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Introdução
Parte I – A Teoria
4 – O PROCESSO E OS MÉTODOS
5 – O PROGRAMA ARQUITETÔNICO
7- A GRAMÁTICA DA FORMA
Alem de criar novas instâncias com uma mesma linguagem, é possível explicar,
por meio da gramática da forma, por que determinadas soluções foram tomadas pelo
autor de uma linguagem. A gramática da forma é capaz de tornar inteligível o processo
de concepção da forma e elucida questões de tomada de decisão do projetista, o que
possibilita uma abordagem de ensino não subjetiva, pela analise de regras, e tornam-se
claros os processos de elaboração de uma linguagem projetual.
A gramática da forma não é empregada apenas para a análise de linguagens
preexistentes. Um professor pode pedir para o aluno criar em sala de aula uma
gramática pra solucionar um problema de projeto. Assim, o estudante poderá
compreender o processo de construção de solução projetual, segundo as regras que
elaborou. Por meio de uma abordagem de síntese, o aluno também pode criar
composições ou instancias que não seguem os métodos tradicionais de projeto, pois a
gramática possibilita a organização do raciocínio em relação ao processo de
manipulação das formas.
Portanto, essa ferramenta metodológica pode ser empregada de diferentes
formas em sala de aula, no computador, ou na geração de composições pela aplicação
manual das regras. A gramática da forma pode complementar o ensino tradicional de
projeto, segundo diferentes abordagens de ensino.
8 – O PROJETO AXIOMÁTICO
Em 1990, foi criado o projeto axiomático (Suh, 1990), e este capitulo discute a
aplicação desse método no processo de projeto em Arquitetura. O projeto arquitetônico
faz parte da família de processos de tomada de decisão e o método axiomático de Suh
demonstra possibilidades de aplicação efetiva nessa área. Entre os projetistas, o modelo
geral de tomada de decisão divide-se em: programa, projeto, avaliação e decisão,
construção e avaliação pós-ocupação.
Para diminuir a subjetividade na tomada de decisão, discute-se aqui a aplicação
do método axiomático como uma alternativa à sistematização da tomada de decisão em
projeto arquitetônico. Para isso, verifica-se a complexidade do ato projetivo, para
compreender a proposta da metodologia do projeto axiomático sob dois aspectos:
inserindo a metodologia, que não foi desenvolvida para o projeto arquitetônico no
contexto histórico das metodologias de projeto, e descrevendo suas principais
características e relevância para o projeto arquitetônico. Em seguida, implementa-se a
metodologia de projeto axiomático em uma nova prática projetual.
Os problemas de projeto arquitetônico geralmente são mal definidos, sem uma
formulação definitiva para as questões levantadas e com diferentes formulações do
mesmo problema, o que implica diferentes soluções, que por sua vez, não são
necessariamente corretas ou incorretas. O projeto pode ser genial, mas a explicação da
solução é geralmente pouco convincente, porque os arquitetos procuram soluções
únicas, com base em teorias e regras generalizáveis. O ato de projetar acumula
conhecimentos, e cada projeto se baseia no protótipo anterior para produzir novas
soluções. Se os projetistas não conseguir explicar como chegou à solução, torna-se
difícil a evolução da área de projeto. A intenção de utilizar metodologias de projeto
axiomático é demonstrar a sua vantagem na racionalização da informação.
A proposição básica da abordagem axiomática é a definição de um conjunto de
princípios que determinam a boa prática de projeto. Segundo a metodologia de projeto
axiomático, o projeto tem uma natureza hierárquica, isto é, as decisões são feitas pela
decomposição do problema, do nível mais genérico ao mais detalhado, semelhante à
organização dos padrões de Alexander, sendo essa hierarquização um dos principais
temas da abordagem axiomática.
O projeto tem quatro aspectos principais: a definição do problema, com a
enunciação coerente da questão; o processo criativo, que determina se a solução é
racional ou correta; e uma checagem final da adequação do produto de projeto às
necessidades originais (Suh 1990). A proposta da abordagem axiomática auxilia no
processo de projeto de Arquitetura quando o objetivo é representar de maneira
sistemática as informações geradas durante a tomada de decisão. Isso porque os
axiomas, que direcionam o processo analítico desenvolvido junto com o processo
criativo, visam à codificação e à transmissão do conhecimento empregado no processo.
O processo de projeto começa com o reconhecimento de uma necessidade do
cliente, feito com métodos e técnicas que incluem a avaliação pós-ocupação, a pesquisa
de mercado junto aos usuários, a consulta a especialistas envolvidas com o problema
etc. as informações auxiliam no reconhecimento do problema e são transformadas pelos
projetistas em requisitos funcionais RF que o projeto deve satisfazer, que são as
características e os limites aceitáveis que o projetista estipula para que o produto atenda
às necessidades do cliente. Na metodologia de projeto axiomático, elas são traduzidas
como conjunto mínimo de requisitos funcionais independentes que caracterizam o
objeto de projeto (Suh 1990).
No método axiomático, a informação é entendida como o conjunto de dados
(desenhos e memoriais descritivos) necessários para manufaturar o produto (construir
um edifício).
Nesta breve introdução à metodologia axiomática, podemos perceber o
direcionamento do processo de tomada de decisão, no qual o registro feito com as
matrizes e os diagramas de fluxo e junção de módulos permite ao projetista perceber
quando as funções e os parâmetros escolhidos são conflitantes e devem ser revistos
durante o processo de projeto.
O ensino publico brasileiro tem sido muito discutido em razão dos índices
insatisfatórios de desempenho dos alunos, da sua falta de qualidade e da constante
adequação às novas abordagens e metodologias educacionais.É necessária uma atuação
multidisciplinar para a melhoria da qualidade do ensino, mas há poucas propostas de
atuação qualificadas e, ainda em menor numero, as que observam a participação do
profissional de Arquitetura nesse processo, apesar dos estudos que demonstram a direta
relação entre a qualidade do espaço físico e o desempenho dos alunos, como
Kowaltowski, Graça e Petreche (2007), Taralli (2004) e Schneider (2002). Sabe-se que
o projeto de ambientes de aprendizado pode ter um impacto significativo na frequência
e no comportamento dos alunos.
Os avanços tecnológicos e as mudanças globais, sociais e econômicas
influenciam os trabalhos de Arquitetura e aumentam a complexidade e a exigência da
qualidade final dos edifícios, como os escolares, com decisões projetuais que confiram
conforto, funcionalidade e humanização do ambiente construído e soluções de
sustentabilidade (Kowaltowski et al., 2006). Assim, é indispensável à criação de
mecanismos de apoio ao processo de projeto em Arquitetura, para aprimorar as
atividades criativas do projetista visando à solução de problemas.
São analisadas as escolas publicas existentes, seu estado de conservação e sua
infraestrutura para abrigar os programas de ensino do Estado ou do Município. Essas
analises indicam a necessidade de novas escolas e as reformas e ampliações de prédios
escolares existentes. Pela demanda de vagas de alunos para cada ciclo de ensino,
calcula-se o tamanho de novos prédios escolares e indica-se o local ou as áreas de
construções novas. Essas decisões afetam as definições do programa de necessidades
para dar um suporte ao processo de projeto da nova escola.
Umas das criticas ao processo tradicional de projeto de novas escolas publicas é
a rigidez dos programas arquitetônicos e a falta de detalhamento de metas, objetivos,
desejos e desempenhos no inicio do processo criativo. Isso faz com que as escolas sejam
projetadas dentro de um padrão, o que implica pouca preocupação com as necessidades
especificas de cada comunidade. Desse modo, ao serem inauguradas, muitas escolas já
mostram deficiências espaciais que acabam sendo supridas através de adaptações de
espaços, e quase sempre tem problemas funcionais e de conforto ambiental. Cabe
avaliar a implicação social dessa questão, para que, aos poucos, se valorizem e
implantem processos mais ricos e completos para melhores ambientes de ensino.
O processo de projeto arquitetônico tem fases cíclicas de analise,
desenvolvimento de soluções ou síntese da forma, e avaliação. Diversos estudos
desenvolvidos visam melhorar a qualidade do ambiente construído e identificam
objetivos arquitetônicos como propiciar experiências espaciais e impacto estético;
adaptar-se ao contexto; propiciar espaços convidativos e confortáveis; atender às
necessidades e desenvolver projetos ambientalmente responsáveis. A melhoria do
processo de projeto contribui para a qualidade das edificações, pela produção de uma
arquitetura de alto desempenho, que mostra vantagens, pois atende as necessidades dos
usuários e do ambiento no entorno.
O processo de projeto escolar inclui uma atenção especial às experiências
espaciais do edifício em relação a influencia no aprendizado de seus alunos e aos
questionamentos sociais presentes e futuros.
A primeira recomendação é que os ambientes de aprendizado sejam associados
às metodologias de ensino e princípios pedagógicos, sendo flexíveis quanto ao uso dos
espaços e com maior variedade de configurações, pois a escola não se constitui apenas
de sala de aula, mas um espaço para estudos individuais e em grupo, laboratórios de
ciências e artes, salas de musica e teatro, sala de ginástica e espaços humanizados de
convívio e alimentação.
Os espaços escolares contribuem para o processo de aprendizagem segundo
princípios como: criação de ambientes estimulantes, lugares para ensino em grupo,
conexão entre espaços internos e externos, áreas publicas incorporadas ao espaço
escolar, segurança física e psicológica, variedade espacial, flexibilidade, riqueza de
recursos (equipamentos, infraestrutura, material didático, recursos humanos etc.),
ambientes ativos e passivos, espaços personalizados e espaços comunitários.
Para melhorar o processo de projeto e vencer obstáculos, recomenda-se valorizar
a fase do programa arquitetônico com discussão dos problemas e as possíveis soluções.
Recomenda-se a inclusão de dados técnicos (legislação, conforto ambiental, técnicas
construtiva preferidas etc.) e de aspectos conceituais, como projetos de referencia,
esquemas que relacionem as metodologias pedagógicas da escola com as possíveis
soluções espaciais, as avaliações pós-ocupação (APO) já realizadas, estudos de casos e
analises detalhados do local da futura construção. Os levantamentos preliminares podem
indicar outras pesquisas especificas, como, por exemplo, estudos de ruídos urbanos,
índices de alagamento ou enchentes, que configuram situações de risco a um novo
empreendimento escolar.
O usuário do edifício é o elemento ativo do contexto para estabelecer as
necessidades que a forma projetada deverá cumprir na fase do programa. Identificam-se
as características físicas, psicológicas e culturais do usuário, as suas atividades no
espaço a ser projetado e os seus valores. As técnicas de programação arquitetônica dão
especial atenção ao tratamento dado aos clientes e usuários do projeto e incluem
levantamentos de informações através de entrevistas, questionários e dinâmicas de
grupo.
Também é importante conhecer o método axiomático de Suh (1990). Esse
método pode direcionar o processo de tomada de decisão a partir do reconhecimento do
problema, realizado através do mapeamento entre os requisitos funcionais (pertencentes
ao domínio funcional) e os parâmetros do projeto (domínio físico). A documentação do
processo de decisão, exigida pelo método axiomático, dá transparência ao processo de
projeto e permite o registro da informação, evitando conflitos e insatisfações entre os
usuários do produto final.
A retroalimentação das informações é um fator que afeta positivamente a
qualidade do projeto. Ela é realizada através de ferramentas que avaliam tanto o
ambiente construído e sua utilização (APO), como o próprio projeto. Em alguns casos, o
objetivo das avaliações é alimentar um novo processo de projeto, com a identificação
dos requisitos de projeto e desejos de usuários e cliente, com atenção para evitar a
recorrência a erros de projetos e obras anteriores.
Por fim, o processo de projeto deve incluir uma fase de avaliação em uso já
consolidado – os Estudos de Avaliação Pós-Ocupação (APO) - , com o objetivo de
retroalimentar projetos para diminuir a recorrência de erros. Para atingir os seus
objetivos, a APO deve incluir a apuração dos índices de satisfação e percepção dos
ocupantes, avaliações técnicas e observações dos empreendimentos, para estabelecer um
vinculo entre a percepção do usuário e a qualidade do projeto e da construção
(Kowaltowski et.al., 2006).
As após devem ser feitas com base em dados técnicos e pensadas a partir dos
objetivos de programas e políticas e da satisfação dos usuários. Os aspectos avaliados
em após dependem dos objetivos da avaliação, que podem ser: resolver problemas Pós-
Ocupação; ajustes finos; avaliar pontos específicos de desempenho; avaliar
necessidades futuras construtivas do empreendimento; acumular critérios para projetos
futuros, estudo de caso; acumular informações positivas e negativas; incentivar
mudança de normas, normas novas; lista de recomendações; melhorar o processo
construtivo; criar novos programas de apoio (políticas publicas).
Embora a APO seja de grande valia para a retroalimentação no processo de
projeto, suas pesquisas concentram-se principalmente nas falhas do ambiente, físico, em
razão da maior familiaridade para lidar com fatores objetivos do que a complexidade de
avaliação do comportamento humano. Várias pesquisas (Kowaltowski et al., 2006;
Gann; Salter; White, 2003) mostram as dificuldade em aplicar resultados de após no
processo criativo.
Recomenda-se mudanças e melhorias no projeto de escolas, pelas diferenças
entre o processo de projeto de referencia e o tradicional, com intervenções sem grandes
conflitos ou modificações no processo. Para tanto criou-se o esquema de processo de
projeto chamado enriquecido, que inclui a participação de vários agentes no processo de
projeto, o que pode gerar reflexão e interesse dos usuários e configurar um primeiro
passo para futuras inovações e melhorias em determinadas fases do projeto. Essas
conexões entre agentes do projeto e usuários são indispensáveis durante a construção do
programa arquitetônico e antes da ocupação do edifício.
O processo de projeto enriquecido introduz a APO de maneira formal, com o
levantamento dos níveis de satisfação dos usuários, observações e a aplicação de
medições técnicas, pois o envolvimento dos usuários permite sua integração no
ambiente, e é essencial para o reconhecimento dos problemas de conforto ambiental,
com a possibilidade de ajustes futuros. Outro aspecto do processo enriquecido é a
inclusão da avaliação com ferramentas que não acarretem grandes custos para a sua
confecção e aplicação.
Os esquemas dos processos de projeto foram criados com o objetivo de
compará-los e identificar oportunidades de melhorar a qualidade da Arquitetura escolar
pública, com base no caso das escolas estaduais de São Paulo. O processo de projeto
enriquecido levou em conta a realidade da prática local de projeto, e pode ter
implantação gradativa. Nas situações de risco, recomenda-se atenção às interferências
projetuais. Os momentos de avaliação e participação permitem maior interação da
comunidade escolar com o ambiente físico. Para que o novo processo se concretize, é
importante realizar os estudos voltados ao retorno do arquiteto sobre as problemáticas
que ele enfrenta na pratica de projeto, e estudos voltados ás ferramentas de avaliação de
projetos escolares. Finalmente, alem de discutir o conteúdo mais importante e
apropriado do processo de projeto de escolas, é essencial refletir sobre a qualidade da
Arquitetura escolar para responder as demandas educacionais da sociedade brasileira. A
equipe de planejamento e projeto representa os vários agentes envolvidos na boa
condução de ensino no bairro ou cidade e deve almejar as metas essenciais do ambiente
escolar: eficiência energética, sustentabilidade, conforto, segurança e saúde dos
usuários.
Este capitulo faz uma revisão sobre Bulding Information Modeling (BIM) –
Modelagem da Informação da Construção – e situa-se o dentro do contexto do processo
de projeto arquitetônico digital. Para tanto, inicia com a caracterização do BIM e,
apresenta a sua evolução, situando-o no atual cenário do processo de projeto
arquitetônico. Define e apresenta as duas principais tecnologias que o suportam: a
modelagem paramétrica e a interoperabilidade. Para finalizar, posiciona o BIM no
contexto do processo de projeto arquitetônico digital, associa-o ao conceito de projeto
integrado e indica as principais mudanças nos processos de projeto arquitetônico com
uma pratica baseada no BIM.
Princípios como coordenação, colaboração e interoperabilidade são a base para o
Bulding Information Modeling (BIM), termo utilizado aqui. Compreender o BIM como
ferramenta significa associá-lo a um processo de instrumentação dos profissionais da
AECO, ou seja, como aplicativos computacionais para a produção e documentação do
projeto do edifício. Sob um enfoque mais tecnológico, o BIM pode ser considerado uma
tecnologia para o desenvolvimento e uso da informação do projeto do edifício.
Sob um enfoque mais tecnológico, o BIM pode ser considerado uma tecnologia
para o desenvolvimento e uso da informação do projeto do edifício (baseado num
modelo de banco de dados), visando à documentação do projeto, simulação da
construção e operação do edifício. Um enfoque mais comum é considerar o BIM como
um processo de projeto (ou atividade humana, ou conjunto de sistemas, ou metodologia)
fundamentado num gerenciamento das informações do edifício, por meio de um modelo
digital, visando à colaboração, coordenação, integração, simulação e otimização do
projeto, alem da construção e operação do edifício durante o seu ciclo de vida.
O BIM implica mudanças no processo de projeto, construção e acompanhamento
do ciclo de vida do edifício, com novos processos de projeto, baseados na coordenação,
na interoperabilidade, no compartilhamento e no reuso das informações. No campo do
projeto, implica redistribuir os esforços da atividade dos projetistas, com maior ênfase
na etapa de concepção do produto, e mudar a estrutura da ação projetual, com
redefinição das estratégias de investigação, das técnicas e dos procedimentos de
avaliação. Para isso, é necessário que o modelo de edifício seja virtual, holístico e
acessível a todos.
O BIM, segundo Eastman et al. (2008), fundamenta-se e, duas tecnologias:
modelagem paramétrica e interoperabilidade.