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Escola Secundária Padre António Martins de Oliveira, Lagoa

Curso de Ciências e Tecnologias


Biologia

Ano letivo 2023/2024

Trabalho projeto 1º semestre


“Aumento de casos de gripe A relacionado com perda de
imunidade”

Rafaela Gomes nº29


Matilde Ventura Nº28
12ºC Prof. Sérgio Marreiros fev-24
Índice
Introdução........................................................................................................... 4
Sistema imunitário............................................................................................4
Conceitos introdutórios..................................................................................5
Imunidade......................................................................................................7
Defesas não específicas...............................................................................9
Defesas específicas....................................................................................14
Desequilíbrios e doenças............................................................................19
Noticia............................................................................................................... 24
“Aumento de casos de gripe A relacionado com perda de imunidade”..........24
Transcrição..................................................................................................24
Resumo.......................................................................................................24
Opiniões críticas..........................................................................................25
Conclusão......................................................................................................... 25
Bibliografia.........................................................................................................27

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Trabalho projeto 1º semestre
Índice de imagens
Figura 1 - escala logarítmica dos objetos............................................................5
Figura 2 - vírus com e sem invólucro..................................................................5
Figura 3 - esquema da estrutura de uma bactéria..............................................6
Figura 4 - divisão binária de uma bactéria..........................................................7
Figura 5 - neutrófilo.............................................................................................8
Figura 6 - eosinófilo.............................................................................................9
Figura 7 - basófilo................................................................................................9
Figura 8 - linfócito................................................................................................9
Figura 9 - monócito............................................................................................. 9
Figura 10 - fagocitose........................................................................................11
Figura 11 - células natural killer.........................................................................12
Figura 12 - ação do interferão...........................................................................12
Figura 13 - resposta inflamatória.......................................................................14
Figura 14 - maturação dos linfócitos B e T........................................................15
Figura 15 - imunidade humoral..........................................................................16
Figura 16 - anticorpo.........................................................................................16
Figura 17 - imunidade mediada por células......................................................17
Figura 18 - interações das células no sistema imunitário..................................18
Figura 19 - comparação entre a imunidade ativa e passiva..............................19
Figura 20 - reações alérgicas............................................................................20

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Trabalho projeto 1º semestre
Introdução
No século XXI, a compreensão do sistema imunológico tornou-se crucial,
especialmente diante de ameaças virais persistentes. Este trabalho realizado
no âmbito da disciplina de biologia pedido pelo professor Sérgio Marreiros
explora a complexidade do sistema imunológico humano e sua capacidade
única de defender o organismo contra agentes patogénicos. Além disso,
contextualizaremos com uma análise de uma notícia atual sobre a gripe A,
destacando a relevância do conhecimento imunológico na compreensão e
gestão de surtos virais.
Para melhor percebermos é necessário abordar um pouco o tema e identificar
os conceitos-chave:
 Sistema imunitário: conjunto de estruturas responsáveis pela defesa do
organismo contra agentes patogénicos.
 Leucócitos: células efetoras do sistema imunitário.
 Imunidade inata: mecanismos de defesa imunitária não específicos.
 Imunidade adquirida: mecanismos de defesa imunitária específicos.
 Antigénio: substâncias que desencadeiam uma resposta imunitária
especifica.
 Linfócitos: leucócitos responsáveis pelos mecanismos de defesa
especifica.
 Linfócitos B: linfócitos responsáveis pela imunidade mediada por
anticorpos.
 Linfócitos T: linfócitos responsáveis pela imunidade mediada por
células.
 Anticorpo: proteína responsável pela destruição de antigénios,
produzida pelos linfócitos B.
 Determinantes antigénios ou epítopos: regiões de um antigénio às
quias se podem ligar os anticorpos.
 Resposta imunitária secundaria ou de memória: conjunto de reações
que ocorrem quando o sistema imunitário e exposto ao mesmo
antigénio.
 Imunidade natural: imunidade desenvolvida desde o nascimento e ao
longo da vida, não induzida por meios médicos.
 Imunidade artificial ou imunização: imunidade desenvolvida
propositadamente através de procedimentos médicos.
 Vacina: produtos imunobiológico que fornece imunidade ativa artificial.
 Alergénio: antigénio responsável pelas reações de hipersensibilidade.

Sistema imunitário
A imunidade é definida como a proteção e o combate às doenças,
especificamente às doenças infeciosas. O sistema imunitário é a coleção de
moléculas, células, tecidos e órgãos que intervêm na resistência às infeções. A

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Trabalho projeto 1º semestre
reação do sistema imunitário aos microrganismos infeciosos constitui a
resposta imunitária.
A função mais importante do sistema imunitário é prevenir e erradicar a
infeção, isto é, a entrada e o desenvolvimento de microrganismos ou agentes
infeciosos num ser vivo.
Podem considerar-se dois grandes grupos de agentes infeciosos: subcelulares
- como os vírus e priões - e celulares - como as bactérias, protozoários, fungos
e animais parasitas. Destes, os vírus e as bactérias são os responsáveis por
um grande número de doenças infeciosas, muitas delas graves e mesmo
potencialmente mortais para o ser humano.

Figura 1 - escala logarítmica dos objetos


manual-cara-a-cara-cartasquadros.pdf (usp.br)

Conceitos introdutórios
Vírus
Os vírus são seres acelulares. Possuem um património genético constituído por
DNA (vírus da hepatite B, herpes) ou por RNA (HIV, hepatite A), mas não os
dois simultaneamente. O ácido nucleico é rodeado por uma camada proteica a
que se dá o nome de cápside, possuindo, por vezes, também algumas enzimas
e outras proteínas.
Relativamente à ausência ou presença de invólucro
podem considerar-se dois grupos de vírus. Os vírus
nus são desprovidos de invólucro e, geralmente,
são mais resistentes aos desinfetantes e outros
agentes físicos e químicos. Os vírus com invólucro,
que são mais frágeis, devido à presença de
glicoproteínas e lipoproteínas nos seus espículos,
tornando-os incapazes de manter a sua virulência
ou de sobreviver no meio ambiente por longos
períodos (fig.2). Figura 2 - vírus com e sem
invólucro
Os vírus existem no meio ambiente ou no interior das células. No estado atual
do conhecimento científico, quando estão fora das células, os vírus encontram-
se inativos, porque não se conseguem reproduzir.

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Trabalho projeto 1º semestre
Quando estão no meio intracelular, induzem a célula hospedeira a sintetizar
componentes virais, dando origem à formação de novos vírus que são
posteriormente libertados.
A memória imunitária é uma característica crucial da resposta adaptativa,
permitindo ao sistema imunitário reagir mais rapidamente a infeções
subsequentes pelo mesmo vírus.
A complexidade das interações entre vírus e sistema imunitário destaca a
necessidade de pesquisa contínua para desenvolver estratégias eficazes de
combate a infeções virais e fortalecer a compreensão das dinâmicas
imunológicas frente a esses desafios.
Bactérias
As bactérias são microrganismos procariontes unicelulares que podem
desencadear respostas específicas do sistema imunitário humano. Ao contrário
dos vírus, as bactérias são organismos completos com suas próprias células,
podendo causar uma variedade de infeções no corpo.
As bactérias encontram-se por toda a parte, contudo, nem todas são maléficas,
há aquelas que desempenham papéis extremamente úteis para muitas formas
de vida, inclusive para nós.
As bactérias têm, normalmente pequenas dimensões e apresentam uma
organização simples: ausência de núcleo e de organelos membranares.
Grande parte das bactérias possui uma parte celular protetora que reveste a
membrana plasmática. Muitas bactérias possuem também uma cápsula
externa à parede celular, que lhes conferem maior resistência quer aos agentes
ambientais, quer aos mecanismos de fagocitose do sistema imunitário.
O material genético das bactérias,
DNA, localiza-se numa região do
citoplasma denominada nucleoide.
Adicionalmente a este material
genético, muitas bactérias têm
moléculas de DNA extracromossómico
chamadas plasmídeos, com diferentes
funções, das quais se destaca a
resistência aos antibióticos. No
citoplasma existem
Figura 3 - esquema também
da estrutura de uma bactéria
ribossomas, para a síntese proteica, e
inclusões ou grânulos com substâncias de reserva (fig. 3).
Muitas bactérias usam flagelos para a locomoção. Existem bactérias que
apresentam fímbrias ou pili, com funções de adesão e deslizamento em
superfícies sólidas.
A resposta imunitária inata é a primeira linha de defesa contra as bactérias e
inclui barreiras físicas, como a pele, e células fagocíticas, como neutrófilos e
macrófagos, que tentam eliminar as bactérias invasoras.

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Trabalho projeto 1º semestre
A memória imunitária é essencial na resposta adaptativa, permitindo ao
sistema imunitário reagir mais rapidamente em exposições futuras às mesmas
bactérias. No entanto, algumas bactérias têm mecanismos de evasão que
desafiam a capacidade do sistema imunitário, destacando a complexidade
dessa interação.
Compreender as interações entre bactérias e o sistema imunitário é crucial
para o desenvolvimento de estratégias eficazes de prevenção e tratamento de
infeções bacterianas, bem como para aprofundar o conhecimento sobre a
regulação e as respostas imunitárias em contextos clínicos.
A reprodução das
bactérias é autónoma e
realiza-se, habitualmente,
por divisão binária (fig.4).
Dá-se a replicação do
DNA, as duas cópias
separam-se e afastam-se
em sentidos opostos.
Posteriormente, a
membrana celular dobra-
se para o interior,
formando uma dupla
Figura 4 - divisão binária de uma bactéria
camada a meio da célula,
ocorrendo assim a divisão do citoplasma. Forma-se, então, uma parede celular
entre as duas membranas celulares.
Podem ser combatidas através do uso de antibióticos, e caso não sejam
combatidas, aumentarão rapidamente ampliando o número de colónias. Em
muitos casos, elas podem ser transmitidas de ser para ser.

Imunidade
A imunidade, consiste nos diversos processos fisiológicos que permitem ao
organismo reconhecer corpos estranhos ou anormais, neutralizá-los e eliminá-
los.
As linhas de defesa do organismo são variadas. Algumas estão presentes em
todos os seres multicelulares e constituem mecanismos de defesa não
específica, funcionando de forma idêntica para diferentes tipos de agentes
agressores. Estas respostas designam-se, globalmente, por imunidade inata.
Outras foram adquiridas mais tardiamente na evolução das espécies, só
aparecendo nos vertebrados, e constituem a imunidade adaptativa, que inclui
mecanismos de defesa específicos. Este tipo de imunidade depende da
existência de diferentes populações de células linfoides.
Os mecanismos de defesa não específica representam uma ação geral de
defesa contra corpos estranhos e exprimem-se sempre do mesmo modo,
independentemente do tipo de corpo. Incluem uma primeira linha de defesa

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Trabalho projeto 1º semestre
representada por barreiras físicas e químicas que impedem a entrada de seres
estranhos e uma segunda linha que atua após a entrada desses seres.
Os mecanismos de defesa específica, designados globalmente por imunidade
adaptativa, envolvem o reconhecimento do agente estranho por células
especializadas, reconhecimento esse que resulta da interação entre moléculas
próprias do agente estranho e recetores de membrana presentes nas células
imunitárias. Estes mecanismos estão envolvidos não só na resposta a agentes
externos estranhos como também na eliminação de células do indivíduo
alteradas ou envelhecidas.
Constituintes do sistema imunitário
Fazem parte do sistema imunitário os órgãos linfoides primários e secundários
e uma grande variedade de células e moléculas ou mediadores químicos.
As principais células especializadas do sistema imunitário são os leucócitos -
fagócitos e linfócitos. Estas células têm origem na medula óssea vermelha.
Os fagócitos têm a capacidade de diapedese - fazem movimentos ameboides,
passam por entre as células e saem dos vasos sanguíneos, deslocando-se
para os tecidos. Também têm a capacidade de fagocitose - englobam agentes
patogénicos e destroem-nos no seu citoplasma. São células fagocitárias ou
fagócitos do sangue, os neutrófilos, os eosinófilos e os monócitos. Os
monócitos, ao saírem do sangue, tornam-se macrófagos e fagocitam bactérias,
células mortas e outros corpos estranhos existentes nos tecidos. Os linfócitos
produzem anticorpos e outros mediadores químicos responsáveis pela
destruição de microrganismos. Têm a capacidade de reconhecer, responder e
memorizar antigénios - moléculas que estimulam a formação de anticorpos
específicos capazes de os neutralizarem, isto é, desencadeiam uma resposta
imunitária.
Leucócito Descrição Função
Granulócitos Neutrófilo Deve o seu Fagocita
nome ao facto de microrganismos
os grânulos e outros agentes
serem patogénicos - é
quimicamente um dos primeiros
neutros, isto é, leucócitos a
dificilmente chegar ao local
coram com da infeção.
Figura 5 - neutrófilo corantes ácidos
ou básicos,
núcleo denso
com dois a
quatro lobos
ligados por finos
filamentos.
Deve o seu Atua sobre
nome ao facto de agentes
os grânulos patogénicos

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Trabalho projeto 1º semestre
Eosinófilo ficarem corados marcados com
com coloração anticorpos,
escura quando libertando
usado a corante enzimas
eosina, núcleo, citotóxicas e/ou
geralmente, com fazendo a
dois lobos. fagocitose.

Figura 6 - eosinófilo

Basófilo Tem muitos Liberta histamina


grânulos que e outros
coram com mediadores
corantes básicos, químicos que
núcleo com dois promovem a
lobos indistintos. inflamação.

Figura 7 - basófilo

Agranulócito Linfócito Núcleo redondo Produz


rodeado por um anticorpos e
fino anel de mediadores
citoplasma. químicos que
atuam sobre
agentes
patogénicos
específicos,
Figura 8 - linfócito
células estranhas
ao organismo ou
células anormais
do próprio
organismo.
Monócito Núcleo grande e Sai dos vasos
ovoide ou em sanguíneos,
forma de rim ou entra nos tecidos
ferradura, e transforma-se
contendo mais em macrófago:
citoplasma do uma das mais
que o linfócito. importantes
células
Figura 9 - monócito fagocitárias.
Tabela 1 - descrição e função dos leucócitos
Defesas não específicas
Uma das linhas de defesa do corpo envolve leucócitos que se deslocam
através da corrente sanguínea e penetram nos tecidos para detetar e atacar
microrganismos e outros invasores.
A imunidade inata é uma parte fundamental do sistema imunológico,
proporcionando uma defesa rápida e não específica contra patógenos. Assim,
ela oferece uma resposta imediata a invasões estranhas. Características

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Trabalho projeto 1º semestre
incluem barreiras físicas e químicas, células fagocíticas, sistema do
complemento, células Natural Killer, resposta inflamatória e proteínas
antimicrobianas. Ao contrário da imunidade adaptativa, não requer exposição
prévia ao patógeno e oferece uma proteção imediata desde o nascimento,
trabalhando em conjunto com a imunidade adaptativa para garantir uma defesa
eficaz contra uma variedade de ameaças à saúde. Entretanto, seus
componentes tratam todos os invasores estranhos basicamente do mesmo
modo. Eles reconhecem somente um número limitado de substâncias de
identificação dos invasores. No entanto, estes antígenos estão presentes em
muitos invasores distintos. A imunidade inata, ao contrário da imunidade
adquirida, não possui memória dos encontros, não se lembra de antígenos
estranhos específicos e não oferece qualquer proteção contínua contra
infeções futuras.
Os glóbulos brancos presentes na imunidade inata são:
 Monócitos (que se desenvolvem em macrófagos);
 Neutrófilos;
 Eosinófilos;
 Basófilos;
 Células natural killer.
Barreiras físicas
São responsáveis por impedir que o microrganismo consiga atingir regiões
mais internas, representadas pelos tecidos e, assim, impedir o
desenvolvimento de doenças.
A primeira linha de defesa contra os invasores é constituída por barreiras
mecânicas ou físicas:
 Pele;
 córnea dos olhos;
 membranas que revestem os aparelhos respiratório, digestivo, urinário e
reprodutor.
Enquanto estas barreiras permanecem intactas, muitos invasores não
conseguem penetrar o organismo. Quando uma barreira se rompe (por
exemplo, quando uma queimadura extensa lesiona a pele), o risco de infeção
aumenta.
Além disso, as barreiras encontram-se defendidas por secreções que contêm
enzimas que podem destruir as bactérias. O suor, as lágrimas nos olhos, as
secreções no aparelho respiratório e digestivo e as secreções na vagina são
exemplos de barreiras.
Fagócitos
Fagócitos são um tipo de célula que ingere e mata ou destrói microrganismos
invasores, outras células e fragmentos de células. Fagócitos incluem neutrófilos
e macrófagos.

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A fagocitose é o processo em que uma célula engloba e ingere um
microrganismo invasor, outra célula ou um fragmento de célula.
Os fagócitos são componentes essenciais na resposta imunológica inata,
desempenhando um papel central na eliminação de invasores potencialmente
prejudiciais e contribuindo para a coordenação da resposta imune.
Fagocitose (fig.10):
1. O fagócito entra em contato com um agente patogénico e emite
pseudópodes (prolongamentos citoplasmáticos).
2. Os pseudópodes rodeiam o agente e unem-se, englobando-o numa
vesícula.
3. A vesícula desloca-se para o interior do citoplasma.
4. Fusão com vesículas celulares (lisossomas) que contêm enzimas
digestivas.
5. As enzimas destroem a estrutura do material fagocitado.
6. Os resíduos são libertados da célula por exocitose.

Figura 10 - fagocitose

células natural killer


As células NK (Natural Killer) são células de defesa do sistema imune que tem
a função de reconhecer as células estranhas ao organismo, células infetadas
por vírus ou com algum tipo de alteração que possa levar ao surgimento de um
câncer, participando ativamente do mecanismo de vigilância imunológica.
Também conhecidas como células exterminadoras naturais são definidas como
células citotóxicas não específicas que são importantes na resposta precoce às
células tumorais e infeções virais.
As NK não são restritas por proteínas MHC (exibidas na superfície das células
infetadas), são constituidamente citolíticas e não desenvolvem células de
memória. Por as células NK serem ativadas precocemente em uma resposta
imune e não requererem sensibilização prévia para o desenvolvimento de
células de memória após a sua ativação, elas são as células citotóxicas da
imunidade inata, em contrapartida ao linfócito T citotóxico da resposta imune
adaptativa.
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Apesar de as células NK não expressarem nenhuma molécula específica para
antígenos, elas são altamente eficientes em reconhecer e exterminar as células
que apresentam alterações ou que estão infetadas por vírus.
As moléculas responsáveis pela formação de poros produzidas pelas células
NK são chamadas de perforinas (fig.11).

Figura 11 - células natural killer

Interferões
Os interferões são proteínas de pequeno tamanho produzidas por processos
naturais a partir de células, ou segregadas a seguir a uma infeção por vírus. Os
interferões também são produzidos pelos linfócitos supressores, que atacam as
células tecidulares alteradas, como são as células cancerosas. Esta situação
converte linfócitos normais em linfócitos supressores, além de provocar
alterações no sistema imunitário.
O interferão pode ser muito útil no tratamento de doenças virais e cancerosas.
Os interferões (fig.12) não atuam diretamente contra os vírus e podem
estimular a própria célula produtora e as células vizinhas, através da sua
ligação a recetores membranares, a produzir proteínas antivirais que impedem
a replicação viral nessas células. De facto, a infeção por um tipo de vírus pode
proteger contra a infeção por outro tipo de vírus. Alguns dos interferões
também têm funções na ativação de células imunitárias, como os micrófagos e
as células NK.

Figura 12 - ação do interferão

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Complemento
O complemento é um grupo de dezenas de proteínas do plasma sanguíneo.
Deste grupo fazem parte as proteínas denominadas C1 a C9 e as proteínas
denominadas fatores B, D e P. Estes fatores participam na ativação e
estabilização das proteínas C1 a C9. Normalmente, as proteínas do
complemento circulam no sangue na forma inativa, isto é, não funcional. São
ativadas através da cascata do complemento- uma série de reações nas quais
cada componente da série ativa o seguinte. A ativação deste processo tem
como consequências: a atração de fagócitos, a estimulação da fagocitose, a
lise celular e a promoção da inflamação.
Resposta inflamatória
É uma reação dos tecidos a um agente agressor caracterizada
morfologicamente pela saída de elementos do sangue (leucócitos) e líquidos
para o interstício
Agentes inflamatórios – promovem a síntese de moléculas sinalizadoras que
induzem os mediadores inflamatórios, resultando em saída de plasma e
leucócitos dos vasos e em estímulos para reparar os danos produzidos pelas
agressões.
A resposta inflamatória surge como primeira linha de defesa do organismo
contra as mais diversas agressões. Para isso conta, não só com mediadores
celulares, mas também com mediadores moleculares responsáveis por
coordenar os diferentes mecanismos envolvidos. No entanto, o objetivo da
resposta inflamatória vai para além do combate à agressão uma vez que esta,
para além de eliminar os agentes causais, também participa na eliminação, por
exemplo, do material necrótico resultante e favorece a regeneração de novos
tecidos. Apesar da sua atividade ser indispensável para a proteção do
organismo é igualmente importante que esta seja limitada pois uma resposta
inflamatória descontrolada é muitas vezes responsável ela própria por lesão
tecidular. Dada a sua importância para a manutenção da homeostasia, a
resposta inflamatória desempenha o papel principal em inúmeras doenças.

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Trabalho projeto 1º semestre
Como exemplo ilustrativo da resposta inflamatória considera-se uma infeção
bacteriana. As bactérias e a lesão dos tecidos provocam tanto a libertação,

Figura 13 - resposta inflamatória


como a ativação dos mediadores químicos. Estes provocam diversas reações
relacionadas com a resposta inflamatória, atraindo fagócitos e outros leucócitos
para a área afetada. Esta atração é denominada quimiotaxia. Na quimiotaxia
estão envolvidas substâncias libertadas, por exemplo, pelas bactérias, pelos
mastócitos e pelo tecido danificado. Os fagócitos deixam o sangue e penetram
nos tecidos por diapedese, atacando as bactérias através da fagocitose. A
diapedese é o fenómeno da migração de leucócitos do sangue para os tecidos,
alterando a sua morfologia, ficando finos e alongados, de modo a atravessarem
as paredes dos capilares. Os neutrófilos são, geralmente, os primeiros a
chegar ao local da inflamação, mas, dependendo da gravidade da lesão e da
natureza do tecido e da infeção, podem seguir-se outros leucócitos como
linfócitos, monócitos e macrófagos.
Em determinadas situações, pode ocorrer inflamação em vários locais do
corpo, caracterizando a inflamação sistêmica. Durante esse processo, além
das respostas locais, ocorrem eventos cruciais: a medula óssea vermelha
produz quantidades significativas de neutrófilos, os quais realizam fagocitose
nos tecidos; microrganismos, neutrófilos, macrófagos e outras células liberam
pirogénicos, substâncias que induzem a febre. Os pirogénicos afetam o
mecanismo de regulação da temperatura no hipotálamo, resultando na redução
da dissipação de calor e, consequentemente, elevação da temperatura
corporal. A febre estimula a resposta inflamatória e inibe a proliferação de
alguns microrganismos. Em casos graves de inflamação sistêmica, o aumento
excessivo da permeabilidade dos vasos sanguíneos pode causar a
transferência de uma quantidade substancial de plasma do sangue para os
tecidos, levando à redução do volume sanguíneo, o que pode resultar em
condições potencialmente fatais.

Defesas específicas
As defesas específicas, ou imunidade adquirida, referem-se à habilidade do
organismo para identificar, reagir e memorizar uma substância específica. Os
agentes que desencadeiam essa imunidade são chamados de antígenos, que
podem incluir componentes de bactérias, vírus e outros microrganismos com
potencial patogênico.

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Trabalho projeto 1º semestre
A imunidade adquirida se divide em dois tipos principais: imunidade humoral,
mediada por anticorpos, e imunidade mediada por células. A imunidade
humoral destaca-se pela ação de proteínas chamadas anticorpos, produzidas
pelos linfócitos B. Por outro lado, na imunidade mediada por células, diferentes
tipos de linfócitos T desempenham funções específicas para combater os
antígenos
As células estaminais dão origem a linfócitos imaturos, com parte deles
amadurecendo na medula óssea para formar linfócitos B, enquanto outros
migram para o timo, onde se dividem e amadurecem, originando linfócitos T.
Tanto o timo quanto a medula óssea são locais essenciais para a maturação
dos linfócitos, transformando-os em células funcionais. Após a maturação, os
linfócitos circulam pelo sangue até órgãos linfáticos secundários, como nódulos
linfáticos, amígdalas, gânglios linfáticos, baço e tecido linfático difuso. É nesses
locais que os linfócitos interagem entre si, com células apresentadoras de
antígenos e com os próprios antígenos, desencadeando uma resposta
imunitária.
Durante a maturação dos linfócitos B e T (fig.14), ocorrem processos de
seleção positiva e negativa. A seleção positiva resulta na sobrevivência dos
linfócitos competentes para a resposta imunitária, enquanto a seleção negativa
elimina ou inativa os linfócitos que poderiam reagir contra moléculas do próprio
organismo. Os detalhes precisos desses processos ainda estão sob
investigação.

Figura 14 - maturação dos linfócitos B e T

O processo de ativação dos linfócitos pelos antigénios difere consoante o tipo


de linfócito e de antigénio envolvidos. No entanto, existem dois princípios
gerais neste processo de ativação:
1. Os linfócitos são capazes de reconhecer o antigénio;

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Trabalho projeto 1º semestre
2. após este reconhecimento, os linfócitos aumentam em número de modo
a eliminar o antigénio, executando uma resposta imunitária eficaz.
Os linfócitos interagem com os antigénios através de regiões específicas
denominadas determinantes antigénicos ou epítopos. Cada epítopo tem vários
determinantes antigénicos diferentes e os linfócitos possuem, na sua
superfície, proteínas denominadas recetores antigénicos, que se combinam
com determinantes antigénicos específicos.
A resposta imunitária a um determinado antigénio com um determinante
antigénico específico é idêntica ao modelo chave-fechadura para as enzimas,
pois o determinante antigénico só se pode combinar com um determinado
recetor antigénico. Em alguns casos, a ativação dos linfócitos B e T acontece
quando os seus recetores antigénicos se ligam diretamente aos determinantes
antigénicos. No entanto, a ativação dos linfócitos é, na maioria das vezes,
realizada através da intervenção de glicoproteínas da superfície das células -
as proteínas do complexo maior de histocompatibilidade (MHC - Major
Histocompatibility Complex que possuem uma região variável com capacidade
para se ligar aos diferentes antigénios.
Imunidade mediada por anticorpos/ imunidade hormonal
A exposição a um determinado
antigénio pode levar à ativação
dos linfócitos B e,
consequentemente, à produção
de anticorpos - proteínas
responsáveis pela destruição de
antigénios (fig.15).
1. Um macrófago fagocita um
determinado antigénio e
Figura 15 - imunidade humoral
processa-o (os fragmentos
passam pelo complexo de Golgi). Uma porção do antigénio liga-se a
uma proteína do MHC e apresenta-se à superfície do macrófago.
2. O determinante antigénico é reconhecido pelo clone os linfócitos
B que possui os recetores específicos e por linfócitos T auxiliares.
3. O clone de linfócitos B é ativado e multiplica-se.
4. Uma parte das células do clone ativado diferencia-se em plasmócitos e
outra parte em linfócitos B de memória. Os plasmócitos são as células
produtoras de anticorpos que são libertados no sangue e na linfa. Os
linfócitos B de memória são células que ficam no sangue por longos
períodos e respondem rapidamente num segundo contato com o
antigénio.
5. Os anticorpos interagem com o antigénio, levando à sua destruição.
6. Após a destruição, os plasmócitos morrem e os anticorpos são
degradados, enquanto as células de memória permanecem no sangue
durante muitos anos e desencadeiam uma resposta imunitária
secundária.

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Trabalho projeto 1º semestre
Anticorpos
Um mesmo antigénio pode ligar-se a vários anticorpos.
Os anticorpos (fig.16) são proteínas produzidas
como reação a antigénios e também podendo
ser designados por imunoglobulinas – são
moléculas de forma Y. Existem cinco classes
principais de imunoglobulinas chamadas IgG,
IgA, IgM, IgD e IgE.
Todas as classes de anticorpos possuem uma
estrutura semelhante com quatro cadeias
polipeptídicas: duas cadeias pesadas
Figura e duas
16 - anticorpo
cadeias leves, ambas idênticas entre si. Cada
uma das cadeias leves une-se a uma cadeia pesada. Em cada uma das
extremidades desta união localiza-se a região variável do anticorpo - local de
ligação do determinante antigénico do antigénio.
Diferentes anticorpos possuem diferentes regiões variáveis, específicas para
determinados antigénios. A restante parte do anticorpo é a região constante,
que interage com outros elementos do sistema imunitário e determina a classe
a que pertence a imunoglobulina.
Os anticorpos podem atuar sobre os antigénios de diferentes modos. Podem
afetar diretamente os antigénios, inativando-os ou agregando-os. Também
podem atuar indiretamente, ativando outros mecanismos do sistema imunitário
através da sua região constante, São mecanismos indiretos: a ativação da
cascata do complemento, o aumento da inflamação resultante da libertação de
mediadores a partir de mastócitos ou de basófilos, e o aumento da fagocitose
através da ligação dos anticorpos aos macrófagos.
Imunidade mediada por células
É mediada pelos linfócitos T e é particularmente efetiva na defesa do
organismo contra agentes patogénicos intracelulares, destruindo as células
infetadas e contra células cancerosas. É também responsável pela rejeição de
excertos ou transplantes (fig.17).
1. Células que apresentam na sua superfície determinantes antigénicos
estranhos ligados a proteínas do MHC são reconhecidas por linfócitos T
auxiliares. As células apresentadoras podem ser macrófagos que
fagocitaram e processaram agentes patogénicos, células cancerosas ou
de outro organismo.
2. O clone de linfócitos T auxiliar que reconhece o complexo antigénio-
MHC divide-se e diferencia-se em linfócitos T citotóxicos e linfócitos T de
memória.
3. Os linfócitos T ligam-se às células estranhas ou infetadas e libertam
perforina – proteína que forma poros na membrana citoplasmática,
provocando a lise celular.

17
Trabalho projeto 1º semestre
4. Os linfócitos T de memória desencadeiam uma resposta mais rápida e
vigorosa num segundo contacto com o mesmo antigénio.

Memoria imunitária
Resposta imunitária
Figura 17 - imunidade mediada por células
primária: primeiro
contacto com o antigénio origina ativação de linfócitos B e T que se diferenciam
em células de memória
Resposta imunitária secundária: devido à presença de células de memória, o
segundo contato com o mesmo antigénio desencadeia uma resposta imunitária
mais intensa, rápida e prolongada.
Os linfócitos T de memória estabelecem-se em diversos órgãos linfáticos e
outros tecidos, estando prontos a reconhecer antigénios. Quando são ativados,
aumentam a velocidade e eficácia da resposta imunitária.
Os linfócitos B de memória, quando reconhecem um antigénio, dividem-se
rapidamente, diferenciando-se em plasmócitos, produzindo uma grande
quantidade de anticorpos. Não só o tempo necessário para a produção de
anticorpos é muito menor do que na resposta primária, como a quantidade de
anticorpos que é produzida é muito maior, fazendo com que o antigénio seja
destruído mais rapidamente. Durante a resposta secundária, a quantidade de
linfócitos B de memória também aumenta consideravelmente.
Interações das células do sistema imunológico
O sistema imunitário funciona de
uma forma integrada, verificando-
se a cooperação entre os
diferentes tipos de células que a
ele pertencem.
A imunidade humoral (mediada por
anticorpos) e a imunidade celular
não são mecanismos isolados,
verificando-se uma série de
interações a diversos níveis.

18
Figura 18 - Trabalho projeto
interações das células1º
no semestre
sistema imunitário
Imunidade ativa e passiva
As defesas específicas podem ser classificadas consoante o método da sua
aquisição: ativo ou passivo.
A imunidade ativa desenvolve-se após a exposição a um antigénio, como
consequência de uma resposta imunitária. A imunidade ativa pode
desenvolver-se como resultado da exposição natural de um antigénio no
ambiente - imunidade ativa natural - ou da exposição propositada a um
antigénio - imunidade ativa artificial. A imunidade ativa natural começa a ser
desenvolvida normalmente após o nascimento e é continuamente melhorada
sempre que o organismo e infetado por novos agentes patogénicos. Na
imunidade ativa artificial, a resposta imunitária é estimulada em condições
controladas, com o objetivo de fazer com que o organismo consiga resistir à
exposição de um tipo de agente patogénico no futuro - imunização. Um
exemplo de imunidade ativa artificial é a imunização por vacinas.
A imunidade passiva desenvolve-se após a transferência de anticorpos para o
organismo. A imunidade passiva natural resulta da transferência de anticorpos
entre a mãe e o seu bebé, através da placenta ou do colostro e do leite
maternos. Na imunidade passiva artificial, administram-se anticorpos
diretamente no organismo, com o objetivo de lutar contra infeções ou prevenir o
desenvolvimento de certas doenças após a exposição a um agente patogénico.
Um exemplo de imunidade passiva artificial é a imunização através de
antissoro, que contém anticorpos contra diversos agentes patogénicos e
toxinas.

Figura 19 - comparação entre a imunidade ativa e passiva

Vacinas
As vacinas são produtos imunobiológicos que fornecem imunidade ativa
artificial. Podem ser constituídas por microrganismos inativados, partes destes
ou produtos derivados. Nas vacinas, o antigénio é modificado de tal modo que,

19
Trabalho projeto 1º semestre
geralmente, apenas estimula o sistema imunitário, isto é, os eventuais sintomas
que possam surgir após a toma da vacina devem-se à resposta inflamatória e
não aos sintomas da doença. As vacinas, geralmente, produzem um estado de
imunidade prolongado.
No entanto, em alguns casos, são administradas doses de reforço como parte
do processo de vacinação. Um reforço consiste na administração de uma dose
da vacina algum tempo depois da administração da primeira dose, estimulando,
deste modo, uma resposta imunitária secundária, levando à formação de
grandes quantidades de anticorpos e de células de memória, resultando numa
imunidade mais eficaz e duradoura.

Desequilíbrios e doenças
Devido à complexidade da resposta imunitária, podem facilmente ocorrer
situações em que o sistema imunitário não funcione corretamente. Existem
várias condições médicas que resultam do mau funcionamento do sistema
imunitário, tal como hipersensibilidades, doenças autoimunes e
imunodeficiências. Estas condições variam no nível de severidade para o
organismo, sendo as menos graves mais comuns na população e as mais
graves mais raras.
Alergias
A alergia é uma resposta exagerada do sistema imunológico a uma substância
estranha ao organismo, ou seja, uma hipersensibilidade a um estímulo externo
específico que pode ter consequências graves, nomeadamente a lesão e
destruição de células, tecidos e órgãos.
Como exemplo destes antigénios temos: pólen, ácaros, pó, produtos químicos
e alimentares, pelo de animais, etc.
Como resposta temos doenças como: Asma, Rinite alérgica, urticária,
conjuntivite, etc.
Estas substâncias
estranhas, antigénios, que
desencadeiam este tipo de
respostas são designadas
por alergénicos (fig.20).
Estas substâncias são, na
maior parte das vezes,
moléculas proteicas.
Curiosidade: quando alguém
é alérgico ao pelo de um
animal, na verdade é Figura 20 - reações alérgicas
alérgico à proteína que
existe na saliva do animal e que fica retida no pelo do animal quando ele se
lambe.

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Trabalho projeto 1º semestre
Estas respostas alérgicas, sendo reações imunológicas, são específicas. O
organismo fica sensibilizado exclusivamente a um determinado antigénio. Estas
reações de hipersensibilidade classificam-se em dois tipos, de acordo com o
tempo decorrido entre o contato com o alergénico e a resposta macroscópica
da alergia: reações de hipersensibilidade imediata, apenas minutos entre o
contacto e a reação, e as reações de hipersensibilidade tardia, que só
desenvolvem passado muitas horas.
A forma mais frequente de alergia é a hipersensibilidade imediata. É imediata
porque o organismo já teve contato anterior com o alergénico, onde foram
criados anticorpos da classe IgE que se fixam a vários tipos de células, assim,
em contatos posteriores, o antigénio é imediatamente reconhecido pelos
anticorpos das células que os contém e se estas forem mastócitos, este liberta
histamina que desencadeia a resposta inflamatória imediata. Os IgE também
se ligam a basófilos em circulação. Esta resposta pode traduzir-se em alergias:
respiratórias (asma e rinites); cutâneas (eczemas e urticárias - comichão
constante); oftalmológicas (conjuntivites) e digestivas.
Na hipersensibilidade tardia as reações alérgicas não têm a ver com
anticorpos, mas com células. Os linfócitos T reconhecem o antigénio, ficam
ativados e segregam uma série de substâncias químicas que atuam em outras
células, manifestando-se a doença. Exemplos deste tipo de hipersensibilidade
são a alergia a determinados produtos como a lixivia, o cimento, cosméticos,
metal, que em contato direto e repetido na pele, desencadeia dermatites de
contato (mediada pelos linfócitos T).
Nas reações alérgicas o pior cenário é o choque anafilático, em que os
alergénicos entram na corrente sanguínea e são rapidamente dispersos. Em
vez de afetarem a pele ou as vias respiratórias, afetam o corpo na
generalidade. A histamina é libertada em grandes quantidades e provocam a
dilatação dos vasos sanguínea na generalidade do corpo, o que faz descer a
pressão sanguínea causando a não renovação do oxigénio e não nutrição das
células, podendo ser fatal.
Doenças autoimunes
Qualquer doença que resulte em respostas imunes contra as células e tecidos
do próprio organismo dizem-se doenças autoimunes. Surgem quando as
respostas são efetuadas conta alvos do próprio organismo. Este tipo de
respostas autoimunes é frequente, mas são reguladas e, normalmente, são
transitórias. Autoimunidade causadora de doenças não é frequente, dado que o
sistema imunológico possui mecanismos que mantêm um estado de tolerância
aos epítopos (ou determinante antigénico e é a menor porção de antigénio com
potencial de gerar a resposta imune) do organismo. Estes mecanismos
designam-se por auto tolerância.
Se existir uma falha nesta tolerância origina doenças que podem ser graves e
atuar sobre um tipo específico de tecido, como por exemplo, a diabetes tipo 1
(insulinodependentes) que atua nas células beta do pâncreas e as destrói
através dos linfócitos T, ou atuar de uma forma sistémica, atuando e vários

21
Trabalho projeto 1º semestre
tecidos, órgãos e sistemas, como por exemplo o lúpus eritematoso sistémico e
artrite reumatoide.
Todos os linfócitos T, maturados no timo, que apresentem uma forte afinidade
com um determinado antigénio do próprio organismo (Auto antigénios), são
eliminados, ou ficam inativos. O Timo só deixa passar para a corrente
sanguíneas os linfócitos que têm pouca afinidade com os antigénios do
organismo, funciona como uma peneira, permitindo que a tolerância em relação
ao próprio self (antigénios do próprio – os que são externos designam-se por
non self).
Imunodeficiências
Imunodeficiência é uma desordem do sistema imunológico caracterizada pela
incapacidade de se estabelecer uma imunidade efetiva e uma resposta ao
desafio dos antígenos. Qualquer parte do sistema imunológico pode ser
afetada.
As doenças devidas as imunodeficiências são diversas e nas quais o sistema
imunitário não funciona de forma adequada e, como consequência, existe uma
crescente suscetibilidade às infeções oportunistas e a certos tipos de cancro.
As infeções são mais frequentes e são, em geral, mais graves e duram mais do
que o habitual.
A imunodeficiência pode derivar de uma doença ou induzida por drogas. Um
exemplo da primeira é o caso da infeção pelo vírus HIV que ataca e destrói os
leucócitos que combate as infeções virais e fúngicas, tornando-se numa
síndrome de imunodeficiência adquirida, e a segunda, o uso de drogas na
prevenção contra a rejeição de um transplante.
A imunidade pode ser congénita, pode estar presente desde o nascimento ou
desenvolver-se passado uns anos. Normalmente a imunidade congénita é
hereditária e rara, no entanto, conhecem-se cerca de 70 doenças de origem
hereditária. Esta imunidade congénita está normalmente relacionada com um
número mais diminuto de linfócitos do que o normal, noutros casos é o mau
funcionamento desses leucócitos e noutras, o problema não são dos leucócitos
as os outros componentes do sistema imunitário que são anormais ou faltam.
A imunidade que aparece mais tarde, é a imunodeficiência adquirida e
normalmente advém de uma doença, normalmente grave, e é mais frequente
que a congénita. Quase todas as doenças graves prolongadas afetam, de uma
certa forma, o sistema imunitário.
Sida
O VIH (Vírus da Imunodeficiência Humana) é o agente causador da sida. O
vírus infeta as células (macrófagos e linfócitos T auxiliares) portadoras de
recetores, nos quais o vírus se fixa. Assim que o organismo é infetado este
responde em três fases: Primoinfeção, Latência e Imunodeficiência.

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Trabalho projeto 1º semestre
Primoinfeção – O organismo foi infetado e existe uma rápida disseminação do
vírus e uma consequente diminuição de linfócitos T auxiliares.
Latência - O vírus pode ficar incubado no corpo humano por vários anos, sem
que manifeste quaisquer sintomas (assintomática). Quando uma pessoa está
infetada com o VIH diz-se que é seropositiva. Há um equilíbrio em que a
resposta imunitária limita a proliferação do vírus.
Imunodeficiência – Dá-se o desequilíbrio e o sistema imunitário não responde,
dando-se um aumento do vírus e a diminuição drástica dos linfócitos T, levando
à um crescente aumento de infeções oportunistas, é uma fase sintomática. É
nesta fase que se utiliza o termo SIDA e é caraterizada pelo aparecimento de
tumores e de imunodeficiência.
O vírus ao invadir o organismo ataca e infeta vários tipos de células: Linfócitos
Th; macrófagos; células do intestino, originando diarreias crónicas e células
cerebrais provocando letargia e demência.
O vírus é geneticamente muito variável. Esta variedade pensa-se estar
associada ao elevado número de erros que a enzima transcriptase reversa faz
ao copiar o genoma do vírus. Esta variedade torna a tarefa quase impossível
de desenvolver uma vacina para o vírus.
Transcriptase reversa é uma enzima que realiza um processo de transcrição ao
contrário em relação ao normal. Essa enzima polimeriza moléculas de DNA a
partir de moléculas de RNA, exatamente o oposto do que geralmente ocorre
nas células, nas quais é produzido RNA a partir de DNA.
O vírus HIV ataca o Linfócito, e depois penetra na célula, fazendo a partir daí a
transcriptase reversa, o RNA viral é transformado em DNA viral. O DNA viral ao
penetrar no núcleo da célula infetada, mistura-se com o DNA da célula, esta
começa a produzir o RNA viral, produzindo proteínas para produzir novos vírus
que irão infetar novas células.

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Trabalho projeto 1º semestre
Noticia
“Aumento de casos de gripe A relacionado com
perda de imunidade”
Transcrição
“Em circunstâncias normais a estirpe predominante da gripe A que circula em
Portugal cede à medicação após três dias. Após esse período, há sinais de
alerta que devem ser tidos em conta.
A estirpe de gripe A que tem "enchido" as urgências nos últimos dias não é
mais perigosa do que outras, mas, ainda assim, tem-se revelado mais
contagiosa.
Os portugueses perderam alguma imunidade contra a estirpe de gripe A que
chegou em força a meio deste mês de dezembro, algo que não acontecia
desde antes da pandemia de covid-19. E é, justamente, isso que explica o facto
de haver mais casos do que é habitual.
Há mais casos, mas isso não significa que represente uma ameaça mais séria.
A mensagem dos especialistas é a de que não há motivos para pânico. Em
circunstâncias normais esta estirpe da gripe A cede à medicação após três
dias. Após esse período, há sinais de alerta que devem ser tidos em conta, tais
como a persistência da febre, o reaparecimento, o cansaço e a presença de
sangue na tosse.
Gripe A: o que é, como tratar e como prevenir?
Para já ninguém arrisca afirmar se já atingimos o pico de infeções respiratórias.
Só quando forem conhecidos os dados dos próximos dias será possível ter
uma ideia mais exata sobre a evolução da doença.”

Resumo
A atual elevação de casos de gripe A em Portugal está relacionada à perda de
imunidade da população frente a uma estirpe mais contagiosa, que se
destacou a partir de meados de dezembro. Embora essa variante não seja
mais perigosa, a quantidade de infeções tem aumentado. Especialistas
enfatizam que não há razão para pânico, já que, em circunstâncias normais, a
estirpe cede à medicação em três dias. Sinais de alerta, como febre
persistente, cansaço e presença de sangue na tosse, devem ser monitorados
após esse período. O momento exato do pico de infeções respiratórias
permanece incerto, sendo necessário aguardar dados dos próximos dias para
uma avaliação mais precisa da evolução da doença.

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Trabalho projeto 1º semestre
Opiniões críticas
Segundo Juan Gérvas a gripe A é muito contagiosa e pouco grave. Menos
grave do que a gripe habitual de todos os anos. Face à gripe A é conveniente
manter um comportamento prudente e tranquilo, similar ao que temos com a
gripe sazonal. Deve-se consultar o médico apenas em caso de enfermidade
importante (tosse com sangue, grande deterioração respiratória). Os antivirais
Tamiflu e o Relenza não previnem a gripe A, têm efeitos secundários
importantes. Devem reservar-se para tratar casos graves. A vacina contra a
gripe A é experimental, e por agora não se sabe nada sobre a sua segurança
ou sobre a sua eficácia. As pandemias prévias não produziram grande
mortalidade desde que se passou a dispor de antibióticos para tratar as
pneumonias que complicam a gripe. Essas pandemias também não tiveram um
segundo surto de maior agressividade. Para além da gripe A, os serviços de
saúde têm de atender os milhares de doentes agudos e crónicos habituais,
pelo que convém não saturar a atividade de médicos, enfermeiras e restante
pessoal com pacientes ligeiros com gripe A.
Segundo José Antônio Baddini Martinez a gripe, uma doença infeciosa aguda
causada pelo vírus, é universal e tem sido responsável por epidemias ao longo
dos séculos. Embora geralmente tenha uma evolução leve, em idosos, crianças
pequenas e pessoas com doenças crônicas, a infeção pode resultar em um
número significativo de óbitos. Em regiões de clima temperado com invernos
marcados, a mortalidade por gripe pode atingir até 10% dos afetados. O vírus
Influenza, um RNA vírus, é classificado em tipos A, B e C. Enquanto os tipos B
e C afetam exclusivamente humanos, o tipo A pode infectar aves, porcos,
cavalos, baleias, entre outros. O tipo A é ainda subdividido em subtipos com
base na presença de antígenos glicoproteicos em sua superfície, conhecidos
como hemaglutininas e neuraminidases. Geralmente, as epidemias de gripe
são causadas pelos vírus dos tipos A ou B devido às frequentes mutações em
sua composição antigênica.

Conclusão
O Homem é um ser de grande complexidade anatómica e funcional, onde cada
célula faz parte de um tecido, estrutura que integra um dado órgão que, por sua
vez, interage com outros órgãos para formar um sistema. Os diferentes
sistemas de órgãos do corpo humano funcionam em harmoniosa
interdependência e, do bom funcionamento de qualquer um deles, depende a
saúde e qualidade de vida de cada um de nós.
Um dos sistemas que constitui cada ser humano é o sistema imunitário, cuja
principal função é proteger o organismo de cada indivíduo contra agentes
agressores.
Contudo, não é raro que esse sistema falhe ou que tenha algum tipo de
deficiência, o que deixa o indivíduo vulnerável a vários agentes agressores ou
a sofrer as consequências de reações violentas contra elementos do ambiente
normalmente tolerados.

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Trabalho projeto 1º semestre
Devido aos anos anteriores o sistema imunitário ficou enfraquecido, resultando
num aumento de casos de gripe A. Assim sendo a interação entre o vírus da
gripe A e o sistema imunológico é uma complexa dança molecular. O H1N1,
agente causal da gripe A, ataca principalmente as vias respiratórias. O sistema
imunológico responde ativando células específicas, como linfócitos T e B, para
neutralizar o vírus. No entanto, a resposta imunológica excessiva pode
desencadear uma tempestade de citocinas, causando danos aos tecidos.
Compreender essa interação delicada é crucial para desenvolver estratégias
eficazes de prevenção e tratamento.
Em síntese, a investigação sobre a imunidade, notadamente no contexto da
pandemia de gripe A, revela-se como uma busca intricada pelos meandros do
sistema imunológico. A análise das respostas imunológicas frente ao vírus
H1N1 não apenas evidenciou a complexidade das interações molecularmente
reguladas, mas também sublinhou a necessidade crítica de estratégias de
vacinação refinadas e métodos de pesquisa avançados. Este exame
aprofundado destaca a constante evolução do campo imunológico e a
exigência premente de uma abordagem científica integrada para fortalecer a
imunidade coletiva e responder de forma eficaz a ameaças virais emergentes.
A interação entre o vírus da gripe A e o sistema imunológico é uma complexa
dança molecular. O H1N1, agente causal da gripe A, ataca principalmente as
vias respiratórias. O sistema imunológico responde ativando células
específicas, como linfócitos T e B, para neutralizar o vírus. No entanto, a
resposta imunológica excessiva pode desencadear uma tempestade de
citocinas, causando danos aos tecidos. Compreender essa interação delicada é
crucial para desenvolver estratégias eficazes de prevenção e tratamento.

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Trabalho projeto 1º semestre
Bibliografia
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 Imunidade e controlo de doenças.
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 Unidade III – Imunidade E Controlo DE Doenças. (2020).
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