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UNIDADE 2 – Fernando Pessoa. Poesia lírica - heterónimos

FICHA DE AULA 7 EDUCAÇÃO LITERÁRIA UNIDADE 2 Fernando Pessoa: poesia lírica – heterónimos

NOME N.º TURMA DATA / /

A. Lê o poema de Alberto Caeiro.

XXII

Como quem num dia de Verão abre a porta de casa


E espreita para o calor dos campos com a cara toda,
Às vezes, de repente, bate-me a Natureza de chapa
Na cara dos meus sentidos,
5 E eu fico confuso, perturbado, querendo perceber
Não sei bem como nem o quê...

Mas quem me mandou a mim querer perceber?


Quem me disse que havia que perceber?

Quando o Verão me passa pela cara


10 A mão leve e quente da sua brisa,
Só tenho que sentir agrado porque é brisa
Ou que sentir desagrado porque é quente,
E de qualquer maneira que eu o sinta,
Assim, porque assim o sinto, é que é meu dever senti-lo...
Fernando Pessoa, Poesia de Alberto Caeiro, Fernando Cabral Martins (dir.),
Lisboa: Assírio & Alvim, 2014, p. 22.

1. Caracteriza a perceção que o sujeito poético tem da Natureza, a partir da leitura dos quatro primeiros versos do
poema.

2. E
x
p
li
c
it
a
a relevância das perguntas presentes na segunda estrofe.

3. In
di
ca dois valores expressivos da personificação presente nos versos 9 e 10.

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B. L
ê
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poema de Ricardo Reis.


Mestre, são plácidas 25 O tempo passa,
Todas as horas Não nos diz nada.
Que nós perdemos. Envelhecemos.
Se no perdê-las, Saibamos, quase
5 Qual numa jarra, Maliciosos,
Nós pomos flores. 30 Sentir-nos ir.

Não há tristezas Não vale a pena


Nem alegrias Fazer um gesto.
Na nossa vida. Não se resiste
10 Assim saibamos, Ao deus atroz
Sábios incautos, 35 Que os próprios filhos
Não a viver, Devora sempre.

Mas decorrê-la, Colhamos flores.


Tranquilos, plácidos, Molhemos leves
15 Tendo as crianças As nossas mãos
Por nossas mestras, 40 Nos rios calmos,
E os olhos cheios Para aprendermos
De Natureza... Calma também.

A beira-rio, Girassóis sempre


20 A beira-estrada, Fitando o Sol,
Conforme calha, 45 Da vida iremos
Sempre no mesmo Tranquilos, tendo
Leve descanso Nem o remorso
De estar vivendo. De ter vivido.

Fernando Pessoa, Odes de Ricardo Reis (Notas de João Gaspar Simões e Luiz de Montalvor),
Lisboa: Ática, 1946 (imp.1994), p. 13.

1. Caracteriza a atitude do sujeito poético face à vida e relaciona-a com o facto de o poeta valorizar os princípios
clássicos.

2. E
x
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li
cita em que medida este poema que inicia as odes de Ricardo Reis apresenta uma vertente didática.

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3.

Explicita o papel da Natureza no contexto da mensagem principal do poema.

C. L
ê
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poema de Álvaro de Campos.


Acordo de noite, muito de noite, no silêncio todo.
São – tictac visível – quatro horas de tardar o dia.
Abro a janela diretamente, no desespero da insónia.
E, de repente, humano,
5 O quadrado com cruz de uma janela iluminada!
Fraternidade na noite!

Fraternidade involuntária, incógnita, na noite!


Estamos ambos despertos e a humanidade é alheia.
Dorme. Nós temos luz.

10 Quem serás? Doente, moedeiro falso, insone simples como eu?


Não importa. A noite eterna, informe, infinita,
Só tem, neste lugar, a humanidade das nossas duas janelas,
O coração latente das nossas duas luzes,
Neste momento e lugar, ignorando-nos, somos toda a vida.
15 Sobre o parapeito da janela da traseira da casa,
Sentindo húmida da noite a madeira onde agarro,
Debruço-me para o infinito e, um pouco, para mim.

Nem galos gritando ainda no silêncio definitivo!


Que fazes, camarada, da janela com luz?
20 Sonho, falta de sono, vida?
Tom amarelo cheio da tua janela incógnita...
Tem graça: não tens luz elétrica.
Ó candeeiros de petróleo da minha infância perdida!

Fernando Pessoa, Álvaro de Campos – Livro de Versos (Edição crítica. Introdução, transcrição,
organização e notas de Teresa Rita Lopes.) Lisboa: Estampa, 1993, p. 153.

1. Caracteriza o sujeito poético a partir da leitura do poema.

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2. E
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c
a
o sentido do verso “O coração latente das nossas duas luzes” (v. 13).

3. I
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e
n
ti
fi
ca duas sensações presentes ao longo do poema.

4. E
x
p
li
c
a
a referência à infância presente no último verso do poema.

5. O

recurso expressivo presente na expressão “tictac visível” (v. 2) é a


(A) metáfora.
(B) personificação.
(C) metonímia.
(D) sinestesia.

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