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Teorias da Aprendizagem
e o Aluno na EaD
100%
ONLINE
CURSO
LIVRE
cursos.fdr.org.br
EXPEDIENTE
FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA (FDR)
Presidência: Luciana Dummar
Direção Administrativo-Financeira: André Avelino de Azevedo
Gerência Geral: Marcos Tardin
Gerência Editorial e de Projetos: Raymundo Netto
2. Andragogia..........................................................................................9
3. Distância Transacional.....................................................................13
5. Conectivismo....................................................................................16
6. O aluno de EaD.................................................................................22
Referências...........................................................................................32
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1. Introdução
Como nos ensinou Paulo Freire, “ensinar não é transferir conhecimen-
to, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua
construção”.
Assim como esse ensinamento se aplica à educação em geral, também
todas as clássicas teorias da aprendizagem que orientam os processos
pedagógicos e didáticos na escola presencial se aplicam à EaD.
Segundo ALLY (2008), “estratégias behavioristas podem ser usadas para
ensinar o quê (os fatos); estratégias cognitivas podem ser usadas para
ensinar a forma, o como (os processos e os princípios); e as estratégias
construtivistas podem ser usadas para ensinar o porquê (o pensamento
de nível superior que promove o significado pessoal e a aprendizagem
situada e contextual)” (p. 20).
A teoria da aprendizagem sociointeracionista de Lév Vygotsky, particu-
larmente, recebe destaque tendo-se em vista que o aluno de EaD apren-
de em grande parte interagindo, comunicando-se e trocando ideias
com seus colegas de curso e com o tutor. Isso é realizado através do
Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA), mas também através de ou-
tras formas de comunicação hoje tão populares na internet. A aprendi-
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zagem, na perspectiva de Vygotsky, se constitui como processo social
em dado contexto, a partir das trocas (atividades complementares e in-
terdependentes) entre os participantes no uso de “ferramentas” e na
manipulação e produção de textos. Trata-se de um importante conceito
em aprendizagem em rede, pois se refere ao forte poder socioafetivo e
cognitivo da aprendizagem na Web.
O caráter assíncrono da Web permite e requer aprendizagem colabo-
rativa: a colaboração cria uma “cola” social do grupo que engaja os
alunos e os motiva a participar. Nessa perspectiva, ressalta-se o desen-
volvimento da compreensão dos conceitos por meio de atividades co-
laborativas com muitas oportunidades para a discussão e a reflexão.
Filatro (2009), ao tratar das teorias pedagógicas fundamentais em EaD,
ressalta também a perspectiva pedagógica situada, ou seja, que enten-
de a aprendizagem como uma prática social. Segundo a autora (FILA-
TRO, 2009, p. 98)
a aprendizagem é tida como uma atividade inerentemente social,
na qual o diálogo cooperativo permite que participantes experi-
mentem similaridades e diferenças entre os diversos pontos de
vista. Professores, materiais instrucionais e colegas de classe são
vistos como fontes de informação e insights que podem ser con-
sultados para resolver problemas reais. Valorizam-se as estraté-
gias de ensino que permitem aos alunos aplicar diversas perspec-
tivas a um problema e assumir a postura de que, para entender
o ponto de vista do outro, é preciso dialogar, e não apenas ouvir.
Assim, a aprendizagem deve ocorrer em um ambiente social, não
como uma ação privada, e precisa estar situada em contextos rea-
listas que interessam aos alunos.
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Neste caso se aplicam, por exemplo, simulações de experiências e ativi-
dades que podem ser vivenciadas pelos alunos da EaD como contextos
mais realistas, presenciais ou não, como práticas laboratoriais diversas
presenciais nos polos de ensino de EaD, e simulações virtuais variadas,
como um júri simulado on-line, por exemplo, ou entrevistas via internet
com especialistas em áreas de trabalho específicas.
O quadro a seguir, baseado em Ally (2008), indica algumas das implica-
ções do behaviorismo, do cognitivismo e do construtivismo para a EaD:
4. Teoria Cognitiva da
Aprendizagem Multimídia
Proposta por Mayer (2009), essa teoria estabeleceu diversos princípios
para o desenvolvimento de conteúdos e produtos multimídia que con-
sideram suas pesquisas sobre como as pessoas aprendem ao interagir
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com palavras e imagens e como isso interfere, positiva ou negativamen-
te, com a atividade cognitiva do aprendiz, facilitando ou dificultando a
aprendizagem dos conteúdos apresentados no formato multimídia.
Para o autor, multimídia se resume a qualquer mensagem que apre-
sente textos e imagens de forma coordenada.
A teoria baseia-se em uma tríade que pro- Em resumo, as pesquisas de Mayer (2009)
cura reduzir o processamento cognitivo es- indicam que conteúdos multimídia são
tranho, indesejado, gerir o processamento efetivos para a aprendizagem respeitando-
cognitivo essencial e fomentar o processa- -se os seguintes princípios:
mento generativo.
• coerência: redução de palavras, imagens
• Sobre o princípio da redução do proces- e sons que não estejam diretamente rela-
samento cognitivo indesejado, maléfico à cionados ao material de estudo.
aprendizagem, o pesquisador desenvolveu
• sinalização: destaque para o conteúdo
o princípio da coerência, segundo o qual
essencial.
as pessoas aprendem melhor quando se
excluem palavras, imagens e sons que não • redundância: palavras devem ser apre-
estão diretamente relacionados aos conte- sentadas apenas como áudio, evitando-se
údos multimídia. apresentar áudio e legendas.
5. Conectivismo
É umas das teorias mais recentes e que procura compreender e estabe-
lecer uma base pedagógica para a aprendizagem na internet.
Siemens (2004, 2006, 2008) propôs que a aprendizagem se refere “à
capacidade de formar conexões com outras pessoas, redes e fontes de
informação, e à capacidade de reconhecer, ou criar padrões de validação
da informação de qualidade” (TYBERG et al, 2012, p. 49, tradução nos-
sa). Em resumo, o ato de aprender é um processo decorrente do de-
senvolvimento de redes de conexões pelos alunos na internet. Essas
redes são compostas por diversos “nós”, por meio dos quais o aluno
adquire as informações. Cada nó pode representar uma pessoa, uma
instituição, uma biblioteca, outro site, um banco de dados, enfim, o nó
é qualquer tipo de fonte informacional acrescida às redes pessoais de
conhecimento. Segundo Braga (2012, p. 39)
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na sociedade atual é importante que os alunos consigam enrique-
cer suas redes de aprendizagem por meio das ferramentas e recur-
sos online, já que sozinhos não seriam capazes de acompanhar as
mudanças que estão constantemente ocorrendo, mas a rede pode
ajudá-los a se manterem atualizados. E para tornar essa ideia mais
clara, Siemens compara a rede a uma tubulação de água, e comen-
ta que a tubulação é mais importante do que o conteúdo que está
dentro dele, porque o conteúdo pode mudar, mas os caminhos, os
nós, guiaram esse novo conteúdo até o aluno.
6. O aluno de EaD
O aluno de EaD escolhe um curso baseado na capacidade desse curso
atender às necessidades educacionais de alunos não presenciais. Ou
seja, o aluno reconhece e valoriza cursos que possuem um forte foco
no aluno e não no professor, um bom custo-benefício, tecnologia con-
fiável, AVA de fácil navegação e transparente para o usuário, com níveis
adequados de informação e de interação humana.
A gestão do curso e a tutoria deverão, por sua vez, estar atentas ao aten-
dimento individualizado dos alunos, nas suas reclamações e problemas
de acesso.
Segundo Palloff e Pratt (2001), o aluno que chega à EaD tem a expecta-
tiva de ser ensinado por um professor expert, como ocorre em geral no
ensino presencial. Ao constatar que boa parte da aprendizagem ocor-
rerá através da interação e da colaboração com os colegas de curso, o
aluno poderá se sentir enganado. A cultura leva o aluno a crer que irá
aprender ao ser exposto a algum conteúdo. Porém, na EaD o tutor irá
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funcionar como um animador e um mediador da aprendizagem, per-
mitindo que os alunos aprendam colaborativamente uns com os outros
em boa parte das atividades do curso. O aluno novato na EaD precisa
compreender essas diferenças.
Pesquisas indicam que os alunos mais bem-sucedidos na EaD possuem
motivação própria para estudar e aprender, possuem altas expectati-
vas, estão motivados e buscam estudar por interesse próprio. Graças
à flexibilidade de horário e aos prazos mais alongados para se desenvol-
ver uma atividade em EaD, o aluno pode controlar o ritmo e a sequência
do processo de aprendizagem e personalizar alguns aspectos do curso.
Isso é muito positivo e deve ser incentivado e respeitado pelo tutor.
Autores também chamam a atenção para os diferentes estilos de
aprendizagem dos alunos na EaD, o que também acontece na sala de
aula presencial. Neste caso, recomenda-se observar e dialogar com os
alunos e oferecer sempre algumas alternativas de atividades de apren-
dizagem, elevando a motivação deles.
Pode-se oferecer a opção de um trabalho escrito, mas também uma
pesquisa na internet, um estudo de caso, uma atividade colaborativa
em grupo etc.
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Em geral, asseguram autores da área, essa variedade de atividades irá
levar esses alunos a participarem mais do curso e, por conseguinte, a
aprenderem mais. Além disso, o aluno da EaD deve ter um papel mais
ativo sobre a aprendizagem, enriquecendo seus estudos com fontes
complementares (que podem ser sugeridas pelo tutor) e desenvolven-
do uma visão crítica do que for estudado. Com isso, procura-se ajudar
o aluno a desenvolver o que se chama de autorregulação da apren-
dizagem, ou seja, um processo em que os alunos ativam e sustentam
cognições e comportamentos direcionados à realização dos objetivos
de aprendizagem.
Silva (2006) propõe que o termo “disponibilizar” na EaD significa:
• oferecer múltiplas informações, sabendo que as tecnologias
digitais utilizadas de modo interativo potencializam
consideravelmente ações que resultam em conhecimento.
• ensejar e dispor múltiplos percursos para conexões e expressões
com que os alunos possam contar no ato de manipular as
informações e percorrer percursos arquitetados.
• estimular os aprendizes a contribuir com novas informações e a
criar e oferecer mais e melhores percursos, participando como
coautores do processo.
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