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Situação para Reflexão/Discussão

Significado e barreiras à inclusão em contextos de aprendizagem


formal

Maria Leonor Alves


Patrícia Nunes

Professor
Prof. Doutora Cristina Pereira

Trabalho realizado para a unidade curricular de Perturbações do Desenvolvimento e da


Aprendizagem em Crianças com Problemas Cognitivo Motores do Curso de Mestrado em Educaçã o
Especial – Domínio Cognitivo e Motor, da Escola Superior de Educaçã o de Castelo Branco.

Outubro 2023
1. Enunciar os comportamentos e atitudes referidos no
texto que justificam uma reflexão das práticas descritas
no âmbito do quadro de uma educação inclusiva.

Evidenciamos as seguintes situaçõ es descritas no texto, que consideramos divergir da


prá tica de uma educaçã o inclusiva:
-“Todos os alunos, excepto o Joã o, pegaram nos seus materiais de leitura e
deslocaram-se para a á rea de leitura” (...)” Enquanto durou a atividade de leitura, o
Joã o manteve-se na sua mesa, ao fundo da sala, a trabalhar com o professor de
educaçã o especial, que o ajudou a traçar a sua mã o numa folha de papel.”
Neste excerto constatamos que, o Joã o nã o está incluído na sua turma, pois, apesar de
permanecerem todos na mesma sala de aula, esta criança está afastada dos restantes
e realiza uma tarefa completamente distinta dos colegas. Enquanto a turma
desempenha uma atividade de leitura, este aluno executa uma tarefa na á rea da
expressã o plá stica, o que comprova que a professora titular “descarta” para a
professora de educaçã o especial toda a aprendizagem do Joã o, explorando um
conteú do distinto daquele que os restantes elementos do grupo estã o a trabalhar. Por
conseguinte, nã o articularam previamente, entre ambas, quais as estratégias
adequadas para dar resposta à s dificuldades do aluno.
-“Seguiu-se matemá tica. O Joã o, no entanto, permaneceu no fundo da sala a trabalhar
com o professor de educaçã o especial durante a hora seguinte, a pintar a mã o que
contornara. No resto do dia, o Joã o permaneceu no fundo da sala de aula, a realizar
atividades completamente diferentes das que foram propostas aos seus colegas”.
No excerto acima, constatamos que nã o foi apenas numa parte do dia que o Joã o
esteve afastado dos colegas a executar tarefas distintas, mas sim no decorrer de todo
o dia, o que acentua a inexistência de uma prá tica inclusiva, onde nã o foram tidos em
consideraçã o os interesses e as potencialidades do Joã o, aspetos fundamentais para
uma boa prá tica pedagó gica.
Além disso, este aluno permanece muito tempo na mesma atividade. É fundamental
que se realizem atividades por um período mais curto de tempo e que as mesmas
sejam variadas, de forma a despertar o interesse, motivaçã o, estimulando assim esta
criança.
Por sua vez, esta exclusã o pode ter consequências em termos emocionais no
desenvolvimento desta criança. Além disso, este ambiente educativo nã o reflete
equidade, que consideramos primordial numa prá tica inclusiva.
-“Todos os envolvidos estavam satisfeitos com a forma como o modelo de inclusã o
funcionava nesta escola. (...) O diretor sentia-se satisfeito porque a sua escola estava
na vanguarda da inclusã o.”
Nesta afirmaçã o denotamos que, os vá rios intervenientes referidos, têm uma
definiçã o errada de modelo inclusivo, pois nã o basta aceitar uma criança com
determinada patologia na escola, é necessá rio adequar a açã o educativa à s
características de cada aluno, procurando prá ticas estimulantes, diversificadas, que
promovam uma aprendizagem significativa para TODOS.

1. Identificar ações que possam contribuir para a efetiva


inclusão do aluno em contexto de aprendizagem formal e
os potenciais atores/intervenientes pela implementação
das mesmas.

Relativamente à s açõ es que possam contribuir para a inclusã o do aluno, destacamos


em primeira instâ ncia, a cooperaçã o e articulaçã o entre todos os intervenientes,
desde diretor, professora titular de turma, docente de educaçã o especial,
encarregados de educaçã o e a restante equipa multidisciplinar. Todos deverã o
encontrar estratégias para ajudar o Joã o no seu processo de aprendizagem, tendo em
conta os seus interesses e potencialidades.
Consideramos primordial que, tanto a docente de educaçã o especial como professora
titular de turma invistam na sua formaçã o, pois a partir em que se tem conhecimento
que se irá trabalhar com uma criança com determinada patologia, é fundamental que
se preparem previamente recolhendo informaçã o acerca da mesma, de forma a dar
resposta à s necessidades do aluno, contribuindo para o desenvolvimento das suas
competências.
No que diz respeito ao trabalho da professora titular e de educaçã o especial,
consideramos que a articulaçã o e planificaçã o prévia entre ambas é essencial, de
forma a discutirem e definirem as estratégias de ensino-aprendizagem.
Neste caso específico, poderiam colocar o Joã o na á rea de leitura com os restantes
colegas, de forma a que este também explorasse os livros.
Por sua vez, partindo da abordagem do livro explorado pela professora titular de
turma, o Joã o acompanharia a leitura da histó ria, ao mesmo tempo visualizava as
imagens e com base nas mesmas poder-se-ia selecionar especificamente algumas, de
forma a trabalhar determinados fonemas (por exemplo: bola, baliza, baloiço,
banana…). Sendo a linguagem uma das á reas em que o Joã o apresenta maior
dificuldade, estariam, desta forma, a desenvolver esta competência.
Como exemplo de uma prá tica inclusiva no que diz respeito ao ensino da matemá tica,
e considerando que o Joã o gostasse de bolas, invés de o colocarem sozinho no fundo
da sala numa atividade diferente, poderiam coordenar com o psicomotricista e
deslocavam todos os alunos para o giná sio ou exterior da escola para realizar alguns
exercícios de contagem com bolas. Seria interessante ainda utilizar arcos de cores
diferentes, propondo eventualmente aos alunos que categorizassem as bolas por
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cores ou quantidades, explorando assim os conjuntos. Desta forma, estaria toda a
turma a trabalhar o mesmo conteú do, podendo inclusive as restantes crianças
colaborarem e ajudarem o Joã o na categorizaçã o das bolas e diversificando assim o
contexto da aprendizagem, evitando o mesmo cingir-se ao espaço de sala de aula todo
o dia.
Na nossa perspectiva, a diferença nã o deve separar, mas sim aproximar cada vez mais
todos os intervenientes, podendo a mesma ser enriquecedora para os elementos que
constituem o processo de ensino-aprendizagem.

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