Trata-se de Execução Fiscal ajuizada pelo DEPARTAMENTO
NACIONAL DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES - DNIT em face de Francisca Luzinete Assunção da Silva, visando à satisfação de débito inscrito em dívida ativa, no importe de R$ R$ 16.077,25 (dezesseis mil, setenta e sete reais e vinte e cinco centavos), originária de decisão do Tribunal de Contas da União.
Em vista do não pagamento do débito, e da ausência de garantia
do juízo, foi determinada a penhora online de numerários existentes nas contas bancárias dos executados (ID 4058106.28294326), resultando no bloqueio dos valores discriminados no ID 4058106.28701572.
Sob o ID 4058106.29276358, a executada Francisca Luzinete
Assunção da Silva requereu o desbloqueio dos numerários depositados em contas de sua titularidade mantidas junto Caixa Econômica Federal - Agência 0754 - Conta poupança 00043205-0 - Operação 013, no valor de R$ 1.451,49 e Banco Bradesco – Agência 0722-6, Conta 0669575-2 ao argumento de que em tais contas seriam movimentados créditos de natureza alimentar.
Na hipótese, observo que a documentação juntada aos autos se
mostra insuficiente a comprovar a tese quanto a impenhorabilidade dos numerários.
Quanto ao argumento de impenhorabilidade da conta poupança,
embora a conta bancária do embargante ter sido aberta com característica de poupança, não há evidências nos autos que esta se prestava apenas à acumulação de reservas financeiras.
Ressalte-se que o ônus da prova quanto à natureza da conta
bancária, bem como dos depósitos nela lançados, é do embargante (CPC, art. 854, § 3º, inciso I). No caso, da alegação de impenhorabilidade do salário, observa-se que o extrato de pagamento (ID 4058106.29276373) consta a agência e conta corrente sob os números 15938 e 00006045758, respectivamente, ocorre a segunda constrição (R$ R$ 3.845,81) foi efetuada na conta corrente do Banco Bradesco, agência 722, conta corrente 0669575, portanto, diversa da conta onde a embargante recebe seus vencimentos.
Com efeito, o executado não comprova que a(s) conta(s)
corrente(s) sobre a(s) qua(is) incidiu a penhora destinam-se exclusivamente ao recebimento de verbas salariais, de natureza eminentemente alimentar. Ainda, não apresenta quaisquer extratos de movimentação bancária que corroborem a tese sustentada no petitório.
Destarte, ausente comprovação da natureza eminentemente
salarial dos numerários depositados nas contas em questão, não há como se deferir o pedido de desbloqueio. Nesse sentido, destaco:
PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AGRAVO DE
INSTRUMENTO. EXECUÇÃO FISCAL. DESBLOQUEIO DE VALORES. IMPOSSIBILIDADE. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DA ORIGEM SALARIAL DA VERBA PENHORADA EM CONTA CORRENTE. DESCARACTERIZAÇÃO DA NATUREZA DE RESERVA FINANCEIRA DA CONTA POUPANÇA. 1. Agravo de instrumento contra decisão que, nos autos da execução originária, indeferiu o pedido de desbloqueio de valores em sua conta poupança, bem como na sua conta corrente em que o mesmo recebe os proventos de sua aposentaria. 2. Os extratos de conta corrente são insuficientes para demonstrar que somente verbas de origem salarial transitavam pela conta bloqueada, ou seja, que os valores penhorados detêm, de fato, natureza exclusivamente salarial, de forma a justificar o levantamento da constrição. (...) 4. Agravo de instrumento não provido. Pedido de reconsideração prejudicado. (TRF 5, AG 143153, Rel.: Desembargador Federal MANOEL MAIA, Órgão Julgador: QUARTA TURMA, Julgado em: 01/12/2015, DJe: 03/12/2015)
PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO DE INSTRUMENTO.
EXECUÇÃO FISCAL. PENHORA. SISTEMA BACENJUD. VALORES DECORRENTES DE VERBA SALARIAL. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO. IMPENHORABILIDADE. AFASTAMENTO. (...) 2. Para que os valores depositados sejam tidos como impenhoráveis, faz-se imprescindível a comprovação de que são decorrentes de salários ou que sirvam, exclusivamente, à manutenção do interessado e sua família. Este não é o caso dos autos. 3. As movimentações existentes na referida conta não demonstram exclusividade de lançamento a título de verbas salariais, circunstância que deixa sem suporte a impenhorabilidade pretendida. Agravo de instrumento improvido. (TRF 5, AG 140437, Rel.: Desembargador Federal GERALDO APOLIANO, Órgão Julgador: TERCEIRA TURMA, Julgado em: 12/02/2015, DJe: 24/02/2015)
Assim, não comprovada a impenhorabilidade dos valores
constritos, indefiro o pedido de desbloqueio das contas do executado.
Ante o êxito na penhora de valores, intime-se a exequente para