Você está na página 1de 18

JUS COGENS

SOFT LAW

Direito Internacional Público (2019)


Amílcar Mário QUINTA
marquinta@yahoo.com
Plano de Apresentação
 Jus Cogens:
 Razão de ser do jus cogens;
 Natureza jurídica;
 Exemplos de normas imperativas de direito
internacional.
 Soft law:
 Conceito;
 Características das normas de soft law;
 Razão de ser;
 Natureza jurídica;
 Domínios de aplicação.
Artigo 38.º ETIJ
1. O Tribunal, cuja função é decidir em conformidade com o
direito internacional as controvérsias que lhe forem
submetidas aplicará:

a) As convenções internacionais, quer gerais, quer especiais, que


estabeleçam regras expressamente reconhecidas pelos
Estados litigantes;
b) O costume internacional, como prova de uma prática geral
aceite como direito;
c) Os princípios gerais de direito, reconhecidos pelas nações
civilizadas;
d) Com ressalva das disposições do artigo 59.º, as decisões
judiciais e a doutrina dos publicistas mais qualificados das
diferentes nações, como meio auxiliar para a determinação
das regras de direito.

2. A presente disposição não prejudicará a faculdade do Tribunal


de decidir uma questão ex aequo et bono [equidade], se as
3
partes assim convierem.
Jus Cogens
 Jus Dispositivum V. Jus Cogens:
 Jus dispositivum: Norma de direito cuja
aplicação pode ser derogada pela vontade de
particulares.
 Jus cogens: Norma de direito cuja aplicação é
obrigatória e não pode ser derrogada por
vontade de particulares.
 As normas de jus cogens criam obrigações
internacionais erga omnes.
 O jus cogens visa a tutela da ordem pública
internacional para a satisfação do interesse
comum da sociedade internacional.
Jus Cogens (2)
 Relatório da Comissão de Direito Internacional
[Vol. II, ILC Yearbook (1966) pp. 247 et seq]:
“1. O entendimento segundo o qual não existem normas de
direito internacional que não possam ser afastadas pela
vontade dos Estados, é cada vez mais dificil de defender ….
2. [N]a codificação do direito dos tratados se deve partir do
pressuposto de que, actualmente, existem normas que não
podem ser, de modo algum, derrogadas pelos Estados por via
de um tratado e que só podem ser sujeitas a modificação
mediante uma norma da mesma natureza ….
3. [N]ão existe um critério simples mediante o qual uma norma
possa ser identificada como sendo uma norma geral com a
natureza de jus cogens. Ademais, a maioria das normas de
direito internacional não possuem tal natureza ….
[…]
Jus Cogens (3)
 Relatório da Comissão de Direito Internacional
[Vol. II, ILC Yearbook (1966) pp. 247 et seq]:
“4. Não é a forma de norma geral de direito internacional, mas
sim a natureza especial da matéria de que ela é objecto que,
no entender da Comissão, lhe atribui a natureza de jus cogens
….
5. A emergência de normas com o carácter de jus cogens, é
relativamente recente, enquanto o direito internacional se
encontra num processo de rápido desenvolvimento. A
Comissão considera que a melhor opção é aquele que, em
termos gerais, acautele que um tratado seja nulo se for
incompatível com uma norma de jus cogens, deixando o
conteúdo integral desta norma a ser desenvolvido pela prática
dos Estados e pela jurisprudência dos tribunais internacionais
[….]
Jus Cogens (4)
 Art. 53.º da Convenção de Viena sobre
o Direito dos Tratados (1969):
 É “uma norma aceite e reconhecida
pela comunidade internacional dos
Estados no seu todo como norma cuja
derrogação não é permitida e que só
pode ser modificada por uma nova
norma de direito internacional geral
com a mesma natureza.”
Jus Cogens (6)
 Violação do jus cogens:
 “É nulo todo o tratado que, no momento da
sua conclusão, seja incompatível com uma
norma imperativa de direito internacional
geral.” [Art. 53.º da Convenção de Viena]

 “Se sobrevier uma nova norma imperativa


de direito internacional, geral, qualquer
tratado existente que seja incompatível com
essa norma torna-se nulo e cessa a sua
vigência.” [Art. 64.º da Convenção de Viena]
Jus Cogens (7)
 Exemplos de jus cogens:
 Igualdade jurídica dos Estados;
 Princípio da não-intervenção;
 Proibição do uso da força nas relações
internacionais;
 Obrigação da solução pacífica de diferendos;
 Princípio da autodeterminação dos povos;
 Direitos e liberdades fundamentais.
 Proibição da tortura;
 Proibição do genocídio;
 Proibição da escravatura;
 Proibição da pirataria;

Soft Law
 Conceito:
 Soft Law ≠ Hard Law;

 Hard Law = direito positivo.


 São normas obrigatórias;

 Soft Law = direito flexível ou direito mole.


 São normas não obrigatórias e de
aplicação facultativa.

 Existe divergência doutrinal sobre a


definição de soft law.
Soft Law (2)
 Características das normas de soft law:
 São normas incitativas e
programáticas;
 Geralmente não contêm disposições
finais relativas à ratificação ou entrada
em vigor;
 Não dispõem de normas relativas à
sua criação, aplicação, interpretação,
modificação, término e validade;
 São normas de força vinculativa
duvidosa.
Soft Law (3)
 Razão de ser das normas de soft law:
 Complexidade do processo legislativo
internacional;
 Podem ser adoptadas e modificadas de
forma mais rápida e flexível;
 São mais facilmente negociáveis;
 Impõem “baixos custos à soberania”
estadual em areas sensíveis;
 Permitem o amadurecimento de
consensus generalis sobre determinado
assunto;
 Lidam melhor com a diversidade
existente no sistema internacional.
Soft Law (4)
 Natureza jurídica:
 É uma fonte autónoma de direito
internacional;
 O valor jurídico do soft law depende
do Tratado Constitutivo das
organizações internacionais;
 As suas normas podem contribuir
para a formação do costume
internacional.
Soft Law (5)
 Domínios de aplicação do soft law:
 Direitos Humanos;
 Ex. Declaração Universal dos Direitos Humanos
(1948);
 Ex. Declaração da SADC sobre Género e
Desenvolvimento (1997).

 Direito Internacional do Ambiente;


 Ex. Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento (1992).

 Direito Económico Internacional;


 Ex. Lei Quadro sobre Arbitragem Comercial
Internacional (1985).
Próxima Aula

 Sujeitos de Direito Internacional.


Bibliografia
 ACCIOLY, HILDEBRANDO POMPEO PINTO/SILVA, GERALDO
EULÁLIO/CASSELA, PAULO BORBA/ACCIOLY, HILDEBRANDO.- Manual de
Direito Internacional Público, 21ª edição, São Paulo: Editora Saraiva, 2015.
 BACELAR GOUVEIA, JORGE.- Manual de Direito Internacional Público,
5ª edição, Almedina, Coimbra, 2017.
 BROWNLIE, IAN.- Princípios de Direito Internacional Público,
Gulbenkian, Lisboa-1997.
 FRANÇA VAN-DÚNEM, F. J. D.- Apontamentos de Direito Internacional
Público, (Textos policopiados), Luanda.
 GONÇALVES PEREIRA, ANDRÉ/QUADROS, FAUSTO.- Manual de Direito
Internacional Público, reimpressão da 3.ªa Edição Revista e Aumentada,
Almedina, 2015.
 MACHADO, JÓNATAS E. M.- Direito Internacional. Do paradigma
clássico ao pós 11 de Setembro, 4ª Edição, Coimbra Editora, 2013.
 MIRANDA, JORGE.- Direito Internacional Público, PRINCIPIA, S. João do
Estoril, 6ª edição Revista e Actualizada, 2016.
 NGUYEN QUOC DINH/ DAILLIER, PATRICK/ PELLET, ALAIN.- Direito
Internacional Público, Gulbenkian, Lisboa, 1999.
 REZEK, FRANCISCO J.- Direito Internacional Público - Curso
Elementar, 17ª edição, São Paulo: Editora Saraiva, 2018.
JUS COGENS

SOFT LAW

Direito Internacional Público (2019)


Amílcar Mário QUINTA
marquinta@yahoo.com

Você também pode gostar