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1.

As teorias recentes de aprendizagem têm se preocupado com a interação entre o


material a ser aprendido e os processos psicológicos necessários para aprender, enfatizando o
estudo sobre o modo pelo qual o aprendiz obtém, seleciona, interpreta e transforma a
informação.
2. Pesquisas sugerem que é possível ajudar os alunos a terem mais controle e refletirem
sobre seu processo de aprendizagem por meio do ensino de estratégias. Assim, as estratégias
de aprendizagem desempenham um importante papel, tanto para uma aprendizagem efetiva
quanto para a autorregularão. “Investigações atuais têm se concentrado na identificação das
estratégias de aprendizagem utilizadas pelos alunos espontaneamente ou como consequência
de treinamentos sistemáticos, na busca dos processos cognitivos utilizados por aprendizes
bem-sucedidos, bem como na análise dos fatores que impedem os alunos de se engajarem no
uso de estratégias de aprendizagem”.
3. Teoria do Processamento da Informação – acarreta que indivíduos sejam capazes de
irem em direção ao desenvolvimento de capacidade para pensar sobre seus próprios
pensamentos, indo além do conhecimento factual. É a metacognição que envolve o pensar
sobre as cognições, sobre o comportamento e sobre o próprio processo de aprendizagem – o
conhecimento dos próprios processos, o planejamento, a predição e o monitoramento do
próprio processo de aprender.
4. As estratégias cognitivas são os comportamentos e pensamentos que influenciam no
processo de aprendizagem de forma que a informação seja armazenada com mais eficiência,
quanto as estratégias metacognitivas são os procedimentos que o indivíduo usa para planejar,
monitorar e regular o seu próprio pensamento.
5. É fundamental para a melhora da capacidade de aprender dos alunos, a prevenção de
dificuldades de aprendizagem e o avanço do desenvolvimento de uma teoria mais
compreensiva do desenvolvimento acadêmico que se conheça detalhadamente o repertório de
estratégias de aprendizagem e os hábitos de estudo de crianças brasileiras.
6. As estratégias de aprendizagem são técnicas ou métodos que os alunos usam para
adquirir a informação - são sequências de procedimentos/atividades visando facilitar a
aquisição, o armazenamento e/ ou a utilização de uma informação. Assim, as estratégias de
aprendizagem podem ser consideradas como qualquer procedimento utilizado na realização
de uma tarefa.
7. As estratégias de aprendizagem podem ser organizadas em três grupos principais: 1)
estratégias cognitivas (estratégias de ensaio, elaboração e organização), 2) estratégias
metacognitivas (estratégias de planejamento, monitoramento e regulação) e 3) estratégias de
administração de recursos (administração do tempo, organização do ambiente de estudo,
administração do esforço e busca de apoio a terceiros).
8. Os cinco tipos de estratégias de aprendizagem são: 1- estratégias de ensaio, que
consistem em repetir ativamente – pela fala ou escrita – o material a ser aprendido; 2-
estratégias de elaboração, as quais se manifestam nas conexões estabelecidas entre o
material novo (a ser aprendido) e o antigo (familiar); 3- estratégias de organização que se
referem à imposição de estrutura ao conteúdo a ser aprendido – podendo ser dividindo-o em
partes, identificando relações subordinadas ou superordenadas; 4- estratégias de
monitoramento as quais implicam que o indivíduo esteja constantemente com a consciência
realista do quanto ele está sendo capaz de captar e absorver do conteúdo que está sendo; 5-
estratégias afetivas, que referem-se à eliminação de sentimentos desagradáveis, que não
condizem com à aprendizagem.
9. A relevância do modelo Mayer para explicar o modelo de processamento da
informação se dá graças a facilidade na visualização não só do fluxo da informação, mas
também do papel das estratégias de aprendizagem na aquisição, no armazenamento e no uso
da informação. Neste modelo, o fluxo da informação inicia-se a partir de um estímulo
externo, como, por exemplo, a percepção visual de palavras num texto. Assim, a informação
entra no Sistema de Memória Sensorial (Registro Sensorial) e fica armazenada brevemente
até que ela possa entrar no Sistema de Memória de Curta Duração (Memória de
Funcionamento) - a informação que não entra no Sistema de Memória de Curta Duração é
perdida. Ao sair do Registro Sensorial e entrar no Sistema de Memória de Curta Duração, a
informação é transformada através de um processo de codificação. O modo como a
informação é codificada e integrada na memória, assim como a extensão e profundidade da
integração, afeta a facilidade com que a informação pode ser recuperada, posteriormente.
10. É um sistema limitado, tanto ao nível da sua capacidade, quanto ao nível da sua
duração, armazenando, apenas mais ou menos cinco a nove unidades. Além disso, sem um
esforço ativo da pessoa, a Memória de Curta Duração só guarda a informação por um período
muito curto de 30 segundos. Assim, as pessoas preferem realizar uma tarefa cognitiva de cada
vez. Ainda, como o fluxo da informação no sistema humano é organizado em torno de se
alcançar algum objetivo, existe um número de Processos de Controle que opera no sistema de
memória de curto prazo, atribuindo-o flexibilidade para lidar com a informação.
11. Automatizar é a maneira pela qual as pessoas conseguem fazer mais coisas ao mesmo
tempo, isto é, praticar uma tarefa até que ela possa ser realizada com o mínimo de
consciência.
12. A metacognição, nesse sentido, se divide pelo que é relativo ao conhecimento do
funcionamento dos próprios processos cognitivos, primeiramente, o conhecimento sobre si
mesmo (postos fortes, fracos e preferências pessoais); ao conhecimento sobre a tarefa (níveis
de dificuldade, demandas) e; o conhecimento sobre o uso de estratégias (quais, quando, por
que e para que). O segundo aspecto relaciona-se com a regulação e o controle do
comportamento, que se divide em três tipos: planejamento, monitoramento e regulação.
Planejamento envolve a organização de uma sequência de atividades que são apropriadas
para a aprendizagem de uma dada tarefa (como estabelecer metas a serem realizadas),
monitoramento diz respeito à capacidade do sujeito de supervisionar o seu próprio processo
de aprendizagem (como autoquestionar-se quanto ao conteúdo do material para avaliar a
própria compreensão) e, a regulação, que ajuda o aluno a modificar seu comportamento de
estudo e permite que esse melhore suas dificuldades de compreensão (como responder
primeiro as questões mais fáceis da prova e depois as mais difíceis).
13. A memória de longa duração tem a função de armazenar toda a informação que
possuímos e não estamos usando. A informação chega a memória de longo prazo através da
memória de curto prazo ou em funcionamento, se tornando permanentes. A informação que
chega na memória de curta duração precisa ser elaborada, classificada, organizada, conectada
e armazenada para se manter na memória de longa duração. Isso pode ocorrer através das
estratégias de aprendizagem, que fazem com que o aluno controle o processamento da
informação de modo que possa realizar esse processo.
14. Para Dembo (1994), o propósito das estratégias de aprendizagem é ajudar o aluno a
controlar o processamento da informação de modo que ele possa melhor armazenar e
recuperar a informação na Memória de Longa Duração.
15. Cabe aos educadores, repensar sobre a própria atuação, rever criticamente a forma de
educar, refletir sobre os próprios preconceitos e tentar introduzir atividades práticas que
sejam capazes de fazer a diferença dentro da sala de aula e que possam atenuar e aliviar o
sentimento de fracasso existente nos alunos. A proposta é que em momento nenhum o
educador reduza o fracasso da escola pública a inabilidades técnicas ou a certas
características de alunos desfavorecidos, e sim que tente resgatar o compromisso e a
responsabilidade da escola para com seus alunos, tornando a instrução mais poderosa para se
ensinar aos alunos a aprender a aprender, levando em conta as variáveis psicológicas que
cognitivas que afetam o processo de ensino-aprendizagem, principalmente o vínculo
professor-aluno.
Aos psicólogos, cabe o trabalho de preocupar-se com a aquisição e organização do
conhecimento baseado na Teoria do Processamento da Informação, enfatizando a promoção
de mudanças nos processos internos dos estudantes, sendo capaz de considerar os níveis de
menor realização como dificuldades como deficiências de capacidade ou de conhecimento e
passar a considerar como decorrentes do uso inapropriado dos mecanismos do processamento
da informação. Além de oferecer a informação e apoio para o processamento cognitivo, é
necessário observar a quantidade do apoio aos processos cognitivos pois esta é uma variável
essencial para a efetividade do processamento da informação e inteligência. A quantidade de
apoio precisa ser controlada para alunos com facilidade de aprender e aumentada em casos de
dificuldade.
Além disso, é necessário que, além de ensina-los estas estratégias, é preciso que
saibam como e quando usá-las e acoplar este conhecimento a estratégias de apoio afetivo,
destinado a modificar variáveis psicológicas como ansiedade, auto eficácia, autoconceito,
atribuição de causalidade, que são muitas vezes incompatíveis com o uso apropriado das
estratégias.

19. Pesquisas apontam que o treinamento de estratégias tem sido bem-sucedido em geral,
pois produz uma melhora no uso das estratégias envolvidas e no rendimento escolar dos
alunos. Pode-se ensina-los a anotar durante as aulas, sublinhar pontos importantes dos textos
passados, monitorar a compreensão durante a leitura, técnicas de memorização, resumos,
entre outros.
20. Não é suficiente apenas ensinar as estratégias de aprendizagem. É necessário que os
alunos entendam quando e como usa-las, para que elas possam realmente auxiliar no
rendimento escolar. Além disso, para desenvolver a capacidade de aprender, é preciso que as
estratégias de aprendizagem sejam utilizadas em conjunto com estratégias de apoio afetivo,
visando modificar variáveis psicológicas como ansiedade, autoconceito, entre outras.
21. Atualmente, o ensino escolar ainda é focalizado apenas na transmissão da informação, e
não na resolução de problemas ou desenvolvimento de competências. Assim, é necessário
que professores se conscientizem sobre a importância de suas metas educacionais não se
resumirem apenas à transmitir conhecimento, mas sim em promover o desenvolvimento dos
processos psicológicos, ensinando o aluno a aprender.

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