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Taxonomia de Bloom

Definição de objetivos Educacionais

Texto Introdutório

A definição de objetivos é uma etapa muito importante do planejamento porque


gera informações que levam a reflexão sobre os conteúdos necessários ao alcance do
objetivo proposto e ainda as estratégias de aprendizagem mais adequadas ao resultado
esperado.
Para facilitar a troca de informações sobre desenvolvimento de currículos e
avaliações de ensino e ainda avaliar o aprendizado alcançado pelo aprendiz foi
estruturada a Taxonomia de Bloom.
Esse trabalho foi desenvolvido em 1948 e até hoje é amplamente usado por
professores e especialistas em avaliação para a definição de estruturas curriculares e
criação de instrumentos de avaliação.
Veremos a seguir os principais conceitos da Taxonomia de Bloom.

Principais Conceitos
”Taxonomia”, termo de origem grega, refere-se a sistemas de classificação de
eventos (ou entidades) em grupos ou categorias específicas. Esses sistemas possuem
princípios integradores das categorias, as quais são organizadas de modo cumulativo e
sequencial. Existem Taxonomias para vários campos de estudo científicos, como a
Biologia e a Sociologia.
Considerando que o aprendizado não ocorre apenas em nível cognitivo o estudo da
taxonomia dos objetivos educacionais criou três domínios de aprendizagem, quais sejam:
cognitivo, afetivo e psicomotor.
A organização da Taxonomia de Bloom teve os seguintes norteadores:
Os processos nelas caracterizados deveriam representar resultados de
aprendizagem e não aquilo que o indivíduo já sabia fazer e já havia aprendido
anteriormente em contato com a família e com a sociedade.
Uma categoria de resultados deveria depender de outra e dar suporte às
subsequentes, de modo a refletir a cumulatividade que caracteriza os processos de
aprendizagem.
A criação de taxonomias deveria definir princípios estruturantes que garantissem a
ordenação das categorias em um “continuum”.
Esses parâmetros integradores deveriam diferir para cada domínio de
aprendizagem. No domínio cognitivo, o princípio organizador é a complexidade, no afetivo
é a internalização e no psicomotor é a automatização.

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A categorização é mais simples de ser entendida e aplicada nos domínios cognitivo
e psicomotor, onde o grau de complexidade de uma categoria para outra é mais
facilmente observável do que no domínio afetivo onde há grande subjetividade,
dificultando a identificação objetiva de sua categorização.
Os três domínios ou categorias de resultados de aprendizagem são
interdependentes. Quando um indivíduo age, integra os três tipos de resultados de
aprendizagem em suas ações.
Assim, um professor, ao ministrar uma aula, expõe seus conhecimentos sobre
determinados assuntos (domínio cognitivo), gesticula, varia o tom de voz, controla a
dicção, movimenta-se na sala (domínio psicomotor) e dispõe-se a responder questões
dos aprendizes, respeita a opinião e ritmo da turma e demonstra entusiasmo pelos temas
do curso (domínio afetivo). Ao agir, esse professor utiliza competências relativas àqueles
três tipos de domínios.

Domínio Cognitivo
No domínio cognitivo estão todos os objetivos que enfatizam a recordação ou
reprodução de alguma coisa que foi previamente aprendida. A ênfase está na capacidade
ou habilidade para realizar tarefas cognitivas que envolvem desde o reconhecimento de
uma informação específica até a aplicação e/ou avaliação dessa informação para solução
de problemas ou criação de alternativas.
No domínio cognitivo o continuum se relaciona com o nível de complexidade dos
processos intelectuais. São seis as categorias desse nível:
Conhecimento: nesta categoria são agrupados todos os processos que requerem
exatidão na reprodução da informação que foi repassada, independentemente do método
utilizado para este fim. A característica principal é o uso da memória para tal reprodução;
nesta categoria o aprendiz adquire e armazena informações, que serão recuperadas mais
tarde isso é observado quando o aprendiz é capaz de relembrar e recuperar informações
que armazenou em sua memória sobre fatos concretos ou sobre conceitos abstratos.
Compreensão: os aprendizes entendem e são capazes de traduzir, interpretar e
extrapolar a comunicação; nesta categoria são requeridos o uso da informação original e
a capacidade para representá-la de outra forma ou ainda reduzi-la isso é representado
pelo entendimento literal do que foi comunicado e pela capacidade de fazer uso desse
conteúdo ou material.
Aplicação: o aprendiz é capaz de aplicar conceitos ou abstrações a problemas e
situações conhecidas ou inusitadas; é a capacidade de utilizar uma informação genérica e
aplicá-la em uma situação nova e específica. Essa aplicação ocorre sem que seja
necessário sugerir as abstrações ou se ensine como usá-las. Nessa categoria acentuam-
se a evocação e o uso de generalizações ou princípios adequados para o esclarecimento
de materiais determinados.
Análise: os aprendizes separam o material em suas partes componentes e são
capazes de estabelecer relações entre elas; a capacidade de análise pressupõe a
identificação dos processos de uma proposição, a verificação da validade dessa
proposição e as possíveis divergências existentes. Nesse nível o foco está no

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desdobramento do conhecimento em partes, a percepção de suas inter-relações e o
modo como esse conhecimento se organiza.
Síntese: ocorre quando o aprendiz se mostra capaz de criar algo, a partir da
combinação de novos materiais com conhecimentos já adquiridos no passado; é a criação
de algo novo a partir de informações existentes. Na síntese é necessário que o
conhecimento seja construído a partir de diversas fontes e reorganizado em uma estrutura
que não era a anteriormente percebida.
Avaliação: compreende as situações nas quais o aprendiz emite julgamentos sobre
o valor de materiais, ideias etc; é o julgamento realizado com um fim específico. Os
julgamentos podem ser qualitativos ou quantitativos e devem preceder de uso criterioso
de padrões determinados.

Domínio Afetivo
O domínio afetivo engloba os objetivos que estão relacionados com os sentimentos
e valores, De acordo com Bloom (1968) “Os objetivos afetivos variam desde a atenção
simples até fenômenos selecionados, até qualidades de caráter e de consciência
complexas, mas internamente consistentes. ”
No domínio afetivo o continuum é expresso pelo grau de internalização dos valores.
São cinco as categorias desse nível:
Receptividade: também denominada acolhimento é caracterizada pela
apresentação, pelo educador, de determinado valor de forma intencional e seletiva sem
esperar que haja qualquer ação em relação ao valor apresentado.
Resposta: nesse nível presume-se alguma ação por parte do aprendiz, que não só
ouve atentamente, mas faz algo a partir daquilo que prestou atenção. O aspecto principal
dessa categoria é o aprender fazendo.
Valorização: nesse nível espera-se que o valor comunicado seja internalizado pelo
aprendiz. Nessa categoria não existe uma preocupação com as relações entre valores e
sim com a internalização de um conjunto de valores ideais. Os objetivos desse nível é o
ponto de partida para o desenvolvimento da consciência do indivíduo.
Organização: nesse nível é esperado do aprendiz que ele reinterprete o valor
comunicado e o relacione com outros valores iguais ou contrários e, por meio desse
processo, tenha uma definição pessoal do valor comunicado. Nesse nível é que se inicia a
construção de um sistema de valores.
Caracterização: nesse nível o aprendiz é reconhecido pelo valor que internalizou. O
processo de internalização atingiu seu ápice a ponto do aprendiz ser identificado como
um representante do valor que incorporou.

Domínio Psicomotor
É importante, antes de categorizar o domínio psicomotor, esclarecer que a
aprendizagem nesse nível está sempre associada aos domínios cognitivos e afetivos.
Para que uma atividade seja considerada no nível psicomotor é necessário que a
atividade psicomotora tenha relevância significativa para a execução da tarefa, o domínio

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psicomotor enfatiza habilidades motoras que requeiram coordenação neuromuscular.
Objetivos dessa natureza são frequentes em cursos técnicos ou em aulas de educação
física.
O continuum desse domínio está no princípio da complexidade dos movimentos. As
categorias do domínio psicomotor são:
Percepção: consiste na atenção dada pelo aprendiz aos movimentos envolvidos na
ação, suas conexões e implicações. A aprendizagem nesse nível é mais cognitiva que
motora.
Posicionamento: nesse nível o aprendiz assume as posições corretas e eficientes
para executar os movimentos envolvidos no aprendizado. Não existe ainda a execução
dos movimentos, apenas uma disposição para tanto.
Execução Acompanhada: é nesse nível que o componente motor assume a
posição principal no processo de aprendizagem. O aprendiz executa os movimentos
necessários ainda que de forma insegura.
Mecanização: nesse nível as ações são executadas integralmente, fazendo parte
da rotina do aprendiz. A execução já está no modo inconsciente.
Completo Domínio de Movimentos: nesse nível há por parte do aprendiz a
execução dos movimentos com maestria.

Conclusão
O conhecimento dessas categorias e dos níveis em que ocorre a aprendizagem é
de grande importância para a definição de objetivos educacionais, seu uso traz uma
intencionalidade maior para as diversas atividades propostas nas ações educacionais
planejadas.
O objetivo dessa classificação é auxiliar no estabelecimento de uma sequência de
ensino e escolher as situações mais propícias à aprendizagem de cada objetivo.
Quanto mais complexo (domínio cognitivo), interno (domínio afetivo) ou
automatizado (domínio psicomotor) for o resultado de aprendizagem almejado, mais
passos e etapas intermediárias serão necessárias à sua efetiva aquisição, retenção e
generalização e isso precisa ser considerado quando da definição da estratégia de
aprendizagem.
A avaliação dos resultados de aprendizagem em cada um desses níveis também é
diferente e a classificação proposta facilita a realização de avaliações mais precisas.
É preciso que fique claro que cada domínio requer situações específicas e distintas
de aprendizagem. A ideia é que uma aula expositiva oral não é a estratégia de
aprendizagem mais adequada para ensinar alguém a provar vinhos, pilotar aviões ou
confeccionar uma joia. A prática supervisionada, nesses casos, parece mais conveniente
e apropriada à aprendizagem dessas habilidades.
É meramente didática a diferenciação entre os três tipos de resultados de
aprendizagem e essa distinção visa apenas a facilitar a escolha de estratégias de
aprendizagem de acordo com a competência predominante esperada do indivíduo após a
atividade.

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Esses conceitos e princípios precisam estar internalizados e serem constantemente
aplicados por facilitadores de aprendizagem para que as ações educacionais planejadas
atinjam aos objetivos a que se propõem.

Bibliografia
BLOOM, Benjamin S e Outros. Taxonomia dos Objetivos Educacionais .– 1
Domínio Cognitivo. Porto Alegre: Globo, 1972. 179.
BLOOM, Benjamin S e Outros. Taxonomia dos Objetivos Educacionais – 2 Domínio
Afetivo. Porto Alegre: Globo, 1972. 203 p.
JÚNIOR, José Florêncio Rodrigues. A Taxonomia dos Objetivos Educacionais –
Um Manual para o Usuário. 2ª ed. Brasília: UNB. 1997. 64p.

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