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NOTÍCIAS
Na sociedade, observamos milhares de imagens. Vemos em nosso entorno
mais próximo ao ler um livro, ao contemplar um quadro e, às vezes, até na
roupa. Ao sair à rua, o bombardeio continua. Placas, anúncios, estátuas,
lojas, igrejas, centros educacionais e até os banheiros, entre muitos outros
lugares, fazem uso das imagens com fins estéticos, mas também com
propósitos informativos. Mas essas imagens não têm uma causa
jornalística, ao contrário do que acontece com a maioria das divulgadas
através de meios de difusão, como a imprensa, a televisão ou a Internet.
Os factos, ao serem registados pela lente do repórter cinegrafista ou
fotógrafo, pela mão do ilustrador, caricaturista ou infografista devem ter
uma série de qualidades para que mereçam ser divulgados como mensagens
jornalísticas iconográficas.
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1. Infográficos. É a representação visual de uma informação. Há diferentes
tipos, que nem sempre se apresentam de maneira pura. Em qualquer
hipótese, costumam trazer textos ou indicações numéricas:
3. Ilustrações.
a) Retratos. É a representação gráfica de uma determinada pessoa e, às
vezes, pode substituir uma fotografia. Podem ser de tipo realista ou
caricaturais.
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d) Quadrinhos. Embora cada vez menos habitual, algumas publicações
incluem histórias desenhadas segundo códigos cênicos. Estas ilustrações
são dirigidas, em muitas ocasiões, ao público infantil. Historicamente
falando, muitas das grandes obras de quadrinhos foram publicadas em
forma de série em jornais e revistas. Também se podem utilizar para
explicar fatos complexos de todo tipo, apresentando um sentido
propriamente informativo.
4. Fotografia.
a) Fotografia informativa. Ligada a critérios de atualidade e de informação,
ao conceito de notícia. Não admite qualquer tipo de manipulação.
O FOTO-JORNALISMO
A fotografia, como tal, nasceu no ano de 1826, quando Nicéphore Niépce
realizou a primeira foto da história. Entretanto, esta técnica demorou muito
tempo para incorporar-se à imprensa. Em primeiro lugar, houve a
necessidade de resolver problemas técnicos. Por um lado, passaram-se
muitas décadas para desenvolverem-se máquinas de impressão capazes de
realizar as fotografias. Por outro, no início, as câmaras fotográficas
necessitavam de longos tempos de exposição, o que as tornava
incompatíveis com a linguagem jornalística.
O primeiro antecedente do fotojornalismo moderno pode ser encontrado na
Guerra da Crimeia (1855), quando Roger Fenton foi contratado para dar
testemunho do que ali aconteceu.
É também o antecedente da manipulação fotográfica, dado que Fenton
deveria tranquilizar a opinião pública britânica e, por isso, só realizou
retratos dos soldados e paisagens sem nenhum vislumbre de violência.
Pouco depois, na Guerra Civil Norte-americana (1863), deu-se um novo
marco. Várias equipes de fotógrafos, entre as quais se destaca a de Mathew
Brady, percorreram o país para recolher o testemunho da situação. Dessa
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vez, já não cabia a censura, mas as fotos foram marcadas pelo distinto
bando que ocupavam os fotógrafos na luta.
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fotografia que mantém o compromisso com a realidade, só que num sentido
mais amplo que o fotojornalismo, pois não está sujeito, unicamente, à
imagem impressa, nem tampouco aos critérios de actualidade e
imediatismo. Costumam ser trabalhos com amplas margens de tempo e
reflexão, tratando de temas estruturais (pobreza, desastres naturais, água,
etc.) em lugar de ater-se a dadas diretrizes de uma publicação e estarem
marcados por valores da junta informativa.
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Por exemplo, as fotografias em branco e preto podem obliterar parte da
morbidade de uma cena violenta, ao mesmo tempo em que lhe dá
dramatismo e oferecem, ao menos na aparência, maior seriedade. Uma
fotografia colorida, entretanto, aproxima-se mais da realidade. O controlo
último sobre o aspecto da fotografia recai no editor gráfico, que deve
definir a forma, tamanho e proporções adequadas para cada imagem
específica. Não é a mesma coisa o projeto de um cartaz para um painel
publicitário, no qual se pode usar, sem problemas, uma fotografia de
grande tamanho para produzir impacto nos espectadores, que uma página
da Internet, em que uma fotografia de tamanho e qualidade excessiva pode
aumentar muito o tempo para abrir a página.
AS FOTO-NOTÍCIAS E AS FOTO-LEGENDAS DE
FOTOGRAFIAS
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A foto-legenda, que também pode designar-se foto notícia, é um
género jornalístico que tem conhecido crescente aceitação nos
jornais e revistas. Como o seu próprio nome indica, consiste na
união entre uma fotografia e um texto. Este funciona como uma
espécie de legenda para a fotografia, mas foto e o texto
beneficiam de uma relação de complementaridade e
interdependência que a tornam uma unidade autónoma.
Frequentemente, na foto-legenda o texto conota a fotografia,
dando-lhe significados que ela não possuiria por si só. De facto, o
texto pode assumir várias funções numa foto-legenda:
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Por exemplo, uma foto de um técnico de um parque natural a
observar rastos de animais, integrada numa reportagem, mereceria
uma legenda do tipo "O biólogo José Manuel Pinto, do Parque
Natural da Serra da Estrela, observa rastos de lobos, durante uma
acção de captura para colocação de rádio-localizadores nos
animais".
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nem precisão, mas, simplesmente, ao respeito às coordenadas
simultâneas de espaço e tempo que definem uma fotografia e que
excluem que se acrescentem, suprimam ou desloquem os
elementos visuais que a compõem (Baeza, 2001).
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necessários para explicar uma notícia e os apresente da maneira
mais clara e simples possível. Ou seja: aquele que não se note.
Um bom desenho deve ser capaz de combinar o texto, as
fotografias, as ilustrações, os infográficos e qualquer outro
elemento informativo sem desmembrá-los e sem prescindir
daqueles cuja utilização seja oportuna.
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aparecimento da impressão em offset. O The New York Herald
Tribune, que, em 1963, aliou a paginação modular, mais
funcional, à elegância do design, terá sido um pioneiro dessa nova
filosofia, importada da Suíça. Escreve Canga Larequi (1994: 21),
citando Mario Garcia.
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comprimindo elementos soltos através de caixilhos para os
separar de outros artigos, etc.”;
2. Funcionalidade, que se atingiria “(...) fazendo com que cada
elemento na página cumpra coerentemente uma função
determinada dentro do conjunto e do jornal (...)” e usando apenas
os elementos essenciais.
INFOFOTO
A EDIÇÃO GRÁFICA
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Editar graficamente um jornal, ainda que dentro de determinadas
regras, é um acto criativo. Mesmo limitado por padrões
modernistas, o design pode ajudar o leitor a orientar-se no mundo
referencial e representacional que o jornal lhe propõe, ou seja,
pode dar ao leitor pistas para a construção pessoal de um mapa
mental do mundo. Haverá casos, porém, em que será útil
enveredar por modalidades pós-modernas e experimentais de
design: a desordem gráfica planeada, em certos casos, poderá ser
mais representativa do que a ordem tranquila, mas forçada do
design moderno, marcado pelo seu carácter helvético. Editar
graficamente um jornal ou uma revista significa, em síntese,
valorizar os seus conteúdos e hierarquizá-los e ordena-los
visualmente em função dessa valorização, mercê da utilização dos
recursos tipográficos e gráficos que conformam a morfologia
desse jornal ou dessa revista. El Mir (1995 a: 654) chama a
atenção para que não é tarefa fácil paginar um jornal “(...)
mantendo uma determinada família de composição de texto, com
um corpo e fonte (...) de máxima legibilidade devido à
simplicidade das linhas, modificar determinados elementos como
as "orelhas", os "ladilhos" ou os títulos, matizar a composição das
"entradas", buscar uma nova forma de apresentação das colunas
(...), variar a sequência e chamar a atenção do leitor (...)”
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editoriais nos Estados Unidos, também raramente mudam de
forma);
b) Páginas mono-temáticas, que por tratarem um único tema
permitem uma elaboração gráfica mais acurada;
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A EDIÇÃO GRÁFICA COM FOTOGRAFIAS
JORNALÍSTICAS
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as inserções publicitárias devem, tanto quanto possível, integrar-
se no todo.
Canga Larequi (1994: 172-174) estabelece sete critérios para a
apresentação da publicidade nos jornais:
1. Publicidade e conteúdos jornalísticos devem ser facilmente
diferenciáveis, embora se deva contar com os dois para diagramar
as páginas;
2. A disposição da publicidade não deve afectar os conteúdos
jornalísticos;
3. A cabeça das páginas deve reservar-se para a informação
jornalística;
4. Nas páginas pares, a publicidade deverá começar a ser colocada
à esquerda e ao correr da página, a partir de baixo, e nas ímpares
deverá começar a ser colocada à direita e ao correr da página,
também a partir de baixo;
5. Preferencialmente deve dispor-se a publicidade num bloco
rectangular a partir do pé da página, até atingir meia página (não é
aconselhável que a publicidade supere meia página, a não ser que
atinja três quartos de página ou uma página completa);
6. Deve-se evitar que os anúncios ocupem na totalidade ambos os
lados de uma página, enclausurando a informação jornalística no
meio; pelo menos um dos rectângulos laterais de publicidade não
deve subir até ao cimo da página;
7. A publicidade deve cruzar-se. Por exemplo, um bloco
publicitário não deve coincidir verticalmente, em número de
colunas, com uma informação jornalística, pois tal facto dará
lugar a uma sensação visual de continuidade.
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no seu todo. O design será, deste modo, uma peça determinante
na contiguidade estilística que permite a uma publicação adquirir
a coluna vertebral da sua identidade.
JORNALISMO INFOGRÁFICO
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FOTOJORNALISMO E CARTOONISMO
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ser beijado pelas vendedoras de peixe de um mercado popular
pode ser mais expressiva e reveladora do que "mil palavras" que
se escrevam sobre o assunto. Um cartoon inteligente pode lançar
uma visão irónica sobre esse mesmo acontecimento, explorando
comicamente o lado tantas vezes obscuro dos factos.
Fotojornalismo e cartoonismo podem também ter funções
pedagógicas - educar para as práticas conducentes à resolução dos
problemas que afectam a humanidade, educar para o debate
público democrático, educar para a abertura ao novo e ao
diferente, educar para a diversidade, educar para a auto-
aprendizagem... Podem ainda ter funções afectivas, emotivas,
sensíveis e integradoras - sensibilizar para a arte, sensibilizar para
a beleza das pessoas e das coisas, sensibilizar para o outro.
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fotografias jornalísticas como sendo aquelas que possuem "valor
jornalístico"1 e que são usadas para transmitir informação útil em
conjunto com o texto que lhes está associado.
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etc.). Essa geração, da qual fazem parte nomes quase míticos,
como Robert Capa, iria, posteriormente, salientar-se na cobertura
da Guerra Civil de Espanha e da Segunda Guerra Mundial.
O fluir histórico do fotojornalismo trouxe a actividade ao ponto
em que está hoje. A história aparenta ser, portanto, uma força
relevante na conformação dos conteúdos fotojornalísticos. Não
será, todavia, o único. Há que contar com a conjugação de outros
factores, como a acção pessoal dos fotógrafos e as condicionantes
sociais, ideológicas e culturais que se fazem sentir em cada
momento (Sousa, 1998). As inovações tecnológicas foram
provocando, por vezes conflituosamente, a necessidade de
readaptação constante dos fotojornalistas a novos modelos e
convenções, a novas rotinas produtivas, a novas tácticas e
estratégias profissionais de colheita, processamento, selecção,
edição e distribuição de foto-informação.
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fotodocumentalismo pode reduzir-se ao fotojornalismo, uma vez
que ambas as actividades usam, frequentemente, o mesmo suporte
de difusão (a imprensa) e têm a mesma intenção básica
(documentar a realidade, informar, usando fotografias).
OS GÉNEROS FOTOJORNALÍSTICOS
A generalidade dos manuais e livros sobre fotojornalismo (por
exemplo: Lester, 1991; Kobre, 1991; AP, 1990) insiste na
classificação segundo a tipologia dos eventos e não com base em
determinadas formas discursivas de abordagem dos assuntos,
conforme é comum nos géneros redactoriais.
Em consonância com essa tendência classificativa, poderíamos
distinguir os seguintes géneros fotojornalísticos principais:
notícias (que engloba os subgéneros das spot news e das notícias
em geral), features (são imagens fotográficas que encontram grande
parte do seu sentido em si mesmas, reduzindo o texto complementar às
informações básicas (quando aconteceu, onde aconteceu, etc), desporto,
retrato, ilustrações fotográficas e histórias em fotografias ou
picture stories (que engloba os subgéneros das foto-reportagens e
dos foto-ensaios).
OUTROS GÉNEROS
Vários outros géneros se podem inscrever entre os géneros
fotojornalísticos, em função da intenção com que a fotografia é
realizada. A fotografia de paisagens (campestres, florestais,
marítimas, urbanas e mistas) e as fotografias da vida selvagem são
alguns dos exemplos que se poderiam citar.
Por Domingos Januário Mateus, Jornalista e Mestre em Ciências da Comunicação
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O CARTOONISMO
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lhe ter chegado às mãos um conjunto de caricaturas políticas
começou a desenvolver um estilo realista próprio, no qual
satirizava com intenções políticas os líderes políticos e sindicais,
num contexto de sátira cenográfica.
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Cartoonista angolano, Sérgio Piçarra
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