sua filha, e de eu onde venho-" fiz uma pausa
para deglutição "isso faz de você um mentiroso."
"De onde eu venho isso não faz de mim um mentiroso. Faz-me
cauteloso sobre quem eu confio com a minha família", ele respondeu de
maneira uniforme, cruzando os braços e encostando-se no balcão.
Antes que eu tivesse a oportunidade de responder, ele olhou
diretamente através de mim. "E nós dois sabemos que você deixou bem
claro desde o início que não queria nada comigo além deste verão."
"Eu não fiz... isso não é... você faz soar como..." Eu balbuciei,
tentando formar uma frase.
"Você fez, é, e é exatamente o que parece", ele respondeu.
"Você concordou! Eu perguntei, e você concordou! Nós dois
entramos nisso sabendo exatamente o que era, e não tivemos realmente
um grande momento?" Eu rebati, chutando a minha cadeira de volta em
seu lugar e despejando meu prato na pia. "Isso, o que esta acontecendo
agora, é a exata razão pela qual eu não me envolvo."
Eu olhei para a pia. O cômodo estava em silêncio, exceto pelo pinga-
pinga a partir da antiga torneira. Em seguida houve um barulho, e
depois os cabelos na parte de trás do meu pescoço ficaram arrepiados.
Porque ele estava atrás de mim, e minha pele traidora e estúpida o
conhecia o suficiente para ficar feliz.
"Naquela noite que você me fez o jantar, aqui, com a beterraba,
lembra? O que você me disse então?", ele perguntou em voz baixa, sua
boca há apenas polegadas da minha orelha.
"Eu lhe disse muitas coisas," respondi, tentando como o inferno
resistir à memória muscular que estava doendo para me fazer inclinar a
cabeça para trás, sobre seu peito, que eu sabia ser firme e forte.
"Você me disse que o amor era confuso, doloroso e emocionalmente
desgastante."
Eu estremeci ao ouvir minhas palavras jogadas de volta para mim.
Mas então ele continuou. "Você se lembra da primeira noite que eu tive
você, na varanda?"
A memória veio tão rápido que um gemido estava fora da minha
boca antes que pudesse detê-lo. Leo, forte e bonito, deslizando para
dentro e para fora de mim, olhando para mim com algo parecido com
admiração. Eu balancei a cabeça, mordendo o lábio para me impedir de
gemer novamente.
Suas mãos estavam nos meus lados agora, o seu calor ao meu
redor. "E que eu lhe disse que tinha sido um longo tempo para mim?"
Eu me lembrava. Naquela primeira vez ele tinha sido frenético,
furioso e incrível. E então me fodeu novamente no andar de cima, desta
vez lento e seguro, com mais do mesmo incrível. Eu balancei a cabeça
novamente, perguntando-me onde isso estava indo.
"Minha filha tem sete anos," ele sussurrou, seus lábios quase
tocando minha orelha.
Minha testa enrugou. O que isso tem a ver com... oh. Oh, agora,
espere um minuto. Ele não podia... oh. Merda! Me virei confusa, mas
não tanto quanto admirada.
"Você quer dizer que você não tinha... Não desde que... Sério?"
Perguntei, minhas mãos se apoiando automaticamente em seu peito,
olhando-o nos olhos. "Mas isso é... Você é tão... Isso é criminoso!"
"Criminoso?", perguntou ele, o canto de sua boca levantando um
pouquinho.
Eu bati em seu peito para dar ênfase. "Você já viu a si mesmo? Mais
ao ponto, você tem fodido a si mesmo?"
E isto, senhoras e senhores, trouxe à mente imagens que me
manteriam aquecida nas noites frias de inverno pelo resto da minha
vida. Para não mencionar o calor que deflagrou em seus olhos. Senti
meu próprio rosto em chamas, e sabia que estava perdendo
credibilidade aqui. "Eu só disse... Inferno. Eu não sei o que quero dizer."
Dei um tapinha em seu peito distraidamente, me deleitando com a
sensação dele. "Eu acho que a pergunta é: por quê?"
"Por que eu não tinha feito sexo em tanto tempo? Ou por que não
contei sobre Polly?", perguntou ele, com os braços ainda em ambos os
lados do meu corpo. Uma mão acariciou facilmente meu quadril,
estabelecendo-se ali, seu polegar ainda acariciando a pele exposta.
Me emocionou sentir suas mãos sobre mim mais uma vez. E me
assustou além da crença que suas mãos pudessem me emocionar
assim. Será que eu teria coragem suficiente para superar tudo isso?
"Responda os dois", arrisquei, minhas mãos já não dando tapinhas,
mas alisando, calmantes. Tocando só porque eu podia? Ok, vamos logo
com isso.
"Eu vou responder a ambas; elas estão realmente ligadas. Mas é
uma grande história... você está pronta para isso? É sobre todas as
coisas que você diz que não gosta: Confuso, doloroso...", ele bateu seus
quadris nos meus "...e emocionalmente desgastante"
Ele estava me dando uma escolha aqui. Não só de ouvir sua
história, mas para dar o próximo passo com ele. Para ouvir a sua
história e deixá-lo entrar. Para ouvir a sua história e ele confiar em mim
com ela. Será que eu podia lidar com isso?
Eu mordi meu lábio. Ele acariciou meu quadril.
"Ok", eu disse cuidadosamente, em seguida, dei um beijo no centro
de seu peito. "Vamos ouvi-lo."
Estados Unidos. É supostamente originário dos Bálcãs, e parece estar relacionado com a
pastirma da Turquia.
17 Pão de origem francesa, feito com alto teor de manteiga e ovos.
coberta com açúcar em pó e pimenta da Jamaica? Poderia ter esgotado
todos os dias desde que eu o tinha adicionado no menu.
Admirei este pão da maneira como um escultor pode admirar um
pedaço de mármore virgem. Apenas um bloco de pedra mas, o que mais
poderia ser? O que poderia tornar-se sob as mãos de um mestre?
Esfreguei novamente o centeio integral.
"Você prefere que eu te deixe sozinha?" Leo perguntou atrás de
mim. Um pouco envergonhada, eu me virei para vê-lo parado na porta
de vaivém que levava à sala de jantar.
Eu sorri um pouco timidamente, cheia de sentimentos que eu não
poderia nomear e nem sequer tentar explicar. Depois da noite passada,
eu estava um pouco insegura sobre como seria esta nova fase da...
qualquer que seja a coisa que estávamos fazendo. Eu nunca tinha
estado aqui antes. Seria estranho? Será que nós imediatamente
tínhamos evoluído de diversão pura e sem amarras para algum tipo de
casal? Assim é como os casais se comportam? Puta merda, espere um
minuto, somos um casal!
Um beijo me tirou do meu pânico crescente. Foi o menor pincelar
contra os meus lábios, mas tão quente e doce que cortou através da
minha besteira e me fez querer outro beijo. E outro...
As mãos de Leo furtivamente foram ao redor das minhas costas
enquanto ele me puxou contra ele, dançando beijinhos numa linha em
direção ao meu pescoço.
"Oi," ele murmurou, falando diretamente para meu coração, que
atualmente batia contra seus lábios.
Eu respirei profundamente, deleitando-me com o cheiro dele. Era
tudo sobre grama verde e pele salgada. Sua barba raspou um pouco
contra minha clavícula, e eu percebi que a sensação dele duro e sujo
era algo a que eu também tinha ficado muito acostumada.
"Eu tenho uma pilha de bacon aqui que está ficando frio, e você
sabe que o Sr. Beechum odeia bacon frio. Então me dê só mais uns
oitenta e três beijos e volte ao trabalho."
“Maxine separou uns pedaços de bolo para mim, vim aqui buscá-
los”, ele falou exatamente quando ela caminhava para dentro com um
sorriso torto.
Minha cara de beijo tinha sido notada, e seria a conversa da estação
de condimento dentro de minutos... e estaria na linha de fofocas da
cidade dentro de uma hora.
Eu me atrevi a esgueirar-me para mais um beijo, porém, e então
sorri para ele. "E aí?"
"Estamos aqui para o almoço", ele respondeu, com os olhos
dançando.
Ceeeeeeerto. Um balde de água fria. Porque Leo já era um nós. E
sempre seria um nós. E, sendo eu alguém que já teve problemas com
ser um nós, isso seria complicado para mim.
Eu sorri com bravura, determinada a ver como isso ia evoluir. Eu
tinha prometido a Leo que tentaria.
Empurrando pela porta de vaivém e entrando no salão, avistei Polly
sentada na ponta do balcão. Respirando fundo, eu passeei para fora
como se possuísse o local – o que tecnicamente era verdade, já que eu
era filha da dona -, determinada a não mostrar medo.
"Hey, Polly, o que anda aprontando?", perguntei. Na verdade, eu
perguntei a uma garota de sete anos o que ela andava aprontando por
aí. E eu sei disso porque as palavras estavam piscando no ar, fechadas
numa bolha, como numa história em quadrinhos. Uma história em
quadrinhos intitulada "Coisas que nunca devem ser ditas a uma
criança."
Olhei por cima do meu ombro para ver se Leo tinha escutado, e ele
estava apenas olhando para o teto, balançando a cabeça.
Polly parecia confusa. "O que estou aprontando por aí?"
"As coisas que você anda descobrindo pela fazenda, é claro!" Sorri
tão amplamente que quase pude sentir meus lábios rachando.
Ela alisou seu rabo de cavalo com os dedos. "Tudo bem, eu acho."
"Bem, isso é ótimo. Então, o que eu posso fazer por você?"
"Estou morrendo de fome", ela anunciou, empertigada em seu
banquinho.
"Então você veio ao lugar certo. Eu estava me preparando para fazer
um queijo grelhado para mim mesma. Você gosta de queijo grelhado?"
"Eu não gosto de queijo grelhado", disse ela. Mas, justo quando eu
comecei a pensar em outras opções, ela inclinou-se sobre o balcão e
disse com voz grave: "Eu amo queijo grelhado."
"Fantástico", eu respondi, inexpressiva também.
"Hey, Rox? Ela gosta de seu queijo grelhado com Velvee-"
"Silêncio", eu disse, o que fez Polly dar uma risadinha. "Você quer
um queijo grelhado regular ou quer um queijo grelhado Roxie especial?"
"Roxie especial!", ela gritou. Então, quando percebeu que estava se
divertindo, ela repetiu "Roxie especial" de uma maneira indiferente.
"Saindo um Roxie especial!", eu respondi, enxotando Leo para o
banquinho ao lado dela.
"Você não vai perguntar se eu quero um Roxie especial?",
perguntou ele, assim que Maxine apareceu com uma toalha de prato
nas mãos.
"De novo?", perguntou ela com uma piscadela e um estalar de sua
toalha.
A boca de Leo caiu aberta, e depois fechou rapidamente quando viu
Polly estudando sua reação.
"O que ela quis dizer, papai?" Eu a ouvi perguntar quando voltei
para a cozinha, rindo para mim mesma. De frente para o grill, eu
reivindiquei um canto para mim mesma, enxotando um Carl
resmungante antes de começar a trabalhar.
Dez minutos mais tarde eu deslizei três sanduíches de queijo
grelhado quente em pratos e levei-os para fora da cozinha.
"Oooo," Polly inspirou quando eu coloquei um sanduíche na frente
dela.
"Oooh," Leo respirou quando olhou para o sanduíche na frente de
Polly. "Uau, Rox, é bonito, mas-"
"Isso não se parece com o meu queijo grelhado normal," disse Polly,
olhando para o sanduíche, então para mim, em seguida para o
sanduíche novamente.
"Não, senhora", eu respondi do meu lado do balcão. Eu levantei
metade do meu sanduíche d prato para mostrar a ela, e uma sequência
de queijo derretido apareceu.
Queijo derretido em camadas de mussarela e cheddar Inglês,
coberto com fatias finas de maçã, e uma simples sugestão de sálvia
fresca. O pão? Em fatias grossas de centeio, com manteiga de ambos os
lados e enegrecido com marcas da grade. Eu dei uma mordida enorme
na minha metade, revirando os olhos para os céus e mostrando o
quanto eu gostava da porra do meu sanduíche.
"O que é isso saindo do lado?", Perguntou Polly.
"Maçã."
"No queijo grelhado?"
"Oh sim." Eu assenti com a boca cheia.
"Meu pai sempre diz que não se deve falar com a boca cheia."
Eu atirei de volta, "Minha mãe sempre diz para comer o que é
colocado na sua frente."
Ela pensou sobre isso por um momento, inclinando a cabeça para o
lado de seu pai. "Meu pai diz isso também," ela concordou, e pegou o
sanduíche. Ela cheirou, franziu o nariz, em seguida, deu uma mordida
hesitante.
Notei que Leo não estava respirando. E eu notei isso porque eu
também não estava respirando. É por isso que quando o rosto de Polly
se iluminou com um enorme sorriso, sua franja foi soprada na brisa do
suspiro que exalamos.
Em vez de fazer um grande negócio por causa disso, eu só peguei
meu sanduíche, brindei com Leo, e nós três almoçamos juntos. Mas
toda vez que ele chamou minha atenção, seus olhos estavam sorrindo.
No final da refeição, eu aprendi que Polly amava a cor azul, que queria
ser treinadora de cavalos ou meteorologista quando crescesse, e que o
Roxie Especial era seu novo sanduíche favorito. Segundo ela, era "muito
mais adulto do que o sanduíche que papai faz. Seu queijo favorito é o
string cheese18. O meu era spray can19, mas não mais!"
Ah, pelo amor de Deus, essa garota estava me deixando um pouco
emocionada. No momento em que os sanduíches eram apenas crostas,
Maxine se ofereceu para deixar Polly escolher as próximas músicas no
jukebox, e Leo e eu ficamos sozinhos.
"Assim, tudo correu bem", disse ele, atingindo outro lado do balcão
e roubando o último picles do meu prato.
18
19
"Sim, queijo grelhado é a minha especialidade", eu disse.
"Não apenas o queijo grelhado. Eu quis dizer-"
"Oh, eu sei o que você quis dizer," eu interrompi, me sentindo um
pouco emocionada, agora por um motivo diferente. "Você apenas passou
pela cidade, e, de repente, parou aqui para o almoço."
Ele deixou cair aquele sorriso lento para mim, e eu vacilei
ligeiramente. "Hey, nós tínhamos que comer, certo?"
Revirando os olhos, acenei que sim, que eles tinham que comer.
"Você vai à festa de Chad e Logan sábado à noite?", ele perguntou,
mudando de assunto.
"Claro." Comecei a limpar os pratos, curvando-me para colocá-los
na bacia de plástico embaixo do balcão.
Ele se inclinou um pouco sobre o balcão. "Quer ir junto comigo?"
Eu apareci de volta. "Wow, trazendo sua filha ao redor, me
convidando para festas... olha quem está fazendo as coisas oficiais de
repente!" Eu lhe dei uma jogada de cabelo sobre meus ombros, para
suavizar um pouco minhas palavras; mas não importava, elas já tinham
escapado.
"Inferno, sim, uma festa de inauguração vai tornar isso oficial",
disse ele levemente, fingindo atirar seu próprio cabelo sobre o ombro.
Ele conhecia meu jogo, e não estava caindo nele. "É uma festa, Rox. Eu
só estou te convidando para uma festa; não é ‘até que a morte nos
separe’."
Você já esteve numa sala cheia de ruído ambiente, onde sabe que
pode ter uma conversa privada que ninguém mais vai ouvir, por causa
de toda a conversa de fundo? Mas, de repente, geralmente durante a
parte principal, todo o barulho silencia e todo mundo ouve o que você
está dizendo?
Agora imagine isso numa lanchonete de cidade pequena, quando
uma pausa na lista da jukebox acontece exatamente quando Leo
Maxwell, solteiro mais cobiçado da cidade, diz ‘até que a morte nos
separe’ para Roxie Callahan, filha fugitiva e candidata menos elegível.
Maxine e seus companheiros acabaram de ganhar a fofoca do dia na
estação de condimento. A fofoca do dia.
Essa semana passou de estranha para mais estranha ainda. Eu
estava super ocupada no restaurante, assando bolos depois que fechava
para os pedidos que foram chegando, e estava começando a perceber
que, mesmo com as padarias artesanais e a dieta natural local, as
pessoas eram loucas por bolos feitos à maneira que vovó fazia. Eu
estava atolada profundamente em bolos red velvet, enterrada até os
olhos em creme bourbon e, mais frequentemente do que não, fui para a
cama à noite com coco no cabelo.
O que eu não levando para a cama, porém, era com um certo
agricultor a quem eu tinha me acostumado a ter à disposição sempre
que a necessidade surgisse (ou seja, o tempo todo). Mas, quando se
adiciona uma criança à mistura, especialmente uma tão precoce quanto
Polly, tinha-se menos amor de verão e mais sexo por telefone e
mensagem de texto. E oh meu Deus, Leo era especialista nisso.
Não era como se eu o tivesse visto todas as noites antes de Polly
aparecer em cena. Mas, mais frequentemente do que não, por volta das
seis eu costumava receber um telefonema perguntando se eu tinha
jantado (que era código para "posso ir até aí para você me alimentar
com sua comida deliciosa"), ou um texto em torno das dez perguntando
o que eu estava fazendo (código para "eu posso ir até aí para você me
alimentar com a sua deliciosa bocet-". Wow, eu vou manter esse código
em segredo). E, eventualmente, após uma rodada de sexo, nós
adormecíamos, comigo abrigada em seu lado ou envolvida totalmente,
como ele preferisse.
E ele dormia de conchinha.
E eu gostei. Não, mais do que gostar. Eu adorava. E o que vinha
depois de adorar? Essa palavra de quatro letras20 que eu estava
relutante em usar, mas era a única maneira de realmente capturar a
maneira como eu me sentia sobre Leo. Sobre dormir com Leo, quero
dizer. Depois de anos e anos de insônia, finalmente conseguir dormir
durante a noite embrulhada num casulo Almanzoniano era
absolutamente impressionante.
Mas agora... ajustes tiveram que ser feitos.
Porque agora as chamadas e textos eram para checar como eu
estava e para conversar sobre o dia, sempre terminando com, "Assim
que a babá dela estiver de volta na cidade, você pode apostar sua bunda
doce que eu estarei aí para te foder e abraçar."
Mas nenhuma foda ou aconchego estava acontecendo. Por
conseguinte, nada de dormir estava acontecendo, e eu estava de volta à
minha média de três horas por noite. O que eu tinha feito durante anos
e anos, mas... eu adorava dormir mais. E eu estava perdendo a cabeça.
Eu até tinha visto Leo algumas vezes essa semana, em torno da
cidade, durante sua entrega regular na lanchonete e no que estava se
tornando uma viagem diária para almoço de queijo grelhado. Mas,
tempo sozinha com ele? Não muito.
20 Amor.
Eu estava me ajustando à ideia de que Leo tinha uma filha. Quero
dizer, crianças acontecem, certo? O que estava me causando mais
problemas, porem, era como eu estava me ajustando ao ajuste de Leo
ter uma filha. Entenderam? À medida que a existência de Polly se
revelava sobre nós... revelava também que nós estávamos caminhando
em território inexplorado.
Esse sentimento se revelou quando ele trouxe Polly para o
restaurante no dia seguinte: nós ficávamos muito bem juntos,
considerando a reação dela ao sanduíche, agora orgulhosamente o seu
favorito. Mas, ainda assim, havia algo sobre isso que eu não conseguia
entender. Um mal-estar, quase como o sentimento que se tem cinco
segundos antes de um nó se formar na garganta.
Nó na garganta? Jesus Cristo, isso é o melhor que você pode fazer
para descrever?
E, falando do melhor que eu posso fazer...
Era sábado à noite, e eu girava no espelho do quarto. Eu tinha
trazido apenas um belo vestido comigo neste verão, e finalmente teria a
chance de usá-lo. Era de linho vermelho-sangue, era suavizado por uma
aspersão de flores rosa pálido aqui e ali. O decote era em V e ele tinha
mangas - simples, mas muito elegante. Evitando minhas tranças
gêmeas habituais ou coque, esta noite deixei meu cabelo solto e
encaracolado. Eu o tinha domado com um pouco de óleo de coco, e ele
brilhava como cobre polido. E mesmo que eu aplicadasse protetor solar
deliberadamente todos os dias, minha pele estava com um tom de
bronze rosado, e meu nariz e bochechas sardentas.
Mas mais do que isso? Eu parecia relaxada e feliz. As linhas de
preocupação que tinham começado a aparecer entre os meus olhos e na
minha testa tinham suavizado este verão, fazendo-me parecer jovem e
fresca. Leo era como Botox, aparentemente.
Eu escorreguei em minhas sandálias de salto alto, em seguida, corri
escada abaixo para dar os últimos retoques no meu presente de
inauguração. Cupcakes de creme brulèe minúsculos, embebidos em
aguardente com aroma de laranja e cobertos com uma crosta salpicada
com açúcar - eles pareciam pedacinhos do céu. Eu tinha feito alguns
para os convidados, bem como um recipiente separado para Chade e
Logan desfrutarem depois que todos partissem. Cupcakes à meia-noite
não eram um mau caminho para começar numa casa nova.
Eu estava apenas colocando os últimos no recipiente quando ouvi
um carro parar do lado de fora. Não soava como o jipe de Leo, então eu
olhei para fora da porta aberta e vi um grande e preto Mercedes parado
na entrada.
Levei um momento para perceber que era Leo. Com suas camisetas
vintage e seu jipe enferrujado, ele ficava sob o radar tão bem que era
fácil esquecer que ele era rico. E cara, o homem que saiu do carro era
mais do que eu estava esperando.
Vestido com uma camisa branca de botões, blazer preto, calça jeans
digna de um desfile e algum tipo de sapatos brilhantes, ele estava
impressionante. E... oh!
Ele tinha se barbeado.
O que ele escondia sob aquela barba moderna? Maçãs do rosto
pintadas por Da Vinci. Uma mandíbula esculpida por Michelangelo.
Seus olhos verdes estavam iluminando o rosto mais bonito que eu já
tinha visto. Seu cabelo loiro-areia estava jogado para trás, despenteado,
mas de um jeito diferente. Será que ele usou pomada? Cera? Era
perfeição total, independente do método.
Seu olhar me varreu avidamente - o vestido, os saltos, as pernas.
Eu sabia o quanto ele gostava das minhas pernas. Conforme ele se
aproximava da varanda, eu podia sentir minha pele formigando em
todos os lugares que seu olhar tocou.
"Você está linda", ele disse quando parou abaixo de mim, um pé
descansando no último degrau.
"Você está... o que é melhor que bonito?", perguntei, me
aproximando um passo dele.
"Luminoso? Radiante? Sexy além do pensamento racional?" Ele se
aproximou também, parando a distância de um braço.
Eu balancei a cabeça. "Você está todas essas coisas."
Antes que pudesse dar mais um passo e atacar, ele me puxou em
sua direção, me suspendendo no ar e esmagando-me em seu peito, e
me beijando até eu ficar sem fôlego. Após cinco dias de textos sensuais
e uma cama solitária, este homem tinha-me em seus braços, uma mão
subindo pela minha coxa, e meu coração quase saltou do meu peito.
Quando ele finalmente deixou-me recuperar o fôlego, eu abri meus
olhos sonhadores, tonta, e ele cutucou meu nariz com o dele. Soltando
mais um beijo doce na minha boca ele me colocou de volta nos meus
pés e piscou.
"Vamos inaugurar uma casa."
22
Enquanto caminhava ao redor, ela continuou a verificar as mudanças
que eu tinha feito, mas não houve quaisquer comentários ou perguntas
até agora. Se ela estava irritada com as mudanças, não disse nada.
Talvez porque tínhamos uma audiência. Ou talvez porque estava feliz
com isso. Coisas mais improváveis e estranhas já tinham acontecido,
afinal.
Conforme continuei com meu trabalho, o restaurante começou a
esvaziar da corrida para o almoço. E enquanto eu limpava, ficava
esperando o sentimento de alívio descer sobre mim. Como ela estava de
volta, meu tempo aqui tinha acabado, e eu poderia voltar para a minha
vida na Califórnia. E continuei esperando por esse sentimento.
Mas ele nunca veio. Engraçado.
Quando o último cliente do almoço foi embora, mamãe trancou a
porta. Fazendo o seu caminho até mim, ela se sentou no banquinho ao
lado de sua irmã roncando. "Devemos deixá-la dormir?"
"Ela parece bem cansada." Eu ri. "Eu voto em deixá-la dormir."
"Falando de dormir-"
Eu pulei. Quem já tinha contado a ela sobre Leo?
"Como você conseguiu dormir, com todo esse ar puro do campo?"
Eu respirei de alívio. "Oh, hum, eu tenho dormido muito bem, na
verdade."
"Você parece realmente bem", disse ela, me examinando com
cuidado. "Você parece descansada. Sua pele está ótima, seus olhos
estão brilhantes, e seu cabelo parece bom e forte".
"Obrigada, eu comi um ovo cru todos os dias esde que você saiu,
por isso o brilho. Você deseja verificar os meus dentes?"
"Não zombe da sua mãe, Roxie", disse ela distraidamente, ainda me
olhando com muito cuidado. Ela poderia dizer? Será que ela sabia?
"Mmm-hmm," ela finalmente disse.
Me senti da mesma maneira como quando eu era criança e tentei
mentir para sobre se tinha feito ou não minha lição de casa. Ela sempre
sabia.
"Você está livre para ir, Rox", disse ela.
"Hum, obrigada, mas eu ainda tenho pedidos para terminar antes
que eu possa sair hoje. Eu vou ver você de volta em casa. Tenho certeza
que a tia Cheryl prefere tirar um cochilo no sofá em vez de sobre o
balcão." Eu sorri e ela deu um tapinha na minha mão. "É bom ter você
em casa, mãe."
"Eu quis dizer que você está livre para voltar para a Califórnia."
Eu estava no meio da porta de vaivém quando ouvi suas palavras. E
voei de volta para o restaurante.
"Estou em casa! Você está livre!", ela gritou, fazendo um grande
gesto em direção à porta da frente. "Estou surpresa que você não correu
para as montanhas assim que entramos."
Sentei-me ao lado dela, brincando com um fio solto no meu avental.
O cenário estava muito igual a quando eu era uma garotinha. Sentadas
lado a lado, sem olhar uma para a outra.
"Eu estava pensando," finalmente disse, girando meu telefone no
balcão como distração, "Eu meio que tenho que ficar um pouco mais.
Você vê, você voltou para casa mais cedo do que eu planejei
inicialmente. Estou feliz que você está em casa, mas ainda não estou
preparada. Eu hum... ainda tenho pedidos de bolo para entregar. É
claro que eu preciso te contar sobre os pedidos que bolo que peguei,
mas... E eu tenho essas aulas de culinária zumbi que estou
ministrando. Nós ainda temos a de conservas para aprender, e eu
também estava esperando poder ensinar a fazer extrato de tomate e
como congelar corretamente os alimentos antes de ir."
Foi então que meu telefone se iluminou anunciando uma mensagem
de texto. Na tela estava o nome de Leo, junto com uma imagem que eu
tinha tirado no dia em que ele me mostrou suas nozes... nas árvores.
Ele estava sorrindo preguiçosamente, aparentando em cada polegada o
garoto-propaganda da ‘Fazendeiros quentes’. Era a minha imagem
favorita dele. E embora eu tenha rapidamente virado a tela para baixo,
não fui rápida o suficiente.
Minha mãe viu a foto. E poderia até mesmo ter visto o texto. Oh
homem.
Seus lábios enrolaram quando ela tentou segurar um sorriso.
"Entendo."
"Você não entende nada. Não é o que parece".
"Eu adoraria saber o que você pensa que parece quando o solteiro
mais cobiçado no estado de New York manda mensagens de texto para
minha filha, com coisas como: 'Hey Ervilha, a noite passada foi incrível
e-'"
"Pare de falar! Oh meu Deus, faça isso parar!" Eu gemi, deixando
minha cabeça cair sobre o balcão como tia Cheryl.
"Você tem feito mais de bolos neste verão, Roxie Callahan!" Minha
mãe saltou de seu banquinho e correu atrás do balcão, segurando duas
canecas de café. Servindo as bebidas, ela apoiou o queixo em suas
mãos e arqueou as sobrancelhas. "Derrame."
Eu derramei depois do jantar, depois que tia Cheryl estava serrando
toras no quarto de hóspedes e minha mãe e eu nos sentamos na
varanda da frente. Nossa varanda da frente estava vendo alguma ação
neste verão, isso era certo, entre o sexo, o andar e a contação de
histórias. Minha mãe fumou um pouco da melhor folha do Colorado
enquanto eu fiquei com um café gelado.
Contei apenas coisas superficiais, sem divulgar nada substancial,
admitindo apenas ver Leo ocasionalmente, casualmente. Algumas
pitadas suculentas a distraíram facilmente, e com apenas a mais leve
cutucada eu fui capaz de mudar seu foco para longe de mim e da minha
vida amorosa, bombardeando-a com perguntas sobre como a viagem
tinha sido.
Oficialmente ela não poderia me dizer se elas tinham ganhado, mas
com base no fato de que ela voltou para casa mais cedo e uma piscadela
artisticamente cronometrada quando eu disse: "Ah, pelo amor de Deus,
diga-me, você perdeu, certo?" Eu coloquei dois e dois juntos.
E tão fácil como foi distraí-la com algo brilhante (falar sobre si
mesma), ela pode ser distraída por algo ainda mais brilhante e
corriqueiro (sua vida amorosa).
Minha mãe tinha encontrado nada menos que três homens em sua
viagem. Primeiro foi Hank, um vendedor de peças de automóvel de
Akron, Ohio, viajando com seu filho para o show. Um dos primeiros
selecionados, ele e mamãe tinham partilhado uma noite de beijos
bêbados na Chinatown de San Francisco após a festa de boas-vindas
aos participantes do programa. Seu filho e tia Cheryl intervieram,
explicando a cada um deles que se envolver com a concorrência era
uma receita certa para o desastre. Quando minha mãe pegou Hank com
as mãos dentro das calças de uma outra concorrente (Sabrina, uma
instrutora de ioga de Tallahassee), ela concordou que não daria certo, e
simples assim Hank entrou na pilha de descarte.
Em seguida veio Pierre, um imigrante francês que tinha sido o
instrutor num mergulho nos Mares do Sul, a pérola da expedição.
Depois de tentar mergulho livre depois de apenas 10 minutos de
treinamento e sem suporte de respiração, minha mãe tinha sido
arrastada para fora da água e para o colo de Pierre, onde foi
ressuscitada pelo francês. Ela na verdade esperou vários minutos antes
de “voltar à vida”, de modo a desfrutar de um pouco mais de boca-a-
boca. Minha mãe e Pierre tiveram uma noite de mergulho íntimo
oceânico, onde ele pediu-lhe para tentar definir um novo recorde
mundial para a apneia enquanto ficavam ocupados...
Eu quase tive que bucar o scotch para ouvir essa história.
E, finalmente, houve Wayne Terça-Feira. Sim, esse era o nome real.
Wayne era um operador de câmara para a empresa de produção que
possuía The Amazing Race, e sua unidade havia sido designada para
filmar minha mãe e tia Cheryl. Tarde da noite, na ilha de Tahiti, depois
de um concurso de limbo que minha mãe ganhou, os dois furtivamente
fugiram do resto da esquipe e dividiram um daiquiri de abacaxi. Foi o
abacaxi? Teria sido o limão? Ou o bendy? (Com certeza foi o bendy.) o
fato era que ninguém sabia ao certo o que tinha acontecido, somente
que ela estava completamente apaixonada por Wayne.
Agora, normalmente quando um participante de reality show se
envolve com um membro da equipe de filmagem (eles desaprovam isso),
uma de duas coisas acontece. Ou o competidor é removido ou o
membro da equipe é demitido. Wayne e minha mãe foram capazes de
esconder seu romance de todos até o local de filmagem final em Roma,
onde foram pegos jogando um jogo espirituoso de esconder o salame.
Ele foi demitido e algumas semanas mais tarde, minha mãe e tia Cheryl
tinham sido eliminadas.
Para o registro, este foi o mais longo tempo que mamãe manteve um
segredo. Se ela já me disse: "Ei, eu não ganhei The Amazing Race"? Não,
mas ela contornou as regras com bastante facilidade em sua mente,
usando palavras como eliminado. Ninguém, e eu quero dizer ninguém,
conversava com Trudy Callahan por mais de uma hora sem que ela
contasse um segredo.
Mas, conforme ela contava história após história de suas aventuras,
eu fui pega na excitação, na tolice, na sua atitude despreocupada. Eu
estava gostando de sua companhia, eu ri de seus contos e
simpaticamente afaguei seu ombro quando ela me contou sobre os
perigos de queimaduras solares lá em baixo depois de uma temporada
numa praia de nudismo.
E foi por isso que, enquanto observamos os vagalumes dançarem
preguiçosamente através do quintal, conversando sobre isso e aquilo e
tudo, eu estava convencida de que ela tinha esquecido da mensagem de
texto de Leo. Porem, de repente ela disse: "Leo Maxwell é exatamente o
tipo de homem que eu posso ver com você. Veja isso também, Roxie."
Eu estava tão surpresa que permaneci na varanda, sentada em
linha reta e tensa, pensando sobre o que ela tinha dito por muito tempo
depois que ela entrou.
Na manhã seguinte, minha mãe me disse que Wayne Terça-Feira
estava chegando hoje; ele estava vindo de DC para passar a semana
com ela. Tia Cheryl tinha ido para casa mais cedo na manhã seguinte,
dizendo para minha mãe nunca, nunca chamá-la de novo para qualquer
tipo de reality show. Ou qualquer viagem de qualquer tipo.
Minha mãe estava feliz da vida que eu iria ficar em torno por mais
um tempo, mesmo que eu já estivesse de olhos em lugares livres nos
bairros próximos da nossa casa. Eu estava acostumada a ter seus
namorados por perto, mas tinha sido anos desde que eu realmente tive
que vê-la com algum deles. Estremeci enquanto pressionava um
hambúrguer, pensando sobre o que eu poderia ter que suportar quando
Wayne chegasse.
Mamãe e eu fomos trabalhar juntas hoje. Ela estava ansiosa para
ver os livros e ver como as coisas tinham andando enquanto ela ficou
afastada. Eu estava ansiosa, agora que ela estava de volta e se
estabeleceu, para ver como o que eu tinha feito seria recebido.
Embora não devesse importar. Eu estava voltando para L.A....
certo?
Possivelmente? Talvez não? Se Chad Bowman estivesse na minha
cabeça agora, ele teria feito uma cambalhota. Eu estava realmente
considerando a ideia de... ficar?
Eu ponderei tudo isso enquanto assava alguns espetinhos de queijo
e me preparava para lançar uma nova linguiça defumada na grelha. O
açougue no qual eu tinha conseguido o pastrami no outro dia tinha
uma nova linha de salsichas alemãs, e vinha trabalhando o meu
caminho através delas. A linguiça de fumada era fantástica,
perfeitamente temperada e suculenta com gordura boa aqui e ali. Eu
estava trabalhando mentalmente numa receita com cebolas grelhadas e
um pouco de vinagre de maçã quando ouvi Maxine avisar que eu tinha
um visitante.
Olhando para o relógio antigo sobre o armário, vi que era hora do
almoço, o que só poderia significar um visitante muito específico. Eu
sorri, tampando os pedaços de queijo para deixá-los agradáveis e
pegajosos, limpei as mãos no avental e empurrei as portas giratórias.
Eu imediatamente vi Polly sentada no balcão com o menu na frente
dela, parecendo muito crescida.
"Beber refrigerante não é ilegal. Isso é bobagem, papai", ela
argumentou dando Leo me um olhar de soslaio.
Encostei-me ao batente da porta e sorri quando Leo calmamente
pegou o menu e fechou-o, colocando-o entre eles.
Atrás deles eu vi minha mãe com a cafeteira, passando de mesa em
mesa, conversando, certificando-se que todos tinham o que precisavam.
E então um flash de repente me bateu - ou talvez tenha sido só um
devaneio. Claro como o dia, eu tive a visão mais nítida de uma Polly um
pouco mais velha me ajudando no restaurante. Ela estalou a bola do
seu chiclete e anotou o pedido de um menino que não era muito mais
velho que ela.
Eu olhei para a cena ao meu redor: pessoas felizes numa cidade
feliz. Tudo super-hiper-megafeliz. Isso poderia ser real? Isso poderia ser
real para mim?
Só então Leo reparou em mim e, como sempre, seus olhos
percorreram todo o meu corpo, queimando com calor antes que ele me
desse uma piscada.
Eu sorri instantaneamente. Talvez isso fosse real, afinal. Comecei a
andar na direção deles com esse mesmo sorriso brilhante.
"Bisteca, você não pode ter refrigerante. Leite ou suco de maçã são
as suas escolhas. Tome-o ou deixe-o", disse Leo com uma voz firme.
"Vovó, por favor", ela reclamou.
Vov- o quê? Parei tão rápido que deixei marcas de derrapagem.
Com certeza, lá estava a Sra Maxwell. E ela parecia tão
profundamente fora do lugar. Eu não tinha ideia de como não tinha
notado.
Talvez eu estivesse um pouco distraída com a visão da minha
pequena família feliz, protagonizada por mim e meu próprio Almanzo
girando a nossa Polly na fazenda.
Seu cabelo perfeitamente cortado era tão prateado que podia brilhar
no luar. E ela tinha olhos verdes, como Leo e Polly, embora os dela
fossem da cor do dinheiro e do poder.
Ela estava ricamente vestida em calças de cor creme feitas sob
medida, e eu silenciosamente a aplaudi por ter coragem de usá-las num
lugar que servia pimentão ao molho sete dias por semana. A blusa
listrada harmonizava com as pérolas em volta de seu pescoço, que
provavelmente custavam o que eu tinha pago pela escola de culinária.
Ou mais.
Mentalmente averiguando minha roupa, eu me amaldiçoei,
pensando no pudim de arroz que tinha manchado minha capri mais
cedo. Para não mencionar a mancha de cranberry no meu avental.
"Oi, Roxie!" Polly falou. Alisando o guardanapo sobre seus shorts
jeans, ela continuou, "Vovó, este é Roxie. A garota que eu estava te
falando. Ela faz a melhor torta! E nós fazemos uma versão super chique
e melhorada de queijo grelhado, com queijo nobre, maçãs e pão de
centeio com estes pequenos grãos estranhos nele. É tããão legal! Uma
delícia!"
"É um prazer conhecer você. Roxie, não é?", perguntou ela
friamente.
Sem aperto de mão. Ela provavelmente não podia levantar a mão, de
qualquer maneira, devido ao peso do diamante do tamanho de um
rinque de patinação que estava em seu dedo.
"Meu Leo me disse que você tem ajudado a sua mãe aqui até voltar
para... Onde mesmo?"
"CC-Califórnia," balbuciei, vendo minha mãe andar em direção ao
balcão com duas cafeteiras vazias e um sorriso largo. Oh Deus. Minha
mãe e a mãe dele, no mesmo lugar e ao mesmo tempo, poderia ser
material de lendas. Também poderia ser material para um épico
desastre de trem.
"Hey, Polly, você voltou do acampamento de verão mais cedo, não
é?" Minha mãe gritou, correndo ao redor do balcão numa nevoa de
sândalo e franjas de couro para ficar na frente da filha do Leo,
estendendo a mão e apertando o nariz dela. Polly deu uma risadinha e
respondeu com um high-five.
"Oi, Ms. Callahan! O acampamento foi mais ou menos, e o papai
sentiu tanto a minha falta que decidi voltar para casa mais cedo."
"Estamos felizes por ter você em casa. E, Leo, você só fica mais
bonito cada vez que te vejo!" Minha mãe voltou para trás do balcão.
"Como foi o verão? Parece que você e Roxie tiveram um grande tempo!
Bom Deus, olhe para você, está ficando tão rosado quando a bunda de
um porco."
Se você disser a palavra bunda na frente de uma criança de sete
anos de idade, não importa o quão inteligente ela seja, ela vai rir até
sua cabeça explodir. Ouvir seu pai ser comparado com a traseira de um
porco fez Polly voar num vendaval de risos que não parava mais. Não
importava o quanto à mãe de Leo tentasse acalmá-la gentilmente. Ela
riu tão forte que provavelmente até perdeu o comentário sobre eu
passando o verão com seu pai - mas a mãe dele com certeza prestou
bastante atenção nessa parte.
"E esta deve ser a sua mãe, a Sra. Maxwell. Você sabe, eu vejo vocês
vindo visitar a cidade durante todos esses anos, mas ela nunca antes
veio até a minha lanchonete. Agora, como isso é possível?" Minha mãe
parou em frente à mãe de Leo.
"Você sabe como verões podem ser ocupados com hóspedes e festas.
Eu sempre quis entrar na cidade quando a visitava, mas Leo me
manteve tão ocupada lá em casa", ela respondeu com a voz anasalada
típica dos ricos. Um pouco de Boston, um pouco dos Hamptons, um
monte de Upper East Side. "Eu não acho que eu entendi completamente
seu nome, Sra...?"
"Apenas me chame de Trudy."
A sra. Maxwell sorriu de maneira uniforme, provavelmente se
perguntando como acabou subitamente numa relação de primeiro-nome
com uma hippie. Ela estendeu a mão sobre toda a formica, um gesto
que minha mãe deixou passar.
"Oh, olha essa linha da vida!", exclamou ela, virando a mão da Sra.
Maxwell para examinar a palma. "Ininterrupta. Mas esta linha curiosa
aqui... hmmm... você sofreu algum acidente quando era criança?"
"Mãe, chega, ok?", insisti, pisando no pé dela por baixo do balcão.
"Sra. Maxwell, o que posso fazer por você? Uma xícara de café? U prato
de chilli?" E só assim eu percebi que tinha acabado de perguntar ao
equivalente à uma rainha se ela queria um pouco de água da torneira.
Antes que ela pudesse responder, minha mãe entrou em cena.
"Roxie, pegue para Sra. Maxwell uma xícara de chá preto, o meu
especial. Eu vou ler suas folhas de chá!" Minha mãe saiu novamente de
trás do balcão e enfiou o braço pelo da sra. Maxwell. "Vamos dar uma
olhada em nossa jukebox. Aposto que você vai conhecer todos os
antigos clássicos de seus anos de adolescência que não foram, assim
espero, desperdiçados."
Enquanto Leo e eu assistíamos a cena com nossas bocas
entreabertas, minha mãe levou a mãe dele para o velho Wurlitzer. E sra.
Maxwell, com anos de boa educação, foi junto com a minha mãe
sorrindo e acenando com a cabeça, provavelmente pensando que teria
que encarar a hippie um pouco mais antes de bater em retirada.
E justo quando elas estavam indo para um lado, Chade e Logan
entraram do outro, vindo direto para o balcão.
"O que está acontecendo?" Eu perguntei enquanto Polly fuçava
despreocupadamente os botões na manga de Leo. Quando eu olhei mais
de perto, percebi também que ele estava usando roupas muito não-Leo.
Camisa pólo branca com as mangas compridas arregaçadas. Shorts
cáqui. Olhei sobre o balcão para dar uma olhada em seus pés.
Sperrys23. "Por que você está tão formal?"
23
Ele fez uma careta. Mas antes que pudesse responder, Chade e
Logan chegaram.
"Precisamos de milkshakes, querida," Chad anunciou, afundando
no banquinho ao lado de Polly e oferecendo-lhe o punho. "Olá, Pollster,
como vai?"
Polly bateu seu punho. "Apenas conversando com Roxie. Papai, eu
também preciso de um milkshake, por favor."
"O meu pode ser de chocolate?", Perguntou Logan. "Você não tem
ideia do dia que tivemos!" Ele se inclinou sobre Chad para oferecer à
Polly sua própria saudação de punho. "Como vai, princesinha?"
"Você não tem ideia do dia que eu tive!" Ecoou Polly. "Primeiro, eu
quase derrubei minha Barbie no vaso sanitário. Então, a vovó e o papai
quase entraram numa briga sobre eu passar batom. E, embora
provavelmente aquela não seja a minha cor, ainda deve ser minha
escolha experimentá-lo, certo?"
"Eu concordo totalmente", disse Chad.
"E então...", disse Polly, sabendo que ela tinha todos os olhos sobre
ela, "...nós chegamos aqui, e o papai disse que não podia tomar
refrigerante! E agora os meninos estão recebendo milkshakes. Como
isso é justo?"
Sete anos de idade, só para lembrá-los.
Polly, Chad e Logan olharam para Leo.
"Milkshake para todo mundo, por favor, Roxie", disse ele com um
suspiro. "Você ainda tem aquela garrafa de scotch escondida lá atrás?"
"Roxie, e o chá preto? Rápido!" Minha mãe gritou da frente da
lanchonete.
Eu escapei para a cozinha, onde fui recebida com fumaça saindo do
grill: os queijos eram só fumaça, e a linguiça defumada estava
queimada além da salvação.
"O que está acontecendo?" Eu perguntei ao mundo mais uma vez, e
alguém finalmente me respondeu.
"A loucura chegou a Bailey Falls," disse Leo com voz de locutor de
filme, cruzando a porta de vaivém e tossindo um pouco com a fumaça.
Eu balancei a cabeça em concordância. "E seu nome é Mãe."
Uma vez que a fumaça se dissipou e a salsicha foi posta fora de sua
miséria, Leo estendeu a mão e levantou meu queixo em direção a ele.
"Você está bem com tudo isso, Ervilha?"
"Eu estou tentando, Almanzo. Eu realmente estou." Suspirei. Deixei
ele me puxar para os seus braços, envolvendo-os firmemente em torno
da minha cintura, e pude sentir um pouco da sua força penetrando em
mim. Descansando meu queixo em seu peito, eu olhei para ele e perdi-
me nos olhos cujos quais eu vi pela primeira vez nesta mesma cozinha,
apenas dois meses antes. Suspirei, ficando na ponta dos pés. "Um beijo
iria ajudar."
"Seu pedido é uma ordem". Seus lábios pressionaram contra os
meus, famintos e quentes.
E, quando Maxine abriu a porta perguntando onde o chá e os
milkshakes estavam, todo mundo pode nos ver.
Eu ouvi um grito e nós dois quebramos o beijo, voltando-nos para
ver a minha mãe e a dele, uma com um olhar de alegria e a outra com
um olhar de desagrado distinto.
Chad e Logan ostentavam grandes sorrisos.
E Polly. Seus olhos se arregalaram. Em seguida, se encheram de
lágrimas. Seu rosto amassou. Ela saiu de cima do banquinho, correu
para sua avó e escondeu o rosto em Chanel No 5.
As mãos de Leo se afastaram da minha pele, como se ele tivesse
sido eletrocutado. E o olhar em seu rosto... oh.
Ele saiu da cozinha sem dizer uma palavra, andou através da
lanchonete e pegou sua filha, abraçando-a enquanto ela chorava e
enquanto sua mãe tentava consolá-la também. Ele saiu do restaurante,
com os braços cheios de sua família, seus olhos encontrando os meus.
Agora eu sabia.
Ele murmurou, "Eu sinto muito." Sua mãe olhou para mim com
gelo absoluto em seus olhos.
Agora eu sabia.
Eu estava na porta da cozinha, estupefata.
Agora eu sabia... por que eles chamam de cair de amor.
Porque a queda era muito, muito ruim.
Is it getting better25…
24
25 ‘Esta melhorando?’ É o inicio da musica One, do U2.
Oh, Bono26!
Eu parei no acostamento da estrada e pressionei ejetar. Eu não
tinha paciência para U2 hoje, nem para a forma como suas letras
pareciam sempre destacar exatamente o que eu estava pensando,
exatamente o que precisava ser dito. Mas Bono continuou cantando,
algo sobre ter alguém para culpar27. Eu pressionei ejetar novamente.
Ainda nada. Eu pressionei ejetar uma terceira vez, e quando nada
aconteceu, soquei o aparelho de som.
Que ainda não fez nada! Bono cantou sobre me aproximar, e em
seguida precisar rastejar28, e eu dei um tapa no leitor de CD, gritando e
chorando, tentando fazer a maldita coisa parar.
E então eu ouvi um Wrangler muito familiar parando atrás de mim.
Antes de Leo chegar à minha janela, eu peguei minha bolsa e saí do
carro, seguindo a pé pela estrada.
"Hey, Roxie, onde você está indo?"
"Deixe-me sozinha, Leo," eu disse, não querendo que ele me visse
chorando, não querendo que ele visse seu rosto. Ele tinha um poder
sobre mim que eu nunca tinha sentido antes, e eu ficava tão fraca perto
dele. Estava com raiva de mim mesma por deixar as coisas chegarem
até esse ponto, e Leo sentiria o peso da minha raiva também se não se
afastasse.
"Pare, por favor – Jesus, Rox, pare agora!", Gritou ele, seus passos
fortes ecoando no asfalto quente quando ele correu atrás de mim.
26 Vocalista do U2.
27 Ainda sobre a letra de One, U2:
Is it getting better/Or do you feel the same?/Will it make it easier on you now/You got
someone to blame? / Está melhorando?/Ou você ainda sente a mesma coisa?/As coisas
vão ficar mais fáceis para você agora/Agora que você tem alguém para culpar?
28 You ask me to enter/But then you make me crawl. / Você me convida para entrar/e
29 Aqui ela esta se referindo a um tipo de vibrador. Anteriormente, quando elas estavam
falando de ratos, era uma referencia ao Mickey Mouse, dos parques da Disney, que ficam
em Orlando.
poderia dar uma lambida fantástica", disse Natalie, examinando as
unhas. "Quero dizer, alguns caras só vão pra baixo e, tipo, dentro, fora,
dentro, fora e pronto. Mas outros são tão bons que é quase demais! E
você fica como, ‘olá, eu só gozei, como, onze vezes seguidas’. Mas eles
seguem em frente, e poderiam manter essa merda durante toda a noite.
Eu juro, alguns caras apenas vivem para fazer isso, 24∕7; eles não são
felizes a menos que tenham as coxas de uma mulher enroladas em
torno de sua cabeça e a língua ocupada. Eu sempre me perguntei,
quando você aperta as coxas em torno da cabeça do cara, você sabe,
pouco antes de explodir completamente... será que os ouvidos do cara
em questão ficam tipo como quando um avião atinge a altitude de
cruzeiro? E quando você finalmente solta, será que eles fazem um pop?"
Ela olhou para cima para encontrar Clara e eu olhando para ela.
Ela disse tudo isso num só fôlego, por sinal. "O quê?"
Silêncio. Então, "Fazer pop nos ouvidos?" Clara repetiu.
"Oh, por favor, como se você nunca tivesse se perguntado isso!"
"Nat, posso dizer honestamente que nunca na minha vida eu me
perguntei sobre isso", eu disse, jurando com a mão no meu peito.
"Ah, então você nunca fez Leo quase desmaiar? Não me admira que
você fugiu de lá então", disse Natalie em simpatia.
"Não, não, isso não é nada do que eu disse. Leo é-"
"Leo é o fazendeiro do qual ela me falou?" Clara perguntou a Natalie,
que assentiu.
"-maravilhoso na cama. Incrivelmente incrível. Não tenho queixas.
Mas-"
"Sim, o fazendeiro Leo Maxwell, que aparentemente prestou mais
atenção à sua e-ee-ee- ee em vez de fazê-la gritar o mais importante oh!"
Natalie respondeu, olhando para Clara de forma conspiratória.
"Isso não é verdade! Leo me fez dizer muitos e muitos ohs, o tempo
todo oh, sem escalas ohs, e-"
"Espere, espere, espere, você disse Leo Maxwell? O fazendeiro da
Roxie é Leo Maxwell? Louro? Trinta anos, mais ou menos? Sexo de
matar num silo?", perguntou Clara, desastradamente procurando pelo
seu telefone.
"Sim, ele é loiro, e nós não tivemos relações sexuais num silo, mas
estávamos num silo quando ele lambeu minha espinha e-"
Natalie interrompeu, "Boa, Leo! Será que ele continuou lambendo
até chegar a sua-"
"Ok, cale a boca. É este o seu Leo?", perguntou Clara, empurrando
o telefone na minha cara.
Oh sim. Esse era o meu Leo. A foto mostrava um Leo mais
cosmopolita do que eu estava acostumada a ver, mas mesmo nesta
imagem granulada era possível ver como ele era lindo. Ele estava saindo
de uma limusine, vestindo um terno preto perfeitamente alinhado ao
seu corpo forte e magro. Seus impressionantes olhos verdes estavam
afiados, calculando, avaliando. Passei para a próxima imagem. Outra
foto do Leo urbano, este em frente a um contexto publicitário em algum
tapete vermelho. Talvez de arrecadação de fundos? Desta vez ele estava
vestindo um terno cinza, parecendo todo menino rico.
Mas mesmo que eu pudesse apreciar essas imagens, na minha
mente ele sempre estaria mais bem vestido com jeans gasto, uma
camiseta de banda estilo vintage, duas semanas de barba, que se sentia
incrível sobre a pele macia entre as minhas coxas, e o verde amável em
seus olhos. Um sorriso fácil. Pacífico e feliz e tão satisfeito em seu
mundo. O Leo urbano obviamente tinha boa aparência, mas eu preferia
o Leo do campo.
Voltei para a conversa, onde Natalie e Clara estavam falando
animadamente.
"Então, espere, ele deixou New York quando-"
"Exatamente, depois que o bebê nasceu. Ela desapareceu e então
ele desapareceu. Ele se foi e depois disso não há fotos, nem viagens,
nem nada - ele se concentrou com tudo que tinha em ressuscitar aquela
fazenda", disse Clara.
Eu pisquei. "Ok, espere. Vocês duas conhecessem Leo?" Perguntei,
confusa.
"Eu sei quem ele é, mas não conheço. Já tinha ouvido falar dele, é
claro. Só nunca coloquei dois e dois juntos, que Leo Maxwell era o seu
fazendeiro Leo", disse Natalie, deitando de costas no chão e chutando as
pernas no ar. "Não tem ninguém nesta cidade que não conheça Leo
Maxwell. Todo mundo estava tentando pegar aquele cara – e que cara!"
"Sério, Roxie, ele era um jovem playboy até conhecer Melissa. E
uma vez que ela afundou suas garras nele, acabou. Ninguém nunca
soube realmente o que aconteceu; só que eles estavam juntos, que ela
estava grávida e então houve um rumor de que eles iam se casar. Em
seguida, eles não estavam mais juntos, e depois que o bebê nasceu ele
levou sua filha e se mudou para o norte do estado. Ela ainda ficou em
torno da cidade por um tempo, mas finalmente partiu para a Europa.
Eu acho que ela se casou com um cara russo. Não faço ideia do que
aconteceu entre ela e Leo, no entanto."
Eu sabia o que tinha acontecido. Leo tinha me contado essa
história. E eu acho que algumas das pessoas em Bailey Falls também
sabiam o que tinha acontecido, ou adivinharam algo do gênero. Porque
ninguém realmente nunca falou sobre Polly. Não que ela fosse um
segredo, mas eles eram...
Protetores? De ambos?
Sim. Pode ser. Pequena cidade, cuidando dos seus próprios.
Não é de admirar que Leo quisesse que sua filha fosse um rato do
campo.
"Por favor, me diga que você e Leo nunca saíram," eu disse, olhando
para Natalie.
"Não, eu nunca o conheci. Embora eu provavelmente tivesse me
aproveitado, se o conhecesse. Ei, o quão estranho seria isso?" Ela riu,
rolando para o lado e olhando para mim com cuidado. "Se eu tivesse
dormido com o cara pelo qual você esta apaixonada."
"Ei, quão estranho seria se batesse em você até que você estivesse
morta?", respondi.
Natalie e Clara rolaram em risos, mas tudo em que eu conseguia
pensar era em Leo.
E no fato de que, quando Natalie disse que ele era o homem por
quem eu estava apaixonada, eu não tinha corrigido-a.
Merda.
Estação Riverdale.
Estação Ludlow.
Estação Yonkers.
Conforme o trem acelerava rumo a Estação Hudson, era como se
tudo fosse subitamente clicando no lugar, como um jogo de Tetris
gigante onde cada peça estava finalmente encontrando sua casa.
No momento em que eu decidi que não queria mais estar nessa
cidade grande, meu coração se abriu e começou uma longa viagem para
uma cidade pequena - minha pequena cidade. Para mosquitos e chá
doce, para pés descalços e suaves colinas que levaram a picos
escarpados. Para piscinas de águas cristalinas e lagos glaciais. Para
vizinhos intrometidos, garçonetes irritadiças e ex-zagueiros doces. Para
mães hippie esquisitas que faziam se apaixonar parecer fácil e
maravilhoso, mesmo quando não era, e que sempre faziam com que
suas filhas comessem a quantidade adequada de fibras.
Para um fazendeiro que gemia quando gozava e sorria quando eu
gozava.
Para um fazendeiro que me queria desesperadamente, mas que
vinha como um conjunto já completo - um conjunto que eu tentaria
nunca ficar no meio, mas que ficaria honrada em compor algum dia.
Estação Irvington.
Estação Tarrytown.
Estação Philipse Manor.
Comecei a listar todas as razões pelas quais eu acreditava não
querer voltar para casa e viver uma vida de cidade pequena como a
minha mãe.
32 "Ave, Imperator, morituri te salutant" ou "Ave, Caezar, morituri te salutant" ("Ave, César,
aqueles que estão prestes a morrer o saúdam") é uma conhecida sentença latina citada
em Suetónio, De Vita Caesarum ("A vida dos Cèsares", ou "Os Doze Cèsares"). Foi usada
durante um evento em 52 dC no Lago Fucino, por cativos e criminosos fadados a morrer
lutando durante um simulado de batalha naval — na presença do Imperador Cláudio.
Suetônio relata que Cláudio respondeu "Aut non" ("ou não"). É também utilizada numa
cena do filme Gladiador (https://www.youtube.com/watch?v=HKzaZor_x7o)
devem ter sentido o medo saindo de mim em ondas. Meus olhos
brilharam nos dele, e foi então que ele viu do que eu estava cercada.
Mas...
Eu vim para este pomar para pedir desculpa.
Ou pelo menos para dizer-lhe que eu gostaria de ser sua namorada.
Eu dei um passo.
Então dei mais um passo.
As abelhas foram comigo, uma nuvem de pesadelos pairando há
algumas polegadas de mim, falando entre si sobre a melhor forma de
me torturar. Eu tive uma visão súbita dos macacos voadores
carregando Dorothy33 para longe, com suas pernas chutando no ar. Eu
só esperava que quando as abelhas me levassem alguém garantisse que
a minha mãe ficasse com minhas facas de chef.
Preparando-me, tentei falar. "Oi. Leo." Minha voz estava rachada e
instável, beirando o pânico. "Eu queria falar com você... oh! Queria te
dizer que... merda, essa passou perto!... Eu, eu gostaria que-"
"Jesus, Roxie", disse Leo, maravilhado com a minha visão em meio
a nuvem de abelhas enquanto tentava manter uma conversa normal.
"Apenas respire, ok?"
"Sim, eu estou tentando fazer isso, mas não está funcionando tão
bem", eu disse com voz trêmula. "De qualquer forma, eu estou aqui
porque queria te dizer que... Filha da puta!"
Fui picada! Tanto para a teoria de que se você ignorasse-as elas iam
te ignorar também. Fodidas abelhas desonestas. "Ai!" Eeeeeee, outra
picada. Uma pousou no meu ombro e outra pousou no meu ouvido, e
embora eu tenha mantido a compostura através de tudo isso, quando
uma delas teve a coragem de pousar em meu nariz, fodeu.
FIM