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METODOLOGIAS PARA

APRENDIZAGEM ATIVA

Ingrid Gayer Pessi


Design thinking
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

„„ Definir os elementos norteadores da metodologia do design thinking


para a educação.
„„ Descrever a aplicação do design thinking, bem como os diferentes
recursos que podem ser utilizados.
„„ Reconhecer a relevância da metodologia para a educação criativa.

Introdução
O design thinking é uma estratégia que visa o trabalho colaborativo,
proporcionando uma vivência criativa e inovadora. Quando utilizada no
contexto educacional, possibilita colocar o aluno no centro do processo
de aprendizagem, levando-o a buscar soluções em um determinado
contexto, fazendo uso da razão e da criatividade, até em curto prazo
de tempo.
Neste capítulo, você irá estudar sobre os conceitos e as principais
características do design thinking, definindo os elementos norteadores
desta metodologia, assim como irá compreender as fases de aplicação
e a importância dos insights para abordar os problemas ao longo do
processo. Você também irá refletir sobre a relevância do design thinking
como metodologia para a educação criativa, que pode ser uma forma
de pensar e resolver diferentes problemas no contexto escolar.

Conjunto de ideias relacionadas


A metodologia denominada design thinking (Figura 1) é um processo de pen-
samento que existe, em essência, desde os mais antigos empreendimentos
humanos. A metodologia não deve ser compreendida como algo estritamente
voltado à atividade de designers, uma vez que pesquisadores, arquitetos,
artistas e cientistas empregavam o mesmo processo para atingir objetivos
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específicos e solucionar os mais diversos problemas humanos antes mesmo


destes profissionais existirem. O que poderíamos traduzir como pensamento
do design ou pensamento por design está presente desde a construção de um
aqueduto capaz de levar água potável para uma comunidade, até a criação de
uma pequena lâmpada de vidro que, por meio de condutores elétricos, possa
iluminar ambientes durante os mais diversos períodos do dia ou da noite. O
design thinking está presente, ainda, na estruturação de uma pequena caixinha
repleta de condutores, baterias e sensores, que permite que o indivíduo se
conecte a outros, não importando a distância que os separa.
A metodologia do design thinking é antiga, mas como observam Cavalcanti
e Filatro (2017), ela adquire relevância e passa a se estruturar de maneira clara
a partir dos anos 1950, quando o design inicia seu processo de interferência na
criação de bens de consumo, compartilhamento de informações e, inclusive,
de construção de identidades. Contudo, como ressaltam as autoras, é somente
nos anos 2000 que o conceito e a abordagem do design thinking se estendem
para os mais diversos campos de atuação, como o da educação, recebendo,
assim, maior atenção de educadores, empresários e estudiosos.
Como defendem Brown e Katz (2011), esta metodologia adquire clara
estruturação em suas etapas a partir do momento em que se retira o processo
de pensamento do designer de dentro de estúdios ou escritórios de criação,
possibilitando a apropriação e a compressão de suas características específicas,
demonstrando ao educador a relevância da criatividade, da interdisciplinaridade,
do estabelecimento de interconexões de conhecimentos e, principalmente, do
trabalho em grupo para a resolução de problemas. Por meio desta metodologia,
o educador perceberá a organicidade do processo de pensamento, bem como
sua abertura para que os educandos busquem respostas por si, exercitando não
somente o conteúdo de uma disciplina específica, mas interligando os mais
diversos saberes para encontrar respostas e caminhos para atingir um dado
objetivo.
Neste sentido, poderíamos compreender o conceito de design thinking como
delineado por Brown (2008), que o define como uma metodologia baseada na
liberdade, oferecida aos educandos para que, ao trabalharem em grupo, sejam
capazes de explorar suas sensibilidades, habilidades e conhecimentos, empre-
gando o processo de pensamento de designers para a solução de problemas
elaborados pelo educador e, portanto, vindo a criar soluções para estes, além
de atingir os objetivos específicos do projeto criado pelo professor responsável
pela disciplina.
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Figura 1. O design thinking é uma metodologia inovadora, que visa a busca de soluções cria-
tivas para um problema, ao mesmo tempo em que oferece maior liberdade de pensamento.
Fonte: Kirasolly/Shutterstock.com.

O design thinking pode ser usado por todos os envolvidos com o processo educacional,
como:
„„ gestores escolares: nas reuniões pedagógicas ou na formação continuada dos
professores, tornando esses momentos mais ricos, de forma que possam refletir
sobre esta metodologia e utilizá-la em sala de aula.
„„ professores: desde o planejamento até o momento de suas aulas, o professor
pode utilizar do design thinking, desenvolvendo competências como a capacidade
argumentativa e o trabalho em equipe.
„„ alunos: além de vivenciarem a metodologia em sala de aula com seus professores,
os alunos podem se beneficiar desta para aprender uma nova forma de estudar
ou resolverem problemas do seu cotidiano.

O design thinking na prática pedagógica


Antes de se comprometer com a implementação da metodologia design thinking
em sala de aula, o educador deve identificar algumas características e alguns
motivadores específicos no projeto que pretende implantar. Da mesma ma-
neira, deve ter em mente as principais fases deste processo de pensamento a
fim de permitir que cada atividade (ou o projeto como um todo) contemple
cada etapa, possibilitando melhores resultados e a verdadeira construção e o
compartilhamento de conhecimentos por parte dos educandos.
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Segundo Brown e Wyaat (2010), o primeiro quesito a ser contemplado


pelo educador antes de iniciar o planejamento das atividades é sua viabilidade.
Busca-se analisar se o projeto educativo encontrará possibilidade de ser im-
plementado em sala de aula, observando elementos como os conhecimentos
envolvidos, o tempo gasto para o desenvolvimento das atividades e a relação
do projeto com o conteúdo programático. Em seguida, deve-se considerar sua
praticabilidade, avaliando os direcionamentos do projeto, como este funcionará
em sala de aula, quais ajustes ou apontamentos o professor poderá realizar uma
vez que o projeto esteja em curso e, por fim, o quesito mais sutil está ligado à
importância do projeto. Aqui, o educador deve se ater à relevância e à vontade
de planejar as atividades para a implantação da metodologia do design thinking
em sala de aula.
Uma vez compreendidos os quesitos anteriores à criação do projeto educa-
cional baseado no design thinking, é importante compreender as fases que serão
vivenciadas pelos educandos ao longo de seu processo de aprendizagem, no
qual estarão imersos na busca por solucionar um problema dado pelo professor
responsável pelo projeto. De acordo com Brown e Katz (2011), o processo de
pensamento iniciado com a implementação da metodologia design thinking se
caracteriza por três fases, descritas a seguir.

„„ Inspiração: fase em que o aluno recebe o problema a ser resolvido ou


o objetivo que seu grupo deve atingir com o desenvolvimento das ativi-
dades, liberando-os para observar, analisar e compreender o problema
por meio das mais diversas perspectivas e saberes. Neste momento,
observam-se as primeiras ideias, os debates e a busca por soluções,
tratando-se de uma fase de experimentos, descobertas e discussões sobre
as melhores formas de se atingir os objetivos esperados.
„„ Ideação: fase do processo de pensamento em que os alunos devem
elaborar, refinar e definir sua abordagem, apresentando sua solução para
o problema proposto. Espera-se que, ao longo da fase de ideação, os
alunos sejam capazes de interligar conhecimentos, ideias e pensamentos
levantados durante a fase de inspiração, construindo um único plano,
esquema ou abordagem para o problema em questão. Nesta fase também
se consolidam os protótipos de cada grupo, estes, compreendidos como
o produto resultante de todas as atividades realizadas até o momento.
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Contudo, deve-se ter em mente que o protótipo não precisa se apresentar


como um objeto específico e definido (uma maquete, um instrumento
ou um utensílio), podendo adquirir diferentes formatos como quadros,
cartazes, esquemas ou quaisquer outros produtos resultantes da abor-
dagem estabelecida pelos alunos envolvidos.
„„ Implementação: trata-se da fase em que os alunos irão testar suas
ideias e seus produtos finais, implementando efetivamente seu trabalho
no contexto do problema proposto pelo professor, observando, ainda,
se ele foi capaz de solucioná-lo. Embora adquira aparência de término
do processo de criação, o professor deve lembrar e instigar os alunos
a analisar seus protótipos e abordagens, levando-os a compreender
suas falhas e seus aspectos positivos, além de elementos que precisam
de aperfeiçoamento. Deve-se avaliar se a ideia, o esquema, o produto
ou a abordagem foi capaz de atingir o objetivo final ou solucionar o
problema proposto. Deve-se, ainda, ressaltar que as possíveis falhas
no projeto confeccionado pelos alunos são oportunidades de melhorar,
de rever os caminhos trilhados até o momento e entender o que está
errado, demonstrando a possibilidade de retornar às fases anteriores
para aperfeiçoar suas ideias e testá-las novamente.

Considerando as fases anteriores, características da metodologia design


thinking, percebemos que sua implementação ao longo do processo de apren-
dizagem não se atém a um caminho linear, mas sim a um percurso cíclico no
qual educandos e educadores encontram oportunidades de retornar às etapas
anteriores, a fim de reverem conceitos, aperfeiçoarem ideias e construírem
novos conhecimentos, conforme demonstra a Figura 2. Por proporcionar esse
retorno às fases iniciais, estendendo ao educando meios de modificar suas
ideias, percebendo suas falhas e pontos a serem aprimorados, retira-se a pres-
são exercida pelo erro. Uma vez que o educando compreende a existência de
abertura para reparar os erros de seu projeto, eliminam-se também possíveis
inibidores de seu processo de aprendizagem, levando os alunos a tentarem e a
explorarem caminhos de maneira mais livre e criativa.
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Figura 2. Ciclo proporcionado pela metodologia design thinking.


Fonte: Adaptada de Brown (2019, documento on-line).

Levando em consideração as características do processo de pensamento


proporcionado pelo design thinking no contexto educacional, é importante
destacar alguns aspectos a serem observados pelo educador ao planejar um
projeto, assim como ao longo de todo o desenvolvimento das atividades por
parte dos educandos. Como defendido por Brown e Katz (2011), as fases
de inspiração e ideação não devem se limitar ao recolhimento e à análise de
dados, mas devem instigar o educando a observar o problema por diferentes
perspectivas, compartilhando conhecimento com o grupo para que juntos
debatam ideias e venham a compreender as características do problema e os
possíveis caminhos para sua solução.
O educador pode optar pela formação de grupos heterogêneos, propiciando
maior riqueza de debates nos estágios iniciais das atividades, bem como dar
oportunidade para que os educandos confrontem ideias, saberes e visões,
garantindo que exercitem suas habilidades de trabalho em conjunto e busquem
sanar as dificuldades de cada membro do grupo ao longo d o processo. Por se
tratar de uma metodologia que preza pela interdisciplinaridade, pela formação
de grupos e pelo exercício da criatividade, o educador deve se manter alerta
para possíveis conflitos nas fases iniciais das atividades. Ao confrontarem
culturas, perspectivas, saberes e abordagens, podem surgir atritos entre os
membros dos grupos. Portanto, o professor deve se mostrar presente para
possíveis interferências ou para resgatar o foco do grupo para o problema que
deve ser solucionado.
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Educadores e educandos devem compreender que o processo se enriquece


sempre que os membros do grupo compartilham novos conhecimentos, novas
perspectivas ou culturas e se demonstram capazes de relacioná-las à compreen-
são do problema proposto, visando conhecê-lo por seus mais diversos aspectos
e suas características. Ao permitir que os alunos busquem e confrontem dados,
abordagens e saberes, amplia-se as aberturas para o surgimento de novos
insights acerca do tema trabalhado, o que enriquece o processo como um todo.
Em relação à etapa de confecção ou à formulação do protótipo, é recomen-
dável que o educador reflita sobre os possíveis produtos resultantes do problema
proposto em sala de aula, prevendo, assim, possíveis necessidades de materiais,
tempo ou espaços específicos. Caso o problema ou o objetivo a ser atingido
se baseie em conceituações, desafios ou disciplinas teóricas, os educandos
podem elaborar seus protótipos em forma de cartazes, esquemas, quadros ou
apresentações em que exemplifiquem suas ideias e caminhos escolhidos para
chegar a uma solução. Quando se voltar para uma temática ou um assunto de
cunho prático, é possível solicitar aos alunos que construam maquetes ou outros
objetos capazes de exemplificar suas estratégias para solucionar o problema.
Porém, como Brown e Katz (2011) mencionam, a elaboração do protótipo não
deve se apresentar como o objetivo final das atividades realizadas em sala de
aula, não consumindo demasiado tempo e energia do educando e do educador
e não exigindo que este possua aspecto acabado. O intuito da criação de pro-
tótipos é facilitar a visualização da ideia consolidada pelos grupos por parte
de educandos e educadores, resultando em novas discussões e compreensões
acerca dos aprimoramentos a serem efetivados em cada produto final.

Os princípios básicos do design thinking são empatia, colaboração, criatividade e


otimismo. É importante que, ao planejar o uso desta metodologia no contexto escolar,
o professor deixe explícita a forma como esses princípios serão vivenciados pelos
alunos, a fim de garantir uma experiência significativa a eles.
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Do planejamento à implementação
Com o intuito de delinear de forma clara as etapas e as estratégias necessárias
para o planejamento, desenvolvimento e implementação de projetos baseados na
metodologia design thinking, Martins Filho, Gerge e Fialho (2015) determinam
a observação de cinco passos, que estão listados a seguir.

„„ Descoberta: destina-se a observação, análise e coleta de dados por


parte do educador. Nesta etapa, espera-se que o professor responsável
pela disciplina pesquise temáticas, assuntos e informações relacionados
ao conteúdo, facilitando o surgimento de ideias para a consolidação
de projetos embasados no design thinking. Uma vez listadas as ideias
obtidas pelo educador, este deve revisar, definir e refinar seu plano de
aula com base nas oportunidades de inserção da metodologia ao longo
de atividades ou problemas específicos, levando sempre em consideração
os objetivos específicos da disciplina, o grupo de alunos com quem
irá trabalhar, bem como os estímulos, conhecimentos e dados a serem
oferecidos para os alunos de modo a garantir que possuam material
inicial para elaborarem suas próprias ideias.
„„ Interpretação: momento em que o educador apresenta o problema
escolhido em sala de aula, após planejar todas as atividades referentes
à disciplina ofertada, dividindo a turma em grupos para que, juntos,
iniciem sua própria jornada para entender todas as histórias, saberes
e informações disponíveis, visando observar o problema por diversas
perspectivas e compreendê-lo em seu contexto, suas peculiaridades e
seus aspectos gerais, além de elaborarem as primeiras abordagens e
ideias para solucioná-lo. A fase de interpretação condiz com as etapas
de inspiração e ideação, portanto, o educador deve se manter atento a
possíveis conflitos entre os membros de cada grupo, bem como para
possíveis momentos de distanciamento do foco dos alunos no problema
proposto.
„„ Brainstorming: nesta fase, o educador deve reunir os grupos e direcioná-
-los para uma mudança de foco nas atividades. Após discutirem sobre as
ideias que surgiram ao longo da fase de inspiração, os educandos devem
debater sobre como e quais abordagens serão interligadas, alteradas
ou deixadas de lado, partindo para a estruturação de suas soluções. Os
debates promovidos neste passo devem permitir que todos os membros
do grupo expressem suas ideias e compreendam características e detalhes
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que não condizem com a estruturação de uma abordagem única, destinada


a solucionar o problema dado.
„„ Prototipação: também denominada experimentação, trata-se do passo em
que os educandos devem modelar suas ideias de maneira física, visual,
estrutural ou de qualquer outra forma como possam ser apresentadas e
explicadas aos colegas. Neste momento, os protótipos criados também
serão testados ou postos em prática. Espera-se que os alunos construam
seus próprios produtos, podendo ser estes cartazes, fórmulas, gráficos,
teorias ou maquetes, levando sempre em conta tudo o que discutiram
até o momento, assim como a capacidade do produto em solucionar o
problema proposto.
„„ Evolução: ao longo deste último passo do processo metodológico, os
educandos, juntamente ao educador, devem observar os produtos finais,
suas capacidades de solucionar o problema proposto e, na mesma medida,
salientar possibilidades de modificações e aperfeiçoamentos no protótipo.
Espera-se que as atividades e os debates finais não se atenham somente
aos elementos passíveis de alteração, mas que possibilitem aos educandos
retornar aos processos anteriores e reformular suas ideias e seus produtos
finais, adequando-os ao problema proposto e, consequentemente, vindo
a construir o conhecimento de maneira integrada e cooperativa.

Com o intuito de auxiliar a implementação do design thinking em sala de


aula, bem como oferecer apoio aos educadores imersos no processo de planeja-
mento de atividades e projetos baseados em seus preceitos, Cavalcanti e Filatro
(2017) destacam que o educador responsável ou os membros de cada grupo
podem nomear um líder. Caso haja necessidade de escolha de um líder, este
será responsável pelo gerenciamento das atividades, da possível delegação de
papéis e afazeres para cada membro, da retomada do foco das discussões e do
controle do tempo gasto em cada etapa. É possível dar início às atividades sem
nomear líderes em turmas em que as habilidades para se trabalhar em equipe
estão mais desenvolvidas ou em turmas mais tranquilas e acostumadas a lidar
com a metodologia. No fim, este é um aspecto a ser analisado pelo educador
responsável pela atividade proposta.
Alguns dos benefícios que o design thinking pode oferecer aos processos
educativos são:

„„ liderança;
„„ engajamento;
„„ trabalho em equipe;
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„„ melhora da comunicação;
„„ autoconfiança;
„„ colaboração;
„„ tomada de decisões;
„„ criatividade;
„„ reflexão.

Para entender a aplicação do design thinking na prática, veja o exemplo abaixo desta
metodologia em curto prazo, retirado do livro A sala de aula inovadora: estratégias
pedagógicas para fomentar o aprendizado ativo, de Camargo e Daros (2018).

Sequência didática
1. Distribuir canetas e lápis de diversas cores para os alunos. Recomenda-se ao faci-
litador o uso de projetor multimídia com som para exibir o cronômetro que deve
ficar visível para todos na sala de aula.
2. O facilitador deve fazer uma breve exposição acerca do design thinking. Tempo de
duração: entre cinco e oito minutos.
3. O facilitador deve solicitar aos alunos a formação de equipes. O número de equipes
deve ser par, com no mínimo três e no máximo cinco alunos. Cada equipe deve
indicar/sugerir um líder e um escriba.
4. O facilitador deve solicitar ou distribuir aos alunos a experiência (missão) que a
equipe irá procurar redesenhar, registrando-a no formulário.
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5. Cada grupo deve entrevistar o outro para assim fazer a sondagem empática. Por
exemplo, o grupo A entrevista o grupo B, o grupo C entrevista o grupo D, e assim
sucessivamente. Tempo de duração: seis minutos. O escriba deve anotar todas
informações relatadas na entrevista.

6. Inverter a ordem de entrevistas. Agora, o grupo B entrevista o grupo A, o grupo


D entrevista o grupo C, e assim sucessivamente. Tempo de duração: seis minutos.
7. O que os usuários querem. Registrar e anotar os achados obtidos na entrevista.
Tempo de duração: seis minutos.
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8. Listar as principais necessidades apontadas. Tempo de duração: seis minutos.

9. Descrever o usuário, a necessidade a ser atendida e, por fim, definir o problema.


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10. Criar quatro alternativas inovadoras para se testar. Tempo de duração: 10 minutos.

11. Cada líder de grupo deve compartilhar as soluções e fazer anotações dos feedbacks
pertinentes para as possíveis melhorias na solução/produto. Tempo de duração:
um minuto e 20 segundos por apresentação. A apresentação pode ser a venda do
produto ou da solução ou, ainda, a narração de uma história.

12. Assim, o grupo A, compartilha com o grupo C; o grupo B, compartilha com o grupo D, e
assim sucessivamente. Tempo de duração: um minuto e 20 segundos por apresentação.
13. Inverter a ordem. Agora, o grupo C compartilha com o grupo A, o grupo D, com-
partilha com o grupo B, e assim sucessivamente. Tempo de duração: um minuto
e 20 segundos por apresentação.
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14. Os membros dos grupos se voltam para fazer anotações e dar o feedback por escrito
para o outro grupo. Devem relatar o que acreditam que funciona no protótipo
apresentado, o que poderia ser melhorado, sugerir ideias e questionamentos
para melhorias. Por fim, se acharem pertinente, podem apontar outras sugestões.
Tempo de duração: cinco minutos.

15. Encerramento. No encerramento da estratégia, o facilitador deve explicar/relatar


as etapas do design thinking, realizadas em um curto espaço de tempo. A atividade
foi iniciada com o processo de empatia (entrevista), em seguida foi feita a definição
e a ideação do problema. Posteriormente, construiu-se o protótipo e, por fim, foi
realizado o teste e a validação com a matriz de feedback.
16. Considerações. A aplicação desta estratégia leva o aluno a vivenciar todo o pro-
cesso de divergência e convergência, presente no diagrama do diamante duplo.
O diamante duplo é composto por quatro etapas: descobrir, definir, desenvolver
e entregar.
Revisão de viabilidade Revisão de conceito

Brief

Descobrir Definir Desenvolver Entregar


Fonte: Adaptada de Boschi (2012)
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Link

Para conhecer um pouco mais sobre a aplicação do design thinking no contexto


educacional, leia o artigo “A contribuição do design thinking na educação”, que discute
como essa metodologia vem sendo trabalhada e como pode ser uma importante
abordagem no processo de aprendizagem.

https://qrgo.page.link/UAvN9

Uma metodologia para a educação criativa


Quando inserida de maneira crítica e estruturada no contexto educacional, a
metodologia design thinking pode gerar experiências de aprendizado frutíferas
e exercícios de conhecimento para os educandos, uma vez que possibilita a
troca de ideias, perspectivas e saberes entre os membros de cada grupo e,
consequentemente, da sala como um todo. A metodologia facilita a criação
de atividades e processos de pensamento interdisciplinar ao oportunizar a
exploração de novos caminhos, a inter-relação de saberes, o debate acerca
dos mais diversos temas e a compreensão do problema por meio de suas mais
diferentes facetas. Como os problemas escolhidos podem remeter a uma vasta
gama de elementos, os alunos, assim como os designers, são capazes de buscar
inspiração, caminhos ou conhecimentos de novas fontes, possibilitando um
maior protagonismo em seu percurso educacional.
A oportunidade de defender suas ideias e formular protótipos para a solução
de problemas específicos oferece aos educandos a possibilidade de comparti-
lharem entre si novas perspectivas, permitindo que o grupo interaja de modo
a aperfeiçoá-las. Sem se restringir à análise do conhecimento empregado para
chegar a uma solução, os alunos, juntamente ao professor, tornam-se capazes
de perceber e reconhecer o processo de origem.
Por fim, o aluno deve busca soluções após a efetivação de suas ideias,
consolidando seu protagonismo ao longo do processo de aprendizagem, bem
como a construção de seus próprios caminhos para atingir determinado objetivo.
Como observam Martins Filho, Gerge e Fialho (2015), solucionar problemas
de forma colaborativa, contextualizada e interdisciplinar permite que os educan-
dos explorem suas competências e habilidades por meio de novas abordagens
e de maneira aprofundada. Do mesmo modo, observa-se na implementação do
processo metodológico do design thinking um alto nível de atuação por parte
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dos alunos, possibilitando ao educador considerar e analisar todos os materiais


produzidos pelos educandos ao longo do processo de aprendizagem. Assim,
garante-se que unidos em novos grupos ou juntamente ao educador, os alunos
repensem, reconstruam e assimilem o todo produzido sob as mais diversas
perspectivas, em diferentes contextos e no domínio de outras disciplinas.

O design thinking também faz uso de desenhos e de elementos gráficos com o ob-
jetivo de organizar as ideias e buscar soluções de maneira prática. Neste caso, o uso
desses elementos se torna uma importante ferramenta funcional na organização e
na transmissão de ideias.

Fonte: graphixmania/Shutterstock.com.
Design thinking 17

BOSCHI, M. T. O design thinking como abordagem para gerar inovação: uma reflexão.
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CAMARGO, F.; DAROS, T. A sala de aula inovadora: estratégias pedagógicas para fomentar
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Leituras recomendadas
BACICH, L.; MORAN, J. (org.). Metodologias ativas para uma educação inovadora: uma
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GOMES, A. S.; SILVA, P. A. Design de experiências de aprendizagem: criatividade e inovação
para o planejamento das aulas. Recife: Pipa Comunicação, 2017.
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17 maio 2019.
VICKERY, A. Aprendizagem ativa nos anos iniciais do ensino fundamental. Porto Alegre:
Penso, 2016.

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