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Periodontia - Setembro 2007 - Volume 17 - Número 03

ANÁLISE DE SUBSTÂNCIAS DESSENSIBILIZANTES NA


PERMEABILIDADE DA DENTINA E OBLTERAÇÃO DE
TÚBULOS DENTINÁRIOS - ESTUDO IN VITRO
Analysis of desensitizing agents on dentin permeability and dentine tubule occlusion. An in vitro
study.

Shelon Cristina Souza Pinto1, Márcia Thaís Pochapski2, Denise Stadler Wambier3, Gibson Luiz Pilatti3, Fábio André Santos3.

RESUMO
A proposição desse estudo foi avaliar o efeito de substân-
cias dessensibilizantes na permeabilidade da dentina e
obliteração dos túbulos dentinários. Foram utilizados 21 incisi-
vos de ratos, divididos em 3 grupos: G1- (n=7) Nitrato de
potássio 2% com fluoreto de sódio 2%; G2- (n=7) verniz com
5% de fluoreto de sódio e G3- (n=7) Controle (escovação com
dentifrício). Os espécimes foram preparados para análise da
permeabilidade dentinária, microscopia eletrônica de varredu- INTRODUÇÃO
ra (MEV) e energia dispersiva de raios-X (EDX). Os dados foram
analisados com ANOVA e pós teste de Tukey. Os resultados A melhora do estado de saúde bucal da população
foram significativos (p<0,01) na permeabilidade dentinária e tem trazido benefícios, reduzindo a incidência de cáries
no número de túbulos considerando os grupos tratados e con- e colaborando para a manutenção dos dentes por mais
trole. O diâmetro dos túbulos mostrou diferenças significativas tempo na cavidade bucal, o que pode contribuir com
(p<0,01) entre os G1 e os demais grupos. A área dos túbulos uma maior ocorrência de problemas relacionados à
mostrou diferenças significativas (p<0,01) entre os grupos. A hipersensibilidade dentinária (HD) nas populações (REES
análise descritiva (MEV) mostrou no G1 e G2 túbulos parcial- & ADDY 2002; RITTER et al. 2006).
mente obliterados e no G3 maioria dos túbulos abertos. A A HD é descrita clinicamente como uma resposta
análise por EDX mostrou no G1 traços de potássio, no G2 a dolorosa a estímulos térmicos (quente ou frio), quími-
presença de sódio e flúor e no G3 foram encontrados silício, cos (frutas ácidas, alimentos condimentados, açúcar e
flúor e magnésio. Conclui-se com esse estudo que os dois sal), mecânicos (escovação) e evaporativos (jatos de ar)
agentes testados reduziram a permeabilidade dentinária sobre os túbulos dentinários abertos, devido à exposi-
obliterando parcialmente os túbulos dentinários. ção da dentina ao meio bucal. Isso pode ocorrer em
UNITERMOS: Hipersensibilidade da dentina; Permea- decorrência de recessões gengivais, erosões, atrições ou
bilidade da dentina, Sensibilidade da dentina. R Periodontia 2007; abrasões radiculares, bem como de tratamentos
17:41-48. periodontais não cirúrgicos e cirúrgicos (BRÄNNSTRÖM
et al. 1967; PASHLEY et al. 1984; ARRAIS et al. 2003;
LEME et al. 2004; WARA-ASWAPATI et al. 2005; AHMED
et al. 2005).
1
Mestranda em Odontologia – Universidade Estadual de Ponta Grossa - PR A prevalência da HD é muito variável, podendo ser
2
Mestre em Farmacologia – Universidade Federal do Paraná - PR 8% a 57%, dependendo da população estudada,
metodologia empregada e recursos de diagnóstico uti-
3
Professor Doutor – Departamento de Odontologia - Universidade Estadual de Ponta Grossa -
PR
lizados para a avaliação (AHMED et al. 2005; WARA-
ASWAPATI et al. 2005; RITTER et al. 2006).
Recebimento: 13/03/07 - Correção: 20/05/07 - Aceite: 28/05/07 Existem diferentes formas de tratamento para a

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HD, como agentes antiinflamatórios, oclusão dos túbulos ca carbide no.245 (S.S. White, Rio de Janeiro, RJ, Brasil). A padro-
dentinários, agentes que bloqueiam a resposta neuronal e nização da profundidade do desgaste foi determinada conside-
recobrimento radicular (KERNS et al. 1991; ODA et al. 1999; rando um terço do diâmetro da broca (0,9mm). A seguir, foi
WEST et al. 2001; FRECHOSO et al. 2003; ARRAIS et al. 2004; aplicado gel de EDTA trissódico a 24% (Biodinâmica Química e
OBERG 2006). Os agentes dessensibilizantes que obliteram os Farmacêutica Ltda., Ibiporã, PR, Brasil) por 3 minutos, ativamen-
túbulos dentinários podem alterar o conteúdo tubular, por meio te com pincel de pêlo de marta no.6, para a remoção de smear-
da precipitação de proteínas e cristais de cálcio na entrada ou no layer e abertura dos túbulos dentinários, sendo esse procedi-
interior dos túbulos dentinários, ou simplesmente podem atuar mento complementado com a utilização de uma cuba ultra-
por preenchimento. Entretanto, o exato mecanismo destes agen- sônica (Ultrasonic Cleaner® - Odontobrás, Riberão Preto, SP,
tes dessensibilizantes ainda não é bem compreendido (WEST et Brasil) durante 10 minutos, a uma temperatura de 47ºC.
al. 2001; FRECHOSO et al. 2003; PEREIRA et al. 2005; RITTER et O tratamento com os agentes foi realizado com uma apli-
al. 2006). cação diária durante 4 dias. As substâncias foram mantidas por
As substâncias dessensibilizantes têm sido freqüentemente 10 minutos na área de túbulos expostos. No grupo controle
testadas in vitro. Essas pesquisas complementam os estudos (dentifrício) a escovação foi feita com uma escova interdental
clínicos, que são difíceis de serem executados, pois contam com (média), com 10 movimentos utilizando 10mg do dentifrício
a natureza subjetiva da dor. Os resultados obtidos em estudos diluído em 1ml de água destilada. Após cada aplicação, um al-
laboratoriais não podem ser diretamente extrapolados para a godão saturado com solução corante (azul de Evans a 5%) foi
prática clínica por não reproduzirem as variáveis inerentes à cavi- mantido nas áreas tratadas por 5 minutos. Em seguida, os den-
dade bucal como saliva, microbiota, hábitos alimentares e ainda, tes eram armazenados em solução salina a 0,9% de NaCl na
por não considerarem os componentes psicológicos envolvi- temperatura ambiente. A solução era substituída a cada trata-
dos. Em contrapartida, os métodos laboratoriais possibilitam a mento.
eliminação de variáveis não controláveis, sobretudo quando se
considera a subjetividade das respostas sensoriais (MARTINELI Análise da permeabilidade dentinária:
et al. 2001). Para o teste de permeabilidade dentinária ao corante foram
O objetivo desse estudo foi avaliar in vitro o efeito de subs- utilizados 4 dentes por grupo, os quais foram incluídos em resi-
tâncias utilizadas no tratamento da hipersensibilidade dentinária na acrílica e cortados no sentido longitudinal (ISOMET 1000-
na permeabilidade da dentina e obliteração dos túbulos Precision Saw, Buheler, modelo 112180, Lake Bluff, IL, USA). Em
dentinários. seguida, as amostras foram limpas em cuba ultra-sônica por 10
minutos, na temperatura de 47oC. Os espécimes foram foto-
MATERIAL E MÉTODOS grafados em um fotomicroscópio Olympus® BX41 (Olympus,
Tokyo, Japan) com aumento de 40 vezes, obtendo-se imagens
Neste estudo in vitro foram utilizados 21 incisivos (superio- com resolução de 5.1 Megapixels (máquina digital Olympus
res e inferiores) extraídos de 6 ratos (Rattus Norvergicus albinus Camedia C-5060, Tokyo, Japan). A análise das imagens foi reali-
Wistar) imediatamente após a morte (deslocamento cervical após zada por meio do programa Image Pro Plus® (Version 4.5.0.29,
sedação com halotano). Projeto aprovado pela Comissão de Éti- Media Cybernetics, Silver Spring, MD, USA) previamente calibra-
ca em Experimentação animal- Processo n.06290/2006). Os do com uma escala padrão (micrometros). Foram feitas 3 medi-
dentes foram mantidos em formaldeído a 4% até o momento das em cada corte, sendo então obtida a média.
do uso, sendo então, divididos de forma aleatória em 3 grupos:
G1- (n=7) Nitrato de potássio 2% com fluoreto de sódio 2% Análise por Microscopia Eletrônica de Varredura
(Dessensibilize® KF2%- FGM Produtos Odontológicos Ltda, (MEV):
Joinville, SC, Brasil); G2- (n=7) verniz (base adesiva de resinas Para a análise por MEV foram utilizados 3 dentes para cada
naturais) com 5% de fluoreto de sódio (Fluorniz®- S.S. White, grupo, estes foram reduzidos com disco de aço no sentido trans-
Rio de Janeiro, RJ, Brasil) e G3- (n=7) Controle- escovação com versal, restando apenas a área tratada, sendo lavadas com água
dentifrício 1450ppm (0,145%) de flúor (Colgate® Tripla ação- destilada (20 ml por 15 segundos) e limpas em uma cuba ultra-
Colgate-Palmolive Ind. e Com. Ltda. São Paulo, SP, Brasil). sônica durante 10 minutos, na temperatura de 47oC. A desidra-
A exposição dos túbulos dentinários foi realizada com o tação dos espécimes foi feita com uma seqüência de imersão
desgaste do esmalte da face vestibular dos incisivos centrais su- em álcool 25%, 50%, 70%, 90% e álcool absoluto (99,5%),
periores e inferiores na região cervical de aproximadamente permanecendo por 10 minutos em cada concentração. Em
0,3mm de profundidade no sentido mésio-distal com uma bro- seguida, as amostras foram mantidas em uma estufa a 37oC

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por 24 horas, e então, permaneceram em um dessecador a


vácuo por 48 horas. A metalização das amostras foi realizada
em um aparelho Shimadzu C-50 (Shimadzu do Brasil Comércio
Ltda, São Paulo, SP, Brasil) por 10 minutos. Posteriormente, fo-
ram obtidas 9 imagens de cada dente por meio do MEV
Shimadzu SSX- 550 Superscan (Shimadzu do Brasil Comércio
Ltda, São Paulo, SP, Brasil), na potência de 20Kv, nos aumentos
de 2000 e 5000 vezes. As fotomicrografias foram analisadas de
forma quantitativa e qualitativa. A análise quantitativa foi realiza-
da com o uso de um programa de computador (Image Pro
Plus®), obtendo o número de túbulos (mm2), diâmetro e área
de túbulos abertos em cada fotomicroscopia. A análise qualita-
tiva (descritiva) considerou a característica da superfície dentinária, Figura 1- Média e desvio padrão da permeabilidade da dentina (Azul de Evans) após os
tratamentos. G1- Nitrato de potássio a 2% e fluoreto de sódio a 2%; G2- Verniz com fluoreto de
dentina intertubular e peritubular, smear layer, presença de de- sódio a 5% e G3- Controle. (*) diferenças significativas com o G1 e G2 (p<0,001 - ANOVA com
pósitos e condição dos túbulos dentinários. pós teste de Tukey).

Análise por Energia Dispersiva de Raio X (EDX):


Foi realizada para determinar quais elementos químicos es-
tavam presentes na superfície dentinária utilizando os mesmos
dentes da análise por MEV (Shimadzu SSX- 550 Superscan®). O
EDX realiza a detecção dos raios-X característicos (fluorescen-
tes) de uma amostra desconhecida, determinando qualitativa-
mente quais elementos químicos estão presentes. A análise foi
realizada considerando apenas a presença e ausência dos ele-
mentos químicos de cada formulação.

Análise estatística:
Para a comparação da permeabilidade dentinária ao corante,
número, diâmetro e área dos túbulos dentinários foi utilizada a
Análise de Variância (ANOVA) de um critério e pós-teste de Tukey Figura 2- Média e desvio padrão do número de túbulos dentinários após os tratamentos. G1-
para as comparações múltiplas. O nível de significância adotado Nitrato de potássio a 2% e fluoreto de sódio a 2%; G2- Verniz com fluoreto de sódio a 5% e G3-
Controle. (*) diferenças significativas com o G1 e G2 (p<0,01 - ANOVA com pós teste de Tukey).
em todas as análises foi de 5%. Todos os cálculos foram realiza-
dos utilizando-se o programa SPSS® (Statistical Package for the
Social Sciences, version 11.5.1 for Windows, Inc. Chicago, IL,
USA).

RESULTADOS

Análise da permeabilidade dentinária


A permeabilidade dentinária ao corante mostrou os seguin-
tes resultados: G1=160,1±54,0µm; G2=179,8±71,8µm e
G3=552,4±111,1µm. As diferenças foram consideradas signi-
ficativas (p<0,001) entre os grupos tratados e o controle
(Figura 1).

Análise por microscopia eletrônica de varredura


(MEV)
Figura 3- Média e desvio padrão do diâmetro dos túbulos dentinários após os tratamentos. G1-
A análise do número de túbulos dentinários apresentou
Nitrato de potássio a 2% e fluoreto de sódio a 2%; G2- Verniz com fluoreto de sódio a 5% e G3-
os seguintes resultados: G1=30.490±7.375/mm 2 ; Controle. (*) diferenças significativas com o G2 e G3 (p<0,01 - ANOVA com pós teste de Tukey).

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Figura 4- Média e desvio padrão da área dos túbulos dentinários após os tratamentos. G1- Nitrato
de potássio a 2% e fluoreto de sódio a 2%; G2- Verniz com fluoreto de sódio a 5% e G3- Controle.
Diferenças significativas entre os grupos (p<0,01 - ANOVA com pós teste de Tukey).

G2=32.060±10.360/mm2 e G3=39.810±7.955/mm2.
As diferenças foram consideradas significativas (p<0,01)
entre os grupos tratados e o controle (Figura 2). A análise do
diâmetro dos túbulos (G1=0,91±0,35µm; G2=1,14±0,34µm
e G3=1,26±0,37µm) mostrou diferenças significativas (p<0,01)
entre G1 e os demais grupos (Figura 3).
A área dos túbulos também teve diferenças significativas
entre os grupos (p<0,01), sendo G1=44,8±15,5µm 2;
G2=33,4±9,6µm2 e G3=58,1±10,5µm2, representando res-
pectivamente 2,8%, 2,1% e 3,6% de uma área total de 1600µm2
(Figura 4).
A análise descritiva mostrou no G1 e G2 presença de túbulos
abertos e parcialmente obliterados, depósitos na dentina
peritubular e intertubular, pouca quantidade de smear layer (Fi-
gura 5A e 5B).
As amostras do grupo G3 apresentaram a maioria dos
túbulos abertos, ausência de depósitos na dentina peritubular e
intertubular, e maior quantidade de smear layer quando compa-
rado ao G1 e G2 (Figura 5C).

Análise por energia dispersiva de raio X (EDX)


A microanálise dos elementos químicos das amostras mos-
trou no G1 pequena quantidade de potássio, no G2 foi possível
observar sódio e flúor e o G3 apresentou silício, flúor e magnésio
(Figura 6).

Figura 5- Fotomicrografias obtidas por microscopia eletrônica de varredura, mostrando a


DISCUSSÃO
superfície dentinária após os diferentes tratamentos. (5A) dentina tratada com nitrato de potássio
a 2% e fluoreto de sódio a 2%, observa-se túbulos parcialmente obliterados e obliterados, com
Neste estudo in vitro para análise da permeabilidade da presença de depósitos. (5B) amostras tratadas com verniz com fluoreto de sódio a 2%, nota-se a
presença de túbulos parcialmente obliterados e obliterados, com presença de pequena
dentina e obliteração dos túbulos dentinários, foi feita a opção quantidade de depósitos. (5C) ilustra as amostras controle (dentifrício com 0,145% de flúor) com
por incisivos de rato, devido à facilidade de sua obtenção. túbulos abertos e ausência de depósitos.
VONGSAVAN et al. (2000) afirmaram que incisivos de ratos não
seriam adequados para estimar a permeabilidade da dentina sarem a borda incisal dos dentes, que é pouco permeável. No
humana, tendo os autores chegado a essa conclusão ao anali- presente estudo, no entanto, foi utilizada a região cervical da

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pode contribuir para a redução da HD, esse trabalho teve o


objetivo de analisar o potencial do nitrato de potássio 2% associ-
ado ao fluoreto de sódio 2% (NK2%+NaF2%) e verniz com 5%
de fluoreto de sódio (V+NaF5%) na obliteração dos túbulos
dentinários e redução da permeabilidade da dentina. Esses agen-
tes já são utilizados de diferentes formas na rotina odontológica
para o tratamento da HD (FRECHOSO et al. 2003; WARA-
ASWAPATI et al. 2005; RITTER et al 2006). Como controle foi
utilizada a escovação com dentifrício contendo 0,145% de flúor
(monofluorfosfato de sódio) e abrasivos (carbonato de cálcio e
silicato de sódio). O mesmo foi utilizado como o controle nesse
estudo, pelo fato destes serem utilizados de forma rotineira pela
população nos procedimentos de higiene bucal (WARA-
ASWAPATI et al. 2005).
Os resultados mostraram que a permeabilidade dentinária
ao corante após o tratamento com os agentes dessensibilizantes
foi menor em G1 (NK2%+NaF2%) = 160,1±54,0µm e G2
(V+NaF5%) = 179,8±71,8µm. O G3 (Controle) apresentou
maior permeabilidade dentinária (552,4±111,1µm). Na literatu-
ra não encontramos estudos que analisam a permeabilidade
dentinária por meio da difusão de corante após a aplicação de
agentes dessensibilizantes. Esse método apresenta a limitação
de não reproduzir a pressão pulpar, que em humanos é de 1,4
kPa. Desta forma, a permeabilidade dentinária pode ser maior
em modelos in vitro que in vivo. VONGSAVAN et al. (2000) veri-
ficaram que in vitro a infiltração do azul de Evans foi de
2900±500µm e in vivo 1900±1400µm, mostrando assim, a
influência da pressão pulpar na infiltração do corante. Outros
autores (PASHLEY et al. 1984; PEREIRA et al. 2005) utilizaram o
método da condutividade hidráulica para análise da
permeabilidade dentinária in vitro. Esse método permite uma
análise da permeabilidade com a aplicação de uma pressão cons-
tante (68,9 kPa), reproduzindo assim a pressão pulpar.
GREENHILL & PASHLEY et al. (1981); PASHLEY et al. (1984) e
PEREIRA et al (2005), não observaram bons resultados com o
uso do fluoreto na diminuição da permeabilidade dentinária,
testada com a condutividade hidráulica. GREENHILL & PASHLEY
et al. (1981); PASHLEY et al. (1984) utilizando dentifrícios com
nitrato de potássio também não observaram reduções conside-
ráveis na condutividade hidráulica. Esses resultados são diferen-
tes dos apresentados nessa pesquisa, pois os agentes
Figura 6- Elementos químicos presentes na amostras (Energia dispersiva de raio X – EDX).
(6A)- G1 (Nitrato de potássio a 2% e fluoreto de sódio a 2%): presença de Ca, P e traços de Na,
dessensibilizantes, apresentaram diferenças significativas na
Mg, Si e K. (6B)- G2 (Verniz com fluoreto de sódio a 5%): presença de Ca, P e traços de Na, F e permeabilidade dentinária, quando comparados com o grupo
Si. (6C)- Controle (dentifrício com 0,145% de flúor): presença de Ca, P e traços de F, Na, Mg e controle. As prováveis razões para essas diferenças podem resi-
Si.
*Ca- Cálcio, F- Flúor, P- Fósforo, K- Potássio, Mg- Magnésio, Na- Sódio e Si- Silício. dir nas diferentes metodologias empregadas. As variações nas
concentrações, formulações e tempo de aplicação dos agentes
face vestibular dos incisivos, que se apresenta mais adequada utilizados, também podem ter sido responsáveis pelas diferen-
para análise de permeabilidade dentinária. ças encontradas. Nesse estudo, foi utilizado gel de nitrato de
Considerando que a obliteração dos túbulos dentinários potássio 2% com fluoreto de sódio 2% e verniz com 5% de

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fluoreto de sódio, aplicados 4 vezes por 10 minutos durante 4 A análise do diâmetro dos túbulos dentinários foi menor no
dias (1 aplicação/dia), sendo os dentes mantidos em solução G1 (0,91±0,35µm) seguido de G2 (1,14±0,34µm) e G3
salina (0,9% de NaCl). GREENHILL & PASHLEY et al. (1981) utili- (1,26±0,37µm). O menor diâmetro médio no G1 provavelmente
zaram fluoreto de sódio 2% e nitrato de potássio a 30% em é devido ao maior número de túbulos parcialmente obliterados
solução, aplicados por 2 minutos. PASHLEY et al. (1984) usaram (diferenças significativas- p<0,01 em relação a G2 e G3).
nitrato de potássio a 5% com fluoreto de sódio a 0,2% na forma FORSSELL-AHLBERG et al. (1975), em incisivo de rato, mostra-
de dentifrícios, com 1 minuto de escovação. PEREIRA et al (2005) ram que a dentina média apresentou túbulos dentinários com o
utilizaram fluoreto de sódio acidulado a 1,23% por 4 minutos. diâmetro médio de 1,0µm, valores bem próximos aos encontra-
Todos esses autores utilizaram os produtos por apenas uma dos nesse estudo com dentina tratada com agentes
aplicação. Nesse estudo, foram utilizadas 4 aplicações. Desta dessensibilizantes. O diâmetro dos túbulos dentinários em ratos
forma, pode haver a possibilidade de que aplicações repetidas foi similar aos encontrados em humanos (1,1µm) na porção
dos agentes dessensibilizantes promovam uma melhora na ca- média da dentina (GARBEROGLIO & BRÄNNSTRÖM 1976).
pacidade de obliteração dos túbulos dentinários, reduzindo as- Esses resultados foram semelhantes aos encontrados nessa
sim a permeabilidade da dentina. pesquisa. Porém, devemos considerar que nos estudos de
Nesse estudo, a análise do número, diâmetro e área dos FORSSELL-AHLBERG et al. (1975) e GARBEROGLIO &
túbulos foi realizada em fotomicroscopias obtidas com o MEV BRÄNNSTRÖM (1976) a dentina não foi tratada com agentes
nos aumentos de 2000 e 5000 vezes com auxílio de um progra- dessensibilizantes, assim o diâmetro dos túbulos encontrados
ma de computador para análise digital das imagens. AHMED et nessa pesquisa deveriam ser menores para os grupos tratados.
al. (2005), mostraram que este método de análise fornece resul- Provavelmente isso se deve as diferenças no tratamento químico
tados precisos para a avaliação quantitativa da oclusão de túbulos das amostras, FORSSELL-AHLBERG et al. (1975) utilizaram
dentinários por agentes dessensibilizantes. hipoclorito de sódio 0,5% por 24 horas. Nesse estudo foi utiliza-
O grupo controle apresentou o maior número de túbulos do EDTA 24% por 3 minutos. Segundo KERNS et al. (1991) o
(G3- 39.810±7.955/mm2) em relação aos grupos experimen- tratamento da superfície radicular com EDTA promove um au-
tais (G1- 30.490±7.375/mm2 e G2- 32.060±10.360/mm2), mento do diâmetro do túbulo dentinário.
mostrando que os agentes dessensibilizantes promoveram mai- A área dos túbulos foi avaliada nas fotomicroscopias com
or obliteração (diferenças significativas – p<0,01). FORSSELL- aumento de 2000 vezes (área de 1600µm2), mostrando
AHLBERG et al. (1975), mostraram que o incisivo de rato, na diferenças significativas entre os grupos (p<0,01),
metade da distância entre o esmalte e polpa, apresentou um sendo G1=44,8±15,5µm 2 ; G2=33,4±9,6µm 2 e
número médio de túbulos igual a 50.000/mm2. Nessa pesquisa G3=58,1±10,5µm2, representando respectivamente 2,8%,
foi realizado um desgaste de 0,3mm na região cervical, o que 2,1% e 3,6% da área de dentina ocupada por túbulos. Em hu-
equivale à metade da distância entre o esmalte e a polpa. Desta manos, DOURDA et al (1994) encontraram, na metade da dis-
forma, o menor número de túbulos encontrado em relação ao tância entre a o esmalte e a polpa, 6,2% da área de dentina
trabalho de FORSSELL-AHLBERG et al. (1975) pode estar relaci- ocupada por túbulos. Em dentina de ratos, segundo FORSSELL-
onado à obliteração promovida pelos agentes utilizados. Consi- AHLBERG et al. (1975) a área de dentina ocupada por túbulos é
derando a dentina em humanos, pode-se dizer que existe uma de 3,9%. O percentual da área dentina ocupada pelos túbulos
similaridade com a dentina de ratos neste aspecto. foi menor nesse estudo provavelmente devido ao uso dos agen-
GARBEROGLIO & BRÄNNSTRÖM (1976), OLSSON et al (1993) tes dessensibilizantes.
e DOURDA et al. (1994) mostraram que em humanos, na por- O nitrato de potássio 2% associado ao fluoreto de sódio 2%
ção média da dentina, o número de túbulos pode variar de apresentou resultados semelhantes ao grupo tratado com ver-
30.900/mm2 a 37.000/mm2. LEME et al. (2004) após o uso de niz fluoretado, ou seja, promoveram apenas obliteração parcial
solução de nitrato de potássio com cloreto de estrôncio e verniz dos túbulos dentinários com poucos túbulos totalmente
fluoretado encontraram na dentina cervical um número de obliterados. LEME et al. (2004) obtiveram resultados semelhan-
túbulos de 19.333±2.770/mm2 e 16.433±782/mm2 respecti- tes, mostrando que substâncias com nitrato de potássio não
vamente. Segundo o estudo de GARBEROGLIO & foram capazes de obliterar totalmente os túbulos dentinários.
BRÄNNSTRÖM (1976) a região cervical apresenta 19.000/mm2 KNIGHT et al. (1993), porém, mencionam que o dentifrício com
e a dentina média 30.000/mm2. Assim, estudos envolvendo nitrato de potássio a 5% foi capaz de obliterar os túbulos
dentina de ratos, podem apresentar resultados similares àqueles dentinários, apresentando cristais de diferentes tamanhos e for-
que utilizam dentina humana in vitro, considerando a efetividade matos. No entanto, os autores não realizaram uma análise da
dos agentes dessensibilizantes. composição química dos depósitos. Desta forma, estes precipi-

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tados poderiam ser devido à presença de agentes abrasivos (car- Os resultados encontrados nesse estudo devem ser inter-
bonato de cálcio) do dentifrício utilizado e não cristais de nitrato pretados com cautela, pois como se trata de um estudo in vitro,
de potássio. a sua extrapolação para a prática clínica não deve ser feita sem
As amostras tratadas com verniz fluoretado apresentaram considerar suas limitações.
presença de túbulos dentinários parcialmente obliterados, pe-
quenas quantidades de depósitos na dentina peritubular e CONCLUSÃO
intertubular, bem como smear layer. Esses dados estão de acor-
do com os resultados obtidos por KNIGHT et al. (1993), ODA et A partir da metodologia empregada nesse estudo foi possí-
al. (1999), LEME et al. (2004) e OBERG et al. (2006), que com o vel concluir que:
uso de fluoretos, mostraram que os mesmos não foram capa- 1- O gel nitrato de potássio 2% com fluoreto de sódio 2% e
zes de formar uma camada obliteradora contínua nos túbulos o verniz com 5% de fluoreto de sódio reduziram a permeabilidade
dentinários. No entanto, KNIGHT et al. (1993), ODA et al. (1999), dentinária, porém promoveram obliteração apenas parcial dos
LEME et al. (2004), OBERG et al. (2006), realizaram apenas uma túbulos dentinários.
análise da superfície, não verificaram a formação de cristais de 2- A utilização contínua dos agentes dessensibilizantes pode
fluoreto de cálcio no interior do túbulo, o que poderia reduzir a contribuir para uma maior efetividade dos mesmos na obliteração
permeabilidade dentinária. dos túbulos dentinários.
No grupo controle a maioria dos túbulos estavam abertos, 3- Devem ser consideradas as limitações dos estudos in vitro,
com ausência de depósitos na dentina peritubular e intertubular na interpretação dos resultados dessa pesquisa, devendo as
e presença de pequena quantidade de smear layer. WEST et al. mesmas substâncias serem testadas em estudos clínicos para
(2002) encontraram resultados semelhantes após a utilização comprovar sua real efetividade no tratamento da
de um dentifrício contendo monofluorfostato de sódio (0,76%) hipersensibilidade dentinária.
e fosfato dicálcio (48%), com a maioria dos túbulos abertos,
sendo que as diferenças não foram significativas em relação à ABSTRACT
escovação com água destilada.
Conforme os resultados desse estudo, tanto o verniz com The aim of this study was to assess different desensitizing
flúor como o nitrato de potássio foram capazes de reduzir a substances on dentin permeability and dentinal tubule occlusion.
permeabilidade da dentina em relação ao controle, sugerindo 21 rat incisors teeth were distributed into 3 groups: group 1-
que repetidas aplicações do agente poderiam contribuir para a (n=7) 2% potassium nitrate plus 2% sodium fluoride, group 2-
formação de cristais, não apenas na superfície dentinária, mas (n=7) 5% sodium fluoride varnish, group 3- brushing with
também no interior dos túbulos dentinários. Essa afirmação é dentifrice. The samples were prepared for dentine permeability
suportada pelos resultados encontrados por MUKAI et al. (1998) analysis, scanning electron microscope (SEM) and energy
e ARRAIS et al. (2004), que mostraram a presença de precipita- dispersive X ray (EDX). The data were statistically analyzed using
dos formados na dentina peritubular e no interior dos túbulos, ANOVA and Tukey post hoc. The results for dentin permeability
após o uso de fluoreto de sódio acidulado (1,23% de flúor com and number of tubules per dentine area showed significant
0,1M de ácido fosfórico) por 4 minutos. difference (p<0.01) among control and experimental groups.
A microanálise dos elementos químicos (EDX) das amostras The tubule diameter showed significant difference (p<0.01)
mostrou apenas traços dos elementos químicos presentes nos between G1 and the others. The tubule area exhibited significant
princípios ativos dos agentes dessensibilizantes. Estes resultados difference (p<0.01) among the groups. SEM analysis showed
foram semelhantes aos encontrados por OBERG et al. in G1 and G2 partial obliterated tubules; G3 had most of the
(2006) que encontraram apenas traços de flúor após a tubules opened. The EDX analysis demonstrated only traces of
aplicação de gel de fluoreto de sódio a 2%. No entanto, potassium in G1, sodium and fluoride in G2 and silicon, fluorine
ARRAIS et al. (2003) não encontraram os elementos and magnesium in G3. It was concluded in this study that the
químicos dos princípios ativos (cloreto de estrôncio, nitrato two desensitizing agents reduced dentine permeability and
de potássio e monofluorfosfato de sódio) após análise por occluded dentine tubules partially.
EDX. As razões para essas diferenças provavelmente se devem
às variações nas formulações e concentrações dos produtos UNITERMS: Dentin hypersensitivity; Dentin permeability;
utilizados nas pesquisas. Dentin sensitivity

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