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A sequência de ouro para se atingir a fluência oral em

Esperanto é a seguinte: Primeiramente, dedique-se a um


aprendizado focado na conversação, em que haja centenas
e mais centenas de perguntas a responder sobre textos
relacionados a assuntos do dia a dia, oralmente. Este é o
processo da incubação ou encerebramento das fórmulas
conversacionais no fundo do neocórtex e da musculação
do aparelho fonador para se adaptar aos sons, articulações
e fonemas da Língua Internacional.
Essa pegada concentrada e regular deve ser cronometrada
para durar seis meses. Nesse período de alimentação do
disco rígido neocortical com a língua questionarizada,
deve-se dedicar duas horas diárias de estudo, autodidatica-
mente (já que não há curso diário presencial voltado para
esse tipo de exercício baseado em perguntas e respostas
sistemáticas).

O princípio é pegar os textos básicos ou corpus de


extração das perguntas correlatas, lê-los (em voz alta) e
fazer a intelecção de todo o conteúdo exposto, com estudo
do vocabulário e das regras, evitando-se tanto quanto
possível fazer traduções ou acessar dicionários Esperanto-
português. Em seguida, responder às questões já pré-
existentes e depois elaborar e responder, oralmente e por
escrito, às próprias questões sobre o texto lido, buscando
dar voltas para improvisar formas alternativas de
perguntas e de respostas. [A premissa é que tudo que se
diz pode ser dito de outras formas e/ou com outras
palavras. O cuidado do aprendiz ou auto-aprendiz ou
mesmo do professor que está ensinando é de prender as
formas alternativas de expressão à mesma base gramatical,
para evitar internalização de formas erradas ou de palavras
descontextualizadas.]
Para fins impulsionais na criação dos próprios
questionários, deve-se explorar as ki-demandoj da tabela
dos correlativos (kio/kiu/kie/kiam/kial/kiel/kiom/kia).

Quem puder treinar a pronúncia com o auxílio da internet,


onde há o já famoso programa de laboratório de pronúncia
(www.sites.google.com/site/lernupt/laboratorio-de-
pronuncia ), melhor ainda. Há também filmes, vídeos no
Youtube com aulas e uma infinidade de textos, músicas
etc. Isso tudo pode ser de boa chegança, mas, no começo,
o mais importante é o estudo pessoal frente ao papel, com
a paciência, a calma e a disciplina que só o velho estudo
feito à luz de vela conseguia favorecer. [A inteligência
apreensiva do cérebro dos adultos anteriores à geração y
não é multimídia nem paralela, mas, sim, serial, ou seja,
no ritmo uma coisa após a outra. E isso é bom. O processo
de aprendizado, como o próprio nome já diz, é um
processo, ou seja, uma sequência de atos de apreensão. Por
que multi-estimular os vários canais do cérebro em
detrimento da calma e da paz neuronal? A
multimidiatização pode ser mais inteligencial, mas é
superficializadora e é estressante, principalmente para
quem é oriundo do tempo do “Junulkurso”. Só deve ser
mais explorada quando na vivência, na aplicação do que já
se internalizou teoricamente. Os grandes usuários de
tecnologias são o pessoal das gerações y e z, embora os
grandes criadores de recursos é o anônimo pessoal que faz
os programas, a maioria vindo da escola antiga, do tempo
em que se programava em Cobol e Assembly, e que hoje
está aí de cabelos brancos alegrando a criançada
tecnointeligente, mas (semi)analfabeta na arte de pensar
lógica e metodicamente, por falta de substrato leitoral, por
falta de um bom primário (resguardadas as exceções, que
são as crianças índigo ou multi-inteligentes).]
****
Depois de sair da incubadora cognitiva
semestral, deve-se partir para a luta,
usando o Esperanto com outras pessoas,
quer oral, quer escrituralmente,
enquanto se vai aperfeiçoando mais e
mais na fluência laboratorial, ainda que
refinando e variando os métodos. Isso
vale principalmente para quem não se viu
ainda fluindo como gostaria. Neste caso,
o processo de repetição de perguntas e
respostas em voz alta deve prosseguir,
até se perceber fluindo razoavelmente.
A fluência só se consolida com a prática
constante do que se aprendeu. Parte-se do
artificial, que é o método disciplinarizado pela
prática cognitiva diária, e segue-se em busca
do natural, que é deixar a língua se
automontar e sair por si mesma frente aos
estímulos conversacionais.
Assim, rompem-se eventuais barreiras
neuropsicológicas de forma espontânea, pela
continuidade da teorização praticizante
(laboratórios ou estudos autodidáticos) e pela
subsequente insistência em se falar
constantemente em Esperanto. Isso
massageia, exercita e incita o córtex-frontal a
“raciocinar” cada vez mais automaticamente
em Esperanto.
Há o misoneísmo cerebral, que é o fenômeno
de resistência ao novo oferecido pelo cérebro
sempre que é instado a absorver uma coisa
nova, ou por medo (neofobia) ou por
preguiça. Mas com a qualidade do método
associado com a satisfação íntima no curso do
processo cognitivo, o cérebro vai cedendo
lugar ao prazer de falar e de se ver falando
sem esforço. Circuitos cerebrais antagônicos
(uns de resistência contra o novo e contra o
esforço e outros de aceitação com prazer
(córtex órbito-frontal)) digladiam-se durante
algum tempo, até a vitória da resistência do
neofalante contra a resistência do cérebro,
que em princípio gosta mesmo é da língua
materna. [Materna aí entenda-se no duplo
sentido. Materna, porque vernacular, e
materna, por ser a primeira ouvida e usada
como meio de comunicação com a própria
mãe do sujeito, que agora, para o cérebro, é
um traidor, um desalmado, um insensível com
a tradição familiar.]
Língua é um fenômeno natural (ou naturaliza-
do), mas é também um fenômeno humano,
portanto, afetivo. Por isso, o Esperanto deve
ser aprendido com amor, sem tortura, sem
obrigação. O rigor do método, a disciplina das
duas horas diárias no processo da incubação e
a guerra mental ou intraneocortical devem ser
vistas e tidas como desafios a superar rumo a
uma meta, não como sacrifícios nem
sofrimento. O prazer e o desejo obcecado de
chegar ao cimo da montanha é o que motiva e
energiza o alpinista a lutar determinadamente
para vencer a escalada com suas cordas e
machadinhas. Só que a montanha tem um
cimo que o alpinista conhece onde fica. Já a
fluência do Esperanto, nunca se sabe quando
vai alcançar efetivamente, mas se se usar a
corda não do relógio, mas da energia da
esperança e da autoconfiança, e se se usar
não a machadinha, mas o martelo para
martelar o juízo com os incessantes exer-
cícios, com certeza vai-se alcançar o cimo da
fluência. E essa certeza pode advir do fato de
o aprendiz-escalador já ir falando
gradativamente, com os estágios, as leituras
em voz alta, os laboratórios e as conversações
orientadas em sala de aula, e o uso exaustivo
do velho método de perguntas e respostas
programadas e improvisadas. De repente, a
fluência surge como resultado de uma longa e
fina linha de fluências parciais que vão
apontando no horizonte da aplicação
linguística diuturna, ainda que (idealmente)
devagar, com suavidade, com pausas para
respirar e para ouvir o interlocutor. [O bom
dialogador em qualquer língua é aquele que
fala com brandura, seguindo uma etiqueta
estratégica que lhe permita raciocinar e
escolher as palavras e frases mais
convenientes para externar, quando for a sua
vez de usar da palavra. Então, falar
fluentemente não é falar com rapidez, mas,
sim, com elegância, com moderação, com
habilidade e controle de fluxo de ideias.
Particularmente o Esperanto, oralizado a partir
dessa proposta, passa a ser também um
exercício de inteligência emocional.]
Há outras motivações que costumam
despertar mais cedo a fluência, como, por
exemplo, a iminência de uma viagem
internacional, a participação em um congresso
de Esperanto, o interesse em receber
esperantistas na própria casa, a conquista de
um coração esperantista, a vontade de falar
sobre suas ideias, ofícios, talentos ou artes
em Esperanto etc. [A própria Arte em si dá
uma coragem especial, inspiradora, para se
"jogar" logo o Esperanto para fora, ou pela
voz ou pela escrita. É o que pode ter motivado
a poetisa Adèle, do Congo, a falar em
Esperanto após apenas quatro dias de
aprendizado. Vide em
https://www.youtube.com/watch?
v=cYTnkOPvb7Y&list=PLrHTBT4qo1pw241UFI
HN%C4%89sMBXwj9fxIN. No caso, a arte
motivadora foi a própria Poesia.] Aprender por
mero diletantismo já é bom, mas, quando se
tem uma motivação especial, melhor ainda.
Mesmo quem já domina a gramática, mas não
fala, deve reservar esses seis meses para o
trabalho dirigido para a conversação, porque é
uma oportunidade de se dar um salto de
qualidade na sua vida de esperantista, a
menos que não se queira fluir oralmente na
língua e se contente apenas com o prazer de
divulgar, ler, escrever, ouvir e ensinar o
Esperanto. [Conhece o bordão “quem sabe,
faz; quem não sabe, ensina”? Pois é. Há
missões para tudo no campo da divulgação do
Esperanto. Mas, o prazer de falar com fluência
e desenvoltura é ímpar, não privilégio dos
mais inteligentes, mas privilégio dos que
quiseram botar a língua pra fora. Simples.
Dedicaram-se especificamente a esse
objetivo, ou já durante o aprendizado básico,
ou a partir de certa fase de sua vida como
esperantista.]

Mas, enfim, o que é falar fluentemente em


Esperanto?
Bem, o Esperanto, como todo idioma, não é
somente um fenômeno natural. Ele é também
um fenômeno racional. Toda língua humana
tem essa dualidade. É uma manifestação
inteligente elaborada, ainda que possa ocorrer
sem pensar, já que a fala é também uma
expressão emocional, impulsionada de zonas
profundas do cérebro, confundidas com o
próprio inconsciente. Ninguém fala sem
regras, mesmo quando estas saem aleijadas,
e as regras são aprendidas, ou naturalmente
ou artificialmente. Então, fala fluentemente é
quem internalizou as regras pela repetição, já
memorizou o vocabulário básico necessário
para sobreviver na selva dos contatos
comunicacionais humanos, e ponto.
O ideal é haver uma memorização gradativa
como fruto de uma insistência metodológica e
de uma repetição do que se aprendeu, mesmo
que pareça enfadonho. Quanto mais se repete
o que já se sabe, mais fundo se introduz o
saber para uso futuro e proficiente. É o
segredo do método Kumon. Treina-se o
cérebro para raciocinar rápido e corretamente
a partir de exercícios continuados e gradativos
dos fenômenos gramaticais, sem
necessariamente ter de se saber a teoria das
regras nem o nome dos institutos gramaticais.
O importante é se saber qual é a regra da vez
e usá-la repetidamente em exercícios pré-
programados ou improvisados.

Ressaltemos, contudo, que quanto mais


prazerosos forem o método, o texto, o estilo
do professor, mais chances há de se
memorizar permanentemente as regras e
palavras. A memória cerebral é naturalmente
seletiva para aquilo que lhe causou prazer
bem como para o que lhe causou estranheza,
espanto, surpresa. É bom se apaixonar pelo
processo cognitivo e incubador. Analisar com
a lupa cada palavra nova, cada regra nova.
Recepcionar o novo com sorrisos. Curtir cada
nova etapa, cada nova lição. Estagiar sempre
que possível, em situações práticas, para
vivenciar o que já aprendeu.

No caso do Esperanto, há algumas


peculiaridades a observar e que talvez
acabam intimidando muitas pessoas de boa
família a soltar a língua. Quais são?
Primeiro, a maioria de nós parte para
aprender o Esperanto depois de já ter
fracassado no aprendizado do inglês. Trauma
número 1.
Segundo, a maioria de nós parte para
aprender o Esperanto depois de a moleira já
ter se calcificado por completo, ou seja,
quando já está adulto, cheio de bloqueios,
traumas escolares da infância decorrentes dos
métodos engessantes de aprendizado, cheio
de dúvidas e de dívidas, frustrações
amorosas, problemas neurológicos etc. Por
outro lado, quem busca aprender Esperanto é
porque quer aprender. Isso é vantajoso. Ele
não o faz por obrigação. É meio caminho
andado para um processo prazeroso de
aprendizado, desde que não haja traumas ou
decepções com o método ou com o professor
durante a sequência cognitiva.
Terceiro, aprendemos logo nas primeiras aulas
que o Esperanto é uma língua universal. Logo
somos orientados a aprender o Esperanto
gramaticalmente correto. Não existe
Esperanto descritivo ou informal. O Esperanto
é subordinado a uma gramática culta e
unificada, para se manter seu estado puro e
evitar variantes ou até dialetos mundo afora.
Isso cria a síndrome de hipercorreção ou
perfeccionismo na cabeça de adultos já
“prejudicados” e que são inimigos da fluência
sem cabresto.

Na prática sabemos e vemos que há o


Esperanto falado, e aí ele sai de qualquer jeito
da boca dos falantes, e há o Esperanto
escrito, que também pode ter traços de
oralidade, se for usado em chats e mensagens
informais pela internet. E há o Esperanto
escrito formal, que é o dos livros, revistas,
artigos etc. Claro que o Esperanto dos botecos
deve ser igualmente padronizado, a partir de
uma consciência preservacionista individual,
mas, via de regra (não gramatical, mas
cultural), o que se falou e da forma como se
falou, está falado. O Esperanto vivo é aquele
que acabou de ser falado num processo
comunicacional e que pode ou não ser
revisado visando a uma melhor regulação ou
compreensão do interlocutor. Mas isso não
pode virar uma neura, porque senão gera um
cancro duro antifluidor. A questão não é ter
coragem de falar. A questão é ter necessidade
de se comunicar afirmando, negando,
perguntando ou respondendo. Em princípio é
isso. O Esperantista comum não tem que ser
necessariamente um intelectual, um linguista,
um gramático. Ele é apenas um usuário de um
Esperanto que dê para o gasto. O esperável,
contudo, é que esse Esperanto para o gasto
seja razoavelmente correto, ainda que
contaminado com formas de expressão típicas
da língua materna, o que se corrige com
leituras de textos em Esperanto modelar.
Frise-se que o chamado Esperanto modelo
não é exatamente um Esperanto correto. O
Esperanto não é uma língua dos anjos. É uma
língua dos homens e feito por um homem. A
rigor, não existe língua correta. Existe língua
feita para comunicar, e as regras são antes
convenções para regular e uniformizar os
códigos de entendimento entre os falantes
codificadores e decodificadores. O Esperanto
foi criado e proposto por Zamenhof (em 1887)
como ele foi criado, com seus idiotismos,
expressões idiomáticas, figuras de linguagem
e todos os demais traços de línguas naturais,
intencionalmente, apesar da sua gramática
basicamente lógica. A diferença é que foi
criado para servir a toda a humanidade como
a uma grande aldeia global. Daí não haver
sentido na geração de dialetos e variantes
regionais no Esperanto.
Então, Esperanto modelo é o Esperanto de
Zamenhof e, no máximo, o de seus
contemporâneos (Lydia Zamenhof, Kabe e
Edmond Privat) e o de alguns clássicos do
século XX (Julio Baghy, Porto Carreiro Neto,
Marjorie Boulton,Gaston Waringhien e Kálmán
Kalocsay). Eles podem ser tidos como
representantes do Esperanto modelo, não
aquele pessoal da revista Esperanto, que usa
uma linguagem eruditíssima e rebuscada,
conquanto tecnicamente perfeita e até
agradável aos olhos, mas não aos lábios.
[Destaque-se que o termo “clássicos” aí deve
ser visto com ressalva. Não existe o Esperanto
clássico. O Esperanto do fim do século XIX é o
Esperanto ainda vigente. A partir de uma ótica
estruturalista saussuriana, diacronia e
sincronia confundem-se na aplicação prática
da Língua Internacional.] O Esperanto da
primeira geração é e deve ser sempre o
modelar, primeiro porque já nasceu e ainda é
perfeito para preencher as necessidades de
expressão em todos os níveis e ambientes
temáticos, e, segundo, porque é o guardião da
uniformidade no tempo e no espaço das
sociedades de esperantistas anônimos
diasporizadas em todos os quadrantes do
globo e das gerações de falantes, inclusive as
do futuro pós-transicional planetária.
Mas o segredo de usar o Esperanto o mais
modelarmente possível está no processo de
aprendizado. Quem aprende certo, tende a
usar certo na vivência prática, assim
internalizando as regras, como se elas fossem
naturais. [Os paraenses, por exemplo, usam
um português que, para o resto do Brasil é
considerado culto, mas que para eles é
natural (especialmente quanto ao uso dos
pronomes). Questão de condicionamento
histórico do cérebro, de aprender o português
culto herdado dos pais e avós e da
comunidade. As novas gerações de lá falam
corretamente sem saber por que e sem
consciência de que falam o português culto. O
importante é a língua materna que
internalizaram desde cedo.]

No caso da internalização do Esperanto para


uso oral, siga-se a bula escolar. O Esperanto
não é a língua materna, mas pode ser uma
língua maternal. Se houver um aprendizado
dentro de uma metodologia que privilegie o
Esperanto modelo, transmitido com amor e
bom humor, mesmo quando intermediado
com alguma exigência ou cobrança mais chata
ou com as famigeradas provas, a tendência é
que o aluno, quando acender a sua luz na
vivência linguística, falará modelarmente,
porque terá herdado não a língua da mãe,
mas a língua do método cognitivo e afetivo,
veiculado pelo professor e pelos textos que
usou para se exercitar.
Claro que o aperfeiçoamento seja
permanente, buscando-se dominar cada vez
mais o Esperanto modelo.

Na sala de aula o professor deve falar em


Esperanto o tempo todo, à exceção das
traduções eventuais. A sala de aula é uma
oficina linguística, um liceu, onde se vai
praticando o que se aprendeu em casa.
Hoje os cursos de Esperanto, pelo menos no
Brasil, têm de ser no sistema EAD
semipresencial, ou seja, o aluno deve estudar
e fazer exercícios passados pelo professor e ir
à escola uma vez por semana, a fim de se
exercitar presencialmente com o professor e
demais colegas, sendo que o professor tem a
função precípua de orientador. Ele não deve
exercer o papel principal de ensinador, mas
sim de introdutor e orientador das lições do
método, fazendo também o papel de revisor
do que cada aluno vai falando, facilitando
vivências, estimulando improvisações,
rodadas de perguntas e respostas e de
conversação livre, jogos, músicas e por aí
afora, tudo sem tradução, diretamente,
emulando ambientes da vida social lá fora.

Mas o estudo do conteúdo programático do


método deve ser feito em casa mesmo, a
menos que a aula presencial seja longa
suficiente para possibilitar estudo gramatical e
prática, ou que haja mais de uma aula por
semana. Neste caso, o professor pode ser ele
mesmo o ensinador da lição e pode fazer
depois os demais papéis pedagógicos.
O importante é haver a pegada de seis meses,
a sequência de ouro, a sós ou com a ajuda de
um professor ou pelo incentivo de um grupo,
centralizadas no estudo analítico individual,
com a observância e criação de uma exaustiva
sequência de perguntas e respostas, para se
chegar ou perceber, do nada, a língua vivendo
por si só a partir de seus lábios, ainda que
antes a partir de sua caneta, de sua leitura e
de sua escuta incansáveis. É um momento
mágico e felicitador ver-se usando a língua de
improviso, sem partitura, formando as
sequências de palavras praticamente no ato,
sem cansar o cérebro e o aparelho fonador,
sem pensar muito, sem traduzir mentalmente
para falar. Mas para se chegar a esse
momento mágico ou de ouro, tem que se
anteceder uma sequência conducente e
luzente a esse propósito.
Tirantes as criancinhas e os superdotados
linguísticos ou verbais (que são poucos) a
grande maioria de nós da geração
tecnologizada e avessa aos livros,
principalmente aos didáticos sem recursos de
apoio multimidiáticos, só consegue alcançar a
vitória da fluência oral em qualquer língua não
materna, se for com um método
conversacional e que seja encarado com muita
disciplina, diuturnidade e resistência contra
resistências, principalmente do próprio
cérebro, em princípio, e da timidez, que se
caracteriza quer pelo medo de se expor
errando, quer pela vergonha ou acanhamento
resultante de traumas inibidores trazidos da
infância familiar ou escolar.
Claro que quanto mais se pratica a fala, mais
vai se automatizando a língua nos vários
córtices cerebrais e mais vai se ajustando o
aparelho fonador aos fonemas próprios da
nova língua. É um exercício constante, que
pode ser feito presencialmente ou pela
internet. [Três dos melhores meios virtuais
para a prática conversacional atualmente são
o Paltalk, o Hangout (do Google+) e o Skype.]

Leitura recomendada para quem quiser


aprofundar o tema: “Fluência em
Esperanto” (Livro+DVD), de Emílio Cid e
Luiz Portella (editora Pentuvio).
Josenilton kaj Madragoa
Enviado por Josenilton kaj Madragoa em 04/04/2011
Reeditado em 24/01/2014

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