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A responsabilidade internacional das empresas

militares privadas (EMPs)


Juliana Piubel Gaspar1
Fernanda Brandão Lapa2

Recebido em: 29/4/2011


Aprovado em: 26/9/2011

Resumo: O objetivo do presente trabalho é esclarecer ao leitor sobre o instituto que começa
a fazer parte da realidade global de uma maneira mais incisiva e ainda pouco conhecida:
as chamadas empresas militares privadas (EMPs). Este trabalho é dedicado a expor os
instrumentos legais direcionados às EMPs na tentativa de definir e regular suas atividades.
Para isso, foi necessária uma breve incursão histórica ao plano em que elas atuam, qual
seja, a indústria da guerra, seguida pela questão de qual seria a jurisdição responsável
para julgamento dos crimes cometidos em sede de guerra ou conflitos armados. Para
auxiliar a compreensão, abordou-se outro instituto – as Forças Armadas – de modo que,
por meio de comparação, é possível ter uma maior noção das atividades das EMPs. Ainda,
uma das questões mais controversas: se as EMPs são capazes de figurar no polo passivo
das jurisdições disponíveis; se não elas, quem, e sabendo quem, como seria a aceitação
dessa jurisdição.
Palavras-chave: privatização da guerra; soldados contratados; Forças Armadas;
responsabilidade internacional; mercenários; empresas militares privadas.

Abstract: The goal of the present paper is to enlighten the reader about a rising institute in
a global scenario, in a much more incisive way and not very known: the so called Private
Military Companies (PMCs). This paper is dedicated to exposing legal tools directed to
PMCs, in attempt to define and control it’s activities. For that, it necessary a brief history
about where they act, that being the industry of war, followed by the question: which
jurisdiction is responsible for judging crimes committed in wars or armed conflicts. To make
it easier, a comparison between PMCs, armies and mercenaries was made. There are, still,
controversial issues about PMCs; as in are they able to be a defendant at an international
court; if not, who would be in their places, and, knowing who, how would this jurisdiction
be accepted.
Keywords: privatization of war; hired guns; armed forces; international responsability;
mercenaries; private military companies.

INTRODUÇÃO empresas militares privadas (EMPs), como


também provocar uma reflexão acerca da
Este artigo é fruto de um trabalho de responsabilidade internacional de suas ações.
conclusão de curso apresentado na Univille. No século XXI percebe-se o aumento dos
O objetivo principal foi expor a existência das desafios a serem enfrentados pelos Direitos

1
Acadêmica do curso de Direito da Univille.
2
Professora do departamento de Direito da Univille. Coordenadora da Clínica de Direitos Humanos, orientadora.

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A responsabilidade internacional das empresas militares privadas (EMPs)

Internacional, Penal, Humanitário e pelos Este artigo traz a definição das EMPs e
direitos humanos. As ameaças existentes à paz suas semelhanças e divergências em relação aos
e à segurança internacionais, a consolidação mercenários. Em um segundo momento, trata
de novos sujeitos de direito internacional, a de quem seria a responsabilidade pela violação
atual geopolítica mundial e as novas formas dos direitos das pessoas em um caso de conflito
de fazer uma guerra são alguns dos desafios causado por uma EMP, apresentando assim
encontrados durante a pesquisa para analisar algumas experiências práticas e, também, quais
esse assunto. são as propostas de regulamentação existentes
É importante ressaltar que o tema das atualmente.
EMPs não aborda apenas a área de Direito
Internacional Público, mas também as relações
internacionais. A área de conhecimento destas
tem como principal objeto o estudo das relações
FORÇAS ARMADAS
políticas, econômicas, culturais, entre outras.
Percebe-se assim que o Direito passa a ser um Para garantir que um Estado tenha sua
dos instrumentos de estudo, e não apenas o segurança e integridade intocadas, é necessário
único (VARELLA, 2009, p. 2). “Enfim, as relações que ele tome medidas para prevenir e repelir
internacionais envolvem-se com as relações da qualquer tipo de ameaça, por meio de um
realidade da sociedade internacional, vista sob instituto chamado Forças Armadas, que
a perspectiva mundial” (OLIVEIRA, 2001, p. 69). engloba, basicamente, as forças naval, aérea e
Não há como falar de guerras e intervenções terrestre de um Estado.
militares sem uma análise mais conjuntural das Essas três forças, combinadas, defendem
relações internacionais. o Estado de toda e qualquer ameaça que
Para tratar a questão da responsabilidade possa surgir, sejam elas externas ou internas.
internacional, mister se faz verificar quem são É a política de defesa nacional que define a
os atores internacionais passíveis de serem segurança como
responsabilizados. Segundo Varella (2009, p.
3), atores internacionais são todos aqueles que condição que permite ao país a preservação
participam de alguma maneira das relações da soberania e da integridade territorial,
jurídicas e políticas internacionais. Logo, tal a realização dos seus interesses nacionais,
expressão é muito mais ampla do que sujeitos de livre de pressões e ameaças de qualquer
direito internacional, pois como sujeitos apenas natureza, e a garantia aos cidadãos
do exercício dos direitos e deveres
são reconhecidos, de acordo com a maioria dos
constitucionais (VARELLA, 2009).
doutrinadores, os Estados e as organizações
internacionais. Aqui já fica demonstrado o
desafio de tratar as EMPs como uma instituição O caso mais grave em que se vê a
passível de responsabilidade internacional, não intervenção das Forças Armadas é em uma
sendo considerada um sujeito clássico de direito guerra. Seja ela civil ou interestatal, as Forças
internacional público. Armadas são chamadas para garantir a ordem
Os atores internacionais atuais, como nacional e transnacional. Elas estão vinculadas
Estados, organizações internacionais, ao Poder Executivo e, portanto, é de sua
organizações não governamentais (ONGs), responsabilidade perante o Estado cumprir
empresas transnacionais, entre outros, são as missões para as quais sejam designadas,
muito mais abrangentes do que os sujeitos de de maneira honrosa e em consonância com os
direito internacional público. Sendo assim, como princípios de seu Estado.
responsabilizar algum agente que não seja um As Forças Armadas lutam por um ideal
Estado ou uma organização internacional? mantido como padrão no Estado e recrutam

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patriotas e honrosos para fazer parte de seus O desenvolvimento mais visível das EMPs
contingentes nacionais. ocorreu no fim dos anos 1980, marco histórico
Paralelamente às Forças Armadas, há mundial ilustrado pela queda do muro de
também os conhecidos como soldados da Berlim e conhecido como o fim da Guerra Fria.
fortuna, legionários, armas contratadas, Conforme Barrinha (2007, p. 1), sem a ameaça
assassinos de aluguel, guerreiros corporativos de uma guerra iminente, os Estados viram-se
ou mais comumente chamados de mercenários impelidos a investir em outros departamentos
(LANNING, 2005, p. 7). de interesse público.
Após o término da Guerra Fria o cenário
internacional mudou, e tal fato refletiu na
EMPRESAS MILITARES PRIVADAS (EMPS) estrutura de cada Estado: a realidade que exigia
um contingente repleto de soldados dentro das
Os registros sobre os primeiros soldados Forças Armadas não mais existia.
contratados datam de 3000 a.C., na região do Portanto, não se justificava um número
Egito. O início desse tipo de serviço deu-se tão alto de militares, razão pela qual muitos
em razão da vontade dos homens egípcios foram dispensados dos serviços, permanecendo
de desfrutarem as riquezas que haviam alistados na Reserva.
conquistado ao longo do tempo. Singer (2003)5 aponta esse fator como
Em meados do século XIV, o fim da o responsável pelo aumento de militares
Guerra dos Cem Anos3 repercutiu no âmbito desempregados por seus governos. Contudo,
dos soldados contratados, pois gerou um apesar de a Guerra Fria não mais existir, assim
grande número de soldados que perderam seus afirma Hobsbawm (2007, p. 28):
empregos.
Unidos por suas habilidades, porém sem Os conflitos armados dentro dos países
ter onde utilizá-las, muitos deles começaram a tornaram-se mais sérios e podem
prosseguir durante décadas sem
se organizar em grupos com todos os tipos de
perspectivas reais de vitória ou solução:
especialidade, para atender a toda e qualquer
Caxemira, Angola, Sri Lanka, Chechênia,
necessidade a qualquer tempo. Colômbia. Em casos extremos, como em
Surgiram, então, inúmeras companhias algumas regiões da África, o Estado pode
especializadas em combate, apenas esperando virtualmente deixar de existir; ou, como na
por um momento oportuno para oferecerem Colômbia, deixar de exercer o poder sobre
seus serviços em troca de dinheiro. Alguns uma parte do território do país.
desses soldados formaram, então, a Guarda
Suíça, que é, até os dias atuais, responsável pela Em parte pelo histórico já mencionado, e
segurança de uma das figuras mais imponentes em outra pela fama disseminada nos anos 1990,
e influentes do mundo, a Sua Santidade, o as EMPs foram definidas popularmente como
Papa4. se seus colaboradores fossem mercenários, ou

3
Guerra travada entre a Grã-Bretanha e a França. Ocorreu em razão da ausência de um descendente direto para
ascender ao trono da França, gerando uma oportunidade para o rei britânico Eduardo III, neto do monarca Felipe, o
Belo (1285-1314), reivindicar o trono na tentativa de unificar as coroas francesa e britânica.
4
O Papa atual foi eleito no conclave de 19 de abril de 2005 após a morte do Papa João Paulo II, sendo o 266.º papa
(SINGER, 2003, p. 34).
5
Peter Warren Singer é membro do Programa de Estudos de Política Externa sobre Segurança Nacional na Instituição
Brookings e diretor do Projeto Brookings sobre a política americana em relação ao mundo islâmico. Serviu também na
base do secretário da Defesa dos Estados Unidos na força-tarefa dos Bálcãs.

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seja, soldados alheios ao conflito, motivados é preferível a utilização de tropas cidadãs,


pelo ganho financeiro e, em alguns casos, que porque somente desse modo a paz interna e a
participavam diretamente dos combates. paz internacional estariam garantidas.
Muitos questionam a motivação de tais Hodiernamente, as EMPs são destinadas
soldados, se isso não traria riscos para a ao atendimento de um ramo seleto e altamente
sociedade de um modo geral, já que não se lucrativo6. São responsáveis pelos serviços
conhece sua pátria, e, ainda que se conhecesse, de segurança especializados relacionados a
isso seria irrelevante, uma vez que eles poderiam guerras e outros conflitos menores, incluindo
ser contratados para combatê-la. operações de combate, planejamento estratégico,
Contudo as EMPs merecem uma análise inteligência, apoio operacional e logístico,
um tanto mais profunda, a fim de que nenhum treinamento, compras e manutenção7.
julgamento seja feito de modo antecipado As EMPs estão presentes em diversos países,
e superficial, mas apenas a busca por uma cada qual com funcionários especializados
definição de quem são esses soldados. em algum tipo de habilidade de combate ou
Primeiramente, tem-se de fato uma questões administrativas.
motivação pessoal, que leva o soldado a lutar As equipes das EMPs são conhecidas
pela sua própria sobrevivência em sociedade. por serem compostas por ex-seals8 e grandes
Com o passar dos séculos, todavia, a oficiais militares, advindos do período de
desmilitarização depois da Guerra Fria, o que
visão de sobrevivência foi mudando para uma
significa que recursos humanos altamente
visão mais comercial, o que fez surgir uma
treinados fazem parte do contingente das EMPs
indústria lucrativa de soldados contratados
como colaboradores.
para batalhas.
Para melhor ilustrar as figuras das
Diferentemente dos soldados contratados,
EMPs, aproveitar-se-á uma situação em que
tem-se, do outro lado, os soldados oficiais do
é possível averiguar a operação de uma das
Exército, que têm outras motivações. Enquanto mais conhecidas no cenário atual. Seu nome
um luta em prol do seu Estado, motivado pelo era Blackwater9 e ficou bastante conhecida com
patriotismo e pela lealdade à sua nação, o outro os fatos que serão narrados adiante.
luta apenas pelo dinheiro, impulsionado pela Com a invasão dos Estados Unidos no
vantagem pessoal que poderá obter. Iraque, em 20 de março de 2003, introduziram-
É a sua falta de lealdade que os torna se, juntamente com o Exército americano, tropas
perigosos, pois possuem armas e habilidades formadas pelas EMPs, cujo dever era “proteger
para lutar por qualquer um dos lados de uma oficiais e autoridades do Departamento de
batalha, gerando um ambiente de desconfiança Estado” (SCAHILL, 2008, p. 26 e 28).
e insegurança muito grande. Isso demonstra Scahill (2008) detalha o dia 16 de setembro
a fragilidade dos princípios que regem a de 2007, perto do meio-dia, praça Nisour
conduta dos soldados mercenários em relação (Bagdá, Iraque), quando a Blackwater ficou
à conduta dos soldados cidadãos. Como forma mundialmente famosa e teve todos os olhos
de estabilidade sociogovernamental, portanto, do mundo sobre si:

6
Estima-se que foi gasto, só nos Estados Unidos da América, no ano de 2007, mais de US$ 1 bilhão nesse ramo de
investimento (FAINARU, 2007).
7
Definição atribuída pelo Centro para o Controle Democrático das Forças Armadas, de Genebra, em sua ficha sobre
segurança e EMPs.
8
Seals são oficiais do sexo masculino que fazem parte de operações especiais da Marinha dos Estados Unidos. A sigla
é uma junção das palavras mar, ar e terra no inglês, decorrente de sua habilidade de atuar em todos os terrenos
com excelência.
9
Fundada em 1996 por Erik Prince, atualmente atende pelo nome de Xe.

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Era um dia quente e úmido, com multibilionário para a reconstrução do


temperaturas atingindo os 38 graus. O Iraque em razão de suas atuações de
comboio fortemente armado da Blackwater segurança em momentos anteriores.
entrou no congestionado cruzamento do
distrito de Mansour, na capital iraquiana. Portanto, elas não fornecem só o serviço de
[...] A ameaçadora caravana consistia em força-tarefa; vendem a promessa de um Estado
quatro grandes veículos blindados modelo
reconstruído, com a base militar treinada pelos
“Mamba” de fabricação sul-africana, com
melhores colaboradores das EMPs e a ilusão de
metralhadoras de calibre 7.62 montadas na
parte superior. [...] Mas quando os Mambas segurança.
entraram na praça, [...] o comboio parou Pessoas familiarizadas com esse tipo de
abruptamente e um homem posicionou- indústria recorrem ao termo ilusão porque é
se acima do terceiro veículo, começando público e notório que as EMPs estão envolvidas
a disparar sua arma a esmo. [...] Um total em muitos casos de abusos no curso de suas
de 17 civis foram mortos pelas mãos da operações.
Blackwater. Dado o aumento significativo da indústria
da segurança privada no que diz respeito ao
A partir desse momento iniciaram-se seu meio de operação e à potencial capacidade
as críticas ferrenhas à utilização de EMPs, de cometer abusos, um aspecto preocupante
pois algumas questões de suma importância surge: qual é a posição legal que as empresas
começaram a surgir por intermédio da pressão de segurança privada ocupam na esfera do
internacional que a mídia exerce, além da Direito?
pressão interna, gerada pelas vítimas e pelos
seus familiares.
Com tal escândalo, dia que ficou conhecido MERCENÁRIOS X EMPS
como “domingo sangrento de Bagdá”, as notícias
de violações cometidas pelas EMPs passaram a Para que qualquer regulamentação possa
emergir das páginas remotas dos jornais para ser iniciada, faz-se necessário, primeiramente,
as telas das televisões. definir os termos a serem usados na futura
Ao contrário do que o senso comum dita, pré-resolução, resolução, estatutos, pré-códigos,
as EMPs não servem somente como pelotão ou seja, a serem empregados na elaboração de
de frente em uma batalha, mas também para qualquer documento formal que vai regular o
treinamento das próprias Forças Armadas, objeto em discussão.
como visto no Iraque. Até os dias atuais, porém, não há um consenso
Elas treinam militares, como afirma Singer por uma definição do termo “mercenários”
(2004, p. 523): (SINGER, 2003, p. 40), o que torna difícil a sua
criminalização, uma vez que, de acordo com o
Companhias privadas terão um papel princípio geral de Direito da Legalidade, nullum
importante na ocupação do Iraque, assim
crimen nulla poena sine praevia lege10.
como outras subjacentes, como, por
exemplo, o treinamento do exército pós-
Para o senso comum, mercenários são
Saddam, paramilitar e policial. De fato, conhecidos como soldados sem pátria que, por
outras companhias com forte expressão grandes somas de dinheiro, lutam por causas
no ramo de segurança privada como a suspeitas. Como já dito ao longo deste trabalho,
Bechtel e Halliburton firmaram contrato a própria palavra possui conotação pejorativa,

10
Brocardo jurídico que significa: não há crime, nem pena, sem lei que o anteceda.

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trazendo à tona um sentido de crueldade Singer (2004, p. 526) traduz o resultado


inerente e deslealdade. do uso de mercenários como “os aspectos
Essa definição, entretanto, não é de melhor marginais proporcionados pela utilização da
valia para o desenvolvimento do presente terceirização militar, mas certamente sem a
texto, assim como não se aproxima de uma transferência completa de responsabilidade que
compreensão maior acerca do tema. a privatização detém”.
O mais próximo que a humanidade chegou Se desde o início da regulamentação militar
de um consenso no que diz respeito à definição não há sequer uma definição jurídica plausível
de mercenário foi em 1977, com o Protocolo para o termo mercenários até os dias de hoje,
Adicional I às Convenções de Genebra, de 12 muito menos se obterá uma definição final do
de agosto de 1949, em relação à Proteção de que possa ser uma EMP. Ou seja, mesmo que
Vítimas de Conflitos Armados Internacionais. os mercenários de antigamente ainda existam
A própria Organização das Nações Unidas num plano marginal, as EMPs representam,
(ONU) utilizou o conceito em 1989 quando da hoje, a evolução da oferta de serviços militares
elaboração da Convenção Internacional contra por entidades privadas.
o Recrutamento, Utilização, Financiamento As EMPs são hierarquicamente organizadas
e Treinamento de Mercenários (2010) em seu no mercado de administração e negócios e
artigo primeiro, que tem a mesma redação do competem umas com as outras. Ainda, estão
Protocolo Adicional I. integradas no todo com o mercado global e
Singer (2004, p. 525) também oferece uma oferecem pacotes de serviços que vão desde
definição atraente: treinamentos para defesa pessoal, passando
por planejamento estratégico de uma operação
Primeiramente, há um consenso de que policial, até a sua utilização em territórios
mercenários são indivíduos que lutam estrangeiros para defesa dos interesses de um
por seus empregadores ao invés de lutar
país (BLACKWATER USA, 2010).
por sua pátria. Em segundo lugar, há
uma conexão financeira que distingue A prova de sua distinção em relação aos
mercenários de soldados voluntários: a mercenários é que as EMPs não funcionam em
motivação para combater dos mercenários um universo obscuro nem são tratadas como um
é o ganho econômico, enquanto soldados serviço irregular; são reconhecidas no âmbito
voluntários freqüentemente lutam por uma empresarial como altamente lucrativas.
causa específica. Em terceiro, a lealdade Ao contrário de muitas unidades
do mercenário não é movida por uma mercenárias, as EMPs são vistas como entidades
causa ou senso de dever, mas apenas pelo
legais vinculadas aos seus empregadores por
seu contrato. Diferentemente de outros
soldados, mercenários não lutam por seu meio de contratos reconhecidos juridicamente,
país, por suas casas, famílias ou por uma registrados, em muitos casos, pelo próprio
causa na qual acreditam: eles simplesmente Estado.
resolvem firmar um compromisso para com O registro das EMPs pelo Estado imputa
a guerra como uma forma de profissão. algumas obrigações a elas, como, por exemplo,
obter licenças de funcionamento com o
Uma das diferenças apontadas por Singer preenchimento dos requisitos previstos em lei e
(2004) é que os mercenários podem, a qualquer relatar, periodicamente, o status de sua atividade,
tempo, destratar o contrato firmado e, dessa tanto interna quanto externa (MULLER et al.,
forma, liberar-se da obrigação de servir em 2008, p. 164).
algum combate; já os soldados alistados do Trata-se de uma diferença notável, pois,
Exército não têm a opção de escolher se vão considerando o stricto sensu das EMPs, percebe-
ou não para determinado combate. se que elas são, desde a sua concepção, empresas

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com objeto lícito e juridicamente possível, em Além desse caso, as EMPs estão envolvidas
função de já possuírem uma regulamentação em incontáveis casos de assassinatos de civis
interna. por, aparentemente, nenhum motivo plausível
Por outro lado, como já falado, Singer (2003, ou comprovado. Uesseler (2009) acrescenta mais
p. 47) expõe que “mercenários operam em uma uma violação cometida pelas EMPs no decorrer
esfera completamente alienada à legalidade, o de conflitos: a denúncia de que colaboradores
que ocasiona uma fuga constante perante a lei, das EMPs mantinham escravas sexuais durante
burlando-a a todo tempo”. Tem-se, portanto, o conflito nos Bálcãs.
em uma análise superficial, a legalidade das Por causa do abuso do exercício da força
EMPs em relação à ilegalidade das atividades ocorrem as violações aos direitos humanos; as
mercenárias em vigor atualmente. pessoas que se encontram em meio a um conflito
Contudo, apesar de possível a distinção entre estão protegidas pelo Direito Humanitário,
mercenários e EMPs, fica claro que ainda não existente para garantir condições mínimas
há uma definição que atenda aos requisitos da justamente nos casos de guerras e conflitos
elaboração de um documento formal de âmbito armados.
internacional para regular a ação das EMPs. Quando se fala de violações como as
Isso significa dizer que, apesar das legislações supradescritas, o primeiro pensamento é
internas pertinentes à atuação das EMPs, elas unânime: punição aos culpados. No entanto
ainda se encontram sem regulamentação alguma desse pensamento surge uma outra questão de
na esfera internacional. suma importância no Direito, qual seja, a da
O foco que parece surgir aos poucos nos jurisdição competente para processar e julgar os
questionamentos da sociedade civil perante casos de violações ocorridas em solo estrangeiro
os órgãos internacionais é bem nítido: como por membros colaboradores das EMPs.
responsabilizar uma empresa pelas violações Tratando-se especificamente do caso da
que as EMPs cometem? Blackwater no Iraque, pode-se citar a Ordem 17 do
Iraque, que concedia aos membros colaboradores
das EMPs imunidade diplomática, de modo
CASOS PRÁTICOS que qualquer ilícito cometido não os alcançaria
(SCAHILL, 2008, p. 31).
As EMPs ficaram conhecidas mundialmente
Ainda que nessa circunstância específica
há cerca de 10 anos, e, ao contrário do que possa
esteja definida a jurisdição competente para
parecer, não foi em razão do ótimo serviço que
processar e julgar situações de violações de
elas prestam, mas sim das inúmeras violações
direitos humanos, não parece ser tão simples
que envolviam seus nomes em incidentes
assim em casos similares ao da Blackwater.
constrangedores e com um requinte de
crueldade.
Um dos exemplos de escândalos
relacionados às EMPs está no caso da descoberta LIMBO JURÍDICO DAS EMPS E SUA
de presos sendo torturados na prisão de FORMA DE RESPONSABILIZAÇÃO
Abu Ghraib11 por oficiais das tropas norte-
americanas, referindo-se também aos membros Uesseler (2009, p. 164) traz a situação
colaboradores das EMPs. jurídica em que estão as atuais EMPs:

11
Cidade iraquiana, a 32 km a oeste de Bagdá, construída por britânicos enquanto da sua ocupação no Iraque.

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O direito civil continua tratando as EMPs comando governamental serão considerados


como não-combatentes e os conta como do Estado e, por isso, responsabilizados.
parte da população civil; os adversários de Nesse plano, se um Estado contrata uma
guerra, porém, vêem neles o que realmente EMP, torna-se responsável pelas suas atividades.
são – partes da máquina da guerra. Com a
Isso garante apenas que o Estado por si responda
inclusão de soldados privados na condução
da guerra, abriu-se uma zona cinzenta aos atos de violações, sem a individualização de
perigosa, povoada por pessoas sem status quem quer que tenha cometido o ato.
jurídico definido. No âmbito do Direito Internacional
Humanitário, aplicam-se as suas normas em
Isso porque os colaboradores das EMPs função da condição de combatentes que os
não fazem parte do contingente militar, logo, indivíduos contratados pelas EMPs acabam
não podem ser processados em tribunais exercendo. Tais regras são aplicadas somente
militares; não são, tampouco, mercenários. em casos de conflitos internacionais.
Portanto, permanece a dúvida de quem seria No âmbito do Direito Penal, algumas
o responsável pelo julgamento de um caso das violações explicitadas anteriormente
envolvendo alguma EMP em solo internacional. configuram, em razão do momento histórico,
Para quem penderia a responsabilidade? É uma crimes de guerra e crimes contra a humanidade,
pergunta que merece maior atenção. Seria cuja competência de jurisdição é do Tribunal
do país que recrutou uma EMP, da empresa Penal Internacional (TPI), que fica limitada aos
contratada, da hierarquia do comando militar crimes previamente tipificados e cometidos no
ou do país da nacionalidade da EMP? território dos Estados parte.
Ainda não há nenhuma norma que defina O maior problema é quem responsabilizar,
a competência de jurisdição tratando-se de pois não se sabe, exatamente, como fazê-lo. As
violações de direitos cometidas pelas EMPs, dúvidas frequentes no tocante aos violadores
apesar de existirem algumas normas que recaem sobre o fato de que não há como punir,
podem ser aplicadas às EMPs. Contudo são internacionalmente, uma pessoa jurídica, que é
regulamentos com efeito apenas repressivo, a figura jurídica de uma EMP.
ou seja, não as regulamentam, apenas tentam Portanto, ainda que os Estados envolvidos
criar um vínculo de obrigação reparatória de no conflito tenham assinado e ratificado a
um dano ocorrido. competência do TPI, não há a segurança jurídica
Há, por exemplo, tratados no âmbito da própria jurisdição, haja vista não se saber
dos direitos humanos que conseguem quem deve figurar no polo passivo.
responsabilizar algumas das ações das EMPs, Em relação à atribuição da autoria das
como, por exemplo, tortura, por meio da violações cometidas, a responsabilidade
Convenção contra a Tortura e outros Tratamentos recairia sobre a pessoa jurídica prestadora de
ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes serviços de segurança privada, sobre o Estado
(2010) e da Convenção Interamericana para que a contratou ou sobre os colaboradores
Prevenir e Punir a Tortura (2010). isoladamente?
Em sede de responsabilização do Não é uma questão fácil de solucionar,
Estado membro, existe uma compilação de em razão dos poucos instrumentos coercitivos
documentos exteriorizada pela Resolução da de que a humanidade dispõe para regular a
Comissão de Direito Internacional da ONU situação das EMPs.
sobre Responsabilidade dos Estados (2010) que Não há, ainda, uma lei que sirva de modelo
garante, em seu artigo 5, que os atos cometidos para a regulamentação das atividades das EMPs.
por entidades exercendo atividades sob o Uma lei nesse sentido poderia especificar de

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que modo as atividades das EMPs estão sujeitas pode acabar sendo questionada, no entanto a
ao controle do Executivo, do Legislativo e do criação de padrões tem a vantagem de confiar
Judiciário. às autoridades nacionais a regulação de suas
próprias EMPs.
É preciso ressaltar que a mídia e a própria
PROPOSTAS DE REGULAMENTAÇÃO sociedade civil já constituem importantes
instâncias de controle das atividades das EMPs,
Para distinguir com exatidão quem são e isso contribui imensamente para pressionar
as EMPs e quem são os mercenários, sua as empresas a agir de maneira mais consciente
atividade e seu alcance, deve ser organizado para que evitem flagrantes violações de normas
um documento internacional que contenha nacionais e internacionais.
requisitos mínimos para a sua aprovação. Por derradeiro, cogita-se autorregulamentar
Sem analisar seus benefícios ou malefícios, as EMPs por meio de códigos de conduta, como
é necessária a regulamentação desse instituto, faz, por exemplo, a Associação para Operações
pois como dito antes as EMPs têm como objetivo Internacionais de Paz (AOIP)12. Mas isso
primordial o lucro, tornando-as muito eficazes, também não substitui a criação de uma norma
mas potencialmente desestabilizadoras, se isso que regulamente por completo as EMPs.
for seu fim. Como visto, as EMPs não parecem estar
No que diz respeito a propostas, algumas perto de sua extinção, por serem um negócio
tramitam no âmbito de discussão durante as altamente lucrativo e necessário para auxiliar
sessões da Comissão de Direito Internacional os Estados nas soluções de controvérsias. Se
da ONU. Algumas serão explicadas a seguir. continuarem a existir na esfera da segurança
Primeiramente, cogitou-se a possibilidade internacional, é preciso lidar com alguma forma
de proibir, assim como aos mercenários, o de regulamentação, tanto no âmbito nacional
recrutamento, a utilização, o financiamento quanto no internacional.
e treinamento das EMPs. Contudo os críticos É importante sua regulamentação, pois o
dessa posição apontam que as EMPs possuem crescimento desenfreado dessa indústria gera
um papel importante na ajuda de soluções para uma preocupação grande no que diz respeito
controvérsias nas quais o Estado já não consegue à relação das autoridades públicas e ao aparato
mais atuar, de modo que suas atividades são militar. A grande preocupação surge em razão
ineficazes sem o auxílio das EMPs. de as EMPs serem contratadas também por
Cogita-se, também, a criação de uma governos ditatoriais, exércitos rebeldes, grupos
instituição internacional de controle para terroristas e até mesmo pelos cartéis de drogas
monitorar as EMPs. Tal decisão, porém, (SINGER, 2004, p. 523).
traz consequências muito relevantes para os Conclui-se, portanto, que as EMPs não
Estados, pois implica renúncia por sua parte são nem os salvadores do mundo nem os
do tradicional monopólio da exportação de mercenários desregrados do passado. São, na
produtos militares, o que torna praticamente verdade, uma realidade que tomou forma com
impossível a aprovação internacional desse o fim da Guerra Fria e com a globalização e que
instrumento. necessitam de regulamentação internacional
Outra possibilidade seria fazer uma para limitar seu uso desregrado e manter,
convenção que disponha sobre standards assim, um controle de suas atividades para
mínimos de controle. A execução de tais regras que nenhuma violação ocorra sem a previsão

12
Sugestão firmada pelo Centro para o Controle Democrático das Forças Armadas, de Genebra, em sua ficha sobre
segurança e EMPs.

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de responsabilização ulterior, seja ela de seus REFERÊNCIAS


colaboradores contratados, do seu contratante,
do Estado pelo qual operam ou do Estado de AMBOS, Kai. La construción de una parte
sua nacionalidade. general del derecho penal internacional.
In: AMBOS, Kai; MALARINO, Ezequiel;
WOISCHNIK, Jan. Temas actuales del Derecho
CONCLUSÃO Penal Internacional. Buenos Aires: Konrad
Adenauer Stiftung, 2005. p. 13-40.
Tendo em vista as anotações feitas no
decorrer do presente trabalho, percebe-se que AVANT, Deborah. Privatizing military training.
o tema está longe de ser esgotado, porém serviu, Foreign Policy in Focus, v. 7, n. 6, maio 2002.
até o momento, para alcançar seus objetivos.
Este artigo teve como escopo analisar o novo BARRINHA, André. Empresas militares,
instituto que ganhou notoriedade com o fim da direito e conflitos. Parte I. Revista Autor, 31
Guerra Fria, as chamadas EMPs. O principal dez. 2007.
objetivo era tentar esclarecer como surgiram,
sob quais condições e por quais motivos estão BLACKWATER USA. Disponível em: <www.
sendo mantidas até os dias atuais. blackwaterusa.com>. Acesso em: 25 out. 2010.
Além de esclarecer ao leitor sua origem,
este trabalho tentou defini-las por diferenciação BRASIL. Ministério da defesa. Doutrina militar
com outros institutos, mas sem fixar-lhes uma de defesa (MD51-M-04). Brasília, 2007. 55 p.
restrição ao que realmente são. Isso porque é
necessário analisar a legislação pertinente às CONVENÇÃO contra a Tortura e outros
EMPs, o que, como já exposto, ainda não é Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou
totalmente possível fazer, justamente por falta Degradantes. Disponível em: <http://www.
de definição. dhnet.org.br/direitos/sip/onu/tortura/lex221.
A legislação em si foi mais um ponto htm>. Acesso em: 12 out. 2010.
abordado. Por não haver atualmente legislação
que consiga abarcar todos os pontos essenciais CONVENÇÃO Interamericana para Prevenir e
para a regulamentação das EMPs, sugere-se que Punir a Tortura. Disponível em: <http://www.
o tema seja alvo de novas e pormenorizadas dhnet.org.br/direitos/sip/onu/tortura/lex221.
discussões tanto em âmbito interno quanto em htm>. Acesso em: 12 out. 2010.
âmbito externo.
As discussões valerão para melhor CONVENÇÃO Internacional contra o
resguardar os direitos humanos, o Direito Recrutamento, Utilização, Financiamento
Humanitário, o Direito Penal e o Direito e Treinamento de Mercenários. Disponível
Internacional, pois são esferas envolvidas na em: <http://daccess-dds-ny.un.org/doc/
questão dos problemas que vêm acompanhando R E S OLU T ION/GE N/N R0/5 47/9 3/I MG/
a existência das EMPs. NR054793.pdf?OpenElement>. Acesso em: 12
Apesar de o tema das EMPs ter sido out. 2010.
bastante explanado no presente trabalho, deve-
se levar em consideração que não foi realizado DRAFT Code of Offenses against the Peace
de maneira exaustiva; isso significa que não and Security of Mankind. Disponível em:
está esgotado, devendo, portanto, ser objeto de <http://untreaty.un.org/ilc/texts/instruments/
futuros estudos detalhados que contribuirão Engl ish/d ra f t%20a r t icles/7_4 _1996.pd f>.
para enriquecê-lo. Acesso em: 5 jun. 2010.

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