Amílcar Mário QUINTA marquinta@yahoo.com Plano de Apresentação Jus Cogens: Razão de ser do jus cogens; Natureza jurídica; Exemplos de normas imperativas de direito internacional. Soft law: Conceito; Características das normas de soft law; Razão de ser; Natureza jurídica; Domínios de aplicação. Artigo 38.º ETIJ 1. O Tribunal, cuja função é decidir em conformidade com o direito internacional as controvérsias que lhe forem submetidas aplicará:
a) As convenções internacionais, quer gerais, quer especiais, que
estabeleçam regras expressamente reconhecidas pelos Estados litigantes; b) O costume internacional, como prova de uma prática geral aceite como direito; c) Os princípios gerais de direito, reconhecidos pelas nações civilizadas; d) Com ressalva das disposições do artigo 59.º, as decisões judiciais e a doutrina dos publicistas mais qualificados das diferentes nações, como meio auxiliar para a determinação das regras de direito.
2. A presente disposição não prejudicará a faculdade do Tribunal
de decidir uma questão ex aequo et bono [equidade], se as 3 partes assim convierem. Jus Cogens Jus Dispositivum V. Jus Cogens: Jus dispositivum: Norma de direito cuja aplicação pode ser derogada pela vontade de particulares. Jus cogens: Norma de direito cuja aplicação é obrigatória e não pode ser derrogada por vontade de particulares. As normas de jus cogens criam obrigações internacionais erga omnes. O jus cogens visa a tutela da ordem pública internacional para a satisfação do interesse comum da sociedade internacional. Jus Cogens (2) Relatório da Comissão de Direito Internacional [Vol. II, ILC Yearbook (1966) pp. 247 et seq]: “1. O entendimento segundo o qual não existem normas de direito internacional que não possam ser afastadas pela vontade dos Estados, é cada vez mais dificil de defender …. 2. [N]a codificação do direito dos tratados se deve partir do pressuposto de que, actualmente, existem normas que não podem ser, de modo algum, derrogadas pelos Estados por via de um tratado e que só podem ser sujeitas a modificação mediante uma norma da mesma natureza …. 3. [N]ão existe um critério simples mediante o qual uma norma possa ser identificada como sendo uma norma geral com a natureza de jus cogens. Ademais, a maioria das normas de direito internacional não possuem tal natureza …. […] Jus Cogens (3) Relatório da Comissão de Direito Internacional [Vol. II, ILC Yearbook (1966) pp. 247 et seq]: “4. Não é a forma de norma geral de direito internacional, mas sim a natureza especial da matéria de que ela é objecto que, no entender da Comissão, lhe atribui a natureza de jus cogens …. 5. A emergência de normas com o carácter de jus cogens, é relativamente recente, enquanto o direito internacional se encontra num processo de rápido desenvolvimento. A Comissão considera que a melhor opção é aquele que, em termos gerais, acautele que um tratado seja nulo se for incompatível com uma norma de jus cogens, deixando o conteúdo integral desta norma a ser desenvolvido pela prática dos Estados e pela jurisprudência dos tribunais internacionais [….] Jus Cogens (4) Art. 53.º da Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados (1969): É “uma norma aceite e reconhecida pela comunidade internacional dos Estados no seu todo como norma cuja derrogação não é permitida e que só pode ser modificada por uma nova norma de direito internacional geral com a mesma natureza.” Jus Cogens (6) Violação do jus cogens: “É nulo todo o tratado que, no momento da sua conclusão, seja incompatível com uma norma imperativa de direito internacional geral.” [Art. 53.º da Convenção de Viena]
“Se sobrevier uma nova norma imperativa
de direito internacional, geral, qualquer tratado existente que seja incompatível com essa norma torna-se nulo e cessa a sua vigência.” [Art. 64.º da Convenção de Viena] Jus Cogens (7) Exemplos de jus cogens: Igualdade jurídica dos Estados; Princípio da não-intervenção; Proibição do uso da força nas relações internacionais; Obrigação da solução pacífica de diferendos; Princípio da autodeterminação dos povos; Direitos e liberdades fundamentais. Proibição da tortura; Proibição do genocídio; Proibição da escravatura; Proibição da pirataria; Soft Law Conceito: Soft Law ≠ Hard Law;
Hard Law = direito positivo.
São normas obrigatórias;
Soft Law = direito flexível ou direito mole.
São normas não obrigatórias e de aplicação facultativa.
Existe divergência doutrinal sobre a
definição de soft law. Soft Law (2) Características das normas de soft law: São normas incitativas e programáticas; Geralmente não contêm disposições finais relativas à ratificação ou entrada em vigor; Não dispõem de normas relativas à sua criação, aplicação, interpretação, modificação, término e validade; São normas de força vinculativa duvidosa. Soft Law (3) Razão de ser das normas de soft law: Complexidade do processo legislativo internacional; Podem ser adoptadas e modificadas de forma mais rápida e flexível; São mais facilmente negociáveis; Impõem “baixos custos à soberania” estadual em areas sensíveis; Permitem o amadurecimento de consensus generalis sobre determinado assunto; Lidam melhor com a diversidade existente no sistema internacional. Soft Law (4) Natureza jurídica: É uma fonte autónoma de direito internacional; O valor jurídico do soft law depende do Tratado Constitutivo das organizações internacionais; As suas normas podem contribuir para a formação do costume internacional. Soft Law (5) Domínios de aplicação do soft law: Direitos Humanos; Ex. Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948); Ex. Declaração da SADC sobre Género e Desenvolvimento (1997).
Direito Internacional do Ambiente;
Ex. Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (1992).
Direito Económico Internacional;
Ex. Lei Quadro sobre Arbitragem Comercial Internacional (1985). Próxima Aula
Sujeitos de Direito Internacional.
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Novo Direito Internacional: Revendo a Teoria do Direito Internacional Público a partir das teorias do Jus Cogens, Direitos Humanos e Processo Legal Transnacional e a potencial aplicação pelos Tribunais Internacionais