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Correção das Fichas

FICHA DE AVALIAÇÃO FORMATIVA 1

GRUPO I

1. Nesta estrofe, o eu poético refere-se ao poder criador das palavras. Ao compará-las a «um cristal» (v. 1), que
se caracteriza pelo brilho, pela beleza e por ter vários lados, o sujeito poético evoca a capacidade das
palavras de terem vários sentidos (o valor polissémico das palavras) e de poderem ser interpretadas de
diferentes formas e salienta a sua beleza, pureza e inocência. A identificação com um punhal e com um
incêndio salienta o seu poder destruidor. A identificação com um orvalho sugere a frescura, a delicadeza e a
suavidade que nelas pode existir; pode igualmente evocar esperança (pela associação do orvalho à
madrugada).

2. A metáfora presente no verso 13 salienta o entrelaçamento de sentidos que pode existir nas palavras e o seu
poder criador (por serem («[t]ecidas […] de luz», as palavras «iluminam»). No entanto, também podem ser «a
noite», isto é, podem evocar escuridão, sofrimento, angústia,… O carácter antitético destas metáforas
(«luz»/«noite») contribui para realçar estas duas ideias e, portanto, a riqueza que caracteriza as palavras.

3. As interrogações retóricas finais constituem um apelo do eu poético a prestar atenção às palavras («Quem as
escuta?», v. 17) e a abrir as «suas conchas puras» (v. 20), isto é, a conhecê-las verdadeiramente e a
interpretá-las.

4. O Poeta pede às Tágides, ninfas do Tejo, que lhe deem inspiração para cantar os feitos grandiosos dos
Portugueses («Dai-me agora um som alto e sublimado, / Um estilo grandíloco e corrente», est. 4, vv. 5-6), de
modo que o seu estilo poético esteja à altura dos feitos que quer narrar («Dai-me igual canto aos feitos da
famosa / Gente vossa […]», est. 5, vv. 5-6).

5. 5.1 O Poeta alude à poesia lírica, que já cultivou, e à poesia épica, que quer experimentar. À poesia épica
correspondem os termos: «engenho ardente» (est. 4, v. 2), «som alto e sublimado» (est. 4, v. 5), «estilo
grandíloco e corrente» (est. 4, v. 6), «fúria grande e sonorosa» (est. 5, v. 1) e «tuba canora e belicosa»
(est. 5, v. 3). A poesia lírica é caracterizada pelas expressões: «verso humilde» (est. 4, v. 3), pois
contrasta com o estilo grandioso da poesia épica, e «agreste avena ou frauta ruda» (est. 5, v. 2),
elementos que se referem às flautas dos pastores e que remetem para a poesia lírica bucólica.

GRUPO II

1. (D) 2. (D) 3. (C) 4. (C) 5. (A) 6. (B) 7. (B)

8. Modificador do grupo verbal.

9. Oração subordinada adjetiva relativa restritiva.

10. Coesão gramatical referencial.

ENTRE NÓS E AS PALAVRAS • Português • 12.º ano • Material fotocopiável • © Santillana


GRUPO III

Construção de um texto de opinião que respeite o tema, a estrutura e os limites propostos. Devem respeitar-se as
principais características do género textual em causa:
 explicitação do ponto de vista;
 clareza e pertinência da perspetiva adotada, dos argumentos desenvolvidos e dos respetivos exemplos;
 discurso valorativo (juízo de valor explícito ou implícito).

FICHA DE AVALIAÇÃO FORMATIVA 2

GRUPO I

1. Ao referir-se ao País como um «país sem olhos e sem boca», o eu poético salienta a principal característica
do Portugal de então. Era um país oprimido, pois o Estado Novo, ou salazarismo, era um regime autoritário
que controlava a vida dos cidadãos e reduzia ou impedia a liberdade de expressão. O facto de o verso de
abertura do poema ser repetido no fim do texto acentua a ideia de que Portugal era um país oprimido; por
este ser também o verso que fecha o poema, evoca um ambiente fechado, um cativeiro, sugerindo a falta de
liberdade em que se vivia.

2. Os versos 6-13 referem-se aos comboios que levavam os homens de todas as localidades do País para irem
combater na Guerra Colonial, desfazendo as famílias — os comboios «engolem povoados» (v. 7), «tiram
gente» (v. 8) e «retalham os campos» (v. 9). Estes homens, que são obrigados a ir para a guerra, não
oferecem resistência («os comboios são mansos», v. 6) e vão em grande número (alimentam os comboios e
«dão-lhes boas digestões», v. 11), deixando as mães em grande sofrimento («que mãe aperta ao peito os
filhos ao ouvi-los?», v. 13).

3. Nesta passagem, o eu poético refere-se à vocação marítima de Portugal («país natal dos barcos e do mar», v. 16),
ao facto de os Portugueses se vestirem habitualmente com roupas de cores escuras, aludindo provavelmente
ao luto provocado pela Guerra Colonial («do preto como cor profissional», v. 17) e a uma vivência da religião
que é, muitas vezes, superficial («dos templos onde a devoção se multiplica em luzes», v. 18).

4. Quando se refere às prostitutas (v. 2), o sujeito poético denuncia a miséria social. Ao afirmar que é cercado
por lojas, sublinha o consumismo que domina a sociedade. Quando, transfigurando o real, imagina que a rua
em que se encontra, cheia de lojas iluminadas, é uma catedral com capelas, velas e santos, como se de uma
catedral de consumo se tratasse, aponta novamente para o espírito consumista da sociedade e pode insinuar
uma cumplicidade entre a religião e o comércio. A crítica a uma religiosidade superficial, desvirtuada, está
também presente na referência às «burguesinhas do catolicismo» (v. 9) e ao histerismo das freiras (v. 12).

5. O advérbio «rubramente» (v. 14) sugere a cor vermelha do ferro, muito quente, que está a ser trabalhado pelo
forjador. A sinestesia está presente na expressão «inda quente, / Um cheiro» (vv. 15-16), em que há uma
fusão de sensações — tátil e olfativa —, evidenciando o calor e o cheiro que emanam do pão a cozer no forno
(ou que acabou de sair do forno).

GRUPO II

1. (D) 2. (A) 3. (C) 4. (C) 5. (D) 6. (C) 7. (A)

8. Complemento do nome.

9. Oração subordinada substantiva completiva.

10. O deítico é «ontem».

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GRUPO III

Construção de um texto de opinião que respeite o tema, a estrutura e os limites propostos. Devem respeitar-se as
principais características do género textual em causa:
 explicitação do ponto de vista;
 clareza e pertinência da perspetiva adotada, dos argumentos desenvolvidos e dos respetivos exemplos;
 discurso valorativo (juízo de valor explícito ou implícito).

FICHA DE COMPREENSÃO DO ORAL

(Duração do diálogo argumentativo: 8 minutos [19:57-27:55])

Transcrição:

Luís Caetano (jornalista): Manuel Alegre, há duplicidade, em si, enquanto romancista e


poeta?

Manuel Alegre: […] Eu acho que não há confronto nenhum, que não há duplicidade; que há
unidade. Eu não sei muito bem falar sobre estas coisas. Eu não sei escrever contrariado,
nem de uma maneira excessivamente programada. Escrevo quando vem um impulso
para escrever, quando me dá prazer escrever. Umas vezes, a maior parte das vezes,
isso acontece na poesia, mas também pode acontecer na prosa. E tudo tem a ver com o
ritmo, com a toada, com… O Pascoaes dizia que o ritmo é a substância das coisas. E o
ritmo é também a substância da escrita. E cada poeta tem o seu ritmo. Não creio que
haja… O Fernando Pessoa valorizava a prosa em detrimento da poesia. Um poeta, o
Pina, o Manuel António Pina, escreveu um livro — Poesia, saudade da prosa. Eu,
quando escrevo prosa, escrevo sempre prosa com uma certa saudade da poesia. Mas
não acho que haja confronto nenhum. Há poetas que escreveram grandes poemas e
trouxeram à poesia um certo prosaísmo, um tom coloquial — desde António Nobre ao
Cesário Verde, para falar dos mais antigos —, como há poetas que levam à prosa a sua
toada poética. Não vou falar de mim, da Maria Teresa [Horta] e dos que estão aqui… A
Sophia, por exemplo… Ou mesmo a Virginia Woolf, que parece que embirrou, numa
certa altura, com os poetas ingleses, mas ela própria tinha esse dom da poesia.

Luís Caetano: Mas há diferenças no processo de escrita, no impulso de escrita?

Manuel Alegre: Não. A escrita nasce de um impulso. Claro que, em relação à prosa, há um
outro distanciamento, há mais organização…

Luís Caetano: Há planificação? Planifica um romance e não planifica poesia?

Manuel Alegre: Eu nunca planifiquei um romance. Uma vez perguntaram ao Scott Fitzgerald
como é que era um romance que ele tinha escrito, e ele disse: «Olhe, imaginei-o em três
minutos, escrevi-o em três meses e o resto foi a vida toda.» O romance foi-se
estruturando a vida toda. [Para recolher as informações, foi a vida toda.] O romance, ou
aquilo que eu escrevo, se é que são verdadeiramente romances… implicam uma
montagem. A minha forma de escrita de romances, ou de prosa, a minha forma de
organização tem mais a ver com a montagem cinematográfica do que propriamente com
a planificação.

Luís Caetano: E a poesia não tem essa montagem?

Manuel Alegre: Não. Para se chegar a escrever um poema que seja nosso, tem que se falhar
milhares de poemas, rasgar muitos cadernos, pensar em suicídio… Nunca mais chegará
um verso que seja nosso, e tal… Mas, depois, como dizia lá o americano, o […] — que é
sempre muito citado nestas coisas —, a certa altura, a técnica transforma-se numa
segunda natureza, e creio que cada um de nós, com a maturidade que temos e com a
experiência que temos, quando escrevemos um poema, normalmente o poema vai até
ao fim, sem grandes complicações. Não quer dizer que depois não se faça um retoque
aqui e ali. Eu, muitas vezes, deixo os cadernos ou os poemas durante um ano ou dois
anos, e vou mexer naquilo e refaço um pouco… mas o poema já nasce organizado… ou
desorganizado.

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Luís Caetano: Nuno Júdice, o que é que se distingue em si quando escreve romance ou
quando escreve poesia?

Nuno Júdice: Bom, por um lado, a poesia é uma forma, para mim, natural de escrever,
enquanto a prosa me obriga a algum trabalho. Portanto, enfim, como toda a gente, sou
mais preguiçoso, de maneira que escrevo mais poesia do que prosa. Mas há,
evidentemente, agora a sério, uma diferença substancial entre poesia e prosa, porque a
poesia é um momento único, aquilo a que posso chamar uma intensidade no instante da
aparição do poema, para usar a palavra do Vergílio Ferreira, enquanto a prosa é a
extensidade, portanto, a prosa joga com o tempo, e na poesia não há tempo — o tempo
é uma eternidade. A poesia dura para lá das palavras que ali estão, e ao aparecer… é
muito… aquilo a que se pode chamar aquela iluminação do Rimbaud, mesmo que haja o
trabalho, evidentemente… Escrever poesia não vem da inspiração. Vem do primeiro
verso que escrevo, das primeiras linhas do poema… e o resto é trabalho, sobretudo, que
está a ser feito. Na prosa, é muito diferente, porque é um bocado trabalhar esse tempo.
As coisas vão-se desenvolvendo, vão-se construindo. Não aparecem dessa forma
natural, como é a poesia. E para mim, também… Quando é que eu vejo que o romance
começa a surgir como algo que eu vejo que posso continuar e posso acabar? É no
momento em que eu escrevo para saber o que é que vai acontecer àquelas
personagens. São elas que me guiam e começam a viver naquelas palavras, e a partir
dali há uma certa compulsão em chegar ao fim, porque quero saber quem são elas,
como é que aquilo vai acabar…

Luís Caetano: E, quando isso acontece, escreve poesia ou não?

Nuno Júdice: Sim, sim, são coisas completamente diferentes. Portanto, digamos, posso não
escrever tanta poesia como quando estou a escrever a prosa, mas são gavetas
diferentes… As duas estão ali no mesmo móvel, que sou eu, digamos, mas, quando
estou numa gaveta, enfim, é a prosa, na outra é a poesia, embora as duas estejam em
comunicação, muitas vezes.

Luís Caetano: Francisco José Viegas, o romancista ganhou ao poeta? Aceitas o que a Maria
Teresa disse — que és a posição minoritária neste grupo de quatro?

Francisco José Viegas: O que a Maria Teresa disse enche-me de vaidade. Obrigado. Antes
de mais, deixa-me só agradecer… Eu, como cascaense, finalmente, trazeres estas
pessoas cá, de Lisboa… Já pareço uma pessoa de província, a dizer finalmente vêm cá,
e tal… É mais agradável sair de casa para vir encontrar estas pessoas. E estas pessoas
estão, de alguma maneira, ligadas à minha vida, é curioso, por causa de três tias
diferentes. O meu pai, o poeta que eu sempre julguei que o meu pai preferia, que
adorava, que citava a torto e a direito, era o Cesário. Qualquer coisa, um verso do
Cesário. E eu cresci naquela… Em casa da Maria Teresa só havia Camões. Em minha
casa, o meu pai era só Cesário. E isto pela vida fora. Até que, um dia, disse: «Pai, mas
explica-me lá essa paixão pelo Cesário.» E ele disse-me: «Mas eu nunca gostei muito
do Cesário, sabes…» E eu fiquei… ao fim de trinta anos, quarenta anos… «Não, é um
chato, pá. Mas toda a gente gostava… E eu decorei o Cesário e tal…»

[…]

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1. 1.1 Manuel Alegre

(A) F — Não sabe escrever de forma programada.

(B) V

(C) F — Considera que o ritmo não tem que ver com a poesia ou com a prosa, mas com o próprio autor.
Cada poeta tem o seu ritmo.

(D) F — É sobretudo poeta e, quando escreve prosa, fá-lo com uma certa saudade da poesia.

(E) V

(F) V

(G) F — Considera que não há diferenças no impulso que surge para escrever prosa e no que surge
para escrever poesia.

(H) F — Nunca faz uma planificação do que escreve, quer seja poesia quer seja prosa.

(I) V

(J) V

1.2 Nuno Júdice

(A) F — Para ele, a forma mais natural de escrita é a poesia.

(B) V

(C) F — Quando inicia um romance, não conhece bem as suas personagens e nem sabe de que forma
o romance vai terminar. É guiado pelas personagens e sente uma compulsão para saber quem elas
são e de que forma o romance vai terminar.

(D) F — Quando utiliza a metáfora das gavetas que integram um móvel, pretende tornar mais clara a
ideia de que a produção de poesia e a produção de prosa são, nele, de uma forma geral,
independentes.

2. Francisco José Viegas revela respeitar o princípio de cortesia quando faz dois agradecimentos: um, dirigido a
Maria Teresa Horta, pela observação elogiosa que esta lhe fizera; outro, dirigido ao jornalista Luís Caetano,
por este ter levado os restantes participantes a Cascais, onde Francisco José Viegas vive.

FICHA DE COMPREENSÃO DA LEITURA

1. 1.1 (D); 1.2 (B); 1.3 (A); 1.4 (B); 1.5 (D); 1.6 (C); 1.7 (C); 1.8 (B); 1.9 (B).

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